Prólogo
E vamos ver: tudo isso por causa do baile, o tão esperado baile de formatura.
Capítulo Único
Eu não aguentava mais toda essa futilidade, só queria que a semana passasse logo para que eu pudesse viajar com a minha família nas férias e não pisar mais nesse inferno denominado de escola; estava na última semana de aula, e juntamente a última semana de provas finais, e por incrível que pareça eu estava indo bem, tão bem que fui uma das primeiras a terminar a prova do dia e ainda passar cola para um jogador de futebol qualquer que estava sentado atrás de mim.
Deixei a sala de aula e segui para o refeitório atrás de comida e me sentei em um dos bancos por lá. Para todo lado havia panfletos sobre o baile de formatura. Era como um sonho, roupas, garotas bonitas, garotos bonitos, bebidas, música e, claro, não vamos esquecer o mais importante, o rei e a rainha do baile.
Todo ano era a mesma coisa, o óbvio e monótono casal mais popular da escola ganhava e, por mais que eu ache tudo isso clichê, era legal ver as meninas desesperadas por um par, e os meninos andando pelos corredores com cara de tédio enquanto seus pares falam sobre o baile, e todas elas com seus sonhos, ser rainha do baile.
E eu não tinha esse sonho, muito menos ir para o baile da escola. Eu não iria ao baile desse ano, assim como todos os outros, porque acredite, o que não falta nessa escola é baile. Temos baile para cada estação do ano, ou seja, quatro bailes sem contar o de formatura; tive muitas chances de ir, e todas jogadas fora por livre e espontânea vontade.
O fato é que null, minha melhor amiga, não se conforma com a minha opinião, e null, meu melhor amigo, também não, eles podem ser opostos, um água, e o outro definitivamente o vinho, mas infelizmente concordam em uma coisa, ir ao último baile de formatura de todos os anos era crucial.
Assim que terminei de comer o lanche que tinha pegado no refeitório, fui em direção à saída, não aguentava mais a escola, ainda mais estando sozinha.
- Hey, null! – Ouvi meu nome ser chamado e me virei encarando Logan, um dos jogadores de futebol. – Valeu pela cola, essa nota vai me ajudar muito.
- Tudo bem, sem problemas.
- Ok então, te vejo no baile. – Logan apertou meu ombro e saiu com um sorriso no rosto indo atrás de uma líder de torcida, sem me dar tempo de responder.
“Te vejo no baile’’ essa frase pairou na minha cabeça por um tempo. Eu iria mesmo ao baile? Claro que não. Eu estava certa disso, e nada que null e null falasse poderia mudar minha decisão. Ir ao baile estava fora de cogitação.
Atravessei o corredor indo para a parte externa da escola encontrando null e null conversando encostados no pequeno muro que separava o jardim da grama.
- Como foram na prova? - Perguntei assim que me aproximei.
- Acho que fui bem. - null disse parecendo otimista.
- Eu fui péssima, sério, e aquela questão seis? O que era aquilo? Não pode ser considerada uma prova. – null disse indignada.
- Na verdade estava bem fácil, era quando um cromossomo se quebra, ele sofre rotação de 180° e solta novamente em posição invertida. – null respondeu null com um sorriso convencido no rosto.
- Sabemos da sua inteligência null, guarde sua biologia para seu namorado na noite do baile. – null disse querendo provocar null.
- Pelo menos eu tenho um, não sou uma encalhada que fica dando em cima de meninas de salas menores. – null rebateu.
- Chega, vocês dois. – Disse antes que os dois começassem a brigar no meio do pátio externo. –Vocês vão mesmo ao baile? – Perguntei esperando um “não’’ como resposta.
- Sim. – Os dois disseram juntos se entreolhando logo depois.
- Você sabe que pode decidir ir quando quiser, é só me avisar que eu te empresto um dos meus vestidos de vadia. Se quiser, até um par eu te arrumo, tem uns meninos do time de futebol que ainda estão disponíveis. – null disse me olhando com sua expressão sacana.
- Você sabe que eu não quero ir, mesmo se eu pudesse, teria que ir com um vestido abaixo do joelho, por causa da religião.
- E você também não poderia nem beber, nem fumar e muito menos fazer sexo, só depois do casamento, que graça teria? – null perguntou para si mesma.
- Ela não precisa fazer tudo isso para se divertir. – null disse.
- Tanto faz. – null deu de ombros.
Ficamos conversando sobre coisas aleatórias do baile até o namorado de null chegar e null e eu ficarmos de vela para o casal. Decidimos sair de perto do casal 20 e começamos a andar pelo pátio, null era sempre parada por sua popularidade, e o mais incrível era que ela podia andar com null que era nerd, comigo que era ‘’ normal’’, mas sempre estava por cima de tudo na popularidade, null não era das líderes de torcida e muito menos do jornal da escola, ela apenas sempre sabia do podre de todos, dos micos de todos, resumindo, tudo sobre todos, e o que eu admirava em null era que mesmo com a popularidade dela, ela não deixava de andar comigo e com null.
- Juro que eu queria muito que você fosse ao baile, seria bem legal, nós três, nos divertindo por uma noite inteira. –null disse do nada enquanto andávamos pelo corredor.
- Você sabe que eu não ligo para essas coisas.
- Mas você sabe que eu ligo, por favor, pensa mais um pouco, por mim e pelo null, vai ser o nosso último baile, depois vamos os três para a faculdade. Tem noção de como vai demorar a gente se ver de novo? Cada um vai ir para um canto da Europa, já pensou que a próxima vez que a gente se ver provavelmente eu vou estar com filhos e a gente vai naqueles restaurantes temáticos? – null fez seu discurso.
Ela estava certa, por mais que eu não gostasse desses bailes, eu deveria ir, iria ser nossa última vez juntos e eu não estava valorizando isso.
- Não seja tão exagerada. – Disse e ela me olhou com cara feia. - Eu também vou estar com filho da próxima vez que a gente se ver. – Completei rindo pela cara que ela fez.
