Capítulo Único
— Você pode, por favor, confirmar se o saco de areia do sono extra foi entregue? Os elfos não estão conseguindo lidar com Rudolph, então vou ter que ajudá-los a preparar o trenó. A Tiana já confirmou nossa rota, então podemos confirmar o carregamento, partir em dez minutos e conseguir otimizar o nosso tempo....
— Calma. — levantou o dedo no ar, fazendo a garota parar no meio da frase. — Você pode, por favor, falar mais devagar? Eu me perdi no saco de areia.
— Bem, essa era a parte que você precisava ouvir. — revirou os olhos. — Verifique a areia do sono enquanto eu ajudo os elfos com Rudolph e me encontre no trenó em dez minutos! — a garota não esperou a resposta antes de rodopiar em suas botas e partir em direção ao estábulo das renas para colocar Rudolph em seu lugar de destaque. A rena mais forte e mais veloz de todo Polo Norte, mas também a mais temperamental. Só obedecia sua família, o que rendia muita dor de cabeça aos elfos.
Ela contou um minuto e dezessete segundos de atraso até que chegasse. Sabia que estava à beira de um ataque de nervos e não queria descontar no parceiro de trabalho, então respirou fundo e tentou se acalmar. A Véspera de Natal era uma data estressante por si só, mas esse ano era especial. Não só porque seu pai havia dito que havia selecionado algumas casas especiais para sua rota e colocado uma pressão extra dizendo o quanto confiava em seu trabalho, mas também porque era a primeira vez que e teriam um número grande de crianças e estariam completamente sozinhos. A garota não queria desapontar sua família. Ainda mais depois do que havia acontecido com seu irmão.
— Vamos? — perguntou, tomando as rédeas em mãos.
— Claro. — sorriu, fazendo com que duas covinhas aparecessem em suas bochechas rosadas pelo frio.
sacudiu as rédeas e o nariz de Rudolph ficou vermelho, abrindo o primeiro portal mágico para o mundo dos mortais.
Ao aterrissar no telhado, puxou sua lista para confirmar o nome da criança e materializar o presente certo através do grande saco vermelho que carregavam, enquanto isso, soprou a areia do sono pela janela, fazendo a criança que esperava embaixo da árvore decorada começar a bocejar. O presente foi entregue e os dois partiram para a próxima casa, já que ainda faltavam mais 999.999. , filha do Papai Noel, e , filho do Sandsman, tinham uma longa noite pela frente.
— Você está indo bem, . — disse quando deixaram o centésimo presente. — Eu apostei uma dúzia de biscoitos com leite que nós terminaríamos a rota primeiro que a equipe da Sandy.
— Sério, ? A reputação da nossa família e a crença de milhares de crianças por uma dúzia de biscoitos? E contra uma pessoa que deve ter a metade das casas da nossa rota? — reclamou enquanto voltava para o trenó.
— Sou otimista. — deu de ombros.
— Você deveria levar as coisas mais a sério. — puxou as rédeas para que Rudolph abrisse um novo portal.
— Eu estou levando, você é quem gosta de biscoito com leite. Estou trabalhando com incentivos.
Durante o ano inteiro, e se prepararam para assumir um trenó sozinhos. O começo foi difícil, eram tão diferentes que passavam mais tempo brigando do que se concentrando no treinamento. Mas, conforme dezembro se aproximava, a necessidade de se provarem fez com que eles se entendessem. Ambos caçulas de suas famílias, se tornou a única herdeira do Polo Norte enquanto , que vivia a sombra de ser o filho rebelde e irresponsável, queria provar para o seu pai que amadurecera o suficiente para ser confiável. Por mais improvável que fosse, se tornaram uma ótima dupla.
— Qual a sua aposta para o último presente? Brinquedo clássico ou eletrônico? Eu fico com clássico. — perguntou assim que o trenó pousou no telhado.
— Você é obcecado por apostas, por acaso? Isso pode ser um problema sério. — respondeu materializando o presente. Assim que o brinquedo saiu de dentro do saco vermelho, um soluço ficou preso em sua garganta.
— Não pode ser. — encarou o cavalo de madeira, confirmando o nome na sua lista. Adam Nast. — Não pode ser.
— Essa cara é só porque eu acertei a aposta? — duas ruguinhas preocupadas se formaram na testa de .
— Esse cavalo era do Nicolau. Era do meu irmão. — explicou enquanto abria a janela da casa.
— Espera, eu não soprei a areia do sono ainda. — disse, pulando para dentro da casa, logo atrás de . O cheiro suave de madeira inundando seu nariz. seguiu um ronco leve até um dos quartos e abriu a porta de supetão.
puxou um pouco de areia do sono e inflou as bochechas para soprar no casal adulto que estava deitado na cama. Eles já dormiam, mas a areia dos Sandman impedia que eles acordassem até que tudo estivesse pronto e a casa não estivesse mais sobre influência da magia.
ergueu a mão no ar, impedindo de soprar.
