Capítulo Único
Fechar os olhos, encostar as costas na cadeira de seu estúdio e respirar fundo pela primeira vez no dia era certamente satisfatório. estava com a cabeça explodindo após longas horas de conversa com seus produtores e colegas de grupo. Não aguentava mais ficar com os olhos abertos de tanto cansaço, porém ainda precisava enviar para seu editor um vídeo de um cover que havia gravado. Tudo o que ele mais desejava naquele momento era ir para casa, tomar um banho bem quente, deitar em sua cama e esquecer tudo o que havia ocorrido nessa semana intensa.
Após a longa pausa que o grupo deu, assim que foram retomadas as atividades, a pressão da mídia e da empresa cresceu consideravelmente para eles. A agenda estava cheia, existiam compromissos durante a semana inteira, diversas reuniões, muitos ensaios, entrevistas, correria para cima e para baixo, que muitas vezes até ultrapassavam os horários de descanso. A exaustão já era uma grande conhecida tanto para ele quanto para seus companheiros de grupo, mas essa era a vida que ele havia escolhido e tanto amava. Os momentos de cansaço eram sempre recompensados com o amor e carinho que recebiam de seus fãs.
O grupo estava junto há quase sete anos, ou seja, muito tempo de convívio com as mesmas pessoas. Os conflitos, apesar de não recorrentes, existiam e, querendo ou não, isso cansava demais as relações ali. Ultimamente, os maiores embates estavam sendo pela repartição das lines, letras que alguns integrantes não concordavam, erros mínimos em algumas coreografias etc. O estresse e o cansaço eram os maiores gatilhos para as breves discussões que aconteciam entre eles. A de hoje ainda estava fresca e pensava nisso sem parar, tentando achar uma solução, por mais que não fosse sua culpa.
Com uma batida na porta, despertou de seus pensamentos, pedindo para a pessoa entrar.
— Quer companhia para ir embora? Estou de saída. — entrou no estúdio do amigo, se encostando na ponta da mesa. Ele também demonstrava estar cansado, os olhos estavam fundos e estava massageando o próprio pescoço com as mãos. — Sério, que semana longa. Nem acredito que finalmente vamos ter descanso.
— Descanso bem entre aspas, né? Você sabe como as coisas estão funcionando ultimamente por aqui. — respondeu , voltando a fechar os olhos e levando as mãos à cabeça. — Vou com você sim, sem condições de dirigir com essa cabeça explodindo.
— Não se pressione tanto. Sei que estamos passando por dificuldades, mas logo as coisas melhoram. Estamos voltando agora, é pressão atrás de pressão. — se aproximou do amigo e tocou seus ombros, tentando lhe passar conforto. — Vamos embora, nós precisamos descansar.
olhou para o colega de grupo sem dizer nada, tentava lhe agradecer apenas com o olhar. Estava cansado demais para dizer qualquer coisa e sua mente revirava com tantos pensamentos descontrolados. Os dois caminharam em direção ao estacionamento da empresa, buscando o carro para irem para suas casas. Sem o auxílio do motorista, que dirigia o carro pelas ruas em direção ao apartamento de , que estava inquieto, não parava de olhar a janela e a cada dois minutos se ajeitava na cadeira do passageiro. A respiração se tornou um pouco pesada também, porém não queria incomodar o amigo. Ambos estavam exaustos e entrar em um pequeno embate antes de ir embora não estava em seus planos. Quando foi deixado em casa, agradeceu ao amigo e entrou em seu prédio tentando controlar a respiração e se manter calmo. Ele sabia o que poderia ajudá-lo a se acalmar e torcia, a cada andar que o elevador subia, para que ela estivesse em seu apartamento, o esperando.
Entrando em casa, tentando não fazer barulho, encontrou uma pequena figura feminina deitada no sofá, enrolada em uma coberta, dormindo tranquila. Olhando rápido pela sala, viu duas taças de vinho, uma um pouco suja e uma garrafa de vinho aberta. Ela realmente estava esperando-o e deve ter adormecido com a demora. nem percebeu, porém estava há uns cinco minutos estático, observando a namorada dormir, e quando se deu conta, a respiração estava controlada e aquele sentimento de sufoco estava indo embora aos poucos. Tentando fazer silêncio para não acordar a mulher adormecida, ele foi para o banheiro tomar seu tão merecido banho. Não soube dizer quanto tempo havia ficado debaixo da água também, mas estava muito mais relaxado, apenas a dor de cabeça que ainda não havia passado. Saindo do banheiro coberto de vapor, ao olhar para o quarto, viu a mesma figura feminina, que antes dormia tranquila, agora sentada em sua cama olhando para ele.
— Estava com tanta saudades! — disse ela, assim que se levantou para abraçar o corpo recém saído do banho. Algumas gotículas de água chegaram a molhar a camiseta que ela vestia, mas nada que fosse incômodo. a abraçava com força pela cintura. Além da saudade, era como se fosse um porto seguro para ele.
— Eu também. Acabei demorando porque estávamos resolvendo algumas questões pendentes do novo álbum, desculpa. Você não precisava ter levantado, deve estar cansada. — ele respondeu ainda agarrado à cintura dela.
— Você quem deve estar cansado. Como foi seu dia? — ele deu alguns beijos no ombro da mulher antes de se afastar para olhá-la. — Você parece preocupado. Aconteceu alguma coisa? — perguntou ela, levando a mão até o rosto dele, deixando um carinho leve em sua bochecha, que instantaneamente fechou os olhos para apreciar a pequena carícia.
— Está acontecendo tanta coisa na empresa esses dias. São brigas quase todos os dias, cada hora é um motivo novo. Hoje a discussão foi porque estávamos errando os tempos e as lines das músicas. Isso nunca foi motivo de guerra entre a gente, ainda mais em ensaio, mas parece que justo hoje todo mundo estava estressado. — explicava calmamente ainda de olhos fechados. A respiração voltava a ficar pesada de acordo com o que ele falava, porém o carinho em seu rosto o ajudava a manter um pouco de calma. — Parece que minha cabeça vai explodir a qualquer momento.
nem falou nada, apenas segurou na mão de e o puxou levemente até ele abrir os olhos. O guiou ainda de mãos dadas para a cozinha, lhe soltando apenas para pegar o remédio para dor de cabeça em um dos armários. Ele era muito grato de ter ali consigo, a mulher sempre o ajudava e conseguia fazer com que ele se acalmasse apenas com sua presença.
— Obrigado, linda! — agradeceu após tomar o remédio que a namorada deu. A puxou para um abraço e os dois braços do homem deram a volta na cintura dela, a apertando forte. Ficaram assim por alguns minutos, até perceber que a respiração dele estava pesada e os braços que antes abraçavam sua cintura, agora estavam moles, pendendo um pouco para o lado; o namorado estava praticamente dormindo abraçado com ela. — O que foi? — ele perguntou após sentir que o estava puxando novamente.
— Você está dormindo, amor. Vamos para a cama, assim você pode descansar. — voltou para perto dele e deixou um beijo no rosto do amado, voltando a guiá-lo de volta ao quarto. sorriu levemente com o gesto e foi seguindo-a.
Assim que finalmente pode descansar suas costas na cama, o homem suspirou. Agradeceu mentalmente por estar em casa e olhou para a namorada, que o observava silenciosamente. Esticou um dos braços para ela e assim que a mesma pegou em sua mão, a puxou para se deitar com ele. a abraçou pela cintura quando os dois já estavam devidamente confortáveis em seus espaços no colchão e trouxe o corpo dela para mais perto. Em segundos, o homem já ressonava baixinho, sentindo os carinhos feitos pela namorada em seu cabelo.
Já pela manhã, acordou e esticou um dos braços pela cama, sentindo falta do corpo quente da mulher colado ao seu. Ao olhar as horas pelo celular, ele se lembrou da pequena folga que estava tendo, depois de uma semana intensa, e se permitiu ficar mais alguns minutos na cama, apenas deitado em silêncio. nem tinha percebido que havia caído no sono novamente até sentir uma das mãos de passeando pelas suas costas levemente, tentando acordá-lo sem o assustar.
— Bom dia, belo adormecido. — sorriu para o namorado e deixou um beijo em uma de suas bochechas quando ele abriu os olhos. O homem sorriu para ela de volta e fez um leve carinho nas pernas dela. — Não ia te acordar, mas seu celular está vibrando sem parar, talvez seja algo importante.
