Capítulo Único
tinha certeza que um dia todo seu esforço valeria a pena. Não havia sido uma ou duas vezes que ele negara os convites de amigos o chamando para festas, e cada vez que ele tinha que dizer não por se sentir física e psicologicamente cansado, se perguntava se estava no caminho certo em direção ao seu sonho e o de seu pai.
O garoto possuía quinze anos quando se viu perdido por conta da morte de seu progenitor, e toda sua família se encontrava da mesma maneira, fazendo com que nenhum deles conseguisse ser o apoio que o outro precisava. Mas sempre que se sentia sozinho, lembrava que tinha ela consigo desde os treze anos.
nunca esqueceria da primeira vez que havia colocado os olhos em , quando a garota sorridente desceu de um carro vermelho, ficando uns dois minutos olhando toda a rua antes de começar a ajudar seus pais com a mudança. , que até então estava olhando tudo pela janela do quarto, desceu as escadas correndo e informando os pais e os irmãos sobre os novos vizinhos.
Alicia, sua mãe, sendo amigável como era logo tratou de falar com os moradores do outro lado da rua, conversa que acabou com um jantar de cortesia para eles na casa da família .
Desde aquela noite, sentia que havia virado sua âncora. Engataram em uma amizade que resultou em um namoro precoce com enorme duração, já que os dois, após seis anos da data onde haviam começado a namorar, ainda estavam juntos.
O garoto se sentia orgulhoso por ter seguido com o sonho de seu pai em relação ao futebol. Tinha passado por todas as categorias do Instituto Córdoba desde 2003, ano que havia ingressado no time juvenil do mesmo. Em 2011 havia subido para o time principal, e sabia que aquilo só havia sido possível graças a sua namorada e sua mãe, que em momento algum haviam o deixado desistir de seu sonho.
estava ansioso enquanto encarava o chão da sala de sua casa. Havia recebido uma ligação mais cedo que garantia todo o futuro e rumo de sua carreira, e ele não via à hora de conversar com a namorada sobre o que tinha acontecido. Pareceram horas quando a porta da frente finalmente se abriu e uma totalmente coberta de blusas surgiu. Ela usava por cima de todas as blusas um casaco vermelho, uma legging preta e uma bota com a mesma cor da calça. O cabelo estava solto e ela parecia tremer de frio.
– Oi, amor – ela disse sorrindo quando viu o namorado se aproximar. Havia avisado que iria do serviço direto para a casa dele, e como ela tinha a chave por ordem de sua sogra, o namorado a mandara entrar direto, já que não sabia se estaria em casa. Esticou-se na ponta dos pés e se apoiou no peito dele para lhe dar um selinho, que foi retribuído de maneira dura, fazendo com que a garota fizesse uma careta confusa encarando . – Aconteceu alguma coisa?
– Aconteceu – mordeu o lábio apreensivo. – Depois falamos disso. Como foi seu dia?
– Foi bom – respondeu enquanto se livrava dos sapatos. a ajudou a tirar os três casacos que usava e logo eles seguiram para a cozinha. – Lá fora está um frio insuportável, por sorte eu tinha mais uma blusa na minha mochila. Como foi o treino? – mudou de assunto rápido demais, como ela fazia desde sempre. Alicia brincava dizendo que a garota era ligada na tomada 220, e apesar de ser apenas uma piadinha, parecia ser muito real.
– Não fui pro treino, o técnico me dispensou.
– Por quê? – ela perguntou confusa enquanto pegava uma caixa de leite dentro da geladeira. Em seguida pegou o achocolatado e colocou ambas as embalagens em cima da mesa, logo indo até seu namorado e passando os braços por sua cintura. – Anda, responde. O que houve?
suspirou e abaixou o olhar para encontrar os olhos de . Ela parecia sorrir com os olhos, igual sempre havia sido: a garota doce que sempre havia o segurado. Sempre havia sido sua âncora desde que se conheceram e ele nunca poderia se imaginar sem ela.
– Recebi uma proposta de um time.
demorou alguns segundos para falar alguma coisa, mas logo retirou os braços da cintura do namorado e se jogou no pescoço do mesmo, em uma clara reação de felicidade. Começou a distribuir beijos pelo rosto do outro, enquanto suas risadas se misturavam, deixando o ambiente instantaneamente mais leve.
– Isso é muito bom! Meu Deus, eu disse que você conseguiria amor! Esse é só o começo!
puxou a garota pela nuca enquanto colava seus lábios um no outro, se sentindo muito bem pelo apoio da garota. Segurou-a pela cintura, colando seus corpos, e não demorou muito para que cortassem o beijo com falta de ar. Ele escondeu o rosto na curvatura do pescoço dela, distribuindo alguns beijos por ali antes de levantar o rosto.
– Por mais que o convite já esteja entendido, quero que venha comigo. Pra todo lugar, sempre.
– Ir com você? – ela questionou confusa; O sorriso sempre presente sumindo gradativamente do rosto. – Onde fica esse clube? Aliás, qual é o time?
– Palermo. Na Itália.
arregalou os olhos, se sentindo a maior burra do universo, mas em nenhum momento pensou que o clube poderia ser fora da Argentina, por mais óbvio que aquilo fosse. Era quase impossível a sorte estar a favor deles dois daquela maneira, mas… ela sabia que havia nascido para brilhar, mas nunca, desde que estava com ele, havia pensado na possibilidade de um dia ele ter que sair do país. Pensava neles dois juntos, morando em Buenos Aires enquanto ele jogava por um grande time e ela trabalhava em um ótimo lugar como jornalista esportiva. Um casamento, dois filhos e três cachorros, em uma enorme casa na capital argentina, mas a ficha havia acabado de cair. A vida não era um conto de fadas.
– Vem comigo, – a voz do menino voltou a falar quando viu que ela estava perdida em pensamentos. O nervosismo começava a voltar e ele tentava, por mais difícil que fosse, se controlar e passar segurança para a namorada. – Eu tenho um pouco de dinheiro guardado e vou ganhar mais com o contrato. A gente dá entrada numa casa e vamos pagando aos poucos… Você pede transferência da faculdade e nós…
– … – ela interrompeu o monólogo do garoto. – Eu não posso… simplesmente largar tudo e mudar de país com você. Eu mal terminei o ensino médio, acabei de entrar na faculdade e você sabe que eu estava querendo ir cursá-la em Buenos Aires. Isso é loucura. Eu tenho um emprego aqui, o que eu iria fazer lá? Ser a namorada de um jogador famoso? Você sabe que isso não é pra mim.
– Você pode… arranjar outro, eu te ajudo. – ele murmurou enquanto segurava o rosto dela com as duas mãos. Olhou para os olhos da menina que pareciam transbordar tristeza e se perguntou se os dele também estavam daquela maneira. – Eu não consigo fazer isso sem você.
Aquilo soava como uma despedida. E foi naquele momento que descobriu mais uma coisa: namoros adolescentes realmente não duravam.
Tantas pessoas já haviam dito aquilo para ela, e ela nunca havia acreditado. Dizia que eles eram diferentes e que era amor. E realmente era, mas… Aquilo era o ápice. Ela não podia fazer aquilo consigo mesma.
