Capítulo Único
Carpinteria é uma cidade do interior da Califórnia localizada no condado de Santa Bárbara. Por ser uma cidade pequena é muito comum que a cidade pare quando algum evento ou novidade acontece, e daquela vez não seria diferente.
Os caminhões e trailers passavam enfileirados carregados com todos os tipos de brinquedos desmontados, era possível ver o brilho nos olhos das crianças por perceberem que em poucos dias um parque de diversões estaria montado e funcionando na pequena cidade.
era um rapaz de vinte e dois anos, morava naquela cidade desde que nasceu, e vivia com os pais e as duas irmãs que eram mais novas que ele. Durante o dia trabalhava numa lanchonete que era o ponto de encontro dos jovens da região, e à noite cursava comunicação social na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara. Ele sempre fora o orgulho dos pais, estudioso, trabalhador, amoroso e além de tudo muito humildade, ele era perfeito em tudo, menos em relacionamentos.
Ele já teve namoradas, mas nada que funcionasse bem, e no fundo, sabia que talvez ainda não tivesse encontrado a pessoa que realmente tomaria seu coração para si.
Assim como o resto da cidade, o rapaz havia parado para observar a fileira de caminhões passarem em frente ao estabelecimento em que trabalhava, Maggie, sua prima e companheira de trabalho deu alguns pulos de animação ao seu lado, era tão difícil um parque vir até a cidade, que quando vinha até os adultos buscavam se divertir em seus brinquedos.
Assim que o último trailer passou em frente da lanchonete, girou a chave na fechadura e abriu o estabelecimento, começando assim mais um dia de trabalho.
No meio da tarde, quando o movimento ainda estava fraco, um casal passou pela porta balançando o pequeno sino e chamando a atenção dos primos que conversavam animadamente próximo ao balcão.
Logo ambos perceberam que os dois não eram dali, afinal nunca tinham os vistos antes, e pela aparência pareciam realmente pessoas de um lugar bem longe dali.
– Senhor, que gato! – Maggie disse baixinho apenas para o primo ouvir enquanto observava o casal ir em direção a uma das mesas do fundo da lanchonete. – Acabei de ganhar o resto da minha semana.
– Cala a boca, Maggie, vai logo atender eles – usou o mesmo tom que a prima, entregando-lhe o cardápio para que Maggie entregasse ao casal. – Seja simpática.
Ele sorriu debochado e a garota revirou os olhos indo em direção ao casal.
– Boa tarde, me chamo Maggie e irei atender vocês essa tarde – Maggie sorriu entregando um cardápio para cada um enquanto os dois respondiam ao cumprimento.
– Boa tarde! – os dois responderam juntos.
– Eu sou , e esse é o Ben – respondeu a garota sorrindo, Maggie olhou rapidamente para o rapaz que estava entretido com o celular. – Nós estamos na cidade junto com o parque de diversões.
– Ah, sério? – Maggie sorriu animada, ela sabia que os dois não eram da região. – Vimos vocês passarem hoje cedo.
– Pois é, iremos passar uma temporada aqui – comentou dando um suspiro. – Então, eu vou querer esse milkshake de amendoim. E você, Ben?
– O mesmo que você – Ben respondeu sem tirar os olhos do aparelho, bufou e Maggie logo anotou os dois pedidos.
– Certo, eu já volto.
Maggie deu as costas aos dois e saiu em direção ao balcão entregando o papel com a anotação dos pedidos a , que logo começou a preparar os dois milkshakes.
Em poucos minutos, Maggie entregou os pedidos e voltou para o balcão ao lado de .
– Os nomes são e Ben, estão aqui com o parque e eu acho que eles não são um casal – Maggie comentou com o primo que olhou para ela com a testa franzida. – Eu percebi você olhando para a garota.
– Eu não estava olhando para ela – se defendeu o garoto fazendo a prima rir. – Tudo bem, eu achei ela bem bonita.
– E eu achei o cara bonito – Maggie deu de ombros voltando a olhar para o casal que agora conversava animadamente. – Queria saber se eles estão juntos ou não.
– Devem estar – foi a vez de dar de ombros. – Certeza que eles são um casal.
– Certeza que não – Maggie estendeu a mão para o primo que logo pegou selando uma aposta. – Quem perder terá que pagar uma noite no parque para o outro.
– Fechado!
Os dois esperaram pacientemente pelo o momento em que Ben chamou Maggie novamente para pedir a conta, ela respirou fundo, abriu um sorriso e foi em direção ao casal.
– Dez dólares – Maggie disse entregando a nota para Ben que assentiu.
O rapaz pegou a carteira e tirou uma nota de dez dólares e entregou a garçonete.
– Obrigada – Maggie sorriu nervosa e após repensar se valeria o mico, resolveu perguntar: – Me desculpe a pergunta, mas vocês dois são um casal?
Ben arqueou uma das sobrancelhas olhando seriamente para a garota em pé ao seu lado, baixou a cabeça e riu contidamente.
– Não, não – foi a garota quem respondeu quase um minuto depois, quando percebeu que Ben não diria nada. – Benjamin, não seja grosso.
– Só fiquei surpreso, oras! – o rapaz revirou os olhos explicando o motivo da falta de resposta. – Somos irmãos, de mães diferentes, mas irmãos.
– Desculpe, mas é que eu realmente fiquei curiosa.
– Tudo bem, mana – piscou para a garota e logo se levantou junto a Ben. – Foi um prazer conhecer você, Maggie.
sorriu e acenou indo em direção a porta, Ben deu uma olhada para Maggie antes de seguir a irmã, mas parou na porta e olhou novamente para garçonete que agora estava parada próximo ao balcão.
– Eu acharia bem legal se você me desse seu telefone – Ben sorriu e Maggie quase teve um troço quando ouviu o que o rapaz disse. – Se você puder, claro.
– E-eu posso – ela rapidamente pegou seu bloquinho e anotou o número de seu telefone. – Aqui.
Ben olhou o papel e depois olhou para Maggie que estava tremendo de nervoso, o rapaz piscou para a garota e saiu do estabelecimento, Maggie pôde ver pelas janelas de vidro o momento em que ele encontrou com , disse algo para ela que olhou para a garota atrás do vidro e sorriu acenando.
– , me belisca – ela virou-se para o primo que riu da cara de retardada dela. – O que foi?
– Pensei que você fosse desmaiar – comentou o rapaz enquanto a prima sentava-se no banco. – Eu perdi a aposta?
– O que você acha?
[...]
– ? – Ben chamou pela irmã que organizava algumas prateleiras no armário do trailer. – Eu preciso de você.
– O que foi agora, Benjamin? – a garota revirou os olhos sem deixar de arrumar o armário. – Já aprontou com o papai?
– Não sua idiota, preciso que você vá comigo para a praia em Santa Bárbara – explicou Ben fazendo a irmã se virar para encará-lo. – A Maggie disse que não tem como ela ir só, então ela vai levar o primo dela.
– E você quer que eu fique com o primo dela para que vocês dois possam ficar? – levantou a sobrancelha esquerda. – Sem chance.
– Por favor, , hoje é domingo, nós não vamos fazer nada aqui – insistiu Ben, a irmã pensou por um pouco antes de responder.
– Ok, Benjamin – ela respirou fundo e deu de ombros. – Só porque quero conhecer Santa Bárbara.
– Vamos depois do almoço.