— Bom dia, linda! Depois eu vejo isso, não estou com cabeça para começar o dia assim já. — ele respondeu, olhando para ela, voltando a fechar os olhos devagar. — Deita aqui comigo, por favor. — pediu, puxando levemente uma das mãos dela.
— Eu vou desligar a cafeteira e já venho aqui te fazer companhia, OK? — falou, já se levantando rapidamente. Apesar de não ficar tanto tempo longe do namorado, ela gostava de aproveitar cada minuto ao seu lado, mesmo que fosse os dois deitados juntos em silêncio. Em segundos, a mulher já estava de volta ao quarto, se aconchegando ao lado dele na cama. a envolveu com os braços e encostou o rosto bem próximo à nuca dela. Infelizmente, quanto mais ele tentava ignorar seu celular, mais parecia que ele vibrava intensamente. Após perder a paciência, pegou o celular, irritado; já estava prestes a xingar quem quer que fosse a pessoa que estava interrompendo sua tão desejada folga.
havia virado de frente para ele e observava atentamente as feições do homem se transformarem de raiva, para surpresa e novamente para raiva, isso tudo em poucos segundos ao atender o telefone.
— Vou ter que ir para a empresa. — bufou irritado e já se sentou na cama. — Não acredito nisso, cara. — o homem falou, levantando e caminhando em direção ao banheiro, praticamente se arrastando na força do ódio. havia se sentado na cama e observava o namorado voltar, indo trocar de roupa.
— Qual o motivo? É alguma emergência? — perguntou ela, se levantando também.
— Alguma reunião de última hora, para ajustar alguns detalhes de sei lá o que. Nem quis saber direito para não xingar. — bufou mais uma vez e levou as mãos à cabeça. caminhou até ele e o abraçou por trás.
— Não se estresse, amor, com certeza é por alguma boa causa. Vai que o quanto antes terminar lá, mais rápido você volta para casa e pode descansar em paz. — ela deixou um pequeno selar nas costas do rapaz e o apertou mais forte no abraço, sentindo a respiração dele se alternar rapidamente. — Eu te espero para almoçarmos juntos, OK?
— Tudo bem. Espero que isso acabe logo, não aguento mais. — se virou para ela e segurou o rosto da namorada com as duas mãos, dando um selinho demorado nos lábios finos dela. — Qualquer coisa, eu te aviso. — disse, soltando-a e voltando a se arrumar. Em minutos, já estava pronto e caminhava em direção à porta de casa.
estava puro estresse nessas últimas semanas e já havia percebido que o homem muitas vezes quase apresentava crises de ansiedade, o que a deixava extremamente preocupada. Ainda mais quando as coisas aconteciam de última hora, como essa reunião de hoje. Infelizmente, isso estava se tornando constante até demais.
Ao chegar na empresa, o homem se dirigiu diretamente para uma das salas de reuniões, onde ele imaginava ser a tão bendita emergência que precisava ser resolvida. Assim que fechou a porta, deu de cara com o amigo, , já sentado em uma das cadeiras e mexendo em seu celular.
— Bom dia. — falou cordialmente, mas sem expressar muito ânimo. O mau humor estava exalando por todos os poros de e ele não iria fazer questão nem de esconder isso; a menor de suas vontades era de estar ali hoje, no dia de sua folga, tendo que resolver problemas.
— Bom dia, como você está? — perguntou, tirando os olhos do aparelho telefônico e os direcionando para o amigo, que se sentava ao seu lado. — Já vou dizer que nem imagino do que se trata essa reunião e estou tão puto quanto você. — revirou os olhos.
— Ai, cara, nem me fale. Minha manhã começou tão boa, era impossível continuar tão tranquila, fico até desacreditado de uma coisa dessa. — já nem fazia ideia de quantas vezes já havia bufado desde que tinha saído de casa, essa talvez fosse a oitava vez. — Espero que pelo menos seja rápida, para valer essa merda de estresse todo.
Enquanto esperavam os outros companheiros e o CEO Seohyun chegarem até a sala, e conversavam; tentavam se distrair, de forma frustrada, visto que toda hora algum dos dois relembrava o motivo de estarem ali hoje e não em suas casas. Os dois se tornaram extremamente próximos com o passar dos anos do grupo, então se aturarem mal-humorados e bravos era algo rotineiro, e como bons amigos, sempre que podiam, se apoiavam. Apesar de alguns desentendimentos, a amizade era forte.
Assim que os outros membros faltantes chegaram, a reunião começou e foi extremamente longa. já não tinha mais noção das horas que eram e não aguentava mais ouvir algum barulho, ou voz para ser exato. A cada problema resolvido, apareciam mais cinco no lugar. E quando eles imaginavam que tudo estava para se encaminhar e a reunião finalmente acabar, outra discussão começava e a última foi a mais fervorosa. Com o estresse geral acumulado, um dos membros declarou que não aguentava mais toda essa situação e que estava se retirando do grupo nesse exato momento. não tinha reação e sentia o coração começar a bater três vezes mais rápido que o normal, sentindo o rosto começar a esquentar e a cabeça rodar.
Com toda essa situação, o homem nem havia prestado atenção de que segurava a respiração e estava prestes a ter um colapso, apenas “acordando” quando e mais um membro do grupo o acudiam, assustados, o olhando com os olhos arregalados, lhe oferecendo água e todo o tipo de ajuda. sentia que seu coração estava prestes a explodir e sua respiração estava difícil de controlar.
se disponibilizou a levar para sua casa, pois era totalmente sem condições deixar o homem ir embora sozinho nessas horas, a cabeça dele deveria estar uma total bagunça e isso poderia acarretar em algum acidente, e se ele tinha condições de evitar isso, ele o faria. O amigo se sentia na responsabilidade de cuidar do outro; ainda mais que conseguia entender o desespero e essa condição e as sensações horríveis que estava passando. Durante o trajeto, checava o tempo todo como o amigo estava, se sentia extremamente preocupado, por mais que soubesse que não havia muito como ajudar .
— Eu vou chamar a , espere aqui. — informou, tirando o cinto de segurança e abrindo a porta do carro.
— Não! Não incomode ela, não quero que ela fique preocupada comigo. E ela deve estar furiosa, não avisei ela de nada e combinamos de almoçar juntos. — se apressou a dizer, mesmo com uma leve dificuldade, por conta da respiração descompassada.
— Cara, como que eu não vou avisar sua namorada? Vocês praticamente moram juntos e ela vai ver como você está. E com certeza ela vai entender que infelizmente você não pôde avisar com toda essa correria. — respondeu e saiu de dentro do carro, puxando o celular e procurando o contato da namorada do amigo em seu telefone. escutou o amigo conversar com ela brevemente, enquanto também retirava seu cinto de segurança. Logo, ele conseguiu observar uma mulher vestida de um grande moletom vindo rapidamente em direção ao carro.
— Oi, meu amor, como você está? — se aproximou de e encostou em seu braço levemente; a mulher não sabia o que tinha acontecido direito e não queria desencadear mais alguma reação nele, se aproximando demais e de maneira brusca.
— Oi, linda! Estou bem, não se preocupe. Você está brava comigo? Não consegui te avisar de nada hoje. — falou, segurando na mão dela e a olhando nos olhos.
— Não estou brava, estou preocupada com você. Vamos entrar e você me explica o que aconteceu direito. — ela o puxou levemente pela mão, o auxiliando. — Obrigada por trazer ele, , impossível ele vir dirigindo. — deu um abraço gentil no amigo do namorado.
— Que isso, , eu não ficaria tranquilo comigo mesmo se deixasse ele voltar assim. Enfim, vou deixar vocês subirem e descansarem, hoje o dia foi uma loucura total. — se dirigiu até a porta de seu veículo enquanto respondia a mulher. — Fora que é perigoso ter algum daqueles animais aqui, prontos para tirar foto e não queremos nenhuma fofoca relacionada a isso, não é? — ele sorriu amarelo e entrou no carro. concordou brevemente e acenou para ele, agradecendo mais uma vez e se despedindo do homem. A mulher foi calmamente ajudando a entrar em casa. Ao pegar nas mãos dele, conseguia sentir que o homem estava com tremores e ele suava, mesmo estando um clima frio. O coração dela apertou ao vê-lo naquela situação.
