Finalizada em: Março/2025

Capítulo Único

null – O Gosto que Fica


O relógio no criado-mudo marcava 2h37 da manhã. null estava deitado, encarando o teto, enquanto null dormia ao seu lado, respirando de maneira ritmada e tranquila. Ele deveria estar dormindo também, mas não conseguia. Fazia semanas que aquilo acontecia – a insônia, a inquietação, a lembrança de null como uma música que se recusava a parar de tocar na sua cabeça.

Ele fechou os olhos, tentando afastar a sensação, mas tudo o que conseguiu foi trazê-la de volta com ainda mais força. O gosto dela. O cheiro dela. O som da risada provocativa que escapava quando ele dizia algo que a divertia. null era como um raio atravessando sua vida, intensa e avassaladora, deixando marcas invisíveis que ele não conseguia apagar.

Ele tentou se convencer, mais uma vez, de que fez a escolha certa. null era estável. Era previsível, confortável. Ela nunca exigia nada que ele não estivesse pronto para dar. Mas então, por que era null quem ocupava sua mente? Por que era ela quem invadia seus sonhos, quem incendiava sua pele com memórias que ele não conseguia esquecer?

Ele se virou na cama, observando null por alguns segundos. Ela era bonita, doce, a escolha racional. Mas então, por que tudo parecia tão… morno? Ele nunca tinha precisado fingir com null. Nunca precisou medir palavras, calcular passos ou fingir que não queria devorá-la a cada segundo que estavam juntos.

Soltando um suspiro frustrado, ele se levantou. Pegou o celular da mesa e, sem pensar muito, digitou o nome dela na barra de pesquisa. O perfil de null apareceu imediatamente. A foto de perfil era recente – ela estava atrás da cabine de DJ, os fones no pescoço e um sorriso predador nos lábios. Ela parecia diferente. Mais confiante. Mais inalcançável.

E ele odiava isso. Odiava porque significava que ela seguia em frente, enquanto ele… bem, ele estava ali, no meio da madrugada, pensando no gosto dela.

O gosto que nunca saiu da sua boca.


null – Som na Caixa, Rancor no Peito


As luzes piscavam em tons de azul e vermelho, refletindo nos corpos suados que dançavam ao som da batida eletrônica. O pub estava lotado, a pista vibrava com a energia da música, e null comandava tudo do alto de sua cabine.

Seus dedos deslizavam pelos controles, ajustando o ritmo, sentindo o poder de ter a noite em suas mãos. Ali, atrás da mesa de som, ela não era vulnerável. Não era alguém que podia ser descartada como um capricho passageiro. Ela era o centro do universo daquele lugar – e todos ali estavam sob sua batuta.

Mas, mesmo cercada por barulho e caos, seu pensamento ainda encontrava espaço para ele.

null.

O nome dele atravessava sua mente como uma faca, cortante, incômodo. Ela deveria ter esquecido. Deveria ter apagado cada resquício daquela história imbecil que viveu com ele. Mas vez ou outra, ele surgia. Não em memórias doces ou em saudades idiotas – ela se recusava a sentir isso. O que sobrava dela para ele era puro rancor.

Rancor pelo jeito como ele a fez sentir que era especial. Pelo desejo que queimava sempre que estavam juntos, pela forma como ele a olhava como se quisesse devorá-la inteira. Por ter feito ela acreditar que talvez, só talvez, aquilo fosse real.

Mas, no fim, ele escolheu null.

null, a insossa. null, a sem graça. null, a "segura".

null pressionou os botões da mesa de som com mais força do que o necessário, os graves ecoando nas paredes como se sentissem sua raiva. Que tipo de homem experimentava o fogo e depois voltava para o gelo? Que tipo de covarde escolhia o caminho fácil ao invés do certo?

Ela não sentia falta dele. Não sentia falta de nada.

Exceto, talvez, daquela última noite. Da forma como ele implorou. Do jeito como a segurou como se precisasse dela para respirar.

Ela odiava que ainda lembrava. Odiava ainda mais que, em algum lugar dentro dela, uma parte cruel e silenciosa desejava que ele estivesse infeliz. Que estivesse arrependido. Que estivesse pensando nela agora, desejando algo que nunca mais teria.