- Promete que vai pensar melhor, antes de me responder definitivamente? – null perguntou e eu pude ver em seus olhos o quanto ela queria nós três juntos pela última vez.
- Prometo. – Disse me virando para dar um abraço em null.
- Tenho que ir, meu pai está me esperando. – Ela disse em meio ao abraço.
Nos separamos e observei null abrir a porta do carro e antes de entrar ela disse novamente.
- Não esquece, pensa bem, eu tenho uns vestidos lindos. – Ela disse piscando para mim e entrando no carro.
Logo depois que null foi embora decidi ir para casa, fui pensando o caminho inteiro da escola para a casa sobre o que null disse, eu ainda tinha dois dias para pensar, mas afinal seria nossa última vez juntos, por que não ir?
Cheguei em casa e ela estava vazia, subi direto para meu quarto me trocar, mandei uma mensagem para null e null.
“ Conversei com null enquanto null se pegava com seu namorado, depois da conversa de hoje, grandes chances de ir para o baile.’’
Depois que mandei essa mensagem deixei meu celular de lado e fui fazer minhas coisas, porém não deixei de o ouvir apitar várias vezes durante o dia indicando novas mensagens, e eu só sabia pensar em como eu estava sendo louca de concordar com isso.
Quando meus pais chegaram e eu fiquei pensativa entre contar ou não para eles se iria ao baile, decidi não contar já que não tinha certeza, afinal meu pai era pastor da igreja mais falada do bairro. Imagine se veem a filha dele com um vestido curto e maquiada? Seria uma vergonha, uma catástrofe mundial. Não que eu fosse fanática, apenas mantinha a pose de filha discreta, apenas escondia o fato de não ter nenhuma religião.
Jantamos e logo subi para o meu quarto para ver as mensagens de null e null.
“Acho que estou delirando’’ – Disse null logo na primeira mensagem depois da minha.
“Não sei que tipo de conversa foi essa, só sei que quero null como minha psicóloga’’ – null disse logo depois.
Depois de ver todas as mensagens, tomei meu banho, fiz minha higiene e fui dormir para o penúltimo dia de aula.
A chuva caia incessantemente pela janela, cada pingo me dava esperanças de poder faltar a escola, uma das piores coisas era ir para a escola em dias de chuva e estar enrolada naquelas cobertas não ajudava muito. Peguei meu celular desbloqueando a tela, ainda eram seis horas. Seria praticamente impossível fazer com que minha mãe me deixasse faltar, e eu não era o tipo de garota que fingia estar doente para faltar. Levantei da cama, ainda enrolada nas cobertas e me sentei em minha poltrona ao lado da janela. O dia tinha amanhecido nublado e cinzento, e minha preguiça estava imensa, encarei o jardim de trás da casa pela janela e me perdi nas gotas que caiam do céu, como se as nuvens estivessem chorando.
- null, acorde querida, você vai se atrasar. – A porta foi aberta e minha mãe entrou com seu roupão azul claro e suas pantufas brancas, sorrindo para mim. – O que faz na janela?
- A chuva parece piorar.
- Sim, disseram no jornal que o tempo continuará assim. – Sorri largo com a informação e comecei a ficar inquieta. – Nem pense nisso, você vai para a escola e isso não será discutido. – Assim como a alegria veio rapidamente, ela se foi.
- Mas mãe, está caindo o mundo, eu posso morrer.
- Não diga uma coisa dessas null, sem drama, se arrume logo, seu pai vai te levar. – Ela me desenrolou da coberta e colheu minhas roupas jogadas pelo quarto, bufando irritada. – Já disse para não jogar as roupas no chão, é pra isso que temos o cesto.
Acenei ignorando e corri para o banheiro, me despi e tomei um banho rápido, apenas para dar uma acordada, coloquei uma roupa qualquer e minha jaqueta de moletom da escola por cima. Não era necessário usar o uniforme sempre, apenas em algumas ocasiões.
Assim que meu pai me deixou em frente à escola, entrei rapidamente para não congelar. Coloquei meu gorro e fui para meu armário, onde null e null conversavam animadamente.
- Pronta para o assalto? – null perguntou fazendo graça.
- null, você podia usar essa touca mais vezes, fica bem atraente, dá um ar de rebeldia em você.
- Haha, vocês são muito engraçados. Pensei que sua queda por mim já tinha passado null.
- O primeiro amor a gente nunca esquece. – null piscou para mim e eu ri alto.
null já teve uma quedinha por mim quando éramos pequenas, mas isso nunca interferiu em nossa amizade, até porque não era algo a se levar em conta, éramos crianças e null tinha uma adoração maior por mim.
- Odeio vir para escola em dias chuvosos. – Resmunguei me escorando em null.
- null está fora do controle hoje, já se insinuou para mim, veio parecendo uma ladra e agora está usando palavras como “eu” e “odeio” na mesma frase.
- Assim eu viro hétero. – null apertou minha cintura e eu ri.
- Nós viramos. – null e null trocaram olhares maliciosos e depois me encararam.
- No dia que vocês virarem héteros eu vendo minha alma pro diabo.
- Quanta rebeldia, virar hétero é difícil, ainda mais com esses jogadores musculosos e bem dotados.
- E qual é a sua desculpa null?
- Já viu os seios das líderes de torcida? São bem convidativos. – null me olhou maliciosa e null riu.
- Atração é atração. – Disse concordando.
- E você, quando vai desencalhar? – null me apertou em um abraço de lado.
- Não venha com essa de só depois do casamento, porque ninguém compra essa história. – null logo antecipou.
- Mas é a realidade, e mesmo se não fosse meu pai me jogaria na rua se eu transasse antes do casamento.
- Pelo menos você não morreria de fome na rua, sua bunda ia fazer sucesso. – null comentou aérea e eu ri lhe lançando o dedo do meio.
- Não vou me prostituir idiota.
- Caso você pense no assunto, já teria um cliente. – null zombou.
- Até você null?
