Capítulo Único
Havia pouco que a baronesa de Dalarna, Cordonne Deboix, apreciava mais do que passar uma tarde cavalgando. Sua pele dourada, aquecida pelos impiedosos raios de sol refratados na atmosfera, arderia não fossem os aliviantes golpes do vento. As brisas de Dalarna eram duras, mas possuíam em si a mesma intenção de sensíveis carícias. O curto fôlego e coração acelerado da senhorita Deboix, traduziam, em parte, o esforço físico da atividade. Porém, assim como Ian – o médico da família – adicionaria, não deixavam de ser consequência das reações químicas e dos hormônios liberados por suas adrenais.
- Voa, Strider! – Ditou, apertando suas coxas ao redor do cavalo enquanto este acelerava de volta para a sede da propriedade.
O puro-sangue inglês fora um presente de seu pai logo que começara a dominar a equitação. Estava no auge de sua idade ativa e assim como ela, o animal era doce, mas impetuoso. O que seu pai costumava frisar como simplesmente “imprudente” ou como pura “teimosia”. torcia o nariz para tal simplificação de sua complexa personalidade. Tinha, contudo, de se dar por vencida assim que Louis entrava na conversa.
Como o irmão responsável, Louis Deboix não deixaria de perder a oportunidade de reprovar o comportamento de . Assim que funcionava no lar do Barão de Dalarna, desde que seu filho ganhara uma irmã. E foi com uma careta e braços cruzados ao peito que recebeu-a, assim que chegara à porta do estábulo.
- Quantas vezes o pai vai ter de pedir-lhe para não arriscar sua vida nessa pobre criatura, ? – Balançou a cabeça, seguindo-a ao levar o cavalo de volta para sua baia.
- Bom dia para você também, Louis. – Revirou os olhos, acariciando a crina de Strider enquanto este bebia água.
- Ah querida irmãzinha, eu chego após dois meses fora e isso é toda a recepção que ganho? – Desfez a carranca e abriu os braços em convite.
- Você que chegou cheio de farpas, irmão. – Expirou, fechando a baia e correndo até o homem.
- Perdoe-me, soeur. – Suspirou, beijando o topo da cabeça da mulher. Louis era o único na família reduzida que ainda conservava algumas das suas raízes linguísticas francesas. O que explicava os termos como soeur e père que adorava ostentar ao se referir à irmã e ao pai. Principalmente na presença de visitas. Com estas até um leve sotaque lhe atacava. - Somente me preocupo. - Deu de ombros.
- Eu sei. – Ela levantou seu olhar para o dele. - Você realmente tende a exagerar nisto. – Gargalhou, socando seu peito e afastando-se um pouco. – Estou inteira, está vendo? – Gesticulou para o próprio corpo.
- Entendo que seja experiente, mas rápido assim? Strider estava a ponto de te derrubar quando parou bruscamente àquela velocidade. – Replicou, caminhando a seu lado em direção à casa principal.
- É um puro-sangue, não é?! É suposto correr rápido.
- Se você diz... – Balançou a cabeça nem um pouco convencido. – Esteja pronta para o jantar em trinta minutos. Sabe que o papai odeia atrasos.
- Eu sei. – Sorriu amarelo, rememorando a última vez que os fizera esperar.
A mulher acelerou para o segundo andar da residência, xingando mentalmente a sujeira que estava deixando com suas botas enlameadas. Sabia que Amélie encheria sua cabeça de reclamações, não que fosse ser a própria governanta a limpar sua bagunça, mas cada “falta de modos” que incorria era tomada com amargura pela mulher que praticamente lhe criara, mesmo em vida de sua mãe.
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Naquela mesma noite
- O senhor é letrado, senhor Bristol?
- Sim senhor, estudei por dois anos na Inglaterra antes de vir aqui para Dalarna. - Respondeu o convidado que o irmão de falhara em mencionar a existência. Agora a mulher alisava seu vestido e corria a mão por seus cabelos mal penteados a cada oportunidade que tinha. Maldito dia que dispensara a ajuda de Amélie para arrumar-se.
- , também já estudou? - Perguntou o homem, que atendia por Bristol.
A senhorita Cordonne Deboix franziu o cenho surpresa com a pergunta. Mulheres já frequentavam as universidades fazia um tempo, mas as redondezas não viam com bons olhos a modernidade. Tanto que a própria nunca cogitara tal possibilidade. Isto fez com que virasse seus olhos curiosos para avaliarem a reação de seu pai à tal atrevimento.
- Aqui em Dalarna e nas redondezas isto não costuma ser bem visto… - Comentou Louis, também sem reação ao olhar para o pai.