A batida mudou, mais intensa. null sorriu, um sorriso frio, cruel.

Ele quis provar o gosto dela uma vez.

Agora, que morresse de fome.


null – O Nome Errado


O apartamento estava em silêncio, exceto pelo zumbido baixo da TV, que transmitia um programa qualquer. null estava sentada no sofá, com um livro aberto no colo, mas null sabia que ela não estava realmente lendo. O olhar distante, a maneira como os dedos deslizavam distraidamente pelas páginas sem virar nenhuma – tudo nela gritava que algo estava errado.

Ele sabia o que era.

— Você anda estranho. — ela disse, sem olhar para ele.

null exalou lentamente. Essa não era a primeira vez que ela dizia isso. E, honestamente, ela estava certa. Ele andava estranho. Distraído. Impaciente.

null finalmente ergueu o olhar para ele, e havia algo ali que o fez se encolher internamente.

— Você ainda pensa nela, não pensa?

O estômago de null afundou.

— O quê?

— A null. Você ainda pensa nela.

O silêncio que se seguiu foi alto demais.

null riu, mas sem nenhum traço de humor.

— Sabe o que é pior? Eu sabia. Eu soube desde o momento em que você voltou. Mas eu quis acreditar que era só uma fase. Que você ia superar. Que… que eu era suficiente.

null…

Ela balançou a cabeça, evitando seus olhos.

null sentiu o pânico subir pelo peito. Ele não queria essa conversa. Não queria lidar com isso agora. Então, numa tentativa desesperada de calar aquelas dúvidas, de se agarrar ao que ainda restava entre eles, ele se inclinou e a beijou.

null hesitou por um segundo, mas cedeu.

O beijo se intensificou, e logo eles estavam no quarto. As roupas caíram pelo caminho, os corpos se buscaram com urgência. Mas, mesmo enquanto ele estava ali, tão perto dela, sua mente estava longe.

Estava com null.

O cheiro dela. O gosto. O jeito como ela sorria antes de provocar. O olhar predador que ela lançava por cima da cabine de DJ.

E então, sem que ele pudesse impedir, o nome escapou.

null…

null congelou. O mundo pareceu parar.

null percebeu o erro no mesmo instante, mas já era tarde demais. null o empurrou bruscamente, os olhos arregalados, cheios de choque e mágoa.

— O que você disse?

null…

— Você disse o nome dela! — A voz dela estava trêmula, uma mistura de raiva e dor. — Meu Deus, null, você tava pensando nela enquanto tava comigo?!

Ele passou as mãos pelos cabelos, sentindo a culpa afundá-lo como uma âncora.

— Eu… Eu não queria…

— Não queria?! — Ela soltou uma risada amarga. — Você me faz de idiota esse tempo todo, e agora isso?!

— Eu te amo! — ele disse de repente, apressado, desesperado para consertar o que já estava quebrado.

null piscou, como se processasse aquelas palavras.

— Você me ama? — Sua voz saiu mais baixa, quase vulnerável.

— Amo — ele mentiu.

Porque era mais fácil. Porque o relacionamento deles era seguro, confortável. Porque, por mais que null queimasse em sua mente, null ainda era a escolha que fazia sentido.

Mas algo nos olhos dela mudou.

— Não. — ela disse, finalmente. — Você não me ama.

Ele abriu a boca para protestar, mas ela ergueu a mão, silenciando-o.

— Você pode até querer me amar. Pode gostar da estabilidade, da rotina, do conforto. Mas amor de verdade? Isso não é amor.

null sentiu o peito apertar.

null…

— Eu preciso de um tempo. — ela disse, cruzando os braços ao redor do próprio corpo, como se quisesse se proteger. — Preciso pensar.

— O que isso significa?

Ela respirou fundo antes de responder. — Significa que eu vou viajar. Ficar um tempo longe. Entender o que eu realmente quero.

Ele sentiu a garganta fechar.

— Isso é um fim?

— Ainda não sei. Mas se for, você já sabe o motivo.

Ela pegou um robe e saiu do quarto sem olhar para trás.

null ficou ali, sentado na cama, encarando o vazio.

