Prólogo
Holding you now
Momento;
Lo siento.
Si te beso hoy, mañana me voy.
As sobrancelhas grossas e largas do homem se franziram ligeiramente quando ele começou a sentir o gosto do sangue afundar através da sua garganta. Ele sugou a pouca saliva que mantinha em sua boca e a espessura metalizada e acentuada percorreu sua língua até que sentisse um desconforto no estômago em decorrência do paladar estar cada vez mais forte. Ele mordiscou mais um pouco o lado interno de sua bochecha, apenas para se torturar, sentindo o sangue voltar a vazar de sua pele machucada.
As juntas de seus dedos estavam brancas e prestes a rachar só pelo contato endurecido e firme que ele empenhadamente colocava para segurar o suporte de braço da cadeira de passageiro. olhou para a sua mão e pôde ouvir o estralo alto de seus ossos sesamóides soarem no cubículo da cabine privativa, passando a se recordar do por que sabia tão bem o nome daquela parte de seu corpo: depois de anos os sobrecarregando de força, o seu médico havia lhe advertido dos danos que os seus ossos estavam sofrendo. A maneira que extravasava o stress era tudo menos saudável e, apesar de ele ter plena ciência sobre esse fato improrrogável, o ídolo continuava atribuindo mais impacto para os seus dedos, pressionando ainda com mais empenho o suporte do braço até que ele também desabasse alguns centímetros e despertasse o seu manager.
O homem que repousava tranquilamente remexeu-se na cadeira e buscou um ângulo mais confortável, a inclinação perfeita para que os seus olhos e ouvidos ficassem suficientemente afastados dos movimentos agonizantes e inquietos do mais novo. Ele bufou com frustração e não aguardou para encontrar o olhar piedoso e preocupado de , já sabendo exatamente o que dizer para fazê-lo se acalmar.
— Vou te dar um minuto para você aquietar os seus ânimos, . Se eu abrir os olhos novamente e não ser unicamente por causa da voz do comandante avisando que estamos prestes a aterrissar, juro que você irá desejar que esse helicóptero tivesse realmente caído.
soltou um riso frouxo, beirando ao nível mais nervoso e ansioso, balançando os ombros para criar movimento nos músculos e poder se manter o mais distante possível de Jinhyun. O manager poderia ser um anjo na Terra quando estava com o sono em dia, mas nas vezes em que tinha poucas horas de descanso era a personificação do que considerava um comensal da morte. Apesar de ter uma espécie de aerofobia, também tinha medo de provocar uma onça com uma vara curta.
O ídolo deixou um suspiro aflorar os seus sentimentos e forçou-se a olhar para o lado de fora da janela, onde o helicóptero contornava todo o percurso aéreo do país ao qual tudo que ele só conhecia se resumia à Maradona, Messi, tango e picada criolla. O seu rol de informações sobre a Argentina o era quase semelhante ao seu prazer em voar — nulo.
Estava indo para a Argentina participar de um reality show que estava programado para caçar talentos; a proposta era fazer uma espécie de Produce 101 em níveis profissionais e selecionar aqueles que ultrapassem os níveis mais altos de exatidão e perfeição. A SM Entertainment estava abrindo as suas portas para o mundo além da Ásia, atraindo mais olhares do universo ocidental e possibilitando que as políticas internas e externas da Coréia do Sul se expandissem em graus imensos, levando em conta que o país é grandíssimo em seu desenvolvimento e um potencial sinônimo de referência ao avanço tecnológico. Unir forças com os outros países pareceu uma ótima forma, ainda mais através da música e da dança — depois de terem trazido para o lado os países restantes da Ásia, chegou a vez de um dos maiores pólos de cultura do planeta: a América Latina.
Com o humor menos hostil e mais calmo, o manager de se preparou emocionalmente para lidar por mais uma turbulência; não a que eles poderiam vir a passar dentro daquela lata de sardinha, mas sim aquela que sofreria ao estar prestes a encontrar o solo. O homem nunca compreendeu como alguém que praticamente passa os seus dias dentro de aviões poderia ter tamanho repúdio pela sensação de estar ao ar, mas preferia não entender como os neurônios de seu chefe funcionavam. Essa era uma das vantagens de seu vínculo empregatício: toda vez que queria zombar de , ele se apegava ao o que deveria lhe afastá-lo moralmente do homem.
Não que isso viesse a privá-lo de soltar uma — ou quinhentas — alfinetadas por dia.
— Você está exalando feromônio, cachorrão. Está tudo bem aí nos seus países baixos? — Jinhyun esnobou com um teor de maldade, vendo o rosto de se contorcer em uma carranca pouco humorada. O homem gargalhou, lembrando-se do por que era tão prazeroso provocar , e sorriu para o amigo. — Já te disse, vaso ruim não quebra. Mesmo que o avião caia, eu aposto que essa sua bundinha depilada irá ficar intacta.
— Poupe-se de levar um soco na cara, Jinhyun. — cortou o mais velho. Suspirou fundo, sugando ainda mais o ar, e fechou os olhos quando viu a luz verde indicar que o comandante se prepararia para fazer o anúncio. — Eu só espero que você não faça com que eu me arrependa de ter cruzado o mundo para vir até esse lugar.
Jinhyun reforçou o cinto de segurança e sorriu pretensioso, ignorando o desespero gritante na expressão de .
— Fica tranqüilo, chefinho. Viemos para o último lugar do mundo que você se arrependeria de estar. Confie em mim, motivos para me agradecer não lhe faltarão.
sorriu malicioso para o amigo, captando de imediato o que o homem havia deixado no ar. Apesar de habitualmente gostar de extrair de Jinhyun o máximo de informações, optou por agir contrário aos seus costumes e deixar que a vida trouxesse algumas surpresinhas inesperadas para aquela viagem em específico.
— É bom que você esteja certo, brutamonte.
Capítulo Único
O soar do salto alto traçando um calculado percurso em direção àquelas esguias portas de vidro atraíam os olhares de quase todos os seres humanos que ocupavam o espaço físico do ambiente. , em contrapartida, só mantinha sua atenção direcionada em cruzar a portaria do lugar e desviar de qualquer indivíduo que retardasse, ainda mais, o seu objetivo: perseguir a única chance que viria a ter, depois de anos, para lutar pela conquista de seu sonho.
A mulher estava agitada, se fosse admitir a orquestra de sentimentos que cantarolavam em seu coração, quando se lembrava de que dentro de alguns minutos poderia pôr toda a sua vida em uma linha de combate ou, no pior das hipóteses, estacioná-la, por mais alguns anos, no mesmo lugar de sempre; o comodismo.
era uma mulher forte, sem dúvidas conseguia reconhecer isso. Sabia que a sua vida havia sofrido alguns efeitos colaterais por causa das escolhas que precisou tomar durante a sua subida para o sucesso, mas estava satisfeita de tê-las feitas, não importando se eram as que mais se orgulhava ou as que tentava esquecer para não se lamentar pela inocência e ingenuidade de antigamente. Era o que era, do jeito que poderia ser, e não se preocupava mais em se arrepender por causa do que estava fora de seu controle — o poder da aceitação fora como um triunfo milagroso para ajudá-la a se tornar quem era.
Um helicóptero passou baixo, tão próximo do solo que cogitou a ideia de estar prestes a presenciar um acidente lendário. Quando percebeu que deveria ser apenas mais um engomadinho estrangeiro anunciando a sua renomada chegada, a mulher seguiu os passos apressadamente até o prédio, podendo contemplar as árvores se remexendo inquietamente com a força do ar que o pouso da nave gerou. Desviando de um grupo de adolescentes, esperou que a equipe de segurança lhe permitisse a ultrapassagem, embora eles estivessem empenhados em manter os olhos presos no topo do prédio, aquela área que era visivelmente o almejo de quase toda a população da cidade de Buenos Aires — o famigerado topo da hierarquia, onde os grandes podiam ser grandes e os pequenos seriam apenas minúsculos pontos insignificantes. Feitos para participarem da cena, mas nunca como os protagonizadores, deixou que a sua memória vagasse de encontro à época em que ela conhecia bem aquela sensação de ser pequena demais para vivenciar as grandes coisas.
Hoje, anos à frente, a mulher só tinha certeza de que era grande o suficiente para enfrentar a imensidão desse mundo. Não seria uma série de “nãos” ou de empecilhos que iriam tirar isso de sua mente, muito menos uma hierarquia injusta.
— A documentação, por favor. — O único porteiro que parecia estar disperso da movimentação que se alastrava pelo prédio empresarial saudou a mulher, não tão educado quanto ela esperava, estendendo a mão para que ela entregasse a credencial. puxou o pedaço de papel plastificado da bolsa e repassou para o homem, esperando que a cerimônia não tivesse se iniciado e ela pudesse continuar mantendo a fama de excepcionalmente fiel aos horários. Depois de várias teclas e telas puladas, o homem devolveu o documento juntamente com um broche registrando o número 69. A mulher sorriu sem acreditar na coincidência e o porteiro fingiu não ter notado a mudança de humor de , evitando se divertir com a demonstração de malícia. — Nono andar, terceira porta à direita. Boa sorte.
Custou poucos segundos para criar ânimo nas pernas quando a porta do elevador se abriu e lhe deu uma perspectiva geral daquilo que a esperava. Algo em torno de um amontoado apertado de cabeças se ajeitava em uma fila indiana para que cada um pudesse preservar pelo seu espaço na competição e só alguns distribuíram um olhar curioso para conhecerem mais uma candidata à última vaga disponível. não se amedrontou com a encenação forjada de intimidação que tentaram lhe desarmar, apenas continuou o seu caminho até o seu lugar na fila. A alça da bolsa pesava na altura do seu ombro e ela levantou um pouco o acessório só até o seu corpo aceitar que não era dali que provinha o motivo de sua tensão.
A velocidade da música se propagando no corredor fazia com que todos os olhares vagassem por entre as brechas da janela tampada e buscassem mais motivação para suportarem a pressão psicológica que era se manter em silêncio no meio de todas aquelas pessoas que estavam arduamente determinadas em roubar a oportunidade que poderia ser simplesmente a capaz de mudar vidas.
Demorou mais de dez minutos para a vez de chegar e ela chegou até a estranhar a rapidez do procedimento. A mentora da cerimônia apontou com o indicador para que ela entrasse na sala e gostou de ouvir o barulho de seus saltos voltarem a ganhar destaque em meio ao mórbido silêncio. O ritmo de seu andar era habilidosamente orquestrado, assim como os seus quadris, mais um de seus talentos. As pernas pareciam trabalhar em conjunto quando ela se deslocava pela sala, mais vazia do que esperava, e os olhos dos jurados lentamente começaram a explorar os movimentos da mulher, um tanto mais intrigados pela sua chegada.
desabou a bolsa na cadeira posicionada no lado extremo da sala e levou as mãos aos cabelos, empurrando-os para trás, numa perfeita cascata de charme e sedução, fixando a sua atenção no seu próprio reflexo atrás dos dois homens e três mulheres que se enfileiravam a frente do centro de exposição.
Ela rebolou o corpo, só para que o nervosismo exalasse dele e a deixasse mais confortável sob a própria pele. A primeira nota da música programada para julgar a arte que poderia criar com o ritmo de seu corpo expandiu entre as quatro paredes da sala e sorriu finalmente.
Era a hora. A sua hora.
— O que você pretende mostrar para nós hoje, senhorita ? — O homem do meio passou os olhos pela ficha de e voltou a olhá-la, cada vez mais atento e em expectativa. Ele desceu os olhos pela animação corporal que ostentava e cruzou os braços, crente que estava diante de uma concorrente à altura do que ele esperava que o seu projeto fosse.
umedeceu os lábios e a sua língua brincou por um tempo mais do que vago, aos olhos do homem. Ele gostou da distração.
— Uma amostra do Brasil muito melhor do que aquela que mostram superficialmente no que vocês conhecem através dos imitadores amadores dos filmes. — brincou com o ranger do maxilar e sorriu desdenhosa para eles, atraindo todas as contrações ventriculares cardíacas de quem respirava naquele cômodo. No segundo em que a voz do cantor preencheu o vazio do local, os pés de ensaiaram o seu caminho para mais próximo do centro, bem no lugar perfeito para o holofote encontrar as curvas e elevações de seu corpo.
A porta atrás de si abriu rapidamente, despertando a atenção dos demais, mas não foi o motivo para tirá-la do enfoque da cena. não se preocupou em prestar educação a quem entrava atrasado na audição, deveria ser apenas mais um estrangeiro que não estava lidando bem com o fuso-horário. Antes de dá-lo uma devida checagem para depois continuar a sua apresentação, abaixou o rosto apenas para que as notas musicais combinassem com o sincronismo do seu ritmo.
estava ofegante, nunca havia corrido tanto em sua vida como naquele dia. As suas pernas estavam quase desmontando quando ele atingiu o contato sólido da cadeira e respirou mais tranqüilo, sentindo-se infinitamente culpado e desconfortável por ter quase atrapalhado o início da apresentação da inscrita. Ele ouviu o homem no extremo da direita murmurar algo parecido com “Es hermosa”, como conseguiu compreender, e ele se deu o momento de sondar a mulher que se preparava para tentar conquistar a sua chance. A pronúncia do homem era arrastada e afiada, mas mesmo assim o coreano conseguiu captar o que todos ali já tinham certeza só pelo minúsculo intervalo de tempo que dividiam na presença daquela mulher.
retirou o casaco e o pendurou na cadeira, atento com o que viria a se destrinchar nos próximos minutos. Seus olhos perseguiam os contornos da mulher e ele sorriu enamorado, quase em tom de espanto e choque.
A única coisa que ele conseguiu pensar era no quão profundamente linda aquela mulher era. Seu corpo passeou pelo vento e o seu rosto emergiu como uma fortaleza entre a cortina de cabelos. engoliu com os olhos cada segundo que a mulher gastava esbanjando talento e graça, provando que a música era nada menos do que a extensão da alma humana. O que parecia ser uma apresentação de dança se tornou em um realístico espetáculo de arte natural.
estava nas nuvens, se é que seria possível viajar para o Paraíso estando com os pés firmes no chão. O seu coração estava prestes a romper a sua pele e criar vida, mas seu autocontrole impediu que a emoção lhe tomasse e fez com que ela permanecesse rígida em sua posição quando a apresentação acabou e a música cessou a sua coreografia. Ela suspirou aliviada sentindo como se uma tonelada havia despencado para longe de suas costas e sorriu, por fim, realizada com a oportunidade.
— Eu não sei o que vocês têm em mente, mas por mim a vaga é totalmente dela.
Os demais jurados miraram um olhar de consentimento ao comentário de , mas não evitaram entortarem a expressão pela forma que o coreano se expressou. A sua feição estava próxima de ter um colapso e não se atentou ao momento em que o homem ficou enrustido com a imagem de sua presença. Era demais para ele suportar, ele pensou, mas incrivelmente cativante.
Quem poderia ser esta mulher e por que ela parecia plenamente ciente do poder que tinha para dominar a humanidade?
suspirou com um teor de sufoco e olhou para o jurado ao lado, buscando que ele fosse o responsável para trazer as boas notícias. O outro apenas deu de ombros, sorrindo de lado enquanto escrevia o que parecia o seu voto na prancheta de análise. quase arrancou o objeto da mão do homem e rasgou a folha, lançando aos ares e dançando por baixo delas, só para esboçar a densidade de sua empolgação. Para não transparecer mais do que deveria, esperou que alguém lhe desse a oportunidade de anunciar o seu voto. Quando esta chegou, ele gostou da sensação de ter os olhos da mulher sobre a sua figura. Ela revirou os traços de , mais para conhecê-lo como o cara que tinha em mãos o veredito de seu destino do que por estar encantada com o que os pais de criaram em uma noite de diversão sem proteção. Apesar disso, se deliciou com a forma que os cílios da mulher pareciam asas brincando de criar vôo.
— Seja bem-vinda ao reality show da sua vida, número 69. — abaixou os olhos para o broche pendurado na lateral do peito da mulher e alongou a pronúncia do número. olhou de soslaio para o metal preso em seu vestido e não deixou de sorrir sugestiva para a brincadeira do homem, embora aquilo fosse mais uma maneira de lidar com o que estava acontecendo naquele momento.
estava dentro da competição.
Por céus, estava aprovada para competir pela chance de ganhar R$1 milhão de dólares e poder revertê-lo com o objetivo de aperfeiçoar, ainda mais, a sua escola de dança, com tudo o que a comunidade carente de sua região no Brasil precisaria para desenvolverem as aulas.
estava dentro da competição pela vitória da melhor.
E se ser a melhor era o que ela precisaria ser, ela então seria.
E que a competição começasse.
✳✳✳
não conseguia se lembrar da última vez que fizera sexo. Sendo um ídolo, ele pensou com lástima, não era tudo o que ele planejava ser. Claro, existia a fama e todos os benefícios que ela trazia consigo, mas ser famoso também vinha com preços a se pagar: não ser capaz de sair na hora que bem entendesse, não ser capaz de ver quem quer que ele queira, não ser capaz de vivenciar certas experiências que a vida estava suposta a lhe proporcionar e assim a lista se estendia. Ele nunca tinha parado para realmente se importar porque tinha tido uma boa ideia de que a vida de um ídolo não era tão fascinante quanto parecia, mas ele tinha feito isso de qualquer maneira porque era o seu sonho, o simplório motivo pelo qual o condicionou durante todos esses anos para continuar nos trilhos. Ele não era tão inconstante para desistir de seu sonho facilmente, só porque era difícil, cansativo e muitas vezes assustador.
Não fazer sexo há um bom tempo não era o que lhe parecia o motivo perfeito para desistir de tudo o que conquistou, ele pensou com humor.
Mas a verdade nua e crua era que é um homem saudável com seus trinta e um anos, assim como tantos outros. Ele tinha suas necessidades. Deixá-las em segundo plano era o que ele mais fazia de melhor, mas o seu manager sabia que colocá-las em dia viria a calhar em algum momento.
Jinhyun tendia a olhar para o lado e fingir demência quando ouvia o rumor de que havia arranjado uma namorada ou estava indo sair para apenas uma noite fora, contando que o seu queridíssimo ídolo, o Mister Perfeição, tivesse o cuidado de ser discreto e esse tipo de coisa não viesse a acontecer com freqüência. Os dois não precisavam criar longos diálogos em cima de um assunto que era claro como água para ambos: precisava se comportar a medida do que a sua vida pública exigia e Jinhyun estaria ali para lhe dar uma bronca ou simplesmente lhe parabenizar por estar cumprindo com excelência algo que ele não deveria se atentar tão arduamente para esconder. No final das contas, era só mais um assunto que preferia não ter de lidar — pelo menos não até as suas vontades pulsavam ferventes pelo seu membro.
— Lembre-se, tente não causar um escândalo, tudo bem? — Jinhyun advertiu o ídolo quando o viu cruzar pelo hall do loft que havia sido alugado especialmente para eles, sentindo o cheiro do perfume importado do homem adentrar antes mesmo do que ele.
nunca tinha sido problemático, longe disso. Suas prioridades sempre seguiram em ordem, pois o homem carregava em mente a sua prerrogativa de vida: o seu sonho sempre viria primeiro. Nunca faça nada estúpido que seja o suficiente para colocar o que você construiu um perigo, simples assim. O resto era apenas o resto.
— Você não precisa ensinar o padre a rezar a missa, Jinhyun.
Ele ficava ansioso quando se sujeitava a situações como aquela, seu temperamento oscilava numa espécie de inquietação o consumindo por dentro. Quando ele percebeu que estava meio excitado com a visão da pele nua da primeira mulher que cruzou o seu caminho, percebeu que era definitivamente hora de entrar na boate que aparentava ser distintamente diferentes daquelas que ele freqüentava ao redor do mundo. O funcionário do clube lhe ofereceu um aceno esbanjando dualidades maliciosas e, , apenas assentiu em conformidade com aquilo. Seria no mínimo tentador passar a noite naquele ambiente, por isso ele sentiu seu corpo começar a hiperventilar no primeiro passo que deu em direção ao estabelecimento. As luzes neons adentraram no seu campo de visão e depois de alguns segundos tentando projetar o que os seus neurônios articularam, o segurança simplesmente lhe deu passagem e pouco se importou com os modos do coreano.
Então, ele pensou, examinando a cena diante de seus olhos, que aqui estava ele. O clube estava escuro, iluminado com freqüentes flashes de luz neon, mudando de vermelho para verde, rosa, amarelo e um pouco de roxo. não tinha certeza se ele gostava desse tipo de clube, exceto pelo fato de que, nesse tipo de escuridão, era muito mais difícil para as pessoas reconhecer rostos como o dele. As luzes pulsantes forneciam apenas o mais breve vislumbre de corpos, contorcendo-se, entrelaçados, embalados muito perto na pista de dança. O forte odor de fumaça eclipsava qualquer aroma subjacente: suor, bebidas, perfumes — ácido na mistura quente de corpos e ventilação insuficiente.
esqueceu-se de procurar por mais informações sobre a boate em questão. Não era do tipo de buscar aprovação de desconhecidos para dizer se iria ou não frequentar tal lugar, mas estando em um país totalmente desconhecido o mínimo que ele deveria fazer era atualizar a sua lista de recomendações e saber por onde se enfiar.
