01. Price Tag

Finalizada em: 17/08/2018

Capítulo Único

O som era alto. O lugar estava quente. Seus pés doíam, mas não ousava em parar.
- Foco, ! - Luke a apertou firme nos braços, a guiando na dança que ambos praticavam. - Levante mais o queixo.
Ele continuava ordenando, e ela apenas obedecendo.
Haveria uma competição de dança daqui a menos de duas semanas e os vencedores ganhariam uma bolada de dinheiro e estariam inscritos pra uma das melhores instituições de dança do país. queria tanto aquilo que treinava dia e noite com Luke, chegando ao ponto de começarem a treinar às 5h da manhã e irem até o céu escurecer novamente.
Eles estavam quase lá. Mas, para , o dinheiro não importava ali. Fazia aquilo porque gostava, pois dinheiro nunca foi um problema pra ela já que sua família era uma das mais ricas da cidade.
Neste momento estavam treinando em um cômodo vazio da sua enorme casa. Tinha aproveitado que seus pais haviam dado uma saída e, pelo que deram a entender, iam demorar.
- Chega, chega! - Luke se rendeu, se jogando em um dos puffs da sala. - Estou morto, . - ele dramatizou, cobrindo os olhos com um dos braços. - Você é feita de quê, mulher? - Ele se surpreendia mais a cada dia com a mulher. apenas riu com o comentário.
- Certo - concordou de uma outra extremidade da sala. Foi aí que teve uma ideia. No momento seguinte, colocou uma música para tocar, olhou sugestivamente para o homem mais adiante enquanto tocava Beyoncé, Dance for You. Luke gargalhou, prestando atenção nos movimentos sensuais da garota.
- Uuhhh, que maravilhosa! - ele aplaudiu. - Arrasa!
mandava beijos enquanto se aproximava dele e virava, ficando de costas para ele e rebolava em seu colo.
Nesse momento uma figura adentrou o local e desligou o som, ganhando a atenção dos dois. Anne, mãe de , estava horrorizada com a cena que havia acabado de presenciar.
- Mas que pouca vergonha é essa aqui?! , trate de se vestir descentemente e você, moleque, fora daqui em menos de um minuto!
Tão rápido como entrou, Anne saiu.
- Desculpe por isso, Luke. Não sabia que ela iria chegar cedo. - lamentou, colocando um blusão por cima do top que usava.
- Não por isso, amor. - se levantou. - Você viu a cara dela? - riu. - Mal sabe ela que da mesma fruta que você gosta eu também gosto. - gargalhou enquanto pegava suas coisas do chão.
então o acompanhou até a saída da sua casa.
- Nos vemos amanhã?
- Por Deus, mulher, vá descansar um pouco! Nos vemos depois de amanhã, ok? - se abaixou e deu dois beijinhos estalados nos dois lados do rosto da garota.
- Ok, fracote. - brincou e o viu sair, não antes de mostrar pra garota o dedo do meio e entrar em seu carro.
Quando se virou, uma Anne a encarava com os braços cruzados.
- Então esse era o compromisso que não poderia ser desmarcado em hipótese alguma? Francamente, ...
- Olha aqui, se for pra começar com sermão, melhor nem começar, mãe. - subiu as escadas e quando foi passar pela mãe, ela segurou o braço da filha.
- , não quero você com esse menino! Sabe o que você parecia quando te vi agora?
- Não. - sabia o que ela ia falar, mas a desafiou a continuar. - Uma vadia? Vamos, fale, porque é isso mesmo que eu sou aos seus olhos, né?
- Era o que parecia! Eu já disse pra você parar de andar com esse moleque e começar a fazer coisas que meninas da sua idade e classe social fazem.
- Já disse que não vou fazer porra nenhuma! Eu não quero fazer faculdade de medicina, mãe. O que eu quero mesmo fazer da vida é dançar.
- Você sabe o quão ridícula está soado agora, ? Se ouça.
- Acho que a ridícula aqui não sou eu, mãe! É incrível que uma mulher da sua classe - falou com desprezo - e estudos, tenha uma mente tão pequena.
- Olha como você fala comigo, menina! Enquanto você morar no mesmo teto que eu e seu pai, fará tudo o que mandarmos.
- Então é assim? - Anne não respondeu. Deu o silêncio como resposta.
E ali, na escada mesmo, percebeu que a mãe nunca iria mudar e se realmente queria seguir seu sonho, teria que fazer por conta própria e sem ninguém pra lhe azucrinar todo santo dia pelas escolhas que tomava.
Suspirou e balançou a cabeça, olhando pra mãe com decepção, passando por ela e indo para seu quarto.
Apesar de não parecer, a mulher amava a filha e apenas queria o que todos os pais queriam para seus filhos: uma carreira promissora, um bom lar e uma família, com marido e filhos, mas parecia que a menina adorava desafiar Anne. Sempre gostou, na verdade, e Anne ficava louca com isso.
No andar de cima, a garota já planejava como iria fugir de casa na mesma noite. Quebrou o porquinho com suas economias de mesadas dos anos anteriores, separou uma mochila, afinal não ia precisar levar muita coisa.
Ficou trancada no quarto até de madrugada e recusou todas as refeições que tinham sido tragas pela empregada, Bria. Havia acabado de terminar a carta que tinha escrito para a mãe. Ali, naquela casa, deixava metade de seu coração com sua mãe. Esperava que Anne a entendesse algum dia e não a procurasse até que a mesma o fizesse e se sentisse pronta para tal.
Repousou a carta em cima do travesseiro e pegou a mochila no pé da cama, dando um adeus silencioso a tudo que deixaria para trás nessa nova jornada que se iniciaria em sua vida.

