Finalizada

Dedicado a Nanda Souza e Jessica Francielle



Capítulo Único

13 de julho de 2005, 2:30 a.m., Platinum Angels, Corona, Califórnia, USA.

Minha despedida de solteiro não poderia estar melhor, cercado de belas mulheres, bebida boa e meus melhores amigos. Agora estava sentado em uma poltrona, meu dia tinha sido um pouco cansativo, e apesar de estar mesmo curtindo estar ali, queria apenas ir para meu apartamento e dormir até amanhã, na hora de meu casamento com a . Dei um pequeno gole em minha cerveja, e então uma mulher um tanto quanto diferente das outras me chamou atenção, e não era por esse fato, e sim porque veio andando em minha direção. Me pergunto como ela conseguiu entrar em um bar de stripers, apensar de ser muito gostosa, nem de perto ela era uma prostituta. Seus lábios estavam em uma linha reta, mostrando toda a sua seriedade, e aquilo pareceu encrenca, acho que já era a hora mesmo deu me mandar. Mas antes de levantar daquela poltrona, olhei cada detalhe de seu corpo até ela chegar onde estava sentado. Só olhar não me faria infiel, mas, infelizmente, sua camiseta pedia para ser arrancada, na verdade, tudo nela implorava para ser tirado. Droga, não deveria estar pensando nisso, sou praticamente um homem casado, e amo a minha esposa. Toda a noite, até agora, nenhuma mulher tinha me atraído. Balancei a cabeça, era errado. Levantei para ir embora, mas a mulher me empurrou, fazendo com que eu voltasse a me sentar. Ela deu a volta na poltrona e passou seus dentes em minha orelha. Fechei os olhos com o arrepio que correu pela minha nuca. Suas mãos desceram, alisando meu peito, mas as segurei e tirei, para que parasse de me tocar de tal maneira. Me coloquei de pé, ficando de frente para ela, com aquele único móvel entre nós. A mulher ergueu uma sobrancelha e depois um meio sorriso apareceu no canto de seus lábios. Além de atirada, era maluca. Certamente era mais nova que eu, seu rosto tinha traços finos e até meio infantis, mas ela era realmente bonita. Ri daquilo, era ridícula a forma como estava agindo.
Acabei de tomar minha cerveja em um só gole e fui até o balcão, a colocando em cima dele. Caminhei até o caixa com meu cartão de comanda em mãos, mas na hora que fui pegar minha carteira no bolso de minha calça, não a encontrei. Isso só pode ser sacanagem. Não é possível que perdi minha carteira, a menos que... Aquela mulher! Olhei para os lados, tentando avistá-la em qualquer canto daquele bar, mas ela tinha desaparecido. Na mesma hora procurei meu celular, mas ele também tinha sumido. Sério mesmo que fui assaltado, dentro de um bar, por uma batedora de carteira? Dane-se, vou tentar achar algum dos meus amigos, eles podem me emprestar algum dinheiro para que eu pague a comanda e dê o fora.
Parei para pensar um pouco, precisava dos meus documentos para casar amanhã! Isso não podia estar acontecendo, não comigo uma noite antes de meu casamento com a . Comecei a procurar aquela vadia que me roubou, e a vi passar por uma porta no fundo do bar. A segui, dando em uma escadaria que subia para algum lugar. O barulho dos sapato dela dava para ser escutado, e andava bem devagar. Subi as escadas pulando alguns degraus, até que a vi abrindo outra porta. O vento que veio do lado de fora fez seus cabelos voarem, e consegui sentir o cheiro de seu perfume, diferente de qualquer outro que já senti. A segui, e ali era uma espécie de sacada, talvez a área de fumante. A noite estava fresca, e o céu estrelado. A luminosidade ali era muito pouca, apenas conseguia enxergar a silhueta da mulher, que estava encostada no parapeito. Comecei a me aproximar, mas parei, talvez só devesse pedir para que ela devolvesse minhas coisas. Mas que tipo de frouxo estava sendo? Qual é! É só uma mulher... gostosa. Ela não pode me fazer nada. Parei ao seu lado e olhei para baixo, onde tinha alguns carros passando. A mulher continuou onde estava, sem mexer um músculo. Cocei a garganta, mas nem isso a fez se mexer com a minha presença.