- Não disse que sou eu, desculpa null, mas eu ainda gosto do órgão reprodutor masculino, mas null estaria a sua disposição.
- Seus idiotas, eu nunca faria com ninguém.
Exclamei alto e nesse momento um dos jogadores de futebol chegou por trás de null, lhe abraçando e me encarando esquisito.
- Então null tem mais amigas homossexuais. – O garoto perguntou me encarando.
- O que? Não! Eu gosto de homem. – Falei nervosa e null riu baixinho em meu ouvido.
- null pare de mexer com ela. – null comentou rindo.
- Tudo bem gatinha, sua opção sexual não afeta em nada, eu e null sabemos bem disso. – Eles trocaram um sorriso malicioso e eu queria enterrar minha cabeça no buraco mais próximo. – Aliás, sou null, e você deve ser a puritana null, certo?
- Nem tão puritana assim. – null resmungou e eu dei uma leve, nem tão leve cotovelada nele.
- Sou eu sim. – Acenei com a cabeça e null sorriu.
- Bom, só passei pra dizer que preciso de um novo par para o baile, null. – null disse encarando null.
- Por quê? O que aconteceu com a ruiva que eu te arrumei?
- Aquela garota estava me enchendo o saco e sem contar que talvez ela não venha para o baile.
- Mas ela disse que viria. – null disse indignada.
- Não foi o que ela me disse hoje mais cedo.
- Não importa mais. Como eu vou arranjar alguém pra você tão em cima da hora?
- Eu sou o null baby, você consegue.
- E se você for com a null? – null abriu a merda da boca para opinar e null se virou para mim, me analisando. Já estava sentindo a rejeição.
- Não, eu já tenho par. – Falei rapidamente.
- Quem? Você não tem não. Você nem queria ir ao baile! – null insistiu e eu só queria lhe dar um soco, para ele parar de ser tão lerdo.
- Vou com a null então.
- null não é um par, ela sempre vai sozinha, para poder curtir com todos.
- Esse ano me juntarei a ela então, null. – Lhe lancei um olhar fulminante e ele apenas sorriu.
- null você podia ficar com a gente então. – null continuava insistindo e eu já estava começando a odiá-lo. – Finn irá com a gente também.
- Me juntar ao grupo dos alternativos seria legal, mas como a null, sou um pássaro livre que procura comidas diversas. – null sorriu malicioso e ali estava seu lado sujo e sensual.
- OK, então se você quiser, vamos todos nos encontrar na casa de null as 19hs, você sabe onde fica.
Depois de null me trair brutalmente, ficando ao lado do jogador gostoso, o sinal tocou e null e null se despediram indo para suas próximas aulas e eu fui com null, que infelizmente teria aula comigo.
As aulas passaram rápido e null sumiu, deixando apenas eu e null no intervalo e na hora da saída, null saiu com Finn e eu fiquei na entrada vendo a chuva piorar a cada segundo.
Se eu fosse para casa a pé, chegaria ensopada, mesmo se corresse, a escola era oito quarteirões depois da minha casa. Comecei a ficar agoniada e sem opções a não ser andar na chuva.
- Hey, null? - Me virei e null estava atrás de mim. - Quer carona? - Naquele momento foi como se uma luz estivesse em cima de null, e ele fosse minha salvação, bom, de certa forma ele era mesmo.
- Hum, proposta tentadora. - Encarei a chuva e sorri.
- Não faça manha, sei que você não está a fim de ir nessa chuva. - null me encarou e eu sorri. - Vem, vamos para o meu carro. - null me puxou pelo braço e eu o acompanhei.
Fomos até a garagem coberta e null nos guiou para um Audi preto, abrindo a porta para mim e contornando o carro.
- Carro legal.
- É do meu pai, ele me empresta de vez em quando.
null ligou o carro e logo deu partida, fiquei quieta por um tempo e null ligou o rádio.
- Então, eu moro...
- Eu sei onde você mora. - null me cortou e eu encarei-o com uma das sobrancelhas arqueadas.
- Como você sabe onde eu moro?
- Essa cidade não é tão grande assim... - Desconversou e eu o encarei. - Já deixei null na sua casa.
- Ah sim. - Confirmei me lembrando.
null sempre foi muito amigo de null, eles sempre estavam juntos, e se null não fosse lésbica, podia jurar que tinha um rolo entre eles, mas bem, null gosta da mesma fruta que null e eu realmente fico feliz por isso.
Eu nunca conversei muito com ele ou com os outros jogadores, o mais próximo era Finn, por causa de null.
- E aí, você é mesmo homossexual? - Perguntou risonho e eu fiquei vermelha escondendo meu rosto.
- Não! Você não entendeu, eu não sou isso, você chegou na metade da conversa não pode opinar. - Resmunguei enquanto ele ria.
- Não estou opinando, sua opção sexual só diz respeito a você, mas seria um desperdício se você fosse.
Corei e me virei para a janela, encarando a chuva silenciosamente, comecei a batucar os dedos na janela no ritmo da música que passava na rádio até que null parou em frente a minha casa. Não era um caminho tão longo assim.
- Obrigada pela carona. - Disse tirando o cinto.
- De nada null.
- A propósito, eu sou hétero. - Sorri e sai do carro correndo para porta de casa rapidamente.
- Obrigada Deus! - null gritou feliz e eu ri baixinho, fungando o nariz, ficar gripada não estava em meus planos.
Passei a tarde toda de baixo das cobertas, assistindo séries e comendo as sopas que minha mãe me trazia, já tinha tomado mil remédios e estava com três cobertas, porém a gripe havia me pegado de jeito, eu estava com dor no corpo todo e espirrando, minha mãe não parava de entrar no quarto para ver como eu estava, e eu agradecia por isso. Depois que jantei mais sopa para variar, tomei um banho quente e depois dormi como uma pedra até a manhã seguinte.
