Capítulo Único
- É o quê?
indaga do outro lado da tela, enquanto eu segurava o pedaço de papel muito bonito de um convite para o casamento.
- Ele teve essa cara de pau. Olha esse convite, ! Ele nunca, NUNCA, gastaria esse dinheiro se fosse comigo! – exclamo, choramingando em seguida. – Depois de o quê? Quatro meses?
- Eles estão juntos há quase um ano, !
exclama e eu bufo de raiva, rolando os olhos logo depois.
era o grande amor de minha vida, e todos concordavam que deveríamos ficar juntos. Não apenas por sermos lindos juntos, mas por nosso status social. Ele é filho do vice-prefeito de Nova York e eu filha de um dos maiores advogados de toda a América! Era óbvio que deveríamos ficar juntos, casarmos e vivermos felizes para sempre.
Mas, aí, ele conheceu uma estudante de Fotografia numa viagem e eu logo fui descartada. Eles pareciam aqueles casais felizes de comerciais das margarinas que eu tanto fugia para manter a dieta. Tinha tantas fotos dela no Instagram dele que me dava uma pontada de inveja.
- Ela trabalha na MAC! A gente não tem o mesmo convívio social. Os pais dela não tem nome, nada! – exclamo, frustrada. – O que ele viu nela?
- Eu não sei. Você é bem melhor do que ela.
- Eu sei! – exclamo com o tom de voz mais agudo. – Eu só não sei o que fazer. Eu não quero que ele se case... com ela. Ele tem que perceber que EU sou mais gostosa, que eu sou a melhor, que ele sai ganhando comigo. Ficar comigo é como ganhar na loteria.
- Verdade .
E mais silêncio, enquanto eu lia a frase escolhida para o início do convite. Uma frase romântica, da qual eu não sabia que ele conhecia, junto de seus nomes.
“ e , junto de seus pais, querem convidar você para o casamento.”
Patético! Como que ele conseguiu fazer isso comigo?
- dará uma festa hoje. O confirmou que irá. Apareça! Mostre todas as suas armas e agarre seu homem de volta!
- Perfeito, ! Você pode me buscar? – indago, pensando exatamente em qual vestido usar para aquela ocasião em especial.
Ele iria babar e esquecer totalmente que tem uma noiva.
Encerramos a chamada e eu deixei o convite em cima da cama, indo para meu closet procurar por uma roupa adequada para a noite.
- Filhota! – ouço mamãe exclamar e eu a chamo para o closet, e logo ela aparece, com seus bobs nos cabelos e um roupão rosa choque que lhe dei no último aniversário.
- Eu preciso de ajuda com uma roupa. – falo e ela sorri. – Tenho uma festa na casa de , vai aparecer e eu não quero perder a oportunidade de poder agarra-lo.
- Assim que se fala! – mamãe exclama, batendo palmas. – Ele vai ser seu de novo, minha querida. Acredite.
Sorri já sabendo que aquilo era verdade. Eu sabia que ele não resistiria e acabaríamos em sua cobertura, bebendo seu melhor uísque escocês e nos amando em cada extremidade daquele apartamento. Como eu sentia falta de nossas noites de sexo.
As horas se passaram e eu me arrumava especialmente para aquela noite. Fiz uma maquiagem, coloquei o vestido que eu tinha total certeza de que ele iria babar, e passei meu melhor perfume.
- Você atrasou! – exclamo assim que entro no carro de , não me dando o trabalho de cumprimentar seu motorista. – Será que ele estará lá mesmo?
- me confirmou! – ela fala, sorrindo em seguida. – E você está linda!
- Eu sei. – falo, jogando meus cabelos por cima do ombro, sorrindo em seguida.
O restante do caminho eu repassei o plano para , não me esquecendo de nenhum detalhe.
O carro estacionou e logo descemos. cumprimentou seu motorista, alegando que ligaria assim que precisasse.
- Se depender de mim, você voltará sozinha para casa. – falo e ela ri, caminhando comigo pelo gramado da mansão de .
é um grande arquiteto da cidade, mas todo mundo sabia que usava o nome de seu pai, Desmond , para conseguir ser tão prestigiado.
Entramos e logo colocamos nossos casacos pendurados, caminhando para a sala de estar onde seria a tal festa, que parecia mais uma social.
- Vai me dar os parabéns? – indaga ao vir me abraçar.
- Pelo quê? – indago enquanto ele abraça .
- É meu aniversário! – ele exclama, esticando a sua taça de champanhe. – Ok, vem aqui!
E logo fui puxada pela mão pelo aniversariante, andando até outro canto da sala de estar gigante.
- Olha quem veio, ! – exclama e eu sinto meu corpo se acender na mesma hora. Era hora de colocar meu plano em prática.
Antes que eu possa fazer alguma coisa para iniciar meu plano, uma moça aparece, sendo abraçada pelo moreno, que beija seu pescoço e a puxa para mais perto de seu corpo.
O que aquela garota fazia aqui no meio dos meus amigos?
- Oi ! – exclama, sorrindo e acenando com a mão que estava com seus dedos entrelaçados. E, de longe, deu pra avistar o diamante gigante que havia em seu dedo anelar.
Aquele Tiffany’s era pra ser MEU!
- , essa é ! Querida, essa é a , ou . – fala, apontando para mim depois.
Querida? Querida! Ele obviamente iria dar um apelido carinhoso!
- Ah, você é a ? – a garota indaga, sorrindo e vindo em minha direção, me abraçando em seguida. – falou sobre você. Eu acompanho seu Instagram.
Dei um sorriso falso, encarando meu ex, que conversava sobre o jogo beneficente de golfe que a mãe dele organizava todo ano, para juntar mais dinheiro pra um orfanato que ela e o Sr. apadrinharam pouco antes de nós começarmos a namorar.
- Seria no sábado, mas é o casamento e eu não convidei nem 50% das pessoas do evento, aí eles resolveram colocar para essa sexta. – diz, fazendo um sorriso aparecer no rosto de sua noiva. – E vai ser o primeiro trabalho da !
- Ah, você faz o quê? – indago, atraindo os olhares para mim.
- Eu faço faculdade de Fotografia. Estou no último período. – ela fala, e vejo seu rosto ficar corado.
Ah, como é ingênua.
- Que interessante! Adorarei poder contratar seus serviços para um futuro evento. – falo e mando uma piscadela, fazendo a garota arregalar os olhos.
- Wow! Eu estou mesmo falando com ? – ela indaga, me fazendo rir forçadamente.
- Você precisa ver as fotos dela, ! – fala, sorrindo em seguida. Ele pegou duas taças de champanhe com um garçom que passava por nós, entregando outra para mim.
- E você, ? – indago e ela nega, fazendo careta. – O gosto começa a ficar melhor depois de algum tempo.
- É que eu não estou acostumada. – ela fala. – Eu irei procurar por algum suco, ok?
- Ah, eu vou com você! – falo, entregando a minha bolsa na mão de .
E logo caminhamos para a cozinha, enquanto eu cumprimentava algumas pessoas e esperava pacientemente.
- Você conhece muita gente, não é? – ela indaga assim que entramos na cozinha, que estava abarrotada de funcionários. Eles logo nos encaram, esperando saber o motivo de nossa aparição no cômodo. – Ah, eu quero um suco.
- Dois, por favor. O meu é de laranja, e o seu? – indago e ela concorda. – Então são dois de laranja.
- Já, já irei levar pra vocês. – um dos garçons fala, sorrindo simpático.
o agradece, e logo caminhamos para a sala. Encontro , que vem correndo em nossa direção.
- , essa é , minha amiga desde a infância. , essa é , noiva do . – falo e vejo os olhos de minha melhor amiga se arregalarem.
- É um prazer conhecê-la! – exclama, abraçando minha amiga. – Acho que está me procurando...
- Deixe ele! Vamos ficar juntas! Eu quero saber de tudo! – exclamo, puxando a mão dela e caminhando até a varanda, onde tinha lugares para nos sentarmos. – Como aconteceu tudo?
E logo começou a falar sobre a viagem de para as Bahamas, onde ela estava com a tia rica que ela tem. Eles conversaram uma noite inteira, e logo perceberam que eram feitos um para o outro.
- Ele me pediu em namoro e, depois de três meses, em casamento. – ela fala, e ouço suspirar. – E ele me deu esse anel que está na família há gerações. O pai dele diz que dá muita sorte.
- Que lindo! – exclama, e eu percebo que ela não estava sendo falsa. Aquilo me deu vontade de vomitar!
- Obrigada! – agradece, sorrindo em seguida. – Eu preciso mesmo encontrar .
- Eu posso procurar por ele e falar que você está aqui fora o esperando. – falo e ela dá de ombros.
Caminho para dentro de casa como um furacão. Procuro por em todos os lugares, mas ele realmente havia desaparecido.
- Cadê ? – pergunto a , que conversava animado com , editor chefe de uma revista de economia.
- Ele foi ao banheiro, eu acho. Cadê ? Você a matou? – indaga, me fazendo bufar.
- Você é sempre um imbecil. – falo, dando as costas para eles, caminhando até o banheiro social que ficava no primeiro andar, abrindo a porta de qualquer maneira.
E lá estava ele. Usava a blusa social acima dos cotovelos, junto de uma calça alfaiataria preta e sapatos da mesma cor, que reluziam a luz do cômodo de tão polidos que estavam.
- Acho que não estou bêbado o suficiente para dizer que isso é uma miragem. – ele fala, sorrindo em seguida. – E o banheiro está ocupado.
- Não vim para isso. – falo, caminhando até a pia, examinando minha maquiagem, ajeitando meu vestido em meu corpo. – Você gosta desse vestido? Acha ele bonito?
- Ele é lindo, . – ele fala, evitando me olhar.
- Você se lembra, não? – indago, fazendo força pra me sentar na bancada da pia, encarando-o. – Nosso último ano novo, em Hamptons. Fizemos sexo na cozinha, e você dizia que aquele vestido era lindo demais para ser colocado pra fora de mim.
- Wow, foi mesmo! – ele exclama, rindo em seguida. – Eu sabia que ele era familiar.
- Podemos repetir, se quiser. – falo, passando minha mão pelos ombros, indo de encontro ao seu tronco, sentindo seu abdômen definido, me fazendo sorrir. – Como nos velhos tempos.
- Os velhos tempos não existem mais, . E você sabe disso. – ele fala, me fazendo bufar.
- Aposto que ela não faz metade do que eu faço. – falo, descendo da bancada. – Ela deve ser tão, tão chatinha.
E ele fica em silêncio, e eu logo percebo o que aconteceu, e me permito gargalhar.
- Ela ainda não fez? – indago, sorrindo em seguida. – Oh, uma puritana! Não sabia que gostava desse tipo.
- , não vai dar certo. – ele fala, me fazendo arquear a sobrancelha. – O que tivemos foi bom? Foi demais! Mas eu amo . E o que você está fazendo não irá mudar nada.
- Você vai perceber que eu sou a única na sua vida. – falo, beijando sua bochecha. – Aliás, sua noiva te procura.
E logo saio do banheiro, dando de cara com , que me fitou e sorriu de lado.
- Pela sua cara, a diversão nem começou. – ele fala, me fazendo rolar os olhos.
- Não começa! – exclamo, empurrando-o e caminhando para a sala de jantar, onde fazia um discurso. Encontro conversando com , e eu vou até elas.
- O que aconteceu? Perdeu o parabéns! – exclama.
- Tive que procurar outro banheiro. O do andar de baixo estava ocupado. – falo, dando de ombros.
logo aparece, beijando a bochecha de .
- Podemos ir? Amanhã tenho que ir cedo para a Kleinfeld. – fala e o moreno assente, segurando em sua mão.
- Você vai pra Kleinfeld? – indago, demonstrando interesse repentino naquilo. – Você acha que fica ruim eu e irmos? É que minha amiga vai casar também!
- Eu vou? – ela indaga.
- Acabei de entregar a surpresa de ! – exclamo, arrancando uma risada de . – Então, podemos?
- Ah, podem. Irei pela manhã, dez horas. É a prova final. – ela fala, me fazendo sorrir com falsidade.
- Tirem uma foto, por favor. – fala, atraindo meu olhar.
- Não mesmo, docinho. Você vai esperar até sábado! – ela fala, sorrindo. – Bom, precisamos mesmo ir. Até amanhã!
- Irei te buscar amanhã. Me passe o endereço pelo Instagram. – falo e ela arregala os olhos, concordando logo depois.
Logo eles caminham para fora da casa, e eu suspiro, observando sumir do meu campo de visão. Ele e sua noiva.
Aquelas palavras eram difíceis de digerir. Eu que deveria ser a noiva. Eu que deveria estar amanhã vestindo um vestido de noiva na Kleinfeld. Eu que deveria estar indo embora com ele agora.
Caminhei até o bar particular de , pedindo um coquetel forte.
- Pelo que eu vejo, seu plano não deu certo. – ouço falar e eu bufo, virando-me para ele.
- Do que está falando? – indago e ele sorri, mostrando a fileira perfeita de dentes que tinha, resultado de anos com aparelhos dentários que custavam o olho da cara.
- Eu estou falando do seu plano furado de conseguir algo com o . – ele fala, pedindo dose dupla de uísque, sem gelo. – Ele está mesmo apaixonado pela garota.
- Isso é besteira. – falo, gesticulando com as mãos. – Eles não podem ficar juntos. Eles são...
- De mundos diferentes? – ele indaga, me interrompendo. – São. E ninguém se importa. O amor é melhor que uma classe social.
- Desculpe cortar seu barato, mas a classe importa. – falo, pegando minha bebida.
- Não, não importa. Se fosse assim, eu não teria me apaixonado por você durante toda a adolescência.
E aquilo me fez ficar engasgada, cuspindo parte da minha bebida, sujando o balcão.
- O quê? – indago com os olhos arregalados.
- Eu sou de uma classe um pouco mais inferior que a sua, e eu me apaixonei por você. – ele fala, colocando uma das mãos no bolso da calça jeans que usava, enquanto a outra segurava o copo de uísque.
- E por que me fala isso agora? – indago e ele dá de ombros.
- Eu teria alguma chance? – ele indaga, me fazendo negar com a cabeça. – Então você já sabe a resposta.
- Mas éramos muito próximos. Você é um grande amigo de . – falo.
- E importava? Não! Eu só queria que você ficasse bem. – ele fala, sorrindo de lado em seguida. – Agora, me dê licença, preciso conversar com homens que entendam de economia.
E eu ri, pela primeira vez na noite, verdadeiramente. Ele acenou com a cabeça, caminhando para longe de mim.
- Podemos ir. – falo assim que se aproxima.
- Irei chamar o motorista. – ela fala, pegando seu celular.
Agora que me toquei que meu telefone havia sumido, assim como minha bolsa.
- Você viu minha bolsa? – indago, vendo minha melhor amiga negar e caminhar em direção oposta a minha, falando no telefone.
Corri meus olhos por toda a casa. Muitas pessoas haviam se dispersado no final do parabéns, afinal, ainda era quarta-feira, e muitas ainda trabalhavam no dia seguinte.
Encontro conversando com dois homens bem mais velhos que ele. Ele sorria, demonstrando que estava extremamente interessado naquela conversa. Deveria ser sobre números e bolsa de valores.
- ? – indago assim que me aproximo dele, e logo ele me olha. – Eu preciso de uma ajuda.
- O que aconteceu? – ele indaga, afastando-se dos homens, que continuaram conversando entre si. – Alguém está passando mal?
- Não! – exclamo, começando a rir pouco depois. – É que eu não sei onde deixei minha bolsa.
- Ela estava com , não estava? – ele indaga, e eu estalo os dedos, lembrando que havia deixado com ele antes de sair junto de . – Eu vou ligar para ele. Espera uns minutinhos.
- Obrigada. – sussurro, e ele me fita, sorrindo em seguida, antes de pegar o aparelho eletrônico no bolso da blusa que usava, digitando algo.
- , cara, eu preciso de um favor seu. – ele começa, e logo ri. – Oi, . Eu não sabia que estava no apartamento dele.
Aquela parte fez meu estômago se revirar.
- É que eu queria saber, tem uma procurando que nem louca pela bolsa, e ela disse que estava com seu adorável namorado. – ele fala, e logo gargalha. – Ok, eu vou falar com ela. Obrigado e desculpa. Tenham uma boa noite!
E logo ele encerra a chamada, guardando o aparelho em seguida.
- disse que levará para você amanhã. – ele diz, me fazendo suspirar aliviada. – E então, vocês irão se encontrar?
- É... – eu falei e logo ele notou, arqueando uma das sobrancelhas.
- Você vai contar a ela que está tramando acabar com o casamento dela, pois o noivo dela é seu amado ex? – ele indaga, me fazendo rolar os olhos. – , por favor, desiste...
- Não, . Agora, cala a boca. Agradeço sua ajuda, mas agora eu não quero saber de mais nada. – falo, virando e caminhando em direção contrária, encontrando parada na porta, conversando animadamente com .
Se eu não soubesse de seu namoro com , diria que eles estão verdadeiramente apaixonados um pelo outro.
