Capítulo Único
Não, essa definitivamente não é uma história de amor, um conto de fadas não pode acontecer na vida real…
Os olhos dele possuíam uma gentileza que me custou tudo; olhos que pareciam me ver de verdade, enxergando defeitos e imperfeições, aceitando cada detalhe que eu me sentia tão insegura! Um sorriso que aquecia como os raios solares, um perfume que inebria a minha alma…Eu o amava com cada célula, mas eu deveria saber que toda perfeição não poderia existir! Ser vista era como uma lâmina de dois gumes, sabia exatamente o que falar, como agir para que eu ficasse…Ele era como uma droga, viciante, destrutivo!
O início de tudo…
O salão de eventos estava exatamente como eu me lembrava, garçons circulando com bandejas de prata com taças com espumantes dourados, mulheres belamente trajadas, homens em seus melhores ternos e smoking, risadas, sorrisos, máscaras milimetricamente ensaiadas enquanto envenenavam uns aos outros com elogios maldosos…Eu não queria estar ali! Respirei fundo, arrumei minha postura e coloquei o sorriso em que passei minha vida inteira ensaiando a cada novo evento. Meus pais me colocaram no mundo do entretenimento muito cedo, uma atriz mirim, e aqui estava: uma carreira estável, uma série de trabalhos premiados, mas como consequência disso uma série de problemas quanto a imagem do meu corpo, o psicológico andava em falta…O glamour escondia o que havia de pior nessa indústria.
— Senhorita , está belíssima como sempre! — Conrad Vassilinsk, um dos diretores com quem havia trabalhado.
— Obrigada, Senhor Vassilinsk. — O respondi polidamente.
— Me chame pelo nome, nos conhecemos a tempo suficiente querida. — Conrad Vassilinsk me respondeu com uma piscadela divertida.
— Obrigada pela consideração senhor Vassilinsk, ops, quero dizer, Conrad. — Lhe devolvi o sorriso ouvindo rir em diversão.
— Espero trabalhar outra vez com você senhorita . — Conrad Vassilinsk me respondeu antes de se dirigir à mesa com aperitivos.
Sorri calmamente, me sentindo um pouco menos sufocada, tomando outro fôlego lancei meu olhar para o salão, estudando os rostos, expressões, traçando uma estratégia. Entre a sacada central e os banheiros estava um grupo de jovens atores, novos rostos que ainda não fizeram a entrada oficial para o mundo do entretenimento, entre eles estava Preston Blake, a ovelha negra que adorava os recém chegados. Suspirei mordendo o interior da minha bochecha, para não marchar até lá e o levar diretamente às autoridades, o maldito sempre escapava da prisão, suas vítimas retiravam as queixas e assim Preston continuava impune. Com paços calculados me coloquei entre Preston e uma jovem garota na faixa dos 15 a 17 anos, nova demais para estar desacompanhada!
— Preston, a quanto tempo?! — Exclamei teatralmente, um sorriso zombeteiro nós lábios e então os rostos mais próximos do grupo de pessoas se voltaram para nós.
— Minha querida , sempre tão animada. — Preston me respondeu com um sorriso social enquanto seus olhos de um tom quase preto me fuzilava irado.
— Você acha?! — Coloquei meu cabelo para trás alcançando uma taça a levando aos lábios sem me abalar. — Eu não tenho visto a Anne, ela esqueceu algumas roupas na minha casa e eu gostaria de devolver, você teve notícias dela Blake? — O respondi no mesmo tom cordial, o olhar de Preston endureceu, com um movimento discreto levou sua mão cerrada ao bolso de seu smoking ocultando sua raiva.
— Não tive notícias dela, querida . — Preston tentou manter seu tom neutro, mas seus olhos o entregavam.
— Se você souber dela, poderia avisá-la por gentileza? — O questionei olhando-o "graciosamente".
— Como recusar um pedido seu, minha querida ?! — Preston me respondeu com um sorriso embora sua mandíbula estava tensa e uma de suas veias em sua testa saltasse diante seu ânimo. — Te vejo por aí , me lembrei que não cumprimentei o diretor Vassilinsk.
— Cuidado com ele Preston, Conrad não está de bom humor. — O alertei com "preocupação" em meu tom de voz.