Enquanto foi até a cozinha preparar um chá, foi até o quarto e se sentou na cama. Tentava controlar sua respiração e seus pensamentos, mas estava complicado, a sensação de sufoco o estava dominando. Ao fechar os olhos, ele nem percebeu que já estava ao seu lado com o chá quente pronto e o tocava levemente, tentando o fazer notar sua presença.
— Um dos meninos saiu. Sem mais e nem menos, apenas saiu. — falou assim que a namorada sentou ao seu lado.
— Como assim? Por que isso, amor? — a namorada perguntou calmamente.
— Não sei. Imagino que ele estivesse estressado e entendo essa decisão dele, mas é difícil ver isso acontecer. Meu grupo está acabando, ! — levou as duas mãos para a cabeça, com a sensação de que estava prestes a explodir. A mulher fez um carinho de leve em uma das pernas dele. — E eu sinto como se fosse minha culpa. Como se eu não tivesse cuidado disso o suficiente, a ponto de evitar esse tipo de situação. — ele continuou assim que baixou os braços.
— Mas como isso seria sua culpa, ? Você não tem o poder de controlar essas coisas, vida. — segurou firme em sua mão e sentiu o tremor ficar um pouco mais leve. — Você não deve ficar se sentindo responsável por isso. Foi um conjunto de fatores, que independem da sua vontade, que causaram esse sentimento no seu colega, amor.
— Eu não consigo não me sentir responsável, , eu sinto que poderia ter feito mais para evitar que o meu próprio companheiro se sentisse assim. — o homem se jogou de costas na cama e a sensação de estar sem ar voltava a se fazer presente. — E, para ajudar, eu me sinto um grande merda, fico com esses sentimentos sufocantes o tempo todo.
— Amor, isso nunca vai ser sua culpa. Infelizmente, você não tem como controlar as decisões que seu amigo toma ou deixa de tomar e muito menos controlar esses sentimentos, . — segurava forte em sua mão enquanto falava. — Me dói o coração te ver assim e eu queria poder te ajudar. — havia levantado e prestava atenção atentamente ao que a namorada falava. — Eu acho que poderia procurar algum tipo de ajuda, sabe? Pelo menos para aprender a lidar com esses sentimentos ruins que tanto te afligem, e enquanto você não pode fazer isso, por falta de tempo, converse comigo! Não sou especialista, mas eu quero fazer algo por você também, nem que seja apenas para te ouvir e fazer você se sentir mais leve por botar certas coisas para fora. — abriu os braços enquanto olhava para ele, para ver se o mesmo gostaria de um abraço. E foi, precisava sentir o conforto dos braços dela ao seu redor, mesmo que fosse de maneira desengonçada.
— Obrigado! — o homem agradeceu, sentindo a respiração dar sinais de que estava voltando ao normal. Ele ainda deixou um beijo na bochecha dela, ainda abraçados.
— É sério, você pode contar comigo para tudo. E sei que é difícil não se sentir mal por conta do grupo, mas as coisas acontecem da forma que tem que ser, por mais que seja algo que ninguém gostaria que estivesse acontecendo, certo? — o abraçou mais forte e sentiu o namorado suspirar. — Tudo isso vai ser esclarecido depois e esse estresse todo vai passar!
— Obrigado, amor, de verdade. Odeio te deixar com esse sentimento de preocupação, mas sei que ter alguém para conversar e passar por tudo isso é o melhor.
A mulher nem respondeu, apenas continuou abraçada a ele e deixou um beijo no ombro dele como resposta. faria questão de tentar ajudar com tudo o que ele estivesse sentindo de ruim, mas infelizmente não cabia somente a ela retirar todos os sentimentos ruins, trancar em uma caixa e jogar fora. Porém, o que ela podia, ela faria.
Apesar de todo o estresse do sábado, que era para ser de descanso, o domingo, em compensação, foi tranquilo. e ficaram o dia todo agarrados, deitados juntos, comendo comidas que agradassem ambos os paladares e aproveitando cada minuto colados um ao outro. Vez ou outra, o pensamento de voltava para a conversa barra discussão que houve no sábado, porém, assim que via que ele começava a ficar nervoso, ela tentava distraí-lo ou eles conversavam sobre até ele se sentir mais calmo. E o fim de semana se deu assim.
No começo da semana, não queria nem pensar em ir para aquela empresa, queria sair correndo para bem longe de todo e qualquer problema e fugir desse sufoco. Entretanto, o CEO estava chamando todos os meninos, sem mais nem menos, para se dirigirem até lá para uma outra reunião. O desespero e aquela sensação de aperto no peito já começavam a se fazer presentes em , porém estava ao seu lado quando recebeu a ligação do chefe, o tranquilizando.
— Vai dar tudo certo! E mesmo se não der, eu estou aqui para a gente passar por cima disso, certo? — a namorada falou, abraçando o rapaz pelos ombros, estando na ponta dos pés para conseguir alcançar o pescoço dele. suspirou e apertou os braços ao redor da cintura dela. Não queria sair de perto da moça, porém era necessário e ela não deixaria que ele ignorasse uma ligação importante assim.
— Obrigado por todo apoio. Te aviso assim que souber de alguma coisa! — ele deixou um selinho longo nos lábios dela. sorriu levemente, acalentando o coração do namorado e o deixando mais calmo para começar o trajeto para ir à empresa.
Por todo o caminho até lá, estava calmo e torcia mentalmente para que fosse um dia calmo e sem estresse, não aguentava mais sentir como se o mundo todo estivesse acabando aos seus pés. Ao chegar lá, estava sentado perto da porta de entrada, esperando-o.
— Bom dia, tudo bem? Como que você está? — perguntou levantando e indo fazer um cumprimento com as mãos com o amigo. O mesmo olhava para de forma receosa, com medo do que pudesse ser a resposta a seguir; querendo ou não, também vivia preocupado com o amigo e vê-lo daquela forma no final de semana, foi horrível.
— Estou melhor e você? Tudo certo? — sorriu amarelo para o amigo, que assentiu brevemente com a cabeça e os dois saíram andando devagar por entre os corredores até chegarem em uma das salas. — Queria te agradecer por sábado. Nem imagino o que poderia ter acontecido se eu tivesse ido embora sozinho naquele estado.
— Você não tem que me agradecer por nada, cara. Somos amigos e eu não ficaria em paz se te deixasse naquelas condições. — respondeu assim que os dois sentaram em uma das cadeiras em volta de uma grande mesa, que continha umas pastas pretas, canetas dentro de um recipiente de enfeite e xícaras.
— Mesmo assim, , obrigado mesmo! quer te convidar para um jantar para agradecer adequadamente também, o que você acha? — olhava para o amigo que retirava seus óculos escuros e o observava atentamente.
— Não quero que vocês fiquem agradecendo por algo que deveria ser mínimo, . Mas eu só vou aceitar porque a comida que a faz é incrível e eu não posso fazer uma desfeita dessa. — sorriu brincalhão, porém abraçou o amigo de lado de forma protetora, demonstrando que se sentia bem pelo amigo estar se sentindo bem também.
Os dois começaram a conversar sobre algum jogo que assistiram no final de semana e, minutos depois, os outros membros do grupo começaram a se juntar na sala em que estavam, inclusive o que disse que não aguentava mais isso e que estava deixando o grupo musical. Obviamente que todos na sala acharam isso estranho, porém antes mesmo de qualquer conversa começar relacionada a isso, o manager e responsável CEO do quinteto chegou na sala de reuniões também.
— Bom dia, meus queridos. Como passaram o fim de semana? — Seohyun prestava atenção em um caderno em seus braços e bebericava uma xícara de café. Ninguém havia respondido sua pergunta, porém ele parecia nem estar atento a isso. — Trouxe vocês aqui para mais uma reunião para podermos ajeitar a bagunça do fim de semana. Já começo dizendo que sim, ninguém deixou o grupo, foi apenas um momento de embate entre vocês e as decisões tomadas de cabeça quente. Entretanto, nada está acabado. Cada pessoa tem uma ideia e uma solução diferente e é supernormal que aconteçam estresses e divergências relacionadas a isso. — Seohyun agora olhava para cada um dos membros da sala. O coração de estava começando a palpitar rapidamente com a volta deste assunto, porém ele tentava manter pensamentos positivos com a volta de seu companheiro. — O segundo assunto que eu quero tratar com vocês pode não ser bem recebido, porém é algo extremamente necessário e que infelizmente não há escolha para mudar. — o mais velho falava de forma apreensiva.
