Finalizada

Capítulo Único

De todas as pessoas no mundo, era a última pessoa que esperava encontrar ali.
Há algumas noites tocava naquele bar e era um de seus favoritos do mundo, a clientela era boa, o dono era muito gente boa e eles tocavam o tipo de música que as pessoas queriam ouvir, O mais novo estava diferente, um pouco mais parecido com o pai deles e bem mais “engomadinho”. Ainda não acreditava no que os olhos viam, além de alguns centímetros mais alto, também estava com a aura diferente. Era grandioso, magnífico e poderoso, parecia realmente um CEO. E dado pelos anos que não se viam, aquilo não era difícil de acontecer. Sabia que depois que foi embora daquele país para viver seu sonho, seu pai faria de tudo para fazer do filho mais novo, embora tivesse certo preconceito, por ele não ser fruto de seu primeiro casamento e assim a sociedade taxar como bastardo, seu sucessor, não deixaria que o conglomerado saísse das mãos daquela família. E todo mundo no mundo sabia que seria um CEO imensamente melhor que . O mais novo tinha aquele feeling e mais, tinha vontade de assumir os negócios. Sempre que podia estava envolvido com as coisas da empresa e estava tudo pronto para que iniciasse o curso de administração quando acabasse o colégio.
E o vendo naquele terno cinza, alinhadíssimo ao seu corpo, com uma camisa listrada por baixo e os cabelos em um tom de cinza brilhante para o alto, milimetricamente alinhado, percebeu que o irmão, assim como ele, tinha alcançado seus sonhos, ele só estava intrigado com o que o mais novo estava fazendo ali.

Alguns anos atrás…


"Você está atrasado, onde você está?"

A mensagem naquele tom remetia que o pai dele estava puto logo de manhã, ele sempre estava na verdade, mas, naquela manhã parecia 150 mil vezes pior, nem se deu ao trabalho de perguntar o porquê de tudo aquilo, ele não estava atrasado, seu horário de entrada era às 08:00 e ainda eram 7:30. Não estava longe da empresa e ainda passaria no posto para abastecer e na cafeteria para comprar seu café da manhã. Enquanto dirigia resolveu ligar o rádio e ouvir um pouco de música, ou o jornal para saber como estava o trânsito. A primeira estação estava passando um eletrônico bate estaca que ele não era muito fã, ainda mais aquela hora da manhã. Na segunda estação música gospel e também não era a praia dele, terceira tentativa e o pop gritante de algum artista novo quase o deixou surdo, talvez estivesse velho demais para esse tipo de música.

— Para onde foram todas as guitarras? Onde estão as rádios de rock? — Foi passando as estações e começou a se perguntar aquilo.

Realmente não se lembrava a última vez que tinha ouvido uma banda nova do gênero, tudo que ele consumia era música muito antiga e com as imposições de seu pai do jeito que ele devia se vestir até o que ele deveria ouvir, comer e com quem se relacionar.
Parou o carro no posto para abastecer e se sentiu sufocado. O rock e a música eram seu combustível e mais que isso, era o sonho dele, ele sempre quis ser músico, levar as pessoas o que ele recebeu um dia, o conforto, o lugar de escape, as crianças de hoje em dia não queriam nem consumir as músicas da geração deles, imagina que iam procurar o rock que era um gênero que pelo visto estava ficando muito escasso.
Naquele momento, em que estava tendo uma mini crise existencial, se lembrou do quanto sentia saudades de sua mãe, que era a única pessoa na face da terra que acreditava nele, que incentivava , depois de sua morte prematura, seu pai o obrigou com a chantagem de ir morar com eles - que já estava morando com a nova mulher - já que na época ainda era menor de idade perante as leis daquele país e ou era o conforto da casa do pai milionário ou então iria para um abrigo insalubre, que ele nem tinha encontrado vaga, ele tinha colocado tudo na balança e tentando várias possibilidades antes de ir morar na casa daquele homem, mas nenhuma deu certo, ele era um rapaz, que não podia se sustentar sozinho no momento, então, arrumar um lugar era difícil, os parentes mais próximos de sua mãe eram pessoas com muita gente já morando em suas casas e ele não tinha muito contato, embora já vivessem em uma era moderna, as pessoas ainda julgavam e olhavam torto para a mãe dele por ser uma mulher separada criando um filho sozinha.
Já fazia um tempo que empurrava as coisas com a barriga e ia vivendo uma vida de angústia e cada dia mais se enfiando em um lugar que ele mesmo sabia que seria difícil de sair no futuro. Como começou a trabalhar cedo na empresa, tinha um dinheiro bacana guardado e aquele foi o estopim para que ele desse meia volta, passasse na casa do pai, pegasse as suas coisas e fosse para o mais longe possível. Sabia que sentiria falta de algumas coisas importantes para ele, como a empregada que cuidou dele como um filho quando ele foi morar lá e seu irmão mais novo, embora odiasse a mãe dele, por ser uma pessoa pessoa com ele quase que o tempo todo, ele tinha uma ligação forte com seu irmão e eles se amavam muito, mas precisava fazer aquilo por ele e para encontrar novamente uma vontade de viver.