Quando acordei já era meio dia, eu tinha perdido as aulas, e por mais que fosse tudo o que eu queria ontem, já não era o mesmo hoje, eu ainda me sentia mal, os espirros constantes estavam passando e eu já agradecia mentalmente por isso.
Me desenrolei das cobertas, pus minhas pantufas e fui ao banheiro, fiz minha higiene matinal e segui para cozinha, estava morta de fome, e precisava de algo consistente. Minha mãe se encontrava na pia, lavando a louça e logo reparou em minha presença.
- Está se sentindo melhor? Por que saiu da cama?
- Precisava de algo para comer, por incrível que pareça eu ainda estou viva.
- Você tem que parar com essas brincadeiras de morte null, isso não me agrada nem um pouco, Deus não gosta de quem brinca com a morte.
- Como se ele realmente me escutasse. – Resmunguei.
- O que você falou? Esta drogada?
- Depende, você me deu tanto medicamento ontem, que é bem possível.
- Eu nunca te drogaria sua insolente, agora para de falar comigo com esse tom, eu não quero mais você falando sobre morte, entendeu?
- Entendi, mãe.
- Ótimo, agora sobe, já subo com sua sopa.
- Não quero tomar sopa.
- Não tem querer, suba logo, aproveite e leia um pouco dos provérbios 30:17, e aprenda como me respeitar direito.
Bufei irritada e passei pela copa, pegando um pacote de bolacha escondido, não comeria sopa novamente nem morta. Subi rapidamente para o meu quarto e me tranquei no banheiro, tomando um longo e relaxante banho.
Por que falar sobre a morte era tão ruim assim? Todos sabemos que tudo o que nos resta é a morte, e mesmo que eu vá para um lugar melhor, denominado paraíso, isso se eu for para lá mesmo, eu vou estar morta, certo? Então isso realmente não tinha sentido, mas com a minha mãe era diferente, para ela falar sobre a morte era como estar desejando-a e ela era bem devoluta a vida, e claro, a Deus.
Sim, eu seguia todas as passagens de Deus, e sempre fui muito dedicada a isso, mesmo não querendo no início, mas depois virou uma parte de mim, uma parte que eu não conseguia denominar se fazia parte do meu eu verdadeiro ou do meu eu que foi mondado pela minha mãe. Independentemente disso, eu era sim evangélica, e um tanto quando puritana também.
Claro que eu tinha sonhos, tinha pensamentos que a religião não aceitaria, tinha opiniões contrárias, mas na minha família e do modo que eu fui criada, esses pensamentos e opiniões devem ficar presos a sete chaves e enterrados no meu subconsciente, bem longe da minha mãe e de seus amigos da igreja.
Desde pequena fui criada para obedecer meus país, e sempre foi assim, sempre fui a menina certa e orgulho da família, com minhas notas impecáveis, mesmo não sendo a mais inteligente, minhas roupas cobertas, quase turbantes, meu linguajar perfeito, perto dos meus país, minha postura madura e decente, de vez em quando, e minha castidade, a única coisa que eu ainda tinha de verdade. Eu nunca quis perder minha virgindade com qualquer um, mas também não queria esperar até um casório, até porque provavelmente meus pais vão querer escolher com quem eu me casarei, antiquado, mas verdade.
Eles sempre foram pais preservadores dos ensinos e comportamentos essências de uma mulher, mas o que eles não sabem é que eu sou dona do meu corpo e que isto não está escrito na Bíblia.
Mas essa era minha triste realidade e para os meus pais eu sempre seria sua propriedade.
Depois de comer minha bolacha e ter jogado as evidências fora, minha mãe entrou no quarto com a tão odiada sopa, me fazendo tomar tudo e ainda depois leu algumas passagens da bíblia comigo, me ensinando como ser uma filha perfeita. Assim que ela saiu peguei meu celular e comecei a ver minhas milhões de mensagens, vindas de null e null, decidi ligar para null avisando que não iria mais ao baile por estar doente. Eu já não queria ir desde o início, a gripe era um sinal.
- Fala. – null se pronunciou depois do terceiro toque.
- Oi null preciso falar com você, está com tempo? – Me esparramei pela cama ficando de barriga para baixo.
- Claro linda, sempre tenho tempo para você. – Imaginei null sorrindo sacana e ri da sua idiotice.
- Para de brincar que o assunto é sério. – Disse assumindo uma postura séria. – Não vou poder ir ao baile, agora eu tenho certeza que não.
- Mas... – Ela já iria começar a contestar.
- Eu peguei uma gripe. – Cortei rapidamente, antes que ela começasse mais um de seus longos discursos.
- null null, você vai a esse baile nem que eu tenha que te drogar para isso.
- Você não é nem louca de me drogar. – Pensei por um segundo. – Espera você é louca sim.
- Não importa, você vai a esse baile, ainda temos seis horas para o baile, até lá você estará novinha em folha.
- null, não crie falsas esperanças, não vou me embebedar com você, muito menos realizar suas fantasias. – Zombei e ela riu.
- Agora que você vai mesmo, meus sonhos vão se realizar e ter você no baile é só o começo.
- Sério, não vai dar mesmo, guarde um pouco de vodca para mim, ok?
- Vai ficar sem, também, agora vai orar e beber suas águas bentas vai. – null murmurou irritada e eu ri.
- Idiota.
- Guarde minhas palavras, você vai a esse baile.
- Vou guardar, tchau null. – Ri e desliguei o telefone, me ajeitando na cama e notando que minha mãe estava encostada na porta com uma expressão não muito boa no rosto.
- null já disse que não gosto de você conversando nem se envolvendo com essas pessoas. – Ela disse cruzando os braços na frente do peito.
- O que você gosta ou deixa de gostar não é problema meu, eles são meus amigos, eu gosto deles e é isso o que importa. – Disse já perdendo a paciência.
Quem ela pensava que era pra decidir com quem eu deveria andar? Já bastava me fazer de fantoche para lá e para cá.
