01. Prologue
In the dream I shortly went into
My agonizing phantom pain is still the same
Alguma vez já parou para sentir o vento ou simplesmente se perguntou se aquilo, de fato, era real ou algo simplesmente criado pela sua mente cansada? E se o vento não existisse? Você não pode o ver, então é conclusivo que as vezes somos capazes de sentir coisas que não “existem”. Um outro bom exemplo pode ser uma mulher que não confia no namorado e se sente sempre traída, enganada, tudo isso somente pelo fato de sentir que algo está errado, quando na verdade, o companheiro chega cansado após um longo dia de trabalho e a única coisa que quer é tomar um bom banho para relaxar, já não tem mais aquele “eu te amo” diário de início de paixão, pra ela não é mais suficiente apenas um gesto e então cria um contexto que aparentemente faz sentido.
Diversas vezes durante noites me peguei imaginando se o que eu vivi ali era apenas uma realidade criada por mim mesma, quero dizer, essa questão de sentir que algo ali faz sentido. Me questionava sempre se eu me encontrava tão entorpecida do mundo que já criava maneiras de escapar de uma vida turbulenta, afinal, eu podia ver aquele mundo com meus olhos e podia o sentir, mas ele era realmente real?
A madrugada chegara fria naquele dia e como de costume, apaguei a lâmpada do abajur e encarei a parede branca que tinha algumas sombras dos galhos das árvores do jardim, me acomodando um pouco mais e me virando para janela, conseguia ver a lua e admirar a forma com que sua claridade azulada invadia meu quarto e o quão cheia ela estava, dando até a impressão de que eu podia a tocar.
Eu me sentia cansada, mesmo sem ter feito muito esforço durante o dia, meus olhos começavam a pesar devido o remédio que me fora prescrito por conta de pesadelos que eu estava tendo com uma certa frequência e em minutos, eu sentia todo meu corpo adormecer.
— . — alguém ao longe me chamou, eu sabia que já estava sonhando — Por favor, acorde.
A voz continuou repetindo diversas vezes para que eu acordasse, mas a cada pedido, a tristeza contida ali aumentava e que eu podia sentir também, um aperto surgiu ainda mais forte quando o sentimento de familiaridade invadiu meu peito.
— Eu estou acordada. — eu respondia.
— Por favor, não nos deixe, nós te amamos tanto. — era a voz de meu pai, eu sabia que era e ele estava chorando.
— Eu nunca vou deixar vocês. — eu tentava mais uma vez, mas minha voz saia baixa e eu era incapaz de saber se podiam me ouvir. Estiquei minha mão sem saber para onde deveria a guiar, tentava somente o alcançar mesmo que no escuro, mas era inútil.
— Você tem que acordar, você tem que lutar. — a voz do meu pai se afastava e então tudo sumiu como um último suspiro.
Pai.
Eu tinha que acordar, mas meu corpo não obedecia, assim como minha voz que se recusava a sair. Então como em um estalar de dedos, me vi de olhos abertos em um quarto claro, com pessoas ao meu redor, mas nenhuma delas podia me ouvir, nenhuma delas sequer me olhava. Eu tentei chamar, gemer, berrar e me mexer, mas eu não conseguia, até que meu corpo tremeu e acordei novamente no quarto em que eu havia adormecido.
Tinha sido outro pesadelo.
Encarei a lua que já não iluminava meu quarto tanto quanto antes, sentada em minha cama, estaria tudo totalmente em silencio se não fosse pelo tictac do relógio na parede do canto. Suspirei pesadamente, peguei a coberta que caíra no chão e voltei a me deitar, fechando os olhos.
— . — eu podia estar louca, eu já estava acordada.
— Quem está aí? Lee Joon? — podia ser um dos enfermeiros.
— — estava cada vez mais perto, mas eu não via ninguém. Acendi a luz do abajur, mas nada estava fora do lugar, apenas eu mesma.
Voltei a apagar a luz e a me deitar. De olhos fechados eu podia sentir, sentir o cheiro, um cheiro de orvalho misturado com as gostas de água, pode parecer loucura, eu acreditava estar.
— . — a voz chamou e voltei a me sentar na cama, com respiração pesada e meu coração acelerado. Eu estava com medo.
— Q-quem está aí? — segurei o lençol perto do meu rosto em tentativa de me esconder. — Olhe para mim. — respondeu, meus olhos vagaram pelo escuro, mas as lágrimas já deixavam minha vista turva.
— Eu mandei olhar pra mim. — pude sentir agonia, como se todo meu sangue tivesse se congelado e eu tivesse virado mármore.
Aquela voz era como um rugido, um trovão que soava em tempestade, então senti meu corpo ser prensado contra a cama por uma força que não era a minha, a respiração forte e quente encostava a minha pele fria, e um forte cheiro de canela invadiu meu nariz, eu me debati para me soltar, talvez sair correndo dali, se a porta não tivesse trancada.
Acorde!
Você tem que acordar, , você precisa lutar e sobreviver.
Meus olhos se fecharam e eu não lembro mais de nada, apenas de me deixar cair na escuridão.
My agonizing phantom pain is still the same
Alguma vez já parou para sentir o vento ou simplesmente se perguntou se aquilo, de fato, era real ou algo simplesmente criado pela sua mente cansada? E se o vento não existisse? Você não pode o ver, então é conclusivo que as vezes somos capazes de sentir coisas que não “existem”. Um outro bom exemplo pode ser uma mulher que não confia no namorado e se sente sempre traída, enganada, tudo isso somente pelo fato de sentir que algo está errado, quando na verdade, o companheiro chega cansado após um longo dia de trabalho e a única coisa que quer é tomar um bom banho para relaxar, já não tem mais aquele “eu te amo” diário de início de paixão, pra ela não é mais suficiente apenas um gesto e então cria um contexto que aparentemente faz sentido.
Diversas vezes durante noites me peguei imaginando se o que eu vivi ali era apenas uma realidade criada por mim mesma, quero dizer, essa questão de sentir que algo ali faz sentido. Me questionava sempre se eu me encontrava tão entorpecida do mundo que já criava maneiras de escapar de uma vida turbulenta, afinal, eu podia ver aquele mundo com meus olhos e podia o sentir, mas ele era realmente real?
A madrugada chegara fria naquele dia e como de costume, apaguei a lâmpada do abajur e encarei a parede branca que tinha algumas sombras dos galhos das árvores do jardim, me acomodando um pouco mais e me virando para janela, conseguia ver a lua e admirar a forma com que sua claridade azulada invadia meu quarto e o quão cheia ela estava, dando até a impressão de que eu podia a tocar.
Eu me sentia cansada, mesmo sem ter feito muito esforço durante o dia, meus olhos começavam a pesar devido o remédio que me fora prescrito por conta de pesadelos que eu estava tendo com uma certa frequência e em minutos, eu sentia todo meu corpo adormecer.
— . — alguém ao longe me chamou, eu sabia que já estava sonhando — Por favor, acorde.
A voz continuou repetindo diversas vezes para que eu acordasse, mas a cada pedido, a tristeza contida ali aumentava e que eu podia sentir também, um aperto surgiu ainda mais forte quando o sentimento de familiaridade invadiu meu peito.
— Eu estou acordada. — eu respondia.
— Por favor, não nos deixe, nós te amamos tanto. — era a voz de meu pai, eu sabia que era e ele estava chorando.
— Eu nunca vou deixar vocês. — eu tentava mais uma vez, mas minha voz saia baixa e eu era incapaz de saber se podiam me ouvir. Estiquei minha mão sem saber para onde deveria a guiar, tentava somente o alcançar mesmo que no escuro, mas era inútil.
— Você tem que acordar, você tem que lutar. — a voz do meu pai se afastava e então tudo sumiu como um último suspiro.
Pai.
Eu tinha que acordar, mas meu corpo não obedecia, assim como minha voz que se recusava a sair. Então como em um estalar de dedos, me vi de olhos abertos em um quarto claro, com pessoas ao meu redor, mas nenhuma delas podia me ouvir, nenhuma delas sequer me olhava. Eu tentei chamar, gemer, berrar e me mexer, mas eu não conseguia, até que meu corpo tremeu e acordei novamente no quarto em que eu havia adormecido.
Tinha sido outro pesadelo.
Encarei a lua que já não iluminava meu quarto tanto quanto antes, sentada em minha cama, estaria tudo totalmente em silencio se não fosse pelo tictac do relógio na parede do canto. Suspirei pesadamente, peguei a coberta que caíra no chão e voltei a me deitar, fechando os olhos.
— . — eu podia estar louca, eu já estava acordada.
— Quem está aí? Lee Joon? — podia ser um dos enfermeiros.
— — estava cada vez mais perto, mas eu não via ninguém. Acendi a luz do abajur, mas nada estava fora do lugar, apenas eu mesma.
Voltei a apagar a luz e a me deitar. De olhos fechados eu podia sentir, sentir o cheiro, um cheiro de orvalho misturado com as gostas de água, pode parecer loucura, eu acreditava estar.
— . — a voz chamou e voltei a me sentar na cama, com respiração pesada e meu coração acelerado. Eu estava com medo.
— Q-quem está aí? — segurei o lençol perto do meu rosto em tentativa de me esconder. — Olhe para mim. — respondeu, meus olhos vagaram pelo escuro, mas as lágrimas já deixavam minha vista turva.
— Eu mandei olhar pra mim. — pude sentir agonia, como se todo meu sangue tivesse se congelado e eu tivesse virado mármore.
Aquela voz era como um rugido, um trovão que soava em tempestade, então senti meu corpo ser prensado contra a cama por uma força que não era a minha, a respiração forte e quente encostava a minha pele fria, e um forte cheiro de canela invadiu meu nariz, eu me debati para me soltar, talvez sair correndo dali, se a porta não tivesse trancada.
Acorde!
Você tem que acordar, , você precisa lutar e sobreviver.
Meus olhos se fecharam e eu não lembro mais de nada, apenas de me deixar cair na escuridão.
02. Begin
Era sexta-feira e como eu sabia disso? Porque sextas era o dia em que falávamos com o psicólogo do hospital Aradele e eu particularmente amava falar com , um homem alto e de cabelos negros, beirando aos 30 anos e muito paciente, ele era realmente uma pessoa amável, fora que sempre me levava biscoitos escondido, sem que minhas enfermeiras ou o médico soubesse.
— Como se sente hoje? — me encarou com um sorriso paternal que eu sabia que ele tinha, pena que eu sabia que aquele sorriso era para todas as pacientes ali.
— Estou bem, talvez eu poderia até ter alta, não acha? — Sentei com os pés para cima da cadeira e apoie meu queixo em meus joelhos.
— Eu adoraria fazer isso, . O problema é que não sou eu quem decide sobre. — Ele colocou os óculos para ler o relatório que faziam durante a semana, antes de ele conversar com os pacientes.
— Teve novos pesadelos? — Franziu o cenho e voltou a me encarar.
— Nada de mais, só que depois de tomar os remédios eu sempre pareço alucinar com vozes e paralisias do sono, uma voz forte, como disse, nada de mais, pois quando acordo de manhã, não passou de um sonho. — Peguei um dos biscoitos que ele havia deixado sobre a mesinha ao meu lado com um pouco de chá.
— Pesadelo você quis dizer. — Retrucou.
— Tanto faz, não passam de imaginação. — Disse dando de ombros.
— Você poderia me contar? — deixou de lado o que tinha em mãos e cruzou as pernas esperando alguma palavra minha.
— Okaaay. — Suspirei e pensei por onde deveria começar.
— Leve o tempo que precisar. — Disse gentilmente antes de pegar o próprio chá.
— São diferentes cada noite, a única coisa que nunca muda é a voz do meu pai. Ele me pede para não o deixar. — Ri sem nenhuma graça — Irônico, já que ele foi o único que me deixou.
— Ele te pede para não o deixar, mas o seu pai não a deixou, , você sabe disso. Ele pagará por isso em algum momento quando for a hora. — como sempre sabia mais do que eu talvez lembrasse de ter contado.
— Pode não ter sido por querer, mas ainda assim, ele me deixou. — Me mexi na cadeira claramente desconfortável com aquele assunto.
— Tenho certeza que de onde seu pai estiver, ele está olhando por você. — Ele disse baixo, tinha uma certeza na voz, como se ele soubesse além do que eu sabia.
— Pode ser. — Peguei mais um biscoito e beberiquei um pouco do chá de camomila.
— E sobre os gritos? — Leu o relato — Lee Joon disse ter a escutado alguns vezes durante a noite. — Checou o papel novamente antes de voltar a falar.
— Depois dos pesadelos, eu tenho a impressão de ter alguém em meu quarto, me chamando, mas dessa vez não é a voz do meu pai. — Dei uma pausa. — A voz chama meu nome, mas eu não vejo ninguém, apenas posso sentir, um cheiro de canela muito forte e sabe, eu odeio canela. — riu da minha afirmação, mas ele estava tenso.
— Ele apenas te chama? Digo, essa voz? — Perguntou sem encarar meus olhos.
— Sim, só chama meu nome, sinto sua respiração em mim, o peso em meu peito, como se ele estivesse bem em cima de mim e então depois de me debater eu caio no sono. — Abaixei a perna e apenas assentiu.
— Me avise caso esses pesadelos voltarem a acontecer durante essa semana. — checou o relógio e provavelmente nosso horário já tinha terminado e ele teria que atender outra pessoa.
— Certo, eu aviso. Obrigada pelos biscoitos. — Acenei para ele antes de abrir a porta e dar de cara com Wendy, que era a enfermeira que cuidava de mim durante o dia.
[...]
Ainda era manhã, e eu poderia ir ao jardim sem estar acompanhada pela pessoa encarregada e então foi o que eu fiz, passando em meu quarto apenas para colocar uma roupa que me permitisse aproveitar o calor e os raios de sol.
— Passou o protetor que deixei na sua estante? — Wendy entrou com roupas limpas no quarto enquanto eu me preparava para sair.
— Claro que passei. — Respondi sem a olhar indo em direção ao banheiro.
— Mentirosa. — A gargalhada de Wendy não era alta, mas era contagiante.
— Me pegou, mas já vou passar antes de sair. — Peguei o frasco e passei uma boa quantidade no rosto, braços e pernas.
— Tem que se cuidar aqui dentro, pra quando sair daqui você não ter que me xingar por não ser uma boa enfermeira pra você. — Wendy parecia minha irmã, tanto na aparência quanto na forma de agir comigo, eu não me lembrava ao certo quanto tempo eu estava internada ali, eu só lembro de a ter sempre comigo.