- Tchau ! – exclamo, apertando a mão dele. – Até mais.
Enquanto o motorista dirigia em silêncio e digitava algo em seu celular, eu ficava pensando no que faríamos amanhã.
- Que horas iremos buscar a amanhã? – indaga.
- Ah, tem que ser antes das dez. – falo e ela assente, bloqueando o celular. – Esse plano precisa dar certo!
E logo ficamos em silêncio, e isso ficou até o fim da viagem, quando o motorista estacionou em frente a minha casa.
- Até amanhã. – falo e beijo a bochecha de , que retribui. Saio do carro, andando em passos rápidos pelo gramado úmido.
Abro a porta com a chave reserva que ficava abaixo do vaso de planta na entrada.
Assim que entro na sala, encontro meus pais assistindo TV. Não passava da meia noite, e eles assistiam o noticiário local, que mostrava a temperatura do decorrer da semana para a cidade.
- Como que foi lá? – papai indaga assim que me sento ao seu lado.
- Foi bom. – falo, suspirando em seguida. Retiro meus saltos, massageando meu tendão, gemendo de dor. Aquilo doía muito. – Eu preciso tomar um bom banho de banheira.
- Os empregados estão dormindo. – mamãe fala e eu bufo. – Irei preparar para você, querida.
E logo ela se levanta, caminhando para o andar superior, sumindo do meu campo de visão instantes depois.
- Eu fiquei sabendo que recebeu convite do casamento do . – papai comenta, diminuindo o volume da televisão.
- Eu conheci a noiva hoje. Simpática e alegre demais. – falo, fazendo uma careta, e logo papai ri. – Ele não merecia estar comigo?
- Vai ver ele não é o escolhido. – ele fala, dando dois tapinhas em meu ombro. – O seu escolhido pode ser um homem que você nunca sonharia em ter.
- Você só pode estar brincando. – falo, atraindo seu olhar.
- Querida, você acha que eu conheci sua mãe como? Eu amava outra mulher, era obcecado, e sua mãe era amiga dela. Nos aproximamos no chá de bebê e, desde aquele dia, nunca mais nos separamos! – ele exclama, sorrindo em seguida. – O que estou dizendo é que ele não é o SEU escolhido, mas o de outra pessoa. E você vai perceber em algum momento.
Bufo, levantando e pegando minhas sandálias no chão, subindo as escadas com pressa.
- Mamãe, podemos conversar? – indago assim que entro no banheiro. Ela estava sentada na beirada da banheira, colocando um óleo que eu desconhecia. – É urgente. Eu preciso de ajuda para fazer desistir de se casar com aquela... mercenária.
(...)
O prédio de entrou em meu campo de visão e eu suspirei profundamente. Era esquisito estar ali para fazer algo totalmente diferente do que estava habituada.
Encontro parada na calçada, junto de sua mãe e uma outra moça, que eu poderia jurar ser sua irmã. Elas eram bem parecidas.
- Bom dia, meninas! – exclamo assim que desço do carro.
- ! Essa é minha mãe, Lynda, e minha irmã, Maya. – fala após me cumprimentar com um abraço e um beijo no rosto. – Essa daqui é .
- Você é ainda mais linda pessoalmente do que pelas revistas! – Lynda fala e eu sorrio forçadamente, abraçando a mais velha.
- Isso é bom de ouvir, sinal de que o Photoshop não faz efeito. – falo e todas elas riem. – Bom, entrem! A limusine estava na oficina, e precisamos sair com esse.
- Você tem uma limusine? – Maya indaga enquanto entra no carro.
- Claro! E nós não usamos muito. É mais para irmos pra um evento de gala, já que não podemos amassar nossas roupas. – falo, entrando no carro e esperando o motorista fechar a porta pra mim. – Logo, logo fará parte desses eventos também.
- Não vejo a hora. – ela fala, e eu sinto vontade de vomitar. – Cadê ?
- Ela estava se sentindo mal. Deve ter bebido um bocado na festa ontem e acordou indisposta. – falo e ela sorri de lado. – Bom, estão prontas?
E logo todas concordam, e o motorista arranca com o carro dali, dirigindo rapidamente pelas ruas nova-iorquinas até a Kleinfeld.
Quando chegamos, eu sinto que meu coração iria sair pela boca. Tantos vestidos lindíssimos.
- Oi, eu sou a . – fala, e eu me disperso de meus devaneios. – Vim para a prova final do meu vestido.
- Claro! – a atendente fala, sorrindo em seguida. – Quem veio com você?
- Minha mãe, Lynda, minha irmã Maya e minha amiga . – ela fala e eu sorrio de lado.
Já havia subido meu patamar em menos de 24 horas.
- Olá, meninas! Venham comigo. – a atendente fala e logo caminhamos para a parte de dentro da loja, onde ficavam os provadores. – Aceitam algo para beber? Temos suco, café.
- Eu aceito um café, sem açúcar, apenas três gotinhas de adoçante. – falo, e a vendedora concorda. A mãe e irmã de fazem seus pedidos, e logo a vendedora sai de perto. – Está ansiosa?
- Um pouco. – ela fala, apertando as próprias mãos.
Depois de alguns minutos de algumas conversas aleatórias, a vendedora aparece com nossos pedidos, colocando-os na mesa ao lado de Maya.
- Pronta para vestir aquele vestido? – a atendente indaga e assente, entrando no provador em seguida, logo depois a vendedora e a mesma fecha a cortina.
- Eu fico feliz que ela tenha conseguido isso. – Lynda fala, e eu a fitei. – Nossa família não tem um histórico de casamentos perfeitos, e nem amor verdadeiro. Sempre nos casamos por necessidade. ama de verdade, e eu sei que é recíproco.
Aquilo fez meu estômago embrulhar. Eu quem devia estar ali, no lugar de . Era eu quem diria sim para no sábado.
- irá fazê-la feliz. – falo, acariciando a mão da mais velha. Não havia falsidade, nem mesmo estava sendo forçada.
Depois de alguns minutos, abre as cortinas.
Ela parecia uma princesa, e aquilo me dava ânsia de vômito. O vestido era rodado, enorme, e eu poderia apostar que era um Vera Wang ou Carolina Herrera.
- Deixa eu adivinhar, é um Vera Wang? – indago enquanto a atendente pegava o véu pendurado a poucos metros dali.
- Como você sabe? – indaga. – Eu não fazia ideia de qual era antes de chegar aqui.
- Eu trabalho com isso desde sempre. – falo, arrancando uma risada dela. – Você não adapta um Vera Wang, você se adapta para ele.
- Esse vestido é lindíssimo! – Maya exclama. – Você está linda!
- Obrigada. – fala, examinando-se no espelho. – Acho que está tudo perfeito.
Logo as cortinas se fecham novamente, e mais alguns minutos, apareceu com a roupa que usava quando a busquei algum tempo atrás.
- vai ficar todo bobo vendo você. – falo assim que caminhamos para o caixa.
- É o que eu espero. – ela fala, sorrindo em seguida.
A mãe de pagou o restante das prestações do vestido, e logo saímos da loja com ele numa caixa.
- Ah, ele pode levar vocês. Irei ficar por aqui. – falo assim que elas entram no carro. – Cuide bem delas, Jeff!
E o motorista que beirava os setenta anos assente, e eu fecho a porta. Ele dirige, e eu vejo o carro sumir de meu campo de visão ao virar numa esquina.
Caminho pela calçada olhando os grandes edifícios que ficavam por ali. Espelhados, refletiam o céu azul com poucas nuvens, típicos de uma primavera.
Caminho pelas lojas, atraindo olhares curiosos das pessoas por saberem quem eu sou.
Paro num restaurante, sentando no canto perto da janela.
- Se tivéssemos marcado, não daria certo... – ouço o sotaque irlandês e forte de , me fazendo bufar. – O que faz aqui? Se perdeu? Fugiu de casa?
- Isso te importa? – indago, olhando-o pela primeira vez.
Ele usava um terno totalmente azul marinho com gravata em azul mais claro, que combinavam com seus olhos.
- Uma boa combinação de roupas. – falo e ele sorri.
- É bom ser elogiado por uma modelo prestigiada como você. – ele fala, e eu sinto ironia em sua voz, me fazendo rolar os olhos. – Mas você não me disse o porquê de estar aqui.
- Você vai parar se eu não te responder? – indago e ele negou rapidamente. – Eu vim até a Kleinfeld.
- Quem aceitou casar com você? – ele indaga, me fazendo bufar. – Estou brincando. Mas é sério, tem alguém que vai se casar?
- Reforça sua memória. Vai saber de quem se trata. – falo e ele faz uma careta, ficando assim por algum segundos, até que arregalou os olhos.
- Você veio com a ? Tipo, sério? – ele indaga, sentando-se na cadeira na minha frente. – E o que você fez? Rasgou todo o vestido dela? Já sei! Foi que nem na cena de “Carrie, a estranha”, clássico!
- Ah, claro que não. E não é uma má ideia. – falo e ele rola os olhos. – Irei fazer com você.
- Eu não duvido de sua capacidade. – ele fala, me fazendo bater em seu braço. – Já que estamos aqui, o que acha de almoçarmos?
- O quê? E querer ser vista com editor chefe da revista de economia? Nem pensar! – falo e ele gargalha. Era uma gargalhada boa. – Estou brincando. Irei realizar seu maior sonho.
- É! Você quem sonha com isso. – ele fala e eu sorrio. – Fica mais bonita sorrindo, .
E aquilo fez meu rosto ficar levemente corado, mas eu logo escondi com um dos cardápios que estavam sobre a mesa.
Decidimos pela nossa comida e chamou pelo garçom, que prontamente nos atendeu. Acho que era por estar ali.
- Irá ao casamento de ? – indaga assim que o garçom sai de perto da nossa mesa.
- Iria como noiva, agora irei como convidada. – falo e ele gargalha.
- Como as coisas mudam rapidamente. – ele fala, me fazendo rolar os olhos.
Alguns segundos em silêncio e a comida chegou.
- Eles deveriam ter os pratos prontos para nós. – fala enquanto coloca o guardanapo em cima de sua blusa social.
- Influência minha, pode ter certeza. – falo, colocando o pedaço de pano nas pernas.
- Admito que eles não se importariam nem um pouco em saber que eu sou editor chefe de uma revista sobre economia. – ele fala e eu gargalho.
- Obviamente. – falo, olhando em seus olhos rapidamente.
Almoçamos em meio a provocações e risadas, muitas delas de minha parte. era engraçado e nós nunca deixávamos de ter assunto, o que era esquisito, levando em consideração que nós trocávamos poucas palavras até a noite anterior.
- Eu preciso arrumar um jeito de ir embora. – falo assim que volta à mesa, após ter ido ao caixa pagar nosso almoço.
- Eu poderia te levar, mas estarei ocupado demais no trabalho. – ele fala, me fazendo sorrir. – Não, não pensa nisso!
- Já pensei. Eu posso ficar com você? – indago e ele nega repetidas vezes com a cabeça. – Eu prometo que ficarei quietinha.
- Por Deus, ! Eu não posso fazer isso. Acabará com toda a minha reputação. – ele fala, e eu prefiro guardar a piadinha que tinha para aquela frase. – E sim, eu tenho uma reputação.
- O que eu disse? – indago retoricamente. – Você não tem escolha.
- Eu joguei pedra na cruz! – ele exclama, pegando seu celular de minha mão.
- Estará realizando seu sonho! – exclamo enquanto caminho junto dele até o lado de fora do estabelecimento.
- Não, não estará. Se fosse de adolescente sim. – ele fala e eu rolo os olhos. – Podemos ir logo?
Eu comemorei, correndo junto dele para dentro de seu carro, uma Range Rover preta que parecia ter acabado de sair da fábrica. Sentei no banco do carona, colocando o cinto em seguida.
- Mas é possível que você vai ficar quieta mesmo? – ele indaga enquanto dirige, e eu ligo o rádio do carro.
- Claro que fico, ! – exclamo e ele bufa.
Dirigiu por mais alguns minutos, até chegar na entrada da editora. Um prédio gigantesco e tomado por vidros.
Saímos do carro e ele cumprimenta o porteiro, entregando a chave para o manobrista.
Entramos e ele foi falar com a recepcionista, que abriu um sorriso gigantesco quando ele se aproximou. Mais uma que deveria estar caidinha por ele.
- A recepcionista está tão na sua! – falo enquanto coloco o crachá.
- Do que está falando? – ele indaga, apertando o botão do elevador.
- O óbvio. Ela está totalmente a fim de você. Você não percebeu? – indago e ele negou com a cabeça. – Você não conhece mesmo as mulheres.
- Desculpe senhorita “tive um relacionamento de anos com um homem que vai se casar com outra em dois dias”. – ele fala, me fazendo rolar os olhos. – Meus relacionamentos são entre eu e as palavras que coloco mensalmente nas revistas.
- Você não está falando sério! – exclamo e ele assente. – Você é bonito, . Como que não pode ter um relacionamento?
- Quer dizer que me acha bonito? – ele indaga, mexendo as sobrancelhas para cima e para baixo.
- Mais ou menos. Mas não foge do assunto. – falo, fazendo o homem ao meu lado bufar.
- Eu não estou fugindo do assunto. – ele fala, e as portas de metal se abrem.
- Então saia com ela mais tarde. Um jantar! – exclamo, caminhando com ele pelos corredores da revista, atraindo olhares curiosos. – Eu posso reservar.
- Não, ! – ele exclama. – Ela não faz o meu tipo...
- Você nem a conhece! Vai ver ela é muito legal e...
- E eu não tenho interesse algum em chamá-la para jantar. – ele diz, abrindo a porta e esperando que eu entre primeiro.
- Que tal ir num bar? Hoje terá jogo de basquete. Ela pode gostar de basquete... – falo e ele bufa, fechando a porta.
- ...
- , é só UMA noite. Não vai pedi-la em casamento no dia seguinte nem nada. – falo.
- E trabalhamos no mesmo local. Eu a cumprimento todos os dias. Não será nada fácil se não der certo. – ele diz, sentando-se em sua enorme cadeira de couro negro, como se estivesse no “Poderoso Chefão”.
Bufei e me sentei no sofá do canto, contando quantos quadradinhos havia na parede ao meu lado. Aquilo iria me entreter por algumas horas.
Enquanto eu ficava ali, rodando a sala, em uma hora fez diversas coisas, algumas que eu nem sabia que ele conseguiria fazer.
- Qual restaurante você acha que é o certo para levar uma mulher num encontro casual? – ele indaga, quebrando o silêncio de horas, pouco depois de um jornalista sair pela porta de seu escritório.
- Não sei. Podemos pesquisar. – falo, sorrindo e caminhando até a sua cadeira, sentando na mesma. Ele se sentou na mesa de vidro, intercalando seu olhar entre eu e seu notebook. – Aqui. O Le Bernardin deve ser bom. Cinco estrelas, frutos do mar, fabuloso. Tipo de lugar que ela adoraria ir.
- E se ela for alérgica a frutos do mar? – ele indaga, arqueando uma das sobrancelhas.
- Isso você descobre na hora. Agora, me dá seu telefone. – falo e ele me fita com desdém. – Eu preciso fazer a reserva!
Ele bufa e pega o telefone fixo, me entregando. Digito o número que estava no site deles, apertando o botão verde e me levantando.
Antes de caminhar, tiro meus saltos, massageando suavemente meus calcanhares.
- Alô? – indago.
- Le Bernardin, em que posso ajudar?
- Eu gostaria de saber se tem como fazer uma reserva para hoje. – falo, mordendo meu polegar.
- Desculpe, só fazemos reserva com dias ou semanas de antecedência.
- É que, me perdoe, meu amigo irá levar uma garota especial para sair, e ele queria levá-la aí para um jantar especial. Ele adora esse restaurante! Foi aí que seus pais se conheceram. – falo, arrancando uma risada de , me fazendo sorrir.
- Com quem falo?
- , modelo e futura atriz, se a vida me der essa oportunidade! – falo, e ouço um silêncio profundo do outro lado da linha. – Aconteceu algo?
- Acabamos de saber que houve uma desistência e, com toda certeza, conseguiremos encaixar o seu amigo.
Aquilo estava no viva-voz, e gargalhou alto o suficiente para poderem ouvir do outro lado, o que me obrigou a fazer sinal, pedindo silêncio.
- É uma reserva para dois. o nome dele. – falo, e a mulher do outro lado da linha murmura o nome, o que eu considerei que estivesse anotando em algum lugar.
- Tudo certo! Obrigada por escolher o Le Bernardin. Tenha um bom dia!
- Obrigada! – exclamo, encerrando a chamada em seguida. – Você tem um encontro.
- Seu nome é usado como influência, seria óbvio que eles não negariam. – ele fala, me fazendo bufar.
- É difícil carregar um sobrenome de tamanho peso! – exclamo, jogando meus cabelos por cima dos ombros. – E você precisa de uma roupa para isso.
- Eu primeiro preciso fazer o convite. – ele fala, coçando a nuca.
- E o que está esperando? – indago, empurrando-o até a porta.
- Eu preciso te levar para casa. – ele fala, me fazendo bufar.