— Você está nos assustando com esse suspense, o que foi que aconteceu? — se pronunciou, percebendo a ansiedade dos outros companheiros de grupo para saber o assunto.
— Então , acontece que vocês não vão poder promover esse novo álbum. Infelizmente, foi uma decisão que eu precisei tomar, mas que é para o bem de todos vocês. — Seohyun demonstrava cuidado com as suas falas. e os companheiros queriam se pronunciar sobre, porém o mais velho interrompeu continuando. — Eu sei que é um grande comeback para vocês, depois de muito tempo, porém não posso permitir que vocês se prejudiquem dessa forma promovendo o álbum. Todos vocês demonstraram estar enfrentando algumas dificuldades na questão de saúde e é minha responsabilidade cuidar disso. Gostaria de não ter que dar essa notícia para vocês, porém, infelizmente, é o que resta e não posso voltar atrás, já foi divulgado para imprensa e espero que vocês entendam essa decisão. — ele levantou da cadeira, observou cada um dos rapazes e saiu da sala.
estava estático em sua cadeira, não conseguia esboçar reações, porém sentia que seu coração poderia parar em questão de minutos. A cabeça rodava e começava a doer. agora o observava; depois do fim de semana, sua preocupação era com o amigo e, ao seu ver, estava prestes a ter outra crise desencadeada.
— ? Vem, vamos embora. Eu te deixo em casa. — perguntou baixinho para o amigo, sem tentar assustá-lo mais ainda. O rapaz assentiu com a cabeça, porém não havia movido um músculo. — Quer que eu te deixe sozinho um pouco, para respirar? Eu peço para os caras saírem daqui também. — o homem assentiu com a cabeça mais uma vez e voltou a ficar tenso. se levantou e foi pedir um a um de seus companheiros para que saíssem da sala e deixassem apenas ali. Todos estavam frustrados com essa situação e parecia afetar demais a ele.
Enquanto estava do lado de fora, esperando, tentava buscar alguma coisa que acalmasse sua mente. Apesar de algumas tentativas falhas no começo, seus pensamentos vagaram diretamente para sua namorada, , fazendo com que sua mente parasse de ficar girando e seu coração não palpitasse como se estivesse participando de uma escola de samba. Aos poucos, sua respiração foi tranquilizando também. Pensar no próprio relacionamento e na namorada o ajudava; mesmo de longe, pensando nas palavras doces que a mulher sempre lhe falava, ele conseguia se acalmar. A imagem dela o esperando chegar em casa, enrolada em uma coberta e assistindo qualquer filme que estivesse passando, também fazia com que sua mente tivesse um momento de paz. E mesmo após ter se acalmado, ele continuou sentado por mais algum tempo, pensando em outras coisas.
Depois de alguns minutos, saiu da sala de reuniões bem mais calmo. Ele tinha que entender que infelizmente essas coisas aconteciam e isso era melhor do que o grupo acabar se desfazendo e todos eles acabarem perdendo as amizades que cultivaram por tantos anos. estava encostado na parede, mexendo no celular, talvez conversando com alguém que estivesse preocupado com ele.
— Está melhor? Você quer que eu peça para alguém vir aqui? A , talvez? — disparou assim que viu o amigo se aproximar. sorriu sem mostrar os dentes, vendo a preocupação dele com seu estado.
— Não se preocupe, estou me sentindo bem mais calmo. Você não precisava ficar me esperando. — respondeu, cumprimentando o amigo com um aperto de mãos. — Quero falar com o Seohyun rápido e vou embora.
— Lógico que precisava. — demonstrava sua preocupação apenas pelo tom de sua fala. — Vou junto com você. Daí acabando, eu te deixo em casa. — o amigo sorriu amarelo para e começou a caminhar ao seu lado. Os dois estavam procurando Seohyun pela empresa, mas o mesmo deveria estar em sua sala, então os dois rapidamente foram até lá. Com duas batidas na porta por parte de , após escutarem um “pode entrar”, os dois amigos entraram na grande sala do CEO.
O mesmo estava sentado em sua mesa, ao fundo, assinando alguns papéis e bebericando um líquido meio esbranquiçado por um canudinho.
— Rapazes, se vieram aqui para tentar me convencer a esquecer essa história de não promover o álbum, fiquem sabendo que não vai rolar. — Seohyun falou antes mesmo de os dois se aproximarem devidamente de sua mesa.
— Não é isso, Seohyun hyung. Entendemos que essa não promoção é por motivos maiores. — disse, após se sentar em uma das cadeiras à frente da mesa do mais velho. — Eu vim aqui perguntar se ainda dá tempo de colocar mais uma música na discografia. Já que agora as coisas não vão ficar tão apuradas, pensei que poderia adicionar só mais uma para complementar o álbum. — observava falar; o amigo nem estava sabendo que este gostaria de adicionar mais uma canção na discografia. — Não sei se os outros caras vão concordar, mas se puder, eu tive uma ideia ótima para uma letra e gostaria mesmo de mostrá-la aos nossos fãs.
— Eu posso conversar com os outros rapazes e ver se eles estão de acordo. Imagino que não vá ter problemas e nem nada que interfira, mas eu aviso você o quanto antes. — Seohyun sorriu de forma simpática para , que se levantava com um leve sorriso também e com ao seu alcance.
— Obrigado, hyung. Eu vou tentar conversar com eles também, para quem sabe já ir adiantando as coisas. — agradeceu e esperou o mais velho assentir para se retirar da sala.
não perguntou nada para o amigo até os dois entrarem no carro. O homem estava curioso para saber que ideia ele teve em questão de minutos, após quase ter uma crise de ansiedade. Os dois conversavam calmamente e fazia suspense em relação ao que se tratava essa sua ideia para a letra, ele gostaria de fazer surpresa, pois nem sabia se daria realmente certo, já que foi algo pensado de última hora. tentava, sem sucesso, fazer com que contasse alguma coisa dessa sua inspiração repentina, principalmente quando este estava meio que distraído, arrancando risadas dos dois com a pausa repentina que ele fazia para evitar comentar algo.
Quase duas semanas haviam se passado e o álbum estava prestes a sair. havia incluído sua música, que foi tanto aprovada pelo manager, quanto por seus companheiros, que não pouparam elogios quando viram a composição pronta, porém a sua maior ansiedade era saber se iria gostar ou não. Ele havia prometido que só deixaria a mulher ouvir a música quando todo o álbum fosse liberado nas plataformas.
— Que horas que esse álbum vai sair, amor? Já estou ficando maluca de tanta curiosidade. — perguntou, seguindo o namorado até a cozinha.
— Daqui algumas horas, linda. Pode ficar despreocupada. — enchia um copo de água para tomar, antes de sair de casa para ir até a empresa, apenas para assinar alguns termos que mudaram já que eles não iriam fazer as promoções. — Se eu soubesse que você iria ficar tão curiosa e com essa carinha de cachorro abandonado, eu não teria te contado! — o rapaz continuou após tomar todo o líquido transparente.
— Pois não devia ter contado mesmo, bobo! — deu um tapinha na bunda dele quando o mesmo passou por ela, indo em direção à porta do apartamento dos dois.
deu risada e se virou para a namorada, segurando o rosto dela e lhe dando um selinho demorado, despedindo-se dela e saindo para ir trabalhar. Esses dias que passaram foram ótimos, deu muito apoio e a qualquer sinal de alguma crise desencadeada em , ela estava ali para ajudá-lo. Os dois ficaram juntos procurando algum psiquiatra que fosse de confiança, que fizesse com que se sentisse seguro em contar seus problemas e o que passava por sua cabeça. E todo esse amparo de só fez com que tivesse mais certeza da letra que estava escrevendo e dos sentimentos que queria expressar com ela.