— Você é maravilhosa, Wendy, eu nunca a xingaria. — Dei um beijo no rosto dela que sorriu.
— Busco a senhorita as 11h30m para seu almoço, não se afaste muito, está bem? — Wendy pediu.
Sai do quanto e muitos pacientes resolveram aproveitar o dia como eu, estávamos internados, mas éramos pessoas, tínhamos nossos problemas, mas isso não significava que deveríamos ficar trancados feito animais.
O sol estava lindo, o céu azul Disney, como dizia minha irmã, e bem, o jardim era lindo naquele lugar, nem parecia um hospital psiquiátrico as vezes. Escolhi uma árvore no centro e me encostei na copa para poder ler enquanto pegava o solzinho que passava por entre as folhas. O vento soprou e era tão calmo que tive medo, aquele sentimento de tudo parecer a noite anterior. Bobagem. Eu estava acordada agora, nada poderia acontecer.
Tentei limpar os pensamentos e continuar lendo o livro que eu conhecia cada fala. Consegui manter minha mente ocupada e continuaria mantendo se não tivesse escutado os passos e o barulho das folhas no chão serem pisadas.
— Quem está ai? — Me virei.
Nenhuma resposta.
— Quem está ai? — Novamente perguntei.
— Desculpe. — Um grito fino saiu da minha garganta quando a mão de alguém tocou meu ombro do lado oposto.
Encarei por segundos aqueles olhos negros, ele tinha um sorriso nos lábios, ele tinha um ar fresco, como o orvalho da manhã, o rapaz era alto, sua pele tinha a cor de um bronze perfeito e a voz grossa não chegava a ser assustadora, era aveludada, e com o sorriso gentil direcionado a mim, meu coração aos poucos voltou a bater normalmente.
— Te assustei, né? Me desculpa. — Sacudi a cabeça em negação e sorri de volta.
— É que quase ninguém vem nessa parte do jardim, é como se fosse proibido e quase incomum, por isso fico aqui.
— Irônico, não acha? — Ele disse. — Posso me sentar?
— Claro. — Eu ri me afastando um pouco.
— Eu gosto daqui também, é mais calmo. — Ele disse fechando os olhos, eu podia quase jurar sua pele se mesclava com a luz do sol.
— Eu gosto também, é como se o tempo aqui parasse. — Voltei a encarar o livro e permanecemos em silencio.
Você sabe a definição de tentação? Do latim vem de temptatĭo, que refere ao desejo da alma humana em querer algo que aparentemente aos olhos dos outros ou das divindades regentes, é errado, é impuro e pecaminoso. Era assim que eu o via, como a maior das minhas tentações, mesmo tentando fechar meus olhos para aquele sentimento e mesmo eu resistindo falhamente, meu coração se inclinava a ele, eu o desejava, o queria, e eu queria me entregar, ainda se aquilo significasse morte, ele era a maçã que Eva relutantemente recusou, até que não fora mais capaz de negar e morder o fruto. Hypnos era essa tentação pra mim, mas eu era filha de Gaia, inimiga de Nix, mãe de Hypnos, o que nos levava a uma história como a de Romeu e Julieta.
— Sobre o que está lendo? — A voz ao lado perguntou.
— Sobre uma história de amor entre uma filha de Gaia e um filho de Nix. Sabe, mitologia. — Mostrei-lhe a capa que tinha a gravura dos dois deuses.
— Interessante, eu gosto de Hypnos, era um dos deamons gregos, mas prefiro Eros. — O rapaz estalou a língua no céu da boca e olhou para um canto em reflexão.
— Por que Eros? — Ri com a afirmação, obviamente eu já deveria saber o porquê Eros.
— Eros era o deus do amor. — Ele disse sorrindo.
— E do erotismo. — Completei e ele não deixou de acenar confirmando.
— Gosto de mitologia, diz muito sobre o mundo, sabia? — Eu era cética em relação a isso, mesmo apaixonada pelo tema eu a deixava nos livros.
— E o que ela pode dizer sobre o mundo? — Questionei fechando o livro em meu colo. Antes de prosseguir, o vi pegar algo do lado oposto em que estávamos sentados.
— Maçã? — Ele riu.
— Claro. — Peguei a maçã em minhas mãos, era tão brilhante e vermelha, mal parecia verdadeira, não sabia que no hospital haviam maçãs tão bonitas como aquelas.
— Às vezes a mitologia possui origens de coisas que mal podemos acreditar ser real. Você acredita que podemos encontrar tudo na natureza e que ela tem muito a oferecer? Como por meio de rituais e magia, por exemplo...
— Acredito em partes. — Respondi com atenção.
— Magia, ritos, mitos, tudo há uma origem na mitologia, então não podemos afirmar que elas não são reais. Certo? — Abocanhou a sua maçã e então se encostou novamente na copa da arvore em que estávamos.
— Certo. — Pensei sobre, encostando junto a ele e comendo minha maçã.
— Meu nome é , a propósito. . — Ele não me olhou, então também permaneci como estava.
— . — Não sabia quanto tempo havia se passado, eu tinha a sensação que haviam se passado horas, pois acabei caindo no sono e sem companhia.
— ! — Senti me sacudirem. — , acorde. — A voz de Wendy invadiu meus ouvidos e cocei os olhos antes de os abrir.
— Que horas são? — Olhei pra Wendy com os olhos ainda sem conseguir focar.
— Hora de a senhorita almoçar. Pedi para não fosse pra um lugar onde eu não pudesse te encontrar. — Wendy ralhou, ela sempre se preocupava se eu pudesse sei lá, sumir.
— Acabei dormindo enquanto lia, me desculpe. — Olhei para baixo e ela apenas assentiu.
Depois do almoço — que como sempre não era uma das coisas que eu gostaria de comer, eu mal podia esperar sair daquele lugar e comer um hambúrguer enorme com refri e batatas fritas —, fui para o meu quarto tomar um banho e colocar roupas limpas, eu havia sentado na grama e já sentia algo pinicar em minha pele.
— Amanhã é meu dia de folga. — Disse Wendy quando sai envolta na toalha.
— Droga, esqueci que uma vez por semana Irene fica no seu lugar. — Me sentei de uma vez na cama e peguei a escova para pentear meus cabelos.
— Ela não é tão ruim assim, vai, dê uma chance a ela. — Wendy pegou a escova de minhas mãos e foi pra trás de mim e cuidadosamente começou a desembaraçar mecha por mecha.
— Ela é uma bruxa, não uma fadinha como você. — Wendy gargalhou. — Falando disso, você conhece algum paciente com o nome de ?
— Sim, por que a pergunta? — Wendy parou de me pentear e se sentou de frente pra mim.
— Eu o conheci hoje no centro do jardim, ele me deu uma maçã e falamos sobre mitologia. — Eu sorri. — Qual o problema dele, Wen? — Perguntei já que estávamos em um hospital psiquiátrico.
— Diferente de você, mesmo que o pareça ser totalmente equilibrado, não que você não seja, seus problemas são traumas, mas o dele, é conhecido como Tânatos, já que é fã de mitologia, sabes do que se trata. — Wendy respondeu.
— Bem, Tânatos era o deus na morte na mitologia grega. — Pensei por um tempo, mas não sabia que ligação aquilo tinha.
— Bem, na psicanálise Tânatos é a pulsão pela morte, a pessoa tem prazer e busca por ela. — Wendy disse cuidadosamente.
— Oh. — Foi tudo que consegui responder. — Interessante.
Não, não era. Era triste, talvez, o fato de alguém procurar pela morte, era algo triste, não? Quer dizer, muitos por mais miseráveis que fossem, lutaria pela vida.
Quando terminei de me vestir, voltei com a leitura. Eu conhecia a história de trás pra frente, claro, mas ainda assim era como se eu estivesse lendo pela primeira vez, mas voltou a minha mente, os olhos dele, eu tinha a impressão de já ter os vistos, de ter os sentidos, mas onde?
— Como se sente hoje? — me encarou com um sorriso paternal que eu sabia que ele tinha, pena que eu sabia que aquele sorriso era para todas as pacientes ali.
— Estou bem, talvez eu poderia até ter alta, não acha? — Sentei com os pés para cima da cadeira e apoie meu queixo em meus joelhos.
— Eu adoraria fazer isso, . O problema é que não sou eu quem decide sobre. — Ele colocou os óculos para ler o relatório que faziam durante a semana, antes de ele conversar com os pacientes.
— Teve novos pesadelos? — Franziu o cenho e voltou a me encarar.
— Nada de mais, só que depois de tomar os remédios eu sempre pareço alucinar com vozes e paralisias do sono, uma voz forte, como disse, nada de mais, pois quando acordo de manhã, não passou de um sonho. — Peguei um dos biscoitos que ele havia deixado sobre a mesinha ao meu lado com um pouco de chá.
— Pesadelo você quis dizer. — Retrucou.
— Tanto faz, não passam de imaginação. — Disse dando de ombros.
— Você poderia me contar? — deixou de lado o que tinha em mãos e cruzou as pernas esperando alguma palavra minha.
— Okaaay. — Suspirei e pensei por onde deveria começar.
— Leve o tempo que precisar. — Disse gentilmente antes de pegar o próprio chá.
— São diferentes cada noite, a única coisa que nunca muda é a voz do meu pai. Ele me pede para não o deixar. — Ri sem nenhuma graça — Irônico, já que ele foi o único que me deixou.
— Ele te pede para não o deixar, mas o seu pai não a deixou, , você sabe disso. Ele pagará por isso em algum momento quando for a hora. — como sempre sabia mais do que eu talvez lembrasse de ter contado.
— Pode não ter sido por querer, mas ainda assim, ele me deixou. — Me mexi na cadeira claramente desconfortável com aquele assunto.
— Tenho certeza que de onde seu pai estiver, ele está olhando por você. — Ele disse baixo, tinha uma certeza na voz, como se ele soubesse além do que eu sabia.
— Pode ser. — Peguei mais um biscoito e beberiquei um pouco do chá de camomila.
— E sobre os gritos? — Leu o relato — Lee Joon disse ter a escutado alguns vezes durante a noite. — Checou o papel novamente antes de voltar a falar.
— Depois dos pesadelos, eu tenho a impressão de ter alguém em meu quarto, me chamando, mas dessa vez não é a voz do meu pai. — Dei uma pausa. — A voz chama meu nome, mas eu não vejo ninguém, apenas posso sentir, um cheiro de canela muito forte e sabe, eu odeio canela. — riu da minha afirmação, mas ele estava tenso.
— Ele apenas te chama? Digo, essa voz? — Perguntou sem encarar meus olhos.
— Sim, só chama meu nome, sinto sua respiração em mim, o peso em meu peito, como se ele estivesse bem em cima de mim e então depois de me debater eu caio no sono. — Abaixei a perna e apenas assentiu.
— Me avise caso esses pesadelos voltarem a acontecer durante essa semana. — checou o relógio e provavelmente nosso horário já tinha terminado e ele teria que atender outra pessoa.
— Certo, eu aviso. Obrigada pelos biscoitos. — Acenei para ele antes de abrir a porta e dar de cara com Wendy, que era a enfermeira que cuidava de mim durante o dia.
[...]
Ainda era manhã, e eu poderia ir ao jardim sem estar acompanhada pela pessoa encarregada e então foi o que eu fiz, passando em meu quarto apenas para colocar uma roupa que me permitisse aproveitar o calor e os raios de sol.
— Passou o protetor que deixei na sua estante? — Wendy entrou com roupas limpas no quarto enquanto eu me preparava para sair.
— Claro que passei. — Respondi sem a olhar indo em direção ao banheiro.
— Mentirosa. — A gargalhada de Wendy não era alta, mas era contagiante.
— Me pegou, mas já vou passar antes de sair. — Peguei o frasco e passei uma boa quantidade no rosto, braços e pernas.
— Tem que se cuidar aqui dentro, pra quando sair daqui você não ter que me xingar por não ser uma boa enfermeira pra você. — Wendy parecia minha irmã, tanto na aparência quanto na forma de agir comigo, eu não me lembrava ao certo quanto tempo eu estava internada ali, eu só lembro de a ter sempre comigo.
— Você é maravilhosa, Wendy, eu nunca a xingaria. — Dei um beijo no rosto dela que sorriu.
— Busco a senhorita as 11h30m para seu almoço, não se afaste muito, está bem? — Wendy pediu.
Sai do quanto e muitos pacientes resolveram aproveitar o dia como eu, estávamos internados, mas éramos pessoas, tínhamos nossos problemas, mas isso não significava que deveríamos ficar trancados feito animais.
O sol estava lindo, o céu azul Disney, como dizia minha irmã, e bem, o jardim era lindo naquele lugar, nem parecia um hospital psiquiátrico as vezes. Escolhi uma árvore no centro e me encostei na copa para poder ler enquanto pegava o solzinho que passava por entre as folhas. O vento soprou e era tão calmo que tive medo, aquele sentimento de tudo parecer a noite anterior. Bobagem. Eu estava acordada agora, nada poderia acontecer.
Tentei limpar os pensamentos e continuar lendo o livro que eu conhecia cada fala. Consegui manter minha mente ocupada e continuaria mantendo se não tivesse escutado os passos e o barulho das folhas no chão serem pisadas.
— Quem está ai? — Me virei.
Nenhuma resposta.
— Quem está ai? — Novamente perguntei.
— Desculpe. — Um grito fino saiu da minha garganta quando a mão de alguém tocou meu ombro do lado oposto.
Encarei por segundos aqueles olhos negros, ele tinha um sorriso nos lábios, ele tinha um ar fresco, como o orvalho da manhã, o rapaz era alto, sua pele tinha a cor de um bronze perfeito e a voz grossa não chegava a ser assustadora, era aveludada, e com o sorriso gentil direcionado a mim, meu coração aos poucos voltou a bater normalmente.
— Te assustei, né? Me desculpa. — Sacudi a cabeça em negação e sorri de volta.
— É que quase ninguém vem nessa parte do jardim, é como se fosse proibido e quase incomum, por isso fico aqui.
— Irônico, não acha? — Ele disse. — Posso me sentar?
— Claro. — Eu ri me afastando um pouco.
— Eu gosto daqui também, é mais calmo. — Ele disse fechando os olhos, eu podia quase jurar sua pele se mesclava com a luz do sol.
— Eu gosto também, é como se o tempo aqui parasse. — Voltei a encarar o livro e permanecemos em silencio.