– Você poderia devolver minha carteira e meu celular? – pedi de forma educada, mas ela não me respondeu, continuou ali parada feito uma estátua. – Poderia apenas me entregar minhas coisas? – e a mulher simplesmente permaneceu calada. – Cara, estou cansado e quero ir para casa. – certo, devo estar mesmo falando com algum ser inanimado. – Tenho que levantar cedo amanhã, dá pra ser? – passei a mão em meus cabelos da nuca, estava ficando irritado. Ela não se manifestava. – Se a sua intenção era me tirar do sério, conseguiu. Agora você já pode parar de brincar de lei do silêncio! – me virei para ir embora, mas voltei e a segurei pelo braço, fazendo com que se virar e ficássemos de frente um para o outro. Seu rosto se aproximou do meu, então virei, não só para provocá-la, mas também não podia fazer isso com . – Olha, garota, estou prestes a perder a minha paciência contigo. – de forma involuntária, a puxei para mais perto. – Então dá para ser, ou está difícil? – seus olhos se estreitaram como os de uma lince, pronta para atacar. – O que quer de mim? Você não se deu ao trabalho de entrar em um bar de stripers apenas para me roubar. – ela puxou bruscamente seu braço, que escapou com facilidade de minhas mãos. Suas mãos espalmaram meu peito com força, e apesar dela ter nem metade do meu tamanho, a mesma foi me empurrando para trás até me encostar contra a parede, ao lado do parapeito.
– O que eu quero? – sua voz era ousada e sensual. – Eu quero você, . – as palavras saíram de seus lábios de forma tentadora, e com absoluta convicção. Posso até falar que me surpreendi ao escutar meu nome sair por sua boca, mas não me impressionou em nada. Certamente um dos caras devem ter pagado para que ela fizesse isso.
– Nã... – fui interrompido com seu dedo indicador tocando meus lábios, que logo após os contornaram.
– Shiu. – disse bem perto da minha orelha, antes de mordiscá-la. – Vai ser um pecado se me negar. – sussurrou, pegando minhas mãos e a colocando em sua cintura. – Me mostra o homem que você parece ser. – não sou o cara que costuma ser atacado por mulheres desse tipo, estou acostumado a chegar e pegar o que quero. Não que ela fosse irresistível, só que, o modo como chegou, tão dominadora, me fez querer prová-la e querer vê-la submissa.
Por um impulso, desci minha mão até sua bunda, que era bem dura, e a apertei. Ela sorriu, safada. Por mais que não devesse fazer aquilo, não estava conseguindo me controlar, aquela mulher misteriosa estava me atraindo demais. E também, seria só uma noite, nunca mais nos veríamos e ninguém precisava saber o que aconteceu. Segurei sua nuca, e a beijei com voracidade, e o tal foi retribuído na mesma intensidade. A virei, dessa vez, fazendo com que ela ficasse encostada na parede, prensando meu corpo contra o dela. Suas mãos bagunçavam meus cabelos e arranhavam minha nuca. Há tempos que não provava uma boca tão boa, com lábios tão macios e um beijo tão bom. Ela sabia bem como beijar um cara, agora imagina o resto que deveria saber fazer. Senti uma mão me apertar por cima do jeans grosso de minha calça. Mordi seu lábio inferior e o chupei. Sua saia de couro ia subindo devagar, conforme eu alisava e apertava sua bunda. Seus lábios se soltaram dos meus e começaram a beijar meu pescoço, dando alguns chupões. Aquela merda ficaria marcada, mas quem se importava agora? Ela foi descendo até chegar no cós, beijando meu abdômen pelo caminho, e passando a unha em minha coxa, por cima da calça, a desabotoou e depois abaixou o zíper. Ela brincou um pouco com o elástico de minha cueca, antes de abaixá-la um pouco. O jeito delicado com que ela estava fazendo aquilo tudo estava me deixando com tesão, apesar de ela parecer um pouco agressiva. A olhei, mas ela mexia em alguma coisa, logo vi um pacotinho de camisinha em sua mão. A deixei fazendo o que tinha de fazer, mas ela me surpreendeu ao fazer a coisa mais simples se tornar deliciosa, em vez dela desenrolar a camisinha com a mão, ela a desenrolou com a língua. Respirei fundo quando senti sua boca começar a me chupar bem devagar.