Chegando à empresa, as coisas aconteceram de forma bem rápida. Ele e os companheiros assinaram diversos papéis, alguns de responsabilidade já que alguns programas contavam com a presença deles há semanas, porém, com tudo o que aconteceu, os planos foram cancelados, acarretando em algumas “consequências” não muito severas, mas que ainda sim deveriam ser retratadas. Após a longa sessão, faltavam poucos minutos para o álbum finalmente ser liberado e e os colegas decidiram ficar juntos no horário do lançamento, para ver a reação de seus fãs e poder alegrá-los mesmo que por fotos e alguns comentários nas redes sociais do grupo. A ansiedade começava a se fazer presente no corpo de , porém não era exatamente de maneira ruim, ele queria saber a reação de sua amada ao ouvir a tão desejada composição, mas infelizmente os dois não estariam juntos na hora.
— Ela vai amar, cara. Eu tenho certeza! — colocou uma das mãos nas costas do amigo, o confortando.
— Eu espero! Ela estava supercuriosa para saber, não sei como consegui segurar. — o homem falou apreensivo, mas dando risada. — Mal vejo a hora de chegar em casa e ver a reação dela.
— Depois você tem que contar para a gente! — o amigo estava feliz em ver daquele jeito, ansioso para ver a reação da mulher que tanto o ajudou.
Os amigos pararam de conversar quando o Seohyun apareceu na sala para avisar que o álbum finalmente já estava disponível em todas as plataformas digitais e amanhã mesmo sua versão física já estaria nas lojas. Apesar de ainda estarem frustrados com o que aconteceu, todos comemoraram que após meses de trabalho tudo havia saído bem e o grupo estava junto. pegou seu celular e tirou uma foto de seu rosto, um print da primeira música do álbum tocando em seu celular e postou as duas imagens na plataforma que eles usavam para se comunicar com seus fãs, recebendo um bombardeio de respostas e comemorações. Eram essas reações que deixavam os corações dos cincos extremamente aquecidos e felizes.
esperava alguma ligação de , porém logo se distraiu, já que para não deixar o quinteto triste, Seohyun havia planejado uma mini comemoração surpresa. A sala logo estava com o chão e a mesa cobertos de papeizinhos daqueles lança-confetes que o empresário havia estourado assim que entrou na sala. O homem também havia pedido comida e algumas garrafas de cervejas para que a comemoração fosse completa. O grupo logo se animou mais ainda e começaram a conversar e comemorar, estando aliviados e felizes, apesar de todas as circunstâncias.
Depois de algumas horas, conseguiu ir embora para sua casa. Não havia bebido mais que uma garrafa de cerveja, então estava praticamente sóbrio, visto a quantidade que ele normalmente bebia ultrapassava mais de seis garrafas. Estranhou não ter recebido uma ligação ou mensagem sequer da namorada e estava um pouco preocupado com isso. Ao entrar em casa, se deparou com uma garrafa de vinho em cima da mesinha da sala, duas taças e uma caixa de pizza ao lado, porém não estava ali. A casa estava silenciosa, mas após alguns segundos, escutou passos apressados vindo em sua direção do escuro do corredor dos quartos. apenas pulou nos braços do amado, o abraçando pelo pescoço.
— Eu te amo, eu te amo, eu te amo! — a mulher repetia para ela, enquanto estava com o rosto escondido entre a mandíbula e o ombro do rapaz. — Não acredito que você escreveu aquela música para mim, , para a gente!
— Você gostou? Fiquei preocupado, não tive notícias suas e achei que você tivesse odiado. — se pronunciou, puxando a mulher de leve, fazendo com que ela o olhasse nos olhos. sorria, porém estava levemente corada de vergonha.
— Eu amei! Não consigo acreditar que essa música está na discografia para todo mundo ouvir, você é demais. — voltou a abraçar o namorado, agora dando diversos beijos no pescoço, mandíbula e bochecha do mesmo.
— Fico feliz que você gostou, amor. Foi a minha melhor forma de expressar o quanto sou grato pela sua ajuda e que posso enfrentar as coisas com você ao meu lado, sempre. — falou sério assim que a mulher estava olhando em seus olhos novamente. O sorriso dela foi tão grande que foi impossível para ele não sorrir também. O clima entre os dois estava extremamente bom, tanto que eles nem perceberam que estavam se olhando e sorrindo um para o outro que nem bobos fazia alguns minutos já.
se sentia bem depois de muito tempo. E era uma das causadoras desse sentimento bom que preenchia seu coração. Os dois se amavam muito e a mulher era sim uma das razões para ele conseguir enfrentar o mundo e todas as suas situações de cabeça erguida e ele não tinha vergonha nenhuma de assumir isso. E se pudesse, além de expressar esse sentimento pela forma que ele mais amava, sua música, ele gritaria para o mundo inteiro ouvir.
Após a longa pausa que o grupo deu, assim que foram retomadas as atividades, a pressão da mídia e da empresa cresceu consideravelmente para eles. A agenda estava cheia, existiam compromissos durante a semana inteira, diversas reuniões, muitos ensaios, entrevistas, correria para cima e para baixo, que muitas vezes até ultrapassavam os horários de descanso. A exaustão já era uma grande conhecida tanto para ele quanto para seus companheiros de grupo, mas essa era a vida que ele havia escolhido e tanto amava. Os momentos de cansaço eram sempre recompensados com o amor e carinho que recebiam de seus fãs.
O grupo estava junto há quase sete anos, ou seja, muito tempo de convívio com as mesmas pessoas. Os conflitos, apesar de não recorrentes, existiam e, querendo ou não, isso cansava demais as relações ali. Ultimamente, os maiores embates estavam sendo pela repartição das lines, letras que alguns integrantes não concordavam, erros mínimos em algumas coreografias etc. O estresse e o cansaço eram os maiores gatilhos para as breves discussões que aconteciam entre eles. A de hoje ainda estava fresca e pensava nisso sem parar, tentando achar uma solução, por mais que não fosse sua culpa.
Com uma batida na porta, despertou de seus pensamentos, pedindo para a pessoa entrar.
— Quer companhia para ir embora? Estou de saída. — entrou no estúdio do amigo, se encostando na ponta da mesa. Ele também demonstrava estar cansado, os olhos estavam fundos e estava massageando o próprio pescoço com as mãos. — Sério, que semana longa. Nem acredito que finalmente vamos ter descanso.
— Descanso bem entre aspas, né? Você sabe como as coisas estão funcionando ultimamente por aqui. — respondeu , voltando a fechar os olhos e levando as mãos à cabeça. — Vou com você sim, sem condições de dirigir com essa cabeça explodindo.
— Não se pressione tanto. Sei que estamos passando por dificuldades, mas logo as coisas melhoram. Estamos voltando agora, é pressão atrás de pressão. — se aproximou do amigo e tocou seus ombros, tentando lhe passar conforto. — Vamos embora, nós precisamos descansar.
olhou para o colega de grupo sem dizer nada, tentava lhe agradecer apenas com o olhar. Estava cansado demais para dizer qualquer coisa e sua mente revirava com tantos pensamentos descontrolados. Os dois caminharam em direção ao estacionamento da empresa, buscando o carro para irem para suas casas. Sem o auxílio do motorista, que dirigia o carro pelas ruas em direção ao apartamento de , que estava inquieto, não parava de olhar a janela e a cada dois minutos se ajeitava na cadeira do passageiro. A respiração se tornou um pouco pesada também, porém não queria incomodar o amigo. Ambos estavam exaustos e entrar em um pequeno embate antes de ir embora não estava em seus planos. Quando foi deixado em casa, agradeceu ao amigo e entrou em seu prédio tentando controlar a respiração e se manter calmo. Ele sabia o que poderia ajudá-lo a se acalmar e torcia, a cada andar que o elevador subia, para que ela estivesse em seu apartamento, o esperando.
Entrando em casa, tentando não fazer barulho, encontrou uma pequena figura feminina deitada no sofá, enrolada em uma coberta, dormindo tranquila. Olhando rápido pela sala, viu duas taças de vinho, uma um pouco suja e uma garrafa de vinho aberta. Ela realmente estava esperando-o e deve ter adormecido com a demora. nem percebeu, porém estava há uns cinco minutos estático, observando a namorada dormir, e quando se deu conta, a respiração estava controlada e aquele sentimento de sufoco estava indo embora aos poucos. Tentando fazer silêncio para não acordar a mulher adormecida, ele foi para o banheiro tomar seu tão merecido banho. Não soube dizer quanto tempo havia ficado debaixo da água também, mas estava muito mais relaxado, apenas a dor de cabeça que ainda não havia passado. Saindo do banheiro coberto de vapor, ao olhar para o quarto, viu a mesma figura feminina, que antes dormia tranquila, agora sentada em sua cama olhando para ele.