Você sabe a definição de tentação? Do latim vem de temptatĭo, que refere ao desejo da alma humana em querer algo que aparentemente aos olhos dos outros ou das divindades regentes, é errado, é impuro e pecaminoso. Era assim que eu o via, como a maior das minhas tentações, mesmo tentando fechar meus olhos para aquele sentimento e mesmo eu resistindo falhamente, meu coração se inclinava a ele, eu o desejava, o queria, e eu queria me entregar, ainda se aquilo significasse morte, ele era a maçã que Eva relutantemente recusou, até que não fora mais capaz de negar e morder o fruto. Hypnos era essa tentação pra mim, mas eu era filha de Gaia, inimiga de Nix, mãe de Hypnos, o que nos levava a uma história como a de Romeu e Julieta.
— Sobre o que está lendo? — A voz ao lado perguntou.
— Sobre uma história de amor entre uma filha de Gaia e um filho de Nix. Sabe, mitologia. — Mostrei-lhe a capa que tinha a gravura dos dois deuses.
— Interessante, eu gosto de Hypnos, era um dos deamons gregos, mas prefiro Eros. — O rapaz estalou a língua no céu da boca e olhou para um canto em reflexão.
— Por que Eros? — Ri com a afirmação, obviamente eu já deveria saber o porquê Eros.
— Eros era o deus do amor. — Ele disse sorrindo.
— E do erotismo. — Completei e ele não deixou de acenar confirmando.
— Gosto de mitologia, diz muito sobre o mundo, sabia? — Eu era cética em relação a isso, mesmo apaixonada pelo tema eu a deixava nos livros.
— E o que ela pode dizer sobre o mundo? — Questionei fechando o livro em meu colo. Antes de prosseguir, o vi pegar algo do lado oposto em que estávamos sentados.
— Maçã? — Ele riu.
— Claro. — Peguei a maçã em minhas mãos, era tão brilhante e vermelha, mal parecia verdadeira, não sabia que no hospital haviam maçãs tão bonitas como aquelas.
— Às vezes a mitologia possui origens de coisas que mal podemos acreditar ser real. Você acredita que podemos encontrar tudo na natureza e que ela tem muito a oferecer? Como por meio de rituais e magia, por exemplo...
— Acredito em partes. — Respondi com atenção.
— Magia, ritos, mitos, tudo há uma origem na mitologia, então não podemos afirmar que elas não são reais. Certo? — Abocanhou a sua maçã e então se encostou novamente na copa da arvore em que estávamos.
— Certo. — Pensei sobre, encostando junto a ele e comendo minha maçã.
— Meu nome é , a propósito. . — Ele não me olhou, então também permaneci como estava.
— . — Não sabia quanto tempo havia se passado, eu tinha a sensação que haviam se passado horas, pois acabei caindo no sono e sem companhia.
— ! — Senti me sacudirem. — , acorde. — A voz de Wendy invadiu meus ouvidos e cocei os olhos antes de os abrir.
— Que horas são? — Olhei pra Wendy com os olhos ainda sem conseguir focar.
— Hora de a senhorita almoçar. Pedi para não fosse pra um lugar onde eu não pudesse te encontrar. — Wendy ralhou, ela sempre se preocupava se eu pudesse sei lá, sumir.
— Acabei dormindo enquanto lia, me desculpe. — Olhei para baixo e ela apenas assentiu.
Depois do almoço — que como sempre não era uma das coisas que eu gostaria de comer, eu mal podia esperar sair daquele lugar e comer um hambúrguer enorme com refri e batatas fritas —, fui para o meu quarto tomar um banho e colocar roupas limpas, eu havia sentado na grama e já sentia algo pinicar em minha pele.
— Amanhã é meu dia de folga. — Disse Wendy quando sai envolta na toalha.
— Droga, esqueci que uma vez por semana Irene fica no seu lugar. — Me sentei de uma vez na cama e peguei a escova para pentear meus cabelos.
— Ela não é tão ruim assim, vai, dê uma chance a ela. — Wendy pegou a escova de minhas mãos e foi pra trás de mim e cuidadosamente começou a desembaraçar mecha por mecha.
— Ela é uma bruxa, não uma fadinha como você. — Wendy gargalhou. — Falando disso, você conhece algum paciente com o nome de ?
— Sim, por que a pergunta? — Wendy parou de me pentear e se sentou de frente pra mim.
— Eu o conheci hoje no centro do jardim, ele me deu uma maçã e falamos sobre mitologia. — Eu sorri. — Qual o problema dele, Wen? — Perguntei já que estávamos em um hospital psiquiátrico.
— Diferente de você, mesmo que o pareça ser totalmente equilibrado, não que você não seja, seus problemas são traumas, mas o dele, é conhecido como Tânatos, já que é fã de mitologia, sabes do que se trata. — Wendy respondeu.
— Bem, Tânatos era o deus na morte na mitologia grega. — Pensei por um tempo, mas não sabia que ligação aquilo tinha.
— Bem, na psicanálise Tânatos é a pulsão pela morte, a pessoa tem prazer e busca por ela. — Wendy disse cuidadosamente.
— Oh. — Foi tudo que consegui responder. — Interessante.
Não, não era. Era triste, talvez, o fato de alguém procurar pela morte, era algo triste, não? Quer dizer, muitos por mais miseráveis que fossem, lutaria pela vida.
Quando terminei de me vestir, voltei com a leitura. Eu conhecia a história de trás pra frente, claro, mas ainda assim era como se eu estivesse lendo pela primeira vez, mas voltou a minha mente, os olhos dele, eu tinha a impressão de já ter os vistos, de ter os sentidos, mas onde?
03. Fear
A sound of something breaking
I awake from sleep
A sound full of unfamiliarity
Try to cover my ears but can’t go to sleep
Estávamos em um carro, aparentemente fugindo de alguém, alguém que queria nos matar, eu podia sentir o medo de várias formas, tanto no ar frio que misturado ao quente se tornava fumaça ao sair de minha boca devido a respiração pesada, aos meu coração que saltava como se fosse sair de minha boca e meu corpo que não parava de tremer.
— Você precisa acordar, . Preciso de você, não me deixe, por favor. — Meu pai me abraçava e então quando eu olhava em minhas mãos eu via, cheia de sangue, assim como em minhas pernas e em minha barriga.
Estava doendo, eu podia sentir, assim como as lágrimas que desciam pelo meu rosto. Eu estava à beira da morte, ninguém poderia me ajudar, nem meu pai que soluçava a minha frente, tentando ligar para alguém, mas suas mãos tremiam tanto, que ele não conseguia.
— Tudo bem, pai, eu não vou a lugar nenhum. — Tentei sorrir mesmo em meio a dor e as lágrimas.
— Você não entende. — Ele dizia. — Ele está aqui, ele vai nos pegar, ele vai te tirar de mim, você precisa acordar.
Meus olhos piscaram e então a pontada que me atingiu era tão forte que senti todo meu corpo se contorcer.
— Ele está aqui. — Meu pai sussurrou.
Eu olhava pra frente, mas nada me parecia familiar, nem ao menos uma pessoa viva estava ali. Até que pude sim ver, os olhos azuis, que se aproximava cada vez mais de nós dois. Ouvi meu pai implorar por compaixão, pela minha vida, para que ele me poupasse.
— Ela me será útil por um tempo. — A voz dizia. — Ela vai me servir.
— Por favor, não, eu te imploro. — Meu pai mais uma vez pediu, se ajoelhando. Tentei me sentar, mas eu estava já tão fraca.
— Não adianta implorar, eu preciso dela. — A voz que se tornava familiar dizia ao meu pai.
— Me mate, me use se preciso, mas a deixe em paz. — Meu pai segurou os pés de seja lá quem fosse.
— Você sabe do que preciso, não posso te usar, eu preciso dela. — Ele disse divertido. — E ela vai me dar sem que eu a obrigue.
Antes de meu pai retrucar qualquer coisa, eu o vi pegar algo semelhante a um punhal, ele segurou com as duas mãos e os levantou, ele ia matar meu pai, eu tinha que levantar.
O som do vaso quebrando quando se chocou com o chão me despertou durante a madrugada, um grito, com todas as forças que eu tinha, o que eu podia fazer era gritar e gritar.
A porta se abriu, Lee Joon apareceu com o rosto assustado, me perguntando o que havia acontecido, mas minha voz falhava, eu não conseguia o responder. Algumas lágrimas banhavam meu rosto e eu tentava respirar, era difícil, doloroso, mas continuava tentando.
— Isso, devagar, tente respirar pelo nariz e soltar pela boca. — Lee Joon que já estava com a luz acesa tinha também comprimidos e uma seringa em sua mão.
— Não preciso... n-não q-quero esse remédio. — Eu disse engasgando e soluçando.
— Isso é só um tranquilizante, apenas para você voltar a dormir. — Assim como eu, Lee Joon sabia que uma vez acordada dos meus pesadelos, era difícil voltar a dormir.
— Lee Joon, eu não quero. — Disse mais calma.
— Eu preciso, não podemos correr o risco de algo acontecer. Não posso ficar no seu quarto para te olhar. — Ele respondeu com tristeza.
Estiquei meu braço para que ele aplicasse por fim o tranquilizante, ele não demoraria a fazer efeito, eu sabia, Lee Joon permaneceu ali até que meus olhos voltassem a pesar e se fechassem, mas antes de que eu adormecesse novamente, eu vi, no canto do quarto, após Lee Joon apagar a luz do abajur, olhos azuis, os mesmos do meu pesadelo, ele estava ali, próximo de mim, eu não tinha voz para gritar, nem forças pra levantar.
— Você será minha. — Ele disse quando meus olhos se fecharam e escutei quase como um sussurro.
O cheiro de canela preencheu o quarto, eu podia sentir, o barulho das ondas do mar se chocando com as rochas e o barulho do relógio, tudo ao mesmo tempo, por que isso estava se tornando tão familiar? Meu corpo pesou, então adormeci profundamente.
Tell me if my voice isn’t real
If I shouldn’t have thrown myself away
Tell me if even this pain isn’t real
A semana se seguiu praticamente arrastada e me recusava a dormir, por várias vezes Wendy teve que dormir comigo em meu quarto para eu não sentir medo.
fora conversar comigo na sexta, mas eu não estava em condições de sequer colocar pra fora o que eu sentia, o que eu via, ou o que eu tinha visto, já que desde que Wendy passara a ficar comigo, os pesadelos haviam diminuído de forma assustadora.
— Como se sente hoje? — Era fim de semana, eu conseguira dormir bem ao menos um dia, e eu estava tão agradecida a mulher a minha frente.
— Estou me sentindo melhor, mas um pouco culpada. Eu agradeço os dias que você tem passado comigo, mas você está se sobrecarregando demais comigo, nem a noite tem voltado pra casa. — Abaixei o olhar encarando o soro em minhas veias.
— Eu estou fazendo isso por você, eu posso tirar um tempinho de tarde para descansar, não se preocupe comigo, você tem que se recuperar logo. — Wendy passou as mãos pelos meus cabelos e sorriu.
— Wen, será que eu estou piorando em vez de melhorar? Estava tudo indo tão bem. — Meus olhos arderam com o pensamento da impossibilidade de eu sair dali.
— O médico irá conversar com você em algum momento, querida, mas terá que ser paciente, é melhor que as coisas sejam todas tratadas, do que você sair daqui e isso ser pior pra você lá fora. — Suspirou.
— Entendo. — Me deitei na cama e virei para o lado oposto em que Wendy estava sentada.
— Eu vou pegar suas roupas limpas, você tem uma visita hoje. — Wendy falou se levantando, já que ouvi o barulho da cadeira se arrastando.
— Quem? — Ainda encarava a parede branca.
— disse que hoje viria para te ver, não como o seu psiquiatra, mas como um amigo.
— Tudo bem. — Assenti, mesmo sem saber se ela viu. A porta se fechou juntamente com meus olhos.
[...]
parecia outra pessoa sem seu jaleco. Ele havia levado algumas flores e um potinho de metal com os biscoitos que eu amava.
— Soube que a senhoria melhorou um pouco, quis vim te ver. — Ele sorriu e suas covinhas apareceram. parecia um anjo da guarda, ele me passava isso.
— Estou melhor sim.
— Os pesadelos aumentaram em questão de semanas, certo? — Assenti. — Eu tenho uma coisa pra você.
— Para mim?! — indaguei.
— Sim, ou tem mais alguém aqui que está quase uma semana sem dormir direito? — disse contendo um sorriso, colocando uma mecha de meu cabelo atrás de meu ouvido e eu o observava, curiosa para o que quer que fosse que ele fosse me dar.
tateou algo em seu bolso e me encarou por alguns minutos, o encarei de volta com um ponto de interrogação nos olhos e ele estendeu a mãos, pedindo a minha.
— Sim. Me dê sua mão, . — Estendi a mão aberta e então colocou o objeto em minha mão. Era um colar, com alguns dizeres em uma língua que eu podia afirmar com toda certeza ser latim.
Si vis pacem para Bellum
— Se quer paz, se prepare para a guerra. — Traduzi depois de um suspiro pesado — Não é uma frase muito animadora, certo? — Encarei o dizer gravado ali.
— Nada é fácil demais, mas no final pode haver vitória, certo? — sorriu e pegou de volta o colar de minhas mãos.
Observei andar até o outro lado da cama e tocar novamente em meus cabelos, dessa vez puxando os fios para o lado, deixando minha nuca exposta. Com delicadeza, ele colocou o adereço em mim, então toquei as palavras com as pontas dos meus dedos e mentalizei o fim dos pesadelos.
— O mantenha sempre com você, irá ver como irá te proteger. , mais uma coisa. — voltou a se sentar e eu pude relaxar na cama.
— Pode falar. — Sorri pra ele.
— Tente não andar muito na companhia do . — parecia sério, concordei incerta.
I awake from sleep
A sound full of unfamiliarity
Try to cover my ears but can’t go to sleep
Estávamos em um carro, aparentemente fugindo de alguém, alguém que queria nos matar, eu podia sentir o medo de várias formas, tanto no ar frio que misturado ao quente se tornava fumaça ao sair de minha boca devido a respiração pesada, aos meu coração que saltava como se fosse sair de minha boca e meu corpo que não parava de tremer.
— Você precisa acordar, . Preciso de você, não me deixe, por favor. — Meu pai me abraçava e então quando eu olhava em minhas mãos eu via, cheia de sangue, assim como em minhas pernas e em minha barriga.
