Última atualização: 15/09/2018

Um



Batucava no volante do carro, cantarolando uma das minhas músicas preferidas e voltei minha atenção ao trânsito quando o sinal abriu. O dia estava ensolarado e perfeito para juntar os amigos para um churrasco, porém, hoje é um dos dias que vinte e quatro horas não são o suficiente pros compromissos que tenho. Aperto o botão do portão da casa do meu irmão e adentro com meu carro, estaciono e pego a bolsa térmica no porta-malas.
— Bom dia, ! — Vilma sorri e dou um beijo em sua bochecha.
Vilma cuida do meu irmão desde que o o contratou, já são oito anos desde de então.
— Bom dia, Vilma! — Sorrio. Adentramos a casa e caminhamos direto para a cozinha.
Coloco a bolsa térmica sobre o balcão, vou até o congelador e constato que só há refeição para mais um dia, está disputando o campeonato nacional e durante esse período segue uma dieta bem rigorosa, desde que comecei a faculdade de nutrição, ajudo tanto na elaboração quanto na preparação das refeições durante os meses dos jogos do campeonato.
— O menino não aprende mesmo — Vilma diz e entrega uma das vasilhas — nunca avisa sobre as refeições.
Término de colocar as vasilhas no congelador e pelos próximos quinze dias posso ficar tranquila, pois deixei o congelador cheio, contando com possíveis visitas de seus companheiros de time e qualquer imprevisto.
— Comodismo puro, Vilminha. — lavo as mãos, secando-as em seguida. — Meu irmão sabe que controlo sua alimentação e não deixo a comida acabar.
Abraço a mulher e ela sorri me apertando forte em seus braços. Saio da cozinha e caminho em direção à academia, porém, ao chegar na porta vejo meu irmão correndo e na esteira ao lado fazia o mesmo. Observo o homem de quase dois metros de altura e sua camisa molhada pelo suor, foi contratado para ser goleiro do um pouco depois do meu irmão, me interessei, porém jamais me olhou como mulher, apenas como a irmãzinha do seu melhor amigo.
Ignoro meus pensamentos e dou batidas na porta de vidro e caminho até onde as esteiras ficam, parando entre os dois e sorrio.
— Bom dia! — Sorrio e meu irmão pausa a corrida, me dá um beijo na testa e bagunça meus cabelos.
Ajeito os fios bagunçados e dou um tapa em seu braço, arrancando uma risada de .
— Só vim avisar que o congelador está cheio — digo e meu irmão faz um joinha com a mão — acredito que dê até o último jogo do campeonato.
— Não toma jeito, brinca e zomba do meu irmão — explorando sua irmã.
— Idiota! — Meu irmão joga a toalha em cima dele que desvia da mesma.
Meu celular vibra na bolsa e vejo a notificação do grupo da faculdade e ignoro, jogando o celular de volta na bolsa.
— A faculdade me espera — digo desanimada — pra quem fica, um beijo.
— Mais tarde tenho treino também — meu irmão diz — vai querer levar alguém na final?
— Alguém? — O encaro e não entendo.
— Namorado, amigo? — Meu irmão pergunta e sorrio ao perceber a intenção da sua pergunta.
— Pra que enrolar? Vai direto ao ponto — sorrio — não, não quero levar ninguém na final. Não, não tenho namorado.
me encara e me perco nos dos seus olhos, se meu irmão fosse inteligente, perceberia que quem eu queria estava diante dele.
— Preciso ir — desconverso e dou um beijo na bochecha do meu irmão — até logo, .
E ele me presenteia com um sorriso que deixa seu rosto ainda mais bonito, e me lembra o quanto sua boca é bonita e convidativa. Faço questão de devolver sua gentileza e sorrio para o homem, mais conhecido como meu sonho de consumo.



O hino nacional teve início, observei o estádio cheio, resultado de todos os ingressos vendidos, as pessoas cantavam com paixão, notei meu irmão com os olhos cheios de lágrimas, não consegui conter a emoção de vê-lo realizar seu maior sonho, o tenho como exemplo onde mesmo após sermos abandonados por nossos pais, jamais, em um dia se quer o vi pensar em desistir do seu sonho.
— Amo você — grito da área reservada para os familiares — esse campeonato é seu.
Meu irmão sorriu e nossos sorrisos se transformaram em lágrimas, eu e ele somos tudo o que o outro tem.
A arquibancada parecia tremer enquanto os torcedores do vibravam a cada bola que bravamente não deixava passar para dentro do gol. E depois de um empate, o jogo seria decidido nos pênaltis, bastava mais uma defesa do e o campeonato teria como vencedor o .
esticou os braços, encarava o jogador, sua feição permanecia fria, sem esboçar reação e não entendi o porque, porém quando percebi, já havia feito.
— Vai, virou e me encarou — acaba com eles.
Deu um sorrisinho na minha direção e voltou a sua atenção para o jogador.
O Jogador do time adversário chutou a bola, encarou a mesma e suas mãos espalmaram a bola para fora, seu corpo caiu no chão, porém rapidamente ele levantou com um sorriso vitorioso nos lábios.
Meu goleiro.
— Caralho! — Gritou e não consegui conter meu sorriso.
Os jogadores e a comissão técnica do comemoravam correndo pelo campo, haviam fotógrafos e reportes em certos pontos próximos ao campo, com dificuldade, consegui chegar até meu irmão, pulei em seus braços e ele me abraçou fortemente.
— Que orgulho! — Digo ainda nos braços do meu irmão.
— Não vai abraçar mais ninguém? — Meu irmão me coloca no chão e o encaro sem entender, mas ele aponta pra — ele é praticamente um irmão pra você.
Discordo do meu irmão porque se tem algo que não consigo, é ver seu melhor amigo como nada além do cara que eu amo há oito anos, digo isso por já ter tentado esquecê-lo, mas eu não consigo.
— A mídia poderia interpretar de forma negativa — digo e meu irmão solta uma risada.
, a mídia conhece exatamente o tipo de mulher que se interessa, não sendo grosseiro ou algo do tipo, mas se quer cogitariam a possibilidade.
Forço um sorriso e escondo que as palavras do meu irmão foram como socos no estômago.
— Verdade. — Forço um sorriso ainda mais falso e o dou um beijo na bochecha ao ver um repórter se aproximar.
Os colegas de time jogam para o alto, o mesmo cai nos braços dos companheiros e de longe sorrio ao vê-lo tão feliz. E me aproximo cada vez mais dele e o encaro sorrir para um dos fotógrafos e me apaixono ainda mais por ele.
! — O chamo, e ele me encara e caminha em minha direção.
Cinco passos. O observo caminhar cada vez mais perto. Quatro. Uma das razões pela qual sou apaixonada por ele é justamente por ter esse sorriso único. Três. continua caminhando, mas para brevemente para uma pequena entrevista. Dois. Meu coração bate mais rápido que o normal e minhas mãos soam. Um. Sinto o seu perfume de tão perto que está, seus olhos brilham e sua atitude me deixa totalmente surpresa.
me abraça forte e coloco meus braços envoltos ao seu pescoço, ele me rodopia no ar e sorrimos juntos.
— Obrigado. — Ele diz ao me colocar no chão e ainda meio fora de órbita consigo sorrir.
— Não fiz nada e você sabe disso — sorrio para o homem a minha frente — você é o melhor, agarra todas e não tinha como perder aquela bola.
— Posso confessar algo? — assinto que sim e ele se aproxima mais — sempre invejei por ter sua irmã vibrando por ele e hoje senti como se fosse minha irmã fazendo o mesmo por mim.
Só eu sei o quanto precisei camuflar as lágrimas com um sorriso, de felicidade passei à tristeza com apenas uma palavra. “Irmã”, tá aí uma palavra que me machuca vinda dele, não o vejo assim, não o desejo de tal forma, porém nesses oito anos sempre disse que o dia que um, apenas um único sinal me mostrasse que esse sentimento fosse impossível, aceitaria e sem saber como seguiria em frente.
— ouço sua voz e o encaro — obrigado.
— Não precisa agradecer — engulo seco e respiro pausadamente, lutando contra as lágrimas — sou sua irmã.
Ele sorri e volto a caminhar em sentido oposto ao seu. Caminho apressadamente, passando pelas pessoas sem dar atenção ao que diziam, aguentei firme, porém ao adentrar meu carro, apoiei a cabeça no volante e as lágrimas vieram com força.

adentrou a sua casa falando alto e ouvi uma voz desconhecida. Suas risadas podiam ser escutadas da cozinha, abaixei-me para verificar o frango no forno enquanto Vilma terminava de fazer a sala.
! — Ouvi meu irmão me chamar.
Levantei-me e a ao olhar para o dono da voz desconhecida, esqueci como respirar, nunca vi um sorriso tão bonito quanto o seu e seus olhos pareciam um par de esmeraldas de tão . Era diferente dos outros companheiros de time do meu irmão, os outros eram bonitos, porém esse mexeu comigo como jamais qualquer outro cara mexeu.
! — chama a minha atenção e sacudo a cabeça deixando os pensamentos de lado.
— Desculpa — sorrio envergonhada.
— Amigo novo, querido? — Vilma sorri e meu irmão se aproxima da mulher dando um beijo em sua testa.
— Vilminha — meu irmão chama a sua atenção e aponta para o homem a sua frente — você está diante do novo goleiro do . Encaro o homem de cima a baixo e ele dá uma piscadinha acompanhada por um sorriso.
— ele se apresenta e sua voz rouca me faz tremer — um prazer conhecê-las.
— O prazer é nosso. — Atropelo as palavras e meu irmão me olha sem entender. — Amigo do é nosso amigo também.
— Esses dois são como filhos pra mim — Vilma sorri e meu irmão a aperta ainda mais — e estimo muito as pessoas especiais em suas vidas.
E ele sorri e algo em mim entra em alerta.


As lágrimas rolam pelo meu rosto e desbloqueio meu celular e em uma pasta secreta abro as poucas fotos que temos juntos e minhas lágrimas se intensificam ao me deparar com a foto do dia que ele me ensinou a dirigir.

Meu irmão havia combinado de me ensinar a dirigir e às quatro horas desci as escadas, o procurei pela casa, mas me assustei ao encontrar sentado no sofá e ele balançou as chaves do carro na minha direção e não entendi nada.
— Não gostou do professor? — brincou.
Esse é o problema, eu gosto muito do professor.
— Deixa de ser bobo, — sorrio — estou apenas surpresa.
— Vai aprender com o melhor — se gaba — sou piloto de fuga.
Gargalho e ele bagunça meus cabelos, o empurro e caminhamos em direção ao seu carro.
— Cinto de segurança — passa o mesmo envolta do meu corpo, respiro fundo e tento focar — não se preocupe em errar porque sou muito paciente.
— Você é muito corajoso — ele me olha sem entender — ser o carona com uma motorista como eu.
— Que pessimismo é esse? — Ele sacode a cabeça e sorrio. — estou diante de uma futura pilota de fuga, certo?
— Sim. — Digo timidamente.
— Não ouvi — ele brinca — acho que estou surdo.
— Sim — gritei — sou uma pilota de fuga.
— Isso aí, garota! — Sorri. — É assim que se fala.
O carro morreu várias vezes e mesmo quando achava que gritaria comigo, se mostrou de uma paciência invejável. E depois de muitas voltas, comemorei por conseguir dirigir pelas ruas do condomínio que morava com meu irmão. Na hora de estacionar, acabei exagerando um pouco na ré e bati no carro do vizinho, o alarme do carro dele começou a apitar e logo o homem veio com dois quentes e três fervendo.
— Eu comprei o carro semana passada — o homem disse já bem alterado — e essa burra que não conhece algo chamado auto escola, estragou a pintura do meu carro.
— Não a chame de burra — disse com raiva — tenho um pintor de confiança, vou pedir que venha imediatamente para já reparar o seu carro.
— Você sabe com quem está falando? — o homem grita — a vadia da sua namorada destruiu meu carro.
— Infeliz! — gritou e segurou o homem pela camisa, corri até eles e com muita luta consegui afastá-lo do homem que o xingava.
— Não vale à pena, — me posiciono em frente a ele e o seguro, tentamos conversar amigavelmente, porém ele se mostrou contra desde o início.
bufa, tenta se aproximar do homem que o provoca.
— Não vale à pena — seguro seu rosto e encaro seus olhos — vamos.
— O reboque virá dentro de uma hora — grita e o homem o encara — seu carro ficará em perfeito estado, babaca.
Com muito custo consigo arrastar para a casa do meu irmão e nos sentamos no sofá e então, caímos em uma gargalhada daquelas com direito a barriga doer.


Dou partida no carro, o som está no último volume e meu rosto banhado pelas lágrimas. Tudo que eu mais quero é arrancar esse sentimento de dentro de mim, não são oito dias, são oito anos fingindo que não sinto nada, que não me incomodei ao vê-lo flertar com outras mulheres nas festas e eu não quero mais isso pra minha vida. Chega de .