- Ok, mas primeiro você precisa fazer o convite. – falo e suspira profundamente, assentindo. – Você vai embora agora. Iremos para baixo, você fará o convite e me levará embora.
- Eu sou seu motorista particular? – ele indaga, virando-se repentinamente, fazendo com que nossos corpos ficassem muito próximos um do outro.
- Sim. Agora, vamos. – falo, afastando-me dele e puxando sua mão, saindo de seu escritório e, em seguida, caminhando para o elevador.
Do décimo até o térreo, fomos em silêncio. Cada vez que piscava, a imagem de nós dois tão próximos um do outro me atormentava, e aparecia em minha mente.
Ele era cheiroso. Poderia perguntar que perfume era aquele, para um dia comprar e usá-lo. É, eu irei usar perfume masculino.
As portas se abrem e eu saio primeiro, tirando meu crachá. fez o mesmo, pegando-o de minha mão e caminhando até a recepção.
Fiquei de longe observando-o. Ele parecia nervoso, e ria a cada segundo enquanto ela falava.
- E aí? – indago quando ele se aproxima.
- Eu não consigo. – ele fala, olhando para a moça rapidamente. – Isso é demais pra mim.
- , vamos lá agora! – exclamo, puxando sua mão e indo em direção a recepcionista, que falava no telefone.
Assim que paramos em sua frente, ela sorri, encerrando a ligação e nos encarando, intercalando seu olhar entre meu rosto e o de , que poderia estar vermelho igual a um tomate.
- Oi, meu amigo aqui quer saber se você gostaria de jantar com ele. – falo, e aperta minha mão, me fazendo suspirar, contendo o gemido de dor.
- Adoraria. – ela fala, sorrindo abertamente, olhando para o homem atrás de mim.
- Pode ser hoje? – ele indaga e eu sorrio.
- Claro. – ela fala.
- Me passe seu endereço. – ele fala, entregando um cartão onde tinha seu número. – Até mais tarde.
E logo eu aceno, caminhando com ele para fora do prédio. Na porta, virei minha cabeça para fitar a mulher, que comemorava com uma dancinha tosca e um sorriso grande no rosto.
Alguém estava verdadeiramente feliz naquilo tudo.
Fomos o caminho até minha casa trocando poucas palavras. parecia nervoso e aquilo me fez sorrir, além de sentir algo esquisito em meu corpo. Provavelmente é da sobremesa do almoço.
- Não esqueça de levar flores. – falo assim que ele estaciona na porta de minha casa. – E nem se esqueça de puxar a cadeira para que ela se sente.
- Ok, entendido! – ele fala, fazendo uma reverência, o que me fez rir. – Mais tarde eu te conto sobre o encontro.
- Espero que seja bom. – falo e ele assente, e eu saio do carro. – Obrigada pela carona.
- Dividiremos a gasolina no fim do mês. – ele fala e eu rolei os olhos, caminhando pelo gramado até a varanda de minha casa.
Assim que entro, vejo mamãe conversando com Sra. .
- Oi, minha querida! – mamãe exclama, acenando com uma das mãos. – Meghan perguntava por você. Onde se meteu?
- Fui dar uma volta. – falo, cumprimentando a mãe de . – Como vai, Sra. ?
- Eu já pedi para me chamar apenas de Meghan, docinho. E eu vou bem, e você? – ela indaga, segurando minha mão em seguida.
- Estou bem. – falo, sorrindo de lado. – Irei tomar um banho e dormir.
- Quer algo para comer? – mamãe indaga quando chego ao primeiro degrau da escada.
- Não. Eu já almocei. Obrigada. – falo, sorrindo em seguida.
- Jeff deixou sua bolsa e eu a coloquei em seu quarto. – mamãe fala e eu agradeço, subindo as escadas rapidamente.
Entro em meu quarto e vejo meu telefone lotado de mensagens e ligações. Haviam notificações do meu Instagram e Facebook, que mostrava que eu havia sido marcada em novas fotos.
Curto todas, além de algumas que meus amigos postaram.
Abro meu WhatsApp, vendo mensagens de que ela havia me mandado na noite anterior, além de mamãe e .
Mensagens de em meu Instagram, junto de uma foto que tiramos juntas em algum momento da festa. Na legenda, havia apenas um coração rosa, algo que me fez sorrir.
Procuro pelo número de em minha lista, vendo o nome dele pouco tempo depois.
[]: Agora tenho meu telefone de volta!
Envio, tirando o esmalte nude da minha unha no dedo anelar. Poucos segundos depois, meu telefone apita, duas vezes.
[]: Por sorte eu não estou dirigindo, se não iria bater o carro.
[]: me mandou mensagem? O mundo pode acabar agora.
[]: Não mesmo, engraçadinho. Você ainda tem seu encontro.
E logo paramos de enviar mensagens, e eu presumi que ele estivesse se arrumando para a grande noite.
Tiro minha roupa, entrando no chuveiro gelado. O calor era grande, e banho gelado me acalmava, mesmo que fosse só na teoria.
Meus pensamentos voaram de para em questão de segundos. Da forma como o meu ex me olhou na noite anterior, que era totalmente diferente da forma como me olhou hoje, pouco tempo atrás.
Aquilo estava me deixando louca.
Assim que saio do banho, disco o número que eu já conheço desde sempre.
- Você pode vir aqui?
(...)
- Isso é louco, ! – , meu melhor amigo desde que me entendo por gente, fala, suspirando em seguida.
é assumidamente gay, e todos o adoram. , e sempre o protegia quando saíamos, todos juntos.
- não é de se jogar fora, ainda mais depois do tempo que ele passou em Milão. Voltou ainda mais irresistível. – ele fala, me fazendo encará-lo. – Ele é um dos solteiros mais cobiçados do mundo!
- Eu sei, eu sei, mas eu não quero nada com ele. – falo, fazendo uma careta. – Eu quero o .
- Acho que você merece coisa melhor. é gostoso? Demais! Mas você merece alguém que tenha um interesse por você. E eu vejo isso no irlandês sensual. – ele fala, me dando uma colherada de sorvete de morango na boca. – Vocês passaram a tarde juntos, certo? Não sentiu nadinha? Não aconteceu nada?
- Quase aconteceu. A gente se esbarrou e ficamos muito perto. – falo, e eu abaixo a cabeça. – Mas eu não te chamei para falar sobre isso, e sim para me ajudar com a despedida de solteiro do .
- Eu tenho um plano ótimo. – ele fala, e logo pega meu notebook, digitando algo que eu não soube, pois estava na direção oposta. – Tenho certeza de que irá pirar quando ver isso!
(...)
Toco a campainha da casa de pela terceira vez, e, com uma raiva repentina, começo a socar a porta.
Assim que acordei, haviam mensagens de . Ele dizia que o encontro foi perfeito e ela iria hoje para o jogo beneficente.
Eu estava feliz?! Estava muito!
abre a porta. Ainda usava um pijama de flores azuis e amarelas, me fazendo bufar e rolar os olhos.
- Precisamos ir. – falo e ela fecha a porta. – Estamos atrasadas, .
- Eu não vou. – ela fala, e eu olho em seu rosto.
Ele estava vermelho, inchado. Parecia ter chorado por horas.
- O que houve? – indago e ela desaba, sentando-se no sofá e chorando, me fazendo bufar. – Iremos nos atrasar, .
- Eu estou grávida. – ela fala, me fazendo arregalar os olhos. – E o pai é o , não o .
Aquilo foi bombástico. Se fosse em Gossip Girl, provavelmente se tornaria assunto do blog por semanas. Por sorte, Upper East Side não tinha aquilo na vida real.
é um famoso jogador de futebol. Britânico, foi convocado para a seleção diversas vezes, inclusive no último mundial, na Rússia, onde virou artilheiro com tantos gols que eu mal poderia contar.
Ele e mal se viam. Ela morava por aqui, e ele na Inglaterra. Se viam poucas vezes durante o ano, e conversavam por ligações, sejam de vídeo ou áudio. Eram feitos um para o outro, pois carregavam um berço de ouro em seu nome.
é romântico, e adorava fazer uma surpresa de vez em quando para ela, algo que completamente adorava.
é mulherengo. Não tinha a menor intenção de construir um futuro com alguém, adorava a vida boêmia que levava e não se apegava. Era um eterno adolescente no corpo de um homem de quase trinta anos.
Para ele, casos como o de só ocorria uma vez na vida. Odiava repetir figurinhas em seu álbum, apenas quando fosse necessário, para seu bem carnal. Era um completo idiota, pode-se dizer.
- Você não vai falar nada? – ela indaga, me encarando por segundos. Longos segundos.
- Você sabe que estamos atrasadas? Eu preciso...
- É somente você que precisa. Nunca se preocupou com o que eu precisava. – ela fala, se levantando em seguida. – Você me trata como uma escrava sua, acha que todos têm que se curvar diante de você, uma rainha. Aprende a crescer, , você não tem mais dezesseis anos. Não será mais coroada rainha do baile.
- Do que está falando? – indago, elevando meu tom de voz.
- Do fato de você nunca se importar com as pessoas. Você não se importa com o , não se importa comigo, não se importa com a , nem mesmo com . Você se importa somente com você, e em como sua vida tem que ser perfeita. – ela vocifera, e eu apoio meu corpo na parede. – Você nunca agradeceu, você nunca elogia alguém, você sempre trata as pessoas como se elas fossem obrigadas a servi-la. O mundo não gira ao seu redor, ! Você não é o astro rei de NY. Você é apenas mais uma. E eu me arrependo profundamente de te chamar de minha melhor amiga.
Aquilo doía como uma facada. Ela afundava, mais e mais. Queimava.
Eu controlei minhas lágrimas, levantando meu rosto e, em passos rápidos, me aproximei de .
- Tchau. – falo, caminhando para fora de sua casa.
Assim que entro na limusine, suspiro pesadamente. O olhar atento de Jeff me fez lembrar de que eu não poderia chorar. Não naquele momento.
- Vai logo. – falo e ele assente, dando a partida no carro e saindo dali rapidamente.
Levou alguns minutos para chegarmos onde seria o evento. Muitos paparazzo na porta, esperando por fotos de celebridades que iriam aparecer no local para prestigiar a família .
Desço do carro e caminho por um tapete verde florido feito especialmente para a ocasião. Aceno e tiro algumas fotos, forjando um sorriso e demonstrando que tudo estava bem.
Assim que entro no evento, cumprimento papai e seus amigos. Todos estavam preparados para jogar golfe, vestindo roupas apropriadas.
- Pensei que não fosse aparecer! – mamãe exclama assim que me sento ao seu lado, pouco me importando com suas amizades. Elas não eram tão importantes assim. – Essas são minhas amigas, você se lembra?
Assenti, dando um sorriso falso para todas, que retribuíram.
Avisto conversar com . A mesma usava um vestido amarelo mostarda que ia até os joelhos, junto de sapatilhas que pareciam confortáveis para poder tirar fotos e ser apresentada como futura nora de Sr. e Sra. .
- Olá ! – exclama assim que me aproximo. – disse que você foi com ela na prova do vestido.
- Sim! Está tudo pronto para amanhã? – indago e ela sorri, concordando com a cabeça. – Não vejo a hora!
- Muito menos eu. – diz. – Agora, se me derem licença, preciso tirar mais algumas fotos, além de cumprimentar alguns convidados.
Ela logo se afasta, caminhando com aquele sorriso tosco no rosto. Como que alguém conseguia ficar alegre por tanto tempo?
- Olá ! – exclama. – Onde está ?
- Não me interessa. – falo e ele arregala os olhos.
- Ok, confusão no país das maravilhas. – ele fala, virando seu copo de uísque. Como que ele só vivia daquilo?
- Isso não te interessa. – falo, bufando em seguida. Ele logo percebe e se afasta, me fazendo procurar por um rosto conhecido, ouvindo falar sobre um homem que estava a poucos metros dali, também o encarando.
Encontro conversando com alguns homens. Pareciam ser amigos de longa data, levando em consideração que falavam em voz alta e riam mais ainda.
Ele usava uma roupa apropriada para um evento despojado. Parecia ter sido escolhido por , já que combinava perfeitamente com o vestido que ela usava.
- Tudo bem? – indaga e eu retorno minha atenção a ele. – Irei me aproximar.
- Vai lá. – falo, sorrindo em seguida.
Pego uma taça de champanhe que uma garçonete distribuía. Eu não poderia aguentar aquele evento estando sem um pouco de álcool no organismo.
Avisto na porta . Ele estava radiante, usando uma bermuda jeans e uma camisa polo vermelha. Sorri, e logo ele diz algo para a mulher ao seu lado. A recepcionista, que usava um vestido florido que havia comprado em lojas de departamento.
Bufei, indo pegar um canapé na mesa.
- Olá ! – exclama e eu sinto meu corpo se arrepiar. Eu adorava como ele falava meu apelido. Soava totalmente sexy em seu tom de voz tão grave. – Vejo que veio desacompanhada.
- Você poderia me fazer companhia. – falo, e ele ri, colocando algumas torradas com patê de frutos do mar em um prato.
- Infelizmente recusarei seu convite. Tenho que jogar golfe e, se eu não for, meus pais ficarão furiosos. – ele fala, colocando salgadinhos fritos no seu prato.
- Esqueço que você é um adolescente sustentado pelos pais. – falo e ele me fita, sorrindo em seguida. – O que houve?
- Você. Apenas isso. – e logo ele caminha para longe, me deixando com uma interrogação no meio do rosto.
O que eu tinha, afinal?
- Então é aqui que você se esconde. – ouço e eu sinto meu corpo esquentar.
- De você? Sim. – falo, me virando para ele. – Oi, não fomos apresentadas, mas eu sou...
- . Todo mundo te conhece. – ela fala, sorrindo em seguida. – Eu sou Susan. Foi você quem fez o pedido ontem, não foi?
- Sim, e parece que deu certo! – exclamo, intercalando meu olhar sobre os dois.
concorda com a cabeça, colocando sua mão sobre o ombro da mulher, que aparentava ter menos de 1,60 de altura.
- Você veio com alguém? – indaga, rodando o olhar pela festa.
- Não. Eu vou apenas ficar com a minha mãe. – falo e ele assente. – Foi um prazer te conhecer, Susan.
- Igualmente, ! – ela exclama, exibindo um sorriso largo.
Caminhei para longe deles, sentando na mesa de mamãe e ficando por ali alguns minutos.
De longe, avisto . O mesmo estava abraçado a , falando alguma coisa que a fazia rir, e ele sorria verdadeiramente. Suas mãos estavam em sua cintura, e ela estava virada para ele, beijando sua bochecha e toda a extensão de sua barba.
Do outro lado, perto da mesa de canapés, estava . O mesmo tinha uma das mãos na cintura de Susan, enquanto conversava com alguns acionistas da empresa do pai. Susan estava com a mão em seu ombro, participando avidamente da conversa.
- Eu quero ir embora. – falo, me levantando em seguida.
Caminho em passos rápidos até o banheiro, tentando esconder minha enorme frustração em chorar. Eu não poderia chorar.
- Hey, hey, hey! O que houve? – indaga assim que me vê e eu desvio dele, correndo para o banheiro.
Me tranco em uma das cabines disponíveis, tampando o vaso e me sentando ali, encolhendo minhas pernas, a ponto de não conseguirem ver do outro lado.
O que estava acontecendo? Em poucos dias, tudo que eu tinha acabou, e tudo que eu poderia ter nunca aconteceu.
- Isso aqui é o banheiro feminino, senhor. – ouço uma mulher falar e eu limpo uma lágrima com o papel higiênico.
- , onde você está? – indaga, e eu suspiro profundamente. – O que aconteceu? me contou que você veio correndo para o banheiro.
- Eu perdi tudo que eu tinha, . – falo, abrindo a porta da cabine em seguida. – O homem que eu amava, a minha melhor amiga. Tudo em pouco tempo.
- Você vai jogar a toalha? – ele indaga, sentando-se no chão, pouco se importando com o estado de limpeza. – Você vai desistir? Você desiste, ?
Ele limpa minhas lágrimas, segurando minhas mãos em seguida.
- Agora iremos sair daqui com a cabeça erguida, você irá enfrentar seus fantasmas do Natal e iremos mostrar que você é totalmente superior ao que está sentindo. – ele fala e eu sorrio, levantando do vaso e caminhando até a pia.
Lavo meu rosto, tirando toda a maquiagem. Pego um batom que havia em minha bolsa, passando o mesmo em meus lábios.
- Maravilhosa! – ele exclama, me puxando pelo braço até o lado de fora.
A primeira pessoa que avistei foi Susan. Ela se levantou da cadeira onde estava, vindo em minha direção em seguida.
- Você está bem? – ela indaga e eu sinto dor ao concordar. – Eu preciso de companhia. foi jogar e eu acabei ficando sozinha. Não sei como são as pessoas daqui.
- Não tão simpáticas. – falo, sorrindo de lado. – Todos se importam muito mais com dinheiro do que com o outro, pode ter certeza.