O nome errado tinha escapado.

E agora, talvez fosse tarde demais para consertar qualquer coisa.


null – O Show em San Diego


O letreiro de néon piscava na entrada do pub, iluminando a calçada com tons vibrantes de roxo e azul. O nome de null estava estampado no banner da noite: DJ null null – Turnê Heatwave. Dentro do local, o som da batida eletrônica reverberava pelas paredes, e a energia no ar era eletrizante.

Ela deveria estar animada.

San Diego era apenas mais uma cidade na turnê. Apenas mais um show, apenas mais uma noite em que ela dominaria a pista, fazendo todo mundo esquecer seus problemas por algumas horas.

Mas não conseguia ignorar a sensação incômoda rastejando sob sua pele.

Ela sabia por quê.

San Diego era onde null morava.

null se odiava por isso. Odiava que, mesmo depois de tudo, ele ainda conseguia ocupar um espaço em sua mente. Ele não merecia. Não depois do que fez.

Não depois de tê-la escolhido e, em seguida, jogado fora como se fosse nada.

Ela apertou os fones de ouvido entre os dedos, os nós das mãos ficando brancos. Seu corpo ficou tenso quando a lembrança veio, como um soco no estômago.

— Você tá brincando comigo, né? — Sua voz saiu cortante, cheia de incredulidade.

O rosto de null estava carregado de culpa, mas ele não disse nada.

— Você voltou pra ela? — null deu um riso seco, sem humor. — Depois de tudo?

Ele passou a mão pelos cabelos, evitando seus olhos.

null…

— Não. Sem desculpas. Me dá um motivo real pra isso. Porque eu juro por Deus, se você disser que foi um erro, eu te mato.

Ele fechou os olhos por um momento, como se tentasse escolher as palavras certas. Quando finalmente falou, sua voz saiu baixa, quase hesitante:

— O que a gente tem é… explosão.

null piscou, surpresa com a escolha de palavras.

— Como é que é?

— Com você, tudo é intenso. Tudo queima. — Ele abriu os olhos, finalmente a encarando. — Mas com a null… é calmaria. É um caminho tranquilo.

Ela riu, incrédula.

— Um caminho tranquilo? Então é isso? Você escolheu o morno porque o quente te assusta?

null engoliu em seco.

— Não é assim…

— Não? Porque parece exatamente assim, null. Você está voltando pro seguro, pro previsível, porque não tem coragem de encarar algo que realmente mexe com você.

Ele não respondeu. E isso doeu mais do que qualquer coisa que ele pudesse dizer.


null piscou forte, afastando a lembrança. O peito subia e descia com a raiva crescente, os dedos apertando a mesa de som com força.

A explosão.

Era assim que ele a via? Como algo destrutivo? Como algo que não podia ser controlado?

Talvez ele estivesse certo.

Mas agora, se ele estivesse em algum lugar daquela cidade, ouvindo sobre seu show, lembrando do gosto dela… então que ardesse.

Ela jogou os fones sobre os ouvidos e subiu para a cabine de DJ. As luzes giravam ao seu redor, o público vibrava em expectativa.

No momento em que soltou a primeira batida, toda a raiva se transformou em poder.

Hoje à noite, era ela quem mandava.


null – O Nome Dela Outra Vez


O telefone tocava pela terceira vez, mas nada.

null passou a mão pelos cabelos, frustrado. null ainda não havia respondido nenhuma das suas mensagens. Ele sabia que ela precisava de espaço, mas o silêncio estava começando a incomodar. Ele queria consertar as coisas. Queria que tudo voltasse ao normal.

Mas o que era normal, afinal?

Ele largou o celular no sofá e esfregou o rosto. O apartamento estava escuro, iluminado apenas pela luz fraca da cozinha. Do lado de fora, San Diego brilhava com seus letreiros, bares lotados e estradas movimentadas. Mas, por dentro, ele sentia um vazio irritante.

Fechou os olhos, mas a única coisa que encontrou foi o passado.

O calor de null.

O jeito como ela ria antes de provocá-lo. O toque dela — sempre urgente, sempre querendo mais, sempre deixando marcas invisíveis na pele dele.

A explosão.

Droga.

