Fanfic Finalizada: 01/03/2022

Part. I

“From the tip of my fingers
Everything runs far away”


Todos os dias o mesmo pensamento retornava em sua mente. E se ele apenas sumisse? sua vida não era mais a mesma e ele sequer conseguia dormir sem ouvir os pais discutindo no fundo da cozinha, e, se ele sumisse? Se ele fosse embora de uma vez? desaparecesse da vida de todos que tinham ficado em pedaços por conta dele?
E se ele partisse?
Ele não entendia o motivo de ter sobrevivido, não entendia o motivo de sentir aquele remorso de ter sido salvo, ele não entendia aquele sentimento. Por isso pegou as chaves do carro de seu pai, juntou algumas peças de roupas e sentou no carro olhando a sua frente. Era como da última vez, porém vazia e sem emoção alguma.
Ele já havia feito aquilo antes, já havia pego o carro de seu pai, fugido por algumas horas com seus amigos a seus lugares favoritos, comido suas comidas favoritas, escutado suas músicas favoritas e ainda sim, mesmo com as memórias nada melhorava. De fato era pior se lembrar de tudo aquilo e saber que nada mais aconteceria, ele nunca mais abraçaria os amigos, ele nunca mais teria como vivências aquelas aventuras outra vez.
Pelo menos ele disse que os amava antes de tudo, até o fim do mundo.

Flashback


— Imagina se vivêssemos em um mundo diferente desse? — , o mais novo deles, disse olhando a janela do lado de fora.
Ele era a pessoa com a imaginação mais fértil dos cinco, tudo que fazia trazia um ponto de genialidade mas ainda sim tinha seus problemas.
— Talvez finalmente fôssemos desgraçadamente felizes — , o terceiro mais velho disse rindo — nessa vida terminamos a frase anterior no desgraçadamente porque não existe a felicidade.
— Existe sim! — , o segundo mais velho disse sorrindo para o espelho frontal observando os amigos na parte de trás — eu sou feliz por ter vocês, eu não sei como seria a minha vida seria se vocês não tivessem aparecido.
— Provavelmente você não teria amigos — , o segundo mais novo disse rindo, fazendo com que todos rissem.
— Se esse fosse o fim do mundo, eu poderia dizer com todas as palavras que a minha vida só não foi um completo desperdício — , o mais velho que dirigia o carro, fez uma pausa sorrindo para os amigos também através do espelho frontal — porque eu tive vocês.
— Essa é a sua forma de dizer que nós ama? — perguntou, provocando o amigo que revirou os olhos.
— Talvez — respondeu rindo.

Part. II

“From this bottomless pit
You're the only (one) shining gold”


A estrada parecia fria e com toda certeza era deserta, mas não como sua cabeça.
Parece que nada habitava no corpo de naquele momento, nenhum sentimento, nem mesmo a tristeza e tudo isso porque ele havia entrado no piloto automático.
Sem ao menos saber, ele dirigia, em uma direção já conhecida. Uma diferente daquela que tinha em seu quarto, uma diferente daquela que tinha em sua casa, uma diferente que tinha em sua vida. O único aconchego que encontrou desde que saiu daquele hospital que passou meses.
Talvez aquele fosse o momento de enfrentar os fatos, de se mostrar culpado. Culpado por sobreviver, culpado por querer viver.