- Sim, estamos no interior e qualquer coisa vira fofoca. Mas o que nossa família decide fazer não lhes concerne. - Finalmente o velho Deboix se pronunciou. - Se for da vontade de minha filha, quando estiver madura o suficiente, claro que terá meu apoio para frequentar a universidade.
- Talvez eu queira, mas são tantas possibilidades a escolher… - Comentou , com um meio sorriso para .
- Não que ela fosse impedir-se por qualquer proibição minha. - Gargalhou o pai. - Esta aí é teimosa.
- Pai! - Reclamou, enrubescendo ante as risadas contidas de seu irmão e da visita. - Hum… - Limpou a garganta. - Mas senhor Bristol, o que o senhor deseja realizar em Dalarna?
- Somente procurando trabalho, senhorita. Infelizmente minha família teve de separar-se pelo condado e até para fora dele, na busca de arrumar meios de subsistência.
- Pai, não estávamos à procura de um caseiro? - Louis perguntou, fazendo meu coração se acelerar.
- Oh, mas que coincidência feliz. Estávamos de fato!
- Mas com suas qualificações talvez o senhor Bristol esteja em busca de algum cargo mais elevado. - Intercedeu , nervosamente. Como que poderia ficar confortável em sua própria casa se aquele homem circulasse por ali em uma base diária? Seria uma tentação irresistível para a mulher.
- Na verdade , algo assim é exatamente o que procuro. Algum trabalho estável que me permita usar as mãos. - Apertou o punho, fazendo-a suar com a ondulação de seus músculos sob a camisa.
- Perfeito. Após a refeição acertamos os detalhes. - Acenou o Deboix mais velho.
Após esta pequena confirmação verbal, os olhos de pareceram saltar para os de por uns segundos. Ao longo de todo o jantar o homem a lançava pequenos olhares avaliadores, verdadeiramente interessados no que dizia a cada vez que abria a boca. Sua própria mãe dizia “somente percebemos que todos são surdos a nossos clamores quando aparece alguém que nos escuta”. E de alguma forma esquisita, desde aquela primeira noite, parecia conseguir ler com facilidade.
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Duas semanas depois
puxou Strider pelas rédeas, guiando o cavalo que transportava de volta para o estábulo. Uma atividade que realizara repetidamente durante seu tempo trabalhando naquela propriedade. A mulher realmente amava cavalgar, e quando o fazia, a cena fazia um fogo acender-se dentro de . Um apelo que refreava todas as vezes, somente vencido por um banho gelado. E este parecia ser mais e mais necessário a cada dia que passava naquela tortura.
Amarrou as fitas de couro das rédeas a frente de uma baia e auxiliou a mulher a descer, segurando-a com seus braços tensionados, como amarras a sua volta. Amarras das quais também não pretendia escapar. O tempo não reduzira a atração inicial de ambos, só fazia aumentar. Cada vez que ela o via trabalhar, semi despido e suado pelo trabalho braçal, se perguntava como seria traçar aquele abdômen malhado com seus dedos, ou mesmo com sua língua. Já quando ele a observava conduzir Strider pelos campos, com seus cabelos soltos ao vento, perguntava-se como seria puxar aqueles fios amendoados no auge da paixão, ou senti-los roçarem em seu peito. Abraçados ali naquele estábulo, todos os pensamentos impróprios que haviam tido pareceram retornar com força.
Segundos desdobraram-se em minutos de agonia da indecisão. Confluindo em uma teia de consequências mal revisadas antes que decidissem tomar aquele passo que tanto queriam tomar. Até jogarem para o lixo sua razão em troca da luxúria. Até que ambos se encarassem sem fôlego.
Ela pela excitação de ser tocada por aquelas mãos simultaneamente brutas e gentis.
Ele por estar sentindo cada uma das curvas ondulosas da baronesa.
Mesmo por cima das camadas de tecido do seu vestido.
Contudo, não fora ele a tomar o primeiro passo. fora quem cruzara a distância já minúscula entre suas bocas. Encerrando, enfim, a angústia que havia sido resistir ao homem nos últimos dias. Beijaram-se com luxúria, agarrando os cabelos, as roupas e o que mais pudessem sentir um do outro. De alguma forma, ele encaminhara seus corpos selados para uma baia vazia, fechando-lhes ali dentro. O mínimo necessário para evitar qualquer intrusão indesejada. Não que estivessem tão bem escondidos, mas o homem raciocinara que qualquer proteção seria melhor do que ser encontrado beijando a filha do seu Senhorio em pleno ar livre.