Ele não deveria estar pensando nisso. Não deveria estar pensando nela.

O telefone vibrou e, por um segundo, ele pensou que fosse null. Mas o nome que apareceu na tela foi outro.

— E aí, cara? — A voz de Brian, um amigo dos tempos de faculdade, soou animada.

— Oi.

— O que tá fazendo nessa sexta-feira monótona?

null suspirou.

— Nada demais.

— Ótimo! Então sai desse buraco e vem pro Blue Haven comigo.

null franziu a testa.

— Pub novo?

— Na verdade, não. Mas hoje tem um show foda. Chamaram uma DJ que está em turnê e falaram que a mulher domina a pista.

— É mesmo? — null perguntou, sem real interesse.

— Sim! DJ null null, já ouviu falar?

O nome dela acertou null como um soco.

Ele congelou, sentindo o estômago se revirar.

O destino estava brincando com ele agora?

Brian continuou falando, sem perceber a hesitação do amigo:

— Cara, ouvi dizer que o show dela é insano. O tipo de coisa que faz você esquecer todos os seus problemas.

Esquecer.

Era exatamente o que ele precisava.

Ele engoliu em seco. Cada parte racional dele gritava que ir até lá era uma péssima ideia. Mas, no fundo, ele já sabia a resposta antes mesmo de abrir a boca.

— Me manda o endereço.

— Aí sim! Te vejo lá.

A ligação terminou. null ficou parado por um momento, encarando o nada.

Então, pegou a jaqueta e saiu pela porta.


null – O Centro do Mundo


A batida reverberava pelas paredes do Blue Haven, pulsando como um coração acelerado. A pista de dança estava lotada, corpos se movendo em sincronia sob as luzes coloridas. O cheiro de suor, álcool e desejo pairava no ar, misturado ao grave intenso da música que null controlava com precisão.

Ali, naquela cabine elevada, ela era o centro do mundo.

Por um tempo, conseguiu esquecer. Esquecer null. Esquecer San Diego. Esquecer o passado que insistia em assombrá-la.

null sabia que exalava poder e beleza, e isso só se comprovava cada vez que alguém subia ou tentava subir no palco para entregar um pedaço de papel com um número de telefone rabiscado. Homens e mulheres, sem distinção, fascinados pelo magnetismo que ela emanava.

Ela pegou um dos papéis sem sequer olhar e sorriu para a mulher de cabelos curtos e olhar predador que o entregou. Jogou o bilhete sobre a mesa de som e continuou, aumentando o ritmo da música.

Outro rapaz tentou chamar sua atenção, se inclinando para perto da cabine, um olhar cheio de intenções claras. null riu, piscou para ele, mas não pegou o número.

Ela ficava com quem queria, quando queria.

Hoje à noite, talvez escolhesse alguém. Talvez não.

Foi então que sentiu.

Um arrepio subiu por sua espinha, uma presença no meio da multidão que a fez levantar os olhos.

E ali estava ele.

null.

No instante em que seus olhares se encontraram, tudo ao redor pareceu desacelerar. O barulho da música ficou distante, o burburinho das conversas desapareceu. Apenas os olhos dele, presos aos dela, e aquele maldito aperto no peito que ela odiava sentir.

O que ele estava fazendo ali?

Como se o destino quisesse testá-la, uma mulher de batom vermelho parou ao lado da cabine. Sem desviar os olhos de null, ela pegou um pequeno pedaço de papel, beijou-o suavemente, deixando a marca vermelha vibrante, e entregou para a DJ com um sorriso travesso nos lábios.

null pegou o bilhete e sorriu de volta, divertida, os dedos passando pelo papel como se aquilo fosse um jogo que já sabia jogar. Mas, ao fazer isso, seu olhar voltou para null.

Ela não precisou dizer nada.

Seu sorriso dizia tudo: Eu tenho quem eu quero.

E se null ainda achava que ela era uma explosão, então que explodisse.


null – O Gosto da Tentação


null encostou-se no balcão, tentando parecer despreocupado. O pub fervilhava ao redor, música alta, risos e corpos se movendo sob as luzes pulsantes. Algumas mulheres já haviam se aproximado, puxando conversa, sorrindo com intenções óbvias.