- Essas pessoas que você chama de amigos são obras do satanás aqui na terra, Deus quer testar quem resiste a essas tentações, você tem que resistir o mais rápido possível assim o senhor terá misericórdia. – Ela disse exageradamente, gesticulando com os braços.
- Misericórdia quem tem que pedir é a senhora por ter esses pensamentos tão antiquados. – Disse revirando os olhos, estava cansada desses papos.
- Olha como você fala comigo mocinha, não venha defender eles, quando te levarem para o mal caminho e você fizer coisas erradas... – Ela iria continua, mas interrompi.
- Se eu fizer escolhas erradas, vai ser culpa minha, não deles.
- Vai ser culpa deles, culpa do satanás. – Ela disse indignada. – Eles são obras do satanás e que Deus os tenha. – Fez uma cruz em frente ao peito e eu ri sarcástica.
- Não vai ser culpa de ninguém! Satanás não existe, assim como nada disso! – Disse levantando da cama e ficando de frente para ela.
Ela apenas me encarou e desferiu um tapa no lado esquerdo do meu rosto, senti minha pele quente e latejante logo que coloquei minha mão em cima de onde ela havia desferido o tapa.
- Nunca mais fale isso novamente, que o senhor tenha piedade de ti, você está de castigo null. – Ela disse ríspida saindo do quarto e batendo a porta logo em seguida.
Sentei em minha cama novamente tentando relaxar. Ela achava que eu estava sendo influenciada? Ela ainda não tinha visto nada. Liguei para null explicando tudo o que aconteceu e logo expliquei o que queria fazer.
- Repassando. null leva a gente até sua casa, ele e Finn esperam com o carro na esquina enquanto eu e null escalamos a árvore que dá para a sua janela, você pega os vestidos e os sapatos que tem dentro da mochila que eu vou levar e a gente te espera no carro?
- Isso. – Disse confiante.
- Ok, então vai se arrumando passamos na sua casa em uma hora, quando chegarmos à esquina eu te envio uma mensagem.
- Ok.
Desliguei o telefone e tranquei a porta do meu quarto para que ninguém entrasse, segui para o banheiro, tomei um banho demorado, passei uma maquiagem e arrumei meu cabelo. null avisou que estava na esquina e que ela e null estavam seguindo para parte de trás da casa onde meu quarto ficava, segui para janela e vi os dois tentando escalar a árvore. null usava um smoking cinza com uma gravata borboleta preta e null usava um vestido curto e verde. null fez pesinho e null conseguiu subir até minha varanda.
- Oi linda. – Ela disse me abraçando de lado.
- Oi. – Murmurei sorrindo.
Quando null conseguiu subir eu fiz sinal de silencio para os dois já que eles conseguiam ser bem escandalosos quando queriam.
- Eu acho que nunca vou esquecer esse dia. – null cochichou assim que fechei a janela.
- Idem. – Disse null se jogando na minha cama.
- Cadê o vestido null? – Perguntei rápido, antes que minha mãe resolvesse entrar no quarto.
- Aqui, mas antes tome isso aqui. – Ela disse me entregando um comprimido e uma lata de energético.
- O que é esse comprimido? – Perguntei a encarando com a sobrancelha arqueada.
- É um remédio para resfriado muito bom. – Ela disse e eu fiquei meio receosa de tomar.
- Quando a gente estava falando sobre me drogar era brincadeira. – Disse rindo.
- Tome logo e vamos dar o fora daqui.
Coloquei o remédio amargo na boca e engoli com o energético, não sei se era o certo a fazer quando se toma um remédio, mas naquela hora eu não iria até a cozinha para pegar um copo de água.
null me entregou o vestido e eu encarei-o.
- Você quer que eu use isso? É muito curto! – Disse encarando o vestido em minha frente.
- Para de ser careta null, experimenta logo. – null disse entediado encarando o teto do meu quarto.
- null você está de qual lado? No da null que quer que eu use esse mini vestido, ou no meu que não quer ficar com frio a noite toda? – Disse indignada.
- Eu estou no lado de que você se arrume logo e a gente vá para o baile e encha a cara. – Ele disse ainda encarando o teto branco do quarto.
- Como eu sou a minoria, fazer o que. – Segui para o banheiro e coloquei o pequeno trapo que null chamava de vestido.
Voltei para o quarto e me encarei no espelho, o vestido era preto com manga transparente, e terminava dois palmos antes do joelho.
- Você está muito gata. – null disse me encarando pelo espelho.
- Se eu beber muito não me responsabilizo pelos meus atos. – null disse e eu ri.
Ouvi três batidas na porta.
- null, está tudo bem ai? – Minha mãe perguntou através da porta.
- Está tudo bem. – Disse fazendo sinal de silêncio para null e null.
Ela forçou a maçaneta.
- Por que você trancou essa porta? null abra a porta.
- Eu estou deitada. – Disse sinalizando para null e null irem para varanda enquanto eu colocava o roupão por cima do vestido.
- Não quero saber, abra essa porta! – Ela disse praticamente esmurrando a porta.
Joguei a mochila de null embaixo da cama e destranquei a porta voltando para a cama escondendo meu rosto que estava com pouca maquiagem.
- Quem estava aqui? – Ela perguntou entrando no quarto como um furacão.
- Ninguém, eu estava aqui sozinha, só estava vendo um vídeo no meu celular.
- Eu ouvi vozes! – Ela disse acusatória.
- Vozes do vídeo! – Disse tentando convencê-la.
- Ok então. – Ela disse meio relutante. – Qualquer coisa estou assistindo televisão. - Ela disse e fechou a porta atrás de si.
Suspirei aliviada e me recompus, mandei mensagem para null e pedi que me esperasse, tirei o roupão e peguei a mochila que ainda estava com os saltos dentro. Arrumei minha cama de modo que parecesse que eu estava deitada,com alguns travesseiros extras, peguei minha bolsa e coloquei dentro da mochila junto com os saltos.