A camiseta que apertava o peito de fora arremessada pela mulher tão rápido quanto ele abrira seu vestido e desfizera os nós do espartilho dela. O tecido ainda pendia frouxamente de seu corpo quando ele sentou-se em um fardo de feno, trazendo-a de pernas abertas, uma de cada lado de seu corpo.
A umidade entre as pernas de fluía dolorosamente com sua necessidade muito mal satisfeita com todo o tecido que ainda havia entre sua intimidade e o membro de . Mesmo assim, sem poder se conter, remexeu-se acima dele, aproveitando-se do movimento de fricção que por si já levou ambos à insanidade. Rebolou no colo dele, buscando alívio, porém somente encontrando mais necessidade, assim como quem bebe água salgada para matar a sede. A fricção estava quase insuportável, e só fazia o ardor da paixão de ambos aumentar em uma tensão sexual inabalável até mesmo pelo fato de poderem ser flagrados a qualquer momento.
Diabos! até que sentia ainda mais prazer com a possibilidade de serem pegos. O perigo daquela loucura que estava cometendo somente aumentava seu tesão sobre aquele homem esculpido que saturava cada uma de suas respirações. Esfregou-se nele uma vez, e mais outra, apertando o ombro do homem com suas unhas em aflição. Já se revezava entre chupar seu pescoço, o lóbulo de sua orelha ou enterrar seu rosto na fenda entre seus seios ainda apertados e empinados pelo espartilho. Friccionou uma última vez, duramente, no colo do homem, expirando profundamente ao senti-lo elevar seu quadril simultaneamente em sua direção.
Em um gesto corajoso, levantou-se, retirando de vez qualquer tecido que pudesse separá-la dele. Naquele ponto, nada a impediria de se deliciar com o membro ereto de , que a encarou logo que ele retirou-o da calça. Madeleina mal parou para encarar o erotismo da cena.
Mal podia acreditar que aquele era mesmo sentado em meio a um monte de feno. , o caseiro de sua propriedade pronto a ser tomado por ela. O homem ainda ostentava seu chapéu de cowboy e parecia completamente desconcertado ao ver a baronesa daquela forma. era uma visão dos deuses, completamente nua a sua frente.
E para ela bastou tanto quanto uma mera gota de suor escorrendo pelo peito de . Um peito largo ofegante que desembocava em uma barriga de tanquinho e então em jeans apertadas, que antes de serem abertas mal seguravam a potência de sua excitação. Mas somente aquela gota de suor a qual ela invejara, bastara para fazê-la perder-se por inteiro e ir tomar o que era seu.
Novamente sentou-se no colo do homem, que clamou sua boca e dedilhou em direção à sua intimidade antes mesmo que esta pudesse encontrar seu caminho até ele. Sentiu-a primeiramente de leve, mas estava tão molhada que dois de seus dedos deslizaram para dentro de sua vagina. A mulher arqueou-se buscando algo mais profundo, mas ele negou-lhe, passando a estimular seu clítoris com uma insana lentidão. lutava com seus gemidos, mas não conseguia impedir alguns de chegarem à superfície. Principalmente com a combinação que se seguiu, dos dedos do homem finalmente fazendo seu caminho até o seu interior apertado, mas muito lubrificado, as chupadas no bico de seus peitos, fazendo um caminho nervoso direto até onde mais precisava e a outra mão que sustentava sua bunda, com dedos próximos de sua cavidade.
Sempre que sentia-se sendo levada à beira, ele interrompia suas ministrações. Mas cada vez era mais fácil que chegasse próximo a seu clímax. Assim que quando finalmente sentiu a cabeça do membro em sua entrada, sugou-a para dentro com desespero.
Foi a vez de suspirar, gemendo. afundou-se no homem, abarcando toda sua extensão. Isto a levou à borda, após todos os minutos de preliminares e provocações, levando-a ao orgasmo após poucos movimentos desesperadamente duros de subida e descida. Logo que sentiu os tremores de seu interior suas pernas falharam por uns segundos, sendo segurada pelo homem, que beijou seu pescoço sem piedade, intensificando sua sensação de prazer.
Finalmente retomando o controle, a mulher pegou o chapéu de cowboy da cabeça de , querendo fazê-lo gemer e excitá-lo assim como ele a provocara. Começou a cavalga-lo com movimentos precisos e certeiros, que o faziam perder a razão e mergulhar a cabeça no feno a sua volta. Subiu, desceu, rebolou em sua base. Deixou-lhe novamente sair até quase a cabeça de seu membro e apertou seu interior ao recebê-lo novamente dentro de si.