[...]
– ? – Maggie abriu a porta do quarto do primo e o encontrou ainda dormindo embaixo das cobertas. – !
– Hm?
– Lembra que nós vamos à praia? – Maggie cutucou o primo que permaneceu imóvel. – Por favor, , eu preciso que você vá comigo.
– , eu tô cansadão – a voz do rapaz saira abafada. – Eu tive que fazer hora extra ontem na lanchonete, e de madrugada eu estudei para uma prova que vou ter amanhã. Eu tô morto.
– Nós vamos passear, – a garota revirou os olhos. – Por favor, .
– Tá, tá – ele resmungou tirando os lençóis de cima de si. – Você vai ficar me devendo uma.
– Cobre quando quiser – ela abraçou o primo antes de sair do quarto para que ele pudesse se arrumar.
Quase uma hora depois os dois estavam a caminho de Santa Bárbara no carro do pai de , os dois conversavam banalidades enquanto um rock tocava no som do carro.
Maggie estava nervosa, seria a primeira vez que ela encontraria Ben depois daquele dia na lanchonete, na verdade, daquela vez seria diferente porque eles estariam saindo para um encontro.
O combinado era que os quatro se encontrariam às duas no pier Stearns Wharf, na praia de West Beach. O casal de primos chegou primeiro ao ponto de encontro, devia ser pelo fato dos irmãos não conhecerem muito a cidade.
Com quase uma hora de atraso, com – segundo Maggie – reclamando como uma velha e ameaçando ir embora a cada cinco minutos, Maggie avistou os irmãos caminhando pelo pier, os dois riam de alguma coisa e ainda não tinham percebido os primos.
– Olha eles ali – Maggie se virou para que estava com a cara emburrada. – Ajeita essa tua cara, moleque.
não disse nada, apenas se virou e procurou pelos dois.
definitivamente não acreditava em amor à primeira vista, mas ele não tinha certeza sobre o que aconteceu naquele momento quando viu caminhando com um sorriso no rosto ao lado do irmão, tudo bem que não era a primeira vez que ele via a garota, mas diferente da primeira vez, alguma coisa mudou nele quando a viu pela segunda.
O rapaz sequer piscava observando cada passo que a garota dava, e ele sentia seu coração bater descompassado, suas mãos frias e suadas e suas pernas bambas, era a primeira vez que ele se sentia daquele jeito, e o incrível era que não tinha feito nada para causar aquilo no rapaz.
sempre acreditou no amor, acreditou que um dia ele finalmente encontraria a mulher que arrumaria toda a bagunça de sua vida, ele não tinha certeza ainda se aquela mulher seria , mas ele sabia que arriscaria até ter certeza se seria ela a mulher de sua vida.
– Olá – Ben sorriu ao se aproximar dos dois. – Desculpe o atraso, nos perdemos no caminho.
– Tudo bem – Maggie respondeu arrumando a bolsa no ombro. – Vamos?
– Ah, desculpe, eu sou Ben – o rapaz levantou a mão para que apertou. – Essa é minha irmã .
– Prazer, – ele sorriu para os dois.
Minutos depois os quatro estavam caminhando pela areia da praia, que não estava muito movimentada.
Ben e Maggie iam mais à frente rindo, já e conversavam mais contidamente.
– Gostando do lugar? – perguntou após alguns segundos de silêncio. – Não de Santa Bárbara, mas de Carpinteria?
– Ah, eu estou amando – olhou para ele e sorriu antes de abaixar a cabeça. – É tão acolhedora, e fomos tão bem recebidos quando chegamos que deu até vontade de morar lá.
– Realmente as pessoas de lá são bem acolhedoras – concordou chutando uma pedrinha perdida na areia. – Quanto tempo vocês pretendem passar aqui?
– Isso depende muito – a garota deu de ombros. – Uma temporada para meu pai pode durar quinze dias, um mês ou dois... Depende do lucro que tivermos aqui.
– Você é a filha do dono do parque? – levantou uma das sobrancelhas e sorriu. – É a dona de tudo aquilo.
– Mais ou menos isso – ela riu pelo nariz. – Divido tudo com o Ben, somos os dois únicos filhos e os únicos herdeiros. Apesar de no fundo nenhum de nós querer essa vida.
– Como assim?
– É complicado – ela deu de ombros novamente e logo mudou de assunto. – Você faz o quê?
– Eu trabalho de segunda a sábado naquela lanchonete que você e seu irmão foram quando chegaram, e à noite eu estudo comunicação social na Universidade da Califórnia aqui em Santa Bárbara.
– Você quer ser um jornalista.
– Mais ou menos isso – foi a vez dele de rir, lembrando do que ela disse antes.
– Mais ou menos? Você não estuda algo que gosta?
– Também é complicado, se eu tiver oportunidade te conto um outro dia.
assentiu.
Mais à frente Ben e Maggie entravam na água, de roupa e tudo enquanto brincavam de se jogar areia.
– Eles se deram bem – comentou a garota enquanto observava os dois. – Ela parece ser legal.
– É um pouco doidinha, mas é legal.
– Então eles combinam na loucura – os dois sorriram e caminharam até uma barraca onde sentaram-se. – Você tem namorada?
se arrependeu do que perguntou no momento seguinte, mas não tinha como voltar atrás.
– Tenho não – ele deu de ombros e repetiu a pergunta dela. – E você tem namorado?
– Não.
– Então eu acho que posso convidar você para jantar, não é? – sorriu ao ver a expressão surpresa da garota. – Estou brincando!
– Mas eu quero ir!
– Sério?!
Foi a vez dela de rir da expressão dele.
– Sim, seria legal te conhecer melhor.
[...]
– O que você achou dela? – Maggie perguntou quando os dois entraram na casa do rapaz.
– Nós vamos sair para jantar hoje – deu de ombros jogando-se no sofá da sala.
– Jura! – Maggie gritou fazendo o primo se assustar. – Agora vai!
– Vai com calma, Maggie – ele revirou os olhos após se recuperar do susto. – Nós ainda estamos nos conhecendo.
– Ela definitivamente faz teu tipo.
– Quem combina com alguém aqui é você e esse Ben, nunca vi você tão entretida com um cara – comentou e Maggie suspirou. – Você já está apaixonada?
– Não é isso, ele só me faz bem – ela deu de ombros com um sorriso bobo nos lábios. – Só o fato de ele me mandar mensagens de bom dia já me faz ganhar o dia.
– Você está apaixonada sim!
– Eu não tô!
– Tá bom – fingiu acreditar, mas continuou a olhar de forma divertida para a prima.
– Eu vou pra casa! Tchau, .
[...]
– Nossa, esse lugar é lindo – comentou observando cada lugar detalhadamente.
havia ido buscar a garota no parque, os dois caminhavam pelas ruas de Carpinteira lado a lado, enquanto o rapaz contava para ela algumas histórias sobre a cidade na qual morava.
– Vocês nunca pararam num lugar só? Tipo, nunca montaram moradia fixa numa cidade? – perguntou tentando parar de falar um pouco, afinal ele já tinha falado demais e não queria ser chato.
– Até eu completar dezessete anos, eu morei com a minha mãe em Atlanta, minha mãe queria que eu terminasse os estudos antes de ir viver parecendo cigana – explicou a garota. – Na verdade, eu sei que ela sempre quis que eu fizesse faculdade, ela queria que eu fosse dela, mas meu pai queria que eu seguisse os passos da família.