Nossa, aquilo me deixou louco, essa menina tinha que ser minha, minha por esse noite, essa hora.
Dei uma leve arfada quando sua pequena boca começou a imprimir mais vontade e voracidade. Ela chupava deliciosamente bem. E continuava daquela maneira, indo cada vez mais rápido. Meus dedos agarraram seus cabelos, então a puxei para cima quando estava quase gozando. Beijei seus lábios, que estavam com gosto de menta graças à camisinha que me foi posta. Minha mão desceu até sua coxa torneada, a apertou e depois a trouxe para cima, encostando em minha cintura. Meus dedos se deslizaram para dentro de sua saia de couro, percebendo que não tinha calcinha alguma ali tampando sua virilidade. Gemi ao tocar em sua intimidade tão molhadinha, era delicioso ver que ela estava excitada por minha causa, molhada para mim. Lhe penetrei com dois dedos, sentindo que ela era tão apertada quanto o imaginado. Os gemidos baixinhos que saíam de seus lábios pareciam o de uma gatinha miando. Meu polegar procurou por seu clitóris, e assim que o encontrou, movimentos circulares foram feitos sobre ele, a estimulando, enquanto meus outros dois dedos entravam e saiam dela com a mesma precisão que meu polegar a pressionava. Suas unhas fincaram em meu ombro, mas quem disse que naquele momento estava me importando se deixaria marcas ou não?! Ver aquela garota completamente à mercê, de seus olhos fechados, boca entreaberta, e com a sua feição tomada de prazer me fazia querê-la todinha. Cada parte daquele corpo pequeno e talhado em curvas sinuosas.
Meu pau latejava, querendo sentir aquela menina. Meus dedos molhados deslizaram a última vez para fora, e foram em busca de sua outra coxa rapidamente, a agarrado com brutalidade e fazendo ela ser erguida do chão. Sua pernas enlaçaram meu quadril, se encaixado em meu corpo. Invadi aquela garota com toda a minha vontade e força, o que a fez gemer relativamente alto e me apertar. Cara, ela era tão aperta, quente e molhada. O tesão aumentou ainda mais. Apertei seu peito, que era bem durinho, mas não resisti, tinha que sentir a textura da pele dela. Driblei sua blusa e sutiã, conseguindo alcançar aquele seio rígido, fiquei o apertando com vontade, enquanto investia nela com mais intensidade. Às vezes seus lábios úmidos e gelados se encontravam com os meus em um beijo gostoso. Desci meus beijos até seu pescoço, dando um chupão em todos os lugares que desejava. Ela mexia seus quadris de forma que me fazia ir mais fundo. Nossos gemidos de prazer se misturavam um ao outro de um jeito que me deixava ainda mais louco com aquela situação. Aquilo estava sendo doido demais para estar mesmo acontecendo. nunca toparia fazer tal loucura dessas comigo, e também não era tão quente como essa mulher que estava entre meus braços. Minha noiva sempre era tão doce e delicada, que acho que nunca chegamos realmente a transar, e sim, como costuma dizer, fazemos apenas amor, aquela coisa monótona de papai e mamãe, às vezes nem conseguia tocá-la direito, pois tinha vergonha do próprio corpo.