— É ele. — ela sussurrou. — É o Nicolau.
A boca de se abriu em um perfeito O. Desde que o filho mais velho do papai Noel, Nicolau, desertou, todos no Polo Norte evitavam falar sobre ele. Há sete anos, Nicolau havia abandonado a magia porque havia se apaixonado por um homem mortal.
— Eu sinto tanta saudade. — acabou deixando algumas lágrimas escaparem. — Por que papai me mandou aqui? Ele nem se lembra mais de nós. — quando um ser mágico faz a renúncia oficialmente, um feitiço faz com que suas memórias sejam apagadas e substituídas por uma história falsa que se encaixe no mundo dos mortais. O que significava que , assim como seu pai, havia sido completamente apagada da memória de seu irmão mais velho.
— ... — cochichou. — Já vai amanhecer, precisamos entregar o último presente. — seu parceiro apontou para o porta retratos ao lado da cama do casal, onde o Nicolau e seu marido abraçavam uma criança.
abaixou o braço lentamente e permitiu que soprasse a areia do sono em direção aos dois homens na cama.
— Eu sinto sua falta todos os dias, mas todos os dias eu torço para que você esteja feliz. Eu sinto muito que eu tenha dito que você era egoísta por deixar todo o Polo Norte nas minhas costas, eu sinto muito por ter tentando impedir a sua felicidade, pedido para você não nos deixar, mesmo sabendo o quanto a decisão já era difícil para você. Eu sinto muito... — começou a soluçar nervosa. Seu irmão não se lembrava da separação, ou das coisas que tinha dito a ele, mas ela sentia um pesar em seus ombros todos os dias.
Quando suas mãos ficaram livres da areia, puxou a garota para um abraço, confortando a parceira.
Foram para o outro quarto, onde uma criança dormia tranquila, vestindo um pijama temático decorado com gorrinhos natalinos. O filho de seu irmão devia ter uns cinco anos de idade, mas era apenas o segundo Natal que a família passava junto.
— Oi, Adam. — cumprimentou o menino adormecido. — Espero que você goste tanto quanto o seu pai gostava quando era criança.
Deixando o cavalinho de madeira, e voltaram para o trenó e Rudolph abriu o portal mágico.
— Isso! Isso! Dois minutos e quarenta segundos depois! — gritou assim que a equipe de Sandy atravessou o portal. — Eu quero esses biscoitos. Pode ter certeza que eu quero esses biscoitos!
acariciou o focinho de Rudolph, deixando que o cansaço físico e emocional começasse a abatê-la.
— Sabia que vocês seriam os mais rápidos. — a voz rouca de seu pai chamou sua atenção.
— Por que você me mandou para lá? — foi a primeira coisa que perguntou. — Por que fez isso?
— Ah, querida. — ele colocou a mão corpulenta sobre seu ombro. — Queria que visse como ele está feliz, assim talvez você não se culpasse tanto. Sei que você se esforça muito o tempo inteiro para compensar a falta que ele faz, sei que sente culpa por não ter se despedido direito...
— Entendi, entendi... não dá para esconder o mau comportamento da sua lista. — o bom velhinho sorriu para sua filha mais nova.
— O pequeno Adam nunca tinha sido amado até seu irmão o adotar. Ele ainda faz a magia do Natal acontecer, mesmo no mundo dos mortais.
Naquele momento, sentiu que seu coração poderia aquecer todo o Polo Norte.
Na noite seguinte, encontrou se espreguiçando perto da lareira.
— Feliz Natal, . Eles têm gosto de vitória! — disse, se sentando ao lado da parceira e oferecendo os biscoitos e o leite.
— Obrigada. Foi um ano difícil, não é? — sorriu. — Nós conseguimos.
— Sim, meu pai ficou tão feliz que me deixou escolher os meus turnos do próximo ano.
— Que ótimo! — comemorou pelo parceiro (que, na verdade, ela poderia chamar de amigo). Sabia o quanto a confiança de Sandsman significava para .
— O que vai ser? Páscoa? Escala de primavera?
— Bem... — hesitou, suas bochechas ficando rosadas. Desta vez, não pelo frio. — Estava pensando no Natal, novamente. Se você quiser ser minha parceira de novo.
— Eu adoraria. — respondeu no mesmo minuto em que notou que estava bem debaixo de um Visco de Natal.
Fim.
Nota da autora: Feliz Natal fora de época! Ou na época, dependendo de quando você estiver lendo essa fanfic. Obrigada por ler até aqui, não esqueça de deixar um comentário dizendo o que achou, ok? Aproveita e participe do grupo do Facebook.
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