– E você, o que queria?
– Queria estudar, ter um emprego, uma casa, eu queria uma vida normal, assim como o Ben, nenhum de nós dois gostaríamos de viver essa vida – ela deu de ombros. – Como eu disse, é complicado.
– Seu pai não aceita?
– Não é isso, nós apenas nunca contamos para ele sobre a nossa vontade, temos medo da reação dele.
– Você devia tentar, o máximo que ele vai dizer é não – foi quem deu de ombros.
– Realmente – ela sorriu, mas em sua cabeça ela sabia que estava fora de cogitação dizer ao pai que não queria mais viver em caravana com o parque da família. – Então, me fala alguma coisa de você.
– Lembra que hoje à tarde você perguntou se eu não cursava algo que eu gostava na faculdade? – Ele olhou brevemente para ela que assentiu. – Quando eu me escrevi para uma bolsa de estudos lá, meu sonho era ser um jornalista, mas depois, eu mudei de planos, eu queria conhecer o mundo, viajar, conhecer outros países, outros costumes, outras línguas, eu queria me encher de cultura entende? Mas eu não podia decepcionar os meus pais.
– Acho que nós dois tivemos as vidas trocadas – ela riu contidamente, e concordou também rindo. – Apesar de nós não querermos isso para nossas vidas, talvez no futuro a gente veja que era o certo a se fazer.
[...]
Os dias se passaram, e continuavam se vendo, e eles sentiam um sentimento crescendo dentro deles. Algo diferente, inexplicável e com uma intensidade que seria capaz de fazê-los desistir de qualquer coisa para que um dia pudessem viver aquele sentimento que ainda não havia sido revelado.
Era uma noite de segunda-feira, fazia duas semanas que estava na cidade, e todos os dias ela agradecia aos céus por ainda não ser o dia dela partir, afinal desde que ela conheceu tudo o que ela queria era ter bastante tempo para estar ao lado dele.
Era quase meia-noite quando parou o carro em frente à entrada do parque, o local já estava fechado e as únicas luzes eram as dos trailers que não deixavam o local na escuridão. O rapaz havia ido da faculdade direto para lá, esperava por ele, em poucos segundos eles estavam no carro indo para algum lugar.
Os dois adoravam intensamente o silêncio da presença um do outro, o simples fato de estarem juntos era bom o suficiente, eles não precisavam trocar uma única palavra, apenas curtirem um a presença do outro.
parou o carro próximo a praia, o resto do trajeto seria a pé, devido ao frio, fez questão de abraçar a garota, assim nenhum dos dois sentiram tanto o clima do lugar.
A caminhada durou menos de dez minutos e de longe os dois puderam ver um grupo de pessoas reunidas ao redor de uma fogueira cantando músicas animadas.
deu pulinhos de animação, ela nunca tinha participado de um luau, e era tão empolgante para ela saber que pela primeira vez em vinte anos participaria de um.
Os dois sentaram-se em cima de uma toalha que parecia estar reservada para eles, foi apresentada ao grupo de amigos, eles pediram para que ela interagisse com o grupo, pediram para que a garota contasse histórias de suas viagens. era a única pessoa ali que conhecia outras cidades além de Carpinteria e Santa Bárbara, então era normal que todos quisessem saber como era ser uma viajante.
Ela contou com uma empolgação que não lhe pertencia como era viajar pela a América do Norte, era óbvio que não deixaria transparecer que ela detestava aquela vida, que tudo o que a garota mais queria era ter a vida daquele grupo amigos.
Quando o foco mudou de para o garoto que estava com o violão, eles logo puderam ouvir os primeiros acordes de All Around The World, do Justin Bieber.
olhou para e sorriu antes de cantar a primeira estrofe da música.
Você é linda, linda, você deveria saber
Você é linda, linda, você deveria saber
Eu acho que é hora, acho que é hora de mostrar isso
Você é linda, linda
não escondeu a surpresa ao ouvi-lo cantar, a voz de era incrível, e aquela música era uma das preferidas da moça, então para ela aquela era uma combinação perfeita.
Baby, o que está fazendo?
Onde você está? Onde você está?
Por que você está tão tímida?
Contenha isso, contenha isso
Não somos os únicos fazendo assim, assim
Então, DJ, traga aquilo, traga aquilo, traga aquilo de volta
acompanhava a música cantando baixinho para não atrapalhar que parecia se divertir, durante quase essas duas semanas em que os dois se conheciam ela ainda não tinha visto esse lado dele.
Ele sempre lhe pareceu tão sério, tão pés no chão, mesmo querendo ser um viajante.
Porque, pelo mundo todo
As pessoas querem ser amadas
Sim, porque pelo mundo todo
Elas não são diferentes de nós
Pelo mundo todo
As pessoas querem ser amadas
Pelo mundo todo
Elas não são diferentes de nós
Pelo mundo todo
Ele cantou a última frase e se levantou estendendo a mão para , ajudando-a a levantar, de mãos dadas ela deixou com que a guiasse pela areia da praia.
Quando os pés dos dois encontraram a água do mar, parou e virou-se para .
– Feche os olhos – ele pediu, e ela apenas franziu a testa completamente confusa. – Por favor.
Ela assentiu, mas fechou os olhos meio hesitante.
– O que você vê? – perguntou ele segurando as duas mãos da garota.
– Nada – ela deu de ombros rindo divertida.
– Abre a sua mente, , o que você vê através da escuridão dos seus olhos fechados?
Ela respirou fundo, e quando ela finalmente decidiu abrir sua mente ela sentiu a sua respiração misturar-se com a de , e logo em seguida os lábios dele junto aos dela.
sentiu um frio na barriga, a trouxe para perto e ela pôs as mãos no pescoço do rapaz.
Com aquele beijo os dois selaram o sentimento que nasceu dentro de seus corações durante aquelas semanas.
[...]
– Mana?
deixou de lavar os pratos para encarar o irmão que estava atrás de si, no tom de voz do rapaz ela soube que tinha algo errado.
– O que foi, Benjamin?
– Nós vamos embora na sexta.
Sem dó, ele jogou a bomba sobre a irmã.
demorou quase cinco minutos para assimilar as palavras do irmão, a garota se encorou na pia sentindo como se o chão tivesse se aberto embaixo de seus pés.
– O que você está falando, Ben? – sentiu uma dor em seu coração, como se um pedaço tivesse sido arrancado.
– Papai acabou de me dizer que nós vamos começar a desmontar o parque quinta de manhã, sexta vamos embora – Ben explicou para a irmã que aquilo era ordem do pai. – Ele disse que não tivemos muito lucro nesses vinte dias.
– Droga! – a garota sentiu seus olhos arderem devido a intensa vontade de chorar. – Justo agora.
– Eu te entendo, – Ben passou a mão no braço da irmã tentando confortá-la. – Esse é o primeiro lugar que a gente sentiu vontade de chamar de casa.
– Você não tem noção de como eu fui feliz aqui nesses vinte dias – a voz de saía embargada, o choro preso em sua garganta. – Como eu vou falar isso ao ?
– Você não precisa explicar muita coisa, ele sabia que a qualquer momento vocês teriam que se despedir – Ben segurou as duas mãos da irmã que abaixou a cabeça para que o rapaz não a visse chorar. – , você deveria estar acostumada a se despedir.