– Você consegue – ela respondeu e limpou a lágrima discreta que escorreu do olho do namorado. – E eu também. Você não imagina o quanto eu te amo e o quanto me dói pensar em nós dois separados. Nós estivemos juntos todos esses anos sendo o apoio que o outro precisava, mas não sei… Isso me parece absurdo. Eu também preciso pensar em mim e no meu futuro, e apesar de achar que ele está traçado com você, tenho certeza que não é na Itália que eu vou encontrá-lo.
Ela não se deu conta, mas quando terminou de falar ambos já estavam chorando e aquilo parecia bizarro, já que há minutos atrás felicidade era o que o casal mais exalava. Os olhos de estavam com o fundo avermelhado, assim como o nariz do garoto. As mãos, que ainda permaneciam no rosto de , começaram um leve carinho, tornando o clima da pequena cozinha totalmente melancólico. A morena se inclinou um pouco para frente, selando seus lábios e guiando as mãos para abraçar o tronco do até então namorado.
– Podemos continuar juntos. A distância não vai nos atrapalhar.
sorriu fraco com a perseverança do rapaz e assentiu fraco, abaixando o rosto para olhar o piso da cozinha.
– Podemos continuar juntos.
CINCO ANOS DEPOIS.
– Bom dia, meu amor! – a voz de soou animada enquanto se espreguiçava e olhava para o outro lado da cama.
Buddy soltou um latido animado e continuou deitado com a língua de fora enquanto encarava a animação da dona.
Como sempre fazia ao acordar, pegou o retrato ao lado da cama e encarou a linda foto tirada há alguns anos e sorriu enquanto acariciava o vidro com o dedão, como se o momento que ali estava registrado pudesse voltar.
– Bom dia, mãe e pai – ela disse feliz para o retrato. – Hoje é o dia da minha transferência. Vai ser um bom dia. Por favor, estejam comigo.
O acidente do casal havia acontecido há quatro anos e meio, quando a filha de ambos ainda namorava , apesar da grande distância dos dois. Eles estavam indo para Buenos Aires visitar a filha que havia se mudado, quando um caminhão cruzou a pista, fazendo o carro da família capotar. O terrível acidente deixou dois mortos: o motorista do caminhão e o pai da garota. Já sua mãe estava em coma desde então.
Na época, a garota ainda tinha o namorado e melhor amigo ao seu lado, e ele havia sido, como sempre, sua âncora. As ligações de madrugada haviam se tornado algo constante, assim como as viagens relâmpago que aconteciam da Europa para a América.
Até o momento que acabou. Quando completaram nove meses da partida do homem, as coisas começaram a ficar estranhas, e apesar de ambos saberem que aquilo não iria mais dar certo, não tiveram coragem de terminar aquele relacionamento de anos, mas quando vazaram fotos de beijando uma italiana em uma balada, se arrependeu de não ter dado um fim quando realmente havia o percebido: no dia que ele lhe contara sobre a ligação.
– Como está se sentindo? Ansioso? – ela perguntou para o cachorro, enquanto encarava-o pelo enorme espelho do quarto. Como se entendesse algo, o bulldog soltou um latido, fazendo com que a dona abrisse um enorme sorriso antes de continuar: – Eu também ‘tô animada. Nós iremos nos mudar pra Portugal, tem noção disso, Buddy? Eles dizem que os portugueses são bem… bonitos, mas isso não é o tipo de coisa que eu deva conversar com você e sim com a Layla – continuou o monólogo enquanto ia recolhendo todas as coisas que precisaria para tomar um banho relaxante. – Falando na Layla, ela disse que vem aqui hoje com a Amora pra vocês se despedirem. Vou tomar banho, Buddy, comporte-se!
O cachorro soltou mais um latido, arrancando uma risadinha da dona enquanto a mesma entrava no banheiro de sua suíte. Ligou as torneiras da banheira para ir enchendo enquanto ela se despia e procurava os saches que havia comprado previamente.
Quando a banheira encheu, desligou as torneiras e despejou alguns sais de banho, balançando a água com o braço para que eles se espalhassem melhor.
Entrou na banheira e soltou um suspiro de satisfação quando seu corpo estava totalmente coberto pela água quente e os sais relaxantes.
Portugal. Quem diria, huh?, ela pensou.
sempre havia tido o sonho de trabalhar como jornalista no ramo do futebol, mas nunca havia acreditado que iria tão longe. Hoje, com 24 anos, era formada e trabalhava para a ESPN. Seus chefes haviam gostado tanto do trabalho, que ofereceram uma efetivação, e junto a ela uma casa em Portugal. Soube que aceitaria assim que a proposta foi feita, porém obviamente houve um pequeno receio em se mudar para um país desconhecido, que logo foi superado, afinal, a garota nunca havia sido muito de drama e sabia que uma oportunidade como aquela era mais que especial para sua carreira e para sua vida pessoal. Claro que até dar a notícia para Layla, sua melhor amiga, só havia pensado no profissional, mas quando a ruiva começou a mostrar alguns portugueses pelo aplicativo do Tinder, as coisas se tornaram definitivamente mais interessantes.
Pendeu a cabeça para trás e agradeceu mais uma vez aos seus pais por estarem com ela em todos os momentos. Em questão de segundos escutou o barulho da campainha e lembrou-se de Layla, que havia combinado de ir se despedir da amiga. Levantou-se da banheira e alcançou a toalha em cima da pia, logo se enxugando e indo atender a morena.
DUAS SEMANAS DEPOIS.
suspirou de alívio quando finalmente pode se sentar na enorme cama do hotel italiano que a ESPN havia reservado para ela. Fazia duas semanas que estava morando em solo europeu e as coisas não poderiam estar melhores.
Ah, poderiam sim. Se o seu chefe não tivesse a escalado para cobrir o jogo da Juventus contra o Cagliari na Itália. Não tinha problemas em viajar para trabalhar, aliás, até que estava adorando aquela pequena tour que estava fazendo pela Europa nos poucos dias que estava por ali. Mas, na verdade, seu real medo era reencontrar quem por tanto tempo havia sido seu porto seguro e hoje não passava de… apenas mais uma decepção. Uma decepção com boas lembranças e ótimos momentos, mas ainda assim uma decepção.
Abaixou-se e pegou a caixa onde Buddy estava, o soltando em seguida. Brincou um pouco com o cachorro e depois seguiu em direção ao banheiro, com a intenção de tomar um banho antes de pedir algo para jantar. O jogo aconteceria no outro dia e a mulher queria estar o mais relaxada possível para fazer seu trabalho, já que apesar de receosa em relação ao ex-namorado, nunca poderia falhar com o serviço dos sonhos que já havia lhe permitido tantas coisas.
UM DIA DEPOIS
O jogo havia acontecido. O tão temido jogo, que estava fazendo dormir de forma péssima há dias, finalmente havia acontecido, e a garota não poderia estar mais feliz ao não dar de cara com o ex-namorado na zona de entrevista. Aquilo parecia algo incrível, já que a sorte parecia realmente estar ao seu favor nos últimos dias. Iria voltar para Portugal sem vê-lo, no final, e isso não poderia ser melhor.
Não que a mulher nutrisse algum tipo de ódio pelo homem, mas não sabia como reagiria ao vê-lo depois de tanto tempo.
Quando voltou para o hotel, a primeira coisa que fez foi trocar de roupa e colocar uma coleira em Buddy para aproveitar o final da tarde italiana. O relógio marcava cinco e meia da tarde e o sol ainda parecia longe de se pôr, fazendo com que aquele fosse um momento perfeito para levar seu fiel escudeiro para uma caminhada, já que tudo que o bulldog havia feito desde que chegaram na Itália era ficar dentro do enorme quarto do hotel.