— Nunca te vi por aqui antes — disse uma loira de olhos brilhantes, inclinando-se para perto dele.

null sorriu de canto, jogando charme sem muito esforço.

— Talvez eu tenha vindo no dia certo, então.

A loira riu, tocando o braço dele, mas null mal sentiu o contato.

Porque, do outro lado do salão, o olhar dela o queimava.

null ainda estava na cabine, mas seus olhos estavam nele.

E era um olhar que desmontava qualquer pretensão de controle que null achava ter.

Era puro desafio.

Ele tentou desviar. Tentou ignorar a forma como aquele simples olhar o deixava desnorteado. Mas seu corpo traiu sua mente, como sempre acontecia quando se tratava dela.

A verdade era que ele queria ir até lá.

Queria tocá-la.

Queria provar o gosto dela de novo.

Ele tentou resistir.

Por um tempo, fingiu que não estava sentindo o impulso crescer, o desejo o corroer de dentro para fora. Mas, no fundo, sabia que era inútil.

Porque no momento em que null desviou o olhar e se virou para ajustar o som, como se ele não significasse absolutamente nada, foi como se algo estalasse dentro dele.

E então ele se moveu.

Atravessou o salão com passos determinados, ignorando tudo ao redor. O som da música parecia distante agora, abafado pelo tamborilar acelerado de seu próprio coração.

Ele subiu a pequena escada da cabine, sentindo a adrenalina correr em suas veias. null já o viu se aproximando, mas não recuou. Apenas ergueu o queixo, os lábios se curvando em um meio sorriso carregado de ironia.

— Se perdeu no caminho? — a voz dela cortou o ar como uma lâmina afiada.

null parou bem à frente dela, próximo o suficiente para sentir o perfume, para lembrar exatamente como era tê-la nos braços.

— Você me deixa louco.

Ela riu, balançando a cabeça.

— Você se deixa louco. Não me coloca nessa.

null… — A voz dele saiu mais rouca do que queria. — Você sabe que eu nunca te esqueci.

Ela o observou por um momento, os olhos analisando cada detalhe de seu rosto. Então, inclinou-se um pouco mais perto, apenas o suficiente para que ele sentisse a proximidade, mas sem lhe dar nada.

— Engraçado — sussurrou —, porque foi exatamente isso que você fez quando voltou pra null.

null fechou os olhos por um segundo, engolindo seco.

— Eu…

— O que foi mesmo que você disse? — Ela fingiu pensar, depois estalou os dedos. — Ah, é. Que com ela era calmaria. Que eu era uma explosão.

Os olhos dele se fixaram nos lábios dela, e null percebeu. Claro que percebeu. Ela sempre soube o efeito que tinha sobre ele.

null, eu… — Ele hesitou, mas então soltou de uma vez: — Me deixa te provar de novo.

Ela riu, um riso baixo, sem humor.

— Você não merece nem lembrar do meu gosto, null.

Ele passou a mão pelos cabelos, frustrado, a tensão irradiando de seu corpo.

— Eu cometi um erro.

null ergueu uma sobrancelha.

— Qual deles? Porque eu perdi a conta.

Ele a encarou com uma mistura de arrependimento e desejo.

— Eu só sei que eu preciso de você.

Ela mordeu o lábio, os olhos dançando sobre ele como se o desafiasse a continuar.

— E o que eu ganho com isso?

null se aproximou mais um passo, o coração batendo descompassado.

— O que quiser.

Os olhos dela brilharam com algo indecifrável.

Mas null null nunca entregava o jogo fácil.

— Pena que eu não quero nada de você.

Ela virou-se, deixando-o ali, preso em seu próprio desejo.


null – No Comando


null sentia a presença dele antes mesmo de se virar.

null estava lá de novo, mais próximo desta vez, e com um olhar que ela conhecia bem demais. Algo entre desespero e rendição.

Ela suspirou, sem paciência.

— De novo, null? Achei que já tinha entendido o recado.

Ele não recuou. Não desviou o olhar.

— Eu entendi. Mas isso não muda nada.

— Ah, muda sim. — null cruzou os braços, desafiadora. — Porque eu não quero você aqui.