Fazendo uma varredura pelo ambiente, encontrou Changmin e Yunho, os parceiros de crime da noite, e sorriu. Seus dentes brilhavam demais na escuridão e poderiam ser facilmente confundidos com um holofote, se as luzes não estivessem tão dispersas e desregulares no foco de visão dos amigos. Ele viu Changmin se afastando do bar, deslizando para fora do banquinho, alargando o peitoral e sorrindo sugestivo.
— Vamos, irmão. — Changmin deu batidinhas nas costas de , o empurrando para o meio da multidão, e inclinando a voz para ser ouvido sob a música. — O primeiro a ter sorte recebe cinqüenta mil wons. Quem quer que vá para casa sozinho… — Ele fez uma pausa para efeito dramático, depois terminando com um tambor vocal ridículo de suspense. — Vai ter que comprar uma Lamborghini para o outro.
— Ideia completamente proporcional, Changmin. — ironizou.
Changmin sorriu para ele e apertou seu braço, em seguida, sumindo feito fumaça pela escuridão. balançou os dedos para Yunho e fez seu próprio ato de desaparecimento, deslizando para a pista de dança com facilidade praticada. Com corpos pressionados contra os dele quase imediatamente, sorriu com a sensação que há tempos não sentia.
Nos primeiros minutos ele se deixou relaxar na música, o ritmo pulsando pelo seu corpo. Era simples se perder nessa dança, sem censura, sem prática, mas tão natural quanto o seu balançar. Seu corpo sabia o que estava fazendo; ele tinha um talento dado por Deus, um instinto nato — seus quadris remexiam, lânguidos, e ele inclinou a cabeça para trás, fechando os olhos por um instante.
Ele não reconheceu a música, pensou que poderia estar numa mistura de espanhol com inglês. Não importava qual idioma era, desde que ele pudesse dançar, o seu pensamento não iria se perder numa futilidade daquela. A única coisa que concentrava era o seu ritmo, o seu batimento cardíaco, a sua respiração — um após o outro enquanto a música batia em torno dele, através dele. abriu os olhos em um flash de neon rosa e através da multidão avistou Changmin embrulhado nos braços de uma garota significativamente menor do que ele. Seu cabelo estava puxado para trás em um rabo de cavalo alto e só podia ver um brilho de suor em seus ombros nus e costas enquanto ela passava os braços em volta do pescoço de Changmin e o puxava para ela.
Surgiu um clarão de escuridão, depois veio uma luz verde, e, aí, eles mudaram de posição. quase riu. Ele a reconheceu — era uma das únicas estagiárias restantes na SM que não foi domada imediatamente pelo charme do chinês, um mestre na arte da sedução. chegava a vagamente sentir inveja da forma que o amigo era capaz de laçar qualquer coração só com um sorriso elevado e sagaz, mas no final se sentia satisfeito por ser mais cauteloso nas escolhas do que o amigo. Anos de convívio lhe serviram para ensinar que nem sempre o que era sedutoramente conquistado era o que acabaria mais rápido.
Quando estava distraído o bastante observando a cena protagonizada pelo amigo, um sorriso articulado e arcado se emoldurou entre os flashes descontrolados das luzes. A mão, que deslizava pelo corpo da proprietária, caçava um ponto estratégico para se firmar e indicar o que seus olhos insinuavam, deixando que os pensamentos dela fugissem de sua mente e atravessasse toda a pista de dança em direção ao subconsciente de .
Era a mulher da apresentação, aquela que se sentiu obrigado em dar a vaga porque ela é simplesmente um fenômeno da dança. Ainda mais bonita e cativante, não acreditou que poderia existir uma mulher tão linda daquela magnitude, mesmo que o borrão de sua figura fosse ligeiramente proposital; ele fingiu estar num ponto distante e necessitando se aproximar para contemplá-la por completo. Ela não estranhou o seu movimento, mas demorou alguns segundos para olhar propriamente para os seus olhos.
— Hola. — Dizia o sorriso da mulher, arrastado e delineado pelos lábios fartos e visivelmente macios. Ela era alta, ainda mais do que ele em seus calcanhares, ou talvez apenas desse jeito com seus quilômetros e quilômetros de pernas longas, expostas por uma saia de tubo que parecia embalá-la como um presente aos olhos de . Ela ocupou o espaço mínimo na frente de tão suavemente que ele mal notou; foi pego pela maneira como o cabelo da mulher roçava pelos ombros dela, pelo jeito que os seios preenchiam e pareciam estar felizes em quase rasgar o tecido de sua blusa vermelha aveludada, o brilho de seus brincos de argolas contracenando com o reflexo das luzes no topo do teto e a forma que os seus saltos pretos pareciam escadarias para levá-las para uma espécie de palanque divino.
ainda não sabia dizer ao certo se aquela mulher fazia o seu tipo ou não. A sua aura destemida e ousada ia contra o seu estereótipo de mulheres cujos sorrisos imploravam por amparo e um beijo acolhedor. tinha a superficial ideia de que ainda poderia viver um conto de fadas e ser o príncipe encantado de uma mulher.
Mulheres como aquela não esperavam por nenhum cavaleiro numa armadura brilhante. Ela era confiante com a sua própria existência e tinha a aparência de quem lutaria sozinha numa guerra mundial, mas ainda sim possuía o ar de quem poderia lhe dar uma chance se você souber cavalgar no seu compasso.
A pele estava à mostra como se desse graça ao ambiente e suas jóias brilhavam nas rajadas de luz, desconcertando momentaneamente.
— O que um homem como você está fazendo em um lugar como este? — Ela murmurou em seu ouvido, seus lábios pintados roçando a pele. Sua voz estava baixa, sensual, levemente acentuada. — Um estrangeiro se aventurando nas vielas perigosas dessa cidade desconhecida?
Ela podia ser este enigma que ele ainda não descobriu, mas, ainda assim, ele estava interessado. colocou as mãos nos quadris dela e puxou-a um pouco mais para perto, sorrindo quando ela se afastou para olhá-lo.
— Só matando tempo. — Ele sibilou. — Um estrangeiro não pode mais se aventurar nas vielas perigosas dessa cidade desconhecida?
Seu peito se movia sinuosamente contra o dele a tempo da música mudar e embalá-los em um outro sincronismo. Seus olhos, brilhantes e escuros sob o rímel pesado, o observavam com cuidado. Ela mordeu levemente o lábio inferior, dando uma pequena pista de como eram seus dentes brancos e alinhados. Ele queria rir. Ela estava tão óbvia com aquela barreira ultrapassável, mas ela sabia o que queria e ele lhe daria o crédito por ser segura de si e ainda estaria mentindo se dissesse que não estava aumentando o seu potencial interesse pela mulher.
— Gringos. — Ela murmurou e ele não pôde ouvir sua voz sobressaindo a música, mas leu em seus lábios. Um calor emanou através dele, repentino e bem-vindo, ultrapassando os seus poros e atingindo a mulher em cheio. — Sempre tão curiosos sobre a noite latina.
Ele gostara e muito da forma desapegada pela qual ela usara o termo “gringo”. Já fazia um tempo que ele não era simplesmente um qualquer.
deslizou as mãos de seus quadris para o lado dela, roçando seu abdômen em cima da sua blusa aveludada, sentindo o contato confortável das peles se encontrarem, mesmo que forradas pelas roupas. Suas mãos descansaram em seus ombros nus e, com pouco aviso, ele a girou no meio da multidão até que ele a prendeu em seus braços.
— Vamos dançar. — Ele sussurrou em seu ouvido, demonstrando um teor pentelho pela forma que a reviravolta se desenrolou. Ela respondeu com um suspiro ofegante e esfregou as nádegas na virilha dele. Seu sangue correu por toda a extensão de suas veias e ele a puxou contra ele, inclinando sua cabeça para o ombro da mulher, conhecendo o seu perfume afrodisíaco, como ele poderia definir.
Ele olhou para o comprimento do pescoço de e lambeu os lábios. Talvez agir descaradamente às vezes pudesse ser uma boa tática. Quantos pontos essa abordagem lhe traria?
— Nome? — Ele perguntou, porque ainda era e tinha o mínimo de decência. Ele não se recordara de qual era, isso admitia, mas não porque ela fora esquecível demais para ser marcante. Pelo o que ele lembrava, o nome da mulher era uma espécie de anomalia aos seus ouvidos, diferente, assim como tudo sobre ela.
— . — Seus lábios se separaram e viu o movimento de sua língua dando início a pronúncia do que ele jurou ser necessário levar dois dias para acostumar os ouvidos, quem dirá a língua.
— . — Ele disse simplesmente.
Ela sorriu e deixou cair a mão sobre a dele, segurando-a na altura do estômago. Ele estava duro contra ela e ele sabia que ela podia sentir isso.
— . — Ela repetiu olhando para ele sob as pálpebras delicadas do homem. — Então estamos finalmente apresentados. — Ela piscou provocativa, agora girando o corpo de frente a ele. — E sim, vamos dançar. Nós vamos dançar a noite toda.
Ele sorriu para si mesmo e adentrou no elevador esperando que ninguém pensasse duas vezes sobre , o jurado do reality show que viria a recrutar uma dançarina para dirigir a equipe de coreógrafos nas turnês mundiais patrocinadas pela SM Entertainment, e , a mulher que ele mal sabia dizer o nome, quanto mais o seu sobrenome, entrando no elevador um após o outro, no meio de uma boate ao qual tinha tudo para ser nada menos do que suspeita.
— Isso é errado. — murmurou ao pé do ouvido de , encarando o painel de o elevador indicar que eles estavam chegando à parte privativa do hotel, um lugar que nem sabia que existia, mas faria questão de fazer um check-in nos próximos segundos. — Mas não consigo parar, não quando sei que não é normal sentir tanto tesão por alguém. — Ela tentou acariciar o braço de e sua mão chegou a causar um delicado toque em seu ombro.
Deus, ele queria pressioná-la contra a parede do elevador e beijá-la como se toda a sua existência dependesse daquilo, talvez até sufocar de tanto agarrá-la. Um arrepio rondou a sua espinha com o pensamento do que ele poderia fazer com aquela mulher e ele não pôde deixar de imaginá-la numa versão paralela, onde ela ficava corada, desgrenhada enquanto ele a segurava contra o lado do elevador, as pernas longas, nuas e engatadas em torno de sua cintura enquanto ele se apressava para chupar a sua cavidade e explorar a floresta encantada que ela preciosamente escondida entre o tecido da calcinha, um portal mágico que nem Nárnia poderia simular tão perfeitamente.
soltou um longo e lento suspiro, esvaziando o seu tesão pelas cordas vocais e reprimindo as mãos por cima de seu pênis, receoso com a imagem que o vigilante poderia ter através do topo da câmera.
— Aguente mais um pouco com isso. — Ele disse com dificuldade, inclinando a cabeça para lhe oferecer o melhor sorriso de bom menino. Tentou concretizar seus pensamentos impassíveis em coisas aleatórias — tratados da ONU, a quantidade de açúcar que precisaria para fazer a massa de um bolo, como alguém criou uma pipa e qual era a raiz de 148, até que o seu cérebro sofresse uma pane e ele partisse para a loucura. Não havia como satisfazer aquela mulher no meio do elevador, com tantas câmeras. Em toda parte. Ele tinha que levá-la para o quarto, onde ninguém iria ter provas para relatar o que aconteceu naquela noite, antes que ele começasse a tirar a sua roupa com a força dos dentes.
Seus olhos percorreram pelo pescoço de e se demoraram na clavícula, antes de mergulhar em direção ao volume dos seios. Sua blusa não era particularmente escandalosa, uma regata vermelha e aveludada que mostrava a clavícula bem acentuada e destacada. Ele estava imaginando o quão excitante seria passear a língua por aquele atalho até que ele se conteve e sacudiu os olhos de volta à órbita, convidando a sua sanidade a retomar aos parafusos. Ela estava observando-o, sabendo bem o que ele pensava e ansiava.
Ele estava apenas com tesão, isso era tudo.
— Desculpe. — Ele disse acompanhando um riso envergonhado e retraído. Sentiu-se inexperiente e novato. Para quem não tinha a mulher como o seu tipo ideal, estava seduzido até demais.
— Não se preocupe. — Ela sorriu despretensiosamente, puxando os lábios para um sorriso mínimo. — É compreensível. — tombou a cabeça acreditando que não suportaria mais. — Eu me ousaria a elogiá-lo, à altura, se não soubesse que, se eu te beijar hoje, eu irei embora amanhã.
Quando o elevador finalmente chegou ao décimo quarto andar com um tinido, agarrou a mão dela e puxou-a pelo corredor atrás dele. Ela o seguiu, sem fôlego, e eles tiraram os sapatos na entrada, excitados e apressados, sentindo-se como crianças caindo e tropeçando em um gramado do jardim de infância. Ele podia sentir picos de consciência ao longo de sua pele e de repente respirar se tornou uma atividade incrivelmente erótica.
olhou para ele, a cabeça levemente inclinada para cima, a testa franzindo a beirada de sua pele e atraindo para beijar até mesmo aquela parte do corpo da mulher. Não havia artifícios para que ela se vangloriar sobre quem parecia ser — ela dançava como um passarinho no ar, irradiando beleza como um especial alguém que brilha de manhã, uma deusa da excitação que é glorificada de pé só por sorrir como um personagem de pornô adulto, mas agora ela não passava de uma mulher com desejos simplórios e fáceis de serem saciados. Seus dedos percorreram ansiosamente sobre a colcha debaixo dela, um pequeno sinal revelador de impaciência.
Foi o pequeno gesto que imbuiu com uma onda de afeição. Ela era uma das concorrentes do reality show pelo qual ele era encarregado de administrar, protagonizar e atribuir fama, mas não parecia nada mais do que uma mera mulher que encontrara pelas vielas de uma cidade desconhecida.
— . — Ele disse e a voz de repente um pouco rouca, cruzando o espaço entre eles e a beijando como se não quisesse decepcioná-la, com fervor, curvando-a de volta sobre a cama, engolindo o suspiro e a língua deslizando em sua boca com pouca cerimônia. Ela estava faiscando desejo e ele estava inebriante com a sensação dela, embriagado e sóbrio, tonto e estável, se é que faria sentido.
Ele a beijou e a beijou até que ela se mexeu, gemeu e se deitou na cama, puxando-o junto com ela até que ele estava escarranchado sobre ela, inclinando-se com os braços ao lado da cabeça de , apoiando-se. Ele arrancou sua boca por um momento, respirando pesadamente, olhando em seus olhos. Eles olharam para trás, bêbados de luxúria.
— Você não precisa falar nada. — gemeu sobre os lábios de e suas pernas o envolveram como uma presa envolvendo o seu jantar. — Eu não sei como me enrolei em seus beijos, foi uma tentação, mas você sabe que eu não tenho nenhuma outra ideia.
— Não vou negar, eu honestamente não acho que seja você. — mais disse aquilo para ele do que para ela, ao ter se recordado de que aquela noite começou com sua cabeça batucando a ideia de arranjar um pouco de sexo, depois em encontrar uma princesa para a sua carruagem e, no final, terminou com .
— E se for, lo siento mucho pelo o que estou falando. — grunhiu ao ouvir a pronúncia em espanhol vazando pelo timbre grave de . O som foi quase uma melodia soando como uma instrução de como perder o pico de discernimento numa minúscula fração de segundos. — Você provocou isso, estou trancado nesse quarto e não pretendo sair até que nós queimarmos essas paredes. — Ele estava com a boca grudada ao ouvido de , mergulhando a cabeça o pescoço dela, úmido de suor.
— Você é um paquerador. — Ela o acusou. — Eu aposto que você diz isso para todas.
— Só para a mais sexy. — Ele levantou a cabeça momentaneamente para sorrir amplamente para ela.
Ela riu de novo e suas mãos deslizaram pelos lados, depois de volta, sob a camisa dele. Estremeceu ao sentir as palmas das mãos patinando sobre a pele nua, os dedos curvando-se um a um, deliberadamente.
Seu rubor pode ter sido devido a suas palavras, ou pode ter sido devido ao fato de que sua mão tinha abandonado seu peito para esgueirar-se entre suas coxas. Seus dedos flertaram com a bainha de sua saia e sabia que estava provocando-a o suficiente para fazê-la gemer com vontade. Ela se contorceu com a cabeça caída no travesseiro e se moveu por baixo de para afrouxar as pernas e deixá-las mais abertas. Ele engoliu um gemido, sentindo seu membro endurecer ainda mais.
— ¿Sabe usted qué hacer? — gemeu aos pleitos. tombou a cabeça, alcançando o rígido peito dela. — Suck me. — As palavras se derramaram pelos lábios vermelhos da brasileira, mais em um suspiro do que em um pedido. pareceu entrar em um profundo transe delirante quando a mulher revezou os idiomas numa rapidez descontraída, não parecendo ter dificuldade alguma de pronunciar nenhuma palavra nas duas línguas, carregando sotaques distintos que, no mínimo soar de sua voz, nem chegava a parecer o mesmo tom. — Por céus, me chupe! — sorriu largo e extasiado ao ter reconhecido que, desta vez, se frustrava em português. A sua língua-mãe soava tão atrativa e embriagante que poderia ouvi-la recitar uma bula de remédio em português só para se deliciar com a forma que a língua da mulher se desdobrava dentro de sua boca.
nunca tinha sido o homem que recusa um convite. Beliscando o bico dos seios de , o ídolo sabia exatamente como compartilhar mais um de seus talentos com a língua.
Ela pegou o lábio dele entre os dentes, puxou-o em sua boca e chupou. Ele decidiu que ele não se importava, não quando o seu pênis pulsava e rasgava a sua pele implorando para que os lábios dela descessem o rumo e chupassem toda a sua extensão. nunca desejou que seu pênis pudesse ficar ainda mais maior do que já era, só para sentir até onde poderia experimentá-lo. Seus dedos deslizaram sob a borda de sua calcinha de algodão e ele pensou que poderia vir da intensa onda emanada pelo teor sexual que ela emitia. de repente notou que não possuía mais controle de seus próprios atos.
— Você é tão absurdamente, enlouquecedoramente e desenfreadamente linda. — Ele balbuciou, não sabendo mais o que estava dizendo, mas talvez não importasse quando seus dedos estavam lá, tocando a virilha de , e ela estava quente, úmida e escorregadia em seus dedos. Seus quadris resistiram a ele, impacientes, suplicando para que ele não brincasse com seu tesão.
— E você não é nem um pouco misericordioso. — Seus quadris encontraram os dela e ele apertou sua ereção contra ela enquanto a beijava completamente. Ele não precisava de palavras, não quando ele poderia ter isso em vez daquilo, o calor de sua boca, o tom de álcool em sua língua e sua mão presa entre suas coxas, acariciando-a.
Graças a Deus pela existência do elástico, ele pensou enquanto puxava a saia para baixo, passando por seus quadris, deixando-a emaranhar brevemente em torno de seus joelhos antes de ela chutá-la. Ela se contorceu contra ele e gemeu quando ela beijou sua garganta, mordeu a junção onde o pescoço dele encontrava o ombro. Suas palmas deslizaram sob sua calcinha e seguraram sua bunda, seguindo a curva.
— Tire isso de mim. — Ela ordenou, ofegante, e ele obedeceu.
Seu sutiã saiu em seguida, voando ao acaso pelo quarto quase escuro, e então ela estava nua. Em algum lugar sob o redemoinho de álcool e luxúria, levou um momento para parar e apenas olhar para ela. Ela era longa e flexível, o corpo de uma dançarina profissional na pele de uma deusa da erupção sexual.
Ele chupou e brincou com o peito dela com um arranhão de dentes, uma língua habilidosa, até que ela resistiu contra ele, ofegante e apressada. Seus cabelos se derramaram sobre os lençóis, fios úmidos de suor grudados em sua pele.
queria dominá-la. Ele queria vê-la ceder. Ele a queria completamente.
Seu pênis latejou quando ele ofegou em seu pescoço, empurrou a mão um pouco mais entre suas pernas, e lentamente pressionou seu dedo médio nela.
Seu gemido estava trêmulo e repartido, seus dedos se enrolaram nos lençóis brancos e apertaram, a tensão vibrando ao longo de toda a linha de seu corpo enquanto estava lentamente se desmontando e derretendo suas partículas em cima do primeiro homem que nem ao menos precisou rebolar dentro dela para causá-la uma sequência de suplícios apelantes e um orgasmo quase cruel. estava a provocando e emplumada seu rosto em seu peito, tomando tempo para agitar sua língua em torno do outro mamilo enquanto ele, cuidadosamente e lentamente, atravessava os dedos da mão livre entre as suas pernas e pediam licença para o seu sino da piedade, o tambor da luxúria e o templo do prazer.