Abri a porta da sacada e um vento forte possuiu meu corpo, apoiei o pé na árvore e desci por ela até pisar na grama molhada no quintal de trás da casa, passei pela lateral e fui correndo até a esquina, dando três batidas no vidro do carro e entrando logo em seguida.
- Essa foi por pouco. – null disse.
- Muito pouco. – Disse ainda tentando me recuperar da pequena corrida.
- Qual foi a desculpa? – null perguntou.
- Eu falei que estava assistindo um vídeo, por isso as vozes. – Disse rindo da desculpa esfarrapada que inventei.
- Essa é a minha garota. – null disse me abraçando de lado.
- Se me permite dizer, você está linda null. – Finn disse tímido no lado de null.
- Faço das palavras de Finn as minhas. – null se pronunciou pela primeira vez.
- Muito obrigada, vocês também estão lindos. – Disse reparando a roupa de Finn e de null que dirigia o carro.
Os meninos conversavam animadamente, enquanto null retocava a minha maquiagem com o carro em movimento. Assim que chegamos à escola. – onde seria o baile. – coloquei meus saltos e peguei minha bolsa, null arrumava seu vestido e null e Finn conversavam de mãos dadas com null. Seguimos para a entrada e eu pude observar casais andando de mãos dadas até a entrada principal, uma grande decoração em branco, azul e amarelo na fachada da escola, olhando tudo aquilo parecia tão normal, tão certo de se fazer e pensar que eu não queria ir por um simples capricho, todos pareciam estar felizes e pensar que eu iria perder tudo isso, era uma noite para se divertir ao lado dos meus melhores amigos.
Entramos pela fachada da escola toda decorada e seguimos pelo corredor branco decorado com fitas em direção ao ginásio, dava para ouvir a música no último volume.
Assim que entramos no ginásio percebi que aquela noite entraria para a história, como eu havia perdido todos os bailes? Estava tudo lindo, todas as pessoas distribuídas pelo ginásio, nos cantos havia mesas, uma grande mesa com comidas infinitas, caixas de som no último volume perto do palco e, claro, duas coroas em cima do palco.
Pegamos uma mesa e logo null e null saíram para cumprimentar os amigos populares e eu fiquei com Finn e null na mesa.
- Eu ainda estou me perguntando por que eu nunca vim em um baile antes? São todos assim? – Eu disse ainda observando cada detalhe.
- Você perdeu porque é tonta e não sabe aproveitar, agora vem, me concede essa dança? – null deixou Finn que conversava com uma das meninas do clube de xadrez e pegou minha mão como um príncipe.
- Bom saber que eu sou sua segunda opção já que Finn está conversando. – Disse com as sobrancelhas arqueadas.
- Sabe como é, o Finn é o mais o meu tipo, você é meio que a reserva. – Ele disse rindo e me puxando para a pista. Uma música animada tocava e eu dançava umas coreografias estranhas que eu e null inventamos na hora.
- Até que você dança bem. – Disse null recuperando o fôlego perdido depois de dançarmos três músicas sem parar.
- Você também dança um pouquinho. – Disse rindo da cara que ele fez.
Quando voltamos para a mesa estavam todos lá, null conversava com Finn e null.
- Estão vendo? Esta garota puritana só precisava de um empurrãozinho para se soltar, depois dessa noite ela vai ficar pior que a gente. – null disse e todos olhavam para mim.
Sentei entre null e null e virei uma bebida vermelha que estava na minha frente de uma vez. Eu tinha acabado de dançar três músicas e estava morrendo de calor.
- Não bebe isso! – null gritou e eu quase cuspi a bebida no como de volta. Quase.
Senti o liquido descer pela minha garganta queimando, o gosto era meio cítrico quase como um drinque tropical. Senti meu corpo esquentar e bati o copo na mesa.
- O que era isso? – Perguntei depois de notar que tinha virado todo o conteúdo do copo.
- Isso. – null disse apontando para o copo. – Era um Sex On The Beach. – Ele disse me olhando com certo interesse.
- Essa é a minha garota. – null disse depois de ver que eu estava bem por ter bebido todo o drink.
Estava me sentindo um pouco entorpecida pela bebida, mas nada demais. null e Finn foram dançar e null havia sumido em um piscar de olhos, sobrando apenas eu e null na mesa.
- Quer? – null me ofereceu seu drink e eu assenti, sorrindo e chegando mais perto de null, que virou o drink em minha boca, sem perder o contato visual. Uma gota escorreu pelo meu queixo e null passou o polegar fazendo um carinho gostoso. Sorri inclinando minha cabeça para o lado e null me encarava fascinado.
A música parou de repente e o diretor subiu ao palco acenando enquanto era aplaudido por todos. Fomos para mais perto do palco e o diretor começou seu discurso.
- Queridos alunos, foi um ano bem sufocante para todos nós, muitas provas, muitos trabalhos, muitas advertências, mas também um ano de muitas amizades, amor e etc. Eu não quero tomar muito o tempo de vocês, só espero que se divirtam e tomem cuidado, pois o mundo lá fora é uma caixinha de surpresas. – Ele disse e todos aplaudiram.
- Como podemos ver, temos muitos meninos e meninas todos lindos aqui está noite, agora, como acontece todo ano, vamos eleger os novos rei e rainha do baile. – Ele disse e todos gritaram empolgados.
- Com 65% dos votos, o rei do baile é null Lewis, pessoal! – null que estava ao nosso lado, subiu a escada lateral do palco e acenou agradecendo.
- Eu gostaria de agradecer a todos que votaram e também, as pessoas que me ajudam todos os dias. – Ele disse saindo de perto do microfone para dar espaço ao diretor.
Assim que null acabou de falar alguma menina gritou ‘’ tira a camisa’’ e todos riram, até mesmo o diretor.
- E a nossa rainha do baile eleita pela terceira vez consecutiva Cindy Peterson. - Uma menina loira com seu vestido rosa cintilante subiu ao palco com dificuldade por causa do salto e logo se recompôs para falar ao microfone.