— Terei seu aviso em mente . — Ele acenou antes de seguir na direção da mesa de aperitivos.
— Eu não acredito que você o espantou! — A garota ao meu lado exclamou em alívio.
— Eu pensei que ele passaria a noite toda tentando nos convencer a ir a casa dele para um after. — O garoto à minha frente me respondeu com uma amargura em seu tom de voz.
— Tenham cuidado com Preston e todos com quem ele estiver nessa noite, Conrad é o único que vocês não precisaram se preocupar, o segredo número um dessa indústria é: não confie em ninguém, não aceite bebida de ninguém e de modo algum siga alguém para fora desse salão. — Os olhei seriamente.
— Como podemos saber se você está falando a verdade? — Uma das garotas me respondeu.
— Ela é , Hebe, não seja mal educada, você queria falar com ela desde o momento em que ela apareceu nesse salão. — Uma voz masculina soou as minhas costas, o tom aveludado deveria ser o meu primeiro sinal para ficar em alerta, por um equívoco resolvi o ignorar.
— . — A garota ao meu lado saudou o estranho que se colocou à minha frente, ele possuía olhos , brilhantes, fascinantes.
— Obrigada por cuidar deles, senhorita , me chamo Cravely. — Ele levou minha mão aos seus lábios deixando um beijo sobre as costas da minha mão.
— Esse não é um ambiente em que você deve deixá-los sozinhos, há muitas pessoas perigosas por aqui. — O respondi com indiferença, deixando-os para me dirigir até outro diretor.
Tudo mudaria na minha vida a partir daquela noite, eu só não sabia ainda…
Semana depois…
— E...corta! — A voz de Conrad soou encerrando a tomada daquela cena.
Era outono, as árvores de bordô coloriam o set em seus tons laranjas e vermelhos, o ocasional vento trazia consigo uma chuva de folhas…Após o evento Conrad Vassilinsk entrou em contato com a minha mãe, a responsável pela minha carreira, e em menos de uma semana um longa começou a ser gravado. Minha personagem não era a principal desta vez, no entanto eu gostava de como todo o cenário de fundo da minha personagem era mais complexo e me desafiava ao mesmo tempo.
— Você pode descansar agora querida, nossa próxima tomada será perto do anoitecer. — Conrad Vassilinsk surgiu com uma garrafa de água em sua mão.
— Obrigada, Conrad. — Aceitei a garrafa com um pequeno sorriso, a última cena havia pedido muito de meu corpo, havíamos acabado de gravar toda uma tomada cheia de movimentos , incluindo corrida e lutas ensaiadas.
— Descanse criança, ainda temos algumas cenas a noite para finalizar. — Conrad me respondeu e em seu tom havia quase uma preocupação paternal.
Sorri em agradecimento antes de me dirigir para o estacionamento em que os trailers estavam estacionados, caminhava distraída, em certa parte por conta do sono que sentia. Devido a isso, acabei deixando passar o som de passos as minhas costas, apenas notei que havia alguém me seguindo quando alcancei as pedras do estacionamento me assustando com a presença da pessoa que me seguia.
— Hey, calma, sou eu, , o cara que você conheceu nas últimas semanas. — A figura dele se posicionou a minha frente verificando se estava bem.
— Quem você pensa que é para agir dessa maneira?! — Exclamei mal-humorada, minha paciência beirando o limite.
— Eu pedi desculpas. — Ele ergueu suas mãos dando alguns passos para trás.
— Isso não muda nada! — O respondi tentando normalizar meu tom de voz.
— Eu sei, sinto muito. — passou as mãos pelos fios de seu cabelo em claro desconforto.
— Okay, vamos deixar isso de lado, há algo que você precise para estar me seguindo todo esse tempo? — O indaguei em um tom mais ameno.
— Na verdade há algo sim. — me respondeu com um sorriso começando a despontar em seus lábios.
— Porque eu sinto que irei me arrepender disso daqui alguns ano?! — Sussurrei apena para que eu pudesse ouvir.
— Eu gostaria de ter o seu número. — me respondeu com um sorriso de canto enquanto dava alguns passos em minha direção. — Gostaria de agradecê-la adequadamente pelo o que fez com aquelas crianças em nosso último encontro.