Ele respirou fundo, os olhos ardendo com um peso diferente agora.

— Você estava certa. Sobre tudo.

Isso pegou null de surpresa, mas ela manteve a expressão fria.

— E agora você quer um prêmio por finalmente admitir isso?

null sorriu sem humor.

— Eu sou um covarde, null. Sempre fui. Você assusta o inferno de mim.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Bom saber. Agora, sai do meu caminho.

Mas ele não se moveu.

— Eu tive medo de arriscar tudo por você. Medo de me perder no que nós tínhamos. Com null era fácil. Seguro. Mas com você… — Ele parou por um instante, a voz quase falhando. — Você é imprevisível. Você me faz sentir vivo e eu não sabia lidar com isso.

null sentiu um aperto no peito, mas não demonstrou.

— Ótimo discurso, null. Mas eu não estou interessada.

Ele se aproximou mais um passo, e dessa vez, sua voz era um sussurro bruto, carregado de desejo.

— Mas eu estou. Sempre estive. Eu nunca te esqueci, null. Eu nunca quis ninguém como quero você.

Ela o encarou, os lábios se curvando levemente.

— Problema seu.

— Me deixa sentir seu gosto de novo. Só uma vez.

null riu, balançando a cabeça.

— Não.

— Por favor. — O olhar dele queimava. — Eu faço o que você quiser.

Ela parou por um momento, avaliando-o. Então inclinou a cabeça, seus olhos dançando sobre ele como se o despisse apenas com o olhar.

— O que eu quiser?

— Qualquer coisa.

O sorriso de null se ampliou, malicioso.

— Você tem certeza disso?

null assentiu sem hesitar.

Ela se aproximou, tão perto que ele sentiu o calor do corpo dela, o perfume intoxicante que o fazia perder a cabeça. Então, sussurrou, com uma voz carregada de poder:

— Então eu vou te mostrar quem manda aqui.


null – O Gosto inesquecível


null foi em direção à janela de vidro que havia ali. Ao lado havia um interruptor, ela apertou, fazendo com que o vidro ficasse fumê para quem estava do lado de fora. null aproximou-se de null, que hesitou por uma fração de segundos – que não passou despercebido por null.

— Qual é, já vai dar pra trás?

— Não é isso. Por que não vamos para um local mais reservado?

— Porque quem manda sou eu.

— Mas…

— Vai embora, null.

— Não, null! Prometo que não falarei mais. – null aproximou-se da mulher, que o olhava, esperando sua atitude. Então, o homem a tomou em seus braços, colando seus lábios nos dela com urgência, como se fosse a última vez. E talvez fosse.

Ele parou o beijo por alguns segundos, encarando o rosto de null. null queria deixar tudo gravado em sua memória, para que pudesse lembrar daquele momento. Voltou a beijar null avidamente, passando a língua na língua dela que tinha um gosto doce de chiclete de menta.
Seus braços apertavam a cintura dela, pressionando seus corpos e o tesão crescia em seus interiores.

null ainda sentia muita raiva de null, mas sabia que ninguém era igual a ele. Era exatamente por isso que ela estava cometendo a loucura de estar nos braços dele novamente.
Mas dessa vez era diferente. Ele que suplicou por ela. Ele que estava desesperado para tê-la.

Uma imagem de null com null passou rapidamente por sua mente, fazendo-a sentir raiva. Afastou aquele pensamento para que o tesão que sentia não desaparecesse e o rancor e ódio por null voltasse à tona.

Ela estava no controle. E ela faria o que quisesse com null e iria se vingar da melhor forma possível.

null – Entre quatro paredes


null havia colocado um pen drive com algumas mixagens feitas por ela e sabia que era tempo suficiente para fazer o que quisesse ali.
A mulher vestia um vestido tomara-que-caia preto e calçava um par de botas da mesma cor. Era perfeito para aquele momento.