Percorri minha mão por toda a extensão da coxa daquela garota e a apertei em alguns pontos. Ela puxou os cabelos de minha nuca e mordeu meu lábio inferior com força, e o puxou para trás, causando um pequeno corte na região, não deu tempo nem deu reclamar algo, pois sua língua já invadia minha boca com fervor, me fazendo esquecer o que tinha acabado de acontecer. A prensei ainda mais contra a parede, fazendo suas costas ralarem no tijolo. O ar quente do verão me fazia sentir ainda mais calor, e o suor molhava minha camisa, também podia sentir algumas gotas escorrerem por minha testa e costas, ela igualmente suada estava dificultando um pouco segurá-la, mas isso não iria me fazer parar por nada. Continuei a penetrar com vontade, a fim de chegar o mais fundo possível, ouvir ela gemendo de prazer e pedindo por mais, sentir suas pequenas mãos me apertando e arranhando sem pudor algum, tão atrevida e ousada. Me surpreendi quando escutei o barulho de um tecido sendo rasgado, percebendo que minha camisa de gola V tinha sido partida em duas. Os dedos dela avisaram livremente meu peitoral agora nu, subindo até meus ombros e logo após fazendo o mesmo caminho, mas arranhando com força. Aquilo ardeu, me fazendo soltar em gemido, foi delicioso. Peguei sua mão e coloquei em minhas costelas, e ela fez a mesma coisa ali, dando um sorriso sapeca. Seus braços se envolveram em meu tronco, me apertando, dificultando um pouco nossas respirações. Encostei meu rosto ao lado do seu, passando os dentes por seu lóbulo, e depois a ponta da língua por sua orelha, fazendo o contorno dela. Senti o corpo dela dando um espasmo forte, e se contrair, mas logo depois relaxou. Comecei a investir muito rápido, e já podia ver que logo gozaria. Ela alisava com calma meus cabelos, enquanto depositava beijos em meu pescoço e ombro. Quase lá, só mais um pouco. Soltei um gemido aliviado quando finalmente me desfiz. Meus músculos ficaram um pouco fracos para conseguir sustentar nosso peso, então saí de dentro dela lentamente e a coloquei no chão com cuidado, garantindo que se mantesse com firmeza de pé. Encostei meu antebraço na parede e respirei fundo, puxando todo o ar que conseguia. Estava com muito calor e cansado, tinha que ir para casa, tomar um banho e dormir com o ar condicionado ligado, sim, isso era tudo o que precisava agora. E se pudesse, levaria essa mulher junto. Ela poderia ser minha.

6 fevereiro de 2013, 14:45 p.m., Ilha de Tracy, Tupai, Polinésia Francesa, Oceania.

Abri os olhos, fazendo com que os flash's daquela noite sumissem na mesma hora. Isso que dá quando um casamento de oito anos começa a cair em ruínas, você começa a fantasiar coisas passadas se lembrando de como foi bom. E essa maldita ilha era o último lugar onde queria estar, sem nenhum canto para onde ir, aprisionado com . Daria qualquer coisa para ter aquela mulher novamente, gemendo em meu ouvindo e arranhando meu corpo. Um desejo incontrolável de fazê-la minha, e dessa vez por um longo tempo, simplesmente não consigo me conter, mesmo depois de de oito anos, ela assombra meus sonhos e pensamentos constantemente, me infernizando por ser um homem infiel. Mas quem se importa, se apenas nós dois quem continuamos sabendo o que realmente aconteceu naquela noite? Ninguém! E era isso que deixava a coisa toda muito mais excitante, não ligar em ficar fantasiando como seria nossos encontros, diversas vidas que poderíamos ter, com muito sexo, prazer e desejo. Será que era injusto pensar em uma coisa dessas tendo outra mulher dormindo ao seu lado? não precisava saber mesmo que a única coisa injusta aqui era aquela mulher não estar ao meu lado. Sim, essa porra que era injusta. Acho que estou ficando insano demais, pois o sol a pino estava bem quente, na verdade, torrando meus miolos. Ainda não consigo entender o motivo de querer vir para a ilha de sua família no auge do verão desse continente. Aqui parecia mais a amostra do inferno do que qualquer outra coisa.
Pensei em levantar daquela espreguiçadeira e ir pegar algo para tomar, pois mesmo que estivesse debaixo do guarda sol, parecia que a sombra não existia. Aquele calor todo estava mesmo me fazendo ter lembranças muito reais. Pude ver nitidamente a mulher daquela noite desembarcando de uma lancha da costa em nosso pequeno porto. Sim, ela não mudou muito, apesar de seus grandes óculos escuros tampassem seu pequeno rosto, seu corpo era irreconhecível, tão esbelto quanto antes, definitivamente o tempo havia parado para aquela Deusa. Só posso estar ficando louco, ela jamais poderia estar aqui. Era melhor eu ir pegar algo para beber, pois já estava vendo miragens por causa daquele calor infernal, e aquela visão para mim era como um Oasis, e dos mais belos. Levantei e fui caminhando em direção a casa, mas escutei com perfeição a voz daquela mulher me chamar, mas não me virei, aquilo era fruto da minha imaginação, só podia ser. surgiu na porta e um sorriso enorme apareceu em seus doces lábios e rosados, sorri de volta quando ela veio andando em minha direção, mas fiquei com cara de idiota quando passou direto. Me virei e vi que ela ia de encontro àquela mulher, que agora tinha uma mala na mão. Não, aquilo não era real, devo estar sonhando, só pode ser isso. Elas se abraçaram e soltaram uma risada juntas. Certo, aquilo só poderia ser uma piada de muito mau gosto. Fiquei parado, olhando a cena bem diante de meus olhos, não podia acreditar naquilo. falava com a mulher como se conhecesse ela há anos.