— Vamos, não seja tão orgulhosa. — brincou em seu ouvido. Ele mordeu os próprios lábios, abrindo-os um pouco mais para deslizar a língua entre os seus dentes e tocar na orelha de . — Eu só quero ver você gozar. Seu gosto deve ser delicioso, baby.
riu incrédula, sentindo-se obrigada a ter de atender àquele pedido. O líquido veio por conta própria; ela não iria conter a sua natureza.
Ela arfou, e choramingou, apertando as mãos no couro cabeludo e pressionando a língua contra os dentes para não rugir, uivar ou simplesmente gritar. afastou os dedos de sua cavidade e afundou o corpo entre o seu, tocando o seu pênis desprotegido no corpo de , causando o que ela consideraria como a pior afronta de todo o século.
sabia que estava próxima de atingir o seu êxtase quando abriu os olhos e observou endireitar-se em cima de si e encapar o seu pênis com a camisinha. Os olhos deles estavam ágeis e malvados, um verdadeiro predador, e ofegou angustiada, querendo apenas ser a sua presa fácil da noite.
— Você ainda não quer me elogiar, ?
— Com licença, a sua boca está novamente na altura das minhas orelhas. — puxou violentamente a cabeça de através de seus fios de cabelo e o empurrou até que ele encontrasse o caminho de volta para as suas pernas.
— Na próxima vez, mamacita, só me diga que você quer me beijar. — Ele debochou, mergulhando a língua pelas pernas dela e sentindo o seu gosto. — Era só isso que você precisava dizer.
— E você só precisa me foder.
✳✳✳
O sol nasceu sem uma pausa, e movimentou o seu corpo sobre o colchão, remexendo o tecido por baixo dele e atingindo os pés na parte contrária da cama. O vazio foi uma surpresa, já que o homem se recordava bem de que até algumas horas atrás havia outro alguém ali.
Ele esfregou preguiçosamente os dedos pelos olhos e, ao passo que a visão deixava de ficar deturpada e ele assentia à paisagem, o cheiro impregnado de despertava os seus sentidos.
O nome da mulher veio como raio em sua mente e ele riu ao pensar que, agora, não parecia tão difícil pronunciá-lo, não quando a sua língua havia ficado tão flexível como na noite anterior. Talvez pudesse até arriscar uma frase em português, levando em conta que estava sendo um bom aluno em espanhol, quase um fluente.
Quando ele levantou o corpo e espreguiçou-se, notou que ela não estava ali, nem em nenhuma outra parte do quarto. Seus olhos desceram para o chão, preocupados, e custou em olhar com atenção, temendo ter derrubado a mulher sem intenção.
Ele não a encontrou lá também, no entanto. Em nenhum lugar, mais especificamente.
A única coisa que restou da noite anterior foi o papel rasgado de um jornal velho, grudado por uma fita adesiva na porta de saída do quarto, riscado pelo batom vermelho da mulher, carregando o seguinte dizer:
“Eu lhe avisei que se te beijasse, iria embora.”
sorriu, avassalado, e ainda cheirando a sexo e à mulher que nada tinha a ver com o seu tipo ideal, mas que havia, ironicamente, se tornado idealmente a mulher do seu tipo, quando se lembrou de que a veria mais tarde, na competição, e que tinha mais trinta e três noites, especificamente, para fazê-la ficar, nem que fosse só uma manhã, naquela cama de um hotel perdido numa viela daquela cidade desconhecida, o lugar aonde veio a realmente não se arrepender de estar. No final, Jinhyun não precisaria lhe dar milhares de motivos para fazer não ter se arrependido da viagem porque, depois das quatorze horas, não esperava ter encontrado apenas um motivo — o melhor de todos.
✳✳✳
pressionou o lábio inferior contra o superior aguardando que o batom vermelho fixasse na extensão de seus lábios e lhe ajudasse a criar sustância na movimentação. O seu rosto estava impecável, assim como o seu cabelo, brilhando feito um diamante contra a iluminação do salão. Ela estava começando a se sentir incomodada, não pela excessiva pressão em aparentar perfeição diante das câmeras, mas porque aquele não era o seu mundo. Sentia-se uma peça fora do tabuleiro, um tanto reclusa nos próprios pensamentos e encolhida no canto oposto do sofá, apenas gastando energia para movimentar os seus olhos ao redor do fluxo de pessoas que entravam e saíam. A sua mão direita estava bem fixa no meio de suas pernas, enquanto que a mão esquerda distraía seus sentimentos remexendo pelos fios traseiros do couro cabeludo. O relógio continuava em modo lento, retardando aquele dia e tudo o que ainda precisava acontecer. só queria terminá-lo de vez.
— Senhorita , há alguma solicitação que queira fazer? — O baixo burburinho cessou-se quando suspendeu o olhar em direção ao homem que lhe dirigia a palavra. Ele era cerca de dez ou quinze anos mais velho que ela, pela forma que suas rugas já se evidenciavam nas beiras dos olhos. O homem esperou acordar de seu transe e lhe prestar devida atenção, embora ele estivesse mais entretido em vê-la piscar os pesados cílios em sincronismo. No mais rápido lapso temporal, ele havia se esquecido da presença dos demais competidores. Era sempre assim: os seus sentidos se atraíam apenas para as potenciais estrelas que cruzavam o seu caminho. era a perfeita definição do que ele ansiava encontrar. — Sinta-se à vontade para pedir pelo o que precisar.
sorriu polida, voltando a endireitar o corpo e esvaziar o semblante distante e monótono que sustentava. Sua cabeça estava nas nuvens, se é que poderia imaginar assim, unindo suas forças para enfrentar cada dia naquela nova realidade. Afinal, ela estava ali por vontade própria. Quem fez a inscrição para o reality show havia sido ela. Quem teve a ideia de transformar aquela oportunidade em uma porta aberta para o seu sonho de fazer a sua escola de dança crescer havia sido unicamente ela. É claro que seria difícil, mas nada que fosse capaz de derrubá-la. já havia enfrentado demônios muito piores.
— Sou grata pela disposição, senhor. — não agradeceu de forma formal e o homem nem ao menos se importou; aquilo era mais um fato que atraía sua atenção. Notou que a mulher em momento algum converteu suas origens para agradá-los, muito menos agiu como uma coreana com o único intuito de ser vista de boa forma. preservou a sua origem latina, respondendo a educação do homem da forma que pertencia ao seu mundo e aquele detalhe era mais um fator que a tornava mais diferente. — Ficarei apenas na água. — Ela estendeu o copo d’água com humor e ele sorriu gentil, assentindo com a cabeça.
— A sua tomada é a quatro, começamos quando quiser. — A dançarina concordou extasiada, nem se dando conta que já tinha chegado na sua vez. Ela levantou da cadeira e mirou um olhar para a sua figura no espelho, esperando que o restante da equipe saísse e ela pudesse ficar consigo mesma. O barulho do ambiente estava pressionando os seus pensamentos para um aglomerado de sufoco e desfoco, não sendo o seu típico comportamento, e ela se sentiu um pouco apertada sobre a própria pele. Ela suspirou, por fim, liberando o teor nervoso de seu corpo e partindo em passos firmes até o corredor do estádio. ouvia o barulho dos seus pés anunciaram a sua chegada antes de sua figura e sabia que em alguns segundos vários olhares seriam direcionados para a sua presença.
Novamente, se viu como uma mulher forte. Só pela forma que seu corpo se condiciona ao centro do palco, ignorando os olhares e sustentando o seu foco, aquilo dizia muito de quem ela se tornou. Era uma competição, como outras que enfrentou na vida, mas era uma nova chance. O não ela já tinha, agora precisava lutar para conquistar o sim.
Com os pés fixos no ponto-chave do palco, conduziu os olhos para a platéia e a música ganhou vez no segundo em que ela fechou os olhos.
escolheu dançar ao som de pretty hurts. Aquela foi a maneira perfeita que encontrou para exteriorizar o que queria transparecer ao mundo: todas as mulheres carregam dores. Todas as mulheres carregam inseguranças. Todas as mulheres carregam pré-conceitos esculpidos para ditarem a sua posição como mulheres. Todas as mulheres não são o que o mundo espera que elas sejam; todas as mulheres são apenas o que são e é isso que importa. Todas elas são guerreiras e a beleza dói.
Dói porque enfrentar o mundo não é fácil. Dói porque aceitar-se diante do espelho não é fácil. Dói porque superar monstros e proteger as suas barreiras não é fácil. Dói porque, ser mulher, não é fácil.
É por causa de todos esses “poréns”, aglomerando, emparelhados, amontoados e conexos, que faz todas as mulheres serem lindas. E , do jeito que reconhecia ser, só queria que o mundo soubesse disso.
Ela dançou com graça pelo ar, com o sincronismo mesclando os das notas musicais e com toda a sua alma exalando por cada um de seus movimentos. Era a sua necessidade, a sua devoção, a sua única intenção.
A coreografia falava muito por si. O contraste de sua emoção com o remexer de seus ossos encantava todos aqueles que lhe assistiam. Ela estava criando arte, não só através da mensagem que pretendia passar, mas com o instrumento mais valioso: o corpo.
, do outro lado do palco, sentiu o seu organismo bombardear uma quantidade ridícula de excitamento e euforia quando viu o topo da cabeça da mulher aparecer na escada de entrada do palco. Ele contemplou o vestido brilhante e radiante da brasileira, mais para crer que ela era humana e não um mero delírio, e suspirou fundo, preparando o seu coração para o impacto ao qual ele sabia que, com toda a certeza, seria significativo.
Ele estava sob câmeras. Ele sabia disso.
Ele estava sob fortíssima influência de tensão sexual. Ele também sabia disso.
O seu cérebro passou a trabalhar à mil e levou alguns segundos para conseguir encontrar uma posição.
Os olhos felinos de encontraram os de e o resto pareceu entrar em modo lento, velocidade mínima, quase como se o universo houvesse sido interrompido e só existisse a brecha de uma partícula lhes dividindo e unindo. murmurou uma espécie de murmúrio frustrado em resposta ao rubor nivelado que incendiou as bochechas da mulher. Ela buscou girar o corpo na posição contrária, só para fugir do contato visual, mas o seu corpo respondia ao mecanismo mais sacana que o seu autocontrole; o desejo.
manteve seu poder acorrentando em seus domínios e, depois disso, quando a música estava próxima a acabar, se preparava para finalizar a coreografia e o seu coração batucava fortemente dentro do seu peito incentivando a mulher a sorrir cada vez mais orgulhosa. forçou-se a não ceder ao o que se tornava mais evidente: ele estava diante daqueles momentos que, quando não planejados, podem causar um caos.
Estar na Argentina foi a primeira parte do seu problema não planejado e, o caos, veio nada menos do que na personificação de uma deusa do hemisfério ocidental.
Ele voltou aos seus sentidos quando deixou o palco sob uma sinfonia de aplausos e prometeu a si mesmo de que aquela mulher lhe devia uma satisfação — iludir-se com aquela suposição foi a única coisa que o ajudou a continuar seguindo pelo corredor escuro em direção aos bastidores.
respirou pesadamente ao ouvir os barulhos dos pés de andar de lá para cá, do outro lado da porta, parecendo impacientes. Ele segurou a maçaneta da porta e ficou um momento cogitando a ideia de vê-la, ou abordá-la, depois de sua despedida não convencional e clara na noite anterior. não esperava muita coisa, mas queria ao menos conversar com ela para não deixar que o clima entre eles viesse a ser estranho demais a ponto de outras pessoas notarem.
Ou aquela era outra desculpa que ele traçava apenas para vê-la.
suspirou e bateu na porta duas vezes. Os passos de pararam e ela soltou um “entre!” automaticamente, soando desprevenida. rodou a maçaneta e no próximo segundo desabou toda a sua guarda.
estava com parte de seu corpo apoiado na penteadeira e suas mãos firmavam o peso em volta de sua cintura. Ela não usava mais as luvas brancas e de cetim, mas continuava com o restante do figurino.
— Você está ocupada? — Os ombros de desabaram e ela pareceu surpresa, abrindo a boca cerca de três vezes para buscar alguma resposta.
— Não. — Ela respondeu categórica. Engoliu em seco, encarando agora o vazio atrás de , e virou-se de costas para ele, passando a retirar os acessórios do figurino. estava visivelmente desconfortável, não tendo nem ânimo para tirar as mãos dos bolsos da calça. finalmente terminou o seu momento de dispersão e sentou-se no divã, encarando . Ele não soube como começar a sua colocação, mas seria agora ou nunca.
— Você foi fantástica hoje. — Ele começou lembrando-se de que deveria creditá-la pela apresentação impecável. Ela sorriu tímida.
— Muito obrigada. — assentiu de automático. Os dois riram minimamente e ele voltou a se sentir um completo idiota por estar perto dela. — , eu acho que nós… — Ele sorriu de olhos fechados, indicando que conhecia bem o caminho que iria seguir naquele momento. Ela ficou ainda mais deslocada, odiando ter se esquecido de como se portar em situações como aquela. O olhar do ídolo perdurava em sua feição e ela sentiu mais confiança para pronunciar as seguintes palavras. — Acho que nós precisamos conversar.
— Eu concordo. — Ele simplesmente disse com um sorriso de canto e um semblante sereno. pensou se estava apenas delirando ou havia ficado feliz com a menção de uma conversa, mas mudou o foco para não afundar em um assunto que, na sua cabeça, não deveria nem ser levantado.
— Queria começar primeiramente dizendo que é péssimo ficar nesse clima. — Ela apontou para os dois e gesticulou algo que parecia um desconforto, despertando um riso humorado de . Ele passou a mão pela testa, simulando estar limpando o suor, e sorriu aliviado. — Acho que não precisamos disso, não é? — Ela esperou que ele falasse algo. Só tendo o silêncio como estímulo, sorriu mais relaxada e ajeitou as mãos no cabelo. — Podemos esquecer o episódio de ontem à noite. Creio que seja a melhor forma de zelarmos pelo lado profissional até o fim do programa.
viu aquilo chegando. Tanto viu que já estava pronto para ouvir antes de começar a dizer e no final não pensou que teria uma reação melhor do que apenas concordar e deixá-la dizer o que queria. Ele, no fundo, concordava com o que ela acabara de dizer. Não é de todo mal esquecer aquela noite, deveria ter sido, na verdade, o primeiro pensamento de quando despertou. Casos de uma noite se chamam assim por uma razão, certo?
Ele sabia disso.
Droga, ele sabia de várias coisas, porém nenhuma delas parecia validar tudo o que se passava dentro de sua mente.
— Vendo agora, fui insensata por deixar as coisas chegarem naquele nível. Não há motivos para justificar o meu comportamento, mas não quero que isso nos atrapalhe daqui para frente. — trilhou o caminho da pele em seu rosto para limpar o vestígio de brilho que moldou em sua feição durante a apresentação, só naquele momento fazendo com que notasse que, de fato, não era uma fada que irradiava brilhos naturais.
— Ou nós podemos simplesmente nos aventurar tendo uma amizade profissional colorida. — As palavras estavam supostas a saírem da boca de com um teor humorado, mas quando ele chegou à última pronúncia, não viu nada além de uma verdadeira insinuação e proposta detrilhando-se aos olhos de . Ela piscou algumas incontáveis vezes em busca de um pico de consciência. A direta do homem lhe atingiu em cheio no ponto mais baixo — aquele que ele ferozmente explorou na noite passada. Estava elétrica, ela sabia disso, mas tentou fingir que não por causa daquela razão em especial.
Os olhos de balbuciavam um incêndio que mal pôde se controlar para não adentrar. Ela se sentiu estranha quando notou que a sua primeira reação não fora rir descontraída na cara do homem e negar a proposta, mas sim considerá-la por um tempo que perdurou demais, além do necessário. conseguiu penetrar na área proibida de seu cérebro, aquela responsável por deixá-la ouvir o seu coração, e não tardou em frear a sequência de sugestões que preencheram seu subconsciente.
— Não é uma boa ideia. Estou em uma posição desfavorável aqui, . — ficou inquieta e levantou-se do divã, partindo para o lado oposto da sala. — Você não tem nada a perder, está com o seu lugar garantido e trilhado. E eu? — Ela sorriu cansada. — Estou ralando para valer em busca de uma única oportunidade. Acho que misturarmos isso não terminará da melhor forma para nenhum dos dois.
O ídolo sentiu o peso das palavras atingirem o seu rosto como uma bolinha de ping-pong e a consciência de ser a raquete que deu o movimento de forma brusca. É claro que ela está certa, como não estaria?! Aquilo tudo tinha começado errado desde o primeiro segundo em que eles não dirigiram as palavras um ao outro de forma formal e profissional, mas qual problema tinha em extravasar uma maldita vez em sua vida? Enxergar a todos de forma profissional e limitada era algo que nunca fizera, mas passara a se arrepender naquele exato segundo.
Ele se sentiu envergonhado. Diante dos olhos maduros e confiáveis da mulher, ele sabia bem que ela não tinha pretensões nenhuma em usá-lo para a competição, para o sexo ou para qualquer coisa. Esse fato lhe confortou, mesmo que tenha sido minusculamente ridículo em comparação ao sentimento de rejeição que aflorava em seu peito.
Agora notou que não era quem deveria fazer o seu tipo. Ela era, facilmente, o seu tipo mais fantástico e fictício — era boa demais para um homem como . A verdade é que era ele quem não fazia o tipo de .
— Você está certa, sinto muito por ter dito isso. — Em um pico de noção, partiu em direção à porta e segurou a maçaneta com determinação, aspirando o ar e desprendendo das paredes de sua mente toda e qualquer dimensão de . Ele estava extasiado e iludido, era só isso, acabaria em poucas horas. Ao se virar para prestar condolências a ela e prestar sua despedida, reforçou o seu ponto, sabendo que era o único fato que lhe faria seguir em frente naquele dia. — Me desculpe pela indiscrição, senhorita , não irá se repetir. Espero que tenha uma boa noite.
Quando a porta do bastidor fechou-se à frente do homem, se desmontou no assento, respirando um pouco mais descompassada. Céus, aquilo havia sido desconfortável e embaraçador o suficiente! Culpou-se rapidamente por ter deixado a situação chegar até aquele ponto, onde é que estava com a cabeça? Não deveria ter dado início à um problema daquela dimensão, por céus! Foi imprudente e irresponsável, odiou admitir, mas era pior ainda resistir para ceder aos seus pensamentos involuntários.
Se estivesse em outro pé e lugar, teria facilmente aceitado a proposta de , ainda mais por ver o homem como a exata proporção daquilo que ela sabia ser capaz de combinar perfeitamente com suas vontades e almejos.
Só que ela não estava. Ali, ela só tinha um objetivo.
Vencer a competição e lutar pelo seu sonho.
foi um efeito colateral no meio do percurso e deveria continuar daquela maneira.
Foi isso que ela custou a aceitar quando saiu do bastidor e forçou-se a ignorar o rastro do perfume deixado pelo ídolo. O cheiro, assim como as lembranças, brincavam traiçoeiramente com os seus sentimentos.
✳✳✳
— , pelo amor de Deus, você está se arrumando para uma estréia ou para o seu casamento?
Jinhyun gritou da varanda, ouvindo o riso alto do ídolo ser a sua resposta. O manager apoiou o peso do corpo na grade e suspirou fundo, passando a lembrar-se do por que odiava esperar se preparar para uma estréia: o ídolo sempre achava que aquele era o momento da sua vida e dedicava incontáveis minutos em busca da perfeição.
— Você é feio de qualquer jeito, para quê se empenhar em mudar isso? — Jinhyun disse ao ver cruzar o corredor do loft e lhe lançar o dedo do meio.
— A inveja é um pecado, Jinhyun, você deveria melhorar como ser humano. — O ídolo rebateu a alfinetada do amigo e se jogou no sofá, suspirando cansado pela primeira vez no dia. Não havia parado quieto por um momento desde as seis horas da manhã e só queria que o fim do evento chegasse para ele despencar na cama e esquecer que o mundo existia por longas horas.
O manager chutou os seus pés pregados em cima da mesa do centro e empurrou o homem pelos ombros, estimulando que ele voltasse a se animar.
— Vamos, pirralho, você deve dar o ar da sua graça nessa estréia, querendo ou não. — Jinhyun fechou a porta atrás deles e puxou pelo pulso como se o mais novo fosse uma criança rabugenta e pudesse começar a bater os pés a qualquer minuto. — Seja comportado como sempre e eu pensarei se te darei uma noite livre no fim da semana. — ia sorrir motivado, mas lembrou-se de que não estava afim de mais noites livres. Sair para se divertir poderia custar mais uma frustração, como havia sido com a ilustre brasileira, e não sabia se teria psicológico para lidar com aquilo novamente. Apesar de soar uma boa ideia afundar a mente em algo além da mulher, ele não tinha ao menos certeza se conseguiria esquecê-la depois do momento que dividiram. Aquilo estava se tornando cansativo e desanimador.