Dois



A semana se arrastou e me esforcei em ir à faculdade por conta das provas finais, não conseguia tirar da cabeça o que havia acontecido domingo na final do campeonato. Não fui na casa do meu irmão, não queria correr o risco de encontrar com ou então, Vilma me perguntar porque da minha cara abatida e cair em um choro ao contar do meu amor platônico por .
— Se Maomé não vai até a montanha — meu irmão sorri e percebo que está sentado no capô do meu carro — a montanha vai até Maomé.
— Não desiste mesmo, né? — Forço um sorriso.
— Vamos almoçar — me encara e com certeza, percebe que não estou bem — ganhamos a semana de folga e estou dando um dia de presente com a minha companhia.
— Presente? — Brinco e ele bagunça meus cabelos.
— Irmãzinha — ele me abraça — muitas mulheres queriam ter a sua sorte porque sou um pedaço de mau caminho.
— Mau caminho mesmo — alfineto — você não vale nada, .
— Calúnia! — Leva as mãos até a boca e finge estar indignado.
— Cadê seu carro? — Digo desativando o alarme do carro e ele adentra já sentando no carona.
me deu uma carona — ouvir seu nome faz com que minhas pernas tremam, mas disfarço — pra ter certeza que você não fugiria de mim.
Afivelo o cinto e dou partida no carro. E meu irmão não perde tempo já ligando o rádio do carro, cantarolando uma das músicas que tocava e não consegui conter ao riso ao notar suas caras e bocas.
— meu irmão chama minha atenção e dou um gole do suco de maracujá — o que aconteceu?
— A faculdade — minto — as provas finais e lances de formatura estão mexendo comigo.
— Tem certeza? — Meu irmão me encara e sinto vontade de contar a verdade, mas mudo de ideia.
— Sim — enxugo algumas lágrimas que teimam em rolar pelo meu rosto — e voltei a pensar nos…
— Não pense — meu irmão corta o assunto — são dois monstros que nos abandonaram, e no final, eles perderam a chance de ter dois filhos e nós ganhamos por não convivermos com dois desonestos.
— Você tem razão — Sorrio — porque tudo que me importa está na minha frente, a minha família e porto seguro.
Meu irmão beijou minhas mãos e sorriu do jeito que só ele consegue.
— Festa de comemoração do campeonato — ele sacudiu uma pulseirinha — o que me diz?
— Não sei — digo — não estou em clima de festa.
— Não acredito — levou as mãos até a boca — negando a festa do ano?
Meu irmão sacode a pulseira em sua mão e faz uma cara triste igual à do gato de botas e pego a mesma na sua mão.
— Você trapaceou — digo e guardo a pulseira na minha bolsa — isso é golpe baixo.
— Cada um usa as armas que tem. — Sorri e o vejo pedir a conta.





Meus olhos observam a morena de costas, um longo vestido vermelho caia sobre seu corpo, mas não consegui tirar os olhos do decote que terminava um pouco acima da sua bunda. Elegantemente caminhou ainda de costas e a segui com os olhos, encantado com o balançar da sua bunda. E a dona da noite deixou-me ver seu lindo rosto, conhecia aqueles olhos em um tom profundo e aquela boca marcada em vermelho que hoje seria impossível resistir.
— dou um beijo em sua bochecha — você está linda.
! — Não sei o que mais mexeu comigo, meu nome sair da sua boca ou seu sorriso.
— Não consegui tirar os olhos de você — encaro seus olhos — sem dúvidas, a dona da noite.
— Eu te conheço, senhor — diz firme e solta mais um sorriso destruidor – Mas não estou interessada.
E saiu rebolando a bunda pelo salão e sorri ao perceber que ela fez para me provocar conseguindo toda a minha atenção.
Os jogadores um a um subiram ao palco para dizer algumas palavras, todo os anos repetíamos o que chamávamos de tradição pós-campeonato e era a minha vez e assim fiz, porém, ao olhar para , encontrei seus olhos focados em mim, tentou desviar, mas vendo que era tarde demais, permaneceu me olhando de uma forma que ficou difícil acreditar que não me quer, porque eu a quero há muito tempo, mas tentei evitar de todas as formas por ser irmã do meu melhor amigo, mas sua cara de desejo, de quem quer beijo, só me fez pensar em nós dois e nos planos que maquinava em minha mente.
— À grande família que é o deixo minha gratidão por mais uma temporada de dedicação e que saímos com a vitória que é algo importante, mas não melhor do que nossa união como time — digo — esse título não é apenas dos jogares, e sim, de todos aqueles que se dedicam para algo tão grandioso. Então, parabéns para todos nós, campeões dessa porra.
As pessoas bateram palmas e ouvi alguns gritinhos, porém a minha atenção era toda da , a vi se perder no meio da multidão caminhando em direção à parte externa da festa. Acompanhei seus passos sem ser notado, parou diante da piscina que estava iluminada de diversas cores e ouvi sua risada, entregando que havia sido pego.
, vai aproveitar a festa. — diz permanecendo de costas.
Caminho lentamente parando a apenas um passo dela, colo nossos corpos e desço meu nariz por toda extensão do seu pescoço, sentindo o doce do seu perfume, já imaginando o sabor dos seus lábios e ela tenta afastar nossos corpos, a seguro firme com uma mão em sua cintura e a outra em sua nuca ouvindo um suspiro.
— Essa noite eu sou seu — digo no pé do ouvido dela — aproveita, .
— tenta relutar, mas seu corpo a denúncia.
— Eu quero me entregar. — Seu corpo treme e dou uma puxada de leve em seu cabelo ouvindo um palavrão sair da sua boca.
Dou uma leve puxada em seu braço suficiente para deixá-la de frente para mim e encarar seus olhos , que estão com um brilho de desejo assim como os meus estão. Ataco o seu pescoço beijando-o com intensidade e colo nossos lábios, faminto por esse beijo, matando minha fome com chocar das nossas bocas unidas.
— Caralho — solta um gemido e puxa meu cabelo — que porra de beijo é esse.
Desço minhas mãos, e ao chegar na sua bunda, aperto com vontade e ela dá uma leve rebolada que me deixa duro igual uma rocha, mas não para por aí, interrompe meus beijos e morde o lóbulo da minha orelha ao mesmo tempo que escorrega sua mão passando pelo meu peitoral, descendo pelo abdômen, parando em cima da minha ereção, apertando-a, não aguento e solto um gemido que é calado por sua boca procurando a minha com o desejo que vi em seus olhos.
Que mulher é essa?
— chamo a atenção da mulher que me encara — eu não quero te magoar por isso, vou deixar claro antes de qualquer coisa, não prometo que vai me ver ao seu lado na cama quando o dia chegar, e relacionamento não está em meus planos.
E ela fica de costas e me puxa pela gravata, rebola contra minha ereção e me leva à loucura.
— Que seja por uma noite — diz e da mais uma rebolada — mas seja meu, .
Seguro firme sua cintura e ela rebola mais uma vez, porém bem devagar, me torturando aos poucos.
— Tem certeza? — E ela da mais uma rebolada gostosa.
— Como jamais tive — se afasta e ajeita os cabelos e pega a chave do carro no meu bolso — te encontro no seu carro, não quero arriscar que alguém veja.
Sacode as chaves em suas mãos, solta um sorriso e piro no balançar dos seus quadris enquanto saí em direção ao meu carro.

A foi interesse à primeira vista, mesmo alguns anos mais nova, os seus olhos e o seu sorriso não saía da minha cabeça e confesso, que muitas vezes pensei em chegar junto e dizer o meu verdadeiro interesse, porém tinha o que é um irmão, protetor e bem ciumento.
— Você tá olhando pra minha irmã? — chama a minha atenção e deixo de encarar estudando na mesa de jantar.
— Não. — Minto.
Seus cabelos estão presos em um coque bagunçado e seus óculos de grau a deixa linda.
— Código de brothers — diz — irmã de melhor amigo é como irmã.
— Sempre. — Digo.
E nesse dia deixei de lado qualquer tentativa de mostrar meu interesse por ela, mesmo que fosse uma garota que me despertou o interesse em algo além de uma noite.


Caminho apressadamente entre as pessoas e noto meu melhor amigo com uma loira sentada em seu colo e cogito mudar de ideia, mas pensar em no carro, me faz caminhar com mais pressa e ao adentrar meu carro, a encontro no banco do motorista, a mesma da partida e sorri de forma sensual.
— Sou uma pilota de fuga. — Brinca e acabo sorrindo.
O carro para no sinal vermelho e escorrego minhas mãos por dentro do decote, passando pelas costas e parando na sua bunda, escorregando pela coxa, porém, ela tira minha mão quando o sinal abre e acabo sorrindo do desespero no olhar dela.
— Enfim — tranca a porta e pula em meus braços — sós.
Suas mãos percorrem pelo meu rosto, e seus lábios tocam os meus de forma doce e caminhamos lentamente, aproveitando cada segundo de uma noite inesquecível.
— Faça dessa noite inesquecível — diz ao fechar a porta do quarto — não consigo ver outra pessoa além de você pra minha primeira vez.
… — Tento recuar.
— Se sair por essa porta — me encara — não passará por ela novamente.
Ela desce dos meus braços, abre a porta e a encaro, não quero magoá-la, viro-me para encará-la e me perco em seus lábios, batendo a porta forte, nossos lábios se chocam e sei que não tem mais volta, resisti por oito anos, mas depois de beijá-la, sabia que esse era o fim.
Empurro contra a parede do seu quarto e ataco sua boca novamente, seus gemidos são o meu som preferido, viro seu corpo deixando-a de costas, e beijo seu pescoço e vou à loucura quando ela roça sua bunda no volume da minha calça.
— Gostosa — digo próximo ao seu ouvindo — demais.
Beijo seu pescoço e vou descendo por toda extensão do seu decote, desço as alças do seu vestido libertando seus seios, beijo seus ombros e deixo o tecido vermelho cair por todo seu corpo, revelando uma lingerie vermelha. E percebo que está um pouco envergonhada e tenta cobrir os seios, tiro meu terno, tiro a gravata, a camisa e por fim a calça, ficando apenas de boxer.
— ela me encara e me ajoelho diante dela — eu sempre gostei de você.
Beijo seus pés, subo até a panturrilha deixando beijos e sigo parando suas coxas e suas mãos apertam firme os meus ombros, beijo seu ventre e por último beijo lentamente cada seio, ouvindo seu gemido e sentindo o aperto em meu ombro aumentar.
— Há oito anos não pensei que seria tão bom — a pego no colo e a jogo na cama fazendo-a sorrir — não mesmo.
Uno nossos lábios e corresponde com intensidade totalmente entregue ao momento e não estou diferente dela. Descobrindo cada ponto do seu corpo e não digo, mas essa não será uma noite inesquecível apenas para ela. E nossa entrega é sentida nos beijos, na forma em que tocamos o corpo um do outro e na forma que o encaixe de nossos corpos é perfeito.
— Boa noite. — Beijo sua testa e a mesma já está dormindo.
Coloco minhas roupas, pego a gravata e o terno no chão, mas ao chegar na porta, encaro dormindo na cama, e cubro o seu corpo, e sem pensar selo nossos lábios, e com cuidado vou embora com o dia começando a nascer.
Dou partida no meu carro e sigo meu caminho de volta pra casa, mas a dona dos olhos não saía dos meus pensamentos e vê-la dormir tão serena fez despertar em mim algo como há oito anos, e a noite de ontem passou em minha cabeça muitas vezes e vivê-la mexeu comigo, de verdade.
Estaciono o carro e decido fazer o restante do caminho a pé. Os primeiros raios de sol surgem no céu e será um domingo perfeito para uma piscina com direito a um churrasco com muita gelada. E entro na padaria que fica na esquina da minha casa, algumas famílias já tomam café juntas e uma mesa com um casal e um bebê de poucos meses me faz parar e apenas observá-los. A criança em um bebê conforto entre os pais e eles sorriem um para o outro de uma forma carinhosa e dividem seu tempo entre comer e brincar com a criança.
— Senhor! — Ouço uma voz me chamar e encaro a atendente que sorri ao me reconhecer.
Faço o meu pedido que fica pronto em menos de cinco minutos, a mulher pede pra tirar uma foto, e outras pessoas percebem e acabam se aproximando pedindo fotos e autógrafos. E sorrio para o garotinho vestindo uma camisa do e percebo que é a mesma numeração que a minha.
— Pronto — entrego a caneta para a mãe e ele me encara com os olhinhos brilhando — não desista do seu sonho, garotão.
— Obrigado — ele abraça minhas pernas e bagunço seus cabelos — quero ser um goleiro assim como você.
— Seja um bom filho e tenha notas boas — sorrio e ele assente que sim — e o mais importante: corra atrás do seu sonho.
E ele sorri e acena com as pequenas mãos e vou embora da padaria com a sensação de missão cumprida. Nunca tive problema em parar e dar atenção as pessoas que acompanham os jogos, torcem e independente do resultado estão lá no estádio apoiando o . Caminho até meu carro e um senhor no caminho me reconhece e com as suas palavras “bom trabalho, rapaz”. Passo pelo portão e cumprimento o segurança que rapidamente larga o celular, provavelmente com medo de tomar esporro.
— Bom dia, senhor! — O homem diz e aceno com a cabeça para o mesmo.
— Bom dia! — Digo e sigo meu caminho, porém, me lembro de algo — tire o dia de folga.
Pego a sacola da padaria no banco do carona e bato a porta do carro. Vejo o carro do meu melhor amigo parado ao lado do meu e minhas mãos gelam com a possibilidade de ter descoberto sobre a noite anterior. Caminho apressadamente e ao abrir a porta da sala, o encontro sentado no sofá com o celular em mãos.
? — Encaro meu amigo sentado no sofá e tento disfarçar a culpa de ter feito algo que prometi jamais fazer.
— Que cara é essa? — Meu amigo brinca e me encara sem entender.
A cara da culpa, meu amigo. Repito para mim mesmo. A cara de quem dormiu com sua irmã mais nova e que não se arrepende nem um pouco.
— Não pensei que o veria tão cedo — me jogo na poltrona — não costuma aparecer cedo depois de uma festa.
— Isso é verdade — afirma — mas, ontem à noite nadei, nadei e morri na praia, meu amigo.
— E a loira? — Digo e ele e faz uma careta.
— Jogou a gasolina, mas não quis ascender o fósforo. — Não seguro a risada e o mesmo me acompanha.
— Já tomou café? — Caminho até a cozinha e ele vem atrás.
— Nada — diz — dei folga a Vilma e ainda não acordou, provavelmente foi pra casa cedo e passou a madrugada estudando.
E por um momento lembro dos lábios de procurando os meus com intensidade e do desejo que vi em seus olhos.
— Verdade — minto e me sinto um merda — festas não são a praia da sua irmã.
— Não mesmo, — meu amigo diz e pega uma xícara de café — a parte boa é que não preciso me preocupar com nenhum cara do time atrás dela, porque você sabe que somos todos uns babacas que só querem foder alguém sem compromisso.
Sinto uma dor semelhante a um soco no estômago e um mau presságio em saber que um dia a merda toda vai ser jogada no ventilador e talvez ele jamais compreenda o que eu fiz, mesmo se eu disser que foi diferente, porque no final a tratei como todas as outras.
— Qual a boa de hoje? — Disfarço e empurra o celular na minha direção. E vejo que um dos caras do time convidou todo mundo para um churrasco na casa dele, mas não me animo.
— Não sei — digo e recebo um olhar assustado de .
— Tá doente, cara? — Meu amigo coloca a mão na minha testa e tiro a mesma. — Negando festa.
— Treino, amanhã — alerto meu amigo — não sou mais um garotão de 20 anos e demoro mais para me recuperar de uma ressaca.
— Você já foi melhor, — zomba e ignoro suas idiotices — o papai aqui vai aproveitar o domingo e amanhã volto revigorado para o treino.
Sacudo a cabeça e sinto pena da coitada que vai cair nas garras do meu amigo, penso se um dia superará esse trauma de mulheres por conta do abandono dos pais.
— Cara, vai tratar esse trauma — digo — os trinta tá batendo na porta e uma hora vai cansar dessa vida de festa atrás de festa porque isso é fase. Eu to querendo uma garota legal e construir minha família.
— Não consigo confiar em nenhuma mulher que não seja a minha irmã e Vilma — diz — e quanto a família… isso não é pra mim.
— Enquanto você viver sua vida baseada no seu passado, realmente possa ser algo impossível.
— Porra — meu amigo diz impaciente — tomou o que ontem à noite? Conta pros amigos o nome dessa merda pra eu ficar longe.
— Você não tem jeito. — Digo impaciente.
— Último convite — meu amigo diz com a chave do carro da mão — tem certeza?
— Passo — digo já no segundo degrau da escada — se cuida, cara.
— Sempre. — vai embora e subo para meu quarto.
A água quente cai pelo meu corpo e penso o que a noite anterior fez comigo, a verdade é que se há oito anos tivesse acontecido ou se fosse daqui a oito anos me faria acordar pra vida, percebendo que festa, bebedeira, sexo casual é algo bom, mas que não preenche o vazio dentro de si mesmo ou que supra a carência de ter algo sólido e verdadeiro.