Ela gargalha, e caminha comigo para mais perto de onde seria a partida.
foi o primeiro a jogar. Uma tacada falha, que jogou sua bola mais longe do que o esperado – e apropriado. Algumas pessoas riram, fazendo comentários. Outras, algumas mulheres, admiravam como suas pernas ficavam naquela bermuda.
Papai foi o segundo. Acertou com tranquilidade, fazendo com que mamãe comemorasse.
Sr. deixou a bola um pouco perto demais do buraco, fazendo papai falar algo em tom de provocação. Não pude escutar, mas sabia que era.
Enquanto jogava, observo . A mesma roía o cabo da câmera fotográfica que estava em seu pescoço, e comemorou quando ele acertou.
Alguns acionistas jogaram, fazendo ser o último.
Parecia nervoso. Examinava cautelosamente, possivelmente fazendo cálculos para não poder errar.
Ele acertou, fazendo com que Susan suspirasse aliviada.
A partida perdurou por horas. foi o grande vencedor, e ficou em segundo. Em último, no placar, estava , que havia sido um desastre durante todas as outras partidas.
- Nós, britânicos, jogamos futebol. – ele fala enquanto passa por mim.
- Você não sabe admitir que é apenas ruim? – indaga, arrancando uma risada minha e de Susan.
- Deixe ele, Lou. Ele não sabe como viver com o ego ferido. – falo e logo caminho para longe do homem, que logo foi rodeado por mulheres, que tinham um interesse absurdo em golfe e em ajudá-lo a superar a perda.
- Meus parabéns! – exclamo assim que se aproxima. – Você foi melhor do que eu estava acostumada.
- Eu sou bom em tudo. – ele fala.
- Não sabe o quanto. – falo e ele sorri.
Logo se aproxima, quebrando nossa troca de olhares. Ela o beija, e ele rodeia sua cintura.
- Você foi ótimo! – ela exclama, acariciando o rosto do homem.
- Você é meu amuleto da sorte. – ele fala, beijando-a mais uma vez.
Fiquei assistindo aquela cena e mais algumas do casal, saindo pouco depois.
- Não vai me dar os parabéns? – indaga, parando em minha frente.
E lá estava eu, olhando mais uma vez em seus olhos azuis.
- Parabéns! – falo, sorrindo em seguida.
- Aconteceu alguma coisa? te fez algo? – ele indaga, e eu nego com a cabeça. – E o que houve?
- Eu preciso ir. – falo e ele me olha preocupado. – Não é o que está pensando.
- E no que eu estou pensando? – ele indaga, dando de ombros em seguida. – Faz o que você quiser, .
E aquela foi a segunda facada do meu dia. abraçou Susan, caminhando com ela para uma mesa onde estavam seus pais.
Eu não entendia o porquê de me importar tanto com aquilo. Ele é . A única pessoa que tem o meu total interesse é .
(...)
- E nós, amigos do noivo, temos uma surpresa para ele! – ouço exclamar, e eu ajeito a roupa, que consistia em um collant preto quase transparente com orelhas de coelho, além de meia calça e salto agulha.
Logo começou a tocar Don’t Cha, de Pussycat Dolls, e vejo o topo do bolo cor de rosa ser levantada.
Aquela era minha hora.
Levanto meu corpo, e vejo os olhos de todos seus amigos ficarem arregalados. Havia um sorriso malicioso nos lábios de , que segurava um copo com uma bebida que eu não saberia identificar.
deu um sorriso largo, caminhando em minha direção em meio a tropeços nos próprios pés. Ele não estava sóbrio como deveria.
- O que achou? – indago e ele olha em meus olhos, e eu via um brilho inexplicável neles.
estende a mão, me ajudando a descer do bolo, o que fiz sem alguma dificuldade.
- Você está... Wow! – ele exclama, olhando todo meu corpo, e eu dou uma risada fraca.
Suas mãos param em minha cintura, apertando a mesma com força, me fazendo gemer baixinho.
Como eu sentia falta daquilo.
Acaricio seu rosto com uma das mãos e, antes que pudesse me aproximar ainda mais, a porta da área VIP se abre.
- Eu me atrasei, eu sei, mas foi a Susan... – fala e eu sinto vontade de me esconder, mas não seria preciso. Ele me encara, parecia perplexo, e ficou calado. – Wow, isso está bem mais apimentado do que eu queria.
dá um sorriso orgulhoso, e eu tiro minha mão do rosto de .
- Acho que não consigo ficar aqui. – fala, olhando dentro de meus olhos. – Parabéns, . E parabéns pra você também, .
E ele acena, virando-se para a porta, saindo logo em seguida.
Toda a coreografia que havia em minha cabeça sumiu, todas as palavras e ações que eu tinha fugiram, assim como o homem há poucos minutos.
- Onde nós estávamos? – indaga, segurando a minha nuca.
- ... – empurro suas mãos, e ele solta um suspiro. – Eu não...
- Você não o quê? – ele indaga, rindo em seguida. – Não era o que você queria?
E eu olho em seus olhos. Tinha um sorriso largo nos lábios, mas ele não era um dos mais bonitos.
- Eu não quero mais isso. – falo, afastando-me.
- Mas eu quero. – ele fala, autoritário, e eu sinto um arrepio percorrer meu corpo.
Tiro meus saltos, jogando-os em qualquer canto daquele cômodo barulhento.
Saio da área VIP com velocidade, correndo pelas escadas e indo, pela multidão, para o lado de fora.
Suspirei aliviada quando vi o carro de parado um pouco mais a frente.
Corro até o mesmo, atraindo olhares curiosos. Eu poderia lidar com aquilo.
Bato no vidro do carona.
- Oi, ! – Susan exclama ao abrir o vidro, me fitando com um olhar curioso. – Está tudo bem?
- Ah, sim. – falo, sorrindo de lado. – O está?
E ele aparece ao seu lado. Estava sem a camisa, e eu sabia exatamente o que poderia acontecer ali, fazendo meu estômago ficar revirado.
Ele me fitou com a sobrancelha arqueada, me fazendo sentir vontade de chorar.
- Eu tenho uma roupa adequada para você, . – Susan fala mais uma vez, interrompendo nossa troca de olhares.
- Ah, eu iria pedir apenas uma carona, mas vejo que estão ocupados. – falo, vendo assentir e o sorriso da mulher ao seu lado corar. – Tenham uma boa noite.
- Teremos. – fala pela primeira vez, e eu dou um suspiro.
Voltei para a área VIP com lágrimas rolando por todo meu rosto, além de um sentimento que beirava ao desespero crescer dentro de mim.
Sentei no canto, encostada na parede. se divertia com as strippers que seus amigos chamaram, me fazendo bufar. Era pra eu estar ali.
O resto de minha noite foi enrolada num blazer que encontrei largado em uma das cadeiras. Desejava ir embora, mas a falta de celular me fazia ficar esperando por algum tempo, ou horas, para ser mais exata.
- Está pronta? – indaga, e eu olho em seu celular. Eram quase quatro da manhã. – Meu motorista está vindo.
Caminho com ele para o lado de fora daquela boate, que não parecia esvaziar em momento algum.
Demorou quase vinte minutos, mas logo a limusine estacionou em frente a boate, me fazendo agradecer mentalmente.
O caminho foi silencioso de minha parte. conversava com algumas pessoas pelo celular, mandando áudios gritando, provavelmente efeito da bebida que estava em seu organismo.
Logo avisto a fachada de minha casa e ele se vira pra mim.
- Obrigada pela carona. – falo e ele sorri de lado.
- Disponha. Aliás, é um grande babaca. – ele fala, me mandando uma piscadela. – Não faço ideia do que se passa na cabeça dele para dispensar você e ficar com aquela outra lá. Eu NUNCA faria isso.
E logo um sorriso malicioso brincava em seu rosto, me fazendo bufar, além de fechar a porta com força.
Caminho com pressa para dentro de casa, e, antes que eu pudesse fechar a porta, ouço o carro arrancando com pressa.
Subi as escadas cautelosamente. Meus pais sabiam que eu chegaria tarde, mas acorda-los não fazia parte de meus planos.
Se bem que todos os meus planos não deram certo essa noite.
Entro no quarto e me jogo em minha cama, chorando pouco tempo depois.
Tinha uma sensação esquisita em meu interior. Não sentia com ninguém, nem mesmo com , e olha que eu o amava. Será que eu verdadeiramente o amava?
Pego meu celular, esperando ter alguma mensagem ou telefonema, seja de ou . Nada. Notificações de curtidas no Instagram e uma mensagem da minha operadora, avisando que meu pacote de dados foi renovado.
E tudo que eu queria era que aquela tortura acabasse.
(...)
A cerimônia de casamento começaria às onze da manhã. Estava arrumada antes de nove e meia. Mamãe se arrumava com a ajuda de uma empregada, enquanto papai fazia algumas ligações.
- Posso pegar o carro? – indago assim que entro em seu escritório.
- Jeff pode te levar. Fale com ele. – ele falou e eu neguei. – O que houve?
- Quero ir sozinha. Preciso passar em um lugar antes. – falo e ele sorri, jogando a chave em seguida. – Obrigada.
E logo saio de casa com pressa, tomando cuidado para não cair ou sujar meu vestido.
Pego o carro na garagem. Dirijo pelas ruas, ouvindo uma música qualquer no rádio.
Depois de algum tempo, avisto a fachada da casa. Dou um suspiro longo, saindo do carro e trancando tudo, acionando o alarme.
Caminho pelo trajeto de pedras que dava direto para a varanda. Toco a campainha, desejando que abrissem a porta.
Quando a porta se abre, aparece em meu campo de visão. Ela usava seu hobby, junto de pantufas que pareciam confortáveis, até mais do que os saltos que eu usava.
- Acho que isso é o meu pedido de desculpas. – falo, esticando a roupinha de bebê em seguida. – Por tudo que eu fiz e que eu não fiz.
Ficamos nos encarando em silêncio, até que ela sorriu e me abraçou.
- Essa criança vai ser a mais mimada do mundo. – falo e ela gargalha, puxando-me para dentro. – E você ainda não se arrumou?
- Vejo que você vai mesmo no casamento. – ela fala, me fazendo concordar. – E eu não vejo algum sinal de vingança contra o .
- Não. – falo, dando de ombros em seguida. – Posso te contar o que aconteceu ontem?
- Só se você me ajudar a me arrumar. – ela fala e eu assenti, subindo as escadas rapidamente.
Enquanto eu arrumava seu cabelo e ela fazia sua maquiagem, contei todo o plano furado. gargalhava em algumas partes.
- Então você está a fim do ? – ela indaga enquanto eu enrolo uma mecha com o baby liss. – Como que o mundo dá voltas.
- E ele não sente nada. E ainda deve levar uma garota muito melhor que eu hoje. – falo e ela nega com a cabeça. – Ela é maravilhosa. Acho que ele superou.
- Você só vai saber se arriscando. – ela fala e eu dou de ombros.
Passamos mais algum tempo ali, conversando e arrumando seu cabelo. Ela havia finalizado sua maquiagem, e eu estava ajudando a separar uma roupa adequada para a ocasião.
Terminamos e, quando fui ver, já era quase 11 horas. Fomos para meu carro, e eu dirigi enquanto cantávamos Katy Perry, que tocava na rádio.
Logo chegamos ao Plaza Hotel onde seria a cerimônia e a festa. Muitos convidados ainda estavam entrando, numa fila, segurando presentes e bolsas, exibindo seus trajes caros e coloridos.
Dou a chave do carro para um manobrista, caminhando junto de para a fila, que não demorou muito para andar.
- Espero que aproveitem a cerimônia. – uma funcionária fala, sorrindo cordialmente. Retribuí o sorriso, entrando com minha melhor amiga.
Sentamos em uma das primeiras fileiras. Ao nosso lado, estava , que estava com o rapaz que havia conhecido no evento beneficente. estava de pé, já que ele era um dos padrinhos.
- Alguém viu o ? – indago após cumprimentar o mais velho dos .
- Não. – fala, dando de ombros. – Por que o interesse?
Neguei com a cabeça, sentando corretamente.
estava no altar. Estava lindo com o smoking e a gravata borboleta da cor amarela. Parecia nervoso, e distribuía sorrisos para quem quer que seja. Sra. estava ao seu lado, acenando para as pessoas que conhecia.
Ficamos sentados por mais alguns minutos, conversando e comentando sobre a decoração do local, que estava lindíssima.
Logo a marcha nupcial começa a tocar e todos se levantam, olhando para a porta.
apareceu sorridente como sempre. Parecia nervosa, mas sabia disfarçar mais do que o noivo. Segurava um buquê de margaridas amarelas e brancas, além de ter algumas dessas flores em seu cabelo.
Olho para , que parecia estar querendo chorar. Como eu o conhecia, sabia que ele não choraria na frente de todos.
A cerimônia correu rapidamente. Os noivos fizeram seus votos, trocaram alianças, arrancando lágrimas de todos ao redor, até mesmo minhas.
- Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva, rapaz. – o pastor fala, e logo eles se beijam, fazendo todos ao redor comemorarem.
Fui uma das últimas a caminhar para o outro salão onde seria a recepção. Desejava encontrar o mais depressa possível, mas era quase óbvio que ele não estava ali.
Assim que chego, vejo e juntos, na porta, cumprimentando convidados.
- ! – exclama e eu vou abraçá-la. – Você está linda!
- Não tanto quanto você, e olha que eu tentei. – falo e ela gargalha. – Você ficou ainda mais linda com esse vestido.
- Não é tão difícil. – fala, abraçando-a pela cintura.
- Eu espero do fundo do meu coração que vocês sejam muito felizes. – falo, abraçando os dois ao mesmo tempo. – E, por favor, vamos agilizar uma festa de casa nova.
- Claro! E obrigado! – fala, beijando minha testa em seguida. – Eu espero que perceba o que tem pela frente com você.
- Como assim? – indago e ele dá de ombros, me empurrando levemente.
Caminho para a mesa onde se encontrava. Ela conversava com , enquanto a encarava com um sorriso de canto.
Sento ao lado deles, conversando com eles em alguns momentos, enquanto olhava para o celular atrás de mensagens e ligações.
- O está vindo. – fala, chamando a minha atenção. – Ele teve de passar na revista.
- E o que eu tenho a ver com isso? – indago, sentindo alívio ao ouvir suas palavras.
- Você acha que engana alguém. – ele fala, se levantando em seguida. – Só espero que ele não perca a oportunidade.
E logo ele me manda uma piscadela, caminhando para longe.
- Olá, senhoras e senhores. – a cerimonialista fala ao microfone. – Quero avisar que teremos agora a primeira valsa do casal. Com vocês, Sr. e Sra. .
E todos aplaudem. O casal vai para o meio da pista de dança.
Can’t take my eyes off you começa a tocar nas caixas de som, e puxa a cintura de , dando o primeiro passo em seguida.
A maneira como ele a olhava era singular. Eu sabia que ele a amava muito, e também sabia que ele não seria capaz de me olhar de tal maneira.
- Eles são lindos. – ouço falar e eu sinto um arrepio percorrer meu corpo.
Viro meu corpo para trás, vendo o homem. Usava um terno azul marinho, com uma gravata vermelho sangue.
- Vejo que seu plano fracassou. – ele fala, rindo em seguida.
- Eu me rendi. – falo, olhando rapidamente para o casal. – Não seria capaz de ser amada daquela forma.
- Ah, mas você é. – ele diz, sorrindo em seguida. – Você sabe que é.
- Onde está Susan? – indago, olhando ao redor.
- Ela está estacionando o carro. – ele fala, me fazendo bufar. – Estou brincando. Ela está em casa. E está tudo bem conosco, mesmo não dando certo.
- Como assim? – indago e ele dá de ombros.
- Segundo ela, eu estou me apaixonando por outra pessoa. – ele fala, me fazendo sorrir de lado. – Acho que ela se enganou.
- Como assim? – indago mais uma vez, sentindo o coração quase saltar de meu peito.
- Eu continuo apaixonado pela mesma pessoa. – ele fala em meu ouvido, afastando-se em seguida.
Sua mão toca a minha com calma, entrelaçando nossos dedos. Ficamos por um longo tempo nos olhando. E tamanha era a intensidade do brilho neles. Sabia que eu estava da mesma maneira.
Logo começou a tocar Andante, Andante do ABBA, e eu sorri.
- Quer dançar comigo? – ele indaga, me fazendo assentir e caminhar para o meio da pista de dança com ele.
Durante a nossa dança, vejo levantar o polegar, me fazendo rir.
- Ei, acabou que nada saiu como você queria. – fala enquanto me gira, agarrando minha cintura segundos depois.
- Saiu ainda melhor. – falo, acariciando sua nuca.
Antes que pudéssemos acabar com a distância entre nós dois, me puxa para longe do homem, e logo a música muda, indo para uma mais animada.
E logo a pista estava lotada. As pessoas dançavam juntas, pulando ou cantando, felizes.
veio ficar comigo pouco tempo depois e, enquanto eu dançava outra música do ABBA (que jurei ser Super Trouper), ficamos girando juntos, logo caindo no chão.