— Estou fora desse tipo de coisa por enquanto, Jinhyun. — quis dizer aquilo só para o amigo desistir da ideia de lhe dar recompensas. Iria fazer o seu trabalho e, no final, chegar a casa na paz de seu espírito. Era aquilo que queria fazer e, com sorte, seria o que faria.
Jinhyun sorriu estupefato para o ídolo e passou a cantarolar uma provocação, não engolindo facilmente aquela conversa. rolou os olhos por um tempo prolongável e suspirou apático, esperando Jinhyun parar de romper os seus ouvidos com comentários ridículos.
Ao terem estacionado na entrada do evento, arfou o peito e ajeitou os cabelos pela última vez.
— Eu não consigo acreditar em nada do que você disse. — Jinhyun disse baixo para , entrando no personagem de figura pública que representava ao lado do ídolo, mas sem perder o momento para continuar com a discussão.
— Então não acredite. — respondeu. — Não me importo.
— Não me diga que essa sua repulsa pelo assunto é por causa de um pé na bunda que levou? — Jinhyun encontrou o núcleo do problema e se divertiu sozinho, mesmo que sorria humorado para as câmeras. — Isso, sim, é algo que eu acredito veementemente! Oh, Lorde, finalmente foi rejeitado!
começou a se irritar e ia cutucar com o cotovelo a extensão da barriga de Jinhyun, mas ao ver adentrar ao ambiente com o seu vestido vermelho, ele despencou seu maxilar e pensou que poderia encontrar a crosta terrestre.
Ele levou alguns segundos para tirar a expressão de profunda admiração, só voltando aos seus sentidos quando Jinhyun lhe empurrou e indicou o caminho.
parecia um holofote no meio da escuridão. Estavam cercados de pessoas, câmeras, telespectadores, mas ali, contemplando aquele corpo milimetricamente perfeito no tapete vermelho, perdeu a noção de tempo e espaço. Parecia que um ímã lhe arrastava para o mesmo epicentro, o mesmo metro quadrado que a brasileira tomava conta. queria simplesmente agarrá-la mais uma vez e sentir o choque dos lábios fartos e ágeis da mulher dominar cada poro de seu corpo.
a queria tão demasiadamente que chegava a doer.
— Tire essa carranca impressionada e apaixonada da cara, , todos vão começar a perceber quem foi a musa que lhe deu o fora do século. — Jinhyun cochichou no ouvido do amigo e riu intrigado quando passou por ele e acenou minimamente, parecendo estar infinitamente menos desconfortável artística do que , uma verdadeira atriz moldada para lidar com uma situação que já estava acostumado de cor. Aquela não era a primeira mulher da mídia que ele se envolvia, mas parecia ser a primeira capaz de desestabilizá-lo e fazê-lo se esquecer de todas as aulas de atuação que tivera na vida. — Por Deus, seja mais discreto! Eu estou tentando trabalhar aqui, cara!
balançou a cabeça duas vezes até seu cérebro parecer se realocar e funcionar como o esperado. Olhou em volta de si e viu alguns olhares serem lançado com um teor de curiosidade, mas ele logo sorriu galanteador e diminuiu os pensamentos dos demais. Ele, sem muita opção, caminhou em direção à , onde ela se situava agora para fazer parte da apresentação da abertura do evento. Ela estava parada ao lado de um dos principais dirigentes do espetáculo e o homem parecia estar anestesiado de alegria por ter uma mulher daquele nível ao seu lado, notou de imediato. Quase riu zombado e com um leve desconforto exalando de seus sensos.
captou o olhar do ídolo sob ela, os movimentos ligeiramente preparados para se aproximar o mínimo possível. Ela endireitou as costelas e sorriu para as câmeras, ignorando a presença de quase ao seu lado. Uma palma de mão encontrou o caminho de suas costas e ela não buscou conhecer o dono desta, estava focada demais em ser o mais sociável e acolhedora diante os olhos da mídia.
— Já te falaram que vermelho é a sua cor?
A dançarina inspirou todo o ar à sua volta e pensou que olhar para o lado despretensiosamente poderia se tornar uma missão difícil de ser concluída. Remexeu as pernas e se colocou num ponto estratégico; um em que as câmeras não poderiam ver brincando com o tecido de seu vestido.
— Talvez.
sorriu mais enamorado e sorriu um pouco mais alegre para as câmeras. Jinhyun tratou de distrair a atenção do público para a sua figura, fazendo uma graça momentânea, sabendo que não estava conseguindo se controlar. Não o culpava, também, ainda mais por ter uma mulher magnífica como aquela como o motivo principal de sua falta de compostura. Mais tarde zoaria o amigo e lhe diria que não iria repetir a cena, mas no momento só queria que o ídolo tivesse um momento com a mulher. Apesar de ser perigoso e ter a obrigação de lhe adverti-lo da aproximação, Jinhyun queria que tivesse esses momentos e fizesse a sua vida um pouco mais excitante e vívida.
O fotógrafo indicou que queria tirar uma foto apenas de e de , fazendo com que os demais se afastassem e se distribuíssem para as demais fotos em dupla. murchou um suspiro sem vida pelos lábios e endireitou-se ao lado de , virando o corpo para o lado dele e mantendo o rosto distante, bem longe do seu, direcionado para os flashes.
apertou o corpo da mulher contra o seu e firmou a sua mão em volta da cintura dela com um prazer recém-descoberto. Ele estava viajando nas nuvens com aquela sensação. Sentiu-se infinitamente abençoado por estar sendo visto ao lado daquela musa, ainda mais quando sorria confiante e centrada no campo das víboras. Ele quis dizê-la o quão orgulhoso estava por estar a vendo se tornar, realmente, uma celebridade digna dos holofotes, mas não teve tempo. já estava sendo puxada para a próxima foto e era carregado, quase pelos ombros, por Jinhyun.
Antes de se afastarem e cada um seguir o seu caminho para o espetáculo, se olharam brevemente por um momento, sorrindo educadamente e formalmente para se despedirem.
— Você está formidável, senhorita . — arriscou elogiá-la.
sorriu mais abertamente, acenando em agradecimento, da forma ao qual estava habituado em seu país. Os olhos se voltaram para eles e, além de estar se sentindo estranha por ter automaticamente se moldado nos enquadres da cultura de , não deixou de terminar a sua demonstração de respeito. , alguns passos distante, quase explodiu em felicidade e seu rosto indicava o encantamento que a mulher exercia sob ele. Ao vê-la encurvando-se para ele, minimamente, não o suficiente para se tornar menor ou sobressaída pela pose, sentiu seu coração se apertar contra os ossos.
— E você está dando para o gasto, senhor .
foi arrastado para longe, mas deixou o seu sorriso vagar pela distância e impregnar no olhar de .
Até mesmo Jinhyun, abalado com o poder da mulher, suspirou fundo, amaciando os ombros do amigo, e lhe indicando o caminho a seguir.
— É, , agora eu compreendo completamente o porquê você ficou na fossa.
✳✳✳
rodou o corpo com os calcanhares e esticou os braços para alcançar a parte sólida da parede. Era a quarta vez que tentava concluir o seu exercício físico diário, mas o peso dolorido contra as suas costas lhe fazia desabar no chão para repor as energias. Estava cansada, como nunca esteve antes, só de relembrar que ainda era meio-dia e tinha uma longa bateria de obrigações para cumprir.
Uma das concorrentes bateu na janela de vidro e advertiu de que a sua gravação estava para iniciar. A brasileira retribuiu com um aceno educado e agradecido, passando a correr com o pouco ânimo que tinha, até a sala de takes. Os competidores que chegavam prestavam mínimos cumprimentos para a brasileira e ela retribuía na mesma intensidade, pensando que não era só ela quem estava exausta. Seus músculos estalaram com os movimentos e ela suspirou frustrada, odiando a sensação de estar perdendo a capacidade de manter-se impenetrável.
entrou na sala com o escaldo de Jinhyun e sentou-se na última cadeira. Sua cabeça latejava desde a noite anterior, o momento em que decidiu tomar um porre e afundar suas frustrações no álcool latino, mais precisamente a amostra da água batizada por Deus, como ele acreditou ser. O líquido desceu rasgando as paredes de sua garganta e ele achou que era leve o suficiente para poder mergulhar mais alguns drinks goela abaixo. Depois de sentir os braços de Jinhyun em volta de seu corpo, lhe arrastando de volta para o hotel, ele percebeu que exagerou.
Exagerou porque o álcool foi uma tentativa chula e fracassada de esquecer-se de . Exagerou porque se esforçou demais em tentar encontrar alguém que lhe arrepiasse da mesma maneira que o arrepiou só com o contato visual que estabeleceram naquela pista de dança. Exagerou porque soou ridículo, depois de ter se humilhado naquela noite, ter chegado a pensar que ela era superável.
Exagerou, inclusive, em ter levantado da cama nesta manhã e se dirigido até a terceira fase do reality show. Ele ainda se sentia um pouco exaltado pelas emoções e ao vê-la no meio dos demais competidores foi uma facada certeira no seu coração. Tão linda e concentrada, tão focada e parecendo estar precisando de algumas horas de sono, não cansava de fazer ter certeza de que não iria esquecê-la facilmente.
A prova seria em grupo e cada um deles deveria “rebater” uma coreografia mais aperfeiçoada em resposta aquela dançada pelos demais. odiava ser posta para tentar diminuir o trabalho dos outros, mas era uma competição, de toda forma. A música soou no alto das caixas de som e ela amoleceu a musculatura, começando a se acostumar com a batida e arquitetando uma sequência de passos que combinassem com o timbre da música.
ainda sentia a carga energética de roçando o seu corpo contra o dele, como fizera na pista de dança, e se encolhia no assento ao vê-la começar a repetir passos semelhantes àqueles que encenaram ao seu lado. Ele se sentiu maldoso por não prestar atenção a ninguém além dela, mas era difícil resistir aos seus estímulos quando ela sabia perfeitamente o que fazer para conquistar o seu espaço no mundo.
Ele sentiu-se tomado pela densidade de determinação e força que servia. Ele
— Eu tenho uma ideia. — sussurrou no ouvido do segundo instrutor de dança, vendo o homem rodar o rosto em sua direção e buscar compreender as pretensões do ídolo. sorriu enigmático, levantando-se em seus pés e preparando o caminho para a pista de dança. — Que tal nós agregarmos um elemento final na prova? — Ele abriu os braços para o homem e ofereceu uma piscadela, indo de volta para o centro do palco, vendo os olhares mudar os focos e ficarem confusos por um momento.
rodou o corpo ao ter chegado ao meio dos competidores e simulou alguns passos de dança que ele habitualmente compunha para as coreografias de suas músicas. Os concorrentes entenderam o objetivo do ídolo e se embalaram nas intenções de , apesar de que apenas um deles sabia como aquilo iria terminar.
sorriu para a primeira concorrente que parou ao seu lado, uma loira que se não se enganava era chilena. Ela improvisou alguns passos de dança para atrair o olhar de , se empenhando com toda a sua determinação em agradá-lo.
Ele lhe agradeceu formalmente quando terminaram de dançar juntos e foi para o lado do outro concorrente, retribuindo o cumprimento inusitado que este lhe ofereceu quando foi pressionar o seu punho fechado contra o punho fechado do jovem. Os dois ensaiaram movimentos tradicionais do street style e se divertiu com a espontaneidade do garoto.
Depois, quando partiu para o próximo concorrente, ele mal conseguiu ignorar a sua mudança de humor. Era , parada com os braços cruzados, arqueando as sobrancelhas e lançando um olhar que custaria muitas noites em claro para o homem. Ele suspirou fundo, derretendo um sorriso íntimo e inusitado, aproximando-se dela, bem da maneira que ele quis surpreendê-la. Ele só havia levantado da cadeira e vencido a sua ressaca para provocá-la e ter aquele momento com a mulher, apenas para relembrar a sensação de dançar ao seu lado.
— Você é ridículo, . — Ela murmurou quando ele segurou em sua mão e lhe rodou no ar, deixando um espaço entre os dois e voltando a puxá-la de volta para os seus braços. lhe abraçou por trás, roçando rapidamente o queixo no pescoço da mulher, e estimulou a acompanhar o ritmo de seu quadril. A dançarina, não querendo ceder aos encantos do ídolo e sabendo bem que aquela provocação desmedida tinha um objetivo particular, afastou-se do ídolo, de costas, remexendo os quadris e orquestrando um contraste com os seus braços que fez parar por alguns segundos e contemplá-la completamente. A mulher levou as mãos pelos cabelos e os levantou, como cascatas, até que ela esticasse um deles e segurasse na gola da camisa do ídolo, puxando-o minimamente. Ela impulsionou o peito para a sua direção, enquanto o seu quadril se levantava e se empinava para trás. escorregou as mãos pelo peitoral semi despido de e encontrou o chão, lançando as mãos para as zonas próximas de sua virilha e montando uma esfera proposital. Suas nádegas brincaram no ar e ela jogou os cabelos para frente, girando a cabeça e puxando os cabelos para trás novamente, sorrindo encabulada para ele.
deslizou pelo espaço que os dividia como se houvesse se esquecido de que estavam em público e partiu para trás dela, segurando em seu quadril, e a deixando erguida novamente. brincou de negar com o dedo indicador o movimento do ídolo e o empurrou pelo peitoral com as mãos, voltando a continuar dançando e atiçando a sua atenção. Alguns gritos em comemoração soaram distantes de seus ouvidos e não se preocupou em agradecê-los. Se queria provocá-la, ele teria que aprender, primeiramente, de que ela estava anos-luz à frente das manhas do homem.
— Você terá o que quis, . — Ela disse para o homem, novamente segurando em suas mãos e o trazendo para próximo. — E essa é a minha vez de não ser misericordiosa. — escorregou para o lado e dançou um pouco em volta do concorrente que estava próximo deles, mantendo o seu olhar fixo em , exteriorizando que aquela era a sua provocação. O concorrente endureceu no seu lugar, não sabendo ao menos como respirar com aquela movimentação da mulher ao seu redor, olhando de imediato para e vendo que o ídolo estava tão perto de um estupor mental como ele.
era sofisticada com os seus movimentos, mostrando a todos que conseguia muito bem emoldar seus ritmos de acordo com a necessidade.
Ela é uma artista. De corpo e alma, era por si só arte.
seguiu a tomada de palmas em referência à mulher e, quando ela finalizou o seu ato, ele sabia que o feitiço havia se virado contra o feiticeiro.
As filmagens se finalizaram e todos se dispersaram pelo recinto, cada qual agradecendo a gravação e partindo para os seus aposentos, focados em se preparem para o próximo take. , inundando os pensamentos de , lhe lançou um último olhar antes de fechar a porta atrás de si e seguir o seu caminho para o quarto.
notou que os seus pés começaram a seguir o rumo da mulher e só se deparou com a sua escolha quando encontrou a porta dela semi-aberta.
Num lampejo de consciência, ele pensou estar delirando e viajando nos seus desejos. Ela estava firme para negá-lo, não é? Então por que infernos ela o havia atraído até ali?
— O que você tem na cabeça, ?! — Ela atacou com a sua voz alta quando o homem cruzou o seu quarto e pareceu perdido por estar ali. Ele levou um tempo para olhá-la e vê-la parada, com os braços na altura dos quadris, lhe lançando um olhar bravo e extasiado. Ele desmontou um sorriso tímido e coçou a nuca.
— Francamente, nesse momento, pouca coisa. — Ele respondeu. Ela arregalou os olhos, ainda mais indignada, e suspirou fundo e sonora, rolando as mãos pelos cabelos e grunhindo descontente.
— Você queria que todos percebessem o que aconteceu entre nós? — Ela rebateu a colocação do ídolo. Sua veia vocal pulsava pela pele e engoliu em seco ao vê-la brava e insatisfeita com a brincadeira que ele traçou entre eles. — Qual foi o seu plano com toda aquela merda?
— Você não aparentava estar tão brava quando esfregou a sua bunda no meu quadril. — a provocou só porque não conseguia perder a oportunidade. Ela abriu a boca, perplexa, e fechou os olhos, contando até a quantidade de números precisos para fazê-la não perder o controle. — Qual é, , foi divertido e movimentou muito melhor a prova. O público gosta disso. Por que você está agindo assim?
— Porque você não cansa de me provocar, ! Parece que você quer se provar a todo o momento o quanto… — se restringiu e parou de falar assim que notou o que iria dizer. sentiu o tranco em seu coração e se animou ainda mais, querendo deixar a mulher tentada a terminar o desabafo. Ela apoiou-se no sofá e fechou os olhos com as mãos, não conseguindo nem ao menos continuar o olhando.
— O quanto o quê, ? — diminuiu o timbre e traçou um caminho com os dedos pelos lábios da brasileira. Ela sentiu o choque dos dedos do homem contra a pele dos seus lábios e suprimiu a vontade de beijá-lo só com aquele mero estímulo.
— O quanto você me deixa louca. — achou que era aquela sensação que sentia quando acreditava ter ganhado na loteria da vida. A mulher disse a frase com uma entonação verdadeira e confiante, não sentindo a vergonha que poderia sentir ao ter revelado aquela verdade. Ele se encantou, ainda mais, por ela ser do jeito que é.
Com os olhos da Medusa, ele poderia queimá-la em uma esplêndida chama. Ele não se importava se o Sol ou a Lua iriam aparecer, nem se tê-la seguido poderia se tornar numa bola de confusão.
— Então não torne as coisas difíceis e se renda, . — dedilhou o rosto da mulher. — Porque eu não vejo a hora de lhe mostrar o quão louco eu também sou por você.
Antes que pudesse dizer outra palavra, os lábios de encontraram os seus e os tornaram como prisioneiros. Ela tentou se inclinar para trás, ou pelo menos é o que disse a si mesma, mas descobriu que suas resistências falharam miseravelmente. Seus lábios brincaram sobre os de em um ritmo doce que lhe deixou cambaleando, sem fôlego, e silenciosamente implorando por mais. Seus lábios se separaram e ele levou seu lábio inferior em sua boca, mordiscando-o. Ela voltou ao nível de coerência, tomando o lábio superior para si, e viu ali a sua chance. Uma vez que a sua boca se abriu, lançou a sua língua e explorou aquele lugar que ainda tinha o seu gosto. sugou uma respiração inesperada do seu nariz e sentiu os dedos dele cavando em sua coxa. Ela tirou o braço do aperto dele e mergulhou as duas mãos, entraváveis e impiedosas no cabelo dele, puxando-o levemente para perto dela. Ele rosnou de algum lugar no fundo da garganta e envolveu ambos os braços em volta de . Uma mão escorregou em seu cabelo, retirando o elástico de seus cabelos e deixando a tonelada de fios sedosos despencarem pelo rosto da mulher.
No momento em que seus lábios finalmente se separaram dos de , com ambos respirando com falta de fôlego, ele beijou o queixo da mulher e seus lábios pararam na curva do seu pescoço, onde se juntou ao seu ombro e mordiscou lá um pedido por mais, bem no seu ponto fraco, o responsável por fazê-la choramingar.
Isso era tudo que ele precisava ouvir.
Ele atingiu o balde de ouro no final do arco-íris. Ambas as mãos encontraram a parte inferior das costas de e seus lábios e língua fizeram um trabalho perspicaz de curta duração de um lado do seu pescoço, migrando para o outro lado e deixando mordidas de amor e chicotadas de língua ao longo do caminho. Ela rolou a cabeça para trás e para o lado, dando-lhe acesso total, expelindo barulhos suaves e ofegantes em seu ouvido.
Ele murmurou algo sobre como ela era apaixonante e ela sorriu cativada, virou-lhe, pairando sobre ele, com o olhar de quem não compreendia como haviam chegado naquele ponto. Ela cravou as unhas nas costas dele e girou ligeiramente os quadris, trazendo mais ao seu redor quando ele se afastou minimamente dela.
— Deveríamos parar. — Ela disse sem nenhum indício de fôlego.
— O que está errado? O que eu fiz? — respondeu preocupado e nervoso. As mãos de se amoleceram em volta de seu corpo no sofá e ela riu rapidamente, passando a acalmar o seu peito.
— Você não fez nada errado, é aí que está o problema. — Ela abriu os olhos e fuzilou o ídolo. — O problema está no quê eu não posso fazer.
— O que você quer dizer? — surtou por um momento. suspirou fundo, num som que soou como um choramingo triste, e mordeu os lábios.
— Quero dizer que, se você me beijar novamente, eu não vou conseguir ir embora mais uma vez.
deixou seus braços desmoronarem ao lado de e colocou a cabeça por cima dos peitos dela, suspirando após respirar ter se tornado a sua atividade mais dificultosa. As mãos de se enroscaram pelos fios de cabelo do homem e ela pareceu estar plenamente acomodada naquele amparo. Os braços de ganharam vida e lhe rodaram, acolhendo o seu corpo no contato físico dele.
Ele se afastou ao som do seu batimento cardíaco. As borboletas se acumulam em seu estômago e fizeram com que se contorcesse por cima de . Ela sabia que não estava pronto para lidar com aquela conversa, pelo menos não ainda.