Aceleraram a um ritmo frenético, somente interrompendo-se a contragosto após ouvir um barulho à porta do estábulo. Começaram a fazer uma marcha dolorosamente lenta com apertando a boca de para impedi-la de gemer, mas ele mesmo mal aguentava não emitir qualquer ruído de satisfação.
- Não posso parar agora. - Suplicou baixinho, sentindo-a sugar seu o lóbulo da orelha.
- Não ousaria te… - Gemeu baixinho xingando. - ... pedir. - Replicou em um sussurro.
O barulho de passos se aproximava. Continuaram movendo-se, mas em um pecaminoso ritmo vagaroso. Foi quando a antiga porta do estábulo rangeu ao ser movida que encostaram a testa uma na do outro aproximando-se do clímax. A adrenalina de serem pegos a qualquer segundo não só os aterrorizava, como também aumentava sua excitação.
A mulher mordeu o ombro de , para conter um berro amoroso, levando-o à borda segundos depois. E foi com o expirar profundo que soltou após sua liberação, que finalmente caíram em si. Seu encanto quebrou-se, com ambos congelando ao escutarem a frase pronunciada em seguida.
- ! Está aí, Soeur?! - Berrara Louis, a cada segundo mais próximo da baia em que estavam.
Os olhos de arregalaram-se tanto que quase saltaram das órbitas. A mulher apressou-se a vestir-se o mais silenciosamente possível assim como . O homem sussurrou em seu ouvido antes de sair da baia, deixando-a ali dentro, mortificada. “Confie em mim.” Dissera, não parecendo mais tão perturbado com a intrusão.
- ? Achei que agora estaria consertando a cerca. - Comentou Louis, finalmente vendo o cavalariço emergindo de uma das baias do estábulo.
- Ah, estava cuidando de Strider, sua irmã foi cavalgar mais cedo e quis ter certeza de que ele estivesse bem e descansado para o próximo passeio.
- Hmm, e porquê todo esse feno? - Arregalou os olhos.
- Eu estava buscando mais um fardo, e o feno levou o melhor de mim. - Riu. - Amanhã eu conserto a cerca.
- Tudo bem, mas sabe onde se meteu a ?
- Acredito que foi limpar-se após o passeio. - Replicou. - Vamos tomar um café, logo ela deve aparecer. - Terminou com mais ênfase.
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- cavalga com maestria, senhor Deboix. – Disse , ignorando o mini-ataque da mulher ao tossir o gole de chá que acabara de engolir. Ficara anos para retirar todo o feno de seu cabelo e roupas, mas conseguira se recompor bem a tempo de encontrar os garotos para o chá.
- Ela tem o talento natural de sua mãe. – Assentiu Pierre, sorrindo para a filha, alheio ao duplo sentido que aquilo tudo tomara para ela.
- Quando estará partindo, senhor Bristol? - Louis irrompeu de repente, com certa raiva.
- Louis! Que indelicadeza… - trocou olhares com , um pouco apreensiva.
O homem por outro lado permaneceu imperturbável, como se não tivesse com o que se preocupar. Mas é claro, ele também não possuía conhecimento da existência da espingarda de seu pai, e da excelentíssima mira de seu irmão. Ou o quão protetores ambos poderiam se tornar quando se tratava da última baronesa de Dalarna.
- Estou muito satisfeito com os frutos de meus trabalhos aqui e agradeço imensamente a hospitalidade. - Replicou o senhor Bristol de forma evasiva. - Agora perdoem-me, irei me retirar para preparar os materiais para amanhã.
- Bom trabalho, Sir . - Acenou o pai de .
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A mulher seguiu o caseiro assim que este levantou-se da mesa. Tinha os punhos cerrados de nervosismo e a cabeça quente. Contudo, somente começou a falar após crer estarem longe de ouvidos de curiosos.
- Por que fez aquilo? – Bufou, empurrando o peito do homem, tentando ignorar a camisa suada que se colava ao tanquinho que ostentava.
- Aquilo o quê? – Arregalou a sobrancelha, virando-se para continuar recolhendo ferramentas para consertar a cerca mal montada.
- Você sabe do que estou falando. Qualquer pessoa minimamente inteligente perceberia o quanto o que disse foi ambíguo! E você chegou e soltou aquilo na frente do meu pai! – Replicou, sendo ignorada. Deu a volta no homem para encará-lo novamente, impedindo-lhe de continuar o que fazia.
- Elabore. - Revirou os olhos.
- Eu “cavalgo bem”?!
- Você está lendo coisas onde não tem, baronesa. Agora deixe-me voltar a meu trabalho.
- Eu me arrependo amargamente de já ter tido relações com você. - Cuspiu ela, virando-se para um olhar dolorosamente surpreso e furioso de seu irmão à porta do gazebo.