Estava doendo, eu podia sentir, assim como as lágrimas que desciam pelo meu rosto. Eu estava à beira da morte, ninguém poderia me ajudar, nem meu pai que soluçava a minha frente, tentando ligar para alguém, mas suas mãos tremiam tanto, que ele não conseguia.
— Tudo bem, pai, eu não vou a lugar nenhum. — Tentei sorrir mesmo em meio a dor e as lágrimas.
— Você não entende. — Ele dizia. — Ele está aqui, ele vai nos pegar, ele vai te tirar de mim, você precisa acordar.
Meus olhos piscaram e então a pontada que me atingiu era tão forte que senti todo meu corpo se contorcer.
— Ele está aqui. — Meu pai sussurrou.
Eu olhava pra frente, mas nada me parecia familiar, nem ao menos uma pessoa viva estava ali. Até que pude sim ver, os olhos azuis, que se aproximava cada vez mais de nós dois. Ouvi meu pai implorar por compaixão, pela minha vida, para que ele me poupasse.
— Ela me será útil por um tempo. — A voz dizia. — Ela vai me servir.
— Por favor, não, eu te imploro. — Meu pai mais uma vez pediu, se ajoelhando. Tentei me sentar, mas eu estava já tão fraca.
— Não adianta implorar, eu preciso dela. — A voz que se tornava familiar dizia ao meu pai.
— Me mate, me use se preciso, mas a deixe em paz. — Meu pai segurou os pés de seja lá quem fosse.
— Você sabe do que preciso, não posso te usar, eu preciso dela. — Ele disse divertido. — E ela vai me dar sem que eu a obrigue.
Antes de meu pai retrucar qualquer coisa, eu o vi pegar algo semelhante a um punhal, ele segurou com as duas mãos e os levantou, ele ia matar meu pai, eu tinha que levantar.
O som do vaso quebrando quando se chocou com o chão me despertou durante a madrugada, um grito, com todas as forças que eu tinha, o que eu podia fazer era gritar e gritar.
A porta se abriu, Lee Joon apareceu com o rosto assustado, me perguntando o que havia acontecido, mas minha voz falhava, eu não conseguia o responder. Algumas lágrimas banhavam meu rosto e eu tentava respirar, era difícil, doloroso, mas continuava tentando.
— Isso, devagar, tente respirar pelo nariz e soltar pela boca. — Lee Joon que já estava com a luz acesa tinha também comprimidos e uma seringa em sua mão.
— Não preciso... n-não q-quero esse remédio. — Eu disse engasgando e soluçando.
— Isso é só um tranquilizante, apenas para você voltar a dormir. — Assim como eu, Lee Joon sabia que uma vez acordada dos meus pesadelos, era difícil voltar a dormir.
— Lee Joon, eu não quero. — Disse mais calma.
— Eu preciso, não podemos correr o risco de algo acontecer. Não posso ficar no seu quarto para te olhar. — Ele respondeu com tristeza.
Estiquei meu braço para que ele aplicasse por fim o tranquilizante, ele não demoraria a fazer efeito, eu sabia, Lee Joon permaneceu ali até que meus olhos voltassem a pesar e se fechassem, mas antes de que eu adormecesse novamente, eu vi, no canto do quarto, após Lee Joon apagar a luz do abajur, olhos azuis, os mesmos do meu pesadelo, ele estava ali, próximo de mim, eu não tinha voz para gritar, nem forças pra levantar.
— Você será minha. — Ele disse quando meus olhos se fecharam e escutei quase como um sussurro.
O cheiro de canela preencheu o quarto, eu podia sentir, o barulho das ondas do mar se chocando com as rochas e o barulho do relógio, tudo ao mesmo tempo, por que isso estava se tornando tão familiar? Meu corpo pesou, então adormeci profundamente.
Tell me if my voice isn’t real
If I shouldn’t have thrown myself away
Tell me if even this pain isn’t real
A semana se seguiu praticamente arrastada e me recusava a dormir, por várias vezes Wendy teve que dormir comigo em meu quarto para eu não sentir medo.
fora conversar comigo na sexta, mas eu não estava em condições de sequer colocar pra fora o que eu sentia, o que eu via, ou o que eu tinha visto, já que desde que Wendy passara a ficar comigo, os pesadelos haviam diminuído de forma assustadora.
— Como se sente hoje? — Era fim de semana, eu conseguira dormir bem ao menos um dia, e eu estava tão agradecida a mulher a minha frente.
— Estou me sentindo melhor, mas um pouco culpada. Eu agradeço os dias que você tem passado comigo, mas você está se sobrecarregando demais comigo, nem a noite tem voltado pra casa. — Abaixei o olhar encarando o soro em minhas veias.
— Eu estou fazendo isso por você, eu posso tirar um tempinho de tarde para descansar, não se preocupe comigo, você tem que se recuperar logo. — Wendy passou as mãos pelos meus cabelos e sorriu.
— Wen, será que eu estou piorando em vez de melhorar? Estava tudo indo tão bem. — Meus olhos arderam com o pensamento da impossibilidade de eu sair dali.
— O médico irá conversar com você em algum momento, querida, mas terá que ser paciente, é melhor que as coisas sejam todas tratadas, do que você sair daqui e isso ser pior pra você lá fora. — Suspirou.
— Entendo. — Me deitei na cama e virei para o lado oposto em que Wendy estava sentada.
— Eu vou pegar suas roupas limpas, você tem uma visita hoje. — Wendy falou se levantando, já que ouvi o barulho da cadeira se arrastando.
— Quem? — Ainda encarava a parede branca.
— disse que hoje viria para te ver, não como o seu psiquiatra, mas como um amigo.
— Tudo bem. — Assenti, mesmo sem saber se ela viu. A porta se fechou juntamente com meus olhos.
[...]
parecia outra pessoa sem seu jaleco. Ele havia levado algumas flores e um potinho de metal com os biscoitos que eu amava.
— Soube que a senhoria melhorou um pouco, quis vim te ver. — Ele sorriu e suas covinhas apareceram. parecia um anjo da guarda, ele me passava isso.
— Estou melhor sim.
— Os pesadelos aumentaram em questão de semanas, certo? — Assenti. — Eu tenho uma coisa pra você.
— Para mim?! — indaguei.
— Sim, ou tem mais alguém aqui que está quase uma semana sem dormir direito? — disse contendo um sorriso, colocando uma mecha de meu cabelo atrás de meu ouvido e eu o observava, curiosa para o que quer que fosse que ele fosse me dar.
tateou algo em seu bolso e me encarou por alguns minutos, o encarei de volta com um ponto de interrogação nos olhos e ele estendeu a mãos, pedindo a minha.
— Sim. Me dê sua mão, . — Estendi a mão aberta e então colocou o objeto em minha mão. Era um colar, com alguns dizeres em uma língua que eu podia afirmar com toda certeza ser latim.
Si vis pacem para Bellum
— Se quer paz, se prepare para a guerra. — Traduzi depois de um suspiro pesado — Não é uma frase muito animadora, certo? — Encarei o dizer gravado ali.
— Nada é fácil demais, mas no final pode haver vitória, certo? — sorriu e pegou de volta o colar de minhas mãos.
Observei andar até o outro lado da cama e tocar novamente em meus cabelos, dessa vez puxando os fios para o lado, deixando minha nuca exposta. Com delicadeza, ele colocou o adereço em mim, então toquei as palavras com as pontas dos meus dedos e mentalizei o fim dos pesadelos.
— O mantenha sempre com você, irá ver como irá te proteger. , mais uma coisa. — voltou a se sentar e eu pude relaxar na cama.
— Pode falar. — Sorri pra ele.
— Tente não andar muito na companhia do . — parecia sério, concordei incerta.
04. Meets Evil
I dumped myself into the lake
I buried my voice for you
A manhã era tranquila, a brisa calma encostou na minha pele e fechei os olhos para sentir a presença que acariciava meu rosto, tão delicado e singelo, mesmo com o sol brilhando e o frio do amanhecer me colocarem em um estado de serenidade, uma tristeza inexplicável lutava por espaço.
Fazia por volta de duas semanas que as coisas começaram a melhorar, meus pesadelos pareciam apenas terem dado uma longa trégua, eu e durante aquele tempo ficamos ainda mais próximos, eu sei que havia dito ao que manteria certa distância, mas como evitar quem está nos mesmos lugares que você?
— A manhã não está linda? — A voz que agora eu conhecia tão bem disse próxima ao meu ouvido.
— Mas por que mesmo com toda a beleza e calma me coração ainda me alerta que estou em perigo? — Respondi e abri os olhos para encarar os de .
— Porque talvez você de fato esteja. — Ele sorriu do jeito que sempre fazia e encarou o céu.
— Não me sinto em perigo quando olho pra você. — O olhei e ele riu. — Posso te perguntar algo esquisito?
— Sim, claro. — olhou no fundo dos meus olhos e abri a boca para falar, mas era como se eu não pudesse. Sacudi minha cabeça e então tentei novamente.
— O-ontem à noite, quero dizer. — Esfreguei uma mão na outra nervosa. — Ontem a noite, eu sei que isso vai parecer estranho, mas acho que te vi no meu quarto. — Ri sem graça. — Não é a primeira vez. Eu já tinha pensado tê-lo visto quando tive meus pesadelos, mas ontem foi diferente, você estava lá, me olhando.
— Hm, eu adoraria estar lá. — Eu corei. — Mas acho que não era eu, sinto muito. — colocou as mãos nos bolsos e respirou o ar gelado.
— Eu tive outro pesadelo essa noite, não como os de costume, quero dizer, eu estava em perigo, mas não sabia o porquê, mas ao mesmo tempo eu não tinha medo. — O vento soprou e fez com que meus cabelos ficassem bagunçados.
— Eu estava no seu sonho? — Eu não me lembrava ao certo, mas algo me dizia que sim.
— Não tenho certeza, na verdade tenho a sensação — Encostei a costa no banco em que estávamos sentados.
— Bem, fico honrado em fazer parte de seus sonhos, ou pesadelos. — Ele riu de lado e então eu senti meu rosto corar novamente, pela primeira vez na vida fiquei levemente contente em ver Irene.
— Já tomou seu café da manhã, senhorita Lee? — Irene tinha cabelos negros, a pele branca e lábios vermelhos, se eu pudesse dizer um conto de fada que ela poderia ter saído, com certeza seria a branca de neve.
— Ainda não, só vim tomar um pouco de ar antes de comer. — Respondi já me levantando.
— Então vamos, hoje temos exercício para fazer. — Esperou que eu levantasse para a acompanhar.
— Eu preciso ir. Nós vemos mais tarde? — ainda permanecia sentado com o olhar focado longe.
— Se possível, me encontre no meio do jardim, eu tenho algo para te mostrar. — Assenti. Dei uma corrida pequena até Irene e começamos a andar em direção do refeitório, olhei para trás para encontrar o banco já vazio, havia sumido e não estava no meio dos outros que caminhavam por ali.
— Vamos , você ainda precisa se alimentar. — Irene me chamou a atenção, eu odiava ela, não entendia como as quintas chegavam tão rápido, revirei os olhos e apressei os passos para não ter que a ouvir novamente.
[…]
Irene parecia ter tirado o dia para me massacrar, tá que eu não era uma de suas pacientes favoritas, e nem ela minha enfermeira mais amada, no caso, preferia que apenas Wendy cuidasse de mim, Irene se parecia muito com minha mãe, digo na forma de agir.
— Vamos, . Quanto mais rápido terminar, pode voltar para seu quarto ou ir para o jardim, ou o que quer que queira fazer. — Disse me observando.
— Bem, aqui não se tem muita opção do que fazer. — Comentei.
— Então fique boa logo para poder voltar pra sua vida normal. — Nada delicada como sempre, mas algumas vezes eu sentia que Irene tinha alguma compaixão por mim.
— Tentarei meu melhor, treinadora. — Eu nunca tinha visto Irene dar um sinal sequer de sorriso como acabara de fazer, ela devia estar de muito “bom” humor.
Os exercícios que tínhamos que fazer eram simples, apenas por passarmos grande parte do tempo ali sem ter muito o que fazer, fora exames e consultas semanais, estar internado te deixava ocioso e relaxado.
Voltei para um banho, e como sempre, a roupa limpa daquele dia estava em cima da cama, sempre cheirando a amaciante. Eu amava aquele cheiro.
Deixei a água lavar todo o meu corpo, era bom aquela sensação de ficar limpa depois de um treino, era algo que me lembrava os dias em que eu ia pra academia e depois de um banho, saia para caminhar com Gaia, minha cachorrinha. Eu sentia falta daquilo, da minha vida antiga, antes de ser colocada aqui, era tanto tempo que eu não lembro quando havia entrado e nem sabia quando sairia.
[…]
Como combinado, fui para o centro do jardim encontrar com , eu apreciava a companhia dele, mesmo o tendo conhecido a pouco tempo, ele era, diferente, ele tinha uma presença cativante, como se isso me atraísse para ele, na verdade várias outras coisas me atraiam a ele, ao mesmo tempo que eu podia dizer que ele parecia inofensivo, ou seu rosto passava inocência, seu olhar me dizia totalmente ao contrário, seu olhar parecia poder olhar dentro da minha alma, e era fascinante. Vale destacar que além disso ele havia uma beleza incomum, eu podia arriscar dizer que era quase sobre-humana.
— Bem na hora. — Ele disse quando cheguei perto da árvore em que nos conhecemos.
— Esperou por muito tempo? — Estralei os dedos em sinal de nervosismo.
— Não, eu cheguei um minuto antes de você. — Sorriu docemente.
— Quem bom. — Droga, uma coisa na minha vida não havia mudado, o fato de eu ser ótima em acabar com assuntos.
— Vem cá. — Me chamou para perto. — Tenho uma coisa pra te mostrar. — Ele estendeu a mão, mas eu hesitei antes de aceitar, eu não o conhecia. — Não precisa ter medo, eu não vou arrancar sua mão e ficar com ela. — Acabei não contendo um sorriso pelo comentário.
— Você jura? — Segurei sua mão e ele me puxou para mais longe, do lado oposto do hospital.
O hospital era realmente enorme, e o jardim era bem cuidado, eu nunca tinha passado aquele limite, já que Wendy sempre dizia que eu deveria ficar onde eu pudesse ser encontrada por ela.
— Pra onde estamos indo? — Perguntei olhando ao redor.