Flashback


— Um pacto! — a única voz feminina entre o grupo se destacou, vindo do porta mala aberto na parte de trás, a única garota dentre aqueles garotos sorria brilhante, mesmo com sua boca machucada por um motivo que todos sabiam o motivo mas nunca puderam fazer nada a respeito.
, assim como cada um ali, tinha uma vida miserável, mas ainda sim achou seu conforto em cada um deles.
— Se somos perdedores — ela riu, levantando sua taça de vinho que haviam pegado da adega de seu pai mais cedo e trazia em mãos, sendo seguida de todos eles — seremos perdedores juntos — ela tomou um gole — se somos vencedores — ergueu a taça mais uma vez — seremos vencedores juntos — tomou mais um gole — e se precisarmos fugir desse dessa porcaria de cidade e sociedade que vivemos — ela os olhou com intensidade, parou e os observou por um tempo. Ela amava cada um deles de sua forma, eles eram parte dela. Eram seus irmãos que ela nunca teve, eram seus protetores, seus anjos — fugiremos juntos.
Os mesmos sorriram e fizeram barulho demonstrando aprovação de suas palavras.
— Dane-se esses adultos de merda que decidiram fazer com que fôssemos infelizes porque eles são infelizes — ela continuou — somos melhores por sermos diferentes deles — ela sorriu — seremos felizes sem a infelicidade deles para atrapalhar.
— O clube dos perdedores é muito melhor do que qualquer coisa — disse — se o mundo acabar, que pelo menos estejamos juntos para assisti-lo.
— Até o fim — disse sorrindo.
— Até roubarmos um banco e sermos presos — disse rindo.
— Até esquecermos quem somos — disse bebendo mais do vinho.
— Até nossos problemas desaparecerem — disse observando a amiga com um sorriso admirável no rosto.
— Até não existirmos mais — ela sussurou.

Part. III

“I’m full of problems, love sick
No way to go
I was fine to die
I'm a loser in this game
The only (one) rule of this world
Save me”


O campo aberto, dos prédios antigos da construção feito para as olimpíadas anos atrás, nunca parecia tão solitário, ainda sim confortante.
A noite havia caído, as estrelas aparecido, eles costumavam ir a aquele lugar para se divertir, juntos nunca tiveram medo, mas agora, parecia um pouco assustador estar naquele mesmo ponto sem as únicas pessoas que um dia o salvaram e tiraram todo o medo que ele já teve um dia — que voltava aos poucos com o pânico que começava a sentir dia após dia.

Flashback


— Você é péssimo dirigindo, ! — ria enquanto via o amigo se lamentar por ver a fumaça sair do capô do carro.
— Para de rir, como eu vou explicar que o motor fundiu seu idiota? Meu pai vai me matar — ele disse abrindo o capô.
— Como se você se importasse — disse rindo junto.
— Vamos , não se estresse, daremos um jeito — disse rindo enquanto colocava uma das mãos no ombro do amigo mostrando conforto — vai ver não fundiu apenas esquentou demais — ela sorriu — nós andamos por toda cidade antes de chegar aqui, vamos dar um descanso ao coitado.
Ele piscou de forma cansada mas ainda sim sorriu para a amiga concordando com o que ela disse.
— Como é ser a preferida , nos conte — disse provocando.

Flashback off


Tudo o que ele queria era escutar mais uma risada ecoando pela grande área da piscina abandonada onde montaram seu próprio forte. Tudo que ele queria era escutar as piadas sem graças de , ver reclamando de que as piadas dele nunca são entendíveis enquanto ria de forma escandalosa e se juntava a eles sem entender nada. Tudo que ele queria era ver ela os observando de longe com os olhos brilhando de ternura, sem nenhum machucado em seu rosto enquanto comia algo.
Ele implorava para qualquer divindade — mesmo que não acreditasse em nada concreto mais — que se fosse para ele ter a mesma vida inúmeras vezes, por mais miserável que fosse, ele teria se fosse tê-los consigo mais uma vez.

Flashback


— Onde foi que você arrumou essa piscina enorme? — perguntou abismado.
— Eu disse que eu e havíamos preparado uma surpresa para o seu aniversário — ela respondeu rindo com a cara de choque dele.
A piscina com a água aquecida era algo que ela e tiveram que se desdobrar para conseguir, mas tudo ocorreu bem no final. Assim como a mesa com o bolo e as coisas que comeriam. merecia cada esforço que eles haviam colocado naquilo.
— Eu — ele disse deixando sua frase morrer aí mesmo por alguns minutos — eu acho que ninguém nunca fez questão de fazer algo assim por mim em todos esses anos. A Não ser… — ele continuou dizendo quando foi interrompido.
— Nós! — todos disseram juntos rindo.