- Eu gostaria de agradecer aos meus pais por terem pago minha cirurgia no nariz e as minhas amigas por sempre me lembrarem que eu não devo comer carboidrato, obrigada. – Ela disse saindo de perto do microfone dando espaço ao diretor novamente.
- Agora vamos abrir espaço para a dança do rei e da rainha do baile. – O diretor terminou de dizer e logo uma música lenta começou a tocar.
null conduziu Cindy até o centro da pista de dança, ambos dançavam a valsa perfeitamente e eu me perguntava se eu fosse eleita à rainha do baile conseguiria ao menos sair do lugar de tão envergonhada.
- Essa menina parece uma Barbie. – null disse e eu apenas concordei.
A música acabou e todos foram para a pista de dança. Voltamos para a nossa mesa e olhei para meu celular, três e meia da manhã e minha mãe não havia me ligado, ótimo sinal.
- Pessoal, o Logan do time de futebol vai dar uma festa na mansão dele, vamos? – null disse toda animada e eu não duvidaria que ela estivesse meio alterada.
- Eu topo, e o Finn também. – null deu um selinho em Finn, que sorriu concordando.
- Eu também vou. – null disse parando ao meu lado, segurando em minha cintura.
- Eu não sei, acho melhor voltar para casa. – Disse encarando o celular.
- null para, se sua mãe não ligou até agora, ela já está dormindo, vamos, para de drama. – null disse já me puxando pelo braço.
Fomos para o carro e parecia que todos do colégio seguiam para casa de Logan.
A casa era grande e bem iluminada, o som tocava alto e havia pessoas até na calçada.
- Essa festa está lotada. – null disse ao meu lado.
- Está mesmo. – Disse fitando a casa pensando se realmente era uma boa ideia.
Quando entramos na casa, eu pude ver de tudo, caras bêbados cantando em cima do balcão, gente se pegando na escada, tinha até gente na piscina.
Fomos para o bar e pedimos algumas bebidas, null logo achou uma turma de líderes de torcida para conversar, null foi conversar com alguns meninos gatos do time de futebol, e eu, null e Finn ficamos observando a movimentação enquanto estávamos sentados no bar.
- Está se divertindo na sua noite rebelde? – null perguntou me abraçando de lado.
- Sim, só achei que a null iria aguentar mais, ela quase não bebeu. – Disse indignada.
- Meu amor, ela bebeu dois copos de tequila na hora de anunciarem o rei e a rainha do baile. – null disse rindo da provável cara de idiota que eu fiz.
- Então eu acho que a gente tem que se igualar a ela. – Disse com um sorriso convidativo para null.
- Concordo plenamente. – null disse e acenou para o barman. – Quatro copos de tequila, por favor. – null pediu e o barman logo trouxe os copos.
- No três a gente vira. Um, dois, três. – Contei virando o copo. Senti minha garganta queimar e uma onda quente em minha espinha.
- Wow. – null disse antes de bater o copo vazio no balcão do mini bar.
- Pronto para o outro? – Perguntei para ele.
- Sempre. – Disse simplesmente.
Viramos o segundo copo e eu me senti meio tonta. null apareceu querendo e depois de tomar mais um seguimos para a pista de dança e ficamos dançando por um bom tempo até que quando virei para o lado null estava beijando uma menina que eu não tinha a mínima ideia de quem seria, quando virei para procurar null e Finn eles também não estavam lá.
Voltei para o bar e pedi uma cerveja. Eu havia ficado de vela, ótimo jeito de acabar com uma noite.
Segui para a área externa e sentei na beira da piscina, fiquei observando a água balançando pela movimentação dentro da piscina e isso me deixou enjoada.
- O que você está fazendo aqui fora? Cansou de ser selvagem e quer voltar a ser puritana? – null perguntou aparecendo ao meu lado.
- Eu fiquei de vela, então vim fazer par com a cerveja. – Disse encarando a garrafa que estava pela metade.
- Triste, mas talvez você queira fazer par comigo. – null disse estendendo a mão para me ajudar a levantar da borda da piscina.
- Tudo bem. – Disse aceitando sua mão. Eu sabia que null não era uma boa companhia, porém eu não estava em estado são para saber o que era certo ou errado.
Quando entramos pedi para passarmos no bar e pegar mais uma garrafa de cerveja, depois fomos para a pista de dança e ficamos dançando igual retardados no meio das pessoas.
Começou a tocar uma música lenta e null me abraçou pela cintura enquanto eu passei meus braços pelo seu pescoço, juntando mais nossos corpos. Ficamos dançando até eu começar a sentir sono e deitar minha cabeça em seu ombro, deixando minha respiração fraca em seu pescoço, senti null fazer um carinho gostoso em minha cintura, me trazendo mais para perto e logo depois seus lábios estavam tocando os meus, me fazendo perder a pouca sanidade que me restava. A cada momento o beijo se aprofundava mais, assim como a língua de null, me fazendo gemer baixinho entre o beijo. null sorriu e apertou minha cintura de leve.
- Vamos sair daqui? – Sussurrou em meu ouvido, roçando seus lábios em meu pescoço, me enlouquecendo.
- Uhum. – Assenti. Aquilo era o máximo que eu poderia formular naquela situação.
null me abraçou mais uma vez, depositando um beijo em minha bochecha e me puxou para algum lugar. Eu não fazia ideia de onde ele me levava, mas naquele momento nada importava mais, eu só queria que aquela noite acabasse da melhor forma possível, e com null.
null parou por um tempo e trocou poucas palavras com Logan, que estava perto do bar, e assim que eles terminaram null me guiou para as escadas no canto da casa.
- Se divirtam! – Logan gritou e null riu, apertando minha mão e me fazendo sorrir.
Corremos pela escada acima, e eu tropecei duas vezes, o que rendeu muitas risadas, assim que chegamos ao segundo andar, null me puxou para dentro de um quarto e fechou a porta com força, me fazendo assustar e ele rir.
- Agora temos mais privacidade. – Sorri largo para ele e concordei.