Três



A semana na faculdade seria intensa, e com a volta dos treinos, precisava deixar as refeições do meu irmão prontas. Coloquei na geleira os horários de todas as refeições e o que deveria comer e sem esquecer da quantidade porque se depender do mesmo, ele repete três, quatro vezes o almoço e por aí vai, ou seja, jogando meu trabalho no lixo.
— Menina — Vilma chega e deposita um beijo maternal em minha bochecha — preparando as refeições aqui?
— Vilminha — deixo os legumes de lado e abraço fortemente — a semana será bem corrida, então preferi vir fazer aqui do que buscar os alimentos e depois ter que voltar pra deixar.
— Não esquece de comer — a mulher me olha e sinto como se fosse minha própria mãe — não vai dormir quando o dia clarear e não descansar.
— Você não existe sabia? — Beijo uma das suas bochechas e a mulher sorri.
Cortamos os legumes lavando-os em seguida, com as panelas já no fogo, sento-me em um dos bancos observando Vilma preparar o almoço e a ajudo cortando os ingredientes para a salada do almoço. E Vilma acabou me convencendo a almoçar com eles, já que segundo a mesma, quer ver com seus próprios olhos que cumprirei com minha promessa de me cuidar.
— Vilma, mudando o assunto — digo e a mulher me olha com calma — o aniversário do está próximo e to pensando em fazer algo diferente.
— Uma festa, meu amor? — Vilma sorri e assinto que sim.
— Eu sei que ele não gosta, mas já passaram tantos anos — a mulher continua me olhando — todo ano é a mesma coisa, sabe? Uma festa cheia de pessoas que a maioria nem é próximo, mulheres e bebida.
— Verdade, menina — se senta em um dos bancos — seu irmão foge de relacionamentos e ando bem preocupada com essa rotina de festas que ele vive.
— Você não é a única, Vilminha — levanto e verifico as panelas no fogo — na cabeça dele as mulheres, tirando nos duas, são más e a verdade é que ele tem medo de ser abandonado, por isso ele acha que evitando gostar de alguém é o melhor.
— Eu me preocupo com isso — Vilma arruma os potes das refeições sobre o balcão — por ser o mais velho, compreendeu o que de fato aconteceu quando os pais de vocês foram embora e ele carrega essa raiva dentro dele.
— Já tentei fazer com que procurasse um profissional, assim como eu fiz, mas ele é cabeça dura. — Desligo o fogo e começo a preparar as refeições.
— Ainda não perdi a minha esperança de que uma mulher, bacana e especial o fará mudar de ideia. — Vilma diz e desliga o forno.
— Que Deus a ouça, Vilminha. — Sorrio.
— E esse sorriso? — Vilma me encara como se fosse uma criança que acaba de ser pega fazendo travessuras.
Sorri e continuei tampando as vasilhas, mas a mulher me encarava e guardei todas as embalagens no congelador. E decidi que a pessoa certa para dividir era ela, Vilma, a mulher que há oito anos vem cuidando de mim e do meu irmão como se fossemos seus filhos.
— Você conhece meus verdadeiros sentimentos por e o que um dia achei impossível, aconteceu — Admito e ela coloca as mãos na boca — não queria ir à festa de comemoração do campeonato, por influência do acabei cedendo e pra minha surpresa, ele me enxergou no meio de tantas mulheres, seus olhos focaram em mim a noite inteira e ele demonstrou seus reais interesses.
Decido esconder os detalhes mais íntimos e a mulher bate palminhas comemorando.
— Minha filha — Vilma sorri e os meus olhos se enchem de lágrimas — eu estou tão feliz por você.
— Amo quando me chama de filha — Vilma enxuga minhas lágrimas com as pontas dos dedos — porque eu sei que esse sentimento vem do fundo do seu coração e isso é o que me deixa mais feliz.
— Vem cá — Vilma abre os braços e me aninho dentro deles — você e o seu irmão são filhos de coração e eu os amo muito mesmo.
Sorrio e enxugo o restante das lágrimas.
— Eu te amo — olho atentamente para Vilma e consigo dizer — mãe do coração.
O restante da manhã passou bem rápido e eu e Vilma conseguimos colocar as fofocas em dia, amava sentar e conversar com ela sobre minha vida, sobre a vida dela e o amor está no ar para as mulheres dessa família, que se cuide.
— O almoço estava divino — agradeço Vilma que sorri e me entrega uma vasilha com uma fatia de bolo de chocolate — e tenho certeza que a sobremesa também.
— Só pra garantir que vai comer alguma coisa — aponta pra vasilha e sorrio agradecida — e não esquece da minha vasilha.
— Tudo bem, senhora que sente ciúmes das vasilhas — brinco e dou um beijo em sua bochecha — se cuida.
Coloco a minha mochila nas costas, e com o celular nas mãos acompanho pelo aplicativo a estimativa de tempo para o motorista chegar e fico aflita por ter prova final e não poder me atrasar.
— Não me viu? — Digo ao esbarrar em alguém, meu irmão. — Acho que tem que refazer seus exames e aumentar o grau dessa lente.
— Idiota! — Sorrio e percebo que tem mais alguém com meu irmão.
Sorrio e me encara com um sorriso nos lábios. Sinto um frio na barriga e a vontade de pular em seus braços para enchê-lo de beijos, essa é a primeira vez em que nos vemos depois do acontecido na noite de sábado.
! — me cumprimenta e sorrio.
! — Sorrio ainda mais para ele e faz uma careta.
— Que sorrisinho é esse pra minha irmã, ? — Meu irmão pergunta e fica sério.
Alguém precisa dizer ao meu irmão para tomar conta de sua própria vida. Que saco!
— Preciso ir — dou um beijo em sua bochecha e ele olha pra tela do meu celular — tenho prova.
— Cadê seu carro? — me pergunta curioso. — Não gosto que ande nesdes carros de aplicativos, não acho confiáveis.
— Deu problema — digo — deixei no mecânico bem cedo e o mesmo disse que só conseguirá entregá-lo amanhã.
— Eu posso levá-la — ouço a voz de e o encaro — vim apenas deixar essa mala em casa e minha casa fica pra aqueles lados mesmo.
— Não vou te atrapalhar? — Tenho disfarçar, mas minha resposta já havia sido dada.
— Não mesmo — diz e dá um tapa no ombro do meu irmão — vamos?
O percurso até a faculdade foi em silêncio e notei um nervoso, e por vezes achei que fosse falar algo, mas permanecia em silêncio. Olhava pela janela e o dia estava cinza, mas só conseguia me lembrar da noite que passamos juntos. E ele desde o início me alertou sobre não estar ao meu lado quando o dia chegasse e sobre sua aversão a relacionamentos, mas apenas algumas horas depois de estar em seus braços, senti quando cuidadosamente saiu do meu lado e fingi que dormia, mas vi quando deu meia volta, cobriu meu corpo com uma manta e os meus lábios com os seus.
— Entregue. — quebrou o silêncio e sorri para ele.
— Obrigada. — Desafivelei o cinto e peguei minha bolsa já preparada para sair, mas ele puxou meu braço e o encarei ansiando por uma aproximação.
Suas mãos tocaram meu pescoço e ele aproximou nossas bocas, quando os lábios se tocaram retribui com saudade sentindo o sabor de menta. Minhas mãos estavam indecisas, hora seguravam firmes em seus ombros, outra segurava firmes seus cabelos e só havia confirmado que queria essa sensação sempre.
— Desculpe. — disse com a voz falha e não tinha no rosto a feição de alguém arrependido.
Segurei no colarinho da sua blusa e o puxei para perto, unindo nossas bocas, mas dessa vez com mais desejo e intensidade. Suas mãos apertavam firme a minha cintura e as minhas puxavam seus cabelos.
! — Murmura contra minha boca e dou uma leve mordida em seu lábio.
Puxa-me para seu colo e me acomodo entre suas pernas sentindo um volume já evidente e dou uma rebolada fazendo-o soltar um gemido. ataca minha boca e estou totalmente entregue ao homem que me beija como um camelo com sede no deserto. Suas mãos estão espalmadas em minha bunda, apertando-a enquanto rebolo em seu colo e meu celular começa a tocar, tento ignorar, mas decido atender ainda sentada no colo de .
— Alô! — Digo e minha voz ameaça a falhar quando segura meu quadril e dá uma investida.
A prova é em dez minutos — Bernardo diz e olho a hora no visor do celular — corre.
— Tá bom, Bernardo — digo e me encara — obrigada.
Roubo mais um beijo de , porém bem mais rápido e ele aperta minha bunda fazendo-me considerar a ideia de perder a prova, mas lembro como esse professor é um mala e decido usar a razão.
— Tenho uma prova — saio do colo de e ajeito meus cabelos — meu amigo me ligou achando que tinha esquecido.
continua me encarando e coloco minha mochila nas costas prestes a sair e ele beija minha testa.
— Boa prova, ! — Sorri como só ele sabe e selo nossos lábios.
Desço apressada do carro e corro em direção a minha sala, ouço a buzina do carro, mas os vidros estão fechados e apenas aceno com a mão.