– Você precisa se comportar, Buddy – ela o informou enquanto estavam dentro do elevador. – Nada de arranjar briga ou sair correndo, você sabe como é difícil para a mamãe te alcançar, não sabe? Hein?
O cachorro soltou um latido animado, fazendo com que a dona sorrisse orgulhosa e arrumasse a postura antes de o elevador apitar, avisando que já estavam no térreo.
– Podemos ir nesse parque aqui, né? Parece ótimo – ela comentou alheia enquanto andava e olhava o mapa que havia pegado na recepção. O mesmo mostrava todos os arredores do hotel, o que a garota, que sempre se perdia em suas viagens, havia achado incrível e inovador. – Mas antes a gente bem que podia comprar alguma coisa pra comer, né? Aqueles amendoinzinhos do estádio estavam horríveis, não comi nenhum, acredita? Isso que eles dizem que são…
– ? ?
Ela conhecia aquela voz. Puta merda, ela conhecia muito, aquela voz.
Lentamente, a garota se virou para trás, dando de cara com .
Ninguém mais, ninguém menos do que .
Seu ex.
Que por tanto tempo ela achava que era seu grande amor.
Que por tanto tempo havia sido seu porto seguro.
Mas ainda era o mesmo que havia a traído.
E que era para ela ter encontrado em um estádio enorme e não em uma rua qualquer nos seus últimos momentos na Itália.
Sorte infeliz, ela pensou enquanto pensava em algo para falar, sentindo a garganta fechar quando o olhou por inteiro, depois de cinco anos.
Ele ainda era bonito igual sempre havia sido, mas agora parecia estar… diferente. Mas, definitivamente, ainda bonito. sentiu o coração acelerar quando se desencostou do carro preto e tirou os óculos de sol, se culpando mentalmente pelo feito. Aquelas reações não eram aceitáveis.
– Oi – ela murmurou nervosa, dando um risinho sem graça. O universo estava parecendo muito traidor àquela altura. – Nossa, quanto… tempo, né?
– Não… não acredito nisso! – ele deu alguns passos para frente, vencendo a distância e ficando cara a cara com a garota. – O que você está fazendo aqui? – questionou nervoso, mordendo o lábio inferior em seguida. – Eu... achei que nunca mais iria te ver.
E o modo morno que ele usou para dizer aquelas palavras fizeram a mágoa que ela usava para mascarar os outros sentimentos sumir. E a fizera perceber, depois de tanto tempo, que os outros sentimentos ainda existiam.
– É, eu… hm… vim à trabalho – respondeu nervosa, torcendo os dedos das mãos e com o coração ainda acelerado. – E você?
– Eu moro aqui – respondeu óbvio, arqueando a sobrancelha. – Já faz um tempo.
apenas assentiu, fazendo o clima ficar mais tenso do que já estava. desceu o olhar para o cachorro que acompanha a morena e logo se abaixou para acariciar o animal, questionando a garota em seguida:
– E quem é esse garotão?
– Esse é Buddy – respondeu fazendo uma careta e brigando com o cachorro mentalmente quando ele colocou a língua para fora, claramente aprovando o carinho que era feito. – Ele é meu fiel escudeiro.
sorriu, lembrando-se automaticamente de como a garota era apaixonada por animais. Podia recordar perfeitamente de como ela passava mais tempo com Thor, seu golden retriever, do que com ele quando ia visitá-lo.
– Cães sempre são – confirmou e antes que pudesse falar mais alguma coisa apenas porque sentia vontade de falar com a mulher, sentiu dois braços circulando sua cintura.
– Vamos, amor? Já comprei o chocolate.
encarou a garota loira à sua frente, segurou a respiração quando conseguiu reconhecê-la.
Paola Ricci. A garota com que havia a traído.
Merda de sorte.
E os dois ainda fazem um casal bonito, reclamou mentalmente.
– Vamos sim – assentiu mecanicamente, pensando no péssimo time da namorada. Ou talvez o dele, já que Paola não tinha culpa de nada. – Essa é a… . Uma amiga de infância.
Paola arqueou a sobrancelha, imediatamente reconhecendo a morena.
– Prazer, Paola – sorriu simpática, estendendo a mão em forma de cumprimento. – Namorada do .
Que ridículo, a garota pensou, até o nome deles combinam.
– O prazer é meu – apertou a mão da garota e sorriu de volta, mas diferente da loira, abriu um sorriso amarelo.
– Bom, temos que ir – se pronunciou, tentando acabar com o péssimo clima que havia se instaurado. – Foi… foi muito bom te ver de novo, .
Eles se despediram, o casal partindo em direção ao carro preto enquanto os olhava indo embora. Suspirou alto quando perdeu o carro de vista, dando meia volta e voltando de onde saíra: o hotel. Iria pedir um lanche qualquer no restaurante e ir dormir.
UM MÊS DEPOIS
– Poucas pessoas sabem, Buddy, mas é de extrema importância salgar a água fervendo antes de adicionar a massa. Não sei o porquê, a vovó que me ensinou.
O cachorro acompanhava com o olhar enquanto a dona buscava pela cozinha os ingredientes que faltavam. Em cima da ilha o computador tocava a playlist da Shakira no Spotify, fazendo com que dançasse animada enquanto cozinhava.
Após colocar a ração para Buddy, sentou-se à mesa pronta para jantar. Eram raros os finais de semana que ela podia passar em casa, de folga, já que seu chefe vivia pedindo-lhe para acompanhar diversos jogos. Então quando acontecia, o que ela mais queria era comer algo caseiro e ficar tranquila com Buddy no apartamento.
Enquanto jantava aproveitou para dar uma olhada nas suas redes sociais. Não eram raras as vezes em que recebia mensagens de ódio ou até mesmo assédios pelo Twitter, perdeu as contas de quantas vezes chorou por comentários que leu direcionados a ela, mas acabou aprendendo que a melhor solução era ignorar pois confiava no seu trabalho e sabia que o cargo que conquistou foi graças a seu esforço e muito estudo, não a favores que havia feito para seu chefe. Sempre pensava no quão ridículo era aquilo, afinal, por que mulher no mundo do futebol causava tanto alvoroço?
Estava apenas descendo a timeline do twitter com uma mão enquanto usava a outra para enrolar o macarrão no garfo e comer. Quase engasgou quando, em meio a tantas coisas banais, encontrou algo… especial:
“LA JOYA TERMINOU O NAMORO?
O jogador da Juventus estaria solteiro pela primeira vez depois de 5 anos de relacionamento? Saiba mais clicando no link… ”
Sentindo seu coração acelerar mais (e se perguntando se aquilo era possível), não pensou duas vezes antes de clicar no link depois de averiguar se o site era ou não de confiança:
“ e Paola Ricci não estão mais juntos. Após 5 anos de relacionamento, a assessoria do jogador confirmou hoje os boatos de que ele estaria solteiro pela primeira vez após ingressar no time italiano. Não foram divulgados os motivos do término, porém na madrugada passada o jogador foi visto na balada La Cabala, situada em Roma.Confira as fotos.”
Após finalizar a matéria, toda a fome que ela estava sentindo sumiu repentinamente. Engoliu a seco e sentiu um bolo se formando na garganta, junto com uma vontade estranha e repentina de chorar.