Mãe,
Sei que provavelmente deve estar louca me procurando nesse exato momento e se perguntando pra onde eu fui, mas eu espero, do fundo do meu coração, que entenda por que parti. Fiz isso para meu bem, pois sei que se ficasse aí e fizesse tudo o que você me pedisse - porque sei que você tem um manual de instruções de toda a minha vida, planejada nos mínimos detalhes - eu iria enlouquecer e você não quer uma filha louca, certo?
Preciso seguir meu caminho, tropeçar e cair para, assim, aprender com meus erros.
Um dia você terá notícias de mim, mas, por enquanto, quero que nem você e nem o papai mandem me procurarem. Sei que será difícil para vocês perderem sua única filha, mas vocês se acostumarão. Ficarei bem, pois tudo o que me foi ensinado até o momento usarei ao meu favor.
Novamente peço: Não me procurem. Quando me sentir bem comigo mesma e conseguir o que almejo, os procurarei.
Se cuida, dona Anne.
Te amo <3
.


5 anos depois...
agora era dona de uma escola de dança em Nova York na qual havia fundado com seu amigo de longa data, Luke. A caminhada até ali havia sido complicada e árdua, mas ambos conseguiram segurar as pontas e seguir. Ficaram mundialmente reconhecidos depois da apresentação que fizeram anos antes e agora faziam coreografias para artistas como Anitta, Britney Spears, Little Mix e Beyoncé. Se orgulhavam do que tinham conquistado até o momento e não mudariam uma palha sequer.
- Ansiosa para hoje, neném? - Luke a surpreendeu, entrando na sala que compartilhavam e lhe cumprimentou com um beijo no rosto.
- Muitíssimo.
- Acha que seus velhos virão hoje? - Luke fez a pergunta que rondava a cabeça de há dias. apenas suspirou.
- Não sei, Luke, mas espero que venham e que não tenham guardado rancor pelo que fiz.
- Se realmente te amam, virão. - sorriu confiante para a garota, que sorriu de volta.
- Obrigada por todos esses anos, meu amigo. Não sei o que seria de mim sem você. - sorriu, chorosa.
- Não chora, porque aí sua pose de Super-Mulher cai. - riu, indo em direção da amiga, a abraçando em seguida. - Eu que só tenho a agradecer, mulher. E, se depender de mim, estarei sempre ao seu lado.
Um estrondo foi ouvido e a imagem do homem alto surgiu.
- Pode largar meu homem, ! Esse aí já tem dono. - brincou Stephan, namorado de Luke.
- Palhaço. - a mulher revirou os olhos.

(A cena que se segue foi totalmente inspirada na cena final do filme Se Ela Dança Eu Danço 4)

Ansiosos como sempre estavam, como se fosse a primeira apresentação dos dois, Luke e subiram no pequeno palco que haviam instalado ali para promover o estúdio de dança deles. Ainda de mãos dadas, fizeram uma rápida reverência ao público e iniciaram a dança quando a música começou a tocar.
Fizeram diversos passos conforme haviam ensaiado no dia anterior e todos que passavam na rua olhavam, admirados com a apresentação. Alguns até paravam. E outros, como Anne e Robert, pais de , observavam de longe, completamente emocionados. Robert em especial nunca tinha visto a filha dançar, e a vendo ali, diante de seus olhos, pôde constatar que ela tinha o dom.
Ao finalizarem a coreografia, o casal de amigos agradeceram e desceram do palco, e Robert e Anne se aproximaram, receosos.
- Você estava linda lá em cima, filha! - Robert foi o primeiro a falar, logo em seguida tomando a filha em um abraço apertado - Sentimos sua falta.
- Também senti a de vocês.
Anne engoliu o orgulho e enfim disse:
- Acho que lhe devo desculpas - ela olhou para o homem ao lado da filha - Aliás, a vocês dois.
- Você teve seus motivos e eu te entendo, mamãe.
- Sim, tive, mas mãe que é mãe apoia os filhos.
- E você me apoiou, respeitando meu pedido de não me procurar - segurou na mão da mãe - Obrigada. - abraçou os pais ao mesmo tempo. - Obrigada por tudo.
- Vai, anda, se aprontem aí pra mim tirar uma foto. - anunciou Luke, sacando o celular do bolso. - Digam "xis".
E a câmera registrou aquele momento da família, com Anne e Robert beijando a bochecha da filha enquanto a mesma revirava os olhos.




Fim.



Nota da autora: GENTEEE, esse negócio de fanfic é coisa de louco, pois você escreve uma e não quer mais parar 😂😂. Agora falando sério, obrigada a você que leu até aqui e, claro, um obrigada especial pra Naty, essa pessoinha maravilhosa que me deu a oportunidade de escrever esse hino da cantora Jessie J.
Nos vemos em breve #risadamaquiavélica 💙.




Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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