A biblioteca estava vazia, apenas algumas pessoas me faziam companhia e com certeza, assim como eu, essas pessoas estavam em ano de conclusão do curso e lutavam contra o tempo para concluir o bendito trabalho de conclusão do curso. Anotava algumas coisas importantes no bloco, precisava pesquisar alguns detalhes e inclusive tirar algumas dúvidas com meus professores. E meu telefone não parava de apitar e estava tentando ignorar, mas o barulho começou a irritar algumas pessoas e sorri ao ver a notificação de ligação do .
Ainda acordada? — Ouço sua voz e sorrio.
— Nem da faculdade eu saí ainda — digo cansada — e o treino, como foi?
Já comeu? — Perguntou e sorri com seu cuidado. — O treino foi bom, mas um pouco cansativo.
— Comi um pedaço de bolo pela tarde. — Admito e ouço um barulho de chaves.
Depois nos falamos diz com pressa — beijos.
Não entendo nada e volto para meus livros. Sinto meus olhos pesados e o estômago roncando, mas decido continuar com minha pesquisa e consigo achar algumas respostas na internet. Meus olhos começam a coçar pelo sono acumulado, abro a bolsa e guardo as lentes na embalagem apropriada e opto pelos meus óculos de grau.
— Alguém com sono? — Ouço uma voz conhecida e levanto a cabeça.
? — O encaro e ele tira um fio de cabelo do meu rosto.
— Já passa das onze da noite — mostra a hora no celular — você estudou o dia inteiro.
— Ainda tenho coisas a fazer. — digo e pego uma caneta, mas a tira da minha mão guardando-a dentro do estojo.
— Não adianta lutar contra — ele continua guardando as minhas coisas — você precisa comer e descansar.
Me dou por vencida e o ajudo a guardar as minhas coisas. coloca a minha mochila nas suas costas e dou risada ao ver o homem de quase dois metros carregando uma mochila rosa. Seus cabelos estão cobertos com um boné e ele está com óculos falsos de grau para evitar ser reconhecido.
— Seu carro? — pergunta ao chegarmos no estacionamento e não encontrar o mesmo.
— O mecânico pediu desculpas, mas o serviço ficou pra amanhã — explico — parece que faltou uma peça e ele precisou encomendá-la.
— Então vamos no meu — desativa o alarme e abre a porta pra mim — sua carruagem, madame.
— Obrigada — sorrio e ele fecha a porta. Dá a volta no carro e entra pelo lado do motorista, mas quando está prestes a dar partida, dou um selinho em seus lábios.
— Se eu fizer o que eu quero fazer — sacode a cabeça e morde o lábio — não sairemos daqui tão cedo, mas você precisa comer e descansar.
Faço um bico e ele reluta, mas acaba dando partida no carro e faz o trajeto com destino a sua casa, mas decido não falar nada e deixar que ele faça as coisas do jeito dele. E enquanto dirigia, aproveitei para checar a caixa de entrada e notei que meu professor havia respondido uma dúvida importante, mas decidi deixar para depois. E ao abrir o grupo da faculdade vi que estava aprovada na matéria a qual teria prova amanhã e que não precisaria ir fazer a prova, e passaria o dia nas pesquisas no conforto da minha casa.
— Boa noite, Senhor — o segurança da casa de o cumprimentou — Boa noite, Senhora.
— Boa noite! — Sorri para o homem que retribuiu com um belo sorriso.
— Chega de sorrisinhos — disse baixo e comecei a rir por ter conseguido entender.
— Ciúmes? — Brinco e ele faz uma careta.
Puxa-me para si e seus lábios tentam tocar os meus, mas decido brincar um pouco com meu malvado preferido e ele solta uma risada, mas permanece parado enquanto caminho para o interior da casa tão conhecida por mim, ouço a porta bater forte e uma risada escapa dos seus lábios.
! — Choramingo e ele continua rindo.
— Vou contar até três — ele avisa — um.
— Você não teria coragem. — Digo e ele continua sorrindo.
— Dois. — Dá um passo largo ficando bem próximo.
! — Digo e me afasto um pouco.
— Três. — Sorri e corre em minha direção.
Corro o máximo que consigo e me odeio por ter abandonado a academia. E o homem de quase dois metros continua atrás de mim, me escondo atrás da poltrona e ele consegue me pegar colocando-me em seu ombro, dou alguns gritinhos, mas ele não me larga e me joga no largo sofá enchendo-me de cosquinhas enquanto me contorcia em meio às risadas e tentativas de escapar dele.
— Golpe baixo — digo tentando me esquivar — muito baixo.
— Você quem começou — ele diz e suas mãos param em meu rosto — colocou o doce na minha boca e o tirou rapidamente.
Gargalho e ele me ataca com mais cosquinhas, mas sou mais rápida e toco na sua barriga fazendo-o gargalhar. E o ataco com muitas cosquinhas, principalmente no seu pé que é o ponto fraco dele. Sento em seu colo e ele levanta os braços se rendendo.
— Eu me rendo — diz e seu rosto está vermelho — a baixinha joga sujo.
— Luto com as armas que tenho. — Debocho e ele segura meu quadril, sinto o volume embaixo de mim e ele dá uma investida ascendo algo dentro de mim.
— Também tenho as minhas — mais uma investida, porém ele se levanta rapidamente — mas você precisa comer.
! — Praticamente grito e ele entra na cozinha com um sorriso vitorioso.
Arrumo a mesa de centro e ele rapidamente volta com duas embalagens de pizza, pego o vinho em cima da mesa e as taças me juntando a no tapete de sua sala. Enche as nossas taças e coloco uma fatia de pizza no meu prato e ele pega uma fatia com a mão fazendo carinha de nojo em minha direção.
— Já te disse que não se come pizza assim — ele debocha — menina, fresca.
— Idiota! — Digo e dou um gole em meu vinho.
— Há oito anos que te vejo comer pizza errado — ele continua na missão de me irritar — pizza se come com a mão.
— Não —digo — se come no prato, com garfo e faca.
Encho as nossas taças e ele me encara com um olhar em alerta por já conhecer que sou bem fraca para bebidas, mas o ignoro dando um caprichado gole.
— E o seu trabalho de conclusão? — me encara e dá uma mordida na pizza. — Vai falar sobre o que?
— Nutrição esportiva. — Digo e ele me olha com orgulho.
— Gosto de ver esse brilho nos seus olhos. — leva o pedaço de pizza até minha boca e dou uma mordida.
— O trabalho que faço com o meu irmão me ajuda muito — sorrio e dou mais gole no vinho — a nutrição e o esporte são duas áreas que se complementam, chega a ser difícil falar de um sem abordar o outro. Uma alimentação equilibrada não é o suficiente para deixar o individuou saudável sem um exercício físico adequado.
não tira os seus olhos de mim e acaba me deixando envergonhada, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas e ele limpa minha boca suja de ketchup.
— Você é linda. — Suas mãos acariciam minha bochecha e ele beija minha mão.
Sento em seu colo e ele apoia as costas no sofá atrás dele. Passo minhas pernas em seu quadril e coloco suas mãos em minha bunda e distribuo beijos por toda extensão do seu pescoço e ele solta um palavrão e continuo provocando-o.
— Você sabe qual vai ser o fim se eu começo a te beijar. — Sua voz sussurra próximo ao meu ouvido.
— Por que acha eu que comecei?— Dou uma risada e ele percebe a malícia em minhas palavras — termina logo o que eu comecei.
! — Sua voz rouca me leva a loucura.
Me encara e não desvio nossos olhares, dou uma mordida no lábio e fecha os olhos abrindo-os rapidamente. Rebolo em seu colo e ele segura em meu pescoço, beijando-me bem intensamente, do jeito que eu descobri que gosto. Nossas bocas ainda unidas, tiro sua camiseta e cravo as minhas unhas em suas costas.
— Você é louca! — Diz em meio aos beijos.
— Por você. — Digo.
levanta rapidamente ainda comigo em seus braços, nossas bocas não se desgrudam, mas o ritmo já é outro, um pouco mais lento, porém suficiente para me deixar louca. Sobe as escadas e me prensa na parede do corredor, descendo os beijos para meu colo e sua mão segura um dos meus seios. Nunca me vi tão entregue a alguém como a ele e o tempo só me mostrava que tempo todo foi e será ele.
— Essa é a minha cama — Sua voz rouca quebra o silêncio e me observa deitada em sua cama — a imaginei muitas noites deitada sobre ela e a tomando pra mim.
— Sua — levanto os braços e ele tira minha blusa — e muito além da sua imaginação.
Toda vez que sua boca toca a minha, me sinto mais viva do que nunca e é muito mais do que sexo. É pele na pele, olhar no olhar, lábios famintos e corpos em sincronia. Fecho os olhos e apenas sinto sua boca descer até meu pescoço, seu corpo quente sobre o meu levando-me à loucura. O prazer se torna um vício, basta uma vez para querer sempre.
! — me encara com os olhos intensos quando o interrompo.
— Calma, querido — sento-me em cima dele com tudo e o mesmo geme alto — eu sei que você quer tanto quanto eu.
Me vejo fazendo com coisas que jamais imaginei fazer, mas meu corpo se encaixa ao seu de forma tão maravilhosa que subo e desço em um ritmo desesperado sentindo nossos corpos suados denunciando o clímax bem próximo, isso me motiva a subir lentamente e descer com urgência. Caio sobre o peitoral de e o mesmo tenta controlar sua respiração acariciando meus cabelos.
— Vou tomar um banho. — levanta da cama e desfila pelado pelo quarto dando-me uma visão maravilhosa.
— Gostoso! — Grito enrolada em seus lençóis e ele dá uma reboladinha.
A porta do banheiro fecha, e pego sua camisa no chão vestindo a mesma e me enrolo novamente nos lençóis. Ligo a televisão em um canal qualquer e me divirto com um desses programas de comédia que são péssimos tornando-os engraçados. E o cansaço está prestes a me vencer, porém quero me manter acordada porque não conversarmos sobre onde dormirei, já que dormir juntos esteja fora de alcance.
— O sono venceu. — Digo a mim mesma desligando a televisão e me ajeito na cama.
Fecho os olhos e escuto alguns passos, abro os olhos discretamente e vejo sair com cuidado para não fazer barulho. Aperto os lençóis contra meu corpo e uma sensação ruim me atinge parando para perceber o que de fato estamos fazendo. A verdade é que eu o amo, jamais conseguiria viver todos esses momentos sem esperar que durassem pra sempre, porém desde o início deixou claro sua opinião sobre relacionamentos.
— O que você fez, ? — Digo baixo, e uma lágrima insiste em rolar pelo rosto e enxugo a mesma.
Não sofra por antecipação e aproveite o momento em que vive. Apenas aproveite e deixe as preocupações para depois.


Quatro



Encaro o amanhecer da janela da sala de troféus, mas a minha cabeça está no meu quarto e sendo mais preciso na mulher dormindo em minha cama. Na noite passada o banho foi uma desculpa de alguém que não sabe como ficar, passei vários minutos após já ter tomado banho sentado em cima da tampa do vaso pensando no que falar porque estaria me esperando, conhecendo-a bem, planejou me esperar para dormimos juntos, mas eu não consigo.
— Bom dia! — Encontro o quarto vazio e os lençóis dobrados sobre a cama.

“Eu sei que é feio sair sem se despedir, mas acordei atrasada para a prova e não te vejo desde de ontem a noite.
Espero que esteja bem.
Xx Sua


Sento na cama e a ficha caí por completo ao ler a palavra “sua”, tá aí algo que por uma infelicidade do destino não poderia chamá-la, mesmo que eu quisesse com todas as minhas forças tentar, era o meu limite e me surpreendi ao vê-la ultrapassar uma linha que depois de tudo qualquer outra mulher conseguiu.

Girei as chaves na maçaneta e subi as escadas carregando um enorme urso de pelúcia, procurei por Diana em nosso quarto, na cozinha, no quintal e nada de encontrá-la. O seu telefone caía direto na caixa postal e sentado no sofá a vi passar pela porta, seu rosto não estava com a alegria de sempre. Levantei-me depressa e segurei suas mãos que estavam geladas.
— Amor — a puxei sentando a mesma no sofá — está passando mal? Quer ir ao médico?
Minha namorada abaixou a cabeça e chorou por 5, 10, 15 minutos até que enxugou suas lágrimas, bebeu o copo de água e despejou tudo de uma só vez.
— seus olhos verdes estavam vermelhos — eu fiz algo que sei que colocou o ponto final entre nós dois, que você nunca me perdoará e que um dia, mesmo que me arrependa, será tarde demais.
— Diana? — Perguntei e ela segurou minha mão.
— Você sabe que minha carreira como modelo está na melhor fase e que estou na mira de uma grande grife — assenti que sim e uma pontada no peito me incomodava — eu não posso, ! Não agora.
— O que você não pode, Diana? — Pergunto e levanto, caminhando nervoso pela sala.
— Eu não posso ser mãe — diz e não consigo encará-la — e você não pode ser pai.
— Claro que podemos. — me aproximo e tento segurar sua mão, mas ela solta.
— Isso não está mais em questão — diz — eu tirei o bebê.
— Não — minhas lágrimas rolavam pelo rosto — você não faria isso, você sabe que eu jamais permitiria algo como isso.
— ela tenta se aproximar, mas dou dois passos pra trás — eu sinto muito.
— Eu te odeio, Diana — grito e me afasto o máximo dela — se você não quisesse, era só ter o bebê, me entregava e eu criaria ele, mas por que você matou um inocente?
— Eu não tenho tempo para esperar — sua voz é fria — os contratos, os desfiles não me esperariam por nove meses.
— Fodam-se contratos — taco um vaso de plantas na escada — fodam-se desfiles.
… — Diana diz e sua voz aumenta minha raiva.
— Foda-se você, Diana — grito e pego as chaves do carro — sua filha da puta! Eu nunca vou perdoar você… Nunca.
Descobri o sentimento de amar alguém sem ver o rosto no momento que soube da gravidez da minha namorada e agora dentro do meu carro, parado em frente ao meu futuro clube, eu choro a dor de perder alguém que seria meu tudo. Um moleque, ou princesinha, em meus braços depois de um dia de treino intenso, nas finais de campeonato ao olhar para arquibancada e ver seu sorriso alegre gritando “papai”, todos esses momentos foram embora tão rápido que não pude viver um deles se quer.

Não tem um dia que eu não lembre desse filho, mas a admiração, o amor que eu tinha por Diana morreu naquele mesmo dia ficando no lugar uma mágoa. A carreguei comigo por anos afora, depois de muita terapia decidi me libertar de coisas que não me acrescentavam, e sim, me diminuía. Não quero vê-la nem pintada de ouro em minha frente, mas se visse, seria indiferente. Nem raiva, nem alegria, simplesmente nada.
— Desculpa, — digo com o bilhete em mãos — eu não consigo.



tagarelava sem parar sobre a noite que teve, enquanto meu passado e meu presente entravam em conflito dentro de mim. Teríamos uma entrevista coletiva em poucos minutos, já estávamos preparados e meu amigo continuava narrar sua noite como se fosse um troféu. E na minha cabeça só pensava em , ela não merecia, não mesmo e deixei a cabeça debaixo falar mais alto que a de cima.
! — me sacudiu e o empurrei.
— Que susto, porra! — Olho a hora em meu celular, mas o que eu queria mesmo era ver se tinha mensagem, mas não tinha.
— A veio fazer uma entrevista aqui no — meu amigo diz orgulhoso.
— Ela não me falou nada — me encarou desconfiado — no dia que a levei na faculdade ela disse que queria trabalhar com nutrição esportiva.
— Minha irmãzinha é um orgulho na minha vida — sorri — e ela merece toda felicidade do mundo.
— Concordo. — Sorrio fraco.
Sento na cadeira com meu nome, ao lado e mais alguns companheiros de time acompanhados pelo técnico e o preparador físico. As perguntas vêm de todos os lados, de muitos países diferentes. Não gosto de entrevistas porque sempre arrumam um jeito de ir para o lado pessoal, não é por mal, mas minha vida pessoal é algo que não gosto de dividir com ninguém.
— a voz masculina me alerta e todos estão direcionados em minha direção — e esse coração tem dona?
No meio de incontáveis câmeras e microfones, com um mar de repórteres a minha frente, fui capaz de enxergá-la por detrás de uma pilastra, sorriu como um anjo em minha direção e disfarcei para que não a notassem, jamais me perdoaria envolvê-la em uma confusão por ser apontada como mais uma “diversão” de porque nunca foi, jamais será isso. É sentimento, dos mais fortes já sentidos e que por uma infelicidade do passado não conseguia valorizá-lo, por isso, limpei a garganta, olhei em seus olhos e a libertei de alguém que não consegue ter forças para assumir o que sente verdadeiramente.
— Não — forcei um sorriso em direção ao repórter — não tenho namorada e nem quero.
E vi o dia ensolarado dos olhos de virar um dia cinza e com muita chuva, simbolizadas por suas lágrimas que molhavam seu rosto, com uma simples resposta acabei com qualquer chance de aproximação, mas foi necessário porque sou um covarde com sentimentos e sem coragem de lutar por ele. O meu passado ainda comandava o ritmo da minha vida, já fiz estrago o suficiente, não posso machucá-la, não mais.
! — Leio seus lábios e sacudo negativamente a cabeça fazendo-a chorar mais, muito mais.
corre desesperada, esbarrando em um homem, mas não para, sumindo da minha frente e ameaço a me levantar, mas me puxa e me encara sem entender minha atitude. E me lembro que sair correndo, seria um prato cheio para diversas matérias em sites e jornais e tudo que não preciso são mais problemas.
— Estranho — para na metade do caminho, levantando a pulseira inseparável de — É a pulseira da .
Segurei a pulseira no braço e a apertei forte em minha mão, uma lágrima escorreu do meu rosto e meu amigo me encarou sem entender e devolvi o objeto, me afastei e o ouvi me chamar, porém passei pelas pessoas sem falar com nenhuma delas, caminhava apressado até chegar em meu carro, travando as portas e as lágrimas vieram com força total.