— Eu encontrei uma coisa que acho que adoraria ver. — Isso não respondia bem minha resposta.
— Hm! Há muitas coisas que eu gostaria de ver, me diz o que é. — Tentei dar uma de esperta, mas apenas estalou a língua e riu soprado.
— Boa tentativa. — Revirei os olhos e suspirei frustrada. — Já estamos quase lá, nem andamos tanto assim.
Realmente, ali era grande, mas não tanto, e então ele parou, eu não havia percebido o que ele encarava até que por fim meus olhos focaram o que estava a nossa frente. Não era grande, mas tinha a água límpida e podíamos sentar bem a beira dele
— Uau! — Disse encantada. — E estranho. — O encarei. — Um laguinho justo aqui? — Lembrei de Wendy me contando sobre a doença de .
— Hm! Não é fundo, nem uma criança se afoga nesse lago, por que não teria? — Perguntou
— Como descobriu se não podemos vir pra cá? — Nos sentamos perto da beira.
— Por que eu teria que cumprir regras aqui, quando não se há ninguém olhando? — Porque era errado.
— E por que não as cumprir? — Rebati.
— Que graça a “vida” teria, se fizéssemos tudo conforme está dito? — Ele jogou a resposta novamente pra mim. — Eu nem existiria se todos seguissem as regras.
— Sem limites podemos acabar com sei lá, tendo problemas, parece careta, mas é o que eu penso. — Cruzei as pernas e me apoiei nas mãos.
— Bobagem, temos que viver nesses limites, não era o que dizia a história que estava lendo ontem? Tentação é sobre almejar algo que pra você é agradável, a sua alma, seu ser, seu coração quer aquilo, pra que se impedir? — Certo, eu deveria pensar em algo para debater.
— São contextos diferentes, aquilo era sobre amor, e mesmo assim no fim da história, ambos morrem, a filha de Gaia e o filho de Nix. — Conclui.
— Mas eles morreram tristes? E o que tem a ver ser sobre amor ou não? Ainda assim era sobre quebrar regras impostas, se elas não tivessem sido criadas, poupariam bem mais vidas — me encarou. — Olha só, eles se amavam, mas eram proibidos um para o outro, se eles tivessem desistido desde o começo, acha mesmo que teriam vivido intensamente, com esse negócio de regra? Hypnos teria casado, gerado filhos, nada além de chatice e chatice, mas não, ele se apaixonou pela maçã dele, assim como Eva. Eva desejou ter o que lhe era proibido. E ambos tiveram. — Comecei a rir com a explicação que ele me deu.
— Qual sua tentação? — Perguntei semicerrando os olhos.
— Não posso dizer que seja uma tentação, já que eu a causaria, mas tudo se trata de desejo. — Ele disse firme.
— E o que você deseja? — Ele olhou pra mim e senti um frio percorrer pela minha espinha.
— Você seria capaz de me dar, se eu lhe dissesse? — Brincou.
— Se eu soubesse o que é, quem sabe? — Esperava que ele me contasse.
— Hm! Algo me diz que se você soubesse, me chamaria de louco. — Eu tinha a sensação que não era mais tanto uma brincadeira, como eu julgava ser pelo seu tom de voz meio zombeteiro, mas no fundo, não parecia piada, e sem um desafio.
— Juro que tento não achar. — Tentei soar confiante.
— Vitalidade, eu desejo me alimentar — Ele respondeu.
— Como assim vitalidade? Por acaso é algum tipo de vampiro? — Gargalhei com vontade.
— Eu preciso que me deem isso, eu escolho quem irá me dar e a seduzo, eu acho uma troca nada justa, e essa é a graça. — Aos poucos a graça que eu achara não existia mais. Realmente, ele estava louco.
— Okay, como você consegue essa vitalidade? — Entrei no jogo.
— Me manter vivo. — estava sério. — Durante a idade medieval haviam seres que se alimentavam de vitalidade humana, e sabe como eles conseguiam isso? — Olhou para o lago e observou sua imagem refletida nele.
— Não faço ideia. — levantei os ombros em sinal negação.
— Pena, você parece gostar muito desses temas. — Sorriu. — Através de energia sexual. — Ele riu.
— Energia sexual? — Eu gargalhei novamente. Eu entendia onde ele queria chegar, conhecia homens como ele. Eros, energia sexual, era esperto e tinha lábia, mas eu não era fácil assim. — Você só pode estar brincando comigo.
— Acredite se quiser, eu poderia escolher você. — Ele disse se aproximando um pouco mais.
— E por que me escolheria? — Meu sorriso tremeu e meu corpo ficou tenso, eu sentia minhas bochechas quente, e eu estava com uma puta vergonha. Talvez eu fosse fraca e seria sim fácil. Droga!
— Porque és linda, ! — Sussurrou. — Tem o cheiro bom de flores, sabia, que o pecado tem cheiro de flores?
— Do que adianta ter o cheiro e o sabor bom, se te condenam? — Eu respondi em outro sussurro.
— Há coisas que simplesmente valem a pena ser experimentadas, . — Ele passou a costa da mão em meu rosto e depois acariciou meu cabelo.
lentamente diminui o espaço que havia entre nós dois, eu senti minha respiração um pouco acelerada assim como as batidas do coração descompassado, senti seu cheiro, um misto de canela com um frescor de manhã, eu sentia, bem suave. Seus lábios se encostaram nos meus e eu fechei os olhos, senti sua língua pedindo passagem e então um beijo lento, sem pressa e doce nos envolveu.
Interrompi o osculo encarando a minha frente, piscando várias vezes enquanto ele mantinha um sorrisinho brincalhão nos lábios. Eu senti algo diferente naquele beijo, eu não havia estado com muitos homens, mas também conhecia bem sobre contatos físicos, e de longe um beijo me passou aquele sentimento.
— Eu deveria voltar, daqui a pouco Irene vem procurar por mim. — Eu disse depressa tentando não demonstrar que um simples beijo mexera comigo.
— Qual é , não foi nada de mais. — se levantou ao mesmo instante que eu.
— Eu vou voltar pro meu quarto. — Antes que eu saísse, ele me puxou pelo braço e novamente uniu nossos lábios, mas de forma mais selvagem do que minutos atrás.
— Nos vemos depois. — Abri a boca para falar algo, mas não tinha palavras, então assenti.
[…]
Quando voltei para meu quarto, vi que a porta estava aberta e uma voz masculina e uma feminina podiam ser ouvidas, não sabia bem sobre o que, eu não conseguia me concentrar em sequer uma palavra deles, só entrei e vi que se tratava de que queria me ver.
— ! — Ele sorriu e eu sem perceber prendi a respiração.
— O— o que faz aqui? — Soltei o ar tentando me acalmar.
— Vim ver como estão as coisas, eu sei que temos nosso encontro amanhã, mas eu queria ter certeza antes. — Ele parecia envergonhado, acabei sorrindo involuntariamente dele.
— Tudo bem, eu estou bem melhor. — Me sentei a beira da cama e na cadeira que eu usava para escrever meu diário sobre a mesa.
— Os pesadelos? — Juntou as mãos como fazia tipicamente em suas consultas.
— Bem menos frequentes, menos assustadores e bem, acho que poderia dizer que são normais. — Fiz uma cara estranha e ele relaxou rindo.
— Soube que tem, é... — limpou a garganta antes de prosseguir, mas parecia inquieto. — Andado bastante com .
— Oh! Isso. — Disse me lembrando da falha promessa que eu havia feito. — Olha, , eu sei que eu disse que ia tentar, mas ele é um cara legal, eu meio que confio nele, quero dizer, sei lá. — Encarei minhas mãos sem coragem de olhar para ele.
— Enquanto manter o que eu te dei, estará tudo bem, só não suma ele. — Disse suspirando.
— Ah! O amuleto? Ele fica aqui, ninguém o vê. — Disse orgulhosa.
— Nem deixe que o vejam, imagina se outros descobrem que o psiquiatra dá presentes e biscoito pra uma das pacientes? Eles morreriam de ciúmes de mim, eu sou muito amado. — brincou.
— E muito convencido também. — Eu disse dando língua. — E eu sou especial, eu posso.
— Especial demais, ! Eu odiaria te perder pra ele. — Perder o que?
— Como? — Perguntei sem entender.
— Bem, eu vim para uma visita rápida, te salvei de Irene ir atrás de você, ela não estava muito feliz. — Ele riu
— E me diz quando que aquela bruaca está. — Revirei os olhos.
— Ela tem um bom coração. — Piscou.
— Teria se tivesse um. — gargalhou, ele se aproximou e bagunçou de leve meu cabelo.
— Nos vemos amanhã, baixinha. — Eu amava quando ele sorria e suas covinhas apareciam.
— Não esquece meus biscoitos. — Avisei.
— Pode deixar. — encostou a porta do quarto assim que saiu. Encarei a porta e sorri soprado.
— Pensei que ele nunca ia sair. — Uma voz vinda do banheiro disse.
— O que está fazendo aqui? — Perguntei baixo. — Ou melhor, como você conseguiu entrar aqui?
— Estava tão distraída que nem me viu entrar. — saiu mostrando a cara.
— O que quer, . Sabe que não podemos entrar nos quartos um dos outros. — Ele fez o típico barulho de estalo.
— Eu já te disse que eu não sou muito bom com regras. — se aproximou da minha mesa e depois se sentou na cadeira, a empurrando fazendo com que as rodinhas o levassem pra perto da minha cama.
— Não quero ser punida por sua causa — Cruzei os braços.
— Quem disse que precisam saber? — Se aproximou mais, meus olhos foram de encontro com seus lábios e ele percebera, já que eles se esticaram num meio sorriso.
— Você ainda não me disse o que veio fazer aqui. — Insisti.
— Hm, vim te fazer um convite. — Pegou um ursinho que ficava de enfeite em minha cama.
— Que convite. — Esperei ele prosseguir.
— Bem, não sei se é de seu conhecimento, mas no prédio do lado, aquele mais escuro, então, eu soube que quase ninguém vai pra lá, e bem, é o único em que podemos subir no telhado.
— Sério isso? — Eu ri.
— Nesse ponto eu não mentiria. — Colocou o objeto de volta no lugar. — Eu quero que vá comigo ver.
— Eu passo dessa vez. — Passei as mãos pelos meus cabelos no intensão de os prender em um coque. Eu morria de medo de altura.
— Vamos lá, quero te mostrar as estrelas. — “Que romântico!” Quis responder, ironicamente, claro.
— Estrelas. — Repeti e então alcancei a liguinha na prateleira.
não disse nada por um tempo, eu podia jurar pelo seu rosto que ele havia visto algo que o assustou, ou o irritou.
— De onde vem isso? — Apontou pro meu amuleto que estava a mostra, a pedra da estrela com os dizeres que havia me dado.
— Eu ganhei de presente. — Respondi normalmente.
— , eu esqueci a minha carteira... — entrou de uma vez pela porta.
O ar de repente pesou no meu quarto, era perceptível. fechou o semblante quando encarou , que claramente se incomodou com a presença do mais velho ali.
— é sua carteira? — Me levantei rapidamente indo procurar e cortando o silêncio. Algo não encaixava ali, parecia repudiar , que demonstrava a reciprocidade do sentimento apenas com a expressão que tinha no rosto.
— O que faz aqui? É proibido estar no quarto de outro paciente. — disse ríspido e irritado.
— Vim só para ver a antes dela dormir. Algo me diz que as coisas vão começar a voltar a ser boas. — enrijecer.
— Então já sabe sobre o efeito que não vem tendo durante as últimas semanas? — Eu não estava entendendo nada.
— Você sempre se metendo onde não deve, não é mesmo? Não esqueça onde estamos e que isso afeta-la fora se ela descobre sobre o que se trata, irmãozinho. Quer dizer, doutor. — parecia agressivo e eu não me senti na coragem de dizer algo, como eu disse, eles pareciam ter uma resistência forte uma pelo outro.
— Achei! — se voltou a mim e caminhando em minha direção pegou seu pertence.
— Resista. — sussurrou em meu ouvido, numa altura que nem mesmo eu ouviria se não prestasse bem atenção.
[...]
estava na minha frente, um dos braços apoiado na parede atrás de mim e o pescoço inclinado e seus lábios raspando no meus. Ele passara a ser mais insistente, me fazendo relembrar de uma de nossas conversas e eu ponderar se não estava ficando louca de verdade, poderia estar ali por conta disso mesmo e não conseguia enxergar com clareza, pelo menos não até aquele momento.
— E então? — Ele indagou.
O sorriso ladino estava ali, esperto, esperando uma resposta minha.
— Eu não sei...
— Vamos, ! Há quanto tempo está neste lugar fazendo absolutamente tudo corretamente? — dizia com os olhos indo para minha boca e subindo para meus olhos, fazendo o inverso também — Só até o telhado, eu prometo que voltamos antes de alguém perceber.
Não seria só um passeio, eu sabia e aquele bendito “resista” de brilhava em minha mente, ingenuamente sendo ignorado, pois talvez eu estivesse errada.
[…]
me encostou na porta e suas mãos apertavam minha cintura com anseio enquanto seus lábios apertavam os meus em um beijo afoito que desceu para meu pescoço.
— Levanta os braços.
E eu o fiz, soltando seus braços e deixando que passasse minha camiseta pelos meus ombros, seus lábios desceram para meus seios e meu sutiã foi abaixado, deixando meus mamilos expostos e não demorou para que os tivessem em sua boca, rodeando o bico com a língua.
Arfei e agarrando em seus cabelos, tentei trazer seu corpo para cima, inutilmente, pois ele permaneceu n mesmo lugar, sugando meus seios e me fazendo revirar os olhos de prazer.
— Não podemos fazer isso. — Eu sabia, mas não queria parar.
— Me dê um bom motivo para não fazer. — Nossos olhares se encontraram e tentei procurar algo na mente, mas era como se eu estivesse hipnotizada. Com uma mão livre, acariciou o meu colo e puxou o amuleto que eu usava. — Não precisa disso hoje.
E voltou a sugar meu mamilo enquanto suas mãos abaixavam minha calça.
— ... Espera. — pedi, mas minha voz sumiu e deu lugar a um gemido arrastado quando seus dedos tocaram minha intimidade, por cima do tecido fino de minha calcinha.
E com movimentos circulares, ia aumentando a velocidade e a força que aplicava em seus toques, afastando o tecido que ainda me cobria para o lado e passando a me tocar diretamente.