Part. IV

“Say you love me
Till the end of the world”


Ele realmente sentia falta de cada detalhe, de cada um e por isso vagou pelos quartos dos prédios abandonados. Onde haviam rastros deles como pinturas que fizeram de forma aleatória, tinha uma mão e tanto para pintura então eles sempre que podiam aproveitavam a situação e faziam murais pelo local.
Ele sentou em um desses quartos, no chão sujo e cheio de móveis abandonados e observou a pintura à sua frente. Ela representava eles em uma dimensão diferente daquela, onde ainda seguiam juntos mas em situações diferentes, onde eram felizes juntos. O sorriso de cada um deles era como o que trazia em suas dolorosas memórias, atrás um carrossel grande e brilhante, o mesmo que sempre admiravam quando iam ao parque de diversões e no fundo, um céu azulado, misturado com tons rosados e alaranjados.
Ele desejava de forma imensurável que aquilo fosse real, que talvez suas versões em outras dimensões fossem felizes como naquela foto naquele exato momento.

Flashback


— “Diga que me ama, até o fim do mundo” — leu a frase escrita pela garota em uma das paredes — porque essa frase?
— Porque eu gostei — ela respondeu rindo enquanto terminava de pintar a parede — ela veio na minha cabeça enquanto eu assistia vocês brigarem pelos biscoitos mais cedo, acabei pensando que eu fosse o fim do mundo, e tivéssemos mais cinco minutos, as únicas pessoas que eu realmente gostaria de escutar tais palavras eram seriam de vocês. As únicas pessoas que eu realmente amei em vida.
— Desculpa , eu sei que sou lindo e irresistível mas que eu saiba você já tem algo com o , então eu não trairia a confiança dele assim — disse provocando os dois mais velhos que de fato, eram mais que amigos naquele momento.
A garota ficou vermelha de vergonha com o comentário e todos deram risada, incluindo .
— Não desse jeito, idiota! — ela respondeu voltando a pintar sua parte.
Ela desejava escutar tais palavras de forma diferente de cada um deles.
como seu irmão mais novo, aquele que ela cuidou todas as vezes que os pais dele brigavam e descontavam suas frustrações no mais novo, fazendo com que ele fugisse inúmeras vezes, como seu melhor amigo, o mesmo que por inúmeras ocasiões a viu chorar por não suportar mais tudo que vivia dentro de sua casa e vice versa, como o melhor amigo que por inúmeras situações precisou ajudar com o controle de sua raiva contra o mundo mostrando a ele que existiam pessoas em que ele podia confiar, como o melhor amigo que teve que por inúmeras situações defender contra pessoas infelizes — incluindo seus pais — que não o aceitavam da forma que ele era ou seus gostos e assim como e ela, descontavam suas frustrações nele.
E por fim, .
por ser o garoto solitário que ela tirou de um lugar bem escuro e profundo que sabia ser habitado por ele, por ele cuidar de seus machucados tanto internos quanto externos e ela dos dele. Ela queria ouvir dele aquelas palavras porque afinal, era recíproco.
A cada um deles era recíproco, mas de uma forma diferente.

Part. V

“The hole in my soul begins to mend
Frigid air starts to thaw
In this world of zero
I found warmth that's you
Take all of me”


Era por isso que era tão difícil deixar com que tudo fosse embora de uma vez, a promessa de serem felizes juntos, a lembrança de serem perdedores ou vencedores juntos, a memória que carregava de cada momento pesava não somente sua mente mas suas costas.
Porque eles o deixariam aqui? Sozinho novamente? Da mesma forma que ele estava antes de aparecerem em sua vida? Porque não o levariam junto?
Ele não aguentava nada do que aqueles três meses haviam trazido a ele. As brigas em sua casa haviam piorado porque agora, cada uma delas envolvia ele e seu estado mental do momento. Ser obrigado a voltar para a escola também não era a mesma coisa, começando porque seus amigos não estavam lá, sem contar, com todos os olhares de dó que recebia de todos.
Todos os dias, ele pensava porque não haviam levado junto, ele não suportava enfrentar aquele mundo sozinho.