Enquanto ainda beijava null, ela pôs as mãos nas costas, encontrando o zíper do vestido e puxou, deixando o vestido aberto. Ela afastou o homem, fazendo com que o vestido caísse aos seus pés.

null olhou o corpo dela, admirando cada milímetro da pele nua. null tinha um corpo lindo e ela sabia que tinha.
null o puxou, forçando sua nuca para baixo em direção aos seus seios e null entendeu o recado. Colocou sua boca em um dos seios dela, mordendo o bico, fazendo-a gemer com a ação do homem. Sua língua quente circulava no local, deixando o bico extremamente enrijecido e sensível.

null já estava super excitada. null sabia onde tocá-la, seus pontos chaves ele conhecia de cor. Ela precisava de sua língua quente tocando-a ainda mais. Então, ela olhou ao redor, procurando a cadeira que havia ali. Puxou null, que ficou sem entender o que ela queria.

— Agora, você vai chupar minha boceta todinha, tá entendendo? – ele balançou a cabeça, afirmando. – Vou ficar em pé, colocar uma perna em cima da cadeira e você vai ficar de joelhos. Tudo que eu mandar você vai fazer. Entendeu? – ele balançou a cabeça novamente.

null fez exatamente o que havia dito. Colocou sua perna direita em cima da cadeira, enquanto null ficava de joelhos, com o rosto próximo a boceta dela. Ela afastou com uma mão a pequena calcinha que usava e a outra colocou nos cabelos de null, puxando em direção à ela.

— Você vai colocar essa língua gostosa pra fora e vai lamber tudo, desde meu cuzinho até meu clitóris. – ela ordenou e ele fez.
null passava a língua pela boceta molhada de null que gemia alto, falando para ele continuar.

O homem lambia desde o cu até o clitóris, dando uma sugada quando passava lá.

— Que delícia, seu puto! Agora você vai deixar essa língua dura e vai colocar dentro da minha boceta.

E null obedecia. Enfiava a língua quente dentro da boceta dela, deixando o gozo dela escorrer por dentro de sua boca. null precisava daquilo.

— Agora você vai chupar com gosto! Quero essa boquinha gostosa chupando toda minha bocetinha, lambendo tudo porque quero gozar na tua cara, seu cachorro safado!

Parecia que as palavras de null deram ainda mais gás a null, que chupava o clitóris dela. Sua língua começou a brincar ali no local, lambendo rapidamente o clitóris inchado da mulher. Passou a língua por todo o local, parando na entrada, lambendo todo o gozo que saía dela.

null gemia ainda mais alto, puxando a cabeça dele e movimentando para que fosse ainda mais rápido. Ela sentia que iria chegar ao ápice logo e puxou com mais força a cabeça de null e logo sentiu o orgasmo chegando. Olhou para o homem que a chupava com gosto e gemeu alto pela última vez,vendo seu gozo jorrar por todo rosto de null, o deixando totalmente molhado. Seu corpo continuou tremendo por mais alguns segundos até parar de vez.

null levantou-se sorrindo e aproximou-se da mulher para beijá-la, mas null espalmou a mão, encostando no peito dele, empurrando-o para longe dela. O homem franziu o cenho, sem entender nada. Tentou aproximar-se novamente e ela o afastou mais uma vez.

— O que foi, null?

— Vai embora, null. Você já teve o que queria.

— O quê!? – ele exclamou, surpreso.

— Você ouviu bem. Cai fora!

— Você só pode estar brincando. Depois que eu te dei um orgasmo que te fez tremer todinha, você vai me deixar desse jeito? – ele perguntou, apontando para o seu pau que estava duro contra a calça que usava.

— Você disse que queria sentir o meu gosto e você sentiu.

— Deixa de cena, null. Vem cá, está latejando, não estou aguentando mais.

— Problema seu. Vai ao banheiro e se alivia pensando em mim. – ela riu, estampando um sorriso irônico no rosto. – Cai fora.

— Eu não acredito que você vai fazer isso comigo.

— Ué, só fiz o mesmo que você! Ou não lembra que depois que me comeu veio com aquele papo que tinha voltado com null? Pois eu nunca esqueci e agora que relembrei mais uma vez, estou enojada olhando para essa sua cara. – null esbravejou. Foi em direção a porta e abriu. – Agora, cai fora antes que eu chame o segurança.

null saiu. Ficou parado por um momento, olhando para a porta fechada. Totalmente arrependido. Jamais teria null novamente.




Fim...