– Você está acostumado? – Ela levantou o olhar até o de Ben. – Você quer deixar a Maggie para trás? A primeira menina que finalmente conseguiu fazer você se apaixonar?
– Eu tenho que deixá-la para trás – ele desviou o olhar ao ser atingindo pela lembrança do sorriso de Maggie. – Eu não tenho escolha.
– Nós nunca temos!
[...]
Na noite do mesmo dia, não foi a faculdade devido a um imprevisto no trabalho, o que levou o rapaz a sair muito tarde, e resolveu que não iria assistir aula naquela noite.
Assim que saiu do trabalho ele mandou a mensagem à pedindo que ela o esperasse, a moça não respondeu, mas sabia que não precisava de resposta, ela sempre o esperava.
Às dez ele parou o carro próximo a entrada do parque, mandou outra mensagem para a garota, que logo apareceu na sua linha de visão.
entrou no carro, os olhos ainda vermelhos pela situação que lhe corroía por dentro, ela tinha que dizer a o que estava acontecendo, mas não disse, ela apenas o abraçou com toda a força possível, ela queria senti-lo perto o máximo que pudesse.
– Está tudo bem? – correspondeu ao abraço, e ele sentiu ela o apertar ainda mais. – Aconteceu alguma coisa?
não respondeu, afundou a cabeça no pescoço de e aspirou com profundidade o cheiro dele, ela queria guardar aquele perfume em algum lugar de sua mente.
beijou o cabelo da garota, e assim ela se afastou, apenas para beijá-lo de maneira intensa.
– Senti sua falta – foi o que ela disse quando ele a olhava de maneira boba sem entender o motivo daquilo. – Onde você vai me levar?
– Eu... – ele ainda estava bobo devido ao abraço e ao beijo, por isso ele não consiga formular nada em sua mente. Ele fechou os olhos e franziu a testa antes de responder. – Eu vou te levar ao meu lugar favorito na cidade.
– Vou adorar conhecer.
sorriu e se ajeitou no banco de passageiro, girou a chave na ignição e deu partida no carro.
A garota se aconchegou no banco e ligou o som do carro, tocava uma música qualquer que a garota conhecia, ela cantarolava baixinho tentando a todo custo esquecer que iria embora em dois dias e deixaria para trás.
– Chegamos – anunciou desligando o veículo, ele virou-se para que estava boquiaberta com a vista em sua frente. – Sabia que você iria fazer essa cara.
Ele riu baixinho, olhou para e também sorriu.
– Esse lugar é lindo.
O local era o ponto mais alto da cidade, sendo possível avistar grande parte da cidade com todas as suas luzes, apesar de ser noite o local não estava escuro devido ao bonito luar que deixava a noite ainda mais bonita.
Os dois desceram o carro, pegou uma cesta no banco de trás com uma grande e grossa toalha.
o ajudou a arrumar as coisas no chão e logo os dois sentaram-se sobre a toalha.
A garota não tirava os olhos do rapaz, não perdia um movimento sequer, acompanhando até as piscadas de seus olhos, ela queria guardar cada detalhe de dentro de algum lugar especial no seu coração, ela tinha certeza que estava apaixonada por , mas doía saber que não poderia viver aquele sentimento.
– Eu acho que estou apaixonado por você – disparou, congelou onde estava e não disse nenhuma palavra até que concluísse o que pretendia dizer. – Eu nunca senti nada parecido por ninguém, nenhuma garota me fez sentir da maneira que você me faz. E se você deixar eu quero te fazer feliz.
Ela sentiu a dor em seu peito crescer, as lágrimas se formaram nos cantos de seus olhos, mas não hesitou para responder algo que gritava em seu peito.
– A recíproca é verdadeira.
E sorriu, feliz por saber que tinha reciprocidade no que sentia por , e pela primeira vez em anos ele sentiu que havia encontrado a mulher certa.
passou a mão no rosto de que fechou os olhos sentindo o carinho da mulher que ele amava. aproximou-se devagar e beijou cada parte do rosto de antes de finalmente beijá-lo nos lábios.
E naquela noite foi de .
E foi de .
[...]
No dia seguinte quando voltou para o trailer da família, ela pôde ver que alguns brinquedos começavam a ser desmontados, a garota respirou fundo e abriu a porta do trailer encontrando Ben e Maggie tomando café juntos.
– Bom dia! – Ela sorriu se juntando aos dois. – Maggie, eu sei que você sabe que nós iremos embora amanhã, eu te peço por favor, para que você não diga nada ao , eu irei contar hoje à noite.
– Não se preocupe, eu sei que é você quem precisa contar – Maggie segurou a mão de e apertou tentando transmitir confiança a garota. – Vocês vão ficar bem.
– Eu espero que sim.
[...]
empurrou a porta da lanchonete na qual trabalhava, estava quase no final do expediente e ele só iria para a faculdade dali a duas horas, era tempo suficiente para que ela pudesse se despedir.
Meia hora depois os dois estavam no quarto de , na casa do rapaz.
Era a primeira vez que estava ali, ela varreu o olhar por todo o lugar, ela sentou na ponta da cama e olhou para parado na porta observando a menina.
– Você está estranha desde ontem – entrou completamente dentro do quarto e parou em frente a . – O que está havendo?
– Eu vou embora, – ela disse e acompanhou a reação dele mudar completamente. – Amanhã.
– Você só pode estar brincando – ele riu sem humor e desviou o olhar dos da garota. – Você está tirando com a minha cara.
– Eu queria estar brincando – ela disse afundando o rosto nas mãos. – , olha para mim.
– Pra quê, ? – aumentou consideravelmente o tom de voz, mas não olhou para a garota. – Para ouvir você dizer na minha cara que vai embora, sem mais nem menos?
– , não tem muito o que dizer...
– Eu não quero que você vá embora, – olhou para a garota que pôde ver como os olhos dele estavam vermelhos, ela soube que a qualquer momento ele desabaria.
– Eu não quero ir embora!
– Então fica, droga! – Ele berrou segurando-a pelos ombros. – Não vai embora, , por favor.
– , eu não tenho escolha.
– Você tem, você só precisa dizer que quer ficar, que você vai ficar que eu dou jeito, mas não vai, .
– Querer não é poder, , eu sinto muito!
E os dois desabaram, chorava com toda a dor que sentia por saber que a mulher que ele amava o deixaria, e chorava porque pela primeira vez ela soube o que era amar alguém de verdade.
– De todas as pessoas que passaram pela minha vida, você foi a única que me fez sentir viva, fez eu sentir que eu poderia perseguir os meus sonhos e vivê-los – tentava falar em meio aos soluços dos dois. – Você me amou do jeito que eu sou, mesmo sabendo que a qualquer momento eu poderia partir, não teve medo de me amar e não deixou com que eu tivesse medo também. Você mudou minha vida. E eu sou imensamente grata por isso – ela tentou limpar o rosto, mas era impossível devido as lágrimas que não paravam de cair. – Eu deveria estar acostumada a me despedir, mas eu não consigo fazer isso, porque eu não quero te deixar para trás.
– Não deixa!
– Eu preciso ir embora, – ela levantou da cama e aproximou-se do rapaz. – Eu amo você!
– Você não pode fazer isso comigo – ele disse assim que ela o abraçou. – Você não pode me deixar. Não pode dizer que me ama e ir embora.