Em desespero por estar a tanto tempo sem me relacionar, cada toque de me incendiava a mais, puxei sua camiseta para cima com pressa para que ele voltasse a me tocar.
Quando ele começou a abaixar suas calças, eu coloquei os dedos nas laterais de minha calcinha, mas antes de qualquer outro movimento mais, pediu para que eu não tirasse. Ele se masturbou com poucos movimentos, com a mão sobre seu falo, descendo e subindo poucas vezes.
— Fique com ela. — ele disse chutando suas calças para o lado e se aproximando por fim e se abaixando o suficiente para me erguer e prensar meu corpo erguido com o seu me pressionando na parede — Vamos fazer dessa forma, com ela ai, hm?!
Sabia que era sujo, mas não que eu iria gostar tanto de suas atitudes ainda pior em um momento como aquele.
Senti seu pênis ereto pressionando em minha intimidade e em um movimento, puxou minha calcinha para o lado e me impedindo de apoiar no chão, ele se movimentou para que seu pênis encontrasse o caminho e a primeira estocada foi lenta, com gemendo arrastado confirme se colocava em mim até o fim.
Eu gemia, sentindo o prazer de estar outra vez com um homem que sabia o que estava fazendo, era bom o suficiente para saber que dormiria bem aquela noite, porque minhas energias estavam sendo requisitadas e eu entregava sem pensar muito. Um grunhido sôfrego saiu da minha garganta e eu sabia que eu havia atingido o prazer, ele ainda se movimentava em mim, mas a visão começara a falhar, eu me sentia fraca demais.
— Tae-taehyung. — O chamei para avisar que eu iria cair, mas nada saiu.
Ainda senti quando meu corpo foi para baixo e ficou sobre mim, estocando de forma tão intensa que eu sentia minhas costas rasparem no chão, indo e vindo e então desmaiei, com um urro de gozando ainda dentro de mim.
I buried my voice for you
A manhã era tranquila, a brisa calma encostou na minha pele e fechei os olhos para sentir a presença que acariciava meu rosto, tão delicado e singelo, mesmo com o sol brilhando e o frio do amanhecer me colocarem em um estado de serenidade, uma tristeza inexplicável lutava por espaço.
Fazia por volta de duas semanas que as coisas começaram a melhorar, meus pesadelos pareciam apenas terem dado uma longa trégua, eu e durante aquele tempo ficamos ainda mais próximos, eu sei que havia dito ao que manteria certa distância, mas como evitar quem está nos mesmos lugares que você?
— A manhã não está linda? — A voz que agora eu conhecia tão bem disse próxima ao meu ouvido.
— Mas por que mesmo com toda a beleza e calma me coração ainda me alerta que estou em perigo? — Respondi e abri os olhos para encarar os de .
— Porque talvez você de fato esteja. — Ele sorriu do jeito que sempre fazia e encarou o céu.
— Não me sinto em perigo quando olho pra você. — O olhei e ele riu. — Posso te perguntar algo esquisito?
— Sim, claro. — olhou no fundo dos meus olhos e abri a boca para falar, mas era como se eu não pudesse. Sacudi minha cabeça e então tentei novamente.
— O-ontem à noite, quero dizer. — Esfreguei uma mão na outra nervosa. — Ontem a noite, eu sei que isso vai parecer estranho, mas acho que te vi no meu quarto. — Ri sem graça. — Não é a primeira vez. Eu já tinha pensado tê-lo visto quando tive meus pesadelos, mas ontem foi diferente, você estava lá, me olhando.
— Hm, eu adoraria estar lá. — Eu corei. — Mas acho que não era eu, sinto muito. — colocou as mãos nos bolsos e respirou o ar gelado.
— Eu tive outro pesadelo essa noite, não como os de costume, quero dizer, eu estava em perigo, mas não sabia o porquê, mas ao mesmo tempo eu não tinha medo. — O vento soprou e fez com que meus cabelos ficassem bagunçados.
— Eu estava no seu sonho? — Eu não me lembrava ao certo, mas algo me dizia que sim.
— Não tenho certeza, na verdade tenho a sensação — Encostei a costa no banco em que estávamos sentados.
— Bem, fico honrado em fazer parte de seus sonhos, ou pesadelos. — Ele riu de lado e então eu senti meu rosto corar novamente, pela primeira vez na vida fiquei levemente contente em ver Irene.
— Já tomou seu café da manhã, senhorita Lee? — Irene tinha cabelos negros, a pele branca e lábios vermelhos, se eu pudesse dizer um conto de fada que ela poderia ter saído, com certeza seria a branca de neve.
— Ainda não, só vim tomar um pouco de ar antes de comer. — Respondi já me levantando.
— Então vamos, hoje temos exercício para fazer. — Esperou que eu levantasse para a acompanhar.
— Eu preciso ir. Nós vemos mais tarde? — ainda permanecia sentado com o olhar focado longe.
— Se possível, me encontre no meio do jardim, eu tenho algo para te mostrar. — Assenti. Dei uma corrida pequena até Irene e começamos a andar em direção do refeitório, olhei para trás para encontrar o banco já vazio, havia sumido e não estava no meio dos outros que caminhavam por ali.
— Vamos , você ainda precisa se alimentar. — Irene me chamou a atenção, eu odiava ela, não entendia como as quintas chegavam tão rápido, revirei os olhos e apressei os passos para não ter que a ouvir novamente.
[…]
Irene parecia ter tirado o dia para me massacrar, tá que eu não era uma de suas pacientes favoritas, e nem ela minha enfermeira mais amada, no caso, preferia que apenas Wendy cuidasse de mim, Irene se parecia muito com minha mãe, digo na forma de agir.
— Vamos, . Quanto mais rápido terminar, pode voltar para seu quarto ou ir para o jardim, ou o que quer que queira fazer. — Disse me observando.
— Bem, aqui não se tem muita opção do que fazer. — Comentei.
— Então fique boa logo para poder voltar pra sua vida normal. — Nada delicada como sempre, mas algumas vezes eu sentia que Irene tinha alguma compaixão por mim.
— Tentarei meu melhor, treinadora. — Eu nunca tinha visto Irene dar um sinal sequer de sorriso como acabara de fazer, ela devia estar de muito “bom” humor.
Os exercícios que tínhamos que fazer eram simples, apenas por passarmos grande parte do tempo ali sem ter muito o que fazer, fora exames e consultas semanais, estar internado te deixava ocioso e relaxado.
Voltei para um banho, e como sempre, a roupa limpa daquele dia estava em cima da cama, sempre cheirando a amaciante. Eu amava aquele cheiro.
Deixei a água lavar todo o meu corpo, era bom aquela sensação de ficar limpa depois de um treino, era algo que me lembrava os dias em que eu ia pra academia e depois de um banho, saia para caminhar com Gaia, minha cachorrinha. Eu sentia falta daquilo, da minha vida antiga, antes de ser colocada aqui, era tanto tempo que eu não lembro quando havia entrado e nem sabia quando sairia.
[…]
Como combinado, fui para o centro do jardim encontrar com , eu apreciava a companhia dele, mesmo o tendo conhecido a pouco tempo, ele era, diferente, ele tinha uma presença cativante, como se isso me atraísse para ele, na verdade várias outras coisas me atraiam a ele, ao mesmo tempo que eu podia dizer que ele parecia inofensivo, ou seu rosto passava inocência, seu olhar me dizia totalmente ao contrário, seu olhar parecia poder olhar dentro da minha alma, e era fascinante. Vale destacar que além disso ele havia uma beleza incomum, eu podia arriscar dizer que era quase sobre-humana.
— Bem na hora. — Ele disse quando cheguei perto da árvore em que nos conhecemos.
— Esperou por muito tempo? — Estralei os dedos em sinal de nervosismo.
— Não, eu cheguei um minuto antes de você. — Sorriu docemente.
— Quem bom. — Droga, uma coisa na minha vida não havia mudado, o fato de eu ser ótima em acabar com assuntos.
— Vem cá. — Me chamou para perto. — Tenho uma coisa pra te mostrar. — Ele estendeu a mão, mas eu hesitei antes de aceitar, eu não o conhecia. — Não precisa ter medo, eu não vou arrancar sua mão e ficar com ela. — Acabei não contendo um sorriso pelo comentário.
— Você jura? — Segurei sua mão e ele me puxou para mais longe, do lado oposto do hospital.
O hospital era realmente enorme, e o jardim era bem cuidado, eu nunca tinha passado aquele limite, já que Wendy sempre dizia que eu deveria ficar onde eu pudesse ser encontrada por ela.
— Pra onde estamos indo? — Perguntei olhando ao redor.
— Eu encontrei uma coisa que acho que adoraria ver. — Isso não respondia bem minha resposta.
— Hm! Há muitas coisas que eu gostaria de ver, me diz o que é. — Tentei dar uma de esperta, mas apenas estalou a língua e riu soprado.
— Boa tentativa. — Revirei os olhos e suspirei frustrada. — Já estamos quase lá, nem andamos tanto assim.
Realmente, ali era grande, mas não tanto, e então ele parou, eu não havia percebido o que ele encarava até que por fim meus olhos focaram o que estava a nossa frente. Não era grande, mas tinha a água límpida e podíamos sentar bem a beira dele
— Uau! — Disse encantada. — E estranho. — O encarei. — Um laguinho justo aqui? — Lembrei de Wendy me contando sobre a doença de .
— Hm! Não é fundo, nem uma criança se afoga nesse lago, por que não teria? — Perguntou
— Como descobriu se não podemos vir pra cá? — Nos sentamos perto da beira.
— Por que eu teria que cumprir regras aqui, quando não se há ninguém olhando? — Porque era errado.
— E por que não as cumprir? — Rebati.
— Que graça a “vida” teria, se fizéssemos tudo conforme está dito? — Ele jogou a resposta novamente pra mim. — Eu nem existiria se todos seguissem as regras.
— Sem limites podemos acabar com sei lá, tendo problemas, parece careta, mas é o que eu penso. — Cruzei as pernas e me apoiei nas mãos.
— Bobagem, temos que viver nesses limites, não era o que dizia a história que estava lendo ontem? Tentação é sobre almejar algo que pra você é agradável, a sua alma, seu ser, seu coração quer aquilo, pra que se impedir? — Certo, eu deveria pensar em algo para debater.
— São contextos diferentes, aquilo era sobre amor, e mesmo assim no fim da história, ambos morrem, a filha de Gaia e o filho de Nix. — Conclui.
— Mas eles morreram tristes? E o que tem a ver ser sobre amor ou não? Ainda assim era sobre quebrar regras impostas, se elas não tivessem sido criadas, poupariam bem mais vidas — me encarou. — Olha só, eles se amavam, mas eram proibidos um para o outro, se eles tivessem desistido desde o começo, acha mesmo que teriam vivido intensamente, com esse negócio de regra? Hypnos teria casado, gerado filhos, nada além de chatice e chatice, mas não, ele se apaixonou pela maçã dele, assim como Eva. Eva desejou ter o que lhe era proibido. E ambos tiveram. — Comecei a rir com a explicação que ele me deu.
— Qual sua tentação? — Perguntei semicerrando os olhos.
— Não posso dizer que seja uma tentação, já que eu a causaria, mas tudo se trata de desejo. — Ele disse firme.
— E o que você deseja? — Ele olhou pra mim e senti um frio percorrer pela minha espinha.
— Você seria capaz de me dar, se eu lhe dissesse? — Brincou.
— Se eu soubesse o que é, quem sabe? — Esperava que ele me contasse.
— Hm! Algo me diz que se você soubesse, me chamaria de louco. — Eu tinha a sensação que não era mais tanto uma brincadeira, como eu julgava ser pelo seu tom de voz meio zombeteiro, mas no fundo, não parecia piada, e sem um desafio.
— Juro que tento não achar. — Tentei soar confiante.
— Vitalidade, eu desejo me alimentar — Ele respondeu.
— Como assim vitalidade? Por acaso é algum tipo de vampiro? — Gargalhei com vontade.
— Eu preciso que me deem isso, eu escolho quem irá me dar e a seduzo, eu acho uma troca nada justa, e essa é a graça. — Aos poucos a graça que eu achara não existia mais. Realmente, ele estava louco.
— Okay, como você consegue essa vitalidade? — Entrei no jogo.
— Me manter vivo. — estava sério. — Durante a idade medieval haviam seres que se alimentavam de vitalidade humana, e sabe como eles conseguiam isso? — Olhou para o lago e observou sua imagem refletida nele.
— Não faço ideia. — levantei os ombros em sinal negação.
— Pena, você parece gostar muito desses temas. — Sorriu. — Através de energia sexual. — Ele riu.
— Energia sexual? — Eu gargalhei novamente. Eu entendia onde ele queria chegar, conhecia homens como ele. Eros, energia sexual, era esperto e tinha lábia, mas eu não era fácil assim. — Você só pode estar brincando comigo.
— Acredite se quiser, eu poderia escolher você. — Ele disse se aproximando um pouco mais.
— E por que me escolheria? — Meu sorriso tremeu e meu corpo ficou tenso, eu sentia minhas bochechas quente, e eu estava com uma puta vergonha. Talvez eu fosse fraca e seria sim fácil. Droga!
— Porque és linda, ! — Sussurrou. — Tem o cheiro bom de flores, sabia, que o pecado tem cheiro de flores?
— Do que adianta ter o cheiro e o sabor bom, se te condenam? — Eu respondi em outro sussurro.
— Há coisas que simplesmente valem a pena ser experimentadas, . — Ele passou a costa da mão em meu rosto e depois acariciou meu cabelo.
lentamente diminui o espaço que havia entre nós dois, eu senti minha respiração um pouco acelerada assim como as batidas do coração descompassado, senti seu cheiro, um misto de canela com um frescor de manhã, eu sentia, bem suave. Seus lábios se encostaram nos meus e eu fechei os olhos, senti sua língua pedindo passagem e então um beijo lento, sem pressa e doce nos envolveu.
Interrompi o osculo encarando a minha frente, piscando várias vezes enquanto ele mantinha um sorrisinho brincalhão nos lábios. Eu senti algo diferente naquele beijo, eu não havia estado com muitos homens, mas também conhecia bem sobre contatos físicos, e de longe um beijo me passou aquele sentimento.
— Eu deveria voltar, daqui a pouco Irene vem procurar por mim. — Eu disse depressa tentando não demonstrar que um simples beijo mexera comigo.
— Qual é , não foi nada de mais. — se levantou ao mesmo instante que eu.
