01. If I Were a Boy

Última atualização: 31/05/2018

Capítulo Único


- Não tem mais condições de continuar assim, . – dizia sentindo lágrimas começarem a rolar por seu rosto, nem se deu o trabalho de escondê-las. – Por que você é assim? Por que a gente não pode ter um relacionamento normal? Você tem me culpar por tudo o que acontece, por tudo o que você faz. Afinal, o que eu sou pra você?
- Não entraremos nessa discussão outra vez, . Eu sou homem, você precisa entender que tenho vontades, desejos, interesses e nem sempre você é capaz de atender.
- Então pra que inferno a gente vive essa droga de relacionamento? – A tristeza foi substituída pela raiva. – SE EU FOSSE O HOMEM DA RELAÇÃO NÃO SERIA ASSIM! NÃO TERIA TRAÍDO VOCÊ! NÃO TERIA TIDO ESSA POSTURA RIDÍCULA QUE VOCÊ TEM. PRA MIM JÁ CHEGA.
deu as costas a e seguiu em direção ao quarto do casal. Abriu o grande armário em tons de branco e jacarandá e puxou duas malas grandes de dentro do mesmo. Jogou as malas sobre a cama e começou a arremessar suas roupas ali dentro. Gritava de nervoso, chorava, amassava as roupas. Depois que esvaziou seu lado do guarda-roupa foi andando em direção ao namorado, ou ex, ela já não sabia.
- Eu vou embora. Não venha atrás de mim. Não me ligue. Não me procure. Nem sequer pense em mim.
- Você acha mesmo que eu vou deixar você sair daqui tão fácil assim? – a segurou pelo braço e começou a apertar. Seus olhos tinham tanta raiva quanto os dela.
- Você não tem mais querer algum sobre mim. – Ela disse enquanto se soltava e puxou as malas em direção a porta. – Adeus. – Disse batendo a porta com força.
Assim que saiu do apartamento, pediu um táxi e deu o endereço de seu antigo apartamento onde ela não havia mexido um centímetro depois de decidir morar com . Eles estavam vivendo juntos há mais ou menos 2 anos e as brigas eram constantes e piores a cada dia.
Assim que chegou em casa, levou as malas para o quarto e decidiu telefonar para sua melhor amiga em busca de um consolo.
- Rayssa, por favor, vem até minha casa. Minha antiga casa. – disse assim que atendeu o telefone.
- Que voz de choro é essa? Foi o outra vez? Chego em 10 minutos. - Rayssa respondeu imediatamente.
- Anda logo. Por favor. – Dito isso, a ligação foi encerrada.
Enquanto esperava por sua amiga, a garota decidiu ir desarrumando a mala com as roupas arremessadas. Seu apartamento estava um tanto empoeirado pelo tempo que ela estava ausente, mas limparia tudo e deixaria do seu jeito novamente. Não demorou muito para que a campainha tocasse e a garota gritou que a porta estava aberta. Ouviu passos em sua direção e se levantou para ir em direção aos braços da amiga.
- Rayssa, ainda bem que você chegou, eu precisav... – Não conseguiu concluir sua frase ao olhar pra trás e se deparar com aquele demônio em carne e osso com um sorriso malicioso nos lábios. – O que faz aqui?
- Vim te buscar. Você vai voltar pra casa comigo agora . Isso não é um convite. – começou a puxar a garota pelo braço em direção a porta, mas teve o caminho bloqueado por Rayssa que estava estagnada com os braços cruzados.
- Solta a agora, . Eu não quero ter que falar uma segunda vez.
- Quem você pensa que é pra falar comigo nesse tom, garota? Sai logo da frente que eu e a vamos pra casa.
- Ela não vai a lugar nenhum com você. Eu já disse, solte-a ou chamarei a polícia.
- Deixarei ela aqui por hoje, mas eu voltarei. – Ele virou-se para . – Deu sorte dessa vez.
passou apressado pela porta do apartamento e desmoronou no chão chorando em meio ao desespero e a raiva. Rayssa correu em direção a amiga e a abraçou fazendo carinho em seus cabelos tentando transmitir alguma calma, se é que era possível.
- Me conta o que aconteceu. Desde o início. – Rayssa disse levando a amiga para o quarto ambas sentando na grande cama de casal já desarrumada.

***

Depois de explicar detalhadamente para Rayssa o que houve, já tinha controlado o choro e estava bem mais calma.
- Se eu fosse um garoto, seria diferente. Eu não teria feito o que ele fez comigo. Eu saberia como tratar uma garota, como amar, como cuidar.
- Se eu fosse um garoto eu seria do tipo que paquerava as garotas e iria sair com quem eu quisesse. – Rayssa disse arrancando um sorriso da amiga.
- Eu queria ser um garoto pra não receber tantos julgamentos. Quantas vezes o me traiu, mentiu, tentou me agredir e não foi repreendido nunca por nada. Ser homem é fácil demais. – se lamentava ainda inconformada.
- Nem tudo é como a gente quer, olha só nós duas. Pessoas totalmente diferentes e ainda assim melhores amigas. Até nossas vontades de ser homem são diferentes, eu seria daqueles que desligaria o telefone pra ninguém saber por onde estou e você seria o romântico atento as mensagens e ligações da amada. – não conteve sua risada alta devido ao comentário da amiga.
- Eu sei como dói. Não quero que ninguém passe o que passei.
- Esqueça o e olhe pra frente. Esse é meu melhor conselho.

Dias depois...

estava andando distraída na rua voltando do supermercado com algumas sacolas na mão quando esbarrou em uma pessoa.
- Ah meu Deus! Eu sint... – Ela rolou os olhos. – Você? Então não sinto muito. Não sinto nada. – Pegou as sacolas e continuou andando.
- , por favor! – Ouviu a voz de a chamando, tinha um tom baixo e transmitia calma, nada a ver com ele.
- , quero deixar algumas coisas claras pra você: é tarde demais pra você voltar querendo consertar tudo; nem pense em dizer que você errou e que está arrependido, eu não acredito; não pense que vou te perdoar; se você ao menos pensou que eu não seguiria minha vida dessa vez, pensou errado; um dia você pensará em ser um homem melhor, talvez seja tarde, talvez não; você nunca me escutou, nunca se importou em como tudo o que fez doía e me afetava. Esse foi o seu maior erro, pensar só em você. – Terminado o discurso, virou-se e foi andando em direção a sua casa.
Estava apreensiva. E se surgisse do nada em seu apartamento outra vez? E se ele a perseguisse na rua mesmo? Virou-se de costas por um instante e ele estava andando na direção oposta. Talvez estivesse arrependido, mas era tarde demais. Demorou muito tempo para que assimilasse que nunca fora culpada de tudo o que houve em seu relacionamento, mas ela conseguiu entender. Como ela sempre dizia “Ah se eu fosse o homem dessa relação...”.




Fim!



Nota da autora: Alô alô gente bonita. Mais uma short entregue com sucesso. Espero que gostem! XOXO, Iana.





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