– Desculpa, .
Ela afastou-se e beijou os lábios dele num selinho demorado.
– Desculpa.
E se afastou, o último som que foi ouvido foi o da porta sendo fechada após ir embora e deixar para trás.
Os caminhões e trailers passavam enfileirados carregados com todos os tipos de brinquedos desmontados, era possível ver o brilho nos olhos das crianças por perceberem que em poucos dias um parque de diversões estaria montado e funcionando na pequena cidade.
era um rapaz de vinte e dois anos, morava naquela cidade desde que nasceu, e vivia com os pais e as duas irmãs que eram mais novas que ele. Durante o dia trabalhava numa lanchonete que era o ponto de encontro dos jovens da região, e à noite cursava comunicação social na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara. Ele sempre fora o orgulho dos pais, estudioso, trabalhador, amoroso e além de tudo muito humildade, ele era perfeito em tudo, menos em relacionamentos.
Ele já teve namoradas, mas nada que funcionasse bem, e no fundo, sabia que talvez ainda não tivesse encontrado a pessoa que realmente tomaria seu coração para si.
Assim como o resto da cidade, o rapaz havia parado para observar a fileira de caminhões passarem em frente ao estabelecimento em que trabalhava, Maggie, sua prima e companheira de trabalho deu alguns pulos de animação ao seu lado, era tão difícil um parque vir até a cidade, que quando vinha até os adultos buscavam se divertir em seus brinquedos.
Assim que o último trailer passou em frente da lanchonete, girou a chave na fechadura e abriu o estabelecimento, começando assim mais um dia de trabalho.
No meio da tarde, quando o movimento ainda estava fraco, um casal passou pela porta balançando o pequeno sino e chamando a atenção dos primos que conversavam animadamente próximo ao balcão.
Logo ambos perceberam que os dois não eram dali, afinal nunca tinham os vistos antes, e pela aparência pareciam realmente pessoas de um lugar bem longe dali.
– Senhor, que gato! – Maggie disse baixinho apenas para o primo ouvir enquanto observava o casal ir em direção a uma das mesas do fundo da lanchonete. – Acabei de ganhar o resto da minha semana.
– Cala a boca, Maggie, vai logo atender eles – usou o mesmo tom que a prima, entregando-lhe o cardápio para que Maggie entregasse ao casal. – Seja simpática.
Ele sorriu debochado e a garota revirou os olhos indo em direção ao casal.
– Boa tarde, me chamo Maggie e irei atender vocês essa tarde – Maggie sorriu entregando um cardápio para cada um enquanto os dois respondiam ao cumprimento.
– Boa tarde! – os dois responderam juntos.
– Eu sou , e esse é o Ben – respondeu a garota sorrindo, Maggie olhou rapidamente para o rapaz que estava entretido com o celular. – Nós estamos na cidade junto com o parque de diversões.
– Ah, sério? – Maggie sorriu animada, ela sabia que os dois não eram da região. – Vimos vocês passarem hoje cedo.
– Pois é, iremos passar uma temporada aqui – comentou dando um suspiro. – Então, eu vou querer esse milkshake de amendoim. E você, Ben?
– O mesmo que você – Ben respondeu sem tirar os olhos do aparelho, bufou e Maggie logo anotou os dois pedidos.
– Certo, eu já volto.
Maggie deu as costas aos dois e saiu em direção ao balcão entregando o papel com a anotação dos pedidos a , que logo começou a preparar os dois milkshakes.
Em poucos minutos, Maggie entregou os pedidos e voltou para o balcão ao lado de .
– Os nomes são e Ben, estão aqui com o parque e eu acho que eles não são um casal – Maggie comentou com o primo que olhou para ela com a testa franzida. – Eu percebi você olhando para a garota.
– Eu não estava olhando para ela – se defendeu o garoto fazendo a prima rir. – Tudo bem, eu achei ela bem bonita.
– E eu achei o cara bonito – Maggie deu de ombros voltando a olhar para o casal que agora conversava animadamente. – Queria saber se eles estão juntos ou não.
– Devem estar – foi a vez de dar de ombros. – Certeza que eles são um casal.
– Certeza que não – Maggie estendeu a mão para o primo que logo pegou selando uma aposta. – Quem perder terá que pagar uma noite no parque para o outro.
– Fechado!
Os dois esperaram pacientemente pelo o momento em que Ben chamou Maggie novamente para pedir a conta, ela respirou fundo, abriu um sorriso e foi em direção ao casal.
– Dez dólares – Maggie disse entregando a nota para Ben que assentiu.
O rapaz pegou a carteira e tirou uma nota de dez dólares e entregou a garçonete.
– Obrigada – Maggie sorriu nervosa e após repensar se valeria o mico, resolveu perguntar: – Me desculpe a pergunta, mas vocês dois são um casal?
Ben arqueou uma das sobrancelhas olhando seriamente para a garota em pé ao seu lado, baixou a cabeça e riu contidamente.
– Não, não – foi a garota quem respondeu quase um minuto depois, quando percebeu que Ben não diria nada. – Benjamin, não seja grosso.
– Só fiquei surpreso, oras! – o rapaz revirou os olhos explicando o motivo da falta de resposta. – Somos irmãos, de mães diferentes, mas irmãos.
– Desculpe, mas é que eu realmente fiquei curiosa.
– Tudo bem, mana – piscou para a garota e logo se levantou junto a Ben. – Foi um prazer conhecer você, Maggie.
sorriu e acenou indo em direção a porta, Ben deu uma olhada para Maggie antes de seguir a irmã, mas parou na porta e olhou novamente para garçonete que agora estava parada próximo ao balcão.
– Eu acharia bem legal se você me desse seu telefone – Ben sorriu e Maggie quase teve um troço quando ouviu o que o rapaz disse. – Se você puder, claro.
– E-eu posso – ela rapidamente pegou seu bloquinho e anotou o número de seu telefone. – Aqui.
Ben olhou o papel e depois olhou para Maggie que estava tremendo de nervoso, o rapaz piscou para a garota e saiu do estabelecimento, Maggie pôde ver pelas janelas de vidro o momento em que ele encontrou com , disse algo para ela que olhou para a garota atrás do vidro e sorriu acenando.
– , me belisca – ela virou-se para o primo que riu da cara de retardada dela. – O que foi?
– Pensei que você fosse desmaiar – comentou o rapaz enquanto a prima sentava-se no banco. – Eu perdi a aposta?
– O que você acha?
– ? – Ben chamou pela irmã que organizava algumas prateleiras no armário do trailer. – Eu preciso de você.
– O que foi agora, Benjamin? – a garota revirou os olhos sem deixar de arrumar o armário. – Já aprontou com o papai?
– Não sua idiota, preciso que você vá comigo para a praia em Santa Bárbara – explicou Ben fazendo a irmã se virar para encará-lo. – A Maggie disse que não tem como ela ir só, então ela vai levar o primo dela.
– E você quer que eu fique com o primo dela para que vocês dois possam ficar? – levantou a sobrancelha esquerda. – Sem chance.
– Por favor, , hoje é domingo, nós não vamos fazer nada aqui – insistiu Ben, a irmã pensou por um pouco antes de responder.
– Ok, Benjamin – ela respirou fundo e deu de ombros. – Só porque quero conhecer Santa Bárbara.
– Vamos depois do almoço.