Você não pode chorar mais por ele, ela disse para si mesma quando lembrou-se de como havia ficado devastada quando leu a matéria referente a traição de . Lembrou-se também do garoto ligando desesperadamente assim que a primeira matéria saiu, tentando se explicar e dizendo que só havia ido comemorar uma vitória com os amigos e acabou bebendo mais do que deveria. , que já sentia que o que ambos tinham não era mais um namoro, terminou de vez a relação, dizendo para si que o sentimento que tinham já não existia mais.
Porém, quando reencontrou , notou o quanto ele ainda mexia com seu coração, diferentemente do que ela havia tentado colocar em sua mente. Não pôde evitar pensar que agora nenhum dos dois era adolescente. Ambos já eram adultos, tinham duas vidas e talvez… Talvez aquilo pudesse dar certo.
O celular apitou em uma notificação e não conseguiu conter o riso quando leu as letras garrafais que estavam ao lado do ícone do instagram: começou a seguir você.
DOIS MESES DEPOIS.
Os dedos de já estavam esbranquiçados devido à força que ela fazia para carregar as sacolas plásticas com as compras que havia feito no mercado da esquina.
Há dois dias ela havia recebido uma ligação dos médicos que cuidavam do estado de sua mãe, dizendo que o quadro dela havia tido algumas melhoras e que a garota precisava ir até Buenos Aires o mais urgente possível.
E lá estava ela.
Em Buenos Aires, no seu antigo apartamento enquanto fazia um enorme esforço para carregar todas aquelas sacolas e segurar a coleira de Buddy ao mesmo tempo. Não que aquilo fosse frustrante para o cachorro, já que no segundo em que a porta do elevador se abriu ele saiu correndo e latindo feliz, enquanto ficava para trás toda atrapalhada.
– Buddy! – ela exclamou enquanto ia atrás do cachorro até o final do corredor. – Eu já não disse pra você não… ?! – ela soltou em um misto de pergunta e exclamação assim que levantou a cabeça e viu o jogador ajoelhado enquanto fazia um leve carinho atrás das orelhas do cachorro. – O que você… como… como você entrou aqui?
– Acho que seu porteiro acompanha o campeonato italiano… – deu de ombros enquanto sorria tímido, mas assim que notou que a expressão da garota não havia mudado, mordeu os lábios, nervoso. – Eu posso entrar? Pra conversar?
– Não temos nada para conversar, . Como você sabia que eu estaria na Argentina? – questionou irritada, e de repente o peso das sacolas já não parecia ser mais um problema.
– Eu vim visitar meus pais, não ‘to te seguindo, se é o que você pensa. Minha mãe disse que você estaria aqui e bem… Buenos Aires não é exatamente longe da nossa cidade.
– Sua cidade – ela comentou seca. – Eu não nasci em Laguna Larga.
– Claro – riu nervoso de desespero. Nunca havia visto a garota ser seca com ele daquela maneira, e aquilo realmente estava o assustando... – , você sabe que a gente precisa conversar… por favor.
Relutante, a garota olhou para Buddy, como se procurasse na expressão do bulldog o que ele achava daquilo. Concluiu, ao ver o rosto de satisfação do cachorro ao estar perto do homem, que até que uma conversa não seria tão ruim.
E, afinal, não era como se ela não quisesse há um bom tempo, mas ela se sentia tão… burra. Parecia que estava perdoando-o fácil demais.
Se toca, , disse pra si mesma, Ninguém está perdoando ninguém, isso é só uma conversa.
Quando a garota assentiu, ainda receosa, pegou as sacolas de sua mão e ela se adiantou em abrir a porta. Buddy correu na frente dos dois e tratou de ir até seus brinquedos para pegar uma bolinha laranja e levar até .
– Agora não, Buddy – disse ao cachorro enquanto o homem colocava as sacolas em cima da mesa. – Vai pro quarto. Depois a gente brinca.
Triste, o cachorro abaixou as orelhas e seguiu na direção do quarto. sentiu o coração cortar com a visão, mas logo se lembrou o motivo pelo qual estava fazendo aquilo.
A mulher indicou a sala com a mão e os dois seguiram na direção da mesma, sentando-se no sofá em seguida.
passou os olhos por todo ambiente, constatando que ainda era o mesmo desde a última vez que ele havia pisado no local.
– Então…?
– Eu venho pensando muito em nós. O que vivemos e tudo mais… – mordeu o lábio receoso. – Confesso que o que aconteceu na Itália foi um gatilho para essas memórias. Sinto sua falta, , na verdade sempre senti.
– E o que você acha que isso muda entre a gente?
– Eu não sei, eu… Na verdade eu não pensei nessa parte – coçou a nuca, confuso. – É que quando minha mãe me falou que você tava aqui, eu só pensei que… que podia ser a nossa chance.
– Chance do quê, ? – a garota gritou, já sentindo as lágrimas brotando no canto dos olhos. – Nós já tivemos a nossa chance e você estragou isso. Não é justo você vir aqui agora e falar umas dez palavras bonitinhas sobre saudade e achar que vai ficar tudo bem, porque não vai! Acho que você se enganou com a fama e pensa que pode ter tudo o que quer, mas eu não sou um objeto que você vai ter a hora que quiser!
– Nunca te encarei dessa forma, … – disse chateado. – Eu sei que nada que fiz em relação a nós depois da Itália foi certo. E você até que tem razão, eu me deixei levar um pouco pela a fama mesmo, mas hoje eu percebo que nem toda a fama e todo o dinheiro do mundo valem o que você vale pra mim.
A garota sentiu o coração derreter e as lágrimas que tanto segurava finalmente se fizeram livres. Amava . Amava tanto que chegava a doer.
Mas, às vezes, nem só amor bastava.
– Eu… eu… por muito tempo eu fiquei me perguntando o que havia acontecido para você fazer o que fez, sabe? Se eu tinha feito algo errado ou… sei lá. Eu só não queria admitir que logo você, praticamente a pessoa mais importante da minha vida, fosse capaz de me magoar tanto. Mas agora eu vejo que o único culpado foi você. E eu não posso te perdoar por isso.
Assim que ergueu a cabeça para finalmente encarar o garoto, viu uma gorda lágrima escorrendo por sua bochecha e a cabeça se movendo para cima e para baixo em sinal de afirmação.
Levantou-se e olhou uma última vez para , mordendo o lábio antes de abrir um sorriso fraco e seguir em direção a porta. Chamou o elevador e não demorou muito para o mesmo chegar.
agradeceu quando viu que não teria companhia, se encostando na parede e encarando o teto de metal, pensando na besteira que havia feito ao ir até ali.
Que merda ele tinha na cabeça, afinal?
– !
Ele encarou o corredor à sua frente, dando de cara com uma esbaforida. As portas do elevador começaram a se fechar, porém, antes que estivesse totalmente preso dentro do mesmo, pôde ouvir a garota sussurrar:
– Amo você.
O garoto possuía quinze anos quando se viu perdido por conta da morte de seu progenitor, e toda sua família se encontrava da mesma maneira, fazendo com que nenhum deles conseguisse ser o apoio que o outro precisava. Mas sempre que se sentia sozinho, lembrava que tinha ela consigo desde os treze anos.
nunca esqueceria da primeira vez que havia colocado os olhos em , quando a garota sorridente desceu de um carro vermelho, ficando uns dois minutos olhando toda a rua antes de começar a ajudar seus pais com a mudança. , que até então estava olhando tudo pela janela do quarto, desceu as escadas correndo e informando os pais e os irmãos sobre os novos vizinhos.
Alicia, sua mãe, sendo amigável como era logo tratou de falar com os moradores do outro lado da rua, conversa que acabou com um jantar de cortesia para eles na casa da família .
Desde aquela noite, sentia que havia virado sua âncora. Engataram em uma amizade que resultou em um namoro precoce com enorme duração, já que os dois, após seis anos da data onde haviam começado a namorar, ainda estavam juntos.
O garoto se sentia orgulhoso por ter seguido com o sonho de seu pai em relação ao futebol. Tinha passado por todas as categorias do Instituto Córdoba desde 2003, ano que havia ingressado no time juvenil do mesmo. Em 2011 havia subido para o time principal, e sabia que aquilo só havia sido possível graças a sua namorada e sua mãe, que em momento algum haviam o deixado desistir de seu sonho.
estava ansioso enquanto encarava o chão da sala de sua casa. Havia recebido uma ligação mais cedo que garantia todo o futuro e rumo de sua carreira, e ele não via à hora de conversar com a namorada sobre o que tinha acontecido. Pareceram horas quando a porta da frente finalmente se abriu e uma totalmente coberta de blusas surgiu. Ela usava por cima de todas as blusas um casaco vermelho, uma legging preta e uma bota com a mesma cor da calça. O cabelo estava solto e ela parecia tremer de frio.
– Oi, amor – ela disse sorrindo quando viu o namorado se aproximar. Havia avisado que iria do serviço direto para a casa dele, e como ela tinha a chave por ordem de sua sogra, o namorado a mandara entrar direto, já que não sabia se estaria em casa. Esticou-se na ponta dos pés e se apoiou no peito dele para lhe dar um selinho, que foi retribuído de maneira dura, fazendo com que a garota fizesse uma careta confusa encarando . – Aconteceu alguma coisa?
– Aconteceu – mordeu o lábio apreensivo. – Depois falamos disso. Como foi seu dia?
– Foi bom – respondeu enquanto se livrava dos sapatos. a ajudou a tirar os três casacos que usava e logo eles seguiram para a cozinha. – Lá fora está um frio insuportável, por sorte eu tinha mais uma blusa na minha mochila. Como foi o treino? – mudou de assunto rápido demais, como ela fazia desde sempre. Alicia brincava dizendo que a garota era ligada na tomada 220, e apesar de ser apenas uma piadinha, parecia ser muito real.
– Não fui pro treino, o técnico me dispensou.
– Por quê? – ela perguntou confusa enquanto pegava uma caixa de leite dentro da geladeira. Em seguida pegou o achocolatado e colocou ambas as embalagens em cima da mesa, logo indo até seu namorado e passando os braços por sua cintura. – Anda, responde. O que houve?
suspirou e abaixou o olhar para encontrar os olhos de . Ela parecia sorrir com os olhos, igual sempre havia sido: a garota doce que sempre havia o segurado. Sempre havia sido sua âncora desde que se conheceram e ele nunca poderia se imaginar sem ela.
– Recebi uma proposta de um time.
demorou alguns segundos para falar alguma coisa, mas logo retirou os braços da cintura do namorado e se jogou no pescoço do mesmo, em uma clara reação de felicidade. Começou a distribuir beijos pelo rosto do outro, enquanto suas risadas se misturavam, deixando o ambiente instantaneamente mais leve.
– Isso é muito bom! Meu Deus, eu disse que você conseguiria amor! Esse é só o começo!
puxou a garota pela nuca enquanto colava seus lábios um no outro, se sentindo muito bem pelo apoio da garota. Segurou-a pela cintura, colando seus corpos, e não demorou muito para que cortassem o beijo com falta de ar. Ele escondeu o rosto na curvatura do pescoço dela, distribuindo alguns beijos por ali antes de levantar o rosto.
– Por mais que o convite já esteja entendido, quero que venha comigo. Pra todo lugar, sempre.
– Ir com você? – ela questionou confusa; O sorriso sempre presente sumindo gradativamente do rosto. – Onde fica esse clube? Aliás, qual é o time?
– Palermo. Na Itália.
arregalou os olhos, se sentindo a maior burra do universo, mas em nenhum momento pensou que o clube poderia ser fora da Argentina, por mais óbvio que aquilo fosse. Era quase impossível a sorte estar a favor deles dois daquela maneira, mas… ela sabia que havia nascido para brilhar, mas nunca, desde que estava com ele, havia pensado na possibilidade de um dia ele ter que sair do país. Pensava neles dois juntos, morando em Buenos Aires enquanto ele jogava por um grande time e ela trabalhava em um ótimo lugar como jornalista esportiva. Um casamento, dois filhos e três cachorros, em uma enorme casa na capital argentina, mas a ficha havia acabado de cair. A vida não era um conto de fadas.
– Vem comigo, – a voz do menino voltou a falar quando viu que ela estava perdida em pensamentos. O nervosismo começava a voltar e ele tentava, por mais difícil que fosse, se controlar e passar segurança para a namorada. – Eu tenho um pouco de dinheiro guardado e vou ganhar mais com o contrato. A gente dá entrada numa casa e vamos pagando aos poucos… Você pede transferência da faculdade e nós…
– … – ela interrompeu o monólogo do garoto. – Eu não posso… simplesmente largar tudo e mudar de país com você. Eu mal terminei o ensino médio, acabei de entrar na faculdade e você sabe que eu estava querendo ir cursá-la em Buenos Aires. Isso é loucura. Eu tenho um emprego aqui, o que eu iria fazer lá? Ser a namorada de um jogador famoso? Você sabe que isso não é pra mim.
– Você pode… arranjar outro, eu te ajudo. – ele murmurou enquanto segurava o rosto dela com as duas mãos. Olhou para os olhos da menina que pareciam transbordar tristeza e se perguntou se os dele também estavam daquela maneira. – Eu não consigo fazer isso sem você.
Aquilo soava como uma despedida. E foi naquele momento que descobriu mais uma coisa: namoros adolescentes realmente não duravam.
Tantas pessoas já haviam dito aquilo para ela, e ela nunca havia acreditado. Dizia que eles eram diferentes e que era amor. E realmente era, mas… Aquilo era o ápice. Ela não podia fazer aquilo consigo mesma.
– Você consegue – ela respondeu e limpou a lágrima discreta que escorreu do olho do namorado. – E eu também. Você não imagina o quanto eu te amo e o quanto me dói pensar em nós dois separados. Nós estivemos juntos todos esses anos sendo o apoio que o outro precisava, mas não sei… Isso me parece absurdo. Eu também preciso pensar em mim e no meu futuro, e apesar de achar que ele está traçado com você, tenho certeza que não é na Itália que eu vou encontrá-lo.
Ela não se deu conta, mas quando terminou de falar ambos já estavam chorando e aquilo parecia bizarro, já que há minutos atrás felicidade era o que o casal mais exalava. Os olhos de estavam com o fundo avermelhado, assim como o nariz do garoto. As mãos, que ainda permaneciam no rosto de , começaram um leve carinho, tornando o clima da pequena cozinha totalmente melancólico. A morena se inclinou um pouco para frente, selando seus lábios e guiando as mãos para abraçar o tronco do até então namorado.
– Podemos continuar juntos. A distância não vai nos atrapalhar.
sorriu fraco com a perseverança do rapaz e assentiu fraco, abaixando o rosto para olhar o piso da cozinha.
– Podemos continuar juntos.
CINCO ANOS DEPOIS.
– Bom dia, meu amor! – a voz de soou animada enquanto se espreguiçava e olhava para o outro lado da cama.
Buddy soltou um latido animado e continuou deitado com a língua de fora enquanto encarava a animação da dona.
Como sempre fazia ao acordar, pegou o retrato ao lado da cama e encarou a linda foto tirada há alguns anos e sorriu enquanto acariciava o vidro com o dedão, como se o momento que ali estava registrado pudesse voltar.
– Bom dia, mãe e pai – ela disse feliz para o retrato. – Hoje é o dia da minha transferência. Vai ser um bom dia. Por favor, estejam comigo.
O acidente do casal havia acontecido há quatro anos e meio, quando a filha de ambos ainda namorava , apesar da grande distância dos dois. Eles estavam indo para Buenos Aires visitar a filha que havia se mudado, quando um caminhão cruzou a pista, fazendo o carro da família capotar. O terrível acidente deixou dois mortos: o motorista do caminhão e o pai da garota. Já sua mãe estava em coma desde então.
Na época, a garota ainda tinha o namorado e melhor amigo ao seu lado, e ele havia sido, como sempre, sua âncora. As ligações de madrugada haviam se tornado algo constante, assim como as viagens relâmpago que aconteciam da Europa para a América.
Até o momento que acabou. Quando completaram nove meses da partida do homem, as coisas começaram a ficar estranhas, e apesar de ambos saberem que aquilo não iria mais dar certo, não tiveram coragem de terminar aquele relacionamento de anos, mas quando vazaram fotos de beijando uma italiana em uma balada, se arrependeu de não ter dado um fim quando realmente havia o percebido: no dia que ele lhe contara sobre a ligação.
– Como está se sentindo? Ansioso? – ela perguntou para o cachorro, enquanto encarava-o pelo enorme espelho do quarto. Como se entendesse algo, o bulldog soltou um latido, fazendo com que a dona abrisse um enorme sorriso antes de continuar: – Eu também ‘tô animada. Nós iremos nos mudar pra Portugal, tem noção disso, Buddy? Eles dizem que os portugueses são bem… bonitos, mas isso não é o tipo de coisa que eu deva conversar com você e sim com a Layla – continuou o monólogo enquanto ia recolhendo todas as coisas que precisaria para tomar um banho relaxante. – Falando na Layla, ela disse que vem aqui hoje com a Amora pra vocês se despedirem. Vou tomar banho, Buddy, comporte-se!
O cachorro soltou mais um latido, arrancando uma risadinha da dona enquanto a mesma entrava no banheiro de sua suíte. Ligou as torneiras da banheira para ir enchendo enquanto ela se despia e procurava os saches que havia comprado previamente.
Quando a banheira encheu, desligou as torneiras e despejou alguns sais de banho, balançando a água com o braço para que eles se espalhassem melhor.
Entrou na banheira e soltou um suspiro de satisfação quando seu corpo estava totalmente coberto pela água quente e os sais relaxantes.
Portugal. Quem diria, huh?, ela pensou.
sempre havia tido o sonho de trabalhar como jornalista no ramo do futebol, mas nunca havia acreditado que iria tão longe. Hoje, com 24 anos, era formada e trabalhava para a ESPN. Seus chefes haviam gostado tanto do trabalho, que ofereceram uma efetivação, e junto a ela uma casa em Portugal. Soube que aceitaria assim que a proposta foi feita, porém obviamente houve um pequeno receio em se mudar para um país desconhecido, que logo foi superado, afinal, a garota nunca havia sido muito de drama e sabia que uma oportunidade como aquela era mais que especial para sua carreira e para sua vida pessoal. Claro que até dar a notícia para Layla, sua melhor amiga, só havia pensado no profissional, mas quando a ruiva começou a mostrar alguns portugueses pelo aplicativo do Tinder, as coisas se tornaram definitivamente mais interessantes.
Pendeu a cabeça para trás e agradeceu mais uma vez aos seus pais por estarem com ela em todos os momentos. Em questão de segundos escutou o barulho da campainha e lembrou-se de Layla, que havia combinado de ir se despedir da amiga. Levantou-se da banheira e alcançou a toalha em cima da pia, logo se enxugando e indo atender a morena.
DUAS SEMANAS DEPOIS.
suspirou de alívio quando finalmente pode se sentar na enorme cama do hotel italiano que a ESPN havia reservado para ela. Fazia duas semanas que estava morando em solo europeu e as coisas não poderiam estar melhores.
Ah, poderiam sim. Se o seu chefe não tivesse a escalado para cobrir o jogo da Juventus contra o Cagliari na Itália. Não tinha problemas em viajar para trabalhar, aliás, até que estava adorando aquela pequena tour que estava fazendo pela Europa nos poucos dias que estava por ali. Mas, na verdade, seu real medo era reencontrar quem por tanto tempo havia sido seu porto seguro e hoje não passava de… apenas mais uma decepção. Uma decepção com boas lembranças e ótimos momentos, mas ainda assim uma decepção.
Abaixou-se e pegou a caixa onde Buddy estava, o soltando em seguida. Brincou um pouco com o cachorro e depois seguiu em direção ao banheiro, com a intenção de tomar um banho antes de pedir algo para jantar. O jogo aconteceria no outro dia e a mulher queria estar o mais relaxada possível para fazer seu trabalho, já que apesar de receosa em relação ao ex-namorado, nunca poderia falhar com o serviço dos sonhos que já havia lhe permitido tantas coisas.
UM DIA DEPOIS
O jogo havia acontecido. O tão temido jogo, que estava fazendo dormir de forma péssima há dias, finalmente havia acontecido, e a garota não poderia estar mais feliz ao não dar de cara com o ex-namorado na zona de entrevista. Aquilo parecia algo incrível, já que a sorte parecia realmente estar ao seu favor nos últimos dias. Iria voltar para Portugal sem vê-lo, no final, e isso não poderia ser melhor.
Não que a mulher nutrisse algum tipo de ódio pelo homem, mas não sabia como reagiria ao vê-lo depois de tanto tempo.
Quando voltou para o hotel, a primeira coisa que fez foi trocar de roupa e colocar uma coleira em Buddy para aproveitar o final da tarde italiana. O relógio marcava cinco e meia da tarde e o sol ainda parecia longe de se pôr, fazendo com que aquele fosse um momento perfeito para levar seu fiel escudeiro para uma caminhada, já que tudo que o bulldog havia feito desde que chegaram na Itália era ficar dentro do enorme quarto do hotel.
– Você precisa se comportar, Buddy – ela o informou enquanto estavam dentro do elevador. – Nada de arranjar briga ou sair correndo, você sabe como é difícil para a mamãe te alcançar, não sabe? Hein?
O cachorro soltou um latido animado, fazendo com que a dona sorrisse orgulhosa e arrumasse a postura antes de o elevador apitar, avisando que já estavam no térreo.
– Podemos ir nesse parque aqui, né? Parece ótimo – ela comentou alheia enquanto andava e olhava o mapa que havia pegado na recepção. O mesmo mostrava todos os arredores do hotel, o que a garota, que sempre se perdia em suas viagens, havia achado incrível e inovador. – Mas antes a gente bem que podia comprar alguma coisa pra comer, né? Aqueles amendoinzinhos do estádio estavam horríveis, não comi nenhum, acredita? Isso que eles dizem que são…
– ? ?
Ela conhecia aquela voz. Puta merda, ela conhecia muito, aquela voz.
Lentamente, a garota se virou para trás, dando de cara com .
Ninguém mais, ninguém menos do que .
Seu ex.
Que por tanto tempo ela achava que era seu grande amor.
Que por tanto tempo havia sido seu porto seguro.
Mas ainda era o mesmo que havia a traído.
E que era para ela ter encontrado em um estádio enorme e não em uma rua qualquer nos seus últimos momentos na Itália.
Sorte infeliz, ela pensou enquanto pensava em algo para falar, sentindo a garganta fechar quando o olhou por inteiro, depois de cinco anos.
Ele ainda era bonito igual sempre havia sido, mas agora parecia estar… diferente. Mas, definitivamente, ainda bonito. sentiu o coração acelerar quando se desencostou do carro preto e tirou os óculos de sol, se culpando mentalmente pelo feito. Aquelas reações não eram aceitáveis.
– Oi – ela murmurou nervosa, dando um risinho sem graça. O universo estava parecendo muito traidor àquela altura. – Nossa, quanto… tempo, né?
– Não… não acredito nisso! – ele deu alguns passos para frente, vencendo a distância e ficando cara a cara com a garota. – O que você está fazendo aqui? – questionou nervoso, mordendo o lábio inferior em seguida. – Eu... achei que nunca mais iria te ver.
E o modo morno que ele usou para dizer aquelas palavras fizeram a mágoa que ela usava para mascarar os outros sentimentos sumir. E a fizera perceber, depois de tanto tempo, que os outros sentimentos ainda existiam.
– É, eu… hm… vim à trabalho – respondeu nervosa, torcendo os dedos das mãos e com o coração ainda acelerado. – E você?
– Eu moro aqui – respondeu óbvio, arqueando a sobrancelha. – Já faz um tempo.
apenas assentiu, fazendo o clima ficar mais tenso do que já estava. desceu o olhar para o cachorro que acompanha a morena e logo se abaixou para acariciar o animal, questionando a garota em seguida:
– E quem é esse garotão?
– Esse é Buddy – respondeu fazendo uma careta e brigando com o cachorro mentalmente quando ele colocou a língua para fora, claramente aprovando o carinho que era feito. – Ele é meu fiel escudeiro.
sorriu, lembrando-se automaticamente de como a garota era apaixonada por animais. Podia recordar perfeitamente de como ela passava mais tempo com Thor, seu golden retriever, do que com ele quando ia visitá-lo.
– Cães sempre são – confirmou e antes que pudesse falar mais alguma coisa apenas porque sentia vontade de falar com a mulher, sentiu dois braços circulando sua cintura.
– Vamos, amor? Já comprei o chocolate.
encarou a garota loira à sua frente, segurou a respiração quando conseguiu reconhecê-la.
Paola Ricci. A garota com que havia a traído.
Merda de sorte.
E os dois ainda fazem um casal bonito, reclamou mentalmente.
– Vamos sim – assentiu mecanicamente, pensando no péssimo time da namorada. Ou talvez o dele, já que Paola não tinha culpa de nada. – Essa é a… . Uma amiga de infância.
Paola arqueou a sobrancelha, imediatamente reconhecendo a morena.
– Prazer, Paola – sorriu simpática, estendendo a mão em forma de cumprimento. – Namorada do .
Que ridículo, a garota pensou, até o nome deles combinam.
– O prazer é meu – apertou a mão da garota e sorriu de volta, mas diferente da loira, abriu um sorriso amarelo.
– Bom, temos que ir – se pronunciou, tentando acabar com o péssimo clima que havia se instaurado. – Foi… foi muito bom te ver de novo, .
Eles se despediram, o casal partindo em direção ao carro preto enquanto os olhava indo embora. Suspirou alto quando perdeu o carro de vista, dando meia volta e voltando de onde saíra: o hotel. Iria pedir um lanche qualquer no restaurante e ir dormir.
UM MÊS DEPOIS
– Poucas pessoas sabem, Buddy, mas é de extrema importância salgar a água fervendo antes de adicionar a massa. Não sei o porquê, a vovó que me ensinou.
O cachorro acompanhava com o olhar enquanto a dona buscava pela cozinha os ingredientes que faltavam. Em cima da ilha o computador tocava a playlist da Shakira no Spotify, fazendo com que dançasse animada enquanto cozinhava.
Após colocar a ração para Buddy, sentou-se à mesa pronta para jantar. Eram raros os finais de semana que ela podia passar em casa, de folga, já que seu chefe vivia pedindo-lhe para acompanhar diversos jogos. Então quando acontecia, o que ela mais queria era comer algo caseiro e ficar tranquila com Buddy no apartamento.
Enquanto jantava aproveitou para dar uma olhada nas suas redes sociais. Não eram raras as vezes em que recebia mensagens de ódio ou até mesmo assédios pelo Twitter, perdeu as contas de quantas vezes chorou por comentários que leu direcionados a ela, mas acabou aprendendo que a melhor solução era ignorar pois confiava no seu trabalho e sabia que o cargo que conquistou foi graças a seu esforço e muito estudo, não a favores que havia feito para seu chefe. Sempre pensava no quão ridículo era aquilo, afinal, por que mulher no mundo do futebol causava tanto alvoroço?
Estava apenas descendo a timeline do twitter com uma mão enquanto usava a outra para enrolar o macarrão no garfo e comer. Quase engasgou quando, em meio a tantas coisas banais, encontrou algo… especial:
“LA JOYA TERMINOU O NAMORO?
O jogador da Juventus estaria solteiro pela primeira vez depois de 5 anos de relacionamento? Saiba mais clicando no link… ”
Sentindo seu coração acelerar mais (e se perguntando se aquilo era possível), não pensou duas vezes antes de clicar no link depois de averiguar se o site era ou não de confiança:
“ e Paola Ricci não estão mais juntos. Após 5 anos de relacionamento, a assessoria do jogador confirmou hoje os boatos de que ele estaria solteiro pela primeira vez após ingressar no time italiano. Não foram divulgados os motivos do término, porém na madrugada passada o jogador foi visto na balada La Cabala, situada em Roma.Confira as fotos.”
Após finalizar a matéria, toda a fome que ela estava sentindo sumiu repentinamente. Engoliu a seco e sentiu um bolo se formando na garganta, junto com uma vontade estranha e repentina de chorar.
Você não pode chorar mais por ele, ela disse para si mesma quando lembrou-se de como havia ficado devastada quando leu a matéria referente a traição de . Lembrou-se também do garoto ligando desesperadamente assim que a primeira matéria saiu, tentando se explicar e dizendo que só havia ido comemorar uma vitória com os amigos e acabou bebendo mais do que deveria. , que já sentia que o que ambos tinham não era mais um namoro, terminou de vez a relação, dizendo para si que o sentimento que tinham já não existia mais.
Porém, quando reencontrou , notou o quanto ele ainda mexia com seu coração, diferentemente do que ela havia tentado colocar em sua mente. Não pôde evitar pensar que agora nenhum dos dois era adolescente. Ambos já eram adultos, tinham duas vidas e talvez… Talvez aquilo pudesse dar certo.
O celular apitou em uma notificação e não conseguiu conter o riso quando leu as letras garrafais que estavam ao lado do ícone do instagram: começou a seguir você.
DOIS MESES DEPOIS.
Os dedos de já estavam esbranquiçados devido à força que ela fazia para carregar as sacolas plásticas com as compras que havia feito no mercado da esquina.
Há dois dias ela havia recebido uma ligação dos médicos que cuidavam do estado de sua mãe, dizendo que o quadro dela havia tido algumas melhoras e que a garota precisava ir até Buenos Aires o mais urgente possível.
E lá estava ela.
Em Buenos Aires, no seu antigo apartamento enquanto fazia um enorme esforço para carregar todas aquelas sacolas e segurar a coleira de Buddy ao mesmo tempo. Não que aquilo fosse frustrante para o cachorro, já que no segundo em que a porta do elevador se abriu ele saiu correndo e latindo feliz, enquanto ficava para trás toda atrapalhada.
– Buddy! – ela exclamou enquanto ia atrás do cachorro até o final do corredor. – Eu já não disse pra você não… ?! – ela soltou em um misto de pergunta e exclamação assim que levantou a cabeça e viu o jogador ajoelhado enquanto fazia um leve carinho atrás das orelhas do cachorro. – O que você… como… como você entrou aqui?
– Acho que seu porteiro acompanha o campeonato italiano… – deu de ombros enquanto sorria tímido, mas assim que notou que a expressão da garota não havia mudado, mordeu os lábios, nervoso. – Eu posso entrar? Pra conversar?
– Não temos nada para conversar, . Como você sabia que eu estaria na Argentina? – questionou irritada, e de repente o peso das sacolas já não parecia ser mais um problema.
– Eu vim visitar meus pais, não ‘to te seguindo, se é o que você pensa. Minha mãe disse que você estaria aqui e bem… Buenos Aires não é exatamente longe da nossa cidade.
– Sua cidade – ela comentou seca. – Eu não nasci em Laguna Larga.
– Claro – riu nervoso de desespero. Nunca havia visto a garota ser seca com ele daquela maneira, e aquilo realmente estava o assustando... – , você sabe que a gente precisa conversar… por favor.
Relutante, a garota olhou para Buddy, como se procurasse na expressão do bulldog o que ele achava daquilo. Concluiu, ao ver o rosto de satisfação do cachorro ao estar perto do homem, que até que uma conversa não seria tão ruim.
E, afinal, não era como se ela não quisesse há um bom tempo, mas ela se sentia tão… burra. Parecia que estava perdoando-o fácil demais.
Se toca, , disse pra si mesma, Ninguém está perdoando ninguém, isso é só uma conversa.
Quando a garota assentiu, ainda receosa, pegou as sacolas de sua mão e ela se adiantou em abrir a porta. Buddy correu na frente dos dois e tratou de ir até seus brinquedos para pegar uma bolinha laranja e levar até .
– Agora não, Buddy – disse ao cachorro enquanto o homem colocava as sacolas em cima da mesa. – Vai pro quarto. Depois a gente brinca.
Triste, o cachorro abaixou as orelhas e seguiu na direção do quarto. sentiu o coração cortar com a visão, mas logo se lembrou o motivo pelo qual estava fazendo aquilo.
A mulher indicou a sala com a mão e os dois seguiram na direção da mesma, sentando-se no sofá em seguida.
passou os olhos por todo ambiente, constatando que ainda era o mesmo desde a última vez que ele havia pisado no local.
– Então…?
– Eu venho pensando muito em nós. O que vivemos e tudo mais… – mordeu o lábio receoso. – Confesso que o que aconteceu na Itália foi um gatilho para essas memórias. Sinto sua falta, , na verdade sempre senti.
– E o que você acha que isso muda entre a gente?
– Eu não sei, eu… Na verdade eu não pensei nessa parte – coçou a nuca, confuso. – É que quando minha mãe me falou que você tava aqui, eu só pensei que… que podia ser a nossa chance.
– Chance do quê, ? – a garota gritou, já sentindo as lágrimas brotando no canto dos olhos. – Nós já tivemos a nossa chance e você estragou isso. Não é justo você vir aqui agora e falar umas dez palavras bonitinhas sobre saudade e achar que vai ficar tudo bem, porque não vai! Acho que você se enganou com a fama e pensa que pode ter tudo o que quer, mas eu não sou um objeto que você vai ter a hora que quiser!
– Nunca te encarei dessa forma, … – disse chateado. – Eu sei que nada que fiz em relação a nós depois da Itália foi certo. E você até que tem razão, eu me deixei levar um pouco pela a fama mesmo, mas hoje eu percebo que nem toda a fama e todo o dinheiro do mundo valem o que você vale pra mim.
A garota sentiu o coração derreter e as lágrimas que tanto segurava finalmente se fizeram livres. Amava . Amava tanto que chegava a doer.
Mas, às vezes, nem só amor bastava.
– Eu… eu… por muito tempo eu fiquei me perguntando o que havia acontecido para você fazer o que fez, sabe? Se eu tinha feito algo errado ou… sei lá. Eu só não queria admitir que logo você, praticamente a pessoa mais importante da minha vida, fosse capaz de me magoar tanto. Mas agora eu vejo que o único culpado foi você. E eu não posso te perdoar por isso.
Assim que ergueu a cabeça para finalmente encarar o garoto, viu uma gorda lágrima escorrendo por sua bochecha e a cabeça se movendo para cima e para baixo em sinal de afirmação.
Levantou-se e olhou uma última vez para , mordendo o lábio antes de abrir um sorriso fraco e seguir em direção a porta. Chamou o elevador e não demorou muito para o mesmo chegar.
agradeceu quando viu que não teria companhia, se encostando na parede e encarando o teto de metal, pensando na besteira que havia feito ao ir até ali.
Que merda ele tinha na cabeça, afinal?
– !
Ele encarou o corredor à sua frente, dando de cara com uma esbaforida. As portas do elevador começaram a se fechar, porém, antes que estivesse totalmente preso dentro do mesmo, pôde ouvir a garota sussurrar:
– Amo você.
Fim.
Nota das autoras: Oi gente!
Nos divertimos muito escrevendo Nada, mesmo com a história sendo um pouco tristinha colocamos um pouco de humor para ficar mais divertido de ler, esperamos com todo nosso coração que vocês tenham curtido!
Conta pra gente o que vocês fariam: perdoariam ou não esse pp?
Obrigada pelo carinho, um beijão! Mia e Mari.
Outra Fanfic:
Gol de Tabela [Restritas - Jogadores de Futebol - Em Andamento]
Nota da beta: Meu Deus, como acabam assim??? Isso é maldade, credo! Eu quero eles juntos, masss acho que a pp não devia perdoar ele agora não. Ele acha que é igual aquela música do Luan Santana “é só fazer assim, que eu volto...”? Tem que ralar pra conquistar a gata de novo agora, meu bem. E É POR ISSO QUE TEM QUE TER CONTINUAÇÃO. Podem mandar já, obrigada, de nada!
Mas agora é sério, parabéns pela fic, meninas, adorei 💛 xx-A
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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