— Eu vou voltar pro meu quarto. — Antes que eu saísse, ele me puxou pelo braço e novamente uniu nossos lábios, mas de forma mais selvagem do que minutos atrás.
— Nos vemos depois. — Abri a boca para falar algo, mas não tinha palavras, então assenti.
[…]
Quando voltei para meu quarto, vi que a porta estava aberta e uma voz masculina e uma feminina podiam ser ouvidas, não sabia bem sobre o que, eu não conseguia me concentrar em sequer uma palavra deles, só entrei e vi que se tratava de que queria me ver.
— ! — Ele sorriu e eu sem perceber prendi a respiração.
— O— o que faz aqui? — Soltei o ar tentando me acalmar.
— Vim ver como estão as coisas, eu sei que temos nosso encontro amanhã, mas eu queria ter certeza antes. — Ele parecia envergonhado, acabei sorrindo involuntariamente dele.
— Tudo bem, eu estou bem melhor. — Me sentei a beira da cama e na cadeira que eu usava para escrever meu diário sobre a mesa.
— Os pesadelos? — Juntou as mãos como fazia tipicamente em suas consultas.
— Bem menos frequentes, menos assustadores e bem, acho que poderia dizer que são normais. — Fiz uma cara estranha e ele relaxou rindo.
— Soube que tem, é... — limpou a garganta antes de prosseguir, mas parecia inquieto. — Andado bastante com .
— Oh! Isso. — Disse me lembrando da falha promessa que eu havia feito. — Olha, , eu sei que eu disse que ia tentar, mas ele é um cara legal, eu meio que confio nele, quero dizer, sei lá. — Encarei minhas mãos sem coragem de olhar para ele.
— Enquanto manter o que eu te dei, estará tudo bem, só não suma ele. — Disse suspirando.
— Ah! O amuleto? Ele fica aqui, ninguém o vê. — Disse orgulhosa.
— Nem deixe que o vejam, imagina se outros descobrem que o psiquiatra dá presentes e biscoito pra uma das pacientes? Eles morreriam de ciúmes de mim, eu sou muito amado. — brincou.
— E muito convencido também. — Eu disse dando língua. — E eu sou especial, eu posso.
— Especial demais, ! Eu odiaria te perder pra ele. — Perder o que?
— Como? — Perguntei sem entender.
— Bem, eu vim para uma visita rápida, te salvei de Irene ir atrás de você, ela não estava muito feliz. — Ele riu
— E me diz quando que aquela bruaca está. — Revirei os olhos.
— Ela tem um bom coração. — Piscou.
— Teria se tivesse um. — gargalhou, ele se aproximou e bagunçou de leve meu cabelo.
— Nos vemos amanhã, baixinha. — Eu amava quando ele sorria e suas covinhas apareciam.
— Não esquece meus biscoitos. — Avisei.
— Pode deixar. — encostou a porta do quarto assim que saiu. Encarei a porta e sorri soprado.
— Pensei que ele nunca ia sair. — Uma voz vinda do banheiro disse.
— O que está fazendo aqui? — Perguntei baixo. — Ou melhor, como você conseguiu entrar aqui?
— Estava tão distraída que nem me viu entrar. — saiu mostrando a cara.
— O que quer, . Sabe que não podemos entrar nos quartos um dos outros. — Ele fez o típico barulho de estalo.
— Eu já te disse que eu não sou muito bom com regras. — se aproximou da minha mesa e depois se sentou na cadeira, a empurrando fazendo com que as rodinhas o levassem pra perto da minha cama.
— Não quero ser punida por sua causa — Cruzei os braços.
— Quem disse que precisam saber? — Se aproximou mais, meus olhos foram de encontro com seus lábios e ele percebera, já que eles se esticaram num meio sorriso.
— Você ainda não me disse o que veio fazer aqui. — Insisti.
— Hm, vim te fazer um convite. — Pegou um ursinho que ficava de enfeite em minha cama.
— Que convite. — Esperei ele prosseguir.
— Bem, não sei se é de seu conhecimento, mas no prédio do lado, aquele mais escuro, então, eu soube que quase ninguém vai pra lá, e bem, é o único em que podemos subir no telhado.
— Sério isso? — Eu ri.
— Nesse ponto eu não mentiria. — Colocou o objeto de volta no lugar. — Eu quero que vá comigo ver.
— Eu passo dessa vez. — Passei as mãos pelos meus cabelos no intensão de os prender em um coque. Eu morria de medo de altura.
— Vamos lá, quero te mostrar as estrelas. — “Que romântico!” Quis responder, ironicamente, claro.
— Estrelas. — Repeti e então alcancei a liguinha na prateleira.
não disse nada por um tempo, eu podia jurar pelo seu rosto que ele havia visto algo que o assustou, ou o irritou.
— De onde vem isso? — Apontou pro meu amuleto que estava a mostra, a pedra da estrela com os dizeres que havia me dado.
— Eu ganhei de presente. — Respondi normalmente.
— , eu esqueci a minha carteira... — entrou de uma vez pela porta.
O ar de repente pesou no meu quarto, era perceptível. fechou o semblante quando encarou , que claramente se incomodou com a presença do mais velho ali.
— é sua carteira? — Me levantei rapidamente indo procurar e cortando o silêncio. Algo não encaixava ali, parecia repudiar , que demonstrava a reciprocidade do sentimento apenas com a expressão que tinha no rosto.
— O que faz aqui? É proibido estar no quarto de outro paciente. — disse ríspido e irritado.
— Vim só para ver a antes dela dormir. Algo me diz que as coisas vão começar a voltar a ser boas. — enrijecer.
— Então já sabe sobre o efeito que não vem tendo durante as últimas semanas? — Eu não estava entendendo nada.
— Você sempre se metendo onde não deve, não é mesmo? Não esqueça onde estamos e que isso afeta-la fora se ela descobre sobre o que se trata, irmãozinho. Quer dizer, doutor. — parecia agressivo e eu não me senti na coragem de dizer algo, como eu disse, eles pareciam ter uma resistência forte uma pelo outro.
— Achei! — se voltou a mim e caminhando em minha direção pegou seu pertence.
— Resista. — sussurrou em meu ouvido, numa altura que nem mesmo eu ouviria se não prestasse bem atenção.
[...]
estava na minha frente, um dos braços apoiado na parede atrás de mim e o pescoço inclinado e seus lábios raspando no meus. Ele passara a ser mais insistente, me fazendo relembrar de uma de nossas conversas e eu ponderar se não estava ficando louca de verdade, poderia estar ali por conta disso mesmo e não conseguia enxergar com clareza, pelo menos não até aquele momento.
— E então? — Ele indagou.
O sorriso ladino estava ali, esperto, esperando uma resposta minha.
— Eu não sei...
— Vamos, ! Há quanto tempo está neste lugar fazendo absolutamente tudo corretamente? — dizia com os olhos indo para minha boca e subindo para meus olhos, fazendo o inverso também — Só até o telhado, eu prometo que voltamos antes de alguém perceber.
Não seria só um passeio, eu sabia e aquele bendito “resista” de brilhava em minha mente, ingenuamente sendo ignorado, pois talvez eu estivesse errada.
[…]
me encostou na porta e suas mãos apertavam minha cintura com anseio enquanto seus lábios apertavam os meus em um beijo afoito que desceu para meu pescoço.
— Levanta os braços.
E eu o fiz, soltando seus braços e deixando que passasse minha camiseta pelos meus ombros, seus lábios desceram para meus seios e meu sutiã foi abaixado, deixando meus mamilos expostos e não demorou para que os tivessem em sua boca, rodeando o bico com a língua.
Arfei e agarrando em seus cabelos, tentei trazer seu corpo para cima, inutilmente, pois ele permaneceu n mesmo lugar, sugando meus seios e me fazendo revirar os olhos de prazer.
— Não podemos fazer isso. — Eu sabia, mas não queria parar.
— Me dê um bom motivo para não fazer. — Nossos olhares se encontraram e tentei procurar algo na mente, mas era como se eu estivesse hipnotizada. Com uma mão livre, acariciou o meu colo e puxou o amuleto que eu usava. — Não precisa disso hoje.
E voltou a sugar meu mamilo enquanto suas mãos abaixavam minha calça.
— ... Espera. — pedi, mas minha voz sumiu e deu lugar a um gemido arrastado quando seus dedos tocaram minha intimidade, por cima do tecido fino de minha calcinha.
E com movimentos circulares, ia aumentando a velocidade e a força que aplicava em seus toques, afastando o tecido que ainda me cobria para o lado e passando a me tocar diretamente.
Em desespero por estar a tanto tempo sem me relacionar, cada toque de me incendiava a mais, puxei sua camiseta para cima com pressa para que ele voltasse a me tocar.
Quando ele começou a abaixar suas calças, eu coloquei os dedos nas laterais de minha calcinha, mas antes de qualquer outro movimento mais, pediu para que eu não tirasse. Ele se masturbou com poucos movimentos, com a mão sobre seu falo, descendo e subindo poucas vezes.
— Fique com ela. — ele disse chutando suas calças para o lado e se aproximando por fim e se abaixando o suficiente para me erguer e prensar meu corpo erguido com o seu me pressionando na parede — Vamos fazer dessa forma, com ela ai, hm?!
Sabia que era sujo, mas não que eu iria gostar tanto de suas atitudes ainda pior em um momento como aquele.
Senti seu pênis ereto pressionando em minha intimidade e em um movimento, puxou minha calcinha para o lado e me impedindo de apoiar no chão, ele se movimentou para que seu pênis encontrasse o caminho e a primeira estocada foi lenta, com gemendo arrastado confirme se colocava em mim até o fim.
Eu gemia, sentindo o prazer de estar outra vez com um homem que sabia o que estava fazendo, era bom o suficiente para saber que dormiria bem aquela noite, porque minhas energias estavam sendo requisitadas e eu entregava sem pensar muito. Um grunhido sôfrego saiu da minha garganta e eu sabia que eu havia atingido o prazer, ele ainda se movimentava em mim, mas a visão começara a falhar, eu me sentia fraca demais.
— Tae-taehyung. — O chamei para avisar que eu iria cair, mas nada saiu.
Ainda senti quando meu corpo foi para baixo e ficou sobre mim, estocando de forma tão intensa que eu sentia minhas costas rasparem no chão, indo e vindo e então desmaiei, com um urro de gozando ainda dentro de mim.
05. Makes Sense
Imagine um lugar tranquilo e que você está no meio de um imenso lago, boiando, tranquilamente o vento soprando, o som apenas do ambiente. Paz. Eu me sentia assim, me sentia fora de tudo que era real, sentia que eu poderia permanecer ali pra sempre, eu queria.
— ! — O vento chamou, ele tinha a voz do .
— Você pode me ouvir? — Perguntou mais uma vez. — Pode me ouvir, ?
Tudo sumira!
[...]
Uma escuridão familiar invadiu o que antes estava tão claro e tranquilo. Senti meus olhos se movimentarem e lutarem para se abrir. Lentamente a visão foi voltando e eu estava deitada novamente, o branco que eu conhecia melhor que qualquer coisa. Wendy com os olhos vermelhos me encarava como se finalmente pudesse respirar novamente.
— Wen? — Chamei com a voz ainda fraca.
— Shii, está tudo bem, eu estou aqui. — Ela se aproximou da cama. — Eu vou chamar o e o médico. Já volto!
Wendy saiu do quarto às pressas. A claridade do quarto incomodou minhas vistas, então cobri os olhos com uma de minhas mãos.
— Venham, eu tenho certeza que ela acordou. — Wendy disse chorosa.
Os três entraram no quarto e eu abri os olhos para o encarar. O médico se aproximou me analisando e então conversou num canto com Wendy e , o último mantinha a feição séria, assentindo com o que lhe era dito, se eu estivesse um pouco mais acordada, talvez conseguisse entender o que o médico dizia, mas um zunido atrapalhava totalmente meu entendimento para a distancia em que eles se encontravam.
Mais algumas coisas ditas e então o médico saiu do quarto, sendo seguido por Wendy.
— , você pode me dizer que dia é hoje? — perguntou, se aproximando.
— 12, não é? — Estranhei a pergunta, mas não estava tão afim de perguntar o porquê.
— Hoje é dia 18. — Ele disse.
— O que aconteceu? — Tentei me lembrar de qualquer coisa que fosse.
— Você estava desmaiada por 6 dias, quase 7 considerando a hora. — respondeu — Qual a última coisa que se lembra?
Demorei um pouco para conseguir raciocinar, ainda me situando que passara 6 dias desacordada.
— ? — novamente me chamou.
— Eu estava aqui no quarto me preparando para dormir. — Menti. Eu podia não me lembrar de tudo, mas lembro de ter estado com antes de tudo ficar vago.
— Tem certeza? — Ele insistiu.
— Sim, , eu tenho certeza, essa é a última lembrança que eu tenho. — Disse irritada.
— Tudo bem, por enquanto você terá que permanecer no seu quarto, Wendy vai ficar com você até que possa voltar a sair. — Disse frio, eu podia sentir isso.
— Eu fiz algo de errado? — ´Perguntei com um nó na garganta.
— Eu espero que não. — O olhar dele era indecifrável, era como se eu não o conhecesse.
Assim que saiu do quarto, não demorou quase nada para que aparecesse, com seu habitual sorriso de lado.
— Oi. — Ele disse com a voz aveludada.
— Oi. — Respondi de volta.
— Como você está? — Demonstrou preocupação.
— Acho que bem, eu não me lembro muito bem. — Tentei lembrar de algo a mais do que havia acontecido, novamente, falho — Você pode me contar?
— Não se esforce muito, . Nós acabamos adormecendo no chão e um pouco depois, te trouxe para cá... — disse tranquilamente.
— Nada mais? — Indaguei.
— Se eu disser que suguei sua vitalidade, você não vai acreditar. — Ele deu os ombros, ainda escorado na porta — Fora por isso que adormeceu por tanto tempo.
— Deixa de ser idiota. — Resmunguei com aquela besteira de novo. andou em direção a cama se sentando na cadeira de frente pra mim.
— É escolha sua acreditar ou não. — Cruzou as pernas e sorriu.
— Caso fosse verdade, seria você um vampiro? Por favor, em pleno século XXI. — Ironizei.
— Se eu fosse vampiro, você saberia, meu bem. — Respirou fundo. — Vampiros sugam vitalidade pelo sangue, não pelo sexo.
— Então o que? O que seria você e o por que a minha vida? — Cruzei os braços e encostei no travesseiro.