– ? – Maggie abriu a porta do quarto do primo e o encontrou ainda dormindo embaixo das cobertas. – !
– Hm?
– Lembra que nós vamos à praia? – Maggie cutucou o primo que permaneceu imóvel. – Por favor, , eu preciso que você vá comigo.
– , eu tô cansadão – a voz do rapaz saira abafada. – Eu tive que fazer hora extra ontem na lanchonete, e de madrugada eu estudei para uma prova que vou ter amanhã. Eu tô morto.
– Nós vamos passear, – a garota revirou os olhos. – Por favor, .
– Tá, tá – ele resmungou tirando os lençóis de cima de si. – Você vai ficar me devendo uma.
– Cobre quando quiser – ela abraçou o primo antes de sair do quarto para que ele pudesse se arrumar.
Quase uma hora depois os dois estavam a caminho de Santa Bárbara no carro do pai de , os dois conversavam banalidades enquanto um rock tocava no som do carro.
Maggie estava nervosa, seria a primeira vez que ela encontraria Ben depois daquele dia na lanchonete, na verdade, daquela vez seria diferente porque eles estariam saindo para um encontro.
O combinado era que os quatro se encontrariam às duas no pier Stearns Wharf, na praia de West Beach. O casal de primos chegou primeiro ao ponto de encontro, devia ser pelo fato dos irmãos não conhecerem muito a cidade.
Com quase uma hora de atraso, com – segundo Maggie – reclamando como uma velha e ameaçando ir embora a cada cinco minutos, Maggie avistou os irmãos caminhando pelo pier, os dois riam de alguma coisa e ainda não tinham percebido os primos.
– Olha eles ali – Maggie se virou para que estava com a cara emburrada. – Ajeita essa tua cara, moleque.
não disse nada, apenas se virou e procurou pelos dois.
definitivamente não acreditava em amor à primeira vista, mas ele não tinha certeza sobre o que aconteceu naquele momento quando viu caminhando com um sorriso no rosto ao lado do irmão, tudo bem que não era a primeira vez que ele via a garota, mas diferente da primeira vez, alguma coisa mudou nele quando a viu pela segunda.
O rapaz sequer piscava observando cada passo que a garota dava, e ele sentia seu coração bater descompassado, suas mãos frias e suadas e suas pernas bambas, era a primeira vez que ele se sentia daquele jeito, e o incrível era que não tinha feito nada para causar aquilo no rapaz.
sempre acreditou no amor, acreditou que um dia ele finalmente encontraria a mulher que arrumaria toda a bagunça de sua vida, ele não tinha certeza ainda se aquela mulher seria , mas ele sabia que arriscaria até ter certeza se seria ela a mulher de sua vida.
– Olá – Ben sorriu ao se aproximar dos dois. – Desculpe o atraso, nos perdemos no caminho.
– Tudo bem – Maggie respondeu arrumando a bolsa no ombro. – Vamos?
– Ah, desculpe, eu sou Ben – o rapaz levantou a mão para que apertou. – Essa é minha irmã .
– Prazer, – ele sorriu para os dois.
Minutos depois os quatro estavam caminhando pela areia da praia, que não estava muito movimentada.
Ben e Maggie iam mais à frente rindo, já e conversavam mais contidamente.
– Gostando do lugar? – perguntou após alguns segundos de silêncio. – Não de Santa Bárbara, mas de Carpinteria?
– Ah, eu estou amando – olhou para ele e sorriu antes de abaixar a cabeça. – É tão acolhedora, e fomos tão bem recebidos quando chegamos que deu até vontade de morar lá.
– Realmente as pessoas de lá são bem acolhedoras – concordou chutando uma pedrinha perdida na areia. – Quanto tempo vocês pretendem passar aqui?
– Isso depende muito – a garota deu de ombros. – Uma temporada para meu pai pode durar quinze dias, um mês ou dois... Depende do lucro que tivermos aqui.
– Você é a filha do dono do parque? – levantou uma das sobrancelhas e sorriu. – É a dona de tudo aquilo.
– Mais ou menos isso – ela riu pelo nariz. – Divido tudo com o Ben, somos os dois únicos filhos e os únicos herdeiros. Apesar de no fundo nenhum de nós querer essa vida.
– Como assim?
– É complicado – ela deu de ombros novamente e logo mudou de assunto. – Você faz o quê?
– Eu trabalho de segunda a sábado naquela lanchonete que você e seu irmão foram quando chegaram, e à noite eu estudo comunicação social na Universidade da Califórnia aqui em Santa Bárbara.
– Você quer ser um jornalista.
– Mais ou menos isso – foi a vez dele de rir, lembrando do que ela disse antes.
– Mais ou menos? Você não estuda algo que gosta?
– Também é complicado, se eu tiver oportunidade te conto um outro dia.
assentiu.
Mais à frente Ben e Maggie entravam na água, de roupa e tudo enquanto brincavam de se jogar areia.
– Eles se deram bem – comentou a garota enquanto observava os dois. – Ela parece ser legal.
– É um pouco doidinha, mas é legal.
– Então eles combinam na loucura – os dois sorriram e caminharam até uma barraca onde sentaram-se. – Você tem namorada?
se arrependeu do que perguntou no momento seguinte, mas não tinha como voltar atrás.
– Tenho não – ele deu de ombros e repetiu a pergunta dela. – E você tem namorado?
– Não.
– Então eu acho que posso convidar você para jantar, não é? – sorriu ao ver a expressão surpresa da garota. – Estou brincando!
– Mas eu quero ir!
– Sério?!
Foi a vez dela de rir da expressão dele.
– Sim, seria legal te conhecer melhor.
– O que você achou dela? – Maggie perguntou quando os dois entraram na casa do rapaz.
– Nós vamos sair para jantar hoje – deu de ombros jogando-se no sofá da sala.
– Jura! – Maggie gritou fazendo o primo se assustar. – Agora vai!
– Vai com calma, Maggie – ele revirou os olhos após se recuperar do susto. – Nós ainda estamos nos conhecendo.
– Ela definitivamente faz teu tipo.
– Quem combina com alguém aqui é você e esse Ben, nunca vi você tão entretida com um cara – comentou e Maggie suspirou. – Você já está apaixonada?
– Não é isso, ele só me faz bem – ela deu de ombros com um sorriso bobo nos lábios. – Só o fato de ele me mandar mensagens de bom dia já me faz ganhar o dia.
– Você está apaixonada sim!
– Eu não tô!
– Tá bom – fingiu acreditar, mas continuou a olhar de forma divertida para a prima.
– Eu vou pra casa! Tchau, .
– Nossa, esse lugar é lindo – comentou observando cada lugar detalhadamente.
havia ido buscar a garota no parque, os dois caminhavam pelas ruas de Carpinteira lado a lado, enquanto o rapaz contava para ela algumas histórias sobre a cidade na qual morava.
– Vocês nunca pararam num lugar só? Tipo, nunca montaram moradia fixa numa cidade? – perguntou tentando parar de falar um pouco, afinal ele já tinha falado demais e não queria ser chato.
– Até eu completar dezessete anos, eu morei com a minha mãe em Atlanta, minha mãe queria que eu terminasse os estudos antes de ir viver parecendo cigana – explicou a garota. – Na verdade, eu sei que ela sempre quis que eu fizesse faculdade, ela queria que eu fosse dela, mas meu pai queria que eu seguisse os passos da família.