Flashback


— Prometa! — a voz trêmula da garota disse demonstrando não apenas o medo mas a dor que sentia no momento — você não desistirá de nada.
— Do que está falando? — ele disse tentando livrar-se do próprio cinto de segurança preso — sairemos todos daqui juntos.
— Eu sabia que não deveria ter deixado com que ele dirigisse essa noite — ela choramingou olhando para os amigos a seu lado desacordado.
O pai dela insistiu em busca-los no local em que haviam acabado de comer, ele dizia que por alguma razão não passava tempo suficiente com a filha — o que ela comum — e outras coisas que ela sequer fez questão de lembrar. Ela respirou fundo, não queria entrar naquele carro naquela noite mas ainda sim, seus amigos a confortaram dizendo que estava tudo bem, que nada aconteceria enquanto eles estivessem ali.
Porém tudo aconteceu enquanto eles estavam ali.
O pai dirigiu para longe, nenhum deles reconhecia a rota e ele dizia que era apenas um atalho até ela entender o que estava acontecendo avistando o penhasco a frente. Havia sido tudo muito rápido desde ela girando o volante tentando evitar o que é que fosse seu plano até a queda do carro penhasco abaixo.
A queda não era tão grande mas ainda sim, um grande choque.
Seu pai a culpava de muitas coisas em sua vida e assim como ele dizia que ela havia acabado com sua vida, naquele dia, depois de uma briga com sua mãe e várias reuniões de trabalho do qual ele descobriu ter pedido tudo, ele surtou de vez. Sabia que um tipo de ligação daquela que ele havia feito não era comum, mas por algum motivo, suas esperanças em relação a seu relacionamento com seus pais ainda pareciam ser grandes. Naquele momento, naquele carro olhando para tudo a seu redor o pânico que estava dentro de si por ver seus amigos naquele estado, sua cabeça parecia aumentar uma dor que a cada segundo a tirava de si.
— Se algo acontecer — a voz dela disse enfraquecida — prometa que continuará por si.
— Não fale bobagens — ele disse agoniado vendo os olhos dela fecharem lentamente.
Então ela sorriu fraco.
— Eu te amei — ela disse — até o meu fim do mundo e provavelmente depois disso. Me desculpa.

Flashback off


Nesse dia, perdeu cada parte de si, foi separado em cinco e o amor que carregava em si havia desvanecido.
Mas ainda sim, ele havia prometido, naquele mesmo dia, que tentaria por cada uma das partes dele que havia perdido por conta de alguém que apenas pensava em si desde o começo.

Flashback


— Eu prometo — ele disse tentando se soltar do cinto de segurança para ajudá-la — , abra os olhos, eu prometo continuar, mas você também tem que me prometer tentar. , , , , acordem!
Ele não recebeu nenhuma resposta dos amigos sentados a seu lado.
— Eu não consigo — ela disse do banco da frente, olhando seu pai com os olhos abertos e a cabeça no volante, sua voz saia de forma fraca, sua força se concentrava em seu cinto de segurança, sentindo a dor de cabeça forte que a atingia deixando-a zonza.
— Sim, você consegue! — ele disse segurando suas mãos que estavam geladas — lembre-se dos momentos que tivemos todos juntos, no dia que íamos fazer uma fogueira com nossas blusas de frio na velha vila olímpica e ateou fogo no carro do meu pai sem querer.
Ela soltou um riso fraco lembrando-se do rosto de cada um naquele dia e sorriu agradecida. Partir com as lembranças boas deles e não o mal que ela acabou causando a todos com a sua desgraça, foi a forma dela sentir que lhe dizia que a amava, até o fim do mundo.
Aquele talvez tivesse sido o fim do mundo dela, mas não o dele.

Flashback off


Voltando para o local de início, na grama meio verde e meio amarelada pela sequidão daquela época do ano, ele deitou e observou as estrelas, vendo cinco delas brilharem bem mais intensamente.
De longe, eles cuidavam dele e um dia se encontrariam outra vez.
Sorriu, se levantou, girou as chaves do carro em seus dedos e saiu daquele lugar, nunca abandonando as lembranças criadas ali, ele recolheu todas que podia e trouxe consigo para onde quer que fosse.


Fim



Nota da autora: O tanto que eu criei amor por essa fanfic não está explicado! Eu amo a relação desses pps e como eles eram, odeio como tudo aconteceu e espero que vocês não estejam querendo me matar por isso. Enfim, obrigado por terem lido, espero que tenham gostado!
Não esquece de me dizer o que achou no link da caixinha de perguntas aqui embaixo!!!
Xoxo Caleonis <3

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