Mas se a sessão que acabou de ter e, depois do olhar de ter lhe revelado o mesmo, ela aceitou a ideia de que não haveria preocupações, nem medo ou arrependimentos.
— Eu acho que devo pedir desculpas. — proferiu o seu pensamento. lhe cercou com suas pupilas dilatadas. — Eu achei que não seria você… — Ambos começaram a sorrir distintamente. , sem um pingo de receio em se revelar, enquanto que se enrustia com certezas de que aquele foi o erro mais certeiro que cometeu. — E eu lo siento mucho por ter errado na minha previsão. Acabou que, ironicamente, é você.
— Sou eu, quem?
mergulhou o rosto nos cabelos cheirando à rosas da mulher. Ele depositou beijos pela extensão do pescoço dela e, ao chegar no ângulo de seus lábios, ele gentilmente beijou os lábios de , transmitindo a onda de adoração e paixão que estava começando a se expandir em seu coração.
Ele sorriu, por fim, abrindo suas órbitas oculares e enchendo a mulher daquele sentimento traiçoeiro que ela quis tanto fugir.
— A minha rainha que não precisa estar montada em um cavalo para lutar diariamente nas batalhas da vida.
A mulher estava agitada, se fosse admitir a orquestra de sentimentos que cantarolavam em seu coração, quando se lembrava de que dentro de alguns minutos poderia pôr toda a sua vida em uma linha de combate ou, no pior das hipóteses, estacioná-la, por mais alguns anos, no mesmo lugar de sempre; o comodismo.
era uma mulher forte, sem dúvidas conseguia reconhecer isso. Sabia que a sua vida havia sofrido alguns efeitos colaterais por causa das escolhas que precisou tomar durante a sua subida para o sucesso, mas estava satisfeita de tê-las feitas, não importando se eram as que mais se orgulhava ou as que tentava esquecer para não se lamentar pela inocência e ingenuidade de antigamente. Era o que era, do jeito que poderia ser, e não se preocupava mais em se arrepender por causa do que estava fora de seu controle — o poder da aceitação fora como um triunfo milagroso para ajudá-la a se tornar quem era.
Um helicóptero passou baixo, tão próximo do solo que cogitou a ideia de estar prestes a presenciar um acidente lendário. Quando percebeu que deveria ser apenas mais um engomadinho estrangeiro anunciando a sua renomada chegada, a mulher seguiu os passos apressadamente até o prédio, podendo contemplar as árvores se remexendo inquietamente com a força do ar que o pouso da nave gerou. Desviando de um grupo de adolescentes, esperou que a equipe de segurança lhe permitisse a ultrapassagem, embora eles estivessem empenhados em manter os olhos presos no topo do prédio, aquela área que era visivelmente o almejo de quase toda a população da cidade de Buenos Aires — o famigerado topo da hierarquia, onde os grandes podiam ser grandes e os pequenos seriam apenas minúsculos pontos insignificantes. Feitos para participarem da cena, mas nunca como os protagonizadores, deixou que a sua memória vagasse de encontro à época em que ela conhecia bem aquela sensação de ser pequena demais para vivenciar as grandes coisas.
Hoje, anos à frente, a mulher só tinha certeza de que era grande o suficiente para enfrentar a imensidão desse mundo. Não seria uma série de “nãos” ou de empecilhos que iriam tirar isso de sua mente, muito menos uma hierarquia injusta.
— A documentação, por favor. — O único porteiro que parecia estar disperso da movimentação que se alastrava pelo prédio empresarial saudou a mulher, não tão educado quanto ela esperava, estendendo a mão para que ela entregasse a credencial. puxou o pedaço de papel plastificado da bolsa e repassou para o homem, esperando que a cerimônia não tivesse se iniciado e ela pudesse continuar mantendo a fama de excepcionalmente fiel aos horários. Depois de várias teclas e telas puladas, o homem devolveu o documento juntamente com um broche registrando o número 69. A mulher sorriu sem acreditar na coincidência e o porteiro fingiu não ter notado a mudança de humor de , evitando se divertir com a demonstração de malícia. — Nono andar, terceira porta à direita. Boa sorte.
Custou poucos segundos para criar ânimo nas pernas quando a porta do elevador se abriu e lhe deu uma perspectiva geral daquilo que a esperava. Algo em torno de um amontoado apertado de cabeças se ajeitava em uma fila indiana para que cada um pudesse preservar pelo seu espaço na competição e só alguns distribuíram um olhar curioso para conhecerem mais uma candidata à última vaga disponível. não se amedrontou com a encenação forjada de intimidação que tentaram lhe desarmar, apenas continuou o seu caminho até o seu lugar na fila. A alça da bolsa pesava na altura do seu ombro e ela levantou um pouco o acessório só até o seu corpo aceitar que não era dali que provinha o motivo de sua tensão.
A velocidade da música se propagando no corredor fazia com que todos os olhares vagassem por entre as brechas da janela tampada e buscassem mais motivação para suportarem a pressão psicológica que era se manter em silêncio no meio de todas aquelas pessoas que estavam arduamente determinadas em roubar a oportunidade que poderia ser simplesmente a capaz de mudar vidas.
Demorou mais de dez minutos para a vez de chegar e ela chegou até a estranhar a rapidez do procedimento. A mentora da cerimônia apontou com o indicador para que ela entrasse na sala e gostou de ouvir o barulho de seus saltos voltarem a ganhar destaque em meio ao mórbido silêncio. O ritmo de seu andar era habilidosamente orquestrado, assim como os seus quadris, mais um de seus talentos. As pernas pareciam trabalhar em conjunto quando ela se deslocava pela sala, mais vazia do que esperava, e os olhos dos jurados lentamente começaram a explorar os movimentos da mulher, um tanto mais intrigados pela sua chegada.
desabou a bolsa na cadeira posicionada no lado extremo da sala e levou as mãos aos cabelos, empurrando-os para trás, numa perfeita cascata de charme e sedução, fixando a sua atenção no seu próprio reflexo atrás dos dois homens e três mulheres que se enfileiravam a frente do centro de exposição.
Ela rebolou o corpo, só para que o nervosismo exalasse dele e a deixasse mais confortável sob a própria pele. A primeira nota da música programada para julgar a arte que poderia criar com o ritmo de seu corpo expandiu entre as quatro paredes da sala e sorriu finalmente.
Era a hora. A sua hora.
— O que você pretende mostrar para nós hoje, senhorita ? — O homem do meio passou os olhos pela ficha de e voltou a olhá-la, cada vez mais atento e em expectativa. Ele desceu os olhos pela animação corporal que ostentava e cruzou os braços, crente que estava diante de uma concorrente à altura do que ele esperava que o seu projeto fosse.
umedeceu os lábios e a sua língua brincou por um tempo mais do que vago, aos olhos do homem. Ele gostou da distração.
— Uma amostra do Brasil muito melhor do que aquela que mostram superficialmente no que vocês conhecem através dos imitadores amadores dos filmes. — brincou com o ranger do maxilar e sorriu desdenhosa para eles, atraindo todas as contrações ventriculares cardíacas de quem respirava naquele cômodo. No segundo em que a voz do cantor preencheu o vazio do local, os pés de ensaiaram o seu caminho para mais próximo do centro, bem no lugar perfeito para o holofote encontrar as curvas e elevações de seu corpo.
A porta atrás de si abriu rapidamente, despertando a atenção dos demais, mas não foi o motivo para tirá-la do enfoque da cena. não se preocupou em prestar educação a quem entrava atrasado na audição, deveria ser apenas mais um estrangeiro que não estava lidando bem com o fuso-horário. Antes de dá-lo uma devida checagem para depois continuar a sua apresentação, abaixou o rosto apenas para que as notas musicais combinassem com o sincronismo do seu ritmo.
estava ofegante, nunca havia corrido tanto em sua vida como naquele dia. As suas pernas estavam quase desmontando quando ele atingiu o contato sólido da cadeira e respirou mais tranqüilo, sentindo-se infinitamente culpado e desconfortável por ter quase atrapalhado o início da apresentação da inscrita. Ele ouviu o homem no extremo da direita murmurar algo parecido com “Es hermosa”, como conseguiu compreender, e ele se deu o momento de sondar a mulher que se preparava para tentar conquistar a sua chance. A pronúncia do homem era arrastada e afiada, mas mesmo assim o coreano conseguiu captar o que todos ali já tinham certeza só pelo minúsculo intervalo de tempo que dividiam na presença daquela mulher.
retirou o casaco e o pendurou na cadeira, atento com o que viria a se destrinchar nos próximos minutos. Seus olhos perseguiam os contornos da mulher e ele sorriu enamorado, quase em tom de espanto e choque.
A única coisa que ele conseguiu pensar era no quão profundamente linda aquela mulher era. Seu corpo passeou pelo vento e o seu rosto emergiu como uma fortaleza entre a cortina de cabelos. engoliu com os olhos cada segundo que a mulher gastava esbanjando talento e graça, provando que a música era nada menos do que a extensão da alma humana. O que parecia ser uma apresentação de dança se tornou em um realístico espetáculo de arte natural.
estava nas nuvens, se é que seria possível viajar para o Paraíso estando com os pés firmes no chão. O seu coração estava prestes a romper a sua pele e criar vida, mas seu autocontrole impediu que a emoção lhe tomasse e fez com que ela permanecesse rígida em sua posição quando a apresentação acabou e a música cessou a sua coreografia. Ela suspirou aliviada sentindo como se uma tonelada havia despencado para longe de suas costas e sorriu, por fim, realizada com a oportunidade.
— Eu não sei o que vocês têm em mente, mas por mim a vaga é totalmente dela.
Os demais jurados miraram um olhar de consentimento ao comentário de , mas não evitaram entortarem a expressão pela forma que o coreano se expressou. A sua feição estava próxima de ter um colapso e não se atentou ao momento em que o homem ficou enrustido com a imagem de sua presença. Era demais para ele suportar, ele pensou, mas incrivelmente cativante.
Quem poderia ser esta mulher e por que ela parecia plenamente ciente do poder que tinha para dominar a humanidade?
suspirou com um teor de sufoco e olhou para o jurado ao lado, buscando que ele fosse o responsável para trazer as boas notícias. O outro apenas deu de ombros, sorrindo de lado enquanto escrevia o que parecia o seu voto na prancheta de análise. quase arrancou o objeto da mão do homem e rasgou a folha, lançando aos ares e dançando por baixo delas, só para esboçar a densidade de sua empolgação. Para não transparecer mais do que deveria, esperou que alguém lhe desse a oportunidade de anunciar o seu voto. Quando esta chegou, ele gostou da sensação de ter os olhos da mulher sobre a sua figura. Ela revirou os traços de , mais para conhecê-lo como o cara que tinha em mãos o veredito de seu destino do que por estar encantada com o que os pais de criaram em uma noite de diversão sem proteção. Apesar disso, se deliciou com a forma que os cílios da mulher pareciam asas brincando de criar vôo.
— Seja bem-vinda ao reality show da sua vida, número 69. — abaixou os olhos para o broche pendurado na lateral do peito da mulher e alongou a pronúncia do número. olhou de soslaio para o metal preso em seu vestido e não deixou de sorrir sugestiva para a brincadeira do homem, embora aquilo fosse mais uma maneira de lidar com o que estava acontecendo naquele momento.
estava dentro da competição.
Por céus, estava aprovada para competir pela chance de ganhar R$1 milhão de dólares e poder revertê-lo com o objetivo de aperfeiçoar, ainda mais, a sua escola de dança, com tudo o que a comunidade carente de sua região no Brasil precisaria para desenvolverem as aulas.
estava dentro da competição pela vitória da melhor.
E se ser a melhor era o que ela precisaria ser, ela então seria.
E que a competição começasse.
não conseguia se lembrar da última vez que fizera sexo. Sendo um ídolo, ele pensou com lástima, não era tudo o que ele planejava ser. Claro, existia a fama e todos os benefícios que ela trazia consigo, mas ser famoso também vinha com preços a se pagar: não ser capaz de sair na hora que bem entendesse, não ser capaz de ver quem quer que ele queira, não ser capaz de vivenciar certas experiências que a vida estava suposta a lhe proporcionar e assim a lista se estendia. Ele nunca tinha parado para realmente se importar porque tinha tido uma boa ideia de que a vida de um ídolo não era tão fascinante quanto parecia, mas ele tinha feito isso de qualquer maneira porque era o seu sonho, o simplório motivo pelo qual o condicionou durante todos esses anos para continuar nos trilhos. Ele não era tão inconstante para desistir de seu sonho facilmente, só porque era difícil, cansativo e muitas vezes assustador.
Não fazer sexo há um bom tempo não era o que lhe parecia o motivo perfeito para desistir de tudo o que conquistou, ele pensou com humor.
Mas a verdade nua e crua era que é um homem saudável com seus trinta e um anos, assim como tantos outros. Ele tinha suas necessidades. Deixá-las em segundo plano era o que ele mais fazia de melhor, mas o seu manager sabia que colocá-las em dia viria a calhar em algum momento.
Jinhyun tendia a olhar para o lado e fingir demência quando ouvia o rumor de que havia arranjado uma namorada ou estava indo sair para apenas uma noite fora, contando que o seu queridíssimo ídolo, o Mister Perfeição, tivesse o cuidado de ser discreto e esse tipo de coisa não viesse a acontecer com freqüência. Os dois não precisavam criar longos diálogos em cima de um assunto que era claro como água para ambos: precisava se comportar a medida do que a sua vida pública exigia e Jinhyun estaria ali para lhe dar uma bronca ou simplesmente lhe parabenizar por estar cumprindo com excelência algo que ele não deveria se atentar tão arduamente para esconder. No final das contas, era só mais um assunto que preferia não ter de lidar — pelo menos não até as suas vontades pulsavam ferventes pelo seu membro.
— Lembre-se, tente não causar um escândalo, tudo bem? — Jinhyun advertiu o ídolo quando o viu cruzar pelo hall do loft que havia sido alugado especialmente para eles, sentindo o cheiro do perfume importado do homem adentrar antes mesmo do que ele.
nunca tinha sido problemático, longe disso. Suas prioridades sempre seguiram em ordem, pois o homem carregava em mente a sua prerrogativa de vida: o seu sonho sempre viria primeiro. Nunca faça nada estúpido que seja o suficiente para colocar o que você construiu um perigo, simples assim. O resto era apenas o resto.
— Você não precisa ensinar o padre a rezar a missa, Jinhyun.
Ele ficava ansioso quando se sujeitava a situações como aquela, seu temperamento oscilava numa espécie de inquietação o consumindo por dentro. Quando ele percebeu que estava meio excitado com a visão da pele nua da primeira mulher que cruzou o seu caminho, percebeu que era definitivamente hora de entrar na boate que aparentava ser distintamente diferentes daquelas que ele freqüentava ao redor do mundo. O funcionário do clube lhe ofereceu um aceno esbanjando dualidades maliciosas e, , apenas assentiu em conformidade com aquilo. Seria no mínimo tentador passar a noite naquele ambiente, por isso ele sentiu seu corpo começar a hiperventilar no primeiro passo que deu em direção ao estabelecimento. As luzes neons adentraram no seu campo de visão e depois de alguns segundos tentando projetar o que os seus neurônios articularam, o segurança simplesmente lhe deu passagem e pouco se importou com os modos do coreano.
Então, ele pensou, examinando a cena diante de seus olhos, que aqui estava ele. O clube estava escuro, iluminado com freqüentes flashes de luz neon, mudando de vermelho para verde, rosa, amarelo e um pouco de roxo. não tinha certeza se ele gostava desse tipo de clube, exceto pelo fato de que, nesse tipo de escuridão, era muito mais difícil para as pessoas reconhecer rostos como o dele. As luzes pulsantes forneciam apenas o mais breve vislumbre de corpos, contorcendo-se, entrelaçados, embalados muito perto na pista de dança. O forte odor de fumaça eclipsava qualquer aroma subjacente: suor, bebidas, perfumes — ácido na mistura quente de corpos e ventilação insuficiente.
esqueceu-se de procurar por mais informações sobre a boate em questão. Não era do tipo de buscar aprovação de desconhecidos para dizer se iria ou não frequentar tal lugar, mas estando em um país totalmente desconhecido o mínimo que ele deveria fazer era atualizar a sua lista de recomendações e saber por onde se enfiar.
Fazendo uma varredura pelo ambiente, encontrou Changmin e Yunho, os parceiros de crime da noite, e sorriu. Seus dentes brilhavam demais na escuridão e poderiam ser facilmente confundidos com um holofote, se as luzes não estivessem tão dispersas e desregulares no foco de visão dos amigos. Ele viu Changmin se afastando do bar, deslizando para fora do banquinho, alargando o peitoral e sorrindo sugestivo.
— Vamos, irmão. — Changmin deu batidinhas nas costas de , o empurrando para o meio da multidão, e inclinando a voz para ser ouvido sob a música. — O primeiro a ter sorte recebe cinqüenta mil wons. Quem quer que vá para casa sozinho… — Ele fez uma pausa para efeito dramático, depois terminando com um tambor vocal ridículo de suspense. — Vai ter que comprar uma Lamborghini para o outro.
— Ideia completamente proporcional, Changmin. — ironizou.
Changmin sorriu para ele e apertou seu braço, em seguida, sumindo feito fumaça pela escuridão. balançou os dedos para Yunho e fez seu próprio ato de desaparecimento, deslizando para a pista de dança com facilidade praticada. Com corpos pressionados contra os dele quase imediatamente, sorriu com a sensação que há tempos não sentia.
Nos primeiros minutos ele se deixou relaxar na música, o ritmo pulsando pelo seu corpo. Era simples se perder nessa dança, sem censura, sem prática, mas tão natural quanto o seu balançar. Seu corpo sabia o que estava fazendo; ele tinha um talento dado por Deus, um instinto nato — seus quadris remexiam, lânguidos, e ele inclinou a cabeça para trás, fechando os olhos por um instante.
Ele não reconheceu a música, pensou que poderia estar numa mistura de espanhol com inglês. Não importava qual idioma era, desde que ele pudesse dançar, o seu pensamento não iria se perder numa futilidade daquela. A única coisa que concentrava era o seu ritmo, o seu batimento cardíaco, a sua respiração — um após o outro enquanto a música batia em torno dele, através dele. abriu os olhos em um flash de neon rosa e através da multidão avistou Changmin embrulhado nos braços de uma garota significativamente menor do que ele. Seu cabelo estava puxado para trás em um rabo de cavalo alto e só podia ver um brilho de suor em seus ombros nus e costas enquanto ela passava os braços em volta do pescoço de Changmin e o puxava para ela.
Surgiu um clarão de escuridão, depois veio uma luz verde, e, aí, eles mudaram de posição. quase riu. Ele a reconheceu — era uma das únicas estagiárias restantes na SM que não foi domada imediatamente pelo charme do chinês, um mestre na arte da sedução. chegava a vagamente sentir inveja da forma que o amigo era capaz de laçar qualquer coração só com um sorriso elevado e sagaz, mas no final se sentia satisfeito por ser mais cauteloso nas escolhas do que o amigo. Anos de convívio lhe serviram para ensinar que nem sempre o que era sedutoramente conquistado era o que acabaria mais rápido.
Quando estava distraído o bastante observando a cena protagonizada pelo amigo, um sorriso articulado e arcado se emoldurou entre os flashes descontrolados das luzes. A mão, que deslizava pelo corpo da proprietária, caçava um ponto estratégico para se firmar e indicar o que seus olhos insinuavam, deixando que os pensamentos dela fugissem de sua mente e atravessasse toda a pista de dança em direção ao subconsciente de .
Era a mulher da apresentação, aquela que se sentiu obrigado em dar a vaga porque ela é simplesmente um fenômeno da dança. Ainda mais bonita e cativante, não acreditou que poderia existir uma mulher tão linda daquela magnitude, mesmo que o borrão de sua figura fosse ligeiramente proposital; ele fingiu estar num ponto distante e necessitando se aproximar para contemplá-la por completo. Ela não estranhou o seu movimento, mas demorou alguns segundos para olhar propriamente para os seus olhos.
— Hola. — Dizia o sorriso da mulher, arrastado e delineado pelos lábios fartos e visivelmente macios. Ela era alta, ainda mais do que ele em seus calcanhares, ou talvez apenas desse jeito com seus quilômetros e quilômetros de pernas longas, expostas por uma saia de tubo que parecia embalá-la como um presente aos olhos de . Ela ocupou o espaço mínimo na frente de tão suavemente que ele mal notou; foi pego pela maneira como o cabelo da mulher roçava pelos ombros dela, pelo jeito que os seios preenchiam e pareciam estar felizes em quase rasgar o tecido de sua blusa vermelha aveludada, o brilho de seus brincos de argolas contracenando com o reflexo das luzes no topo do teto e a forma que os seus saltos pretos pareciam escadarias para levá-las para uma espécie de palanque divino.
ainda não sabia dizer ao certo se aquela mulher fazia o seu tipo ou não. A sua aura destemida e ousada ia contra o seu estereótipo de mulheres cujos sorrisos imploravam por amparo e um beijo acolhedor. tinha a superficial ideia de que ainda poderia viver um conto de fadas e ser o príncipe encantado de uma mulher.