– E você, o que queria?
– Queria estudar, ter um emprego, uma casa, eu queria uma vida normal, assim como o Ben, nenhum de nós dois gostaríamos de viver essa vida – ela deu de ombros. – Como eu disse, é complicado.
– Seu pai não aceita?
– Não é isso, nós apenas nunca contamos para ele sobre a nossa vontade, temos medo da reação dele.
– Você devia tentar, o máximo que ele vai dizer é não – foi quem deu de ombros.
– Realmente – ela sorriu, mas em sua cabeça ela sabia que estava fora de cogitação dizer ao pai que não queria mais viver em caravana com o parque da família. – Então, me fala alguma coisa de você.
– Lembra que hoje à tarde você perguntou se eu não cursava algo que eu gostava na faculdade? – Ele olhou brevemente para ela que assentiu. – Quando eu me escrevi para uma bolsa de estudos lá, meu sonho era ser um jornalista, mas depois, eu mudei de planos, eu queria conhecer o mundo, viajar, conhecer outros países, outros costumes, outras línguas, eu queria me encher de cultura entende? Mas eu não podia decepcionar os meus pais.
– Acho que nós dois tivemos as vidas trocadas – ela riu contidamente, e concordou também rindo. – Apesar de nós não querermos isso para nossas vidas, talvez no futuro a gente veja que era o certo a se fazer.
Os dias se passaram, e continuavam se vendo, e eles sentiam um sentimento crescendo dentro deles. Algo diferente, inexplicável e com uma intensidade que seria capaz de fazê-los desistir de qualquer coisa para que um dia pudessem viver aquele sentimento que ainda não havia sido revelado.
Era uma noite de segunda-feira, fazia duas semanas que estava na cidade, e todos os dias ela agradecia aos céus por ainda não ser o dia dela partir, afinal desde que ela conheceu tudo o que ela queria era ter bastante tempo para estar ao lado dele.
Era quase meia-noite quando parou o carro em frente à entrada do parque, o local já estava fechado e as únicas luzes eram as dos trailers que não deixavam o local na escuridão. O rapaz havia ido da faculdade direto para lá, esperava por ele, em poucos segundos eles estavam no carro indo para algum lugar.
Os dois adoravam intensamente o silêncio da presença um do outro, o simples fato de estarem juntos era bom o suficiente, eles não precisavam trocar uma única palavra, apenas curtirem um a presença do outro.
parou o carro próximo a praia, o resto do trajeto seria a pé, devido ao frio, fez questão de abraçar a garota, assim nenhum dos dois sentiram tanto o clima do lugar.
A caminhada durou menos de dez minutos e de longe os dois puderam ver um grupo de pessoas reunidas ao redor de uma fogueira cantando músicas animadas.
deu pulinhos de animação, ela nunca tinha participado de um luau, e era tão empolgante para ela saber que pela primeira vez em vinte anos participaria de um.
Os dois sentaram-se em cima de uma toalha que parecia estar reservada para eles, foi apresentada ao grupo de amigos, eles pediram para que ela interagisse com o grupo, pediram para que a garota contasse histórias de suas viagens. era a única pessoa ali que conhecia outras cidades além de Carpinteria e Santa Bárbara, então era normal que todos quisessem saber como era ser uma viajante.
Ela contou com uma empolgação que não lhe pertencia como era viajar pela a América do Norte, era óbvio que não deixaria transparecer que ela detestava aquela vida, que tudo o que a garota mais queria era ter a vida daquele grupo amigos.
Quando o foco mudou de para o garoto que estava com o violão, eles logo puderam ouvir os primeiros acordes de All Around The World, do Justin Bieber.
olhou para e sorriu antes de cantar a primeira estrofe da música.
Você é linda, linda, você deveria saber
Eu acho que é hora, acho que é hora de mostrar isso
Você é linda, linda
não escondeu a surpresa ao ouvi-lo cantar, a voz de era incrível, e aquela música era uma das preferidas da moça, então para ela aquela era uma combinação perfeita.
Onde você está? Onde você está?
Por que você está tão tímida?
Contenha isso, contenha isso
Não somos os únicos fazendo assim, assim
Então, DJ, traga aquilo, traga aquilo, traga aquilo de volta
acompanhava a música cantando baixinho para não atrapalhar que parecia se divertir, durante quase essas duas semanas em que os dois se conheciam ela ainda não tinha visto esse lado dele.
Ele sempre lhe pareceu tão sério, tão pés no chão, mesmo querendo ser um viajante.
As pessoas querem ser amadas
Sim, porque pelo mundo todo
Elas não são diferentes de nós
Pelo mundo todo
As pessoas querem ser amadas
Pelo mundo todo
Elas não são diferentes de nós
Pelo mundo todo
Ele cantou a última frase e se levantou estendendo a mão para , ajudando-a a levantar, de mãos dadas ela deixou com que a guiasse pela areia da praia.
Quando os pés dos dois encontraram a água do mar, parou e virou-se para .
– Feche os olhos – ele pediu, e ela apenas franziu a testa completamente confusa. – Por favor.
Ela assentiu, mas fechou os olhos meio hesitante.
– O que você vê? – perguntou ele segurando as duas mãos da garota.
– Nada – ela deu de ombros rindo divertida.
– Abre a sua mente, , o que você vê através da escuridão dos seus olhos fechados?
Ela respirou fundo, e quando ela finalmente decidiu abrir sua mente ela sentiu a sua respiração misturar-se com a de , e logo em seguida os lábios dele junto aos dela.
sentiu um frio na barriga, a trouxe para perto e ela pôs as mãos no pescoço do rapaz.
Com aquele beijo os dois selaram o sentimento que nasceu dentro de seus corações durante aquelas semanas.
– Mana?
deixou de lavar os pratos para encarar o irmão que estava atrás de si, no tom de voz do rapaz ela soube que tinha algo errado.
– O que foi, Benjamin?
– Nós vamos embora na sexta.
Sem dó, ele jogou a bomba sobre a irmã.
demorou quase cinco minutos para assimilar as palavras do irmão, a garota se encorou na pia sentindo como se o chão tivesse se aberto embaixo de seus pés.
– O que você está falando, Ben? – sentiu uma dor em seu coração, como se um pedaço tivesse sido arrancado.
– Papai acabou de me dizer que nós vamos começar a desmontar o parque quinta de manhã, sexta vamos embora – Ben explicou para a irmã que aquilo era ordem do pai. – Ele disse que não tivemos muito lucro nesses vinte dias.
– Droga! – a garota sentiu seus olhos arderem devido a intensa vontade de chorar. – Justo agora.
– Eu te entendo, – Ben passou a mão no braço da irmã tentando confortá-la. – Esse é o primeiro lugar que a gente sentiu vontade de chamar de casa.
– Você não tem noção de como eu fui feliz aqui nesses vinte dias – a voz de saía embargada, o choro preso em sua garganta. – Como eu vou falar isso ao ?
– Você não precisa explicar muita coisa, ele sabia que a qualquer momento vocês teriam que se despedir – Ben segurou as duas mãos da irmã que abaixou a cabeça para que o rapaz não a visse chorar. – , você deveria estar acostumada a se despedir.
– Você está acostumado? – Ela levantou o olhar até o de Ben. – Você quer deixar a Maggie para trás? A primeira menina que finalmente conseguiu fazer você se apaixonar?