. – disse minha esposa bem parada à minha frente, com um sorriso nos lábios. – Essa é minha irmã, . – embora eu seja muito novo para ter um enfarte, acho que agora estava tendo um.
– Irmã? – perguntei, pasmo, afinal, nunca tive ciência que tinha uma irmã, sempre pensei que fosse filha única.
– Sim, e pelo visto nunca fui mencionada pela minha própria família. – ela esticou a mão em minha direção. – Prazer, a ovelha negra. – deu um sorriso malicioso, a apertei com receio do que ela poderia fazer. – Então, cadê as crianças?
– Não temos filhos. – respondeu de forma tímida. – Mas pretendemos ter.
– Depois de oito anos de casados vocês, ainda não tem pelo menos dois fedelhos os infortunando? Sinceramente, , esse cara tem outra, só pode. – disse, passando ao meu lado, o cheiro de seu perfume ainda era o mesmo que ficara gravado em minha memória.
– Talvez você esteja se enganando de homem. – respondi, um pouco irritado com a peculiaridade que ela usou em seu tom de voz. – Se ainda não temos filhos, não é nem de perto essa questão que você supôs. – a segui, com bem ao meu lado, ela entrelaçou seus dedos nos meus, e aquilo foi estranho, pois me pareceu que ela estava apreensiva.
– Será? – jogou a dúvida no ar. – Homens são todos iguais, bastam ver um rabo de saia sem calcinha que já estão pulando a cerca para ir atrás. – lançou um olhar por cima de seu ombro e olhou por cima de seus óculos de sol. – E não diga que estou errada. – deu um sorrisinho sínico. – Então, meu quarto continua sendo onde sempre foi, ou vocês já o desfizeram?
– Sim, no final do corredor, de frente para a porta da cozinha. – mencionou , indicando o quarto de hóspedes. Continuei calado, aquela mulher tinha a língua mais afiada que uma navalha.
– Sei muito bem onde fica. – saiu andando na frente, nos deixando para trás. Segurei minha esposa, e a puxei para um canto.
– Tem como me explicar o que está acontecendo? – pedi, e seus olhos tinham um pouco de pavor. – , amor. – segurei seu rosto, e tirei meus óculos para poder encará-la. – Quem é aquela mulher?
– Minha irmã. – sua voz era trêmula. – Não a vejo desde quando eu tinha quinze anos. – abaixou o olhar, e depois segurou minha mão. Pelos meus cálculos rápidos, isso já fazia doze anos. – E para uma menina de apenas onze anos, ela tinha um desvio de conduta absurdo. – fechei os olhos, aquilo não podia ter acontecido. Eu transei com uma adolescente há oito anos atrás! Vontade de socar minha cabeça na parede até não poder mais. Que merda que eu fiz! – Mas veja, ela pode ter mudado, né? – só queria dizer a ela que não, sua irmã não parecia ter mudado.
– Mas o que aconteceu com ela? Tipo, vocês não se veem há doze anos, o que houve para isso acontecer? – falávamos baixinho, para que não escutassem.
– Vocês vão ficar falando sobre mim, escondidos, ou vamos tomar uma cerveja juntos? – ficou pálida ao escutar a voz de sua irmã. – Qual é gente, não sou idiota, sei que estão falando de mim, ainda mais baixinho dessa forma. – me virei e encarei aquela mulher que estava bem atrás de nós com as mãos no bolso se seu short.
– Certo, eu pego as cervejas. – minha esposa saiu andando, apressada, me deixando sozinho com sua irmã.
– Então, imagino o que esteja passando pela sua cabeça. – ela começou. – Isso me parece extremamente clichê e monótono. – comentou para si mesma. – Enfim, você pode ouvir a versão da minha irmã dizendo que sou uma louca psicótica, por mim tudo bem, mas se quiser saber da verdade, podemos conversar mais tarde, a sós. – resaltou a ultima palavra, mas ao contrário do que pareceu, ela não soou maliciosa.