— Estava com tanta saudades! — disse ela, assim que se levantou para abraçar o corpo recém saído do banho. Algumas gotículas de água chegaram a molhar a camiseta que ela vestia, mas nada que fosse incômodo. a abraçava com força pela cintura. Além da saudade, era como se fosse um porto seguro para ele.
— Eu também. Acabei demorando porque estávamos resolvendo algumas questões pendentes do novo álbum, desculpa. Você não precisava ter levantado, deve estar cansada. — ele respondeu ainda agarrado à cintura dela.
— Você quem deve estar cansado. Como foi seu dia? — ele deu alguns beijos no ombro da mulher antes de se afastar para olhá-la. — Você parece preocupado. Aconteceu alguma coisa? — perguntou ela, levando a mão até o rosto dele, deixando um carinho leve em sua bochecha, que instantaneamente fechou os olhos para apreciar a pequena carícia.
— Está acontecendo tanta coisa na empresa esses dias. São brigas quase todos os dias, cada hora é um motivo novo. Hoje a discussão foi porque estávamos errando os tempos e as lines das músicas. Isso nunca foi motivo de guerra entre a gente, ainda mais em ensaio, mas parece que justo hoje todo mundo estava estressado. — explicava calmamente ainda de olhos fechados. A respiração voltava a ficar pesada de acordo com o que ele falava, porém o carinho em seu rosto o ajudava a manter um pouco de calma. — Parece que minha cabeça vai explodir a qualquer momento.
nem falou nada, apenas segurou na mão de e o puxou levemente até ele abrir os olhos. O guiou ainda de mãos dadas para a cozinha, lhe soltando apenas para pegar o remédio para dor de cabeça em um dos armários. Ele era muito grato de ter ali consigo, a mulher sempre o ajudava e conseguia fazer com que ele se acalmasse apenas com sua presença.
— Obrigado, linda! — agradeceu após tomar o remédio que a namorada deu. A puxou para um abraço e os dois braços do homem deram a volta na cintura dela, a apertando forte. Ficaram assim por alguns minutos, até perceber que a respiração dele estava pesada e os braços que antes abraçavam sua cintura, agora estavam moles, pendendo um pouco para o lado; o namorado estava praticamente dormindo abraçado com ela. — O que foi? — ele perguntou após sentir que o estava puxando novamente.
— Você está dormindo, amor. Vamos para a cama, assim você pode descansar. — voltou para perto dele e deixou um beijo no rosto do amado, voltando a guiá-lo de volta ao quarto. sorriu levemente com o gesto e foi seguindo-a.
Assim que finalmente pode descansar suas costas na cama, o homem suspirou. Agradeceu mentalmente por estar em casa e olhou para a namorada, que o observava silenciosamente. Esticou um dos braços para ela e assim que a mesma pegou em sua mão, a puxou para se deitar com ele. a abraçou pela cintura quando os dois já estavam devidamente confortáveis em seus espaços no colchão e trouxe o corpo dela para mais perto. Em segundos, o homem já ressonava baixinho, sentindo os carinhos feitos pela namorada em seu cabelo.
Já pela manhã, acordou e esticou um dos braços pela cama, sentindo falta do corpo quente da mulher colado ao seu. Ao olhar as horas pelo celular, ele se lembrou da pequena folga que estava tendo, depois de uma semana intensa, e se permitiu ficar mais alguns minutos na cama, apenas deitado em silêncio. nem tinha percebido que havia caído no sono novamente até sentir uma das mãos de passeando pelas suas costas levemente, tentando acordá-lo sem o assustar.
— Bom dia, belo adormecido. — sorriu para o namorado e deixou um beijo em uma de suas bochechas quando ele abriu os olhos. O homem sorriu para ela de volta e fez um leve carinho nas pernas dela. — Não ia te acordar, mas seu celular está vibrando sem parar, talvez seja algo importante.
— Bom dia, linda! Depois eu vejo isso, não estou com cabeça para começar o dia assim já. — ele respondeu, olhando para ela, voltando a fechar os olhos devagar. — Deita aqui comigo, por favor. — pediu, puxando levemente uma das mãos dela.
— Eu vou desligar a cafeteira e já venho aqui te fazer companhia, OK? — falou, já se levantando rapidamente. Apesar de não ficar tanto tempo longe do namorado, ela gostava de aproveitar cada minuto ao seu lado, mesmo que fosse os dois deitados juntos em silêncio. Em segundos, a mulher já estava de volta ao quarto, se aconchegando ao lado dele na cama. a envolveu com os braços e encostou o rosto bem próximo à nuca dela. Infelizmente, quanto mais ele tentava ignorar seu celular, mais parecia que ele vibrava intensamente. Após perder a paciência, pegou o celular, irritado; já estava prestes a xingar quem quer que fosse a pessoa que estava interrompendo sua tão desejada folga.
havia virado de frente para ele e observava atentamente as feições do homem se transformarem de raiva, para surpresa e novamente para raiva, isso tudo em poucos segundos ao atender o telefone.
— Vou ter que ir para a empresa. — bufou irritado e já se sentou na cama. — Não acredito nisso, cara. — o homem falou, levantando e caminhando em direção ao banheiro, praticamente se arrastando na força do ódio. havia se sentado na cama e observava o namorado voltar, indo trocar de roupa.
— Qual o motivo? É alguma emergência? — perguntou ela, se levantando também.
— Alguma reunião de última hora, para ajustar alguns detalhes de sei lá o que. Nem quis saber direito para não xingar. — bufou mais uma vez e levou as mãos à cabeça. caminhou até ele e o abraçou por trás.
— Não se estresse, amor, com certeza é por alguma boa causa. Vai que o quanto antes terminar lá, mais rápido você volta para casa e pode descansar em paz. — ela deixou um pequeno selar nas costas do rapaz e o apertou mais forte no abraço, sentindo a respiração dele se alternar rapidamente. — Eu te espero para almoçarmos juntos, OK?
— Tudo bem. Espero que isso acabe logo, não aguento mais. — se virou para ela e segurou o rosto da namorada com as duas mãos, dando um selinho demorado nos lábios finos dela. — Qualquer coisa, eu te aviso. — disse, soltando-a e voltando a se arrumar. Em minutos, já estava pronto e caminhava em direção à porta de casa.
estava puro estresse nessas últimas semanas e já havia percebido que o homem muitas vezes quase apresentava crises de ansiedade, o que a deixava extremamente preocupada. Ainda mais quando as coisas aconteciam de última hora, como essa reunião de hoje. Infelizmente, isso estava se tornando constante até demais.
Ao chegar na empresa, o homem se dirigiu diretamente para uma das salas de reuniões, onde ele imaginava ser a tão bendita emergência que precisava ser resolvida. Assim que fechou a porta, deu de cara com o amigo, , já sentado em uma das cadeiras e mexendo em seu celular.
— Bom dia. — falou cordialmente, mas sem expressar muito ânimo. O mau humor estava exalando por todos os poros de e ele não iria fazer questão nem de esconder isso; a menor de suas vontades era de estar ali hoje, no dia de sua folga, tendo que resolver problemas.
— Bom dia, como você está? — perguntou, tirando os olhos do aparelho telefônico e os direcionando para o amigo, que se sentava ao seu lado. — Já vou dizer que nem imagino do que se trata essa reunião e estou tão puto quanto você. — revirou os olhos.
— Ai, cara, nem me fale. Minha manhã começou tão boa, era impossível continuar tão tranquila, fico até desacreditado de uma coisa dessa. — já nem fazia ideia de quantas vezes já havia bufado desde que tinha saído de casa, essa talvez fosse a oitava vez. — Espero que pelo menos seja rápida, para valer essa merda de estresse todo.
Enquanto esperavam os outros companheiros e o CEO Seohyun chegarem até a sala, e conversavam; tentavam se distrair, de forma frustrada, visto que toda hora algum dos dois relembrava o motivo de estarem ali hoje e não em suas casas. Os dois se tornaram extremamente próximos com o passar dos anos do grupo, então se aturarem mal-humorados e bravos era algo rotineiro, e como bons amigos, sempre que podiam, se apoiavam. Apesar de alguns desentendimentos, a amizade era forte.