Atualmente…
Quando terminou o show e o lugar foi esvaziando, ainda conseguia avistar sentado onde estava antes, muito provavelmente estava esperando por ele. Era um sentimento estranho, sentiu saudades do irmão todos os dias de sua vida e vendo como ele tinha crescido bem, se sentiu um pouco mais aliviado de ter deixado o mais novo para trás.
— É, oi! — chegou até a mesa que estava sentado com duas garrafas de cerveja na mão. Antes de chegar ali, precisou parar para cumprimentar algumas pessoas que eram fãs de seu trabalho e alguns velhos amigos, mas ali estava ele, diante de seu irmão, que subiu o olhar do celular, ao qual digitava alguma coisa.
— Finalmente eu te encontrei! — abriu o maior sorriso do mundo e se jogou em cima do mais velho para um abraço apertado.
Era por aquela generosidade que amava tanto o mais novo, ele era totalmente diferente de qualquer pessoa que morasse naquela casa, ele era altruísta, sincero, carinhoso e amável, claro que isso em casa e com as pessoas mais próximas, ele tinha toda a postura de CEO quando estava na empresa e quando o assunto eram os negócios.
— Eu senti a sua falta! — retribuiu o abraço do irmão, com os olhos já cheios de lágrimas.
— Achei que nunca mais ia te ver, seu idiota! — deu um soco no braço do irmão quando se separaram do abraço.
— O que você faz aqui? — estava mesmo intrigado com a visita do irmão. Achou que o pai nunca deixaria que ele saísse do país, principalmente para ir atrás do mais velho, da última conversa que teve com o patriarca da família, já que ele não voltaria para "casa", ninguém mais tinha autorização para procurar por ele ou considerar ele um membro daquela família, tinham cortado laços, mas aparentemente não era mais aquele garotinho ingênuo que fazia tudo o que eu papai mandava.
— Eu vim fechar uns negócios aqui para a expansão da empresa e lembrei que a senhora Oh me disse que você estava vivendo de música pela Califórnia, então resolvi te procurar. — Os olhos de brilhavam, e mais uma vez sentiu orgulho do homem que o irmão tinha se tornado.
— O seu pai disse que não podemos ter nenhum tipo de contato. — disse tomando um gole de sua cerveja.
— E desde quando você obedece o que o papai manda? — deu uma gargalhada alta e bebeu um pouco da sua cerveja também.
— Mas você obedece. — deu uma leve murchada, sabia que parte do irmão ser tão obediente ao pai era culpa dele, o mais novo tentava compensar, pelo mais velho ser um filho tão rebelde e aquilo não era saudável para nenhum dos dois.
— Não mais! Ele sabe o que tem a perder e agora eu sou um homem adulto, ele não tem outros filhos e a gente sabe que o ego dele nunca vai fazer ele colocar uma pessoa que não é da linhagem dele como diretor e CEO da empresa. Sabe, ainda é difícil convencer ele, mas não sou mais o mesmo menino ingênuo que levava tudo a ferro e fogo, depois que assumi os negócios tivemos um aumento de investimento e de lucro surreal, novas filiais e agora estamos nos lançando no exterior. — Ele parecia brilhar enquanto falava tudo aquilo. — Sabe, a única pessoa que eu queria contar tudo isso era para o meu irmão mais velho, queria que ele sentisse de mim o mesmo orgulho que eu sinto dele. — O sorriso brotou nos lábios dos dois.
— Você se orgulha de eu ter fugido? — não entendia, jurava que todos ao seu redor sentiam qualquer coisa, menos orgulho, viver de música não era nada fácil e muitos viam como um hobbie, quem se orgulhava de alguém de vivia de um hobbie?
— Podemos dizer que sim! Eu me orgulho de você ter ido atrás de seus sonhos, de voltar a viver, às vezes era deprimente olhar o que estava se tornando e agora, eu vi você brilhando e brilhante ali, naquele palco, com a sua guitarra nas mãos, levando música, alegria e conforto para as pessoas através da sua arte e vocação, então sim, eu me sinto orgulhoso por ter um irmão corajosa, apaixonado e talentoso como você. — parecia infinitamente mais maduro que antes e até mesmo que , era extraordinária a visão que o mais novo tinha para as coisas e era aquilo que o fazia bem sucedido.
— Eu sinto orgulho de você todos os dias , eu nunca duvidei que você seria a melhor coisa que já aconteceu naquela empresa e que quando chegasse a hora você a faria voar e está fazendo isso agora.
— Meu lugar é na gerência daquela empresa, assim como o seu é em cima daquele palco, não, daquele não, de todos dos maiores festivais, das turnês mundiais ou de onde você quiser e for o seu objetivo. Então, já que encontrou seu Rock e eu te encontrei, não vamos mais perder contato, pode ser? Eu vou vir com mais frequência para cá assinam que fechar esse negócio, então podemos nos encontrar mais, o que acha? — estava mesmo na missão de retomar o relacionamento com o irmão mais velho e agradeceu ao universo, só Deus sabe o quanto ficou agoniado pensando e sentindo saudades do irmão.
— Combinado, me dá seu celular, eu vou anotar meu número. — estendeu a mão esperando pelo aparelho.

Trocaram números e ficaram conversando até que o lugar teve que fechar, voltou ao seu hotel e voltou para o seu apartamento, ambos mais felizes e completos por finalmente estarem seguindo seus sonhos e retomado aquele relacionamento que era tão importante para ambos.




FIM



Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? Eu absolutamente amo escrever sobre o amor entre irmãos, talvez pelo fato de eu amar a minha irmã mais do que eu me amo hahahaha mas eu sei que nem sempre relacionamentos entre irmãos são o mar de rosas (eu nem falo direito com meu outro irmão) mas é isso! Eu gosto de escrever sobre irmãos que se amam e se querem bem de verdade <3.
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.   



 

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