– Não me deve explicações de nada. – falei passando por ela que permaneceu parada onde estava. – Isso é assunto de vocês, não meu. – senti sua mão tocando meu braço, parei e me virei para encará-la, já imaginando o que viria a seguir; provocações.
– Você a ama? – sua pergunta foi baixa, e seu olhar me encarava perplexo. Concordei com a cabeça, e então ela sorriu de forma gentil. – Que bom. – seu sorriso foi se estendendo mais ainda.
Como que eu queria saber o que se passava pela cabeça daquela mulher. Era impossível decifrar qualquer gesto ou olhar dela, tão misteriosa que me fazia querer ir adiante e descobrir seus segredos. nos chamou para que nós a acompanhássemos até o deck da piscina, e em sua mão tinha três garrafas de cerveja. Quando me aproximei da minha esposa, lhe dei um selinho apertado, embora não fossem aqueles lábios os quais queria realmente beijar. Ela nos entregou as respectivas garrafas. Caminhamos para fora da casa, e nós sentamos debaixo dos guarda-sóis, nos quais tinha duas mesas e algumas cadeiras abaixo deles. Abri minha cerveja e dei uma longa golada, sentido aquele líquido gelado descer por minha garganta abaixo, que queimava feito fogo. e começaram a conversar, e eu não tinha a mínima vontade de participar daquilo, então levantei, tirei minha camisa e mergulhei na piscina. Embora quisesse muito que aquela mulher estivesse aqui comigo, não era bem dessa maneira que tinha desejado. É, tenho que tomar mais cuidado com o que quero.

7 fevereiro de 2013, 4:00 a.m., Ilha de Tracy, Tupai, Polinésia Francesa, Oceania.

Como se aquilo não pudesse ficar pior, o ar condicionado do nosso quarto queimou, e o ventilador fazia mais barulho do que vento. Levantei, irritado com aquela merda, morrendo de calor. parecia que não ligava, já que estava dormindo profundamente debaixo de uma manta bem fina, não sei como ela ainda consegue se cobrir. Sai do quarto sem fazer barulho, e caminhei até a cozinha, precisava de beber algo gelado. A casa estava toda escura, mas conhecia bem o lugar para não precisar acender nada no caminho. Senti um cheiro de cigarro, achei estranho e foi ai que lembrei de . Peguei um copo d’água e fui até a porta de vidro que estava com uma pequena greta aberta, e dava para ver o deck da piscina. Vi apenas a sombra da mulher se mexendo, sentada em uma cadeira, entre seus dedos estava o cigarro aceso, a única coisa que realmente dava para ver, era a brasa na ponta. Caminhei até ela e parei ao seu lado, dando uma golada na água gelada.
– Por que não se senta? – perguntou olhando para alguma coisa ao longe, enquanto dava uma tragada.
– Já estou voltando para meu quarto. – se remexeu na cadeira, cruzando agora suas pernas sobre ela. – O que tem entre você e a ? – pude ouvir uma pequena risada. Sim, a curiosidade de saber mesmo a verdade era maior do que qualquer coisa.
– Quer mesmo saber? – coçou sua sobrancelha e me olhou, concordei. – Tentei matar ela enquanto dormia. – aquilo só podia ser brincadeira. – Sabe, sempre foi só a , ela, a menininha do papai e da mamãe, tudo o que fazia era lindo e perfeito. – tinha amargura em sua voz. – E eu, bem, era apenas uma menina mirrada e feia, sem talento. Entende? – não falei nada. – É claro que não entende, ninguém entende. – jogou seu cigarro o mais longe possível. – Quando se é sempre jogado na sua cara que você foi um acidente, nem era para ter nascido e, acima de tudo, que não era capaz de fazer nada direito, bem, a pessoa começa a ficar meio revoltada. – não sabia o que falar, não sabia também se aquilo era verdade, e muito menos se deveria acreditar. – Então pensei "Se talvez deixasse de existir, quem sabe meus pais prestariam atenção em mim". – puxei uma cadeira e me sentei para acabar de escutar. – Nós dividíamos o mesmo quarto, aí, em uma noite, peguei meu travesseiro e tentei sufocá-la, mas a idiota derrubou o abajur e nossos pais chegaram antes que eu a matasse. Infelizmente. Só que em vez deles pelo menos brigarem comigo, eles fizeram pior, me mandaram, com apenas onze anos, para Napolion, Ohio. Você sabe quantas horas fica a Califórnia de Ohio?