Mulheres como aquela não esperavam por nenhum cavaleiro numa armadura brilhante. Ela era confiante com a sua própria existência e tinha a aparência de quem lutaria sozinha numa guerra mundial, mas ainda sim possuía o ar de quem poderia lhe dar uma chance se você souber cavalgar no seu compasso.
A pele estava à mostra como se desse graça ao ambiente e suas jóias brilhavam nas rajadas de luz, desconcertando momentaneamente.
— O que um homem como você está fazendo em um lugar como este? — Ela murmurou em seu ouvido, seus lábios pintados roçando a pele. Sua voz estava baixa, sensual, levemente acentuada. — Um estrangeiro se aventurando nas vielas perigosas dessa cidade desconhecida?
Ela podia ser este enigma que ele ainda não descobriu, mas, ainda assim, ele estava interessado. colocou as mãos nos quadris dela e puxou-a um pouco mais para perto, sorrindo quando ela se afastou para olhá-lo.
— Só matando tempo. — Ele sibilou. — Um estrangeiro não pode mais se aventurar nas vielas perigosas dessa cidade desconhecida?
Seu peito se movia sinuosamente contra o dele a tempo da música mudar e embalá-los em um outro sincronismo. Seus olhos, brilhantes e escuros sob o rímel pesado, o observavam com cuidado. Ela mordeu levemente o lábio inferior, dando uma pequena pista de como eram seus dentes brancos e alinhados. Ele queria rir. Ela estava tão óbvia com aquela barreira ultrapassável, mas ela sabia o que queria e ele lhe daria o crédito por ser segura de si e ainda estaria mentindo se dissesse que não estava aumentando o seu potencial interesse pela mulher.
— Gringos. — Ela murmurou e ele não pôde ouvir sua voz sobressaindo a música, mas leu em seus lábios. Um calor emanou através dele, repentino e bem-vindo, ultrapassando os seus poros e atingindo a mulher em cheio. — Sempre tão curiosos sobre a noite latina.
Ele gostara e muito da forma desapegada pela qual ela usara o termo “gringo”. Já fazia um tempo que ele não era simplesmente um qualquer.
deslizou as mãos de seus quadris para o lado dela, roçando seu abdômen em cima da sua blusa aveludada, sentindo o contato confortável das peles se encontrarem, mesmo que forradas pelas roupas. Suas mãos descansaram em seus ombros nus e, com pouco aviso, ele a girou no meio da multidão até que ele a prendeu em seus braços.
— Vamos dançar. — Ele sussurrou em seu ouvido, demonstrando um teor pentelho pela forma que a reviravolta se desenrolou. Ela respondeu com um suspiro ofegante e esfregou as nádegas na virilha dele. Seu sangue correu por toda a extensão de suas veias e ele a puxou contra ele, inclinando sua cabeça para o ombro da mulher, conhecendo o seu perfume afrodisíaco, como ele poderia definir.
Ele olhou para o comprimento do pescoço de e lambeu os lábios. Talvez agir descaradamente às vezes pudesse ser uma boa tática. Quantos pontos essa abordagem lhe traria?
— Nome? — Ele perguntou, porque ainda era e tinha o mínimo de decência. Ele não se recordara de qual era, isso admitia, mas não porque ela fora esquecível demais para ser marcante. Pelo o que ele lembrava, o nome da mulher era uma espécie de anomalia aos seus ouvidos, diferente, assim como tudo sobre ela.
— . — Seus lábios se separaram e viu o movimento de sua língua dando início a pronúncia do que ele jurou ser necessário levar dois dias para acostumar os ouvidos, quem dirá a língua.
— . — Ele disse simplesmente.
Ela sorriu e deixou cair a mão sobre a dele, segurando-a na altura do estômago. Ele estava duro contra ela e ele sabia que ela podia sentir isso.
— . — Ela repetiu olhando para ele sob as pálpebras delicadas do homem. — Então estamos finalmente apresentados. — Ela piscou provocativa, agora girando o corpo de frente a ele. — E sim, vamos dançar. Nós vamos dançar a noite toda.
Ele sorriu para si mesmo e adentrou no elevador esperando que ninguém pensasse duas vezes sobre , o jurado do reality show que viria a recrutar uma dançarina para dirigir a equipe de coreógrafos nas turnês mundiais patrocinadas pela SM Entertainment, e , a mulher que ele mal sabia dizer o nome, quanto mais o seu sobrenome, entrando no elevador um após o outro, no meio de uma boate ao qual tinha tudo para ser nada menos do que suspeita.
— Isso é errado. — murmurou ao pé do ouvido de , encarando o painel de o elevador indicar que eles estavam chegando à parte privativa do hotel, um lugar que nem sabia que existia, mas faria questão de fazer um check-in nos próximos segundos. — Mas não consigo parar, não quando sei que não é normal sentir tanto tesão por alguém. — Ela tentou acariciar o braço de e sua mão chegou a causar um delicado toque em seu ombro.
Deus, ele queria pressioná-la contra a parede do elevador e beijá-la como se toda a sua existência dependesse daquilo, talvez até sufocar de tanto agarrá-la. Um arrepio rondou a sua espinha com o pensamento do que ele poderia fazer com aquela mulher e ele não pôde deixar de imaginá-la numa versão paralela, onde ela ficava corada, desgrenhada enquanto ele a segurava contra o lado do elevador, as pernas longas, nuas e engatadas em torno de sua cintura enquanto ele se apressava para chupar a sua cavidade e explorar a floresta encantada que ela preciosamente escondida entre o tecido da calcinha, um portal mágico que nem Nárnia poderia simular tão perfeitamente.
soltou um longo e lento suspiro, esvaziando o seu tesão pelas cordas vocais e reprimindo as mãos por cima de seu pênis, receoso com a imagem que o vigilante poderia ter através do topo da câmera.
— Aguente mais um pouco com isso. — Ele disse com dificuldade, inclinando a cabeça para lhe oferecer o melhor sorriso de bom menino. Tentou concretizar seus pensamentos impassíveis em coisas aleatórias — tratados da ONU, a quantidade de açúcar que precisaria para fazer a massa de um bolo, como alguém criou uma pipa e qual era a raiz de 148, até que o seu cérebro sofresse uma pane e ele partisse para a loucura. Não havia como satisfazer aquela mulher no meio do elevador, com tantas câmeras. Em toda parte. Ele tinha que levá-la para o quarto, onde ninguém iria ter provas para relatar o que aconteceu naquela noite, antes que ele começasse a tirar a sua roupa com a força dos dentes.
Seus olhos percorreram pelo pescoço de e se demoraram na clavícula, antes de mergulhar em direção ao volume dos seios. Sua blusa não era particularmente escandalosa, uma regata vermelha e aveludada que mostrava a clavícula bem acentuada e destacada. Ele estava imaginando o quão excitante seria passear a língua por aquele atalho até que ele se conteve e sacudiu os olhos de volta à órbita, convidando a sua sanidade a retomar aos parafusos. Ela estava observando-o, sabendo bem o que ele pensava e ansiava.
Ele estava apenas com tesão, isso era tudo.
— Desculpe. — Ele disse acompanhando um riso envergonhado e retraído. Sentiu-se inexperiente e novato. Para quem não tinha a mulher como o seu tipo ideal, estava seduzido até demais.
— Não se preocupe. — Ela sorriu despretensiosamente, puxando os lábios para um sorriso mínimo. — É compreensível. — tombou a cabeça acreditando que não suportaria mais. — Eu me ousaria a elogiá-lo, à altura, se não soubesse que, se eu te beijar hoje, eu irei embora amanhã.
Quando o elevador finalmente chegou ao décimo quarto andar com um tinido, agarrou a mão dela e puxou-a pelo corredor atrás dele. Ela o seguiu, sem fôlego, e eles tiraram os sapatos na entrada, excitados e apressados, sentindo-se como crianças caindo e tropeçando em um gramado do jardim de infância. Ele podia sentir picos de consciência ao longo de sua pele e de repente respirar se tornou uma atividade incrivelmente erótica.
olhou para ele, a cabeça levemente inclinada para cima, a testa franzindo a beirada de sua pele e atraindo para beijar até mesmo aquela parte do corpo da mulher. Não havia artifícios para que ela se vangloriar sobre quem parecia ser — ela dançava como um passarinho no ar, irradiando beleza como um especial alguém que brilha de manhã, uma deusa da excitação que é glorificada de pé só por sorrir como um personagem de pornô adulto, mas agora ela não passava de uma mulher com desejos simplórios e fáceis de serem saciados. Seus dedos percorreram ansiosamente sobre a colcha debaixo dela, um pequeno sinal revelador de impaciência.
Foi o pequeno gesto que imbuiu com uma onda de afeição. Ela era uma das concorrentes do reality show pelo qual ele era encarregado de administrar, protagonizar e atribuir fama, mas não parecia nada mais do que uma mera mulher que encontrara pelas vielas de uma cidade desconhecida.
— . — Ele disse e a voz de repente um pouco rouca, cruzando o espaço entre eles e a beijando como se não quisesse decepcioná-la, com fervor, curvando-a de volta sobre a cama, engolindo o suspiro e a língua deslizando em sua boca com pouca cerimônia. Ela estava faiscando desejo e ele estava inebriante com a sensação dela, embriagado e sóbrio, tonto e estável, se é que faria sentido.
Ele a beijou e a beijou até que ela se mexeu, gemeu e se deitou na cama, puxando-o junto com ela até que ele estava escarranchado sobre ela, inclinando-se com os braços ao lado da cabeça de , apoiando-se. Ele arrancou sua boca por um momento, respirando pesadamente, olhando em seus olhos. Eles olharam para trás, bêbados de luxúria.
— Você não precisa falar nada. — gemeu sobre os lábios de e suas pernas o envolveram como uma presa envolvendo o seu jantar. — Eu não sei como me enrolei em seus beijos, foi uma tentação, mas você sabe que eu não tenho nenhuma outra ideia.
— Não vou negar, eu honestamente não acho que seja você. — mais disse aquilo para ele do que para ela, ao ter se recordado de que aquela noite começou com sua cabeça batucando a ideia de arranjar um pouco de sexo, depois em encontrar uma princesa para a sua carruagem e, no final, terminou com .
— E se for, lo siento mucho pelo o que estou falando. — grunhiu ao ouvir a pronúncia em espanhol vazando pelo timbre grave de . O som foi quase uma melodia soando como uma instrução de como perder o pico de discernimento numa minúscula fração de segundos. — Você provocou isso, estou trancado nesse quarto e não pretendo sair até que nós queimarmos essas paredes. — Ele estava com a boca grudada ao ouvido de , mergulhando a cabeça o pescoço dela, úmido de suor.
— Você é um paquerador. — Ela o acusou. — Eu aposto que você diz isso para todas.
— Só para a mais sexy. — Ele levantou a cabeça momentaneamente para sorrir amplamente para ela.
Ela riu de novo e suas mãos deslizaram pelos lados, depois de volta, sob a camisa dele. Estremeceu ao sentir as palmas das mãos patinando sobre a pele nua, os dedos curvando-se um a um, deliberadamente.
Seu rubor pode ter sido devido a suas palavras, ou pode ter sido devido ao fato de que sua mão tinha abandonado seu peito para esgueirar-se entre suas coxas. Seus dedos flertaram com a bainha de sua saia e sabia que estava provocando-a o suficiente para fazê-la gemer com vontade. Ela se contorceu com a cabeça caída no travesseiro e se moveu por baixo de para afrouxar as pernas e deixá-las mais abertas. Ele engoliu um gemido, sentindo seu membro endurecer ainda mais.
— ¿Sabe usted qué hacer? — gemeu aos pleitos. tombou a cabeça, alcançando o rígido peito dela. — Suck me. — As palavras se derramaram pelos lábios vermelhos da brasileira, mais em um suspiro do que em um pedido. pareceu entrar em um profundo transe delirante quando a mulher revezou os idiomas numa rapidez descontraída, não parecendo ter dificuldade alguma de pronunciar nenhuma palavra nas duas línguas, carregando sotaques distintos que, no mínimo soar de sua voz, nem chegava a parecer o mesmo tom. — Por céus, me chupe! — sorriu largo e extasiado ao ter reconhecido que, desta vez, se frustrava em português. A sua língua-mãe soava tão atrativa e embriagante que poderia ouvi-la recitar uma bula de remédio em português só para se deliciar com a forma que a língua da mulher se desdobrava dentro de sua boca.
nunca tinha sido o homem que recusa um convite. Beliscando o bico dos seios de , o ídolo sabia exatamente como compartilhar mais um de seus talentos com a língua.
Ela pegou o lábio dele entre os dentes, puxou-o em sua boca e chupou. Ele decidiu que ele não se importava, não quando o seu pênis pulsava e rasgava a sua pele implorando para que os lábios dela descessem o rumo e chupassem toda a sua extensão. nunca desejou que seu pênis pudesse ficar ainda mais maior do que já era, só para sentir até onde poderia experimentá-lo. Seus dedos deslizaram sob a borda de sua calcinha de algodão e ele pensou que poderia vir da intensa onda emanada pelo teor sexual que ela emitia. de repente notou que não possuía mais controle de seus próprios atos.
— Você é tão absurdamente, enlouquecedoramente e desenfreadamente linda. — Ele balbuciou, não sabendo mais o que estava dizendo, mas talvez não importasse quando seus dedos estavam lá, tocando a virilha de , e ela estava quente, úmida e escorregadia em seus dedos. Seus quadris resistiram a ele, impacientes, suplicando para que ele não brincasse com seu tesão.
— E você não é nem um pouco misericordioso. — Seus quadris encontraram os dela e ele apertou sua ereção contra ela enquanto a beijava completamente. Ele não precisava de palavras, não quando ele poderia ter isso em vez daquilo, o calor de sua boca, o tom de álcool em sua língua e sua mão presa entre suas coxas, acariciando-a.
Graças a Deus pela existência do elástico, ele pensou enquanto puxava a saia para baixo, passando por seus quadris, deixando-a emaranhar brevemente em torno de seus joelhos antes de ela chutá-la. Ela se contorceu contra ele e gemeu quando ela beijou sua garganta, mordeu a junção onde o pescoço dele encontrava o ombro. Suas palmas deslizaram sob sua calcinha e seguraram sua bunda, seguindo a curva.
— Tire isso de mim. — Ela ordenou, ofegante, e ele obedeceu.
Seu sutiã saiu em seguida, voando ao acaso pelo quarto quase escuro, e então ela estava nua. Em algum lugar sob o redemoinho de álcool e luxúria, levou um momento para parar e apenas olhar para ela. Ela era longa e flexível, o corpo de uma dançarina profissional na pele de uma deusa da erupção sexual.
Ele chupou e brincou com o peito dela com um arranhão de dentes, uma língua habilidosa, até que ela resistiu contra ele, ofegante e apressada. Seus cabelos se derramaram sobre os lençóis, fios úmidos de suor grudados em sua pele.
queria dominá-la. Ele queria vê-la ceder. Ele a queria completamente.
Seu pênis latejou quando ele ofegou em seu pescoço, empurrou a mão um pouco mais entre suas pernas, e lentamente pressionou seu dedo médio nela.
Seu gemido estava trêmulo e repartido, seus dedos se enrolaram nos lençóis brancos e apertaram, a tensão vibrando ao longo de toda a linha de seu corpo enquanto estava lentamente se desmontando e derretendo suas partículas em cima do primeiro homem que nem ao menos precisou rebolar dentro dela para causá-la uma sequência de suplícios apelantes e um orgasmo quase cruel. estava a provocando e emplumada seu rosto em seu peito, tomando tempo para agitar sua língua em torno do outro mamilo enquanto ele, cuidadosamente e lentamente, atravessava os dedos da mão livre entre as suas pernas e pediam licença para o seu sino da piedade, o tambor da luxúria e o templo do prazer.
— Vamos, não seja tão orgulhosa. — brincou em seu ouvido. Ele mordeu os próprios lábios, abrindo-os um pouco mais para deslizar a língua entre os seus dentes e tocar na orelha de . — Eu só quero ver você gozar. Seu gosto deve ser delicioso, baby.
riu incrédula, sentindo-se obrigada a ter de atender àquele pedido. O líquido veio por conta própria; ela não iria conter a sua natureza.
Ela arfou, e choramingou, apertando as mãos no couro cabeludo e pressionando a língua contra os dentes para não rugir, uivar ou simplesmente gritar. afastou os dedos de sua cavidade e afundou o corpo entre o seu, tocando o seu pênis desprotegido no corpo de , causando o que ela consideraria como a pior afronta de todo o século.
sabia que estava próxima de atingir o seu êxtase quando abriu os olhos e observou endireitar-se em cima de si e encapar o seu pênis com a camisinha. Os olhos deles estavam ágeis e malvados, um verdadeiro predador, e ofegou angustiada, querendo apenas ser a sua presa fácil da noite.
— Você ainda não quer me elogiar, ?
— Com licença, a sua boca está novamente na altura das minhas orelhas. — puxou violentamente a cabeça de através de seus fios de cabelo e o empurrou até que ele encontrasse o caminho de volta para as suas pernas.
— Na próxima vez, mamacita, só me diga que você quer me beijar. — Ele debochou, mergulhando a língua pelas pernas dela e sentindo o seu gosto. — Era só isso que você precisava dizer.
— E você só precisa me foder.
O sol nasceu sem uma pausa, e movimentou o seu corpo sobre o colchão, remexendo o tecido por baixo dele e atingindo os pés na parte contrária da cama. O vazio foi uma surpresa, já que o homem se recordava bem de que até algumas horas atrás havia outro alguém ali.
Ele esfregou preguiçosamente os dedos pelos olhos e, ao passo que a visão deixava de ficar deturpada e ele assentia à paisagem, o cheiro impregnado de despertava os seus sentidos.
O nome da mulher veio como raio em sua mente e ele riu ao pensar que, agora, não parecia tão difícil pronunciá-lo, não quando a sua língua havia ficado tão flexível como na noite anterior. Talvez pudesse até arriscar uma frase em português, levando em conta que estava sendo um bom aluno em espanhol, quase um fluente.
Quando ele levantou o corpo e espreguiçou-se, notou que ela não estava ali, nem em nenhuma outra parte do quarto. Seus olhos desceram para o chão, preocupados, e custou em olhar com atenção, temendo ter derrubado a mulher sem intenção.
Ele não a encontrou lá também, no entanto. Em nenhum lugar, mais especificamente.
A única coisa que restou da noite anterior foi o papel rasgado de um jornal velho, grudado por uma fita adesiva na porta de saída do quarto, riscado pelo batom vermelho da mulher, carregando o seguinte dizer:
“Eu lhe avisei que se te beijasse, iria embora.”
sorriu, avassalado, e ainda cheirando a sexo e à mulher que nada tinha a ver com o seu tipo ideal, mas que havia, ironicamente, se tornado idealmente a mulher do seu tipo, quando se lembrou de que a veria mais tarde, na competição, e que tinha mais trinta e três noites, especificamente, para fazê-la ficar, nem que fosse só uma manhã, naquela cama de um hotel perdido numa viela daquela cidade desconhecida, o lugar aonde veio a realmente não se arrepender de estar. No final, Jinhyun não precisaria lhe dar milhares de motivos para fazer não ter se arrependido da viagem porque, depois das quatorze horas, não esperava ter encontrado apenas um motivo — o melhor de todos.
pressionou o lábio inferior contra o superior aguardando que o batom vermelho fixasse na extensão de seus lábios e lhe ajudasse a criar sustância na movimentação. O seu rosto estava impecável, assim como o seu cabelo, brilhando feito um diamante contra a iluminação do salão. Ela estava começando a se sentir incomodada, não pela excessiva pressão em aparentar perfeição diante das câmeras, mas porque aquele não era o seu mundo. Sentia-se uma peça fora do tabuleiro, um tanto reclusa nos próprios pensamentos e encolhida no canto oposto do sofá, apenas gastando energia para movimentar os seus olhos ao redor do fluxo de pessoas que entravam e saíam. A sua mão direita estava bem fixa no meio de suas pernas, enquanto que a mão esquerda distraía seus sentimentos remexendo pelos fios traseiros do couro cabeludo. O relógio continuava em modo lento, retardando aquele dia e tudo o que ainda precisava acontecer. só queria terminá-lo de vez.