- Onde paramos? – Perguntei arqueando minhas sobrancelhas e null me olhou malicioso.
- Tem certeza que não sabe? – Ele foi se aproximando e eu neguei com a cabeça.
- Hum, acho que não, pode me ajudar a lembrar? – null riu baixo e ficou na minha frente, segurando minha cintura e juntando nossos corpos novamente, me apertando com força.
Puxei o ar tentando respirar normalmente e null atacou meu pescoço, deixando leves beijos e sugando cada parte dele. Inclinei minha cabeça para o lado, lhe dando mais espaço e coloquei minhas mãos em sua nuca, acariciando e puxando alguns fios ali.
- Começa assim. – null sussurrou e sugou minha pele com força, me fazendo arfar, segurei sua nuca com mais força e contrai meu quadril mais para frente, chocando com o dele. null continuou me beijando e aquilo já estava passando dos limites da tortura, eu precisava de seus lábios junto aos meus. Puxei sua nuca, tirando seu rosto do meu pescoço e juntei seus lábios nos meus, sentindo seu gosto junto ao da bebida.
- Apressada! Estava gostando do seu cheiro. – null zombou e eu sorri envergonhada, puxando-o novamente para mim.
Ele começou a passar sua mão pela lateral do meu corpo, massageando e apertando algumas partes, e assim que perdemos o fôlego em mais um dos beijos, null tirou seu smoking e jogou-o em algum lugar daquele quarto. Passei minhas mãos em seu abdômen por cima da camisa e comecei a desabotoar os botões o mais rápido possível, eu precisava de mais contato com ele, e aquelas roupas estavam me incomodando mais do que tudo. Assim que tirei sua camisa por completo, analisei seu abdômen mais do que definido e mordi meus lábios gostando da visão, não perdi tempo e logo minhas mãos estavam passando por aquela área dos Deuses. Avancei no pescoço de null e depositei chupões ali, me deliciando com sua pele macia e seu cheiro másculo, uma mistura de perfume, suor e seu cheiro natural. null gemeu assim que mordisquei sua orelha, me fazendo sorrir e começou a apertar minhas coxas, levantando a direita e colando-a na altura de sua cintura, peguei impulso e contornei sua cintura com minhas pernas me segurando em seu pescoço. null tirou deus sapatos desajeitadamente, tomando cuidado para não nos fazer cair e eu balancei meus pés jogando meus saltos longe.
- null, eu preciso de você. – O jogador falou entre mais um beijo e eu sorri. Ser desejada da mesma forma que eu estava desejando-o estava sendo maravilhoso.
null me deixou na cama e desabotoou suas calças, me fazendo sorrir largo ao ver seu volume bem evidente em sua box preta. Levantei meu corpo, ficando de joelhos na cama e me virei de costas para null tentando abrir meu vestido.
- Abre pra mim? – Perguntei virando meu rosto para ele e sorrindo ao ver seu olhar em mim, null assentiu engolindo em seco e se aproximou colocando uma de suas mãos em minha cintura e a outra no zíper, descendo lentamente, assim que o zíper foi aberto null desceu uma das mangas do vestido e beijou meu ombro me fazendo soltar o ar, o jogador beijou toda a área e depois fez o mesmo com o outro ombro, abaixando totalmente o vestido, me movimentei atrapalhadamente e tirei o resto do vestido com os pés, jogando-o para fora da cama. Me virei para null e ele me deitou lentamente na cama, deixando suas mãos na lateral do meu corpo e sorrindo para mim.
- Você é linda null. – Fiquei vermelha ao mesmo tempo, era idiotia ter essa reação naquele momento, mas ele me olhava tão profundamente que foi impossível não ficar um pouco vermelha, puxei-o para mais um beijo e logo sua língua estava novamente se misturando a minha. null começou a roçar suas pernas nas minhas e eu entrelacei as minhas junto às dele, me sentindo a cada momento mais perto dele, sentindo seu calor e a testuda de sua pele. Apertei seus bíceps com força quando null puxou meu lábio inferior e inclinei meu tronco mais para cima, lhe dando espaço para tirar meu sutiã, ele reparou o que eu queria e roçou seus lábios aos meus, enquanto uma de suas mãos agia lentamente atrás de mim, null desabotoou o fecho do sutiã, passou pelos meus braços e jogou-o fora, encarando meu rosto por um tempo e sorrindo malicioso, começando a apertar minha cintura com força e subindo uma de suas mãos para a lateral de baixo do meu seio esquerdo, massageando ali e me encarando, arfei e choquei nossos quadris, sentindo a ereção de null em minha virilha.
- null? – null pronunciou chamando minha atenção e eu voltei meu olhar ao seu. – Eu preciso de você, agora. – null falou firme e me puxou para mais um beijo, dessa vez muito mais quente do que qualquer outro. null desceu suas mãos pelo meu corpo e apertou minha bunda com força, beijei seu pescoço e posicionei minhas mãos em suas costas, arranhando-as de leve. Dali em diante tudo parecia em câmera lenta e o quarto cada vez menor.
...
Acordei com a luz do sol no meu rosto e logo senti uma dor de cabeça latejante. Tentei levantar, mas fui impedida por um braço em minha cintura, me apoiei pelos cotovelos para me mexer na cama para ver quem estava deitado atrás de mim e vi null dormindo encantadoramente grudado a mim, desabei na cama e coloquei a mão no rosto para tentar despertar melhor.
- O que aconteceu ontem à noite? - Disse soltando o ar e sentindo minha cabeça latejar mais forte.
FIM
Oi gente, pra começar, queríamos agradecer por terem chegado até aqui, e esperamos que tenham gostado!
Não vamos ocupar muito o tempo de vocês, mas sejam sinceras aqui nos comentários, queremos saber o que vocês acharam, pois fizemos essa short com muito carinho.
Obs: queremos saber quem são os pps de vocês também (emoji de cara safada)
É isso, até a próxima pessoal!
Contato: @fckswilkin e @p0rraparker
Xoxo-A