- Você é sensacional, . – ele fala, acariciando meu rosto após algum tempo rindo e tentando recuperar o fôlego.
- Você também é, . – falo, e ele me beija.
Todas as sensações eram diferentes. Com , tudo era mais carnal. Era mais necessidade e desejo do que algum outro sentimento, e, com , era diferente. Eu tinha um sentimento ainda não muito conhecido, mas que eu sabia que estava tudo bem, afinal, eu e ele iríamos descobrir aquilo juntos.
indaga do outro lado da tela, enquanto eu segurava o pedaço de papel muito bonito de um convite para o casamento.
- Ele teve essa cara de pau. Olha esse convite, ! Ele nunca, NUNCA, gastaria esse dinheiro se fosse comigo! – exclamo, choramingando em seguida. – Depois de o quê? Quatro meses?
- Eles estão juntos há quase um ano, !
exclama e eu bufo de raiva, rolando os olhos logo depois.
era o grande amor de minha vida, e todos concordavam que deveríamos ficar juntos. Não apenas por sermos lindos juntos, mas por nosso status social. Ele é filho do vice-prefeito de Nova York e eu filha de um dos maiores advogados de toda a América! Era óbvio que deveríamos ficar juntos, casarmos e vivermos felizes para sempre.
Mas, aí, ele conheceu uma estudante de Fotografia numa viagem e eu logo fui descartada. Eles pareciam aqueles casais felizes de comerciais das margarinas que eu tanto fugia para manter a dieta. Tinha tantas fotos dela no Instagram dele que me dava uma pontada de inveja.
- Ela trabalha na MAC! A gente não tem o mesmo convívio social. Os pais dela não tem nome, nada! – exclamo, frustrada. – O que ele viu nela?
- Eu não sei. Você é bem melhor do que ela.
- Eu sei! – exclamo com o tom de voz mais agudo. – Eu só não sei o que fazer. Eu não quero que ele se case... com ela. Ele tem que perceber que EU sou mais gostosa, que eu sou a melhor, que ele sai ganhando comigo. Ficar comigo é como ganhar na loteria.
- Verdade .
E mais silêncio, enquanto eu lia a frase escolhida para o início do convite. Uma frase romântica, da qual eu não sabia que ele conhecia, junto de seus nomes.
“ e , junto de seus pais, querem convidar você para o casamento.”
Patético! Como que ele conseguiu fazer isso comigo?
- dará uma festa hoje. O confirmou que irá. Apareça! Mostre todas as suas armas e agarre seu homem de volta!
- Perfeito, ! Você pode me buscar? – indago, pensando exatamente em qual vestido usar para aquela ocasião em especial.
Ele iria babar e esquecer totalmente que tem uma noiva.
Encerramos a chamada e eu deixei o convite em cima da cama, indo para meu closet procurar por uma roupa adequada para a noite.
- Filhota! – ouço mamãe exclamar e eu a chamo para o closet, e logo ela aparece, com seus bobs nos cabelos e um roupão rosa choque que lhe dei no último aniversário.
- Eu preciso de ajuda com uma roupa. – falo e ela sorri. – Tenho uma festa na casa de , vai aparecer e eu não quero perder a oportunidade de poder agarra-lo.
- Assim que se fala! – mamãe exclama, batendo palmas. – Ele vai ser seu de novo, minha querida. Acredite.
Sorri já sabendo que aquilo era verdade. Eu sabia que ele não resistiria e acabaríamos em sua cobertura, bebendo seu melhor uísque escocês e nos amando em cada extremidade daquele apartamento. Como eu sentia falta de nossas noites de sexo.
As horas se passaram e eu me arrumava especialmente para aquela noite. Fiz uma maquiagem, coloquei o vestido que eu tinha total certeza de que ele iria babar, e passei meu melhor perfume.
- Você atrasou! – exclamo assim que entro no carro de , não me dando o trabalho de cumprimentar seu motorista. – Será que ele estará lá mesmo?
- me confirmou! – ela fala, sorrindo em seguida. – E você está linda!
- Eu sei. – falo, jogando meus cabelos por cima do ombro, sorrindo em seguida.
O restante do caminho eu repassei o plano para , não me esquecendo de nenhum detalhe.
O carro estacionou e logo descemos. cumprimentou seu motorista, alegando que ligaria assim que precisasse.
- Se depender de mim, você voltará sozinha para casa. – falo e ela ri, caminhando comigo pelo gramado da mansão de .
é um grande arquiteto da cidade, mas todo mundo sabia que usava o nome de seu pai, Desmond , para conseguir ser tão prestigiado.
Entramos e logo colocamos nossos casacos pendurados, caminhando para a sala de estar onde seria a tal festa, que parecia mais uma social.
- Vai me dar os parabéns? – indaga ao vir me abraçar.
- Pelo quê? – indago enquanto ele abraça .
- É meu aniversário! – ele exclama, esticando a sua taça de champanhe. – Ok, vem aqui!
E logo fui puxada pela mão pelo aniversariante, andando até outro canto da sala de estar gigante.
- Olha quem veio, ! – exclama e eu sinto meu corpo se acender na mesma hora. Era hora de colocar meu plano em prática.
Antes que eu possa fazer alguma coisa para iniciar meu plano, uma moça aparece, sendo abraçada pelo moreno, que beija seu pescoço e a puxa para mais perto de seu corpo.
O que aquela garota fazia aqui no meio dos meus amigos?
- Oi ! – exclama, sorrindo e acenando com a mão que estava com seus dedos entrelaçados. E, de longe, deu pra avistar o diamante gigante que havia em seu dedo anelar.
Aquele Tiffany’s era pra ser MEU!
- , essa é ! Querida, essa é a , ou . – fala, apontando para mim depois.
Querida? Querida! Ele obviamente iria dar um apelido carinhoso!
- Ah, você é a ? – a garota indaga, sorrindo e vindo em minha direção, me abraçando em seguida. – falou sobre você. Eu acompanho seu Instagram.
Dei um sorriso falso, encarando meu ex, que conversava sobre o jogo beneficente de golfe que a mãe dele organizava todo ano, para juntar mais dinheiro pra um orfanato que ela e o Sr. apadrinharam pouco antes de nós começarmos a namorar.
- Seria no sábado, mas é o casamento e eu não convidei nem 50% das pessoas do evento, aí eles resolveram colocar para essa sexta. – diz, fazendo um sorriso aparecer no rosto de sua noiva. – E vai ser o primeiro trabalho da !
- Ah, você faz o quê? – indago, atraindo os olhares para mim.
- Eu faço faculdade de Fotografia. Estou no último período. – ela fala, e vejo seu rosto ficar corado.
Ah, como é ingênua.
- Que interessante! Adorarei poder contratar seus serviços para um futuro evento. – falo e mando uma piscadela, fazendo a garota arregalar os olhos.
- Wow! Eu estou mesmo falando com ? – ela indaga, me fazendo rir forçadamente.
- Você precisa ver as fotos dela, ! – fala, sorrindo em seguida. Ele pegou duas taças de champanhe com um garçom que passava por nós, entregando outra para mim.
- E você, ? – indago e ela nega, fazendo careta. – O gosto começa a ficar melhor depois de algum tempo.
- É que eu não estou acostumada. – ela fala. – Eu irei procurar por algum suco, ok?
- Ah, eu vou com você! – falo, entregando a minha bolsa na mão de .
E logo caminhamos para a cozinha, enquanto eu cumprimentava algumas pessoas e esperava pacientemente.
- Você conhece muita gente, não é? – ela indaga assim que entramos na cozinha, que estava abarrotada de funcionários. Eles logo nos encaram, esperando saber o motivo de nossa aparição no cômodo. – Ah, eu quero um suco.
- Dois, por favor. O meu é de laranja, e o seu? – indago e ela concorda. – Então são dois de laranja.
- Já, já irei levar pra vocês. – um dos garçons fala, sorrindo simpático.
o agradece, e logo caminhamos para a sala. Encontro , que vem correndo em nossa direção.
- , essa é , minha amiga desde a infância. , essa é , noiva do . – falo e vejo os olhos de minha melhor amiga se arregalarem.
- É um prazer conhecê-la! – exclama, abraçando minha amiga. – Acho que está me procurando...
- Deixe ele! Vamos ficar juntas! Eu quero saber de tudo! – exclamo, puxando a mão dela e caminhando até a varanda, onde tinha lugares para nos sentarmos. – Como aconteceu tudo?
E logo começou a falar sobre a viagem de para as Bahamas, onde ela estava com a tia rica que ela tem. Eles conversaram uma noite inteira, e logo perceberam que eram feitos um para o outro.
- Ele me pediu em namoro e, depois de três meses, em casamento. – ela fala, e ouço suspirar. – E ele me deu esse anel que está na família há gerações. O pai dele diz que dá muita sorte.
- Que lindo! – exclama, e eu percebo que ela não estava sendo falsa. Aquilo me deu vontade de vomitar!
- Obrigada! – agradece, sorrindo em seguida. – Eu preciso mesmo encontrar .
- Eu posso procurar por ele e falar que você está aqui fora o esperando. – falo e ela dá de ombros.
Caminho para dentro de casa como um furacão. Procuro por em todos os lugares, mas ele realmente havia desaparecido.
- Cadê ? – pergunto a , que conversava animado com , editor chefe de uma revista de economia.
- Ele foi ao banheiro, eu acho. Cadê ? Você a matou? – indaga, me fazendo bufar.
- Você é sempre um imbecil. – falo, dando as costas para eles, caminhando até o banheiro social que ficava no primeiro andar, abrindo a porta de qualquer maneira.
E lá estava ele. Usava a blusa social acima dos cotovelos, junto de uma calça alfaiataria preta e sapatos da mesma cor, que reluziam a luz do cômodo de tão polidos que estavam.
- Acho que não estou bêbado o suficiente para dizer que isso é uma miragem. – ele fala, sorrindo em seguida. – E o banheiro está ocupado.
- Não vim para isso. – falo, caminhando até a pia, examinando minha maquiagem, ajeitando meu vestido em meu corpo. – Você gosta desse vestido? Acha ele bonito?
- Ele é lindo, . – ele fala, evitando me olhar.
- Você se lembra, não? – indago, fazendo força pra me sentar na bancada da pia, encarando-o. – Nosso último ano novo, em Hamptons. Fizemos sexo na cozinha, e você dizia que aquele vestido era lindo demais para ser colocado pra fora de mim.
- Wow, foi mesmo! – ele exclama, rindo em seguida. – Eu sabia que ele era familiar.
- Podemos repetir, se quiser. – falo, passando minha mão pelos ombros, indo de encontro ao seu tronco, sentindo seu abdômen definido, me fazendo sorrir. – Como nos velhos tempos.
- Os velhos tempos não existem mais, . E você sabe disso. – ele fala, me fazendo bufar.
- Aposto que ela não faz metade do que eu faço. – falo, descendo da bancada. – Ela deve ser tão, tão chatinha.
E ele fica em silêncio, e eu logo percebo o que aconteceu, e me permito gargalhar.
- Ela ainda não fez? – indago, sorrindo em seguida. – Oh, uma puritana! Não sabia que gostava desse tipo.
- , não vai dar certo. – ele fala, me fazendo arquear a sobrancelha. – O que tivemos foi bom? Foi demais! Mas eu amo . E o que você está fazendo não irá mudar nada.
- Você vai perceber que eu sou a única na sua vida. – falo, beijando sua bochecha. – Aliás, sua noiva te procura.
E logo saio do banheiro, dando de cara com , que me fitou e sorriu de lado.
- Pela sua cara, a diversão nem começou. – ele fala, me fazendo rolar os olhos.
- Não começa! – exclamo, empurrando-o e caminhando para a sala de jantar, onde fazia um discurso. Encontro conversando com , e eu vou até elas.
- O que aconteceu? Perdeu o parabéns! – exclama.
- Tive que procurar outro banheiro. O do andar de baixo estava ocupado. – falo, dando de ombros.
logo aparece, beijando a bochecha de .
- Podemos ir? Amanhã tenho que ir cedo para a Kleinfeld. – fala e o moreno assente, segurando em sua mão.
- Você vai pra Kleinfeld? – indago, demonstrando interesse repentino naquilo. – Você acha que fica ruim eu e irmos? É que minha amiga vai casar também!
- Eu vou? – ela indaga.
- Acabei de entregar a surpresa de ! – exclamo, arrancando uma risada de . – Então, podemos?
- Ah, podem. Irei pela manhã, dez horas. É a prova final. – ela fala, me fazendo sorrir com falsidade.
- Tirem uma foto, por favor. – fala, atraindo meu olhar.
- Não mesmo, docinho. Você vai esperar até sábado! – ela fala, sorrindo. – Bom, precisamos mesmo ir. Até amanhã!
- Irei te buscar amanhã. Me passe o endereço pelo Instagram. – falo e ela arregala os olhos, concordando logo depois.
Logo eles caminham para fora da casa, e eu suspiro, observando sumir do meu campo de visão. Ele e sua noiva.
Aquelas palavras eram difíceis de digerir. Eu que deveria ser a noiva. Eu que deveria estar amanhã vestindo um vestido de noiva na Kleinfeld. Eu que deveria estar indo embora com ele agora.
Caminhei até o bar particular de , pedindo um coquetel forte.
- Pelo que eu vejo, seu plano não deu certo. – ouço falar e eu bufo, virando-me para ele.
- Do que está falando? – indago e ele sorri, mostrando a fileira perfeita de dentes que tinha, resultado de anos com aparelhos dentários que custavam o olho da cara.
- Eu estou falando do seu plano furado de conseguir algo com o . – ele fala, pedindo dose dupla de uísque, sem gelo. – Ele está mesmo apaixonado pela garota.
- Isso é besteira. – falo, gesticulando com as mãos. – Eles não podem ficar juntos. Eles são...
- De mundos diferentes? – ele indaga, me interrompendo. – São. E ninguém se importa. O amor é melhor que uma classe social.
- Desculpe cortar seu barato, mas a classe importa. – falo, pegando minha bebida.
- Não, não importa. Se fosse assim, eu não teria me apaixonado por você durante toda a adolescência.
E aquilo me fez ficar engasgada, cuspindo parte da minha bebida, sujando o balcão.
- O quê? – indago com os olhos arregalados.
- Eu sou de uma classe um pouco mais inferior que a sua, e eu me apaixonei por você. – ele fala, colocando uma das mãos no bolso da calça jeans que usava, enquanto a outra segurava o copo de uísque.
- E por que me fala isso agora? – indago e ele dá de ombros.
- Eu teria alguma chance? – ele indaga, me fazendo negar com a cabeça. – Então você já sabe a resposta.
- Mas éramos muito próximos. Você é um grande amigo de . – falo.
- E importava? Não! Eu só queria que você ficasse bem. – ele fala, sorrindo de lado em seguida. – Agora, me dê licença, preciso conversar com homens que entendam de economia.
E eu ri, pela primeira vez na noite, verdadeiramente. Ele acenou com a cabeça, caminhando para longe de mim.
- Podemos ir. – falo assim que se aproxima.
- Irei chamar o motorista. – ela fala, pegando seu celular.
Agora que me toquei que meu telefone havia sumido, assim como minha bolsa.
- Você viu minha bolsa? – indago, vendo minha melhor amiga negar e caminhar em direção oposta a minha, falando no telefone.
Corri meus olhos por toda a casa. Muitas pessoas haviam se dispersado no final do parabéns, afinal, ainda era quarta-feira, e muitas ainda trabalhavam no dia seguinte.
Encontro conversando com dois homens bem mais velhos que ele. Ele sorria, demonstrando que estava extremamente interessado naquela conversa. Deveria ser sobre números e bolsa de valores.
- ? – indago assim que me aproximo dele, e logo ele me olha. – Eu preciso de uma ajuda.
- O que aconteceu? – ele indaga, afastando-se dos homens, que continuaram conversando entre si. – Alguém está passando mal?
- Não! – exclamo, começando a rir pouco depois. – É que eu não sei onde deixei minha bolsa.
- Ela estava com , não estava? – ele indaga, e eu estalo os dedos, lembrando que havia deixado com ele antes de sair junto de . – Eu vou ligar para ele. Espera uns minutinhos.
- Obrigada. – sussurro, e ele me fita, sorrindo em seguida, antes de pegar o aparelho eletrônico no bolso da blusa que usava, digitando algo.
- , cara, eu preciso de um favor seu. – ele começa, e logo ri. – Oi, . Eu não sabia que estava no apartamento dele.
Aquela parte fez meu estômago se revirar.
- É que eu queria saber, tem uma procurando que nem louca pela bolsa, e ela disse que estava com seu adorável namorado. – ele fala, e logo gargalha. – Ok, eu vou falar com ela. Obrigado e desculpa. Tenham uma boa noite!
E logo ele encerra a chamada, guardando o aparelho em seguida.
- disse que levará para você amanhã. – ele diz, me fazendo suspirar aliviada. – E então, vocês irão se encontrar?
- É... – eu falei e logo ele notou, arqueando uma das sobrancelhas.
- Você vai contar a ela que está tramando acabar com o casamento dela, pois o noivo dela é seu amado ex? – ele indaga, me fazendo rolar os olhos. – , por favor, desiste...