Assim que os outros membros faltantes chegaram, a reunião começou e foi extremamente longa. já não tinha mais noção das horas que eram e não aguentava mais ouvir algum barulho, ou voz para ser exato. A cada problema resolvido, apareciam mais cinco no lugar. E quando eles imaginavam que tudo estava para se encaminhar e a reunião finalmente acabar, outra discussão começava e a última foi a mais fervorosa. Com o estresse geral acumulado, um dos membros declarou que não aguentava mais toda essa situação e que estava se retirando do grupo nesse exato momento. não tinha reação e sentia o coração começar a bater três vezes mais rápido que o normal, sentindo o rosto começar a esquentar e a cabeça rodar.
Com toda essa situação, o homem nem havia prestado atenção de que segurava a respiração e estava prestes a ter um colapso, apenas “acordando” quando e mais um membro do grupo o acudiam, assustados, o olhando com os olhos arregalados, lhe oferecendo água e todo o tipo de ajuda. sentia que seu coração estava prestes a explodir e sua respiração estava difícil de controlar.
se disponibilizou a levar para sua casa, pois era totalmente sem condições deixar o homem ir embora sozinho nessas horas, a cabeça dele deveria estar uma total bagunça e isso poderia acarretar em algum acidente, e se ele tinha condições de evitar isso, ele o faria. O amigo se sentia na responsabilidade de cuidar do outro; ainda mais que conseguia entender o desespero e essa condição e as sensações horríveis que estava passando. Durante o trajeto, checava o tempo todo como o amigo estava, se sentia extremamente preocupado, por mais que soubesse que não havia muito como ajudar .
— Eu vou chamar a , espere aqui. — informou, tirando o cinto de segurança e abrindo a porta do carro.
— Não! Não incomode ela, não quero que ela fique preocupada comigo. E ela deve estar furiosa, não avisei ela de nada e combinamos de almoçar juntos. — se apressou a dizer, mesmo com uma leve dificuldade, por conta da respiração descompassada.
— Cara, como que eu não vou avisar sua namorada? Vocês praticamente moram juntos e ela vai ver como você está. E com certeza ela vai entender que infelizmente você não pôde avisar com toda essa correria. — respondeu e saiu de dentro do carro, puxando o celular e procurando o contato da namorada do amigo em seu telefone. escutou o amigo conversar com ela brevemente, enquanto também retirava seu cinto de segurança. Logo, ele conseguiu observar uma mulher vestida de um grande moletom vindo rapidamente em direção ao carro.
— Oi, meu amor, como você está? — se aproximou de e encostou em seu braço levemente; a mulher não sabia o que tinha acontecido direito e não queria desencadear mais alguma reação nele, se aproximando demais e de maneira brusca.
— Oi, linda! Estou bem, não se preocupe. Você está brava comigo? Não consegui te avisar de nada hoje. — falou, segurando na mão dela e a olhando nos olhos.
— Não estou brava, estou preocupada com você. Vamos entrar e você me explica o que aconteceu direito. — ela o puxou levemente pela mão, o auxiliando. — Obrigada por trazer ele, , impossível ele vir dirigindo. — deu um abraço gentil no amigo do namorado.
— Que isso, , eu não ficaria tranquilo comigo mesmo se deixasse ele voltar assim. Enfim, vou deixar vocês subirem e descansarem, hoje o dia foi uma loucura total. — se dirigiu até a porta de seu veículo enquanto respondia a mulher. — Fora que é perigoso ter algum daqueles animais aqui, prontos para tirar foto e não queremos nenhuma fofoca relacionada a isso, não é? — ele sorriu amarelo e entrou no carro. concordou brevemente e acenou para ele, agradecendo mais uma vez e se despedindo do homem. A mulher foi calmamente ajudando a entrar em casa. Ao pegar nas mãos dele, conseguia sentir que o homem estava com tremores e ele suava, mesmo estando um clima frio. O coração dela apertou ao vê-lo naquela situação.
Enquanto foi até a cozinha preparar um chá, foi até o quarto e se sentou na cama. Tentava controlar sua respiração e seus pensamentos, mas estava complicado, a sensação de sufoco o estava dominando. Ao fechar os olhos, ele nem percebeu que já estava ao seu lado com o chá quente pronto e o tocava levemente, tentando o fazer notar sua presença.
— Um dos meninos saiu. Sem mais e nem menos, apenas saiu. — falou assim que a namorada sentou ao seu lado.
— Como assim? Por que isso, amor? — a namorada perguntou calmamente.
— Não sei. Imagino que ele estivesse estressado e entendo essa decisão dele, mas é difícil ver isso acontecer. Meu grupo está acabando, ! — levou as duas mãos para a cabeça, com a sensação de que estava prestes a explodir. A mulher fez um carinho de leve em uma das pernas dele. — E eu sinto como se fosse minha culpa. Como se eu não tivesse cuidado disso o suficiente, a ponto de evitar esse tipo de situação. — ele continuou assim que baixou os braços.
— Mas como isso seria sua culpa, ? Você não tem o poder de controlar essas coisas, vida. — segurou firme em sua mão e sentiu o tremor ficar um pouco mais leve. — Você não deve ficar se sentindo responsável por isso. Foi um conjunto de fatores, que independem da sua vontade, que causaram esse sentimento no seu colega, amor.
— Eu não consigo não me sentir responsável, , eu sinto que poderia ter feito mais para evitar que o meu próprio companheiro se sentisse assim. — o homem se jogou de costas na cama e a sensação de estar sem ar voltava a se fazer presente. — E, para ajudar, eu me sinto um grande merda, fico com esses sentimentos sufocantes o tempo todo.
— Amor, isso nunca vai ser sua culpa. Infelizmente, você não tem como controlar as decisões que seu amigo toma ou deixa de tomar e muito menos controlar esses sentimentos, . — segurava forte em sua mão enquanto falava. — Me dói o coração te ver assim e eu queria poder te ajudar. — havia levantado e prestava atenção atentamente ao que a namorada falava. — Eu acho que poderia procurar algum tipo de ajuda, sabe? Pelo menos para aprender a lidar com esses sentimentos ruins que tanto te afligem, e enquanto você não pode fazer isso, por falta de tempo, converse comigo! Não sou especialista, mas eu quero fazer algo por você também, nem que seja apenas para te ouvir e fazer você se sentir mais leve por botar certas coisas para fora. — abriu os braços enquanto olhava para ele, para ver se o mesmo gostaria de um abraço. E foi, precisava sentir o conforto dos braços dela ao seu redor, mesmo que fosse de maneira desengonçada.
— Obrigado! — o homem agradeceu, sentindo a respiração dar sinais de que estava voltando ao normal. Ele ainda deixou um beijo na bochecha dela, ainda abraçados.
— É sério, você pode contar comigo para tudo. E sei que é difícil não se sentir mal por conta do grupo, mas as coisas acontecem da forma que tem que ser, por mais que seja algo que ninguém gostaria que estivesse acontecendo, certo? — o abraçou mais forte e sentiu o namorado suspirar. — Tudo isso vai ser esclarecido depois e esse estresse todo vai passar!
— Obrigado, amor, de verdade. Odeio te deixar com esse sentimento de preocupação, mas sei que ter alguém para conversar e passar por tudo isso é o melhor.
A mulher nem respondeu, apenas continuou abraçada a ele e deixou um beijo no ombro dele como resposta. faria questão de tentar ajudar com tudo o que ele estivesse sentindo de ruim, mas infelizmente não cabia somente a ela retirar todos os sentimentos ruins, trancar em uma caixa e jogar fora. Porém, o que ela podia, ela faria.
Apesar de todo o estresse do sábado, que era para ser de descanso, o domingo, em compensação, foi tranquilo. e ficaram o dia todo agarrados, deitados juntos, comendo comidas que agradassem ambos os paladares e aproveitando cada minuto colados um ao outro. Vez ou outra, o pensamento de voltava para a conversa barra discussão que houve no sábado, porém, assim que via que ele começava a ficar nervoso, ela tentava distraí-lo ou eles conversavam sobre até ele se sentir mais calmo. E o fim de semana se deu assim.
