Última atualização: 24/05/2020

Capítulo Único

Hoje não é um dia qualquer. Tem o baile anual que a família Smith promove antes das aulas. É o meu último ano e a minha vida está do jeito que eu escrevi no meu diário.
- ! Vem aqui em cima! – Eu gritei minha melhor amiga pela janela do prédio. Essa era a melhor maneira que a gente encontrava de se comunicar e incomodar os vizinhos ao mesmo tempo. A gente nem acreditou quando nossos pais nos contaram que íamos morar no mesmo prédio, há quase 10 anos. Hoje temos 16 e parece que nada mudou, somos inseparáveis.
- Já vou! – gritou de volta. A voz dela estava estranha, mas acho que é ansiedade para o baile.
Ela entrou no quarto com uma cara sem graça, só me faltava ela dizer que não queria ir ao baile.
- Que cara é essa? – Eu perguntei.
- Você sabe, . Eu vou ao baile acompanhar você e o ? Eu não sou vela!
- O vai levar um amigo, você pode curtir o baile com ele.
- E qual é a graça? Eu não escolhi nem meu próprio bar no baile? Pelo amor!
- A culpa é sua de pegar a cidade inteira. Fica difícil escolher um par considerando a sua lista infinita de bocas beijadas.
revirou os olhos e foi embora pro apartamento dela. Peguei meu vestido do baile no armário e fiquei rodopiando pelo quarto enquanto esperava a hora exata de usá-lo.