- Não, . Agora, cala a boca. Agradeço sua ajuda, mas agora eu não quero saber de mais nada. – falo, virando e caminhando em direção contrária, encontrando parada na porta, conversando animadamente com .
Se eu não soubesse de seu namoro com , diria que eles estão verdadeiramente apaixonados um pelo outro.
- Tchau ! – exclamo, apertando a mão dele. – Até mais.
Enquanto o motorista dirigia em silêncio e digitava algo em seu celular, eu ficava pensando no que faríamos amanhã.
- Que horas iremos buscar a amanhã? – indaga.
- Ah, tem que ser antes das dez. – falo e ela assente, bloqueando o celular. – Esse plano precisa dar certo!
E logo ficamos em silêncio, e isso ficou até o fim da viagem, quando o motorista estacionou em frente a minha casa.
- Até amanhã. – falo e beijo a bochecha de , que retribui. Saio do carro, andando em passos rápidos pelo gramado úmido.
Abro a porta com a chave reserva que ficava abaixo do vaso de planta na entrada.
Assim que entro na sala, encontro meus pais assistindo TV. Não passava da meia noite, e eles assistiam o noticiário local, que mostrava a temperatura do decorrer da semana para a cidade.
- Como que foi lá? – papai indaga assim que me sento ao seu lado.
- Foi bom. – falo, suspirando em seguida. Retiro meus saltos, massageando meu tendão, gemendo de dor. Aquilo doía muito. – Eu preciso tomar um bom banho de banheira.
- Os empregados estão dormindo. – mamãe fala e eu bufo. – Irei preparar para você, querida.
E logo ela se levanta, caminhando para o andar superior, sumindo do meu campo de visão instantes depois.
- Eu fiquei sabendo que recebeu convite do casamento do . – papai comenta, diminuindo o volume da televisão.
- Eu conheci a noiva hoje. Simpática e alegre demais. – falo, fazendo uma careta, e logo papai ri. – Ele não merecia estar comigo?
- Vai ver ele não é o escolhido. – ele fala, dando dois tapinhas em meu ombro. – O seu escolhido pode ser um homem que você nunca sonharia em ter.
- Você só pode estar brincando. – falo, atraindo seu olhar.
- Querida, você acha que eu conheci sua mãe como? Eu amava outra mulher, era obcecado, e sua mãe era amiga dela. Nos aproximamos no chá de bebê e, desde aquele dia, nunca mais nos separamos! – ele exclama, sorrindo em seguida. – O que estou dizendo é que ele não é o SEU escolhido, mas o de outra pessoa. E você vai perceber em algum momento.
Bufo, levantando e pegando minhas sandálias no chão, subindo as escadas com pressa.
- Mamãe, podemos conversar? – indago assim que entro no banheiro. Ela estava sentada na beirada da banheira, colocando um óleo que eu desconhecia. – É urgente. Eu preciso de ajuda para fazer desistir de se casar com aquela... mercenária.
Encontro parada na calçada, junto de sua mãe e uma outra moça, que eu poderia jurar ser sua irmã. Elas eram bem parecidas.
- Bom dia, meninas! – exclamo assim que desço do carro.
- ! Essa é minha mãe, Lynda, e minha irmã, Maya. – fala após me cumprimentar com um abraço e um beijo no rosto. – Essa daqui é .
- Você é ainda mais linda pessoalmente do que pelas revistas! – Lynda fala e eu sorrio forçadamente, abraçando a mais velha.
- Isso é bom de ouvir, sinal de que o Photoshop não faz efeito. – falo e todas elas riem. – Bom, entrem! A limusine estava na oficina, e precisamos sair com esse.
- Você tem uma limusine? – Maya indaga enquanto entra no carro.
- Claro! E nós não usamos muito. É mais para irmos pra um evento de gala, já que não podemos amassar nossas roupas. – falo, entrando no carro e esperando o motorista fechar a porta pra mim. – Logo, logo fará parte desses eventos também.
- Não vejo a hora. – ela fala, e eu sinto vontade de vomitar. – Cadê ?
- Ela estava se sentindo mal. Deve ter bebido um bocado na festa ontem e acordou indisposta. – falo e ela sorri de lado. – Bom, estão prontas?
E logo todas concordam, e o motorista arranca com o carro dali, dirigindo rapidamente pelas ruas nova-iorquinas até a Kleinfeld.
Quando chegamos, eu sinto que meu coração iria sair pela boca. Tantos vestidos lindíssimos.
- Oi, eu sou a . – fala, e eu me disperso de meus devaneios. – Vim para a prova final do meu vestido.
- Claro! – a atendente fala, sorrindo em seguida. – Quem veio com você?
- Minha mãe, Lynda, minha irmã Maya e minha amiga . – ela fala e eu sorrio de lado.
Já havia subido meu patamar em menos de 24 horas.
- Olá, meninas! Venham comigo. – a atendente fala e logo caminhamos para a parte de dentro da loja, onde ficavam os provadores. – Aceitam algo para beber? Temos suco, café.
- Eu aceito um café, sem açúcar, apenas três gotinhas de adoçante. – falo, e a vendedora concorda. A mãe e irmã de fazem seus pedidos, e logo a vendedora sai de perto. – Está ansiosa?
- Um pouco. – ela fala, apertando as próprias mãos.
Depois de alguns minutos de algumas conversas aleatórias, a vendedora aparece com nossos pedidos, colocando-os na mesa ao lado de Maya.
- Pronta para vestir aquele vestido? – a atendente indaga e assente, entrando no provador em seguida, logo depois a vendedora e a mesma fecha a cortina.
- Eu fico feliz que ela tenha conseguido isso. – Lynda fala, e eu a fitei. – Nossa família não tem um histórico de casamentos perfeitos, e nem amor verdadeiro. Sempre nos casamos por necessidade. ama de verdade, e eu sei que é recíproco.
Aquilo fez meu estômago embrulhar. Eu quem devia estar ali, no lugar de . Era eu quem diria sim para no sábado.
- irá fazê-la feliz. – falo, acariciando a mão da mais velha. Não havia falsidade, nem mesmo estava sendo forçada.
Depois de alguns minutos, abre as cortinas.
Ela parecia uma princesa, e aquilo me dava ânsia de vômito. O vestido era rodado, enorme, e eu poderia apostar que era um Vera Wang ou Carolina Herrera.
- Deixa eu adivinhar, é um Vera Wang? – indago enquanto a atendente pegava o véu pendurado a poucos metros dali.
- Como você sabe? – indaga. – Eu não fazia ideia de qual era antes de chegar aqui.
- Eu trabalho com isso desde sempre. – falo, arrancando uma risada dela. – Você não adapta um Vera Wang, você se adapta para ele.
- Esse vestido é lindíssimo! – Maya exclama. – Você está linda!
- Obrigada. – fala, examinando-se no espelho. – Acho que está tudo perfeito.
Logo as cortinas se fecham novamente, e mais alguns minutos, apareceu com a roupa que usava quando a busquei algum tempo atrás.
- vai ficar todo bobo vendo você. – falo assim que caminhamos para o caixa.
- É o que eu espero. – ela fala, sorrindo em seguida.
A mãe de pagou o restante das prestações do vestido, e logo saímos da loja com ele numa caixa.
- Ah, ele pode levar vocês. Irei ficar por aqui. – falo assim que elas entram no carro. – Cuide bem delas, Jeff!
E o motorista que beirava os setenta anos assente, e eu fecho a porta. Ele dirige, e eu vejo o carro sumir de meu campo de visão ao virar numa esquina.
Caminho pela calçada olhando os grandes edifícios que ficavam por ali. Espelhados, refletiam o céu azul com poucas nuvens, típicos de uma primavera.
Caminho pelas lojas, atraindo olhares curiosos das pessoas por saberem quem eu sou.
Paro num restaurante, sentando no canto perto da janela.
- Se tivéssemos marcado, não daria certo... – ouço o sotaque irlandês e forte de , me fazendo bufar. – O que faz aqui? Se perdeu? Fugiu de casa?
- Isso te importa? – indago, olhando-o pela primeira vez.
Ele usava um terno totalmente azul marinho com gravata em azul mais claro, que combinavam com seus olhos.
- Uma boa combinação de roupas. – falo e ele sorri.
- É bom ser elogiado por uma modelo prestigiada como você. – ele fala, e eu sinto ironia em sua voz, me fazendo rolar os olhos. – Mas você não me disse o porquê de estar aqui.
- Você vai parar se eu não te responder? – indago e ele negou rapidamente. – Eu vim até a Kleinfeld.
- Quem aceitou casar com você? – ele indaga, me fazendo bufar. – Estou brincando. Mas é sério, tem alguém que vai se casar?
- Reforça sua memória. Vai saber de quem se trata. – falo e ele faz uma careta, ficando assim por algum segundos, até que arregalou os olhos.
- Você veio com a ? Tipo, sério? – ele indaga, sentando-se na cadeira na minha frente. – E o que você fez? Rasgou todo o vestido dela? Já sei! Foi que nem na cena de “Carrie, a estranha”, clássico!
- Ah, claro que não. E não é uma má ideia. – falo e ele rola os olhos. – Irei fazer com você.
- Eu não duvido de sua capacidade. – ele fala, me fazendo bater em seu braço. – Já que estamos aqui, o que acha de almoçarmos?
- O quê? E querer ser vista com editor chefe da revista de economia? Nem pensar! – falo e ele gargalha. Era uma gargalhada boa. – Estou brincando. Irei realizar seu maior sonho.
- É! Você quem sonha com isso. – ele fala e eu sorrio. – Fica mais bonita sorrindo, .
E aquilo fez meu rosto ficar levemente corado, mas eu logo escondi com um dos cardápios que estavam sobre a mesa.
Decidimos pela nossa comida e chamou pelo garçom, que prontamente nos atendeu. Acho que era por estar ali.
- Irá ao casamento de ? – indaga assim que o garçom sai de perto da nossa mesa.
- Iria como noiva, agora irei como convidada. – falo e ele gargalha.
- Como as coisas mudam rapidamente. – ele fala, me fazendo rolar os olhos.
Alguns segundos em silêncio e a comida chegou.
- Eles deveriam ter os pratos prontos para nós. – fala enquanto coloca o guardanapo em cima de sua blusa social.
- Influência minha, pode ter certeza. – falo, colocando o pedaço de pano nas pernas.
- Admito que eles não se importariam nem um pouco em saber que eu sou editor chefe de uma revista sobre economia. – ele fala e eu gargalho.
- Obviamente. – falo, olhando em seus olhos rapidamente.
Almoçamos em meio a provocações e risadas, muitas delas de minha parte. era engraçado e nós nunca deixávamos de ter assunto, o que era esquisito, levando em consideração que nós trocávamos poucas palavras até a noite anterior.
- Eu preciso arrumar um jeito de ir embora. – falo assim que volta à mesa, após ter ido ao caixa pagar nosso almoço.
- Eu poderia te levar, mas estarei ocupado demais no trabalho. – ele fala, me fazendo sorrir. – Não, não pensa nisso!
- Já pensei. Eu posso ficar com você? – indago e ele nega repetidas vezes com a cabeça. – Eu prometo que ficarei quietinha.
- Por Deus, ! Eu não posso fazer isso. Acabará com toda a minha reputação. – ele fala, e eu prefiro guardar a piadinha que tinha para aquela frase. – E sim, eu tenho uma reputação.
- O que eu disse? – indago retoricamente. – Você não tem escolha.
- Eu joguei pedra na cruz! – ele exclama, pegando seu celular de minha mão.
- Estará realizando seu sonho! – exclamo enquanto caminho junto dele até o lado de fora do estabelecimento.
- Não, não estará. Se fosse de adolescente sim. – ele fala e eu rolo os olhos. – Podemos ir logo?
Eu comemorei, correndo junto dele para dentro de seu carro, uma Range Rover preta que parecia ter acabado de sair da fábrica. Sentei no banco do carona, colocando o cinto em seguida.
- Mas é possível que você vai ficar quieta mesmo? – ele indaga enquanto dirige, e eu ligo o rádio do carro.
- Claro que fico, ! – exclamo e ele bufa.
Dirigiu por mais alguns minutos, até chegar na entrada da editora. Um prédio gigantesco e tomado por vidros.
Saímos do carro e ele cumprimenta o porteiro, entregando a chave para o manobrista.
Entramos e ele foi falar com a recepcionista, que abriu um sorriso gigantesco quando ele se aproximou. Mais uma que deveria estar caidinha por ele.
- A recepcionista está tão na sua! – falo enquanto coloco o crachá.
- Do que está falando? – ele indaga, apertando o botão do elevador.
- O óbvio. Ela está totalmente a fim de você. Você não percebeu? – indago e ele negou com a cabeça. – Você não conhece mesmo as mulheres.
- Desculpe senhorita “tive um relacionamento de anos com um homem que vai se casar com outra em dois dias”. – ele fala, me fazendo rolar os olhos. – Meus relacionamentos são entre eu e as palavras que coloco mensalmente nas revistas.
- Você não está falando sério! – exclamo e ele assente. – Você é bonito, . Como que não pode ter um relacionamento?
- Quer dizer que me acha bonito? – ele indaga, mexendo as sobrancelhas para cima e para baixo.
- Mais ou menos. Mas não foge do assunto. – falo, fazendo o homem ao meu lado bufar.
- Eu não estou fugindo do assunto. – ele fala, e as portas de metal se abrem.
- Então saia com ela mais tarde. Um jantar! – exclamo, caminhando com ele pelos corredores da revista, atraindo olhares curiosos. – Eu posso reservar.
- Não, ! – ele exclama. – Ela não faz o meu tipo...
- Você nem a conhece! Vai ver ela é muito legal e...
- E eu não tenho interesse algum em chamá-la para jantar. – ele diz, abrindo a porta e esperando que eu entre primeiro.
- Que tal ir num bar? Hoje terá jogo de basquete. Ela pode gostar de basquete... – falo e ele bufa, fechando a porta.
- ...
- , é só UMA noite. Não vai pedi-la em casamento no dia seguinte nem nada. – falo.
- E trabalhamos no mesmo local. Eu a cumprimento todos os dias. Não será nada fácil se não der certo. – ele diz, sentando-se em sua enorme cadeira de couro negro, como se estivesse no “Poderoso Chefão”.
Bufei e me sentei no sofá do canto, contando quantos quadradinhos havia na parede ao meu lado. Aquilo iria me entreter por algumas horas.
Enquanto eu ficava ali, rodando a sala, em uma hora fez diversas coisas, algumas que eu nem sabia que ele conseguiria fazer.
- Qual restaurante você acha que é o certo para levar uma mulher num encontro casual? – ele indaga, quebrando o silêncio de horas, pouco depois de um jornalista sair pela porta de seu escritório.
- Não sei. Podemos pesquisar. – falo, sorrindo e caminhando até a sua cadeira, sentando na mesma. Ele se sentou na mesa de vidro, intercalando seu olhar entre eu e seu notebook. – Aqui. O Le Bernardin deve ser bom. Cinco estrelas, frutos do mar, fabuloso. Tipo de lugar que ela adoraria ir.
- E se ela for alérgica a frutos do mar? – ele indaga, arqueando uma das sobrancelhas.
- Isso você descobre na hora. Agora, me dá seu telefone. – falo e ele me fita com desdém. – Eu preciso fazer a reserva!
Ele bufa e pega o telefone fixo, me entregando. Digito o número que estava no site deles, apertando o botão verde e me levantando.
Antes de caminhar, tiro meus saltos, massageando suavemente meus calcanhares.
- Alô? – indago.
- Le Bernardin, em que posso ajudar?
- Eu gostaria de saber se tem como fazer uma reserva para hoje. – falo, mordendo meu polegar.
- Desculpe, só fazemos reserva com dias ou semanas de antecedência.
- É que, me perdoe, meu amigo irá levar uma garota especial para sair, e ele queria levá-la aí para um jantar especial. Ele adora esse restaurante! Foi aí que seus pais se conheceram. – falo, arrancando uma risada de , me fazendo sorrir.
- Com quem falo?
- , modelo e futura atriz, se a vida me der essa oportunidade! – falo, e ouço um silêncio profundo do outro lado da linha. – Aconteceu algo?
- Acabamos de saber que houve uma desistência e, com toda certeza, conseguiremos encaixar o seu amigo.
Aquilo estava no viva-voz, e gargalhou alto o suficiente para poderem ouvir do outro lado, o que me obrigou a fazer sinal, pedindo silêncio.
- É uma reserva para dois. o nome dele. – falo, e a mulher do outro lado da linha murmura o nome, o que eu considerei que estivesse anotando em algum lugar.
- Tudo certo! Obrigada por escolher o Le Bernardin. Tenha um bom dia!
- Obrigada! – exclamo, encerrando a chamada em seguida. – Você tem um encontro.
- Seu nome é usado como influência, seria óbvio que eles não negariam. – ele fala, me fazendo bufar.
- É difícil carregar um sobrenome de tamanho peso! – exclamo, jogando meus cabelos por cima dos ombros. – E você precisa de uma roupa para isso.