— Senhorita , há alguma solicitação que queira fazer? — O baixo burburinho cessou-se quando suspendeu o olhar em direção ao homem que lhe dirigia a palavra. Ele era cerca de dez ou quinze anos mais velho que ela, pela forma que suas rugas já se evidenciavam nas beiras dos olhos. O homem esperou acordar de seu transe e lhe prestar devida atenção, embora ele estivesse mais entretido em vê-la piscar os pesados cílios em sincronismo. No mais rápido lapso temporal, ele havia se esquecido da presença dos demais competidores. Era sempre assim: os seus sentidos se atraíam apenas para as potenciais estrelas que cruzavam o seu caminho. era a perfeita definição do que ele ansiava encontrar. — Sinta-se à vontade para pedir pelo o que precisar.
sorriu polida, voltando a endireitar o corpo e esvaziar o semblante distante e monótono que sustentava. Sua cabeça estava nas nuvens, se é que poderia imaginar assim, unindo suas forças para enfrentar cada dia naquela nova realidade. Afinal, ela estava ali por vontade própria. Quem fez a inscrição para o reality show havia sido ela. Quem teve a ideia de transformar aquela oportunidade em uma porta aberta para o seu sonho de fazer a sua escola de dança crescer havia sido unicamente ela. É claro que seria difícil, mas nada que fosse capaz de derrubá-la. já havia enfrentado demônios muito piores.
— Sou grata pela disposição, senhor. — não agradeceu de forma formal e o homem nem ao menos se importou; aquilo era mais um fato que atraía sua atenção. Notou que a mulher em momento algum converteu suas origens para agradá-los, muito menos agiu como uma coreana com o único intuito de ser vista de boa forma. preservou a sua origem latina, respondendo a educação do homem da forma que pertencia ao seu mundo e aquele detalhe era mais um fator que a tornava mais diferente. — Ficarei apenas na água. — Ela estendeu o copo d’água com humor e ele sorriu gentil, assentindo com a cabeça.
— A sua tomada é a quatro, começamos quando quiser. — A dançarina concordou extasiada, nem se dando conta que já tinha chegado na sua vez. Ela levantou da cadeira e mirou um olhar para a sua figura no espelho, esperando que o restante da equipe saísse e ela pudesse ficar consigo mesma. O barulho do ambiente estava pressionando os seus pensamentos para um aglomerado de sufoco e desfoco, não sendo o seu típico comportamento, e ela se sentiu um pouco apertada sobre a própria pele. Ela suspirou, por fim, liberando o teor nervoso de seu corpo e partindo em passos firmes até o corredor do estádio. ouvia o barulho dos seus pés anunciaram a sua chegada antes de sua figura e sabia que em alguns segundos vários olhares seriam direcionados para a sua presença.
Novamente, se viu como uma mulher forte. Só pela forma que seu corpo se condiciona ao centro do palco, ignorando os olhares e sustentando o seu foco, aquilo dizia muito de quem ela se tornou. Era uma competição, como outras que enfrentou na vida, mas era uma nova chance. O não ela já tinha, agora precisava lutar para conquistar o sim.
Com os pés fixos no ponto-chave do palco, conduziu os olhos para a platéia e a música ganhou vez no segundo em que ela fechou os olhos.
escolheu dançar ao som de pretty hurts. Aquela foi a maneira perfeita que encontrou para exteriorizar o que queria transparecer ao mundo: todas as mulheres carregam dores. Todas as mulheres carregam inseguranças. Todas as mulheres carregam pré-conceitos esculpidos para ditarem a sua posição como mulheres. Todas as mulheres não são o que o mundo espera que elas sejam; todas as mulheres são apenas o que são e é isso que importa. Todas elas são guerreiras e a beleza dói.
Dói porque enfrentar o mundo não é fácil. Dói porque aceitar-se diante do espelho não é fácil. Dói porque superar monstros e proteger as suas barreiras não é fácil. Dói porque, ser mulher, não é fácil.
É por causa de todos esses “poréns”, aglomerando, emparelhados, amontoados e conexos, que faz todas as mulheres serem lindas. E , do jeito que reconhecia ser, só queria que o mundo soubesse disso.
Ela dançou com graça pelo ar, com o sincronismo mesclando os das notas musicais e com toda a sua alma exalando por cada um de seus movimentos. Era a sua necessidade, a sua devoção, a sua única intenção.
A coreografia falava muito por si. O contraste de sua emoção com o remexer de seus ossos encantava todos aqueles que lhe assistiam. Ela estava criando arte, não só através da mensagem que pretendia passar, mas com o instrumento mais valioso: o corpo.
, do outro lado do palco, sentiu o seu organismo bombardear uma quantidade ridícula de excitamento e euforia quando viu o topo da cabeça da mulher aparecer na escada de entrada do palco. Ele contemplou o vestido brilhante e radiante da brasileira, mais para crer que ela era humana e não um mero delírio, e suspirou fundo, preparando o seu coração para o impacto ao qual ele sabia que, com toda a certeza, seria significativo.
Ele estava sob câmeras. Ele sabia disso.
Ele estava sob fortíssima influência de tensão sexual. Ele também sabia disso.
O seu cérebro passou a trabalhar à mil e levou alguns segundos para conseguir encontrar uma posição.
Os olhos felinos de encontraram os de e o resto pareceu entrar em modo lento, velocidade mínima, quase como se o universo houvesse sido interrompido e só existisse a brecha de uma partícula lhes dividindo e unindo. murmurou uma espécie de murmúrio frustrado em resposta ao rubor nivelado que incendiou as bochechas da mulher. Ela buscou girar o corpo na posição contrária, só para fugir do contato visual, mas o seu corpo respondia ao mecanismo mais sacana que o seu autocontrole; o desejo.
manteve seu poder acorrentando em seus domínios e, depois disso, quando a música estava próxima a acabar, se preparava para finalizar a coreografia e o seu coração batucava fortemente dentro do seu peito incentivando a mulher a sorrir cada vez mais orgulhosa. forçou-se a não ceder ao o que se tornava mais evidente: ele estava diante daqueles momentos que, quando não planejados, podem causar um caos.
Estar na Argentina foi a primeira parte do seu problema não planejado e, o caos, veio nada menos do que na personificação de uma deusa do hemisfério ocidental.
Ele voltou aos seus sentidos quando deixou o palco sob uma sinfonia de aplausos e prometeu a si mesmo de que aquela mulher lhe devia uma satisfação — iludir-se com aquela suposição foi a única coisa que o ajudou a continuar seguindo pelo corredor escuro em direção aos bastidores.
respirou pesadamente ao ouvir os barulhos dos pés de andar de lá para cá, do outro lado da porta, parecendo impacientes. Ele segurou a maçaneta da porta e ficou um momento cogitando a ideia de vê-la, ou abordá-la, depois de sua despedida não convencional e clara na noite anterior. não esperava muita coisa, mas queria ao menos conversar com ela para não deixar que o clima entre eles viesse a ser estranho demais a ponto de outras pessoas notarem.
Ou aquela era outra desculpa que ele traçava apenas para vê-la.
suspirou e bateu na porta duas vezes. Os passos de pararam e ela soltou um “entre!” automaticamente, soando desprevenida. rodou a maçaneta e no próximo segundo desabou toda a sua guarda.
estava com parte de seu corpo apoiado na penteadeira e suas mãos firmavam o peso em volta de sua cintura. Ela não usava mais as luvas brancas e de cetim, mas continuava com o restante do figurino.
— Você está ocupada? — Os ombros de desabaram e ela pareceu surpresa, abrindo a boca cerca de três vezes para buscar alguma resposta.
— Não. — Ela respondeu categórica. Engoliu em seco, encarando agora o vazio atrás de , e virou-se de costas para ele, passando a retirar os acessórios do figurino. estava visivelmente desconfortável, não tendo nem ânimo para tirar as mãos dos bolsos da calça. finalmente terminou o seu momento de dispersão e sentou-se no divã, encarando . Ele não soube como começar a sua colocação, mas seria agora ou nunca.
— Você foi fantástica hoje. — Ele começou lembrando-se de que deveria creditá-la pela apresentação impecável. Ela sorriu tímida.
— Muito obrigada. — assentiu de automático. Os dois riram minimamente e ele voltou a se sentir um completo idiota por estar perto dela. — , eu acho que nós… — Ele sorriu de olhos fechados, indicando que conhecia bem o caminho que iria seguir naquele momento. Ela ficou ainda mais deslocada, odiando ter se esquecido de como se portar em situações como aquela. O olhar do ídolo perdurava em sua feição e ela sentiu mais confiança para pronunciar as seguintes palavras. — Acho que nós precisamos conversar.
— Eu concordo. — Ele simplesmente disse com um sorriso de canto e um semblante sereno. pensou se estava apenas delirando ou havia ficado feliz com a menção de uma conversa, mas mudou o foco para não afundar em um assunto que, na sua cabeça, não deveria nem ser levantado.
— Queria começar primeiramente dizendo que é péssimo ficar nesse clima. — Ela apontou para os dois e gesticulou algo que parecia um desconforto, despertando um riso humorado de . Ele passou a mão pela testa, simulando estar limpando o suor, e sorriu aliviado. — Acho que não precisamos disso, não é? — Ela esperou que ele falasse algo. Só tendo o silêncio como estímulo, sorriu mais relaxada e ajeitou as mãos no cabelo. — Podemos esquecer o episódio de ontem à noite. Creio que seja a melhor forma de zelarmos pelo lado profissional até o fim do programa.
viu aquilo chegando. Tanto viu que já estava pronto para ouvir antes de começar a dizer e no final não pensou que teria uma reação melhor do que apenas concordar e deixá-la dizer o que queria. Ele, no fundo, concordava com o que ela acabara de dizer. Não é de todo mal esquecer aquela noite, deveria ter sido, na verdade, o primeiro pensamento de quando despertou. Casos de uma noite se chamam assim por uma razão, certo?
Ele sabia disso.
Droga, ele sabia de várias coisas, porém nenhuma delas parecia validar tudo o que se passava dentro de sua mente.
— Vendo agora, fui insensata por deixar as coisas chegarem naquele nível. Não há motivos para justificar o meu comportamento, mas não quero que isso nos atrapalhe daqui para frente. — trilhou o caminho da pele em seu rosto para limpar o vestígio de brilho que moldou em sua feição durante a apresentação, só naquele momento fazendo com que notasse que, de fato, não era uma fada que irradiava brilhos naturais.
— Ou nós podemos simplesmente nos aventurar tendo uma amizade profissional colorida. — As palavras estavam supostas a saírem da boca de com um teor humorado, mas quando ele chegou à última pronúncia, não viu nada além de uma verdadeira insinuação e proposta detrilhando-se aos olhos de . Ela piscou algumas incontáveis vezes em busca de um pico de consciência. A direta do homem lhe atingiu em cheio no ponto mais baixo — aquele que ele ferozmente explorou na noite passada. Estava elétrica, ela sabia disso, mas tentou fingir que não por causa daquela razão em especial.
Os olhos de balbuciavam um incêndio que mal pôde se controlar para não adentrar. Ela se sentiu estranha quando notou que a sua primeira reação não fora rir descontraída na cara do homem e negar a proposta, mas sim considerá-la por um tempo que perdurou demais, além do necessário. conseguiu penetrar na área proibida de seu cérebro, aquela responsável por deixá-la ouvir o seu coração, e não tardou em frear a sequência de sugestões que preencheram seu subconsciente.
— Não é uma boa ideia. Estou em uma posição desfavorável aqui, . — ficou inquieta e levantou-se do divã, partindo para o lado oposto da sala. — Você não tem nada a perder, está com o seu lugar garantido e trilhado. E eu? — Ela sorriu cansada. — Estou ralando para valer em busca de uma única oportunidade. Acho que misturarmos isso não terminará da melhor forma para nenhum dos dois.
O ídolo sentiu o peso das palavras atingirem o seu rosto como uma bolinha de ping-pong e a consciência de ser a raquete que deu o movimento de forma brusca. É claro que ela está certa, como não estaria?! Aquilo tudo tinha começado errado desde o primeiro segundo em que eles não dirigiram as palavras um ao outro de forma formal e profissional, mas qual problema tinha em extravasar uma maldita vez em sua vida? Enxergar a todos de forma profissional e limitada era algo que nunca fizera, mas passara a se arrepender naquele exato segundo.
Ele se sentiu envergonhado. Diante dos olhos maduros e confiáveis da mulher, ele sabia bem que ela não tinha pretensões nenhuma em usá-lo para a competição, para o sexo ou para qualquer coisa. Esse fato lhe confortou, mesmo que tenha sido minusculamente ridículo em comparação ao sentimento de rejeição que aflorava em seu peito.
Agora notou que não era quem deveria fazer o seu tipo. Ela era, facilmente, o seu tipo mais fantástico e fictício — era boa demais para um homem como . A verdade é que era ele quem não fazia o tipo de .
— Você está certa, sinto muito por ter dito isso. — Em um pico de noção, partiu em direção à porta e segurou a maçaneta com determinação, aspirando o ar e desprendendo das paredes de sua mente toda e qualquer dimensão de . Ele estava extasiado e iludido, era só isso, acabaria em poucas horas. Ao se virar para prestar condolências a ela e prestar sua despedida, reforçou o seu ponto, sabendo que era o único fato que lhe faria seguir em frente naquele dia. — Me desculpe pela indiscrição, senhorita , não irá se repetir. Espero que tenha uma boa noite.
Quando a porta do bastidor fechou-se à frente do homem, se desmontou no assento, respirando um pouco mais descompassada. Céus, aquilo havia sido desconfortável e embaraçador o suficiente! Culpou-se rapidamente por ter deixado a situação chegar até aquele ponto, onde é que estava com a cabeça? Não deveria ter dado início à um problema daquela dimensão, por céus! Foi imprudente e irresponsável, odiou admitir, mas era pior ainda resistir para ceder aos seus pensamentos involuntários.
Se estivesse em outro pé e lugar, teria facilmente aceitado a proposta de , ainda mais por ver o homem como a exata proporção daquilo que ela sabia ser capaz de combinar perfeitamente com suas vontades e almejos.
Só que ela não estava. Ali, ela só tinha um objetivo.
Vencer a competição e lutar pelo seu sonho.
foi um efeito colateral no meio do percurso e deveria continuar daquela maneira.
Foi isso que ela custou a aceitar quando saiu do bastidor e forçou-se a ignorar o rastro do perfume deixado pelo ídolo. O cheiro, assim como as lembranças, brincavam traiçoeiramente com os seus sentimentos.
— , pelo amor de Deus, você está se arrumando para uma estréia ou para o seu casamento?
Jinhyun gritou da varanda, ouvindo o riso alto do ídolo ser a sua resposta. O manager apoiou o peso do corpo na grade e suspirou fundo, passando a lembrar-se do por que odiava esperar se preparar para uma estréia: o ídolo sempre achava que aquele era o momento da sua vida e dedicava incontáveis minutos em busca da perfeição.
— Você é feio de qualquer jeito, para quê se empenhar em mudar isso? — Jinhyun disse ao ver cruzar o corredor do loft e lhe lançar o dedo do meio.
— A inveja é um pecado, Jinhyun, você deveria melhorar como ser humano. — O ídolo rebateu a alfinetada do amigo e se jogou no sofá, suspirando cansado pela primeira vez no dia. Não havia parado quieto por um momento desde as seis horas da manhã e só queria que o fim do evento chegasse para ele despencar na cama e esquecer que o mundo existia por longas horas.
O manager chutou os seus pés pregados em cima da mesa do centro e empurrou o homem pelos ombros, estimulando que ele voltasse a se animar.
— Vamos, pirralho, você deve dar o ar da sua graça nessa estréia, querendo ou não. — Jinhyun fechou a porta atrás deles e puxou pelo pulso como se o mais novo fosse uma criança rabugenta e pudesse começar a bater os pés a qualquer minuto. — Seja comportado como sempre e eu pensarei se te darei uma noite livre no fim da semana. — ia sorrir motivado, mas lembrou-se de que não estava afim de mais noites livres. Sair para se divertir poderia custar mais uma frustração, como havia sido com a ilustre brasileira, e não sabia se teria psicológico para lidar com aquilo novamente. Apesar de soar uma boa ideia afundar a mente em algo além da mulher, ele não tinha ao menos certeza se conseguiria esquecê-la depois do momento que dividiram. Aquilo estava se tornando cansativo e desanimador.
— Estou fora desse tipo de coisa por enquanto, Jinhyun. — quis dizer aquilo só para o amigo desistir da ideia de lhe dar recompensas. Iria fazer o seu trabalho e, no final, chegar a casa na paz de seu espírito. Era aquilo que queria fazer e, com sorte, seria o que faria.
Jinhyun sorriu estupefato para o ídolo e passou a cantarolar uma provocação, não engolindo facilmente aquela conversa. rolou os olhos por um tempo prolongável e suspirou apático, esperando Jinhyun parar de romper os seus ouvidos com comentários ridículos.
Ao terem estacionado na entrada do evento, arfou o peito e ajeitou os cabelos pela última vez.
— Eu não consigo acreditar em nada do que você disse. — Jinhyun disse baixo para , entrando no personagem de figura pública que representava ao lado do ídolo, mas sem perder o momento para continuar com a discussão.
— Então não acredite. — respondeu. — Não me importo.
— Não me diga que essa sua repulsa pelo assunto é por causa de um pé na bunda que levou? — Jinhyun encontrou o núcleo do problema e se divertiu sozinho, mesmo que sorria humorado para as câmeras. — Isso, sim, é algo que eu acredito veementemente! Oh, Lorde, finalmente foi rejeitado!
começou a se irritar e ia cutucar com o cotovelo a extensão da barriga de Jinhyun, mas ao ver adentrar ao ambiente com o seu vestido vermelho, ele despencou seu maxilar e pensou que poderia encontrar a crosta terrestre.
Ele levou alguns segundos para tirar a expressão de profunda admiração, só voltando aos seus sentidos quando Jinhyun lhe empurrou e indicou o caminho.
parecia um holofote no meio da escuridão. Estavam cercados de pessoas, câmeras, telespectadores, mas ali, contemplando aquele corpo milimetricamente perfeito no tapete vermelho, perdeu a noção de tempo e espaço. Parecia que um ímã lhe arrastava para o mesmo epicentro, o mesmo metro quadrado que a brasileira tomava conta. queria simplesmente agarrá-la mais uma vez e sentir o choque dos lábios fartos e ágeis da mulher dominar cada poro de seu corpo.
a queria tão demasiadamente que chegava a doer.
— Tire essa carranca impressionada e apaixonada da cara, , todos vão começar a perceber quem foi a musa que lhe deu o fora do século. — Jinhyun cochichou no ouvido do amigo e riu intrigado quando passou por ele e acenou minimamente, parecendo estar infinitamente menos desconfortável artística do que , uma verdadeira atriz moldada para lidar com uma situação que já estava acostumado de cor. Aquela não era a primeira mulher da mídia que ele se envolvia, mas parecia ser a primeira capaz de desestabilizá-lo e fazê-lo se esquecer de todas as aulas de atuação que tivera na vida. — Por Deus, seja mais discreto! Eu estou tentando trabalhar aqui, cara!
balançou a cabeça duas vezes até seu cérebro parecer se realocar e funcionar como o esperado. Olhou em volta de si e viu alguns olhares serem lançado com um teor de curiosidade, mas ele logo sorriu galanteador e diminuiu os pensamentos dos demais. Ele, sem muita opção, caminhou em direção à , onde ela se situava agora para fazer parte da apresentação da abertura do evento. Ela estava parada ao lado de um dos principais dirigentes do espetáculo e o homem parecia estar anestesiado de alegria por ter uma mulher daquele nível ao seu lado, notou de imediato. Quase riu zombado e com um leve desconforto exalando de seus sensos.
captou o olhar do ídolo sob ela, os movimentos ligeiramente preparados para se aproximar o mínimo possível. Ela endireitou as costelas e sorriu para as câmeras, ignorando a presença de quase ao seu lado. Uma palma de mão encontrou o caminho de suas costas e ela não buscou conhecer o dono desta, estava focada demais em ser o mais sociável e acolhedora diante os olhos da mídia.
— Já te falaram que vermelho é a sua cor?
A dançarina inspirou todo o ar à sua volta e pensou que olhar para o lado despretensiosamente poderia se tornar uma missão difícil de ser concluída. Remexeu as pernas e se colocou num ponto estratégico; um em que as câmeras não poderiam ver brincando com o tecido de seu vestido.
— Talvez.
sorriu mais enamorado e sorriu um pouco mais alegre para as câmeras. Jinhyun tratou de distrair a atenção do público para a sua figura, fazendo uma graça momentânea, sabendo que não estava conseguindo se controlar. Não o culpava, também, ainda mais por ter uma mulher magnífica como aquela como o motivo principal de sua falta de compostura. Mais tarde zoaria o amigo e lhe diria que não iria repetir a cena, mas no momento só queria que o ídolo tivesse um momento com a mulher. Apesar de ser perigoso e ter a obrigação de lhe adverti-lo da aproximação, Jinhyun queria que tivesse esses momentos e fizesse a sua vida um pouco mais excitante e vívida.