— Você sabe qual o significado de “”? — Ele me encarou. — Ironicamente não acha?
— Haha, meu nome significar vida quer dizer que tenho que dar a minha?! Você não era piadista assim. — Sustentei seu olhar.
— Hm, incubare. — Eu sabia o que era aquela palavra, sabia de já ter lido em algum livro e teorias. — Porque alguém deve, e estou cobrando como prometido.
— Bem, suponhamos que você é um incubus como diz ser, eu não te devo nada. — se levantou e olhou para o lado de fora da janela.
— Você não, mas alguém sim, você foi a troca, mas seria muito tedioso se eu tivesse que cobrar rápido demais. — Estralou os dedos.
— Eu não tenho ninguém nesse mundo para pagar por essa pessoa, como está dizendo. — Meu olhar se focou para a paisagem lá fora, assim como ele.
— Você “tem que acordar” querida, . Me pergunto se será capaz.
Com isso, deixou o quarto, me fazendo crer que estava realmente maluca, só poderia estar, era a única explicação pra isso. Talvez minha mente, ela esteja sobrecarregada demais e eu apavorada para criar algo desse tipo.
Incubare. Eu ainda não me sentia bem, pedi para Wendy deixar algumas aspirinas no meu quarto caso eu tivesse insônia pela noite, afinal, me deus eu tinha dormido não por um ou dois dias, mas seis, e dormir definitivamente não era o que eu queria.
Você tem que acordar! A voz do meu pai veio a minha mente, era o que ele sempre dizia nos meus sonhos, ele implorava para que eu acordasse, mas o que isso significava pra mim, por que de todos era a voz do meu pai ali, ele estava morto.
[...]
Suas mãos percorriam pelo meu corpo e arranhavam minha pele, a marcando, e me tornando da cor que ele queria.
Eu não conseguia fazer sequer um movimento, mesmo que eu pudesse sentir cada toque e meu corpo quisesse responder a corrente "elétrica", eu estava a mercê dele sem nem ao menos poder fugir.
Seus beijos desceram de meu pescoço ao meu busto, abriu lentamente a blusa que eu usava, cada botão era aberto e um selar era depositado, ele inalou o cheiro da minha pele e deu leves mordidas em minha barriga, um grunhido fino saiu de meus lábios e uma pequena lágrima acompanhou.
— Você vai adorar a sensação. — Ele voltou a sustentar meu olhar
Suas mãos eram ágeis e gélidas, pude sentir exatamente o momento em que elas fizeram o caminho dos meus seios e os massagearam, meu gemido foi sôfrego e ele sorriu com a resposta que eu dava o dava sem que precisasse dizer uma palavra.
Ele os apertava com força, e eu já não sabia se era dor ou prazer, talvez ambos. puxara minha calça para baixo e se sentiu satisfeito quando viu que eu não usava roupas intimas para dormir. Seus lábios foram de encontro a minha intimidade e suas mãos voltaram os meus seios.
Eu podia sentir sua língua percorrer em mim, ele sugava, lambia e a penetrava sua em mim, era torturante, mas não de um jeito ruim, eu queria mais.
Meu olhar suplicava por mais, eu o queria dentro de mim, mesmo que fosse errado, mesmo eu não podendo o tocar, eu queria mais.
— Por favor. — Me esforcei para dizer.
Sem demora ele tirou a sua roupa o mais rápido que pode, com um digito ele inseriu e começou o vai e vem, ora lento, ora rápido demais, eu mal conseguia respirar direito, meu peito subia e descia em uma tentativa falha de controlar minha respiração.
— Por favor! — Supliquei mais uma vez e então ele acenou.
Com todo vigor ele penetrou em mim, forte, grosseiro e violento, seus olhos que outrora eram pretos, tomou a cor vermelha como o fogo, assustador!
Meu corpo estremecia a cada investida dele, eu estava ao ponto de gritar, eu queria me mexer, precisava me mexer.
Eu senti minhas forças esvaecendo, a energia desaparecendo a cada momento em que eu atingia o pico do prazer, até que eu soltei o ar e um grito fino saiu dos meus lábios e finalmente meu corpo se sentiu livre para se mexer e veio os espasmos.
Seus olhos me encaravam e ele parecia outro, mais poderoso, mas vivo e sombrio.
Incubare.
— . — O chamei e ele apenas me encarou como um caçador olha a sua presa.
— Você foi ótima. — Ele passou a mão em meus cabelos. — Você está sendo ótima, mas seu tempo está acabando, uma pena.
Instantaneamente eu senti medo, medo dele e medo do que aquilo significava. Eu estava exausta, eu me sentia uma pedra, pesada, densa demais.
Você tem que acordar.
— ! — O vento chamou, ele tinha a voz do .
— Você pode me ouvir? — Perguntou mais uma vez. — Pode me ouvir, ?
Tudo sumira!
[...]
Uma escuridão familiar invadiu o que antes estava tão claro e tranquilo. Senti meus olhos se movimentarem e lutarem para se abrir. Lentamente a visão foi voltando e eu estava deitada novamente, o branco que eu conhecia melhor que qualquer coisa. Wendy com os olhos vermelhos me encarava como se finalmente pudesse respirar novamente.
— Wen? — Chamei com a voz ainda fraca.
— Shii, está tudo bem, eu estou aqui. — Ela se aproximou da cama. — Eu vou chamar o e o médico. Já volto!
Wendy saiu do quarto às pressas. A claridade do quarto incomodou minhas vistas, então cobri os olhos com uma de minhas mãos.
— Venham, eu tenho certeza que ela acordou. — Wendy disse chorosa.
Os três entraram no quarto e eu abri os olhos para o encarar. O médico se aproximou me analisando e então conversou num canto com Wendy e , o último mantinha a feição séria, assentindo com o que lhe era dito, se eu estivesse um pouco mais acordada, talvez conseguisse entender o que o médico dizia, mas um zunido atrapalhava totalmente meu entendimento para a distancia em que eles se encontravam.
Mais algumas coisas ditas e então o médico saiu do quarto, sendo seguido por Wendy.
— , você pode me dizer que dia é hoje? — perguntou, se aproximando.
— 12, não é? — Estranhei a pergunta, mas não estava tão afim de perguntar o porquê.
— Hoje é dia 18. — Ele disse.
— O que aconteceu? — Tentei me lembrar de qualquer coisa que fosse.
— Você estava desmaiada por 6 dias, quase 7 considerando a hora. — respondeu — Qual a última coisa que se lembra?
Demorei um pouco para conseguir raciocinar, ainda me situando que passara 6 dias desacordada.
— ? — novamente me chamou.
— Eu estava aqui no quarto me preparando para dormir. — Menti. Eu podia não me lembrar de tudo, mas lembro de ter estado com antes de tudo ficar vago.
— Tem certeza? — Ele insistiu.
— Sim, , eu tenho certeza, essa é a última lembrança que eu tenho. — Disse irritada.
— Tudo bem, por enquanto você terá que permanecer no seu quarto, Wendy vai ficar com você até que possa voltar a sair. — Disse frio, eu podia sentir isso.
— Eu fiz algo de errado? — ´Perguntei com um nó na garganta.
— Eu espero que não. — O olhar dele era indecifrável, era como se eu não o conhecesse.
Assim que saiu do quarto, não demorou quase nada para que aparecesse, com seu habitual sorriso de lado.
— Oi. — Ele disse com a voz aveludada.
— Oi. — Respondi de volta.
— Como você está? — Demonstrou preocupação.
— Acho que bem, eu não me lembro muito bem. — Tentei lembrar de algo a mais do que havia acontecido, novamente, falho — Você pode me contar?
— Não se esforce muito, . Nós acabamos adormecendo no chão e um pouco depois, te trouxe para cá... — disse tranquilamente.
— Nada mais? — Indaguei.
— Se eu disser que suguei sua vitalidade, você não vai acreditar. — Ele deu os ombros, ainda escorado na porta — Fora por isso que adormeceu por tanto tempo.
— Deixa de ser idiota. — Resmunguei com aquela besteira de novo. andou em direção a cama se sentando na cadeira de frente pra mim.
— É escolha sua acreditar ou não. — Cruzou as pernas e sorriu.
— Caso fosse verdade, seria você um vampiro? Por favor, em pleno século XXI. — Ironizei.
— Se eu fosse vampiro, você saberia, meu bem. — Respirou fundo. — Vampiros sugam vitalidade pelo sangue, não pelo sexo.
— Então o que? O que seria você e o por que a minha vida? — Cruzei os braços e encostei no travesseiro.
— Você sabe qual o significado de “”? — Ele me encarou. — Ironicamente não acha?
— Haha, meu nome significar vida quer dizer que tenho que dar a minha?! Você não era piadista assim. — Sustentei seu olhar.
— Hm, incubare. — Eu sabia o que era aquela palavra, sabia de já ter lido em algum livro e teorias. — Porque alguém deve, e estou cobrando como prometido.
— Bem, suponhamos que você é um incubus como diz ser, eu não te devo nada. — se levantou e olhou para o lado de fora da janela.
— Você não, mas alguém sim, você foi a troca, mas seria muito tedioso se eu tivesse que cobrar rápido demais. — Estralou os dedos.
— Eu não tenho ninguém nesse mundo para pagar por essa pessoa, como está dizendo. — Meu olhar se focou para a paisagem lá fora, assim como ele.
— Você “tem que acordar” querida, . Me pergunto se será capaz.
Com isso, deixou o quarto, me fazendo crer que estava realmente maluca, só poderia estar, era a única explicação pra isso. Talvez minha mente, ela esteja sobrecarregada demais e eu apavorada para criar algo desse tipo.
Incubare. Eu ainda não me sentia bem, pedi para Wendy deixar algumas aspirinas no meu quarto caso eu tivesse insônia pela noite, afinal, me deus eu tinha dormido não por um ou dois dias, mas seis, e dormir definitivamente não era o que eu queria.
Você tem que acordar! A voz do meu pai veio a minha mente, era o que ele sempre dizia nos meus sonhos, ele implorava para que eu acordasse, mas o que isso significava pra mim, por que de todos era a voz do meu pai ali, ele estava morto.
[...]
Suas mãos percorriam pelo meu corpo e arranhavam minha pele, a marcando, e me tornando da cor que ele queria.
Eu não conseguia fazer sequer um movimento, mesmo que eu pudesse sentir cada toque e meu corpo quisesse responder a corrente "elétrica", eu estava a mercê dele sem nem ao menos poder fugir.
Seus beijos desceram de meu pescoço ao meu busto, abriu lentamente a blusa que eu usava, cada botão era aberto e um selar era depositado, ele inalou o cheiro da minha pele e deu leves mordidas em minha barriga, um grunhido fino saiu de meus lábios e uma pequena lágrima acompanhou.
— Você vai adorar a sensação. — Ele voltou a sustentar meu olhar
Suas mãos eram ágeis e gélidas, pude sentir exatamente o momento em que elas fizeram o caminho dos meus seios e os massagearam, meu gemido foi sôfrego e ele sorriu com a resposta que eu dava o dava sem que precisasse dizer uma palavra.
Ele os apertava com força, e eu já não sabia se era dor ou prazer, talvez ambos. puxara minha calça para baixo e se sentiu satisfeito quando viu que eu não usava roupas intimas para dormir. Seus lábios foram de encontro a minha intimidade e suas mãos voltaram os meus seios.
Eu podia sentir sua língua percorrer em mim, ele sugava, lambia e a penetrava sua em mim, era torturante, mas não de um jeito ruim, eu queria mais.
Meu olhar suplicava por mais, eu o queria dentro de mim, mesmo que fosse errado, mesmo eu não podendo o tocar, eu queria mais.
— Por favor. — Me esforcei para dizer.
Sem demora ele tirou a sua roupa o mais rápido que pode, com um digito ele inseriu e começou o vai e vem, ora lento, ora rápido demais, eu mal conseguia respirar direito, meu peito subia e descia em uma tentativa falha de controlar minha respiração.
— Por favor! — Supliquei mais uma vez e então ele acenou.
Com todo vigor ele penetrou em mim, forte, grosseiro e violento, seus olhos que outrora eram pretos, tomou a cor vermelha como o fogo, assustador!
Meu corpo estremecia a cada investida dele, eu estava ao ponto de gritar, eu queria me mexer, precisava me mexer.
Eu senti minhas forças esvaecendo, a energia desaparecendo a cada momento em que eu atingia o pico do prazer, até que eu soltei o ar e um grito fino saiu dos meus lábios e finalmente meu corpo se sentiu livre para se mexer e veio os espasmos.
Seus olhos me encaravam e ele parecia outro, mais poderoso, mas vivo e sombrio.
Incubare.
— . — O chamei e ele apenas me encarou como um caçador olha a sua presa.
— Você foi ótima. — Ele passou a mão em meus cabelos. — Você está sendo ótima, mas seu tempo está acabando, uma pena.
Instantaneamente eu senti medo, medo dele e medo do que aquilo significava. Eu estava exausta, eu me sentia uma pedra, pesada, densa demais.
Você tem que acordar.
06. Singularity
— Mas eu não consigo acordar. — Eu disse com a boca seca.
Meus olhos não se fixavam mais em ponto algum, eu tinha vontade de chorar, mas as lágrimas pareciam ter secado.
— , não se deixe ir. — A voz ao longe era de .
— O que vamos fazer? Ela está muito fraca, ele deve ter feito a parte final. — Era Wendy.
— Não podemos deixa-la morrer, , era nossa missão não deixar. — Irene gritou.
— Não somos fortes aqui, é o ambiente dele. — disse nervoso.
— Por favor, , tente se manter acordada. Você tem que acordar. — Wendy disse num choro baixo, senti suavemente sua mão acariciando meu rosto.
— Eu devia ter feito além do meu alcance. — segurou a minha mão. — Eu sinto muito.
Meus olhos não se fixavam mais em ponto algum, eu tinha vontade de chorar, mas as lágrimas pareciam ter secado.
— , não se deixe ir. — A voz ao longe era de .
— O que vamos fazer? Ela está muito fraca, ele deve ter feito a parte final. — Era Wendy.
— Não podemos deixa-la morrer, , era nossa missão não deixar. — Irene gritou.
— Não somos fortes aqui, é o ambiente dele. — disse nervoso.
— Por favor, , tente se manter acordada. Você tem que acordar. — Wendy disse num choro baixo, senti suavemente sua mão acariciando meu rosto.
— Eu devia ter feito além do meu alcance. — segurou a minha mão. — Eu sinto muito.