- Eu primeiro preciso fazer o convite. – ele fala, coçando a nuca.
- E o que está esperando? – indago, empurrando-o até a porta.
- Eu preciso te levar para casa. – ele fala, me fazendo bufar.
- Ok, mas primeiro você precisa fazer o convite. – falo e suspira profundamente, assentindo. – Você vai embora agora. Iremos para baixo, você fará o convite e me levará embora.
- Eu sou seu motorista particular? – ele indaga, virando-se repentinamente, fazendo com que nossos corpos ficassem muito próximos um do outro.
- Sim. Agora, vamos. – falo, afastando-me dele e puxando sua mão, saindo de seu escritório e, em seguida, caminhando para o elevador.
Do décimo até o térreo, fomos em silêncio. Cada vez que piscava, a imagem de nós dois tão próximos um do outro me atormentava, e aparecia em minha mente.
Ele era cheiroso. Poderia perguntar que perfume era aquele, para um dia comprar e usá-lo. É, eu irei usar perfume masculino.
As portas se abrem e eu saio primeiro, tirando meu crachá. fez o mesmo, pegando-o de minha mão e caminhando até a recepção.
Fiquei de longe observando-o. Ele parecia nervoso, e ria a cada segundo enquanto ela falava.
- E aí? – indago quando ele se aproxima.
- Eu não consigo. – ele fala, olhando para a moça rapidamente. – Isso é demais pra mim.
- , vamos lá agora! – exclamo, puxando sua mão e indo em direção a recepcionista, que falava no telefone.
Assim que paramos em sua frente, ela sorri, encerrando a ligação e nos encarando, intercalando seu olhar entre meu rosto e o de , que poderia estar vermelho igual a um tomate.
- Oi, meu amigo aqui quer saber se você gostaria de jantar com ele. – falo, e aperta minha mão, me fazendo suspirar, contendo o gemido de dor.
- Adoraria. – ela fala, sorrindo abertamente, olhando para o homem atrás de mim.
- Pode ser hoje? – ele indaga e eu sorrio.
- Claro. – ela fala.
- Me passe seu endereço. – ele fala, entregando um cartão onde tinha seu número. – Até mais tarde.
E logo eu aceno, caminhando com ele para fora do prédio. Na porta, virei minha cabeça para fitar a mulher, que comemorava com uma dancinha tosca e um sorriso grande no rosto.
Alguém estava verdadeiramente feliz naquilo tudo.
Fomos o caminho até minha casa trocando poucas palavras. parecia nervoso e aquilo me fez sorrir, além de sentir algo esquisito em meu corpo. Provavelmente é da sobremesa do almoço.
- Não esqueça de levar flores. – falo assim que ele estaciona na porta de minha casa. – E nem se esqueça de puxar a cadeira para que ela se sente.
- Ok, entendido! – ele fala, fazendo uma reverência, o que me fez rir. – Mais tarde eu te conto sobre o encontro.
- Espero que seja bom. – falo e ele assente, e eu saio do carro. – Obrigada pela carona.
- Dividiremos a gasolina no fim do mês. – ele fala e eu rolei os olhos, caminhando pelo gramado até a varanda de minha casa.
Assim que entro, vejo mamãe conversando com Sra. .
- Oi, minha querida! – mamãe exclama, acenando com uma das mãos. – Meghan perguntava por você. Onde se meteu?
- Fui dar uma volta. – falo, cumprimentando a mãe de . – Como vai, Sra. ?
- Eu já pedi para me chamar apenas de Meghan, docinho. E eu vou bem, e você? – ela indaga, segurando minha mão em seguida.
- Estou bem. – falo, sorrindo de lado. – Irei tomar um banho e dormir.
- Quer algo para comer? – mamãe indaga quando chego ao primeiro degrau da escada.
- Não. Eu já almocei. Obrigada. – falo, sorrindo em seguida.
- Jeff deixou sua bolsa e eu a coloquei em seu quarto. – mamãe fala e eu agradeço, subindo as escadas rapidamente.
Entro em meu quarto e vejo meu telefone lotado de mensagens e ligações. Haviam notificações do meu Instagram e Facebook, que mostrava que eu havia sido marcada em novas fotos.
Curto todas, além de algumas que meus amigos postaram.
Abro meu WhatsApp, vendo mensagens de que ela havia me mandado na noite anterior, além de mamãe e .
Mensagens de em meu Instagram, junto de uma foto que tiramos juntas em algum momento da festa. Na legenda, havia apenas um coração rosa, algo que me fez sorrir.
Procuro pelo número de em minha lista, vendo o nome dele pouco tempo depois.
[]: Agora tenho meu telefone de volta!
Envio, tirando o esmalte nude da minha unha no dedo anelar. Poucos segundos depois, meu telefone apita, duas vezes.
[]: Por sorte eu não estou dirigindo, se não iria bater o carro.
[]: me mandou mensagem? O mundo pode acabar agora.
[]: Não mesmo, engraçadinho. Você ainda tem seu encontro.
E logo paramos de enviar mensagens, e eu presumi que ele estivesse se arrumando para a grande noite.
Tiro minha roupa, entrando no chuveiro gelado. O calor era grande, e banho gelado me acalmava, mesmo que fosse só na teoria.
Meus pensamentos voaram de para em questão de segundos. Da forma como o meu ex me olhou na noite anterior, que era totalmente diferente da forma como me olhou hoje, pouco tempo atrás.
Aquilo estava me deixando louca.
Assim que saio do banho, disco o número que eu já conheço desde sempre.
- Você pode vir aqui?
é assumidamente gay, e todos o adoram. , e sempre o protegia quando saíamos, todos juntos.
- não é de se jogar fora, ainda mais depois do tempo que ele passou em Milão. Voltou ainda mais irresistível. – ele fala, me fazendo encará-lo. – Ele é um dos solteiros mais cobiçados do mundo!
- Eu sei, eu sei, mas eu não quero nada com ele. – falo, fazendo uma careta. – Eu quero o .
- Acho que você merece coisa melhor. é gostoso? Demais! Mas você merece alguém que tenha um interesse por você. E eu vejo isso no irlandês sensual. – ele fala, me dando uma colherada de sorvete de morango na boca. – Vocês passaram a tarde juntos, certo? Não sentiu nadinha? Não aconteceu nada?
- Quase aconteceu. A gente se esbarrou e ficamos muito perto. – falo, e eu abaixo a cabeça. – Mas eu não te chamei para falar sobre isso, e sim para me ajudar com a despedida de solteiro do .
- Eu tenho um plano ótimo. – ele fala, e logo pega meu notebook, digitando algo que eu não soube, pois estava na direção oposta. – Tenho certeza de que irá pirar quando ver isso!
Assim que acordei, haviam mensagens de . Ele dizia que o encontro foi perfeito e ela iria hoje para o jogo beneficente.
Eu estava feliz?! Estava muito!
abre a porta. Ainda usava um pijama de flores azuis e amarelas, me fazendo bufar e rolar os olhos.
- Precisamos ir. – falo e ela fecha a porta. – Estamos atrasadas, .
- Eu não vou. – ela fala, e eu olho em seu rosto.
Ele estava vermelho, inchado. Parecia ter chorado por horas.
- O que houve? – indago e ela desaba, sentando-se no sofá e chorando, me fazendo bufar. – Iremos nos atrasar, .
- Eu estou grávida. – ela fala, me fazendo arregalar os olhos. – E o pai é o , não o .
Aquilo foi bombástico. Se fosse em Gossip Girl, provavelmente se tornaria assunto do blog por semanas. Por sorte, Upper East Side não tinha aquilo na vida real.
é um famoso jogador de futebol. Britânico, foi convocado para a seleção diversas vezes, inclusive no último mundial, na Rússia, onde virou artilheiro com tantos gols que eu mal poderia contar.
Ele e mal se viam. Ela morava por aqui, e ele na Inglaterra. Se viam poucas vezes durante o ano, e conversavam por ligações, sejam de vídeo ou áudio. Eram feitos um para o outro, pois carregavam um berço de ouro em seu nome.
é romântico, e adorava fazer uma surpresa de vez em quando para ela, algo que completamente adorava.
é mulherengo. Não tinha a menor intenção de construir um futuro com alguém, adorava a vida boêmia que levava e não se apegava. Era um eterno adolescente no corpo de um homem de quase trinta anos.
Para ele, casos como o de só ocorria uma vez na vida. Odiava repetir figurinhas em seu álbum, apenas quando fosse necessário, para seu bem carnal. Era um completo idiota, pode-se dizer.
- Você não vai falar nada? – ela indaga, me encarando por segundos. Longos segundos.
- Você sabe que estamos atrasadas? Eu preciso...
- É somente você que precisa. Nunca se preocupou com o que eu precisava. – ela fala, se levantando em seguida. – Você me trata como uma escrava sua, acha que todos têm que se curvar diante de você, uma rainha. Aprende a crescer, , você não tem mais dezesseis anos. Não será mais coroada rainha do baile.
- Do que está falando? – indago, elevando meu tom de voz.
- Do fato de você nunca se importar com as pessoas. Você não se importa com o , não se importa comigo, não se importa com a , nem mesmo com . Você se importa somente com você, e em como sua vida tem que ser perfeita. – ela vocifera, e eu apoio meu corpo na parede. – Você nunca agradeceu, você nunca elogia alguém, você sempre trata as pessoas como se elas fossem obrigadas a servi-la. O mundo não gira ao seu redor, ! Você não é o astro rei de NY. Você é apenas mais uma. E eu me arrependo profundamente de te chamar de minha melhor amiga.
Aquilo doía como uma facada. Ela afundava, mais e mais. Queimava.
Eu controlei minhas lágrimas, levantando meu rosto e, em passos rápidos, me aproximei de .
- Tchau. – falo, caminhando para fora de sua casa.
Assim que entro na limusine, suspiro pesadamente. O olhar atento de Jeff me fez lembrar de que eu não poderia chorar. Não naquele momento.
- Vai logo. – falo e ele assente, dando a partida no carro e saindo dali rapidamente.
Levou alguns minutos para chegarmos onde seria o evento. Muitos paparazzo na porta, esperando por fotos de celebridades que iriam aparecer no local para prestigiar a família .
Desço do carro e caminho por um tapete verde florido feito especialmente para a ocasião. Aceno e tiro algumas fotos, forjando um sorriso e demonstrando que tudo estava bem.
Assim que entro no evento, cumprimento papai e seus amigos. Todos estavam preparados para jogar golfe, vestindo roupas apropriadas.
- Pensei que não fosse aparecer! – mamãe exclama assim que me sento ao seu lado, pouco me importando com suas amizades. Elas não eram tão importantes assim. – Essas são minhas amigas, você se lembra?
Assenti, dando um sorriso falso para todas, que retribuíram.
Avisto conversar com . A mesma usava um vestido amarelo mostarda que ia até os joelhos, junto de sapatilhas que pareciam confortáveis para poder tirar fotos e ser apresentada como futura nora de Sr. e Sra. .
- Olá ! – exclama assim que me aproximo. – disse que você foi com ela na prova do vestido.
- Sim! Está tudo pronto para amanhã? – indago e ela sorri, concordando com a cabeça. – Não vejo a hora!
- Muito menos eu. – diz. – Agora, se me derem licença, preciso tirar mais algumas fotos, além de cumprimentar alguns convidados.
Ela logo se afasta, caminhando com aquele sorriso tosco no rosto. Como que alguém conseguia ficar alegre por tanto tempo?
- Olá ! – exclama. – Onde está ?
- Não me interessa. – falo e ele arregala os olhos.
- Ok, confusão no país das maravilhas. – ele fala, virando seu copo de uísque. Como que ele só vivia daquilo?
- Isso não te interessa. – falo, bufando em seguida. Ele logo percebe e se afasta, me fazendo procurar por um rosto conhecido, ouvindo falar sobre um homem que estava a poucos metros dali, também o encarando.
Encontro conversando com alguns homens. Pareciam ser amigos de longa data, levando em consideração que falavam em voz alta e riam mais ainda.
Ele usava uma roupa apropriada para um evento despojado. Parecia ter sido escolhido por , já que combinava perfeitamente com o vestido que ela usava.
- Tudo bem? – indaga e eu retorno minha atenção a ele. – Irei me aproximar.
- Vai lá. – falo, sorrindo em seguida.
Pego uma taça de champanhe que uma garçonete distribuía. Eu não poderia aguentar aquele evento estando sem um pouco de álcool no organismo.
Avisto na porta . Ele estava radiante, usando uma bermuda jeans e uma camisa polo vermelha. Sorri, e logo ele diz algo para a mulher ao seu lado. A recepcionista, que usava um vestido florido que havia comprado em lojas de departamento.
Bufei, indo pegar um canapé na mesa.
- Olá ! – exclama e eu sinto meu corpo se arrepiar. Eu adorava como ele falava meu apelido. Soava totalmente sexy em seu tom de voz tão grave. – Vejo que veio desacompanhada.
- Você poderia me fazer companhia. – falo, e ele ri, colocando algumas torradas com patê de frutos do mar em um prato.
- Infelizmente recusarei seu convite. Tenho que jogar golfe e, se eu não for, meus pais ficarão furiosos. – ele fala, colocando salgadinhos fritos no seu prato.
- Esqueço que você é um adolescente sustentado pelos pais. – falo e ele me fita, sorrindo em seguida. – O que houve?
- Você. Apenas isso. – e logo ele caminha para longe, me deixando com uma interrogação no meio do rosto.
O que eu tinha, afinal?
- Então é aqui que você se esconde. – ouço e eu sinto meu corpo esquentar.
- De você? Sim. – falo, me virando para ele. – Oi, não fomos apresentadas, mas eu sou...
- . Todo mundo te conhece. – ela fala, sorrindo em seguida. – Eu sou Susan. Foi você quem fez o pedido ontem, não foi?
- Sim, e parece que deu certo! – exclamo, intercalando meu olhar sobre os dois.
concorda com a cabeça, colocando sua mão sobre o ombro da mulher, que aparentava ter menos de 1,60 de altura.
- Você veio com alguém? – indaga, rodando o olhar pela festa.
- Não. Eu vou apenas ficar com a minha mãe. – falo e ele assente. – Foi um prazer te conhecer, Susan.
- Igualmente, ! – ela exclama, exibindo um sorriso largo.
Caminhei para longe deles, sentando na mesa de mamãe e ficando por ali alguns minutos.
De longe, avisto . O mesmo estava abraçado a , falando alguma coisa que a fazia rir, e ele sorria verdadeiramente. Suas mãos estavam em sua cintura, e ela estava virada para ele, beijando sua bochecha e toda a extensão de sua barba.
Do outro lado, perto da mesa de canapés, estava . O mesmo tinha uma das mãos na cintura de Susan, enquanto conversava com alguns acionistas da empresa do pai. Susan estava com a mão em seu ombro, participando avidamente da conversa.
- Eu quero ir embora. – falo, me levantando em seguida.
Caminho em passos rápidos até o banheiro, tentando esconder minha enorme frustração em chorar. Eu não poderia chorar.
- Hey, hey, hey! O que houve? – indaga assim que me vê e eu desvio dele, correndo para o banheiro.
Me tranco em uma das cabines disponíveis, tampando o vaso e me sentando ali, encolhendo minhas pernas, a ponto de não conseguirem ver do outro lado.
O que estava acontecendo? Em poucos dias, tudo que eu tinha acabou, e tudo que eu poderia ter nunca aconteceu.
- Isso aqui é o banheiro feminino, senhor. – ouço uma mulher falar e eu limpo uma lágrima com o papel higiênico.
- , onde você está? – indaga, e eu suspiro profundamente. – O que aconteceu? me contou que você veio correndo para o banheiro.
- Eu perdi tudo que eu tinha, . – falo, abrindo a porta da cabine em seguida. – O homem que eu amava, a minha melhor amiga. Tudo em pouco tempo.
- Você vai jogar a toalha? – ele indaga, sentando-se no chão, pouco se importando com o estado de limpeza. – Você vai desistir? Você desiste, ?
Ele limpa minhas lágrimas, segurando minhas mãos em seguida.
- Agora iremos sair daqui com a cabeça erguida, você irá enfrentar seus fantasmas do Natal e iremos mostrar que você é totalmente superior ao que está sentindo. – ele fala e eu sorrio, levantando do vaso e caminhando até a pia.
Lavo meu rosto, tirando toda a maquiagem. Pego um batom que havia em minha bolsa, passando o mesmo em meus lábios.
- Maravilhosa! – ele exclama, me puxando pelo braço até o lado de fora.
A primeira pessoa que avistei foi Susan. Ela se levantou da cadeira onde estava, vindo em minha direção em seguida.
- Você está bem? – ela indaga e eu sinto dor ao concordar. – Eu preciso de companhia. foi jogar e eu acabei ficando sozinha. Não sei como são as pessoas daqui.
- Não tão simpáticas. – falo, sorrindo de lado. – Todos se importam muito mais com dinheiro do que com o outro, pode ter certeza.