– Não faço ideia. – dei de ombros.
– São trinta horas, no mínimo! Fui mandada para a casa do meu Tio militar, tem noção disso? O camarada era o Hitler encarnado! Tudo para abafar o acontecido. Os desgraçados dos meus pais nunca me ligaram ou me mandaram uma carta quando estive lá. Ninguém tem noção do que passei todos esses anos, às vezes preferia ter ido para um internato do que para aquele lugar. – suspirou. – Mas isso é passado, né? Pois querida se casou, e claro, nem fui convidada, mas dei meu jeito de dar meu resente pessoalmente ao noivo. – riu um pouco alto. – Sabe qual é a melhor parte disso? É que ela nem suspeita o que aconteceu, é uma idiota.
– Por que tem tanta certeza de que ela não sabe? – ergui uma sobrancelha, a desafiando. Aquela mulher era louca.
– Dois motivos: primeiro, ela teria contado para a mamãe, e sem dúvida a velha coroca teria vindo atrás de mim tirar satisfações. Segundo, vocês não estariam juntos. – olhando por esse ponto, ela tinha razão. Talvez conhecesse sua família melhor do que eu. – , seja sincero, você ama mesmo ela?
– Que pergunta mais ridícula. – resmunguei mais algumas coisas, mas ela não entendeu. Bebi um pouco da minha água para molhar a garganta que tinha ficado seca. – Como não amar a ? – a mulher me olhou de um jeito muito estranho. – Ela é perfeita.
– Hm. – seus lábios formaram um sorriso forçado, mas sem mostrar os dentes. A forte luz da lua me permitia enxergar algumas coisas. – Realmente, é o que todos sempre dizem.
– O que veio fazer aqui? – no exato momento, era tudo o que queria saber.
– Escutei minha tia conversando no telefone sobre vocês, que vieram para cá como uma segunda lua de mel, tentando salvar o casamento. – agora ela me pegou de guarda baixa, e estava ali para cavar nossas covas. – É tudo mentira sua! Nenhuma palavra que sai da sua boca é verdade, você não ama mais , não a acha perfeita, nem ao menos consegue mais olhá-la direito. – levantou da cadeira, fazendo a mesma cair para trás. – Admita que tem repulsa só de pensar nela. – parou na minha frente. – , sinto lhe informar, mas o tempo de vocês acabou. – colocou cada mão sua nos braços da cadeira, se impulsionando em minha direção. – Não tem mais nada para se fazer, seus olhos me desejam, não tente resistir a algo que quer muito. – umedeceu seus lábios. – Agora, diga que me quer.
– Você está louca. – tentei sair dali, mas sua pequena mão espalmou meu peito, me fazendo voltar para o lugar. – , pare com isso. – perdi, segurando sua mão e a tirando de mim.
– E se eu não parar? O que vai fazer? Gritar socorro para a ? – um sorriso malicioso apareceu em seu rosto. – Eu acho que você não vai fazer nada, além de me jogar sobre essa mesa e arrancar minha roupa toda. – a cada palavra, sua boca se aproximava mais da minha.
– Alguém já te disse que precisa procurar um terapeuta? – sugeri, segurando seus braços, e levantando, a afastando de mim. Praga, tentação do inferno.
– Meu último terapeuta tentou me assediar, então furei o olho dele com o abridor de cartas. – deu uma gargalhada, achando aquilo muito engraçado. – Aí vim para cá, sabe, vim fugida, têm algumas pessoas atrás de mim por isso. – colocou a ponta do indicador em seu lábio inferior, o puxando levemente para baixo. Eu a encarava horrorizado. – É brincadeira! Acha mesmo que uma menina como eu, indefesa, faria tal crueldade?
– Para que tentou matar a própria irmã, o que seria o olho de um homem? – ela fez uma cara pensativa, depois deu de ombros. – E , você pode ser qualquer coisa, menos indefesa.
– Mas em suas mãos me sinto apenas uma garotinha. Posso confessar uma coisinha? – tinha que voltar para o meu quarto, aquela situação estava ficando tentadora. – Não consigo esquecer a nossa noite. Foi tão... – a interrompi.
– Chega, tá legal! Chega! Não quero sabe de nada disso! Foi apenas uma transa, esquece aquela merda! – seus olhos se encontraram com os meus, e como antes, eles nunca me diziam nada. – Vou para meu quarto. – saí andando.
– Vou te esperar no meu. – disse alto o suficiente para que eu escutasse. – Vestindo um lingerie vermelha. – a imagem daquela mulher vestindo tal peça veio imediatamente em minha mente, fazendo um calor maior percorrer meu corpo. – Ou melhor, a noite está tão linda, que tal darmos um mergulho?
– Boa noite, . – continuei a andar em direção à porta da cozinha.
Olhei para trás antes de entrar naquela casa quente e abafada. Vi a mulher tirar seu vestido, ficar apenas de calcinha e dar alguns passos em direção da praia, depois parou e tirou sua última peça, ficando completamente nua. Balancei a cabeça, negando meu desejo por ela. Que saber, dane-se. Andei apressado, deixando o copo de vidro vazio sobre a mesa que tinha no deck, arranquei minha samba canção e fui andando atrás de , que já tinha chegado na beira do mar. A mulher olhou por cima do ombro e sorriu, então se virou e gesticulou com a mão, como se fosse uma sereia me convidando a entrar naquelas águas escuras. A alcancei, enlaçando sua cintura e unindo nossos corpos. Nos olhamos, antes de nos beijarmos. Ela ia me puxando cada vez mais para dentro daquela imensidão.
, você é meu? – perguntou passando as mãos em redor do meu pescoço.
– Bem, você é minha? – ela apenas sorriu e me puxou para baixo, unindo nossos lábios.
Mergulhamos, e não sei como aquela mulher tinha força para conseguir me segurar debaixo da água. O ar começou a ficar menor, e a necessidade de respirar era enorme. Abri os olhos, e eles arderam por causa do sal. A luz forte do luar penetrava água, fazendo parecer um anjo, mas nesse caso, o da morte. Ela tinha um sorriso enorme, e seus cabelos balançavam ao redor de seu rosto, suas mãos estavam me prendendo. Uma pressão enorme começou a forçar meu crânio, causando uma dor horrível. Tentei de qualquer maneira me soltar, mas era impossível. Senti suas unhas me arranhando feito garras e aquilo ardia, ela me segurava firmemente. Inalei a água, e foi ai que toda a dor foi embora.

6 fevereiro de 2013, 14:45 p.m., Ilha de Tracy, Tupai, Polinésia Francesa, Oceania.

Senti o suor descer pela minha testa assim que meus olhos se abriram. Tirei meus óculos escuros e passei a mão em meu rosto. Já estava cansado de sonhar com aquela mulher, a cada fantasia, ela tinha um nome diferente. Isso estava virando uma rotina constante, e me pergunto até quando essa merda vai continuar. O tormento por ter traído me persegue desde aquele dia, e acho que se eu não confessar o que aconteceu aquela noite, irei ficar louco. As lembranças estão me consumindo. Não posso mais viver desse jeito. Levantei da espreguiçadeira e fui à procura de minha esposa, por fim, contar toda a verdade. A encontrei comendo uma salada de frutas, distraída olhando o mar. Sentei junto dela, tentando achar minha coragem, ou talvez as palavras certas, para lhe dizer tudo. Só então percebi que seu rosto mudara completamente olhando para algo atrás de mim, me virei estranhando tal fato, e a visão daquela mulher cujo nome muda a cada sonho, veio andando em nossa direção, aquilo só podia ser uma alucinação, como das outras vezes, só que agora estava muito bem acordado.



Fim.


Nota da autora:
Opa, cheguei! Galera, pensei que essa fic não iria sair! Sério, na boa, agarrei bem no começo e quase arranquei meus cabelos por isso. Então, essa foi minha menina para o especial AM, toda linda e ousada. Espero que tenham gostado, e não deixem de comentar. Sugestões de quem pode ser a tal mulher misteriosa! Quero ouvir/ler teorias. É isso, até a proxima minhas felinas.

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