No começo da semana, não queria nem pensar em ir para aquela empresa, queria sair correndo para bem longe de todo e qualquer problema e fugir desse sufoco. Entretanto, o CEO estava chamando todos os meninos, sem mais nem menos, para se dirigirem até lá para uma outra reunião. O desespero e aquela sensação de aperto no peito já começavam a se fazer presentes em , porém estava ao seu lado quando recebeu a ligação do chefe, o tranquilizando.
— Vai dar tudo certo! E mesmo se não der, eu estou aqui para a gente passar por cima disso, certo? — a namorada falou, abraçando o rapaz pelos ombros, estando na ponta dos pés para conseguir alcançar o pescoço dele. suspirou e apertou os braços ao redor da cintura dela. Não queria sair de perto da moça, porém era necessário e ela não deixaria que ele ignorasse uma ligação importante assim.
— Obrigado por todo apoio. Te aviso assim que souber de alguma coisa! — ele deixou um selinho longo nos lábios dela. sorriu levemente, acalentando o coração do namorado e o deixando mais calmo para começar o trajeto para ir à empresa.
Por todo o caminho até lá, estava calmo e torcia mentalmente para que fosse um dia calmo e sem estresse, não aguentava mais sentir como se o mundo todo estivesse acabando aos seus pés. Ao chegar lá, estava sentado perto da porta de entrada, esperando-o.
— Bom dia, tudo bem? Como que você está? — perguntou levantando e indo fazer um cumprimento com as mãos com o amigo. O mesmo olhava para de forma receosa, com medo do que pudesse ser a resposta a seguir; querendo ou não, também vivia preocupado com o amigo e vê-lo daquela forma no final de semana, foi horrível.
— Estou melhor e você? Tudo certo? — sorriu amarelo para o amigo, que assentiu brevemente com a cabeça e os dois saíram andando devagar por entre os corredores até chegarem em uma das salas. — Queria te agradecer por sábado. Nem imagino o que poderia ter acontecido se eu tivesse ido embora sozinho naquele estado.
— Você não tem que me agradecer por nada, cara. Somos amigos e eu não ficaria em paz se te deixasse naquelas condições. — respondeu assim que os dois sentaram em uma das cadeiras em volta de uma grande mesa, que continha umas pastas pretas, canetas dentro de um recipiente de enfeite e xícaras.
— Mesmo assim, , obrigado mesmo! quer te convidar para um jantar para agradecer adequadamente também, o que você acha? — olhava para o amigo que retirava seus óculos escuros e o observava atentamente.
— Não quero que vocês fiquem agradecendo por algo que deveria ser mínimo, . Mas eu só vou aceitar porque a comida que a faz é incrível e eu não posso fazer uma desfeita dessa. — sorriu brincalhão, porém abraçou o amigo de lado de forma protetora, demonstrando que se sentia bem pelo amigo estar se sentindo bem também.
Os dois começaram a conversar sobre algum jogo que assistiram no final de semana e, minutos depois, os outros membros do grupo começaram a se juntar na sala em que estavam, inclusive o que disse que não aguentava mais isso e que estava deixando o grupo musical. Obviamente que todos na sala acharam isso estranho, porém antes mesmo de qualquer conversa começar relacionada a isso, o manager e responsável CEO do quinteto chegou na sala de reuniões também.
— Bom dia, meus queridos. Como passaram o fim de semana? — Seohyun prestava atenção em um caderno em seus braços e bebericava uma xícara de café. Ninguém havia respondido sua pergunta, porém ele parecia nem estar atento a isso. — Trouxe vocês aqui para mais uma reunião para podermos ajeitar a bagunça do fim de semana. Já começo dizendo que sim, ninguém deixou o grupo, foi apenas um momento de embate entre vocês e as decisões tomadas de cabeça quente. Entretanto, nada está acabado. Cada pessoa tem uma ideia e uma solução diferente e é supernormal que aconteçam estresses e divergências relacionadas a isso. — Seohyun agora olhava para cada um dos membros da sala. O coração de estava começando a palpitar rapidamente com a volta deste assunto, porém ele tentava manter pensamentos positivos com a volta de seu companheiro. — O segundo assunto que eu quero tratar com vocês pode não ser bem recebido, porém é algo extremamente necessário e que infelizmente não há escolha para mudar. — o mais velho falava de forma apreensiva.
— Você está nos assustando com esse suspense, o que foi que aconteceu? — se pronunciou, percebendo a ansiedade dos outros companheiros de grupo para saber o assunto.
— Então , acontece que vocês não vão poder promover esse novo álbum. Infelizmente, foi uma decisão que eu precisei tomar, mas que é para o bem de todos vocês. — Seohyun demonstrava cuidado com as suas falas. e os companheiros queriam se pronunciar sobre, porém o mais velho interrompeu continuando. — Eu sei que é um grande comeback para vocês, depois de muito tempo, porém não posso permitir que vocês se prejudiquem dessa forma promovendo o álbum. Todos vocês demonstraram estar enfrentando algumas dificuldades na questão de saúde e é minha responsabilidade cuidar disso. Gostaria de não ter que dar essa notícia para vocês, porém, infelizmente, é o que resta e não posso voltar atrás, já foi divulgado para imprensa e espero que vocês entendam essa decisão. — ele levantou da cadeira, observou cada um dos rapazes e saiu da sala.
estava estático em sua cadeira, não conseguia esboçar reações, porém sentia que seu coração poderia parar em questão de minutos. A cabeça rodava e começava a doer. agora o observava; depois do fim de semana, sua preocupação era com o amigo e, ao seu ver, estava prestes a ter outra crise desencadeada.
— ? Vem, vamos embora. Eu te deixo em casa. — perguntou baixinho para o amigo, sem tentar assustá-lo mais ainda. O rapaz assentiu com a cabeça, porém não havia movido um músculo. — Quer que eu te deixe sozinho um pouco, para respirar? Eu peço para os caras saírem daqui também. — o homem assentiu com a cabeça mais uma vez e voltou a ficar tenso. se levantou e foi pedir um a um de seus companheiros para que saíssem da sala e deixassem apenas ali. Todos estavam frustrados com essa situação e parecia afetar demais a ele.
Enquanto estava do lado de fora, esperando, tentava buscar alguma coisa que acalmasse sua mente. Apesar de algumas tentativas falhas no começo, seus pensamentos vagaram diretamente para sua namorada, , fazendo com que sua mente parasse de ficar girando e seu coração não palpitasse como se estivesse participando de uma escola de samba. Aos poucos, sua respiração foi tranquilizando também. Pensar no próprio relacionamento e na namorada o ajudava; mesmo de longe, pensando nas palavras doces que a mulher sempre lhe falava, ele conseguia se acalmar. A imagem dela o esperando chegar em casa, enrolada em uma coberta e assistindo qualquer filme que estivesse passando, também fazia com que sua mente tivesse um momento de paz. E mesmo após ter se acalmado, ele continuou sentado por mais algum tempo, pensando em outras coisas.
Depois de alguns minutos, saiu da sala de reuniões bem mais calmo. Ele tinha que entender que infelizmente essas coisas aconteciam e isso era melhor do que o grupo acabar se desfazendo e todos eles acabarem perdendo as amizades que cultivaram por tantos anos. estava encostado na parede, mexendo no celular, talvez conversando com alguém que estivesse preocupado com ele.
— Está melhor? Você quer que eu peça para alguém vir aqui? A , talvez? — disparou assim que viu o amigo se aproximar. sorriu sem mostrar os dentes, vendo a preocupação dele com seu estado.
— Não se preocupe, estou me sentindo bem mais calmo. Você não precisava ficar me esperando. — respondeu, cumprimentando o amigo com um aperto de mãos. — Quero falar com o Seohyun rápido e vou embora.
— Lógico que precisava. — demonstrava sua preocupação apenas pelo tom de sua fala. — Vou junto com você. Daí acabando, eu te deixo em casa. — o amigo sorriu amarelo para e começou a caminhar ao seu lado. Os dois estavam procurando Seohyun pela empresa, mas o mesmo deveria estar em sua sala, então os dois rapidamente foram até lá. Com duas batidas na porta por parte de , após escutarem um “pode entrar”, os dois amigos entraram na grande sala do CEO.
O mesmo estava sentado em sua mesa, ao fundo, assