Finalizada em: 15/12/2020

Prólogo

A música tocava em um volume ideal para que eles pudessem curtir aquela noite sem atrapalhar qualquer pessoa que não estivesse no mesmo ambiente que eles. Com duas taças com vinho em mãos, null andava em direção onde null estava, sem deixar de dançar a música que os dois ouviam. Colocou-as na mesa ao lado do sofá e segurou as mãos do rapaz, num convite silencioso para que ele pudesse dançar com ela, não queria deixar passar aquela música e a bebida podia esperar. Ele segurou a cintura dela enquanto null descansava os seus braços próximos ao pescoço dele. null conduzia a dança no ritmo lento, o mesmo que o da música. A melodia e a pouca luz onde eles estavam deixavam o lugar mais sensual, embora apenas o simples fato de um corpo estar colado no outro já fazia com que o desejo se ascendesse dentro dos dois.
– Eu amo você, o seu corpo colado no meu, o seu cheiro... – null sussurrou próximo ao pescoço de null, que sentiu todo o seu corpo se arrepiar e desejou receber os beijos dele naquela mesma região.
– Eu amo você, meu bem! – Ela também se declarou, aproveitou o fim da música para olhar nos olhos de null antes de continuar a falar. – Quero viver o resto dos meus dias com você.
– Nem nos meus melhores sonhos eu imaginei viver algo assim.



Capítulo Único

– Não, isso não pode estar acontecendo de novo. – Sentado na cama, null falava com ele mesmo enquanto passava as mãos em seu próprio cabelo. – Eu devo estar ficando louco.
null já havia perdido as contas de quantas vezes aquilo tinha acontecido, guardava para si com medo de que as pessoas achassem que aquilo era loucura da sua cabeça, apesar de que ele não estava pensando muito diferente. Sentia como se precisasse fazer alguma coisa, mas, ao mesmo tempo, ele não fazia ideia por onde devia começar. Talvez pudesse desabafar com um amigo, procurar algum médico, um psicólogo ou quem sabe nunca mais dormir...
Todas as noites null sonhava com a mesma pessoa, virou rotina deitar para dormir e ver aquele filme já conhecido passando em sua mente. null era o nome da garota que invadia as noites de sono dele. Nos sonhos eles eram namorados e estavam completamente apaixonados um pelo o outro. No início null achou que todos aqueles sonhos fossem apenas uma coincidência, mas agora ele estava assustado por saber que todas as noites aquilo acontecia e o pior ainda: por ter certeza que aquela paixão já fazia parte da sua realidade.
Mandou uma mensagem para o seu melhor amigo marcando um encontro, precisava compartilhar com alguém aquela história antes que ele pudesse cogitar a ideia de se internar em alguma clinica. Ficou um bom tempo no banho, esperando que a água pudesse apagar as imagens de null da sua mente, mesmo sabendo que aquilo não iria acontecer.
Ao chegar ao restaurante o seu melhor amigo já estava lá. Cumprimentou null com um abraço apertado antes de se sentar no lugar vazio da mesa. Um garçom se aproximou para que eles pudessem fazer o pedido, antes mesmo que uma conversa de fato fosse iniciada.
– Está tudo bem? – null perguntou ao notar o amigo pensativo após a saída do garçom.
– Cara, eu preciso te contar uma longa história, mas quero que você escute tudo o que eu tenho para dizer antes de falar que eu estou ficando louco.
– Eu sou todo ouvidos. – Incentivou null a continuar, enquanto relaxava o seu corpo na cadeira em que estava.
null respirou fundo antes de começar a contar em detalhes tudo o que havia acontecido para o amigo. Contou que sonhou conhecer uma garota, cujo nome era null, e que nos sonhos eles começaram a sair com frequência. Disse também que nos últimos sonhos eles já estavam em um relacionamento mais sério e que tudo parecia real demais. Já estava claro para null que todas as noites, null aparecia em sua mente para confundi-lo e fazer com que ele ficasse mais apaixonado.
Finalizou a história no mesmo momento em que o garçom apareceu novamente trazendo consigo os pedidos dos dois amigos. null em nenhum momento o interrompeu, mas por muitas vezes null conseguiu ler a expressão de assustado no rosto do rapaz. Assim que o garçom saiu, null olhou para null, num pedido silencioso para que, agora, ele falasse alguma coisa.
– Você está ficando louco. – Disse sem dificuldade embora ainda estivesse boquiaberto com tudo o que ele havia acabado de ouvir.
– O pior é que até eu já estou cogitando essa possibilidade. – Ele concordou, enquanto olhava sem muito interesse para a comida em seu prato.
– Cara, isso não faz sentido algum. – Ele negava com a cabeça enquanto falava. – Eu nunca ouvi falar que alguém pode sonhar com uma pessoa durante tanto tempo. Ainda mais com alguém que você nunca viu na vida. Esquece essa mulher, quero dizer, esses sonhos.
– Como é que eu vou esquecer alguém que me deu tanto para lembrar? – Ele mesmo se assustou com as suas próprias palavras, respirou fundo antes de continuar. – Cara, eu estou preso dentro da minha própria mente, desesperado sem saber o que fazer.
Em outro momento null teria feito alguma brincadeira com o amigo, afinal, ele tinha intimidade o suficiente para isso. Mas preferiu ficar em silêncio ao perceber o quão angustiante null estava, filtrando quais palavras ele poderia falar para tentar ajudar.
– Olha, eu não sei o que te dizer para te confortar, mas talvez algumas garrafas de cervejas possam ajudar, vamos relaxar e depois a gente pensa nisso tudo com calma, pode ser? – Viu null assentir. – Temos uma balada amanhã, passo na sua casa às 21:00.

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O sábado parecia distante demais, embora faltasse apenas poucas horas para aquele dia, a ideia de null para que null saísse um pouco não parecia ser má. Como o a amigo estava ocupado naquela noite, null decidiu que aproveitaria sozinho, ficando em casa ele teria apenas a companhia de seus pensamentos e no momento eles eram tudo o que ele queria evitar. Parou na primeira balada que encontrou, o ambiente lotado dava esperanças a null de esquecer, nem que fosse momentaneamente, a bagunça mental que convivia com ele. O tempo foi passando e a cerveja continuava sendo uma ótima distração, sem contar que de onde ele estava conseguia ver e observar todo o local.
Quando uma de suas músicas favoritas começou a tocar, null entendeu que aquilo era um convite para que ele fosse para a pista de dança. Nos primeiros segundos ele ainda conseguiu aproveitar a melodia, sentindo o seu corpo seguir o ritmo em movimentos sincronizados. Pouco depois a lembrança do seu corpo colado com o de null, dançando aquela mesma música e compartilhando uma taça de vinho surgiu, fazendo com que tudo ao seu redor perdesse o sentido.
A partir daquele momento foi como se tudo lembrasse null. Pelo menos null poderia colocar a culpa na bebida no dia seguinte, quando os seus olhos começaram a procurá-la naquela balada. Ao ver qualquer pessoa menos ela, sentiu como se nunca pudesse substitui-la e que seria capaz de odiar qualquer pessoa que não tinha aquele sorriso e o brilho nos olhos que ele só encontrava quando olhava para null em seus sonhos. Não conseguia ver uma luz no fim do túnel ao ter certeza que estava completamente apaixonado pela garota dos seus sonhos, desejava com todo o coração que ele pudesse fazer algo para mudar os seus sentimentos e principalmente o que sentia por quem o visitava todas as noites. null não conseguia mais dizer o que era sonho ou realidade, null já estava fazendo parte da sua vida real e para ser sincero, ele não sabia se queria, de fato, que ela desaparecesse por completo. Talvez o seu maior problema fosse não saber lidar com toda aquela confusão.

xxxxx

– Ainda acho melhor eu ficar em casa. – null concluiu, mesmo sabendo que o amigo não desistiria tão fácil.
Ele havia contado para null sobre a noite anterior, sobre o quão errado parecia estar em um lugar sem null e de como procurou por ela em todos os rostos que encontrava. Disse também não entendia porque ele nutria aquele sentimento que nunca poderia existir, já que null era apenas fruto de sua imaginação.
Depois que chegou daquela balada, como sempre ele sonhou com null. Ela disse que estava na hora de deixar null viver a realidade, que desapareceria dos seus sonhos, mas jamais da sua vida. null acordou sentindo um vazio, já conhecia aquela garota bem o suficiente para saber que ela estava falando a verdade. Durante o dia ele dormiu novamente só que null não apareceu em seus sonhos, fazendo com que null tivesse a certeza de que ela cumpriu com tudo o que disse na última vez em que eles estiveram juntos. null só desejava que null jamais o esquecesse, ele sabia que com ele isso jamais aconteceria.
No horário combinado null apareceu, e mesmo depois de ouvir todo o desabafo do amigo, ele ainda insistia para que eles saíssem juntos. Dizia que null precisava de diversão e que ele poderia muito bem proporcionar isso ao amigo.
– Tenho certeza que hoje vai ser a melhor noite da sua vida, você tem 20 minutos para se arrumar. – null avisou enquanto assaltava a geladeira do amigo para pegar uma cerveja.
Cansado de argumentar, null acabou cedendo e foi se arrumar. Foram em uma balada que null conhecia muito bem; conforme iam andando pelo local e null ia cumprimentando cada garota que aparecia no caminho dos dois, null concluiu que ele já era um frequentador assíduo daquele lugar.
– Parece que todas as mulheres mais bonitas da cidade resolvem vir aqui no sábado à noite. – null comentou com o amigo quando os dois pararam em frente ao bar. – Hoje você só sai daqui sozinho se você quiser.
– É o que eu quero. – Viu as palavras saírem de sua boca quase de forma automática.
– Ah, não. Se você quer sair dessa fossa você tem que fazer algo diferente. Quem sabe hoje você esquece o amor dos seus sonhos e encontra o amor da sua vida.
null ainda abriu a boca para argumentar, mas ficou em silêncio, no fundo ele sabia que o seu amigo tinha razão. Resolveu dar atenção ao seu copo de cerveja, pouco tempo depois ele percebeu que estava com a cabeça tão distante que até se assustou quando ouviu o amigo chamá-lo, querendo a sua atenção.
– Tem uma garota linda te observando e você não vai ser louco de não ir falar com ela.
null olhou na direção onde null apontava, não conseguiu esconder a sua expressão surpresa assim que o seu olhar cruzou com o dela. Não existiam dúvidas e se elas existissem seriam sanadas no momento em que aquela mulher sorriu para ele. No fim, null havia falado a verdade: de fato ela saiu dos seus sonhos e foi direto para a sua realidade.





FIM.



Nota da autora: Oi, amores! Não se esqueçam de comentar o que acharam da história. Espero que tenham gostado.♥







Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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