havia me chamado para acompanhá-lo até uma joalheria, tinha poucos meses que o conhecia, mas sem dúvidas de ser uma amizade para levar pra uma vida inteira. E ele escolhia com calma um anel de formatura para sua irmã mais nova, . E uma pulseira em uma das vitrines chamou a minha atenção, de prata e era uma daquelas joias onde se pode personalizar deixando do jeitinho da pessoa a ser presenteada.
— Um ótimo presente — uma vendedora disse — sua namorada vai gostar.
— Não é minha namorada — sorri — mas não deixa de ser uma pessoa especial.
— E qual a ocasião para essa pessoa especial?— A mulher perguntou e pegou a joia.
— A formatura do ensino médio. — Sorri e ela aproximou a pulseira e era de uma simplicidade que só conseguia imaginá-la no pulso da .
A vendedora me ajudou a escolher cada detalhe do meu presente, havia um coração em brilhantes que dentro havia gravado o meu nome, um livro que escolhi para simbolizar sua dedicação aos estudos, uma pequena colher lembrando sua aprovação em nutrição no vestibular e uma estrela que representava o seu brilho, seus olhos cheios de vida e seu sorriso único.
— Espero que minha irmã não goste mais do seu presente. — Meu amigo disse com ciúmes.
— Impossível — disse e sorri ao pegar a embalagem — ninguém consegue ser melhor que esse irmão.
— Não mesmo. — Disse convencido. — E esse presente? Não está dando em cima da minha irmã né?
Sorri para disfarçar meu nervosismo porque na verdade, não saia dos meus pensamentos nas últimas semanas e meu amigo não gostaria nada de saber de tais pensamentos.
— A é como irmã — disfarcei e meu amigo sorriu — a irmã que eu não tenho.
— Eu sei, cara — desativou o alarme do seu carro — e acredite que ela sente o mesmo.
Apenas sorri e buzinou e deu partida no carro. E ao entrar em meu carro as palavras do meu amigo não paravam de ecoar em minha mente, realmente era a verdade, era uma menina de apenas dezoito anos com uma vida pela frente, pra ela era como um irmão mais velho de pais diferentes.
Parei o carro em frente a escola que estudava, e ela apareceu em sua bicicleta branca, sorriu para o homem que abriu o portão e seus cabelos voavam deixando-a ainda mais linda. Dei partida no carro, acompanhado-a devagar enquanto a mesma pedalava pelas ruas com o sorriso mais lindo que já vi e olhei a embalagem sobre o banco do carona para tomar coragem.
! — Gritei e estacionei o carro, fazendo a mesma olhar pra trás e sorri em minha direção.
A menina pedalou rapidamente parando próximo ao meu carro, deixando a bicicleta encostada na calçada e colocou a cabeça no vidro do carona.
! — Como gostava de sorrir e como eu gostava de estar ali para ver.
Estiquei o braço e abri a porta para que entrasse, assim ela fez e tirei a embalagem para que pudesse se sentar. Ela me encarou e eu permaneci em silêncio criando coragem para entregar meu presente,
— Fecha os olhos. — Disse e me encarou um pouco curiosa, mas fechou seus olhos.
Peguei a embalagem abrindo a mesma e com certa dificuldade consegui abrir o fecho da pulseira. Acariciei sua mão e tomei a liberdade de depositar um beijo na mesma. Envolvi a pulseira em volta do seu pulso e ao segurar sua mão, senti que aquela joia havia sido feita para ela.
— Posso abrir? — Disse curiosa e sorri.
— Pode. — Mal terminei de falar e abriu seus lindos olhos que brilhavam observando os detalhes do presente e vi o seu sorriso ao ver meu nome gravado no coração e ela deu um beijinho no mesmo.
— a sua voz meiga quebrou o silêncio do carro — eu nunca ganhei algo tão lindo e a usarei todos os dias.
— Fico feliz que tenha gostado — segurei sua mão e ela fez um carinho — só consegui pensar em você quando vi na vitrine.
— Todas as vezes que olhar pra ela — sacudiu o pulso — lembrarei de você.
E me pegou desprevenido abraçando-me bem forte, minhas mãos acariciavam seus cabelos e ela segurava forte em meus ombros. E nunca quis tanto beijar alguém quanto quando a senti depositar um beijo em minha bochecha, pensei em beijá-la, mas no último segundo recuei.
— Quer carona? — Perguntei e ela negou.
— Vou pedalando — sorriu — gosto de sentir meu cabelo voando por causa do vento, de não ficar presa em trânsito, parar pelo caminho e contemplar um dia tão lindo como esse.
— Você está certa. — Disse e ela desceu do carro.
Pegou sua bicicleta e antes de ir olhou para trás e mandou um beijo que retribuí. E aos poucos ela foi sumindo da minha frente.


Soquei o volante com raiva e amaldiçoei minha ex-namorada por ter me estragado dessa forma, tinha nojo do homem que me tornara nos últimos anos e pensar que um dia tudo que eu quis foi ter alguém e construir uma família. E percebo que ainda estou no estacionamento do e dou partida no carro saindo em alta velocidade, querendo ir ao único lugar onde posso ir.
— Boa tarde, Senhor! — O segurança da minha casa me cumprimenta.
— Boa tarde. — Forço um sorriso e pego minha mochila.
— Sua amiga — o homem chamou minha atenção — esteve aqui e deixou essa caixa pro senhor.
Pego a caixa das mãos do homem e agradeço caminhando para minha casa. E subo até meu quarto, jogo a caixa em cima da cama e ao abrir me deparo com algo que jamais imaginei. Um álbum de fotos, com corações de decoração e ao abri-lo encontro a primeira foto que eu e tiramos no primeiro campeonato que ganhei pelo e me pergunto como não notei aquele sorriso há oito anos. Sua formatura, as bagunças na casa de , os tantos campeonatos, o dia em que tirou sua carteira de motorista e fui acompanhá-la, o aniversário surpresa que ela organizou com meu melhor amigo. E tinha até mesmo fotos recentes, na última página encontrei um papel e reconheci a sua caligrafia, com as mãos trêmulas desdobrei o papel com manchas, entregando que era algo antigo, o abri e li.

“Você disse ‘olá, prazer em conhecê-la’ e eu sorri como quem diz que o sentimento é mútuo. Jamais entendi o que aconteceu naquele dia, de repente, a vida me jogou algo até então inédito, já havia beijado uns caras na escola, mas não chegou aos pés do que você fez com uma frase e esse seu sorriso. E me vejo ansiosa para encontrá-lo em suas vindas até nossa casa, para trocarmos as poucas palavras, as mesmas de sempre, mas que significam tanto para mim. E sorrio todos os dias ao olhar meu pulso, vendo seu presente de formatura e me perco no coração gravado seu nome em uma tentativa de entender o motivo por trás de tal atitude. E eu sei que jamais serei capaz de entregar essa carta, não por ser um costume antigo e pouco usado nos dias atuais, e sim por ter ciência que o que eu sinto não é recíproco, fantasio dentro de mim dias que não acontecerão e levando um “eu te amo” preso em minha garganta todas as vezes que te encontro.”

A data é sete anos atrás e as lágrimas voltam até uma época em que eu estava destruído, havia perdido tudo de mais precioso e uma menina, linda e doce sorriu pra mim e me mostrou que talvez, não fosse o fim, mas, um recomeço. E pensar que todos esses anos carregou consigo um sentimento recíproco sem saber, e eu quis muitas vezes arriscar, porém tinha no caminho para me lembrar que a irmã era seu bem mais precioso, intocável e eu repeti muitas vezes que era como uma irmã mais nova, querendo dizer que ela era o sol chegando nos meus dias de chuva.
Pego o celular na mochila, disco seu número disposto a pedir perdão de joelhos se fosse preciso, dizer que sempre foi recíproco, que palavras ficaram engasgadas todas as vezes que a encontrava, que muitas vezes quis prolongar um simples abraço de despedida e que sempre olhava para a arquibancada, mais precisamente para onde ela estava, antes de todos os jogos e ao final de cada um deles porque ela era meu início, meio e fim.
— Atende, ! — Digo nervoso discando seu número novamente e caia direto na caixa postal.
Joguei meu celular contra a parede e novamente a sensação de ter minha vida escorrendo pelas mãos sem poder fazer porra nenhuma.
Belo bosta que você é, .


Cinco



Encarava refletido no espelho meu rosto pálido, bolsas pretas debaixo dos olhos e travava uma guerra entre minhas lágrimas e terminar de fazer uma maquiagem para esconder um pouco do resultado de dias terríveis. Nos cabelos limito-me a prendê-los em um rabo de cavalo, uma roupa discreta e nos braços uma pasta com o resultado de um trabalho de anos, de noites sem dormir e de uma dedicação total.
O meu celular toca sem parar e em cima da mesa e vejo pelo visor o nome de Vilma.
— Vilminha! — Digo carinhosa e ouço um suspiro.
Menina ! — O seu tom de voz é preocupado. — Por onde andou nos últimos dias? Não atendeu as minhas ligações, do seu irmão e nem do…
— Andei ocupada — menti e segurei as lágrimas, não poderia estragar minha maquiagem e a apresentação de algo importante — mas entregando esse trabalho de hoje terei mais tempo livre.
Minha menina — sua voz carinhosa deixou uma lágrima escapar e a enxuguei rapidamente — por favor, se cuida, se alimenta direito, dorme e vive mais a sua vida.
— Preciso ir, Vilminha — sorrio — e estou sempre me cuidando.
E venha me visitar. — Diz em tom autoritário arrancando um sorriso meu.
— Sim, senhora. — Digo e encerro a chamada.
E sinto-me péssima em mentir sobre prometer me cuidar, pois nos últimos dias, choro até pegar no sono, a comida parece ser uma inimiga, pois nas raras vezes que sinto vontade não demora para colocá-la para fora, minhas calças estão folgadas e com certeza, alguns quilos foram perdidos. E descansar é algo que não consigo fazer, desconto toda a tristeza nos meus livros, em minhas pesquisas e muitos dias vou “dormir” quando o dia está nascendo, tendo duas horas de sono por noite. E me admiro estar de pé mesmo com tudo isso, porque tem dias que acho que não vou aguentar.



Às oito em ponto Bernardo buzinou e dei uma última olhada no espelho, com o resultado da apresentação do meu trabalho de conclusão e seu resultado positivo, senti vontade até mesmo de me arrumar, caprichando na maquiagem e me senti bem, tinha dias em que não me sentia assim. E Bernardo havia me convencido que era uma noite para comemorar, depois de insistir algumas vezes, achei que não seria ruim sair para comer uma boa comida e até uma taça de um vinho.
— Boa noite! — Sorrio ao entrar no carro do meu amigo.
— Como sempre — abre um sorriso largo — maravilhosa.
— Para de bobagem — digo em meio a um sorriso.
— Isso é um sorriso? — Brinca e bate palmas. — Consegui fazer sorrir?
— Conseguiu. — O deixei se gabar porque realmente era algo que havia conseguido.
Bernardo estaciona o carro em frente ao meu restaurante preferido, um manobrista pega a chave com ele e antes de adentrarmos no restaurante, meu amigo me estende o braço e o aceito. E caminhamos conversando, e me pego rindo de uma piada sem graça contada por Bernardo, mas meu riso morre ao notar a mesa com os jogadores do , meu irmão está de costas, mas me encara e vejo raiva em seu olhar e finjo que não o vi. E será assim de agora em diante, decidi viver a minha vida, cansei de chorar pelos cantos, ninguém merece viver dessa forma. Amor próprio acima de tudo e é fundamental para viver uma vida da melhor forma possível.
— Sua mesa, madame! — Bernardo brinca e puxa a cadeira para que eu me sente.
— Obrigada, cavalheiro! — Dou corda a sua brincadeira e ele se senta na cadeira a minha frente.
Bernardo falava sem parar sobre si mesmo e constatei o fato de não conseguir sentir qualquer atração pelo mesmo. Sua forma em pensar apenas em si mesmo me afasta dele mais que qualquer coisa, não consigo vê-lo como meu namorado porque já o imagino falando sobre seu dia e não dando abertura para falar do meu, definitivamente não daríamos certo, não mesmo. Forço um sorriso e finjo interesse em ouvi-lo falar pela milésima vez sobre os planos após a formatura ou sobre como seu pai é um dos nutricionistas mais conceituados.
— Se eu continuar assim — Bernardo faz um gesto com as mãos — atingirei o patamar do meu pai em menos de quatro anos.
Por sorte a sobremesa chegou, porque não aguentava mais ouvir tanta baboseira, pelo menos por alguns minutos ocuparia sua boca comendo e não falando. E olhei para a mesa do meu irmão e encontrei o olhar de que tinha uma risada de deboche nos lábios, provavelmente notou minha infelicidade no terrível jantar. Voltei minha atenção para a sobremesa, comendo-a e a noite com certeza, foi salva por ela. Uma delicia a cada mordida, do começo ao fim.
, o que acha de mais uma garrafa de vinho? — Bernardo perguntou animado e neguei com a cabeça.
— Não — sou sincera, mas justifico — já bebemos uma inteira e conheço meu limite.
— Tudo bem — ele sorri — como preferir.
O homem entrega a conta e tento dividir com ele que explica que mesmo sendo um universitário, seus ganhos mensais são superiores a qualquer um de nossos colegas.
Definitivamente aceitar seu convite foi um erro, daqueles bem feios que você comete para aprender a não fazer mais. Depois de pagar a conta, voltou com sorriso em seus lábios e estendeu o braço e aceitei.
? — Ouvi a voz do meu irmão me chamar e era obra de , com certeza, havia me “dedurado” pro melhor amigo.
— Sim? — Digo e encaro meu irmão que observa apoiada no braço de Bernardo.
! — Bernardo estende a mão pro meu irmão que o cumprimenta.
— Não sabia que viria jantar — meu irmão começa — e acompanhada.
— Assim como eu não sabia que você faria o mesmo — aponto para a mesa onde seus amigos estão sentados — porque nem eu mando em sua vida, assim como você não manda na minha.
! — Bernardo acaricia minha mão, mas ele não entende que estou cansada dessa palhaçada de irmã mais nova.
— Eu sou seu irmão mais velho — seu tom de voz é rude — e tenho que cuidar de você, saber onde você está e principalmente com quem. Por que não me contou que estava namorando ou o levou para pedir a minha permissão?
— Você já se escutou? — Contenho a vontade de gritar porque não queria estampar as capas dos jornais na manhã seguinte, ou notícias em sites meia boca. — Porque você precisa se escutar e entender de uma vez por todas que eu sou uma mulher, adulta e que tem o direito de se divertir, sair para jantar com um cara legal e sem precisar dar satisfações, ou pedir autorizações ao meu irmão mais velho.
, você precisa entender que isso é amor. — Meu irmão diz já nervoso.
— Se tem alguém que precisa de algo, esse alguém é você, — digo com raiva — existe uma linha entre o permitido e o limite, e, caramba, você consegue ultrapassá-la uma, duas, três vezes.
— Não precisa tratar o seu irmão desse jeito — abre a maldita boca — ele se preocupa com você, mas tem dificuldade de entender isso.
— E você precisa entender que ninguém te chamou na porra da conversa, intruso — digo fria — não é sobre ele, ou você, é sobre a minha vida, entendem? Minha.
Bernardo entrelaça nossas mãos e sorrio para ele. Viro as costas, cansada da conversa totalmente desnecessária e sigo meu caminho, mas meu irmão é persistente.
— Posso saber pra onde a senhora independente vai? — Meu irmão debocha, sua voz sai um pouco alta, chamando a atenção de algumas pessoas e noto a embriaguez.
! — Imploro prevendo o pior.
— Para a cama do Bernardo? — Debocha e sinto nojo do meu irmão. — Para um motel?
— Chega! — Grito. — Meu ir e vir não desrespeita a ninguém, muito menos a cama que eu deito ou o homem que eu fodo. Porque sua irmãzinha aqui fode, e muito por sinal, ficaria surpreso se contasse uma cama que tenho frequentado.
fica pálido, covarde, posso sentir o seu medo ao me ouvir jogar no ventilador, mas se engana em pensar que falaria seu nome.
Tem coisas na vida que realmente não valem à pena, e com certeza, era uma delas.
! — Meu irmão grita e já estou seguindo meu caminho. — Não vire as costas para seu irmão mais velho.
Foda-se. Eu entendia os ciúmes bobos de irmão, mas meu erro foi não impor limites desde o início. sempre foi minha mãe, meu pai, meu irmão, minha família e tudo que eu tenho no mundo, mas isso não dá a ele o direito de se meter em minha vida, controlando-a, mandando e desmandando.
Sigo com Bernardo até o estacionamento onde seu carro estava, mas o que ele não sabia é que no meio tempo entre a confusão e sairmos do restaurante já havia solicitado um uber, não aguentaria voltar com ele falando de sua vida, seu carro, seus planos, porque acabaria sendo grossa com o mesmo.
— Bernardo — o chamei quando ele me puxou para perto do seu carro e sua boca procurou pela minha — não faremos isso, definitivamente não.
Eu me afasto do homem e ele me encara sem entender, mas beijá-lo seria um erro irreparável.
! — Segurou minha mão, mas a soltei.
— Funcionamos como amigos — digo — vamos manter exatamente como está.
Dou um beijo em sua bochecha, ando em direção ao carro do motorista que me levará para casa. Adentro o carro e o homem segue viagem, observo as ruas e as lágrimas descem pelo meu rosto. Me permiti me diverti por uma noite, comemorar um dos dias mais felizes da minha vida, porém foi uma noite desastrosa. Chata, humilhante, invasiva e sinceramente, não sei se um dia perdoarei meu irmão porque ele não se importou em me expor, em se achar no direito de mandar em quem eu beijo, com que eu durmo, essas coisas não compete a ele.
— Moça? — Ouço a voz do homem e limpo as lágrimas.
— Desculpe — digo notando que já chegamos a minha casa — quanto eu lhe devo?
— A senhora colocou o pagamento no cartão — me encara e forço um sorriso.
— É verdade — pego minha bolsa — boa noite.
Adentro minha casa, jogo minha bolsa no chão, tiro os sapatos jogando na foto com na parede da minha sala e as lágrimas descem com força. E sentada na sala da minha casa, diante do foto estragada me pergunto quando a pessoa que eu mais amo no mundo, se tornou o que é hoje. Eu apoio meu irmão em tudo, sempre ao seu lado, mas respeitando suas escolhas, decisões mesmo que não concorde, mas respeito. E ele sempre me machucando com seu jeito de invadir a minha vida, me constrangendo em um lugar público, tudo por puro pensamento de que eu não posso me envolver com alguém, que sexo é uma palavra que nem deveria ser usada na minha vida.
— Você é babaca, — digo com a foto na minha mão — mas é tudo que eu tenho, mas está na hora de cortar o cordão.
Enxugo as lágrimas, vou até a cozinha pegando uma sacola e com o auxílio da vassoura junto o que restou do quadro onde antes ficava minha foto preferida com meu irmão, jogo dentro da pá e vai direto para o saco do lixo. E encaro o envelope em cima do balcão da cozinha, retiro o papel de dentro e o assino sem medo, e sim, com coragem em ser verdadeiramente livre.


Seis



Uma semana que está incomunicável, não atende as minhas ligações ou as do próprio irmão, temos uma leve desconfiança que Vilma tem mantido contato com ela porque a mulher mudou da água para o vinho com seu queridinho e eu não fiquei de fora.
deu notícias? — Pergunto e não tiro os olhos do videogame.
— Nada — para o jogo e vejo que está arrependido da merda toda, saiu nos jornais e sites — de fato minha irmã quer ver qualquer pessoa no mundo, menos nos dois.
— Não sei como ela mandou os convites da formatura — digo e meu amigo concorda.
— Obra da Vilma — ele afirma — e eu iria mesmo que fosse de penetra, tenho muito orgulho da minha irmã.
— A baixinha é incrível mesmo. — Digo.
— A parada foi tão séria que até o Bernardo tomou um pé na bunda — meu amigo diz e não consigo evitar um sorriso — disse algo como não ter vocação para alguém que só sabe massagear o próprio ego.
— Caralho — caímos em uma crise de riso — ele tem cara desses manés que só falam si mesmos.
— Você não presta. — meu amigo diz e me entrega uma cerveja.
E ele estava certo em afirmar isso porque de fato eu não presto. Tudo que eu toco estraga de forma irreparável.



é um exemplo de força, de dedicação, de superar a si mesma em meio a tantas dificuldades, e vê-la subir as escadas e pegar o seu tão sonhado diploma, mais uma vez foi algo emocionante, porque seu sorriso em meio as lágrimas em levantar com orgulho mais uma conquista era motivador. Meu amigo e Vilma gritavam orgulhosos ao meu lado, não conseguia tirar os olhos da mulher incrível que eu a vi se transformar ao longo desses oito anos. Beca costumava deixar as pessoas com uma aparência estranha, mas nela só exaltou ainda mais sua beleza tão única.
— Minha menina — Vilma disse orgulhosa ao abraçar — quanto orgulho.
— Vilminha! — abraçou a mulher ainda mais forte e notei que havia se livrado da beca, vestindo apenas uma roupa casual.
— Parabéns. — disse e entregou um buquê de rosas vermelhas para a irmã.
— Minhas preferidas — ela sorriu — obrigada.
— E essa mala? — Meu amigo pergunta e vejo em seu olhar a despedida.
— Vou viajar — diz — só com passagem de ida e sem previsão de volta.
segura no braço da irmã — por favor, não faz isso comigo.
— Eu sinto muito, — suas lágrimas rolam pelo seu rosto — mas eu preciso tomar as rédeas da minha vida, me encontrar e com você não conseguirei fazer isso.
abraça o irmão, vejo meu amigo apertá-la forte em seus braços e não consigo conter minhas lágrimas, ao vê-la se aproximar, e seus olhos me analisam com calma e sem pensar a puxo para meus braços.
— Não me deixa — imploro próximo ao seu ouvido — por favor.
— Se cuide, — diz e se solta do meu abraço — e procure por ajuda.
! — e tudo que faz é negar com a cabeça.
Sua mão segura forte a mala, para apenas para abraçar Vilma que chora e pede para que sua menina se cuide em sua viagem e ela promete que fará o que ela pede. E caminha até o táxi que já está a sua espera, não nos deu nem o direito de levá-la ao aeroporto, a verdade é que eu merecia isso por não ter coragem de assumir meus verdadeiros sentimentos, por ter a decepcionado, pelo meu ataque de ciúmes no restaurante levando a um constrangimento, mas sua partida era como pegar meu coração, jogá-lo no chão e pisoteá-lo. Era pior do que ver a bola entrar no meu gol em uma partida de final de campeonato.
— Se cuida. — Digo pra mim mesmo quando vejo o carro sumindo da minha vista, levando o meu algo precioso.


Sete



Em seis meses eu pude me conhecer de uma forma mais livre, tive o direito da escolha em quando ligar, que foram poucas vezes, apenas para despreocupar meu irmão e seu melhor amigo, as conversas eram sempre com Vilma. Pude ser eu mesma sem precisar me preocupar com o que meu irmão acharia, pude pensar em mim antes de pensar em ou nos meus sentimentos por ele. E não foi uma decisão fácil deixá-lo para trás, mas estava muito machucada com meu irmão por não me respeitar, com por sua covardia em não admitir seus próprios sentimentos e tais atitudes que tivera antes da minha viagem. Cuidei de mim de uma forma que jamais me permiti, mostrei que não sou uma garotinha, indefesa, mas, sim, uma mulher de atitude, que deixa tudo pra trás se for preciso para mostrar que tem voz, quem tem direitos, que quer e pode mandar na própria vida.
— Presidente. — Digo e ouço um sorriso.
! — Ouço a voz do presidente do . — Como é bom ouvir sua voz, e em nossa última conversa há alguns meses você disse que quando retornasse seria com boas notícias.
— O contrato ainda está disponível? — Pergunto.
Assinado e mantido a sua espera — o presidente afirma e fico feliz — concordamos com os seis meses que pediu para descansar e começar o seu trabalho com o .
— Fico muito feliz em ouvir isso, Senhor. — Sorrio.
Nos que ficamos felizes em nos escolher — o homem diz — analisei o trabalho que fez com seu irmão e é realmente tudo que precisamos para os demais jogadores.
— Cuidarei de algumas coisas e dentro de alguns dias, retornarei — digo — e prometo não desapontá-lo.
Leve o tempo que precisa. — O homem diz e encerra a ligação.
Agora sim é a hora de voltar porque estou pronta e tudo aconteceu no meu próprio tempo.



Observava com felicidade o meu consultório, e me senti grata em ver todo o cuidado que tiveram comigo e transformaram o cômodo em um ambiente bem confortável para receber os jogadores e analisar um por um para criar uma alimentação saudável ideal para cada um.
— Senhorita ! — O presidente deu uma batida na porta e adentrou meu consultório.
— Senhor! — Terminei de colocar meu jaleco e apertei sua mão.
— Já vi que se adaptou ao seu ambiente de trabalho — sorriu — o que acha de ser apresentada formalmente para de fato começar seu trabalho?
— Acho ótimo — sorrio — estou animada e ansiosa para começar com o meu trabalho.
— Pode me acompanhar, por favor. — O homem disse e abriu a porta segurando a mesma.
— Claro, senhor — sorrio ao passar pela mesma — obrigada.
— Como pediu, seu irmão não sabe da contratação — o homem me alertou — e não sabe que está de volta.
— Muito obrigada, senhor — agradeço.
Meu consultório ficava próximo ao refeitório, que de fato agradeci, pois trabalharia com a alimentação dos jogadores dentro e fora do clube. Precisaria ficar de olho, nada melhor que estar próximo a cozinha para qualquer tipo de auxílio que fosse preciso.
— Pronta? — O presidente sorriu e neguei com a cabeça, mas ele se retirou para fazer o comunicado.
E aproveitei para observar o refeitório cheio após um dia de treino exaustivo, não foi difícil encontrar meu irmão e em uma das mesas.
— O fechou um novo contrato — o presidente atraiu a atenção de todos — pela primeira vez teremos uma mulher trabalhando diretamente com os jogadores, por isso peço o respeito de todos com a mesma e que levem seu trabalho a sério.
— Sim, senhor! — Os jogadores disseram juntos.
— Visando à necessidade e importância de uma alimentação saudável aliada com o esporte — o homem sorriu — encontramos uma candidata que desempenhou um projeto bem avaliado por seus professores, inclusive por outros nutricionistas e achamos válido sua contratação para contribuir com nosso trabalho.
E o presidente fez um sinal com as mãos e respirei fundo antes de caminhar em direção ao mesmo. No caminho alguns rostos conhecidos e olhares de interrogação, mas foi inevitável não olhar para meu irmão surpreso e não estava diferente dele.
— o presidente sorriu e levantou minha mão — nossa nutricionista.
— Bom — sorri para os homens a minha frente — não sou um rosto desconhecido, muitos me conhecem por ser irmã do , mas saibam que será um prazer trabalhar com cada um. Nosso objetivo é levar uma alimentação saudável e saborosa dentro do clube e até mesmo em suas respectivas vidas pessoais.
— Viva a ! — Um dos jogadores gritou e foi acompanhado pelos demais.
— Obrigada. — Agradeci e me retirei do refeitório seguindo o presidente, ainda havia muitos assuntos a serem tratados.
Depois de uma reunião com o presidente, já estava com as fichas dos jogadores e inclusive das novas contratações do que prometiam trazer ainda mais brilho para o time. E decidi que começaria as consultas por ordem alfabética. Durante o dia consegui conversar com alguns, anotando preferências de alimentos, na ficha tinha acesso à idade, tamanho, peso e todas as informações necessárias.
— Doutora — um dos jogadores parou na metade do caminho — não gosto mesmo de peixe.
— Anotei — sorri para o homem — como eu disse, anotei suas preferências e o que eu puder fazer para não incluir será feito, mas se houver a necessidade, será acrescentado.
— Obrigado. — O jogador sorriu e se retirou do meu consultório.
Meu dia de trabalho havia chegado ao fim, já passava das quatro da tarde e precisava descansar e começar a pensar nos cardápios do refeitório, dos jogadores que já haviam passado pelo meu consultório, porém meu corpo só conseguia pensar em comida, um bom banho e muito descanso.
! — Ouço a voz do meu irmão e o encontro encostado em meu carro.
! — Sorrio e coloco minhas coisas no banco traseiro do carro, mas ele não faz menção em sair.
— Por que não me avisou que estava de volta? — Ele começa com seu interrogatório — por que não me avisou do contrato com o clube e...
— Está fazendo de novo — o alerto sobre o interrogatório — tentando controlar minhas decisões e achei que tínhamos passado dessa fase.
— Desculpa — sinto sinceridade em suas palavras — é que eu senti muito sua falta e você sempre será a minha irmãzinha.
— E eu mentiria se dissesse que não senti saudades. — Sorrio e o abraço depois de muitos meses. E suas mãos me apertam contra si e me sinto em casa novamente, ele tem seus defeitos assim como tenho os meus e somos tudo um para o outro.
— O que a senhorita acha de comermos uma pizza? — Meu irmão sorriu de forma doce. — Vilma está com muita saudade da menina dela.
— Golpe baixo, senhor ! — Sorrio ao notar que usou Vilminha para não negar seu convite.
— Nunca. — Brincou e bagunçou meus cabelos.
— Veio de carro? — Pergunto e ele nega. — Nunca vi alguém que gosta de viver de carona.
— Odeio dirigir de manhã — argumenta — não funciono antes das nove, e bem, os treinos começam sempre as sete.
— Você é um folgado isso sim, bobão. — Abri a porta do carro e o esperei dar a volta e entrar no carro.
No percurso meu irmão aproveitou para contar algumas novidades, o campeonato não estava sendo dos melhores e percebi nas notícias que lia pela internet, inclusive havia se estressado com o juiz em campo e os meninos do time precisaram segurá-lo porque sua fúria era tanta ao ponto de querer partir para a agressão.
— E o — meu irmão me olhou quando parei no sinal vermelho e minhas mãos suavam — vai perdoá-lo?
— Já perdoei, — digo e acelero o carro ao notar o sinal verde — mas esquecer não é tão fácil assim, muitas coisas estão envolvidas.
— meu irmão segura minha mão — vocês eram tão amigos e ele só me avisou no dia do restaurante porque tínhamos o pé atrás com aquele Bernardo.
Meu irmão definitivamente não sabia da história, não entenderia tudo que estava envolvido e sobre as marcas deixadas por meses maravilhosos que tivemos juntos e que por covardia deixou de existir.
— Vou pensar com carinho. — Digo e meu irmão abriu um enorme sorriso.
Ao chegarmos na casa do meu irmão, Vilminha quase caiu para trás e correu até conseguir me abraçar forte e repetir o gesto várias vezes seguidas. Uma chuva de perguntas feitas pela minha mãe do coração e pelo meu irmão que se mostrou muito curioso quanto a minha viagem. E confesso que comer uma fatia da deliciosa pizza de Vilma me lembrou o quanto não a trocaria por nenhuma pizzaria, sentamos os três na sala e passamos horas colocando a conversa em dia. E me senti de volta a minha casa.
— Realmente preciso ir — digo e pego minha bolsa — amanhã tenho o dia livre, mas preciso organizar muitas coisas.
— meu irmão me olhou com uma carinha triste — seu quarto continua do jeitinho que você deixou.
— Prometo que amanhã eu venho almoçar com vocês. — Sorrio.
— Vou pessoalmente buscá-la se não vier. — Vilma brinca e a abraço forte.
— Tudo bem — meu irmão concordou — mas quando chegar em casa, nos avisa, não gosto de vê-la andando por essas horas sozinha.
— Eu te amo. — O abracei forte e como de costume meu irmão bagunçou meus cabelos.
Dirigir se tornou uma das coisas que mais amo fazer e assim como fazia na época que pedalava, reparava a paisagem, as pessoas caminhando apressadamente e outras nem tanto. E a noite hoje estava maravilhosa, verão, e mesmo tarde, muitas pessoas ainda estavam nas ruas aproveitando o calor acompanhadas por amigos, casais se divertiam juntos e encostei o carro no acostamento descendo do mesmo.
— Um sorvete de morango, por favor. — Pedi e o homem me entregou o pote.
— Boa noite, senhorita. — O homem sorriu e guardou o dinheiro em seu bolso.
E um filme passou em minha cabeça e um sorvete de morango tinha um significado bem especial na minha vida.

No meio da aula meu celular começou a apitar e sorri ao ver notificação do que perguntava aonde eu estava, mesmo avisando que estava no meio da aula, não parava de pedir para que saísse de fininho para vê-lo. E a aula estava tão chata que acabei cedendo aos seus pedidos, conversei com uma colega avisando que estava com um pouco de dor e a mesma me disse que passaria o conteúdo no final da aula.
Corri pelos corredores da faculdade e sorri ao notar o carro de estacionado em frente ao portão, não sabia explicar o que de fato acontecia entre nós dois, mas fazia questão de viver qualquer que fosse essa loucura.
— Alguém não teria o dia todo de treino? — Sorrio ao entrar no carro, mas seus braços me puxam para seu colo.
Sua boca ataca a minha e correspondo ao seu beijo apertando forte os seus ombros, sentia o tecido fino do seu uniforme e o achava ainda mais gostoso nos seus trajes de goleiro.
— Fui liberado mais cedo — segurava firme em minha cintura — e apenas o goleiro reserva e os jogadores reservas continuaram no treino.
Espalmei minha mão em seu peitoral e trilhei um caminho de beijos por toda extensão do seu pescoço, seu perfume era maravilhoso e sorri ao ver que o mesmo havia saído direto do treino para me ver, porque sua camisa tinha pedaços de grama.
— Estava com tanta saudade assim? — Pergunto e pego um pedaço de grama na mão fazendo um sorriso escapar pelos seus lábios.
— Quanto a isso — um sorriso malicioso apareceu em seu rosto — pensei quão chato seria tomar banho em um banheiro cheio de homens e aí pensei que seria melhor tomar um banho com uma certa mulher.
— Gosto de banhos — digo e rebolo em seu colo — e acho que era disso que estava precisando.
— Vou te fazer relaxar — apertou forte meu bumbum — e muitas outras coisas.
Selei nossos lábios e me sentei de volta no banco do carona. E dirigia enquanto eu cantava a música que tocava na rádio e o mesmo gargalhava da minha falta de talento. E eu amava esses momentos que se tornavam cada vez mais frequentes e imaginava poder acordar ao seu lado, vê-lo se arrumar para os treinos, ver seu sorriso depois de um dia cansativo na faculdade e com certeza, seria muito feliz.
— Tenho uma ideia — estaciona o carro próximo a uma praça e desce do mesmo.
! — Chamo por ele que corre até uma barraca de sorvete e volta com dois potes em suas mãos.
Abro a porta do carona e permaneço sentada esperando por ele que para na minha frente, parece uma criança com doce em suas mãos e me entrega um dos potes e para no meio das minhas pernas.
— Você está de dieta — alerto e ele dá uma colherada no sorvete — você é um louco mesmo.
— É bom sair da rotina — ele sorri e dou uma colherada no sorvete — mas não vai contar pro técnico.
Sorrio e roubo um pouco do seu sorvete e ele puxa o pote para longe. E apenas algumas pessoas passavam, mas nenhuma delas dava atenção para nós dois, o que de fato era maravilhoso. Nossos encontros normalmente eram onde apenas eu e ele podíamos ver.
— Já volto. — foi até a lixeira jogando os potes de sorvete na mesma.
E ele voltou e me puxou para fora do carro, mas relutei por medo de alguém nos reconhecer, porém ele não parecia se importar com isso. Encostou no carro e abraçou por trás deixando sua cabeça apoiada em meu ombro. E não me importava que estava com as roupas sujas de grama, ou por me abraçar mesmo suado porque eu estava com ele e por anos tudo que desejei foram momentos como esse.
— O dia está lindo — digo e ele aperta ainda mais forte minha cintura — e foi bom matar aula.
— Desculpe pela aula — beija meu pescoço — mas precisava te sentir assim… bem perto.

Virou-me e sua boca tocou a minha, mas foi um beijo doce e nossas bocas se encontravam de forma carinhosa diferente das outras vezes. E sentia o gosto de morango do sorvete e ele me apertou forte contra seu corpo.
— Morango — digo e me encara sem entender — meu sabor preferido a partir de hoje.
— Você é linda. — Seus lábios tocam os meus e bagunço seus cabelos.
No começo discordei da ideia, mas depois de insistir aceitei e pulei nas costas de . E caminhamos pela praça e hora ou outra ele corria e me fazia sorrir.
— Estou devendo um banho relaxante. — disse e deu partida no carro.
— Bora — digo e ele da partida no carro — você tem uma dívida a me pagar.
— Com todo prazer — sorri malicioso — nunca quis tanto chegar em casa.
— Pisa fundo, piloto de fuga. — Sorriu da forma mais linda do mundo.
Como eu amo esse homem.


E uma lágrima escapa pelo meu rosto e continuo comendo o sorvete, a cada colherada aumentavam as lágrimas e a vontade de tudo ter sido bem diferente do rumo que tomou. Jogo o pote no lixo e volto para meu carro e ignoro alguns sinais vermelhos, precisava de banho bem quente para relaxar e tentar fugir dessas lembranças, mas ao girar a chave na porta da minha casa, dou de cara com a minha lembrança sentada no sofá.
— Vai embora. — Digo e ele permanece parado.
, por favor. — Começa, mas não estou disposta a ouvi-lo, não hoje, não depois de uma lembrança tão dolorosa.
— Você invadiu meu espaço — ele me encara — por favor, , vai embora.
E ele passa por mim e imagino como seria abraçá-lo mais uma vez, sentir seus lábios e deitar em seus braços. E a porta bate e uma lágrima escapa pelo meu rosto, mas o som da campainha me assusta e olho pelo olho mágico encontrando diante da porta.
— Vai embora! — Grito.
— Poxa, dessa vez estou tocando a campainha — sinto vontade de socá-lo — e estou pedindo pra entrar.
Sabendo o quão irritante pode ser quando quer algo, abro a porta para que o mesmo diga o que quiser falar e me deixar em paz para enfim, descansar.
— 5 minutos. — Digo e ele sorri.
— Não sei se eu tenho a capacidade de resumir oito anos em cinco minutos — tenta brincar, mas o encaro e ele muda sua postura — há oito anos quando a conheci, me interessei por você, mas adivinha, seu irmão se mostrou um verdadeiro ciumento e de todas as vezes que pensei confessar meu interesse, era como se um balde de água fria caísse sobre meu corpo.
… — realmente queria descansar, mas ele negou com a cabeça.
— Não consegui valorizar quando tive a oportunidade de te assumir — seguro firme na poltrona — mas mesmo não tendo desculpa pelo que fiz, meu passado mexeu muito comigo e o que ninguém sabe que ao chegar no , meu coração estava despedaçado porque a minha ex-namorada havia interrompido uma gravidez que era muito importante pra mim, porque ela não se sentia capaz de ser mãe por ser modelo, contratos, mas hoje não a julgo mais por isso, porque já segui com minha vida mesmo sendo difícil aceitar que perdi um filho.
E vejo estampado em seu rosto uma dor inexplicável, mas ele continua.
— Há quase nove anos foi e vem sendo você — confessa e as lágrimas escapam pelo meu rosto — por seis meses pude pensar em todas as coisas que deveria ter feito, vivi para treinar e dormi, apenas isso porque não me animava para me divertir com a dor que carregava dentro de mim. Eu não respeitei seus sentimentos e muito menos os meus, e todos os dias que passavam sem que atendesse as ligações eu fui aprendendo a respeitar seu espaço, suas decisões e também reafirmei o que eu sinto.
Aperto a poltrona e as lágrimas vem com força, não consigo encará-lo e pensar nos meses em que fiquei longe me faz lembrar que eu não quero mais sofrer daquela forma, foi horrível.
— Perdão, se ajoelha e tento fazer com que levante, mas ele permanece — eu não tinha o direito, não é daquela forma que se ama alguém.
— digo e seus olhos me encaram, penso em pedir que vá embora, mas ouço o meu coração — fica.
— Eu te amo — ele beija minhas mãos ainda ajoelhado e entro em uma crise de choro — eu te amo.
E permaneço chorando e ele rapidamente me abraça forte, por mais que tivesse com medo de me machucar novamente, algo em mim pedia por essa chance e se não desse certo cataria meus caquinhos para tentar seguir em frente.
— Eu te amo — sussurro em meio as lágrimas e suas mãos enxugam meu rosto — eu estou com medo, por favor, não me machuca.
— Não machucarei — diz e beija minha testa — de hoje em diante cuidarei de você, meu amor.
Sua boca toca a minha e sua mão segura meu pescoço, cedo ao seu beijo e percebo o quanto senti falta dele. Minhas mãos seguram firmes em seu pescoço e em meio aos nossos beijos, caminhamos lentamente até meu quarto e encaro seus olhos quando já estamos deitamos em minha cama enxugando uma lágrima que escapa deles.
Deitada no peitoral de e sentindo suas mãos acariciando meus cabelos, os primeiros raios de sol podiam ser vistos, já que esquecemos de fechar as janelas.
— sua voz rouca me tirou dos meus pensamentos — quer namorar comigo?
E comecei a rir e me olhava sem entender, mas não conseguia deixar de rir e me explicar.
— Eu quero muito ver a cara do meu irmão — digo e começo a rir novamente — sabe que ele vai te matar, não é mesmo?
— Se sua resposta for sim, valerá à pena.— Brinca e começo a rir ainda mais, sendo acompanhada pelo meu namorado.
— Sim — me ajoelho na cama e encaro seus olhos — eu aceito ser a sua namorada, gostoso .
— Gostoso? — Acariciou minha coxa.
— o sono estava vencendo — já é dia e ainda não dormimos.
— Tudo bem. — Sorri e ele selou nossos lábios.
Na manhã seguinte, acordo com agarrado ao meu corpo e os cabelos bagunçados e o observo dormir constatando que o meu namorado (como é bom dizer isso) consegue ficar ainda mais bonito dormindo.
— Bom dia — dou um beijo em uma bochecha, depois em outra — meu amor — selo nossos lábios e seus olhos me encaram e sorri de uma forma que me apaixono ainda mais.
Seus braços me puxam para si e me vejo presa entre eles, sua boca traça um caminho muito perigoso e confesso ficar tentada com a ideia de passar o restante da manhã nessa cama ao seu lado, porém há algo urgente que precisamos fazer.
! — sacode o celular e vejo o nome do meu irmão aparecendo na tela.
— Avisa que iremos pro café da manhã — digo e ele me encara — avisa que você vai, é melhor amansarmos a fera primeiro.
E corro para o guarda-roupa, pego uma roupa e vou para o banheiro deixando sozinho para atender a ligação e enquanto a água quente caí pelo meu corpo, me preparo para a conversa que teremos. Não entendo esse tal código de brothers que sempre ouvi em suas conversas, porém acredito que não será algo fácil para ambos lidarem. Homens e suas complicações, me diz qual o problema em namorar com a irmã do melhor amigo? Eu ficaria feliz em ver minha melhor amiga namorando com meu irmão, afinal, nada melhor que alguém de minha extrema confiança e que sei que não partirá seu coração.
— O que tanto essa cabecinha linda pensa? — beija meu pescoço, seus cabelos estão molhados e deixo o batom de lado virando-me para encará-lo.
Que visão maravilhosa é esse homem só de cueca no meu quarto.
— O quanto esse tal código de vocês é idiota. — Digo e ele veste a sua calça.
— Não tente entender, gata — coloca sua blusa e fico triste por tampar a visão do seu abdômen definido.
— Vocês e essas idiotices — brinco e selo nossos lábios — e se um dia eu tiver uma filha, ficarei feliz se ela namorar com o melhor amigo do irmão.
faz uma careta e se benze, não consigo segurar a risada.
— Não mesmo — ele diz e novamente faz uma careta — vou ter meninos, uma dúzia deles e se por acaso vier uma menina, será freira.
Gargalho de seus pensamentos idiotas.
— Que venha um par delas — brinco e ele se benze — e ela será o que quiser, assim como decidirá com quem namorar.
— Deus me defenda! — Calça os sapatos.
— Pra você pagar os anos de safadeza ao lado do meu irmão — provoco — e eu ainda o verei, ou melhor, assistirei de camarote vocês dois loucos por ter filhas.
— Essa mulher — ele diz e sacode a cabeça, entra no banheiro e volta já pronto para irmos para casa do meu irmão.
Desço do carro nervosa e sinto as mãos de junto das minhas. Um dos seguranças nos olha e dá um sorriso como se soubesse que um dia isso aconteceria e me pergunto se éramos tão óbvios? E antes de entrarmos, solto nossas mãos e decido que é melhor conversar antes de qualquer atitude.
! — Ouço a voz do meu irmão e vejo pela espreita na porta meu namorado sorrir e venho logo atrás recebendo um olhar confuso do meu irmão. — ?
Um silêncio e os olhares de ora direcionados a mim e outra para seu melhor amigo.
e eu temos algo sério para contar. — Quebro o silêncio, caminhamos até onde meu irmão está.
Do outro lado da sala, nos encara, sentado na sua poltrona e eu e sentados no sofá. Cutuco meu namorado e ele acorda do seu transe e cuspe de uma só vez.
— Estamos juntos — praticamente atropela suas palavras — e tem mais.
Um, dois, três, é o suficiente para meu irmão levantar tomado pela raiva.
— Você a engravidou, infeliz? — Meu irmão corre atrás do amigo e o segura pelo colarinho da sua blusa.
— A parte da gravidez não é verdade — tenta ser engraçado, mas meu irmão aperta mais seu colarinho — mas que estamos juntos é verdade e quem sabe daqui uns meses um bebê venha por aí.
Meu irmão dá um soco no rosto do amigo e começa a rir. E ele não para, pelo contrário, entra em uma crise que parece não ter fim.
— Parem os dois. — Seguro meu irmão enquanto ri da cena.
— Calma, cara — brinca — deixa pra ficar assim quando o bebê chegar.
! — Meu irmão grita e tenta se soltar dos meus braços e acabo rindo, vendo meu namorado, provocar meu irmão.
— Acabou — digo e empurro meu irmão pra um sofá e meu namorado pro outro — não tem bebê, estamos namorando, quando tiver um bebê, eu acredito que agirão como os homens adultos que são, por favor.
— Sabe que eu nunca vou te perdoar por essa traição, né? — Meu irmão olha pra
— Cara — senta do lado meu irmão e coloca um braço em cima do ombro dele — uma hora ia acontecer e sendo com seu melhor amigo bonitão aqui, é melhor, não é?
! — O repreendo e não consigo segurar meu riso. — Para de provocar meu irmão, por favor!
— Vocês se merecem. — Meu irmão levanta e vai até a cozinha.
me puxa para seu colo, tento relutar e ele me rouba um beijo, mas ouço um pigarreio atrás de nós e nos separamos.
— Não abusa, caralho! — meu irmão diz e cutuco para que pare de rir, mesmo querendo fazer o mesmo.
— Vamos tomar café — abraço um de cada lado e seguimos até a cozinha — Vilminha me ajuda com o café desses dois brigões.
— Se entenderam? — Vilma brinca e faz careta.
— E tem alternativa? — Meu irmão diz vencido.
— Não. — Digo e começa a rir.
— Criei uma cobra, Vilma — meu irmão sorri e fico feliz ao vê-lo aceitar minhas escolhas.
E pego o celular e me aproximo deles, me puxa para sentar em seu colo, meu irmão faz uma cara feia e Vilma o abraça. Quando todo mundo estava enquadrado, tiro a selfie tão aguardada por mim.
— O que é isso, agora? — meu irmão diz pegando um pão.
— Criando memórias. — Digo.
O abraço e ele bagunça meus cabelos. E finalmente estava completa, rodeada pelas pessoas que eu amo.


Um Ano Depois

Sinto os lábios de em minha testa e com dificuldade abro os olhos encontrando seus olhos me observando, um pouco mais de cinco da manhã e noto já em trajes esportivo, faço menção em levantar, mas ele me empurra de volta para cama e cobre o meu corpo.
— Descansa mais um pouco — sua voz pela manhã consegue ser ainda mais rouca — e nos vemos mais tarde.
— Vou para o jogo — digo e ele me olha preocupado, noto a pequena Poliana dormindo no berço — não tenho trabalho no por ser dia de jogo, mas está na hora da nossa pequena ver o papai e o titio em campo.
Uma das muitas preocupações de era os repórteres, não queria expor nossa filha e eu o entendia perfeitamente, mas eu queria estar ao seu lado como esposa, como mãe, e Poliana era apaixonada por ele. Nove meses na minha barriga e o grande amor da sua vida é um gigante de quase dois metros, mundo injusto esse.
— Tudo bem — Sorri e vejo que abre sua boca, suas condições — mas você vai me prometer ficar na área reservada para a família e não sair de lá por nada nesse mundo.
! — Choramingo, porque amo assistir os jogos no meio de todo mundo.
, sem chance de deixar minha esposa e minha filha de dois meses no meio de todo mundo — mexe no meu cabelo — é jogo de final de campeonato e temo por possíveis brigas, por favor, tenta me entender.
Beijo sua boca e ele corresponde, mas de forma rápida e o celular toca, consigo ver que é meu irmão perturbando logo cedo.
— Eu te amo — sorrio e acaricio seu rosto — estaremos mais tarde torcendo por você, na área reservada para a família, é claro.
Sela nossos lábios rapidamente, vai até o berço de Poliana e beija a testa da bebê que não faz menção em acordar.
— Amo vocês, minhas meninas! — diz já na porta e o vejo sair.
Pego a babá eletrônica, colocando-a ao meu lado, sempre tive um sono pesado e não quero arriscar não ouvir os choros de Poliana mesmo estando provisoriamente em nosso quarto.

O estádio abre sempre duas horas antes do jogo, caminhava com Poliana em meus braços pelo clube e parava de um em um minuto para falar com as pessoas que brincavam com a minha filha e até tentei passar no vestiário para dar um beijinho em , mas o treinador foi bem firme em me dar um belo não.
— Seu papai e seu titio vão jogar daqui a pouco — olho para a pequena de olhos iguais aos do pai e ajeito no bebê conforto — e ganhando ou perdendo, estaremos aqui sempre.
Minha filha me encara como se entendesse tudo que eu falava, a maternidade mexeu comigo de tal maneira que não consigo mais imaginar minha vida sem Poliana, como se tudo tivesse sentido. Aproveito e tiro uma foto da pequena a minha frente, mandou fazer uma camisa para ela e tinha o nome dele nas costas. E sorrio ao me lembrar da pequena discussão dele com meu irmão porque ambos queriam que Poliana usasse uma camisa com seu nome. “Mas eu sou o pai”; “Mas eu sou o tio, cacete!”e, por fim, Poliana tem duas camisas, cada uma com o nome de um.
— Vamos enviar pro papai? — Mostro a foto no celular e minha bebê sorri. — Vamos.
Faltavam menos de quarenta minutos para o jogo, aproveitei para trocar Poliana e dei uma mamadeira, já estava na hora e ela era bem certinha com o horário de comer, meio caminho andado porque a pequenininha era péssima para dormir.
! — Ouço a voz de Anne e a abraço. — Poliana!
Minha filha abre um sorriso largo para a tia e estende os pequenos braços. Anne a pega em seu colo e sorrio ao vê-la brincando com minha filha, com certeza, será uma mãe, maravilhosa.
— Pensei que não fosse vir — brinco e minha cunhada coloca Poliana de volta no bebê conforto.
— Menina! — Bebe um gole da sua água e continua. — Um plantão atrás do outro e na hora de sair, teve um imprevisto, imagina como eu fiquei pensando que não daria tempo.
comentou comigo, passou lá em casa e disse que senti sua falta — sorrio — e ele explicou dos plantões e falou que você não precisava trabalhar, que ele como seu marido poderia te bancar e todo aquele mimi dele.
Minha cunhada revira os olhos e sorrio, meu irmão passou anos fugindo das mulheres para casar com uma de personalidade forte e que não aceita suas imposições.
— Já disse que se eu ouvir mais uma vez esse discurso ridículo, eu mesma soco a cara dele — gargalho e sei que é verdade — eu sei que quando o bebê vier será muito pior, porém, ele se engana se pensa que deixarei meu trabalho.
— Você está certa — digo e dou um brinquedinho para Poliana — , por exemplo, quando casamos queria que deixasse o trabalho no , porém consegui fazer com que entendesse o quanto era importante e me dediquei anos para isso. E no dia que contei da gravidez, foi um tal de “você não pode mais trabalhar”; “vai te fazer mal”.
— Eles não entendem que nos faria mal ficar em casa, sem fazer nada e com eles controlando nossas vidas. — Anne diz e confirmo.
— Exatamente! — Faço uma careta ao me imaginar aceitando as ordens de . — Deus me livre.
— Nos livre. — Anne sorri e a acompanho.
No primeiro gol que o toma, vejo com raiva, porém a noite não era deles, mais um gol, depois outro e pra fechar o quarto gol e o vejo soltar um palavrão ao término dando a vitória para o time adversário.
O clima no campo não era dos melhores, alguns jogadores davam entrevista, porém meus olhos estavam fixos no meu marido, sentado no gol e observava o campo de cabeça baixa.
— Papai — grito e sacudo a mãozinha de Poliana arrancando um sorriso dele — não fica assim.
Ando apressada e chego até onde está e ele se levanta com pressa, pegando nossa filha em seus braços, me abraçando e sinto seus lábios encontrando os meus brevemente.
— Poupa a criança dessa nojeira.— meu irmão diz e pega a sobrinha nos braços e está de mãos dadas com Anne.
— Cuidado com a minha filha, porra. — diz ajeitando a bebê no braço do meu irmão.
E não consigo não rir.
— Vocês dois — chamo a atenção deles — nada de palavras feias perto da bebê.
— Sim, senhora! — Respondem brincando.
Com minha filha em seus braços e abraçado a Anne vejo meu irmão dando uma entrevista, um sorriso que não via em seu rosto há muito tempo
Sinto dois braços envolvendo minha cintura e não preciso olhar pra trás para saber quem é, seus lábios depositam beijos em meu pescoço.
— Aproveitei — digo e ele me encara sem entender — você disse naquela noite para aproveitar, que você queria se entregar e fiz valer a pena.
— Valeu mesmo — mostra a aliança e aponta para nossa filha — a melhor foda da minha vida. — Dou um tapa em seu braço e ele sorri de forma maliciosa.
— Eu te amo, senhora !
— Eu te amo, meu amor — viro-me para encará-lo — eu e a Poliana estaremos sempre com você, na vitória ou na derrota.
E ele me abraça forte e nossas bocas se encontram. E nunca me senti tão feliz, realizada no trabalho, na família, no casamento e agora na maternidade.




Fim



Nota da autora: Escolhi essa música com uma história na cabeça, mas quando sentei e parei para colocá-la em prática, não fluiu e então, um belo dia estava assistindo um dos jogos da copa do mundo e me veio uma história diferente de todas que já escrevi .E trago pra vocês uma história que eu amei escrever e espero de coração que agrade a quem for ler.
Agradeço pela oportunidade em participar e pelo trabalho das pessoas envolvidas.
Até o próximo.





Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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