Ela gargalha, e caminha comigo para mais perto de onde seria a partida.
foi o primeiro a jogar. Uma tacada falha, que jogou sua bola mais longe do que o esperado – e apropriado. Algumas pessoas riram, fazendo comentários. Outras, algumas mulheres, admiravam como suas pernas ficavam naquela bermuda.
Papai foi o segundo. Acertou com tranquilidade, fazendo com que mamãe comemorasse.
Sr. deixou a bola um pouco perto demais do buraco, fazendo papai falar algo em tom de provocação. Não pude escutar, mas sabia que era.
Enquanto jogava, observo . A mesma roía o cabo da câmera fotográfica que estava em seu pescoço, e comemorou quando ele acertou.
Alguns acionistas jogaram, fazendo ser o último.
Parecia nervoso. Examinava cautelosamente, possivelmente fazendo cálculos para não poder errar.
Ele acertou, fazendo com que Susan suspirasse aliviada.
A partida perdurou por horas. foi o grande vencedor, e ficou em segundo. Em último, no placar, estava , que havia sido um desastre durante todas as outras partidas.
- Nós, britânicos, jogamos futebol. – ele fala enquanto passa por mim.
- Você não sabe admitir que é apenas ruim? – indaga, arrancando uma risada minha e de Susan.
- Deixe ele, Lou. Ele não sabe como viver com o ego ferido. – falo e logo caminho para longe do homem, que logo foi rodeado por mulheres, que tinham um interesse absurdo em golfe e em ajudá-lo a superar a perda.
- Meus parabéns! – exclamo assim que se aproxima. – Você foi melhor do que eu estava acostumada.
- Eu sou bom em tudo. – ele fala.
- Não sabe o quanto. – falo e ele sorri.
Logo se aproxima, quebrando nossa troca de olhares. Ela o beija, e ele rodeia sua cintura.
- Você foi ótimo! – ela exclama, acariciando o rosto do homem.
- Você é meu amuleto da sorte. – ele fala, beijando-a mais uma vez.
Fiquei assistindo aquela cena e mais algumas do casal, saindo pouco depois.
- Não vai me dar os parabéns? – indaga, parando em minha frente.
E lá estava eu, olhando mais uma vez em seus olhos azuis.
- Parabéns! – falo, sorrindo em seguida.
- Aconteceu alguma coisa? te fez algo? – ele indaga, e eu nego com a cabeça. – E o que houve?
- Eu preciso ir. – falo e ele me olha preocupado. – Não é o que está pensando.
- E no que eu estou pensando? – ele indaga, dando de ombros em seguida. – Faz o que você quiser, .
E aquela foi a segunda facada do meu dia. abraçou Susan, caminhando com ela para uma mesa onde estavam seus pais.
Eu não entendia o porquê de me importar tanto com aquilo. Ele é . A única pessoa que tem o meu total interesse é .
Logo começou a tocar Don’t Cha, de Pussycat Dolls, e vejo o topo do bolo cor de rosa ser levantada.
Aquela era minha hora.
Levanto meu corpo, e vejo os olhos de todos seus amigos ficarem arregalados. Havia um sorriso malicioso nos lábios de , que segurava um copo com uma bebida que eu não saberia identificar.
deu um sorriso largo, caminhando em minha direção em meio a tropeços nos próprios pés. Ele não estava sóbrio como deveria.
- O que achou? – indago e ele olha em meus olhos, e eu via um brilho inexplicável neles.
estende a mão, me ajudando a descer do bolo, o que fiz sem alguma dificuldade.
- Você está... Wow! – ele exclama, olhando todo meu corpo, e eu dou uma risada fraca.
Suas mãos param em minha cintura, apertando a mesma com força, me fazendo gemer baixinho.
Como eu sentia falta daquilo.
Acaricio seu rosto com uma das mãos e, antes que pudesse me aproximar ainda mais, a porta da área VIP se abre.
- Eu me atrasei, eu sei, mas foi a Susan... – fala e eu sinto vontade de me esconder, mas não seria preciso. Ele me encara, parecia perplexo, e ficou calado. – Wow, isso está bem mais apimentado do que eu queria.
dá um sorriso orgulhoso, e eu tiro minha mão do rosto de .
- Acho que não consigo ficar aqui. – fala, olhando dentro de meus olhos. – Parabéns, . E parabéns pra você também, .
E ele acena, virando-se para a porta, saindo logo em seguida.
Toda a coreografia que havia em minha cabeça sumiu, todas as palavras e ações que eu tinha fugiram, assim como o homem há poucos minutos.
- Onde nós estávamos? – indaga, segurando a minha nuca.
- ... – empurro suas mãos, e ele solta um suspiro. – Eu não...
- Você não o quê? – ele indaga, rindo em seguida. – Não era o que você queria?
E eu olho em seus olhos. Tinha um sorriso largo nos lábios, mas ele não era um dos mais bonitos.
- Eu não quero mais isso. – falo, afastando-me.
- Mas eu quero. – ele fala, autoritário, e eu sinto um arrepio percorrer meu corpo.
Tiro meus saltos, jogando-os em qualquer canto daquele cômodo barulhento.
Saio da área VIP com velocidade, correndo pelas escadas e indo, pela multidão, para o lado de fora.
Suspirei aliviada quando vi o carro de parado um pouco mais a frente.
Corro até o mesmo, atraindo olhares curiosos. Eu poderia lidar com aquilo.
Bato no vidro do carona.
- Oi, ! – Susan exclama ao abrir o vidro, me fitando com um olhar curioso. – Está tudo bem?
- Ah, sim. – falo, sorrindo de lado. – O está?
E ele aparece ao seu lado. Estava sem a camisa, e eu sabia exatamente o que poderia acontecer ali, fazendo meu estômago ficar revirado.
Ele me fitou com a sobrancelha arqueada, me fazendo sentir vontade de chorar.
- Eu tenho uma roupa adequada para você, . – Susan fala mais uma vez, interrompendo nossa troca de olhares.
- Ah, eu iria pedir apenas uma carona, mas vejo que estão ocupados. – falo, vendo assentir e o sorriso da mulher ao seu lado corar. – Tenham uma boa noite.
- Teremos. – fala pela primeira vez, e eu dou um suspiro.
Voltei para a área VIP com lágrimas rolando por todo meu rosto, além de um sentimento que beirava ao desespero crescer dentro de mim.
Sentei no canto, encostada na parede. se divertia com as strippers que seus amigos chamaram, me fazendo bufar. Era pra eu estar ali.
O resto de minha noite foi enrolada num blazer que encontrei largado em uma das cadeiras. Desejava ir embora, mas a falta de celular me fazia ficar esperando por algum tempo, ou horas, para ser mais exata.
- Está pronta? – indaga, e eu olho em seu celular. Eram quase quatro da manhã. – Meu motorista está vindo.
Caminho com ele para o lado de fora daquela boate, que não parecia esvaziar em momento algum.
Demorou quase vinte minutos, mas logo a limusine estacionou em frente a boate, me fazendo agradecer mentalmente.
O caminho foi silencioso de minha parte. conversava com algumas pessoas pelo celular, mandando áudios gritando, provavelmente efeito da bebida que estava em seu organismo.
Logo avisto a fachada de minha casa e ele se vira pra mim.
- Obrigada pela carona. – falo e ele sorri de lado.
- Disponha. Aliás, é um grande babaca. – ele fala, me mandando uma piscadela. – Não faço ideia do que se passa na cabeça dele para dispensar você e ficar com aquela outra lá. Eu NUNCA faria isso.
E logo um sorriso malicioso brincava em seu rosto, me fazendo bufar, além de fechar a porta com força.
Caminho com pressa para dentro de casa, e, antes que eu pudesse fechar a porta, ouço o carro arrancando com pressa.
Subi as escadas cautelosamente. Meus pais sabiam que eu chegaria tarde, mas acorda-los não fazia parte de meus planos.
Se bem que todos os meus planos não deram certo essa noite.
Entro no quarto e me jogo em minha cama, chorando pouco tempo depois.
Tinha uma sensação esquisita em meu interior. Não sentia com ninguém, nem mesmo com , e olha que eu o amava. Será que eu verdadeiramente o amava?
Pego meu celular, esperando ter alguma mensagem ou telefonema, seja de ou . Nada. Notificações de curtidas no Instagram e uma mensagem da minha operadora, avisando que meu pacote de dados foi renovado.
E tudo que eu queria era que aquela tortura acabasse.
- Posso pegar o carro? – indago assim que entro em seu escritório.
- Jeff pode te levar. Fale com ele. – ele falou e eu neguei. – O que houve?
- Quero ir sozinha. Preciso passar em um lugar antes. – falo e ele sorri, jogando a chave em seguida. – Obrigada.
E logo saio de casa com pressa, tomando cuidado para não cair ou sujar meu vestido.
Pego o carro na garagem. Dirijo pelas ruas, ouvindo uma música qualquer no rádio.
Depois de algum tempo, avisto a fachada da casa. Dou um suspiro longo, saindo do carro e trancando tudo, acionando o alarme.
Caminho pelo trajeto de pedras que dava direto para a varanda. Toco a campainha, desejando que abrissem a porta.
Quando a porta se abre, aparece em meu campo de visão. Ela usava seu hobby, junto de pantufas que pareciam confortáveis, até mais do que os saltos que eu usava.
- Acho que isso é o meu pedido de desculpas. – falo, esticando a roupinha de bebê em seguida. – Por tudo que eu fiz e que eu não fiz.
Ficamos nos encarando em silêncio, até que ela sorriu e me abraçou.
- Essa criança vai ser a mais mimada do mundo. – falo e ela gargalha, puxando-me para dentro. – E você ainda não se arrumou?
- Vejo que você vai mesmo no casamento. – ela fala, me fazendo concordar. – E eu não vejo algum sinal de vingança contra o .
- Não. – falo, dando de ombros em seguida. – Posso te contar o que aconteceu ontem?
- Só se você me ajudar a me arrumar. – ela fala e eu assenti, subindo as escadas rapidamente.
Enquanto eu arrumava seu cabelo e ela fazia sua maquiagem, contei todo o plano furado. gargalhava em algumas partes.
- Então você está a fim do ? – ela indaga enquanto eu enrolo uma mecha com o baby liss. – Como que o mundo dá voltas.
- E ele não sente nada. E ainda deve levar uma garota muito melhor que eu hoje. – falo e ela nega com a cabeça. – Ela é maravilhosa. Acho que ele superou.
- Você só vai saber se arriscando. – ela fala e eu dou de ombros.
Passamos mais algum tempo ali, conversando e arrumando seu cabelo. Ela havia finalizado sua maquiagem, e eu estava ajudando a separar uma roupa adequada para a ocasião.
Terminamos e, quando fui ver, já era quase 11 horas. Fomos para meu carro, e eu dirigi enquanto cantávamos Katy Perry, que tocava na rádio.
Logo chegamos ao Plaza Hotel onde seria a cerimônia e a festa. Muitos convidados ainda estavam entrando, numa fila, segurando presentes e bolsas, exibindo seus trajes caros e coloridos.
Dou a chave do carro para um manobrista, caminhando junto de para a fila, que não demorou muito para andar.
- Espero que aproveitem a cerimônia. – uma funcionária fala, sorrindo cordialmente. Retribuí o sorriso, entrando com minha melhor amiga.
Sentamos em uma das primeiras fileiras. Ao nosso lado, estava , que estava com o rapaz que havia conhecido no evento beneficente. estava de pé, já que ele era um dos padrinhos.
- Alguém viu o ? – indago após cumprimentar o mais velho dos .
- Não. – fala, dando de ombros. – Por que o interesse?
Neguei com a cabeça, sentando corretamente.
estava no altar. Estava lindo com o smoking e a gravata borboleta da cor amarela. Parecia nervoso, e distribuía sorrisos para quem quer que seja. Sra. estava ao seu lado, acenando para as pessoas que conhecia.
Ficamos sentados por mais alguns minutos, conversando e comentando sobre a decoração do local, que estava lindíssima.
Logo a marcha nupcial começa a tocar e todos se levantam, olhando para a porta.
apareceu sorridente como sempre. Parecia nervosa, mas sabia disfarçar mais do que o noivo. Segurava um buquê de margaridas amarelas e brancas, além de ter algumas dessas flores em seu cabelo.
Olho para , que parecia estar querendo chorar. Como eu o conhecia, sabia que ele não choraria na frente de todos.
A cerimônia correu rapidamente. Os noivos fizeram seus votos, trocaram alianças, arrancando lágrimas de todos ao redor, até mesmo minhas.
- Eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva, rapaz. – o pastor fala, e logo eles se beijam, fazendo todos ao redor comemorarem.
Fui uma das últimas a caminhar para o outro salão onde seria a recepção. Desejava encontrar o mais depressa possível, mas era quase óbvio que ele não estava ali.
Assim que chego, vejo e juntos, na porta, cumprimentando convidados.
- ! – exclama e eu vou abraçá-la. – Você está linda!
- Não tanto quanto você, e olha que eu tentei. – falo e ela gargalha. – Você ficou ainda mais linda com esse vestido.
- Não é tão difícil. – fala, abraçando-a pela cintura.
- Eu espero do fundo do meu coração que vocês sejam muito felizes. – falo, abraçando os dois ao mesmo tempo. – E, por favor, vamos agilizar uma festa de casa nova.
- Claro! E obrigado! – fala, beijando minha testa em seguida. – Eu espero que perceba o que tem pela frente com você.
- Como assim? – indago e ele dá de ombros, me empurrando levemente.
Caminho para a mesa onde se encontrava. Ela conversava com , enquanto a encarava com um sorriso de canto.
Sento ao lado deles, conversando com eles em alguns momentos, enquanto olhava para o celular atrás de mensagens e ligações.
- O está vindo. – fala, chamando a minha atenção. – Ele teve de passar na revista.
- E o que eu tenho a ver com isso? – indago, sentindo alívio ao ouvir suas palavras.
- Você acha que engana alguém. – ele fala, se levantando em seguida. – Só espero que ele não perca a oportunidade.
E logo ele me manda uma piscadela, caminhando para longe.
- Olá, senhoras e senhores. – a cerimonialista fala ao microfone. – Quero avisar que teremos agora a primeira valsa do casal. Com vocês, Sr. e Sra. .
E todos aplaudem. O casal vai para o meio da pista de dança.
Can’t take my eyes off you começa a tocar nas caixas de som, e puxa a cintura de , dando o primeiro passo em seguida.
A maneira como ele a olhava era singular. Eu sabia que ele a amava muito, e também sabia que ele não seria capaz de me olhar de tal maneira.
- Eles são lindos. – ouço falar e eu sinto um arrepio percorrer meu corpo.
Viro meu corpo para trás, vendo o homem. Usava um terno azul marinho, com uma gravata vermelho sangue.
- Vejo que seu plano fracassou. – ele fala, rindo em seguida.
- Eu me rendi. – falo, olhando rapidamente para o casal. – Não seria capaz de ser amada daquela forma.
- Ah, mas você é. – ele diz, sorrindo em seguida. – Você sabe que é.
- Onde está Susan? – indago, olhando ao redor.
- Ela está estacionando o carro. – ele fala, me fazendo bufar. – Estou brincando. Ela está em casa. E está tudo bem conosco, mesmo não dando certo.
- Como assim? – indago e ele dá de ombros.
- Segundo ela, eu estou me apaixonando por outra pessoa. – ele fala, me fazendo sorrir de lado. – Acho que ela se enganou.
- Como assim? – indago mais uma vez, sentindo o coração quase saltar de meu peito.
- Eu continuo apaixonado pela mesma pessoa. – ele fala em meu ouvido, afastando-se em seguida.
Sua mão toca a minha com calma, entrelaçando nossos dedos. Ficamos por um longo tempo nos olhando. E tamanha era a intensidade do brilho neles. Sabia que eu estava da mesma maneira.
Logo começou a tocar Andante, Andante do ABBA, e eu sorri.
- Quer dançar comigo? – ele indaga, me fazendo assentir e caminhar para o meio da pista de dança com ele.
Durante a nossa dança, vejo levantar o polegar, me fazendo rir.
- Ei, acabou que nada saiu como você queria. – fala enquanto me gira, agarrando minha cintura segundos depois.
- Saiu ainda melhor. – falo, acariciando sua nuca.
Antes que pudéssemos acabar com a distância entre nós dois, me puxa para longe do homem, e logo a música muda, indo para uma mais animada.
E logo a pista estava lotada. As pessoas dançavam juntas, pulando ou cantando, felizes.
veio ficar comigo pouco tempo depois e, enquanto eu dançava outra música do ABBA (que jurei ser Super Trouper), ficamos girando juntos, logo caindo no chão.
- Você é sensacional, . – ele fala, acariciando meu rosto após algum tempo rindo e tentando recuperar o fôlego.
- Você também é, . – falo, e ele me beija.
Todas as sensações eram diferentes. Com , tudo era mais carnal. Era mais necessidade e desejo do que algum outro sentimento, e, com , era diferente. Eu tinha um sentimento ainda não muito conhecido, mas que eu sabia que estava tudo bem, afinal, eu e ele iríamos descobrir aquilo juntos.