- , o que significa isto?
- Louis pelo amor de cristo, você não sabe o que ouviu.
- Ah, não sei, é?! - Virou-se para furiosamente. - O que fez com a minha irmã?!
- Jesus, Louis Cordonne Deboix! Nada aconteceu entre mim e o senhor Bristol.
- Então o que você falou…? Não me faça de idiota. - Berrou, com as mãos tremendo. tentava contornar a situação enquanto o idiota de Bristol permanecia em seu canto, segurando um arado como se fosse uma terça-feira qualquer no campo. Observando-a de longe com a paciência de um monge.
- O senhor Bristol somente disse que Strider não era um bom cavalo. Irritei-me e mencionei ter me arrependido de ter cogitado ser amiga de um homem ignorante como ele.
- Espera que eu acredite nisso? - Seu irmão cruzou os braços com uma carranca.
- Claro que sim, a alternativa seria absurda. Alguém como eu, uma baronesa, merece muito mais do que um fracassado estudante que se contentou em ser caseiro. - Desdenhou, sem mais aguentar a pressão dos questionamentos de seu irmão, e ainda chateada com a falta de preocupação de .
Contudo, arrependeu-se tão logo seus olhos cruzaram com os de Bristol. Ou melhor, não cruzaram. Ela buscava aqueles oceanos de calma para a embalarem, mas não recebia nada em retorno. Ele a evitaria a todo o custo, isto estava claro para ela. Por isso, assim que Louis assentiu, indo embora, ela segurou-se muito para não permanecer com seu ex-amante. A conversa que desejava ter teria de aguardar até o dia seguinte.
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Na manhã seguinte
- Desculpe-me por ontem. - Tentou. - , está me escutando? - Contornou o homem, convencida a lhe seguir até ouvir que ele a perdoava. Ao menos esse era o plano.
- Baronesa. – Finalmente suspirou, largando suas ferramentas e cruzando os braços. – Em que lhe posso ser útil?
- Desculpa, está bem? – Ela olhou em seus olhos, entendendo a frustração por detrás deles. – Eu sei que lidei muito mal com a situação, mas não sabe o que meu irmão faria com você se soubesse que estamos envolvidos.
- O que quer que eu diga? – Interjetou, parecendo impaciente. – Que fui tratado como lixo por você? – Continuou antes que ela pudesse dizer qualquer coisa.
- S-sim, mas...
- É tão superior a mim, mas não consegue me deixar em paz para fazer meu trabalho e partir de vez? – Indagou, sério.
- Você não pode partir.
- E porquê não?
- Por que eu ainda não acabei com você. – Replicou, com a cabeça erguida. – Não sou superior a você, nunca liguei para títulos. Ontem somente falei a única coisa que tiraria meu irmão da nossa cola. Você não estava ajudando e foi a única coisa que pude pensar no momento. Então por favor, não guarde muito rancor por algo que nem sinto. Eu juro que…
- Tudo bem. - Ele interrompeu-a, inspirando fundo e expirando antes de continuar. - Você tem razão, eu não ajudei nem um pouco. Tenho sido um pouco infantil em relação a tudo. Mas é que você traz um lado em mim que desconheço, . Eu te vejo e tudo o que quero fazer é agarrá-la e ter junto a mim. Por isso vou embora, é melhor eu me afastar de você antes de acabar desenvolvendo sentimentos fortes demais para refrear.
- Mas está errado, Will! É por isso que tem que ficar! Há algum tipo de conexão entre nós que merece ser explorada. E seja o que for, não pode estragar isso por medo de não dar certo! Espero que pense bem sobre isso antes de tomar uma decisão que vai acabar se arrependendo. – Terminou, reunindo coragem para deixá-lo. Surpreso e confuso como estava.
- … . – Finalmente ouviu, após dois passos dados com muita hesitação.
- Sim? – A mulher virou-se tentando conter o sorriso que despontava do canto de seus lábios.
- Por enquanto eu fico. – Assentiu, abrindo seu meio sorriso especialmente direcionado a ela, que correu para abraçar-lhe e depois partiu.
observou-a voltar para o casarão, rebolando mais do que o costume. Sabia que aquela mulher lhe traria muitos problemas. Mas sua cabeça e seu coração não pareciam querer ouvir a qualquer lógica. Ele podia fingir que não, mas aquela mulher o tinha enlaçado assim que pusera os pés em sua propriedade. O sol se pondo foi o indicador para voltar ao trabalho, mas sua mente já não revolvia as palavras malditas. Não guardava mais rancor do que o necessário, e com ele assim sempre fora e assim sempre seria.