O fotógrafo indicou que queria tirar uma foto apenas de e de , fazendo com que os demais se afastassem e se distribuíssem para as demais fotos em dupla. murchou um suspiro sem vida pelos lábios e endireitou-se ao lado de , virando o corpo para o lado dele e mantendo o rosto distante, bem longe do seu, direcionado para os flashes.
apertou o corpo da mulher contra o seu e firmou a sua mão em volta da cintura dela com um prazer recém-descoberto. Ele estava viajando nas nuvens com aquela sensação. Sentiu-se infinitamente abençoado por estar sendo visto ao lado daquela musa, ainda mais quando sorria confiante e centrada no campo das víboras. Ele quis dizê-la o quão orgulhoso estava por estar a vendo se tornar, realmente, uma celebridade digna dos holofotes, mas não teve tempo. já estava sendo puxada para a próxima foto e era carregado, quase pelos ombros, por Jinhyun.
Antes de se afastarem e cada um seguir o seu caminho para o espetáculo, se olharam brevemente por um momento, sorrindo educadamente e formalmente para se despedirem.
— Você está formidável, senhorita . — arriscou elogiá-la.
sorriu mais abertamente, acenando em agradecimento, da forma ao qual estava habituado em seu país. Os olhos se voltaram para eles e, além de estar se sentindo estranha por ter automaticamente se moldado nos enquadres da cultura de , não deixou de terminar a sua demonstração de respeito. , alguns passos distante, quase explodiu em felicidade e seu rosto indicava o encantamento que a mulher exercia sob ele. Ao vê-la encurvando-se para ele, minimamente, não o suficiente para se tornar menor ou sobressaída pela pose, sentiu seu coração se apertar contra os ossos.
— E você está dando para o gasto, senhor .
foi arrastado para longe, mas deixou o seu sorriso vagar pela distância e impregnar no olhar de .
Até mesmo Jinhyun, abalado com o poder da mulher, suspirou fundo, amaciando os ombros do amigo, e lhe indicando o caminho a seguir.
— É, , agora eu compreendo completamente o porquê você ficou na fossa.
rodou o corpo com os calcanhares e esticou os braços para alcançar a parte sólida da parede. Era a quarta vez que tentava concluir o seu exercício físico diário, mas o peso dolorido contra as suas costas lhe fazia desabar no chão para repor as energias. Estava cansada, como nunca esteve antes, só de relembrar que ainda era meio-dia e tinha uma longa bateria de obrigações para cumprir.
Uma das concorrentes bateu na janela de vidro e advertiu de que a sua gravação estava para iniciar. A brasileira retribuiu com um aceno educado e agradecido, passando a correr com o pouco ânimo que tinha, até a sala de takes. Os competidores que chegavam prestavam mínimos cumprimentos para a brasileira e ela retribuía na mesma intensidade, pensando que não era só ela quem estava exausta. Seus músculos estalaram com os movimentos e ela suspirou frustrada, odiando a sensação de estar perdendo a capacidade de manter-se impenetrável.
entrou na sala com o escaldo de Jinhyun e sentou-se na última cadeira. Sua cabeça latejava desde a noite anterior, o momento em que decidiu tomar um porre e afundar suas frustrações no álcool latino, mais precisamente a amostra da água batizada por Deus, como ele acreditou ser. O líquido desceu rasgando as paredes de sua garganta e ele achou que era leve o suficiente para poder mergulhar mais alguns drinks goela abaixo. Depois de sentir os braços de Jinhyun em volta de seu corpo, lhe arrastando de volta para o hotel, ele percebeu que exagerou.
Exagerou porque o álcool foi uma tentativa chula e fracassada de esquecer-se de . Exagerou porque se esforçou demais em tentar encontrar alguém que lhe arrepiasse da mesma maneira que o arrepiou só com o contato visual que estabeleceram naquela pista de dança. Exagerou porque soou ridículo, depois de ter se humilhado naquela noite, ter chegado a pensar que ela era superável.
Exagerou, inclusive, em ter levantado da cama nesta manhã e se dirigido até a terceira fase do reality show. Ele ainda se sentia um pouco exaltado pelas emoções e ao vê-la no meio dos demais competidores foi uma facada certeira no seu coração. Tão linda e concentrada, tão focada e parecendo estar precisando de algumas horas de sono, não cansava de fazer ter certeza de que não iria esquecê-la facilmente.
A prova seria em grupo e cada um deles deveria “rebater” uma coreografia mais aperfeiçoada em resposta aquela dançada pelos demais. odiava ser posta para tentar diminuir o trabalho dos outros, mas era uma competição, de toda forma. A música soou no alto das caixas de som e ela amoleceu a musculatura, começando a se acostumar com a batida e arquitetando uma sequência de passos que combinassem com o timbre da música.
ainda sentia a carga energética de roçando o seu corpo contra o dele, como fizera na pista de dança, e se encolhia no assento ao vê-la começar a repetir passos semelhantes àqueles que encenaram ao seu lado. Ele se sentiu maldoso por não prestar atenção a ninguém além dela, mas era difícil resistir aos seus estímulos quando ela sabia perfeitamente o que fazer para conquistar o seu espaço no mundo.
Ele sentiu-se tomado pela densidade de determinação e força que servia. Ele
— Eu tenho uma ideia. — sussurrou no ouvido do segundo instrutor de dança, vendo o homem rodar o rosto em sua direção e buscar compreender as pretensões do ídolo. sorriu enigmático, levantando-se em seus pés e preparando o caminho para a pista de dança. — Que tal nós agregarmos um elemento final na prova? — Ele abriu os braços para o homem e ofereceu uma piscadela, indo de volta para o centro do palco, vendo os olhares mudar os focos e ficarem confusos por um momento.
rodou o corpo ao ter chegado ao meio dos competidores e simulou alguns passos de dança que ele habitualmente compunha para as coreografias de suas músicas. Os concorrentes entenderam o objetivo do ídolo e se embalaram nas intenções de , apesar de que apenas um deles sabia como aquilo iria terminar.
sorriu para a primeira concorrente que parou ao seu lado, uma loira que se não se enganava era chilena. Ela improvisou alguns passos de dança para atrair o olhar de , se empenhando com toda a sua determinação em agradá-lo.
Ele lhe agradeceu formalmente quando terminaram de dançar juntos e foi para o lado do outro concorrente, retribuindo o cumprimento inusitado que este lhe ofereceu quando foi pressionar o seu punho fechado contra o punho fechado do jovem. Os dois ensaiaram movimentos tradicionais do street style e se divertiu com a espontaneidade do garoto.
Depois, quando partiu para o próximo concorrente, ele mal conseguiu ignorar a sua mudança de humor. Era , parada com os braços cruzados, arqueando as sobrancelhas e lançando um olhar que custaria muitas noites em claro para o homem. Ele suspirou fundo, derretendo um sorriso íntimo e inusitado, aproximando-se dela, bem da maneira que ele quis surpreendê-la. Ele só havia levantado da cadeira e vencido a sua ressaca para provocá-la e ter aquele momento com a mulher, apenas para relembrar a sensação de dançar ao seu lado.
— Você é ridículo, . — Ela murmurou quando ele segurou em sua mão e lhe rodou no ar, deixando um espaço entre os dois e voltando a puxá-la de volta para os seus braços. lhe abraçou por trás, roçando rapidamente o queixo no pescoço da mulher, e estimulou a acompanhar o ritmo de seu quadril. A dançarina, não querendo ceder aos encantos do ídolo e sabendo bem que aquela provocação desmedida tinha um objetivo particular, afastou-se do ídolo, de costas, remexendo os quadris e orquestrando um contraste com os seus braços que fez parar por alguns segundos e contemplá-la completamente. A mulher levou as mãos pelos cabelos e os levantou, como cascatas, até que ela esticasse um deles e segurasse na gola da camisa do ídolo, puxando-o minimamente. Ela impulsionou o peito para a sua direção, enquanto o seu quadril se levantava e se empinava para trás. escorregou as mãos pelo peitoral semi despido de e encontrou o chão, lançando as mãos para as zonas próximas de sua virilha e montando uma esfera proposital. Suas nádegas brincaram no ar e ela jogou os cabelos para frente, girando a cabeça e puxando os cabelos para trás novamente, sorrindo encabulada para ele.
deslizou pelo espaço que os dividia como se houvesse se esquecido de que estavam em público e partiu para trás dela, segurando em seu quadril, e a deixando erguida novamente. brincou de negar com o dedo indicador o movimento do ídolo e o empurrou pelo peitoral com as mãos, voltando a continuar dançando e atiçando a sua atenção. Alguns gritos em comemoração soaram distantes de seus ouvidos e não se preocupou em agradecê-los. Se queria provocá-la, ele teria que aprender, primeiramente, de que ela estava anos-luz à frente das manhas do homem.
— Você terá o que quis, . — Ela disse para o homem, novamente segurando em suas mãos e o trazendo para próximo. — E essa é a minha vez de não ser misericordiosa. — escorregou para o lado e dançou um pouco em volta do concorrente que estava próximo deles, mantendo o seu olhar fixo em , exteriorizando que aquela era a sua provocação. O concorrente endureceu no seu lugar, não sabendo ao menos como respirar com aquela movimentação da mulher ao seu redor, olhando de imediato para e vendo que o ídolo estava tão perto de um estupor mental como ele.
era sofisticada com os seus movimentos, mostrando a todos que conseguia muito bem emoldar seus ritmos de acordo com a necessidade.
Ela é uma artista. De corpo e alma, era por si só arte.
seguiu a tomada de palmas em referência à mulher e, quando ela finalizou o seu ato, ele sabia que o feitiço havia se virado contra o feiticeiro.
As filmagens se finalizaram e todos se dispersaram pelo recinto, cada qual agradecendo a gravação e partindo para os seus aposentos, focados em se preparem para o próximo take. , inundando os pensamentos de , lhe lançou um último olhar antes de fechar a porta atrás de si e seguir o seu caminho para o quarto.
notou que os seus pés começaram a seguir o rumo da mulher e só se deparou com a sua escolha quando encontrou a porta dela semi-aberta.
Num lampejo de consciência, ele pensou estar delirando e viajando nos seus desejos. Ela estava firme para negá-lo, não é? Então por que infernos ela o havia atraído até ali?
— O que você tem na cabeça, ?! — Ela atacou com a sua voz alta quando o homem cruzou o seu quarto e pareceu perdido por estar ali. Ele levou um tempo para olhá-la e vê-la parada, com os braços na altura dos quadris, lhe lançando um olhar bravo e extasiado. Ele desmontou um sorriso tímido e coçou a nuca.
— Francamente, nesse momento, pouca coisa. — Ele respondeu. Ela arregalou os olhos, ainda mais indignada, e suspirou fundo e sonora, rolando as mãos pelos cabelos e grunhindo descontente.
— Você queria que todos percebessem o que aconteceu entre nós? — Ela rebateu a colocação do ídolo. Sua veia vocal pulsava pela pele e engoliu em seco ao vê-la brava e insatisfeita com a brincadeira que ele traçou entre eles. — Qual foi o seu plano com toda aquela merda?
— Você não aparentava estar tão brava quando esfregou a sua bunda no meu quadril. — a provocou só porque não conseguia perder a oportunidade. Ela abriu a boca, perplexa, e fechou os olhos, contando até a quantidade de números precisos para fazê-la não perder o controle. — Qual é, , foi divertido e movimentou muito melhor a prova. O público gosta disso. Por que você está agindo assim?
— Porque você não cansa de me provocar, ! Parece que você quer se provar a todo o momento o quanto… — se restringiu e parou de falar assim que notou o que iria dizer. sentiu o tranco em seu coração e se animou ainda mais, querendo deixar a mulher tentada a terminar o desabafo. Ela apoiou-se no sofá e fechou os olhos com as mãos, não conseguindo nem ao menos continuar o olhando.
— O quanto o quê, ? — diminuiu o timbre e traçou um caminho com os dedos pelos lábios da brasileira. Ela sentiu o choque dos dedos do homem contra a pele dos seus lábios e suprimiu a vontade de beijá-lo só com aquele mero estímulo.
— O quanto você me deixa louca. — achou que era aquela sensação que sentia quando acreditava ter ganhado na loteria da vida. A mulher disse a frase com uma entonação verdadeira e confiante, não sentindo a vergonha que poderia sentir ao ter revelado aquela verdade. Ele se encantou, ainda mais, por ela ser do jeito que é.
Com os olhos da Medusa, ele poderia queimá-la em uma esplêndida chama. Ele não se importava se o Sol ou a Lua iriam aparecer, nem se tê-la seguido poderia se tornar numa bola de confusão.
— Então não torne as coisas difíceis e se renda, . — dedilhou o rosto da mulher. — Porque eu não vejo a hora de lhe mostrar o quão louco eu também sou por você.
Antes que pudesse dizer outra palavra, os lábios de encontraram os seus e os tornaram como prisioneiros. Ela tentou se inclinar para trás, ou pelo menos é o que disse a si mesma, mas descobriu que suas resistências falharam miseravelmente. Seus lábios brincaram sobre os de em um ritmo doce que lhe deixou cambaleando, sem fôlego, e silenciosamente implorando por mais. Seus lábios se separaram e ele levou seu lábio inferior em sua boca, mordiscando-o. Ela voltou ao nível de coerência, tomando o lábio superior para si, e viu ali a sua chance. Uma vez que a sua boca se abriu, lançou a sua língua e explorou aquele lugar que ainda tinha o seu gosto. sugou uma respiração inesperada do seu nariz e sentiu os dedos dele cavando em sua coxa. Ela tirou o braço do aperto dele e mergulhou as duas mãos, entraváveis e impiedosas no cabelo dele, puxando-o levemente para perto dela. Ele rosnou de algum lugar no fundo da garganta e envolveu ambos os braços em volta de . Uma mão escorregou em seu cabelo, retirando o elástico de seus cabelos e deixando a tonelada de fios sedosos despencarem pelo rosto da mulher.
No momento em que seus lábios finalmente se separaram dos de , com ambos respirando com falta de fôlego, ele beijou o queixo da mulher e seus lábios pararam na curva do seu pescoço, onde se juntou ao seu ombro e mordiscou lá um pedido por mais, bem no seu ponto fraco, o responsável por fazê-la choramingar.
Isso era tudo que ele precisava ouvir.
Ele atingiu o balde de ouro no final do arco-íris. Ambas as mãos encontraram a parte inferior das costas de e seus lábios e língua fizeram um trabalho perspicaz de curta duração de um lado do seu pescoço, migrando para o outro lado e deixando mordidas de amor e chicotadas de língua ao longo do caminho. Ela rolou a cabeça para trás e para o lado, dando-lhe acesso total, expelindo barulhos suaves e ofegantes em seu ouvido.
Ele murmurou algo sobre como ela era apaixonante e ela sorriu cativada, virou-lhe, pairando sobre ele, com o olhar de quem não compreendia como haviam chegado naquele ponto. Ela cravou as unhas nas costas dele e girou ligeiramente os quadris, trazendo mais ao seu redor quando ele se afastou minimamente dela.
— Deveríamos parar. — Ela disse sem nenhum indício de fôlego.
— O que está errado? O que eu fiz? — respondeu preocupado e nervoso. As mãos de se amoleceram em volta de seu corpo no sofá e ela riu rapidamente, passando a acalmar o seu peito.
— Você não fez nada errado, é aí que está o problema. — Ela abriu os olhos e fuzilou o ídolo. — O problema está no quê eu não posso fazer.
— O que você quer dizer? — surtou por um momento. suspirou fundo, num som que soou como um choramingo triste, e mordeu os lábios.
— Quero dizer que, se você me beijar novamente, eu não vou conseguir ir embora mais uma vez.
deixou seus braços desmoronarem ao lado de e colocou a cabeça por cima dos peitos dela, suspirando após respirar ter se tornado a sua atividade mais dificultosa. As mãos de se enroscaram pelos fios de cabelo do homem e ela pareceu estar plenamente acomodada naquele amparo. Os braços de ganharam vida e lhe rodaram, acolhendo o seu corpo no contato físico dele.
Ele se afastou ao som do seu batimento cardíaco. As borboletas se acumulam em seu estômago e fizeram com que se contorcesse por cima de . Ela sabia que não estava pronto para lidar com aquela conversa, pelo menos não ainda.
Mas se a sessão que acabou de ter e, depois do olhar de ter lhe revelado o mesmo, ela aceitou a ideia de que não haveria preocupações, nem medo ou arrependimentos.
— Eu acho que devo pedir desculpas. — proferiu o seu pensamento. lhe cercou com suas pupilas dilatadas. — Eu achei que não seria você… — Ambos começaram a sorrir distintamente. , sem um pingo de receio em se revelar, enquanto que se enrustia com certezas de que aquele foi o erro mais certeiro que cometeu. — E eu lo siento mucho por ter errado na minha previsão. Acabou que, ironicamente, é você.
— Sou eu, quem?
mergulhou o rosto nos cabelos cheirando à rosas da mulher. Ele depositou beijos pela extensão do pescoço dela e, ao chegar no ângulo de seus lábios, ele gentilmente beijou os lábios de , transmitindo a onda de adoração e paixão que estava começando a se expandir em seu coração.
Ele sorriu, por fim, abrindo suas órbitas oculares e enchendo a mulher daquele sentimento traiçoeiro que ela quis tanto fugir.
— A minha rainha que não precisa estar montada em um cavalo para lutar diariamente nas batalhas da vida.
Fim.
Nota da autora: AEYO, MY SOFT BABIES! WHAT’S UP?
Preciso dizer que eu sou extremamente apaixonada por Lo Siento (e tudo que o suju produz) e fiquei longos dias achando que não iria conseguir honrar esse hino da porr* com exatidão. Até agora estou um tanto meio ~awe~ por causa do plot, mas acabei gostando muito do envolvimento desses personagens, ainda mais porque foi algo que abstraí do MV e pareceu acabar combinando com a letra (peço perdão se ofendi aquela obra de arte ou não honrei a expectativa kkkdjfk). Tô mega, hiper e ultra feliz pela oportunidade de fazer parte do ficstape de um dos meus grandíssimos grupos favoritos e poder esbanjar amor por esses seres humanozinhos magníficos! Se eu pudesse escreveria infinitas fanfics dedicadas aos suju loves e ficaria para sempre cuidando bem dos bebês, mas a gente faz o possível, né non? Tá aqui uma minúscula porcentagem do meu amor por eles! ♡
Pra variar, taca-lhe pau nas restritas, né, Dona Larissa? É isso mesmo, mores, eu taco-lhe pau nas restritas e não consigo me controlar, É UM VÍCIO. 90% do tempo passo pensando em plots de restritas e 10% pensando em quando vai chegar minha vez de dar vida a eles. Vocês acham que acabou por aqui? Ô SE NÃO, LOVES! Enquanto eu respirar vai ter restrita surgindo de nowhere, já aviso de antemão! KKKDKFJFJ
Anywayssssss, espero ter honrado o tempo gasto de quem chegou até aqui e, especialmente, trazido uma leitura prazerosa! Muitíssimo obrigada pela chance dada e torço para não ter te decepcionado. Se cuida, nos encontramos na próxima música, no próximo ficstape e na próxima fic!
*Leeteuk’s voice*: This "fic" is dedicated to the world’s biggest fanclub: The E.L.F; my girls, my angels! ♡
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Preciso dizer que eu sou extremamente apaixonada por Lo Siento (e tudo que o suju produz) e fiquei longos dias achando que não iria conseguir honrar esse hino da porr* com exatidão. Até agora estou um tanto meio ~awe~ por causa do plot, mas acabei gostando muito do envolvimento desses personagens, ainda mais porque foi algo que abstraí do MV e pareceu acabar combinando com a letra (peço perdão se ofendi aquela obra de arte ou não honrei a expectativa kkkdjfk). Tô mega, hiper e ultra feliz pela oportunidade de fazer parte do ficstape de um dos meus grandíssimos grupos favoritos e poder esbanjar amor por esses seres humanozinhos magníficos! Se eu pudesse escreveria infinitas fanfics dedicadas aos suju loves e ficaria para sempre cuidando bem dos bebês, mas a gente faz o possível, né non? Tá aqui uma minúscula porcentagem do meu amor por eles! ♡
Pra variar, taca-lhe pau nas restritas, né, Dona Larissa? É isso mesmo, mores, eu taco-lhe pau nas restritas e não consigo me controlar, É UM VÍCIO. 90% do tempo passo pensando em plots de restritas e 10% pensando em quando vai chegar minha vez de dar vida a eles. Vocês acham que acabou por aqui? Ô SE NÃO, LOVES! Enquanto eu respirar vai ter restrita surgindo de nowhere, já aviso de antemão! KKKDKFJFJ
Anywayssssss, espero ter honrado o tempo gasto de quem chegou até aqui e, especialmente, trazido uma leitura prazerosa! Muitíssimo obrigada pela chance dada e torço para não ter te decepcionado. Se cuida, nos encontramos na próxima música, no próximo ficstape e na próxima fic!
*Leeteuk’s voice*: This "fic" is dedicated to the world’s biggest fanclub: The E.L.F; my girls, my angels! ♡