– Eu tenho que deixá-la para trás – ele desviou o olhar ao ser atingindo pela lembrança do sorriso de Maggie. – Eu não tenho escolha.
– Nós nunca temos!
Na noite do mesmo dia, não foi a faculdade devido a um imprevisto no trabalho, o que levou o rapaz a sair muito tarde, e resolveu que não iria assistir aula naquela noite.
Assim que saiu do trabalho ele mandou a mensagem à pedindo que ela o esperasse, a moça não respondeu, mas sabia que não precisava de resposta, ela sempre o esperava.
Às dez ele parou o carro próximo a entrada do parque, mandou outra mensagem para a garota, que logo apareceu na sua linha de visão.
entrou no carro, os olhos ainda vermelhos pela situação que lhe corroía por dentro, ela tinha que dizer a o que estava acontecendo, mas não disse, ela apenas o abraçou com toda a força possível, ela queria senti-lo perto o máximo que pudesse.
– Está tudo bem? – correspondeu ao abraço, e ele sentiu ela o apertar ainda mais. – Aconteceu alguma coisa?
não respondeu, afundou a cabeça no pescoço de e aspirou com profundidade o cheiro dele, ela queria guardar aquele perfume em algum lugar de sua mente.
beijou o cabelo da garota, e assim ela se afastou, apenas para beijá-lo de maneira intensa.
– Senti sua falta – foi o que ela disse quando ele a olhava de maneira boba sem entender o motivo daquilo. – Onde você vai me levar?
– Eu... – ele ainda estava bobo devido ao abraço e ao beijo, por isso ele não consiga formular nada em sua mente. Ele fechou os olhos e franziu a testa antes de responder. – Eu vou te levar ao meu lugar favorito na cidade.
– Vou adorar conhecer.
sorriu e se ajeitou no banco de passageiro, girou a chave na ignição e deu partida no carro.
A garota se aconchegou no banco e ligou o som do carro, tocava uma música qualquer que a garota conhecia, ela cantarolava baixinho tentando a todo custo esquecer que iria embora em dois dias e deixaria para trás.
– Chegamos – anunciou desligando o veículo, ele virou-se para que estava boquiaberta com a vista em sua frente. – Sabia que você iria fazer essa cara.
Ele riu baixinho, olhou para e também sorriu.
– Esse lugar é lindo.
O local era o ponto mais alto da cidade, sendo possível avistar grande parte da cidade com todas as suas luzes, apesar de ser noite o local não estava escuro devido ao bonito luar que deixava a noite ainda mais bonita.
Os dois desceram o carro, pegou uma cesta no banco de trás com uma grande e grossa toalha.
o ajudou a arrumar as coisas no chão e logo os dois sentaram-se sobre a toalha.
A garota não tirava os olhos do rapaz, não perdia um movimento sequer, acompanhando até as piscadas de seus olhos, ela queria guardar cada detalhe de dentro de algum lugar especial no seu coração, ela tinha certeza que estava apaixonada por , mas doía saber que não poderia viver aquele sentimento.
– Eu acho que estou apaixonado por você – disparou, congelou onde estava e não disse nenhuma palavra até que concluísse o que pretendia dizer. – Eu nunca senti nada parecido por ninguém, nenhuma garota me fez sentir da maneira que você me faz. E se você deixar eu quero te fazer feliz.
Ela sentiu a dor em seu peito crescer, as lágrimas se formaram nos cantos de seus olhos, mas não hesitou para responder algo que gritava em seu peito.
– A recíproca é verdadeira.
E sorriu, feliz por saber que tinha reciprocidade no que sentia por , e pela primeira vez em anos ele sentiu que havia encontrado a mulher certa.
passou a mão no rosto de que fechou os olhos sentindo o carinho da mulher que ele amava. aproximou-se devagar e beijou cada parte do rosto de antes de finalmente beijá-lo nos lábios.
E naquela noite foi de .
E foi de .
No dia seguinte quando voltou para o trailer da família, ela pôde ver que alguns brinquedos começavam a ser desmontados, a garota respirou fundo e abriu a porta do trailer encontrando Ben e Maggie tomando café juntos.
– Bom dia! – Ela sorriu se juntando aos dois. – Maggie, eu sei que você sabe que nós iremos embora amanhã, eu te peço por favor, para que você não diga nada ao , eu irei contar hoje à noite.
– Não se preocupe, eu sei que é você quem precisa contar – Maggie segurou a mão de e apertou tentando transmitir confiança a garota. – Vocês vão ficar bem.
– Eu espero que sim.
empurrou a porta da lanchonete na qual trabalhava, estava quase no final do expediente e ele só iria para a faculdade dali a duas horas, era tempo suficiente para que ela pudesse se despedir.
Meia hora depois os dois estavam no quarto de , na casa do rapaz.
Era a primeira vez que estava ali, ela varreu o olhar por todo o lugar, ela sentou na ponta da cama e olhou para parado na porta observando a menina.
– Você está estranha desde ontem – entrou completamente dentro do quarto e parou em frente a . – O que está havendo?
– Eu vou embora, – ela disse e acompanhou a reação dele mudar completamente. – Amanhã.
– Você só pode estar brincando – ele riu sem humor e desviou o olhar dos da garota. – Você está tirando com a minha cara.
– Eu queria estar brincando – ela disse afundando o rosto nas mãos. – , olha para mim.
– Pra quê, ? – aumentou consideravelmente o tom de voz, mas não olhou para a garota. – Para ouvir você dizer na minha cara que vai embora, sem mais nem menos?
– , não tem muito o que dizer...
– Eu não quero que você vá embora, – olhou para a garota que pôde ver como os olhos dele estavam vermelhos, ela soube que a qualquer momento ele desabaria.
– Eu não quero ir embora!
– Então fica, droga! – Ele berrou segurando-a pelos ombros. – Não vai embora, , por favor.
– , eu não tenho escolha.
– Você tem, você só precisa dizer que quer ficar, que você vai ficar que eu dou jeito, mas não vai, .
– Querer não é poder, , eu sinto muito!
E os dois desabaram, chorava com toda a dor que sentia por saber que a mulher que ele amava o deixaria, e chorava porque pela primeira vez ela soube o que era amar alguém de verdade.
– De todas as pessoas que passaram pela minha vida, você foi a única que me fez sentir viva, fez eu sentir que eu poderia perseguir os meus sonhos e vivê-los – tentava falar em meio aos soluços dos dois. – Você me amou do jeito que eu sou, mesmo sabendo que a qualquer momento eu poderia partir, não teve medo de me amar e não deixou com que eu tivesse medo também. Você mudou minha vida. E eu sou imensamente grata por isso – ela tentou limpar o rosto, mas era impossível devido as lágrimas que não paravam de cair. – Eu deveria estar acostumada a me despedir, mas eu não consigo fazer isso, porque eu não quero te deixar para trás.
– Não deixa!
– Eu preciso ir embora, – ela levantou da cama e aproximou-se do rapaz. – Eu amo você!
– Você não pode fazer isso comigo – ele disse assim que ela o abraçou. – Você não pode me deixar. Não pode dizer que me ama e ir embora.
– Desculpa, .
Ela afastou-se e beijou os lábios dele num selinho demorado.
– Desculpa.
E se afastou, o último som que foi ouvido foi o da porta sendo fechada após ir embora e deixar para trás.