— Eu realmente estou com a agenda cheia , vamos ter que deixar isso para uma próxima. — Declinei a proposta o mais suave que consegui. — Tudo bem, eu posso esperar. — Ele sorriu para mim antes de me desejar um bom descanso desaparecendo pelo caminho que havia me dirigido até ali.
Eu ri balançando a cabeça enquanto seguia para o meu trailer, queria uma dose de descanso, horas atrás havíamos gravado toda uma cena, no entanto a última coisa que eu conseguia fazer era dormir! Tudo mudaria dali em diante!
Alguns meses depois…
Com o aumento das tomadas, não encontrou espaço para se aproximar outra vez, havia algo sobre ele que eu não conseguia ver, ou entender! No entanto, todos os dias aparecia com comidas para o elenco, ele parecia estar ajudando nos bastidores, ou assim eu imaginava. Ele servia outras pessoas ao invés de se alimentar primeiro, pequenos atos de gentileza, sorrisos e risadas…Eu não conseguia entender o porquê ele estava se tornando tão interessante! Eu não conseguia ignorar a sua presença, e não fora até a manhã após uma longa noite de gravações que tudo mudou.
— Hey dorminhoca, está na hora de acordar.
— Por mais que você pareça totalmente fofa adormecida, o diretor Vassilinsk está te chamando.
— .
Ao abrir meus olhos encontrei aquelas s me observando com atenção, olhos calorosos, eu não sabia se era o efeito do sono ou as noites passadas em claro por conta do filme, mas naquele instante meu corpo simplesmente se moveu, minhas mãos seguraram a camisa dele o puxando para mim e então nossos lábios se encontraram. E aquele beijo fora como fogos de artifícios em meu estômago, segurou minha cintura me aproximando ainda mais dele, seu perfume era como uma droga! Eu não sabia onde estava a razão em que me agarrei firmemente nos últimos meses, talvez houvesse se perdido entre os atos de gentileza para o pessoal da equipe, sua prestatividade, ou as brincadeiras e gracejos que ele adorava lançar quando não havia mais ninguém por perto.
— Você…Uau…Eu não quero parar por aqui mas você realmente precisa ir . — me respondeu segurando minha face, havia um doce sorriso em seus lábios rosados.
— Eu preciso de mais algumas horas de sono. — O respondi bocejando mas permanecendo parada.
— . — parecia implorar para que eu me movesse.
— Eu estou indo. — Ri me divertindo antes de seguir para o banheiro para jogar um pouco de água no rosto para espantar o sono.
Eu o segui para o local em que Conrad nós esperava, minha mãe ainda não havia retornado de sua última reunião na empresa que ela havia criado após conseguir o capital necessário em minha adolescência; era por essa razão que estava sozinha no trailer naquela manhã, por mais que eu fosse adulta, minha mãe ainda me acompanhava nos filmes que gravava, a cada set ela teria o hotel, ou locação perfeitamente organizada para nos receber. Conrad iniciou uma reunião repassando os últimos detalhes sobre as cenas finais daquelas locações, avisando que as gravações retornariam após um mês, eles estavam finalizando os últimos detalhes sobre os locais em que seriam gravados as cenas finais do longa. Me ocupei em prestar atenção nas falas de Conrad, ignorando a figura de , ele por si só atraía minha atenção. Naquele dia houve poucas cenas, sem erros e então o anúncio de uma pequena férias animou tanto atores como as equipes, uma festa de comemoração foi organizada sem que houvesse como impedir… fora um dos idealizadores da festa, sua natureza social havia conquistado todos, como eu poderia não me render?!
As feridas mais profundas são causadas por aqueles que estão mais próximos de nós!
Dias atuais…
O desastre ocorre quando não ouvimos nossa intuição, tudo começou a desmoronar quando o retornei as gravações finais do filme, as férias de um mês me levará para os destinos mais inesperados, ele agira como um completo cavalheiro, saltamos de paraquedas, mergulhamos em águas cristalinas, ele me fez provar comidas que nunca havia ouvido falar! Ele estava o tempo todo do meu lado até não estar…Um escândalo surgiu no qual o nome dele estava sem foco, devido a distância das locações eu não soube de nada até voltar para casa. A máscara de caiu como fragmentos ao checar as notificações de meu celular, eu senti meu coração de comprimir a tal ponto que ele parecia querer desaparecer…Doía! Era como desaprender a respirar! A verdade era que eu poderia ter descoberto tudo com antecedência se ao menos, eu tivesse ouvido minha intuição, senão ignorasse meus mais velhos e inegáveis princípios! Com o escândalo, meu nome fora jogado na lama, a data de estreia do filme adiado! Eu me sentia como uma tola! Eu queria gritar com até ele perder a audição! Ligações ignoradas, mensagens bloqueadas, ele estava me evitando como uma doença contagiosa…
. . .
Uma madrugada, enquanto observava a cidade a distância da minha janela, meu celular tocou, uma, duas, três…inúmeras vezes ao ponto de me irritar! Atendi sem ao menos verificar quem estava ligando, mas a primeira nota eu reconheci a voz daquele que estava fazendo um esforço quase hercúleo em me evitar! Despejar a raiva, frustração foi automático, ele me ouviu pacientemente. esperou até que eu me acalmasse para se desculpar, palavras vazias, repletas de manipulação. Pouco a pouco começava a ver sua teia de mentiras, como uma aranha ele envolveu um a um em sua teia de manipulação.
— Eu te odeio ! Não me procure!
. . .
O problema das drogas são que além de viciantes, elas nos fazem perder a dignidade, nos destruindo de dentro para fora! era como uma maldita droga! Dizer não para ele era como um alcoólatra que recusa beber uma cerveja após um longo período sem…Os olhos que me atraíram agora né causavam raiva, mas lutar contra o coração era difícil…Todas as vezes que eu ligava dizia que não o encontraria, e em todas falhava miseravelmente!
Precisava aprender a me amar outra vez, viver com a ausência, eu me ergueria outra vez! Mas porque ele tinha que ser tão viciante?!
Os olhos dele possuíam uma gentileza que me custou tudo; olhos que pareciam me ver de verdade, enxergando defeitos e imperfeições, aceitando cada detalhe que eu me sentia tão insegura! Um sorriso que aquecia como os raios solares, um perfume que inebria a minha alma…Eu o amava com cada célula, mas eu deveria saber que toda perfeição não poderia existir! Ser vista era como uma lâmina de dois gumes, sabia exatamente o que falar, como agir para que eu ficasse…Ele era como uma droga, viciante, destrutivo!
O início de tudo…
O salão de eventos estava exatamente como eu me lembrava, garçons circulando com bandejas de prata com taças com espumantes dourados, mulheres belamente trajadas, homens em seus melhores ternos e smoking, risadas, sorrisos, máscaras milimetricamente ensaiadas enquanto envenenavam uns aos outros com elogios maldosos…Eu não queria estar ali! Respirei fundo, arrumei minha postura e coloquei o sorriso em que passei minha vida inteira ensaiando a cada novo evento. Meus pais me colocaram no mundo do entretenimento muito cedo, uma atriz mirim, e aqui estava: uma carreira estável, uma série de trabalhos premiados, mas como consequência disso uma série de problemas quanto a imagem do meu corpo, o psicológico andava em falta…O glamour escondia o que havia de pior nessa indústria.
— Senhorita , está belíssima como sempre! — Conrad Vassilinsk, um dos diretores com quem havia trabalhado.
— Obrigada, Senhor Vassilinsk. — O respondi polidamente.
— Me chame pelo nome, nos conhecemos a tempo suficiente querida. — Conrad Vassilinsk me respondeu com uma piscadela divertida.
— Obrigada pela consideração senhor Vassilinsk, ops, quero dizer, Conrad. — Lhe devolvi o sorriso ouvindo rir em diversão.
— Espero trabalhar outra vez com você senhorita . — Conrad Vassilinsk me respondeu antes de se dirigir à mesa com aperitivos.
Sorri calmamente, me sentindo um pouco menos sufocada, tomando outro fôlego lancei meu olhar para o salão, estudando os rostos, expressões, traçando uma estratégia. Entre a sacada central e os banheiros estava um grupo de jovens atores, novos rostos que ainda não fizeram a entrada oficial para o mundo do entretenimento, entre eles estava Preston Blake, a ovelha negra que adorava os recém chegados. Suspirei mordendo o interior da minha bochecha, para não marchar até lá e o levar diretamente às autoridades, o maldito sempre escapava da prisão, suas vítimas retiravam as queixas e assim Preston continuava impune. Com paços calculados me coloquei entre Preston e uma jovem garota na faixa dos 15 a 17 anos, nova demais para estar desacompanhada!
— Preston, a quanto tempo?! — Exclamei teatralmente, um sorriso zombeteiro nós lábios e então os rostos mais próximos do grupo de pessoas se voltaram para nós.
— Minha querida , sempre tão animada. — Preston me respondeu com um sorriso social enquanto seus olhos de um tom quase preto me fuzilava irado.
— Você acha?! — Coloquei meu cabelo para trás alcançando uma taça a levando aos lábios sem me abalar. — Eu não tenho visto a Anne, ela esqueceu algumas roupas na minha casa e eu gostaria de devolver, você teve notícias dela Blake? — O respondi no mesmo tom cordial, o olhar de Preston endureceu, com um movimento discreto levou sua mão cerrada ao bolso de seu smoking ocultando sua raiva.
— Não tive notícias dela, querida . — Preston tentou manter seu tom neutro, mas seus olhos o entregavam.
— Se você souber dela, poderia avisá-la por gentileza? — O questionei olhando-o "graciosamente".
— Como recusar um pedido seu, minha querida ?! — Preston me respondeu com um sorriso embora sua mandíbula estava tensa e uma de suas veias em sua testa saltasse diante seu ânimo. — Te vejo por aí , me lembrei que não cumprimentei o diretor Vassilinsk.
— Cuidado com ele Preston, Conrad não está de bom humor. — O alertei com "preocupação" em meu tom de voz.
— Terei seu aviso em mente . — Ele acenou antes de seguir na direção da mesa de aperitivos.
— Eu não acredito que você o espantou! — A garota ao meu lado exclamou em alívio.
— Eu pensei que ele passaria a noite toda tentando nos convencer a ir a casa dele para um after. — O garoto à minha frente me respondeu com uma amargura em seu tom de voz.
— Tenham cuidado com Preston e todos com quem ele estiver nessa noite, Conrad é o único que vocês não precisaram se preocupar, o segredo número um dessa indústria é: não confie em ninguém, não aceite bebida de ninguém e de modo algum siga alguém para fora desse salão. — Os olhei seriamente.
— Como podemos saber se você está falando a verdade? — Uma das garotas me respondeu.
— Ela é , Hebe, não seja mal educada, você queria falar com ela desde o momento em que ela apareceu nesse salão. — Uma voz masculina soou as minhas costas, o tom aveludado deveria ser o meu primeiro sinal para ficar em alerta, por um equívoco resolvi o ignorar.
— . — A garota ao meu lado saudou o estranho que se colocou à minha frente, ele possuía olhos , brilhantes, fascinantes.
— Obrigada por cuidar deles, senhorita , me chamo Cravely. — Ele levou minha mão aos seus lábios deixando um beijo sobre as costas da minha mão.
— Esse não é um ambiente em que você deve deixá-los sozinhos, há muitas pessoas perigosas por aqui. — O respondi com indiferença, deixando-os para me dirigir até outro diretor.
Tudo mudaria na minha vida a partir daquela noite, eu só não sabia ainda…
Semana depois…
— E...corta! — A voz de Conrad soou encerrando a tomada daquela cena.
Era outono, as árvores de bordô coloriam o set em seus tons laranjas e vermelhos, o ocasional vento trazia consigo uma chuva de folhas…Após o evento Conrad Vassilinsk entrou em contato com a minha mãe, a responsável pela minha carreira, e em menos de uma semana um longa começou a ser gravado. Minha personagem não era a principal desta vez, no entanto eu gostava de como todo o cenário de fundo da minha personagem era mais complexo e me desafiava ao mesmo tempo.
— Você pode descansar agora querida, nossa próxima tomada será perto do anoitecer. — Conrad Vassilinsk surgiu com uma garrafa de água em sua mão.
— Obrigada, Conrad. — Aceitei a garrafa com um pequeno sorriso, a última cena havia pedido muito de meu corpo, havíamos acabado de gravar toda uma tomada cheia de movimentos , incluindo corrida e lutas ensaiadas.
— Descanse criança, ainda temos algumas cenas a noite para finalizar. — Conrad me respondeu e em seu tom havia quase uma preocupação paternal.
Sorri em agradecimento antes de me dirigir para o estacionamento em que os trailers estavam estacionados, caminhava distraída, em certa parte por conta do sono que sentia. Devido a isso, acabei deixando passar o som de passos as minhas costas, apenas notei que havia alguém me seguindo quando alcancei as pedras do estacionamento me assustando com a presença da pessoa que me seguia.
— Hey, calma, sou eu, , o cara que você conheceu nas últimas semanas. — A figura dele se posicionou a minha frente verificando se estava bem.
— Quem você pensa que é para agir dessa maneira?! — Exclamei mal-humorada, minha paciência beirando o limite.
— Eu pedi desculpas. — Ele ergueu suas mãos dando alguns passos para trás.
— Isso não muda nada! — O respondi tentando normalizar meu tom de voz.
— Eu sei, sinto muito. — passou as mãos pelos fios de seu cabelo em claro desconforto.
— Okay, vamos deixar isso de lado, há algo que você precise para estar me seguindo todo esse tempo? — O indaguei em um tom mais ameno.
— Na verdade há algo sim. — me respondeu com um sorriso começando a despontar em seus lábios.
— Porque eu sinto que irei me arrepender disso daqui alguns ano?! — Sussurrei apena para que eu pudesse ouvir.
— Eu gostaria de ter o seu número. — me respondeu com um sorriso de canto enquanto dava alguns passos em minha direção. — Gostaria de agradecê-la adequadamente pelo o que fez com aquelas crianças em nosso último encontro.
— Eu realmente estou com a agenda cheia , vamos ter que deixar isso para uma próxima. — Declinei a proposta o mais suave que consegui. — Tudo bem, eu posso esperar. — Ele sorriu para mim antes de me desejar um bom descanso desaparecendo pelo caminho que havia me dirigido até ali.
Eu ri balançando a cabeça enquanto seguia para o meu trailer, queria uma dose de descanso, horas atrás havíamos gravado toda uma cena, no entanto a última coisa que eu conseguia fazer era dormir! Tudo mudaria dali em diante!
Alguns meses depois…
Com o aumento das tomadas, não encontrou espaço para se aproximar outra vez, havia algo sobre ele que eu não conseguia ver, ou entender! No entanto, todos os dias aparecia com comidas para o elenco, ele parecia estar ajudando nos bastidores, ou assim eu imaginava. Ele servia outras pessoas ao invés de se alimentar primeiro, pequenos atos de gentileza, sorrisos e risadas…Eu não conseguia entender o porquê ele estava se tornando tão interessante! Eu não conseguia ignorar a sua presença, e não fora até a manhã após uma longa noite de gravações que tudo mudou.
— Hey dorminhoca, está na hora de acordar.
— Por mais que você pareça totalmente fofa adormecida, o diretor Vassilinsk está te chamando.
— .
Ao abrir meus olhos encontrei aquelas s me observando com atenção, olhos calorosos, eu não sabia se era o efeito do sono ou as noites passadas em claro por conta do filme, mas naquele instante meu corpo simplesmente se moveu, minhas mãos seguraram a camisa dele o puxando para mim e então nossos lábios se encontraram. E aquele beijo fora como fogos de artifícios em meu estômago, segurou minha cintura me aproximando ainda mais dele, seu perfume era como uma droga! Eu não sabia onde estava a razão em que me agarrei firmemente nos últimos meses, talvez houvesse se perdido entre os atos de gentileza para o pessoal da equipe, sua prestatividade, ou as brincadeiras e gracejos que ele adorava lançar quando não havia mais ninguém por perto.
— Você…Uau…Eu não quero parar por aqui mas você realmente precisa ir . — me respondeu segurando minha face, havia um doce sorriso em seus lábios rosados.
— Eu preciso de mais algumas horas de sono. — O respondi bocejando mas permanecendo parada.
— . — parecia implorar para que eu me movesse.
— Eu estou indo. — Ri me divertindo antes de seguir para o banheiro para jogar um pouco de água no rosto para espantar o sono.
Eu o segui para o local em que Conrad nós esperava, minha mãe ainda não havia retornado de sua última reunião na empresa que ela havia criado após conseguir o capital necessário em minha adolescência; era por essa razão que estava sozinha no trailer naquela manhã, por mais que eu fosse adulta, minha mãe ainda me acompanhava nos filmes que gravava, a cada set ela teria o hotel, ou locação perfeitamente organizada para nos receber. Conrad iniciou uma reunião repassando os últimos detalhes sobre as cenas finais daquelas locações, avisando que as gravações retornariam após um mês, eles estavam finalizando os últimos detalhes sobre os locais em que seriam gravados as cenas finais do longa. Me ocupei em prestar atenção nas falas de Conrad, ignorando a figura de , ele por si só atraía minha atenção. Naquele dia houve poucas cenas, sem erros e então o anúncio de uma pequena férias animou tanto atores como as equipes, uma festa de comemoração foi organizada sem que houvesse como impedir… fora um dos idealizadores da festa, sua natureza social havia conquistado todos, como eu poderia não me render?!
As feridas mais profundas são causadas por aqueles que estão mais próximos de nós!
Dias atuais…
O desastre ocorre quando não ouvimos nossa intuição, tudo começou a desmoronar quando o retornei as gravações finais do filme, as férias de um mês me levará para os destinos mais inesperados, ele agira como um completo cavalheiro, saltamos de paraquedas, mergulhamos em águas cristalinas, ele me fez provar comidas que nunca havia ouvido falar! Ele estava o tempo todo do meu lado até não estar…Um escândalo surgiu no qual o nome dele estava sem foco, devido a distância das locações eu não soube de nada até voltar para casa. A máscara de caiu como fragmentos ao checar as notificações de meu celular, eu senti meu coração de comprimir a tal ponto que ele parecia querer desaparecer…Doía! Era como desaprender a respirar! A verdade era que eu poderia ter descoberto tudo com antecedência se ao menos, eu tivesse ouvido minha intuição, senão ignorasse meus mais velhos e inegáveis princípios! Com o escândalo, meu nome fora jogado na lama, a data de estreia do filme adiado! Eu me sentia como uma tola! Eu queria gritar com até ele perder a audição! Ligações ignoradas, mensagens bloqueadas, ele estava me evitando como uma doença contagiosa…
Uma madrugada, enquanto observava a cidade a distância da minha janela, meu celular tocou, uma, duas, três…inúmeras vezes ao ponto de me irritar! Atendi sem ao menos verificar quem estava ligando, mas a primeira nota eu reconheci a voz daquele que estava fazendo um esforço quase hercúleo em me evitar! Despejar a raiva, frustração foi automático, ele me ouviu pacientemente. esperou até que eu me acalmasse para se desculpar, palavras vazias, repletas de manipulação. Pouco a pouco começava a ver sua teia de mentiras, como uma aranha ele envolveu um a um em sua teia de manipulação.
— Eu te odeio ! Não me procure!
O problema das drogas são que além de viciantes, elas nos fazem perder a dignidade, nos destruindo de dentro para fora! era como uma maldita droga! Dizer não para ele era como um alcoólatra que recusa beber uma cerveja após um longo período sem…Os olhos que me atraíram agora né causavam raiva, mas lutar contra o coração era difícil…Todas as vezes que eu ligava dizia que não o encontraria, e em todas falhava miseravelmente!
Precisava aprender a me amar outra vez, viver com a ausência, eu me ergueria outra vez! Mas porque ele tinha que ser tão viciante?!
Fim.
Nota da autora: A honestidade em um relacionamento assim como a fidelidade deve ser os alicerces, os fundamentos para que a relação seja saudável. Cara leitora ou leitor, saiba que haverá muitas pessoas que os colocaram em relacionamentos tóxicos, os sinais podem existir mas quando estamos apaixonados por vezes ignoramos os avisos. Não desista, procure ajuda e entenda que você não é o culpado!
Beijos e até a próxima!
Nota da Scripter: HELLO!! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Beijos e até a próxima!