***


Algumas horas se passaram e lá estava eu prontíssima esperando o vir me buscar para irmos. Quando desci as escadas encontrei ele e a conversando, não sei se era segredo, mas não despertou minha curiosidade.
- Que espetáculo. – disse enquanto me olhava. – Você está maravilhosa!
Por alguns segundos senti minhas bochechas ficarem vermelhas.
- Obrigada. Que bom que você usou a gravata que mandei entregar! Nossas roupas combinam! – Eu estava usando um vestido azul bem clarinho, bem princesa, não marcava muito o meu corpo, mas era espetacular. A usava um vestido vermelho bem justo ao corpo, longo e elegante.
Ele sorriu e pude ver que a feição de mudou. Sentia que algo estava errado, mas nada poderia estragar aquela noite.
Fomos andando em direção ao elevador e a limusine nos esperava lá embaixo. abriu a porta e nos ajudou a entrar no carro, eu não imaginava que esse vestido fosse me dar tanto trabalho, mas o glamour valia a pena.
Não demoramos muito para chegar no local do baile, descemos da limusine fomos caminhando até a entrada principal. me ofereceu seu braço direito para que pudesse enlaçar meu braço ao dele, mas num ato quase que incontrolável estava pendurada em braço esquerdo.
- , o namorado é meu. Solta o braço dele. – Eu disse tentando não parecer irritada.
- Ele também é meu amigo e eu estou sem par. Você disse que não seria estranho ficar de vela pra vocês dois.
- Estranho é você estar pendurada no , que é meu namorado.
Parece que a tensão estava instalada naquele momento. estava me fuzilando com os olhos como se eu tivesse a mínima obrigação de ceder meu namorado a ela.
- Uns com muito e outros com nada. – Peter se manifestou atrás de nós. Tinha um sorriso malicioso no rosto, estava dando a entender algo que eu ainda não tinha percebido.
- Pronto, . Problema resolvido! O Peter te acompanha e você solta o braço do meu namorado! – Quando terminei a frase dei um puxão em , que me olhou assustado.
Eu puxei o pelo braço e fui embora antes de dar tempo daquela discussão sem sentido continuar.
Entramos no baile e tudo estava lindíssimo. A decoração era toda dourada, os Smith se superam todos os anos. Passamos um tempo circulando pela festa pra cumprimentar algumas pessoas.
Encontrei algumas amigas da escola e ficamos juntas por alguns minutos até que eu perdi de vista. Imaginei que ele pudesse estar com Peter e outros amigos, mas levei um susto quando uma voz que eu conhecia bem sussurrou muito próximo a mim.
- não está aqui. também não.
- O que você está insinuando?
- Descubra você mesma. – Ele se virou e apontou para um corredor que eu não sabia para onde poderia me levar.
- Não está curiosa pra saber o que seu namorado e sua melhor amiga tanto fazem quando você não está por perto? – Peter disse sua última frase e se afastou sem que eu pudesse retrucar.
Eu não tinha nada a perder e estava cansada de rodar o salão procurando por . Fui caminhando em direção ao corredor, de início estava calma, mas a ideia de imaginar qualquer coisa acontecendo entre e me fazia apressar os passos.
Ao passar pelo corredor, me deparei com a cena mais assustadora que meus olhos poderiam imaginar. estava quase sem roupa, enquanto estava sentada em um balcão usando somente roupas íntimas. Eu não fazia ideia da reação que eu teria, pensei em gritar e assustar os dois, depois pensei em fugir e fingi que não vi nada, mas eu só conseguia ficar parada.
Dei alguns passos pra frente, para que em algum momento os dois pudessem me ver. Eu estava em estado de choque, não conseguia dizer uma palavra. Até que num susto, se virou e me viu em pé, como uma estátua.
- ... Há quanto tempo você está aí? – tentava se recompor.
- Tempo suficiente.
- É melhor eu ir... Vocês precisam conversar. – tentou sair.
- Ninguém sai! – Eu disse tentando deixar a voz firme. – Há quanto tempo isso acontece?
- ... – iniciou.
- Quase dois anos. – foi curta e grossa, recebendo um olhar pesado de .
- Eu... Eu não entendo. – Já estava chorando.
- Não sei como explicar... – estava tentando. – Eu senti com algo que nunca senti nesses anos todos ao seu lado.
- Como?
- Você é especial, . É uma menina maravilhosa, apesar de soltar um pouco de veneno em alguns momentos, ainda assim você é especial.
- Eu acreditei que a gente tivesse uma conexão. Eu me entreguei completamente a você por anos...
- Nós temos uma conexão, . Eu só não sei se podemos chamar de amor.
- Então você acha que a gente não se ama? Então você não me ama, mas pelo visto ama a , já que você “nunca sentiu algo assim nesses anos todos”.
- , é minha vez de falar. – tentou se manifestar.
- O que mais você quer dizer que tente minimizar o que eu vi? Você diz ser a minha melhor amiga de uma vida inteira e na primeira oportunidade você se pendura no meu namorado. Eu passei anos da minha vida dividindo todos os meus sentimentos por ele com você. Dividi meus planos para o futuro, compartilhei os desejos. Por hoje, você não tem o direito de falar.
- , o que você quer que eu diga? – se pronunciou.
- Honestamente, não quero que diga nada. Apenas escute o que tenho a dizer, serei breve e depois darei as costas aos dois. Um dia, talvez, eu queira saber como isso tudo começou até chegarmos aqui, adoraria entender quando me tornei uma pessoa entediante e que poderia ser substituída rapidamente pela pessoa ao lado. Hoje eu estou tentando evitar que toda a raiva e ódio subam a minha cabeça, mas só consigo pensar em um único questionamento: não seria mais fácil terminar comigo antes de ficar com ela? Ela poderia ser minha melhor amiga e, provavelmente eu odiaria os dois caso isso tivesse acontecido também, mas seria um pouco menos doloroso pra mim não ser traída pelas duas pessoas em que confiei minha vida inteira.
Fiz uma pausa um tanto dramática, para que todo mundo pudesse processar minhas palavras.
- Eu não sei como não percebi qualquer sinal vindo de um de vocês. Eu só vou sair daqui e tentar absorver a ideia de que eu perdi duas pessoas tão importantes porque as duas preferiram manter um segredo sabendo que poderia me magoar profundamente e, deixando ninguém surpreso, aqui estou magoada. E pra você, , eu sei o quanto será difícil pra mim cruzar contigo nos corredores da escola, como será uma tortura saber que não serei eu a te cumprimentar com vários beijinhos e sim aquela que jurou ser a melhor amiga. Eu vou sair daqui e não quero que nenhum dos dois venha atrás de mim ou tente me dizer qualquer palavra.
Saí andando sem olhar pra trás. As lágrimas que eu custei a segurar, mesmo sem sucesso, estavam brotando numa velocidade que nem eu seria capaz de controlar. Eu acreditava que era o amor da minha vida e que passaria a vida ao lado dele.
Eu sabia que em algum momento eu teria que esquecê-lo, sabia que não seria uma tarefa fácil, mas já que ele deixou claro que eu gosto de soltar veneno, por que não incomodar um pouco? Fui andando em direção a Peter e o puxei pela gravata.
- Não diga uma palavra. Não vamos nos explicar. Não seremos um par. É só por uma noite.
- Eu concordo com seus termos. – Peter veio me acompanhando sem muito esforço.
Olhei pra trás por poucos e segundos e vi observando a minha saída. Ele sabia, assim como eu, que eu estava agindo impulsivamente e que na manhã seguinte eu acordaria arrependida. Mas eu escolhi passar a noite acompanhada do que correr para minha cama e chorar a noite inteira me perguntando onde eu errei, me perguntando o que faltou. Por hoje, eu só me questiono: faltou amor? Eu deveria ter me dedicado mais? Tem algo que eu não fiz e deveria ter feito? Ou algo que fiz e não deveria ter feito?


Fim!



Nota da autora: Oiê! Que bom que você leu! Tentei me basear na história do primeiro triângulo amoroso que botou fogo em Gossip Girl, Serena x Nate x Blair. Não quis que a história ficasse exatamente como a série, portanto usei como inspiração. Vale lembrar que a história é toda baseada no ponto de vista de Blair, se ela tivesse pego Nate e Serena na noite que tudo aconteceu hahaha

A gente se vê em outros ficstapes! (Com certeza, vocês vão me achar por lá haha)



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