02. Bye

Finalizada

Capítulo Único

A música alta fazia o chão vibrar sob os pés de null, mas ela não conseguia se conectar com a festa. Estava ali por insistência dos amigos, segurando um copo de refrigerante quente e observando as pessoas ao redor. Casais se beijavam nos cantos, grupos de amigos riam alto, e alguém desafinava uma música no karaokê improvisado na sala.
Foi então que sentiu um toque leve no ombro.
— Você parece entediada.
Ela virou-se e encontrou um par de olhos castanhos brilhantes e um sorriso torto.
— Observador — respondeu, arqueando uma sobrancelha.
— Sou bom em notar essas coisas — ele disse, inclinando-se ligeiramente para ouvi-la melhor. — Sou null.
null.
— E se eu dissesse que tenho uma ideia melhor do que ficar aqui olhando para pessoas bêbadas?
Ela franziu a testa, desconfiada.
— E essa ideia melhor é...?
Ele estendeu a mão, convidativo.
— Que tal descobrir?
null hesitou por um momento. Qualquer outro dia, ela teria recusado. Mas havia algo nele—uma energia magnética, um jeito leve de falar que a fazia querer acompanhá-lo.
Então, contra seu instinto habitual, pegou a mão dele.
Eles deixaram a festa e foram para uma lanchonete 24 horas. Entre hambúrgueres e milkshakes, conversaram por horas. null contava histórias como se fossem cenas de um filme, animado, gesticulando, os olhos brilhando. Ele falava sobre sua paixão por música, sobre como queria abrir seu próprio estúdio, sobre viagens que sonhava fazer.
Ela sentia-se fascinada.
Ele era diferente.
E null, que nunca acreditou em amor à primeira vista, se permitiu acreditar que aquilo podia ser o começo de algo grande.
Nos meses seguintes, foi exatamente isso. null a surpreendia com mensagens no meio do dia, aparecia na faculdade dela com um café na mão, segurava sua mão em público como se quisesse que o mundo inteiro soubesse que ela era dele.
Ele fazia null sentir que era especial.
Até que ele começou a mudar.

No início, foram coisas pequenas.
Primeiro, as mensagens que demoravam para ser respondidas. Antes, null mal conseguia passar uma hora sem falar com ela. Agora, levava o dia inteiro para responder um simples "oi".
Depois, os cancelamentos.
— Amor, me desculpa — ele dizia, com a voz rouca no telefone. — Esqueci que tinha marcado algo com os caras. Podemos remarcar?
E null aceitava.
Até que começaram as desculpas estranhas.
— Não atendi porque estava dormindo.
— Aquela garota? Claro que é só uma amiga.
— Você sabe como as pessoas adoram inventar coisas.
E então veio a primeira traição.
Ela estava em casa quando recebeu uma mensagem de sua amiga.
"Odeio ser eu a te dizer isso, mas achei que você deveria saber."
Em seguida, uma foto.
null.
Em um bar.
Segurando a mão de outra garota.
O coração de null congelou. O peito apertou de um jeito que a deixou sem ar.
Ela ligou para ele na mesma hora.
— Oi, amor — ele atendeu, a voz tranquila, como se nada estivesse errado.
— Onde você está?
— Em casa. Cansado. Por quê?
Silêncio.
Então ela respirou fundo.
— Manda uma foto. Agora.
Do outro lado da linha, null hesitou. E null soube.
— Você mentiu para mim.
— O quê? Claro que não, eu—
— Eu vi a foto, null. Eu vi você segurando a mão dela.
Silêncio novamente.
Então, um suspiro.
— Tá bom. Eu fiz merda. Mas foi um momento, só isso. Eu amo você.
null sentiu os olhos arderem.
Ela queria acreditar.
E, contra todo o bom senso, acreditou.

O problema é que não foi um erro único.
Depois dessa primeira traição perdoada, vieram outras. Algumas, ela descobriu sozinha. Outras, ouviu de amigos. Mas null sempre voltava, com desculpas ensaiadas, com aquele olhar arrependido que fazia seu coração vacilar.
E ela sempre perdoava.
Até que, um dia, algo quebrou dentro dela.
Ela estava saindo de um restaurante com amigas quando o viu.
null.
No outro lado da rua, com outra garota.
Ela riu do que ele disse, inclinando-se para segurar seu braço. E ele deixou.
Foi nesse momento que null entendeu algo que já sabia há muito tempo, mas nunca quis admitir: ele nunca mudou.
E nunca mudaria.
Dessa vez, ela não confrontou.
Não quis ouvir mais desculpas.
Apenas deu meia-volta e foi embora.
Naquela noite, null ligou inúmeras vezes. Enviou mensagens, áudios.
Mas null não atendeu.
Porque, pela primeira vez, ela sabia que não queria mais ouvir.

Semanas depois, a campainha tocou.
Ela já sabia quem era.
Respirou fundo antes de abrir a porta.
null estava ali, com aquele olhar perdido, como se estivesse sentindo falta de algo que ele mesmo destruiu.
null…
Ela cruzou os braços.
— O que foi?
Ele pareceu surpreso com a frieza na voz dela.
— Eu queria falar com você — ele disse, hesitante. — Sobre… sobre a gente. Sobre o que aconteceu.
Ela ergueu as sobrancelhas.
— E o que exatamente você quer falar?
— Eu fui um idiota. Eu sei que te machuquei, mas eu não queria que terminasse assim.
null soltou um riso seco.
— Você acha que tem o direito de decidir como isso termina?
null passou as mãos pelo rosto, frustrado.
— Eu só… Eu te amo, tá bom? Isso tem que valer alguma coisa.
Ela sustentou o olhar dele.
— Você já disse isso antes. Mas nunca impediu você de fazer tudo de novo.
Ele hesitou.
— Porque eu sou um idiota, porque eu não sei lidar com isso, mas eu—
— Mas eu sei — ela interrompeu. — Sei que não quero mais isso.
null franziu a testa.
— Você sempre me deu outra chance.
null o encarou com um olhar sereno, mas firme.
— Pois é. Mas agora, não mais.
Ele respirou fundo, como se quisesse dizer mais alguma coisa, mas percebeu que nada mudaria a decisão dela.
E, pela primeira vez, null viu nos olhos dele o que nunca tinha visto antes.
A certeza de que ele a perdeu.
Ela sorriu de leve, mas não com felicidade, apenas com alívio.
— Adeus, null.
E fechou a porta.
Sem olhar para trás.



Fim



Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? Dessa vez deu ruim pro Biel ein, ninguem mandou ser um marmoteiro kkkkkkkk. Espero que goste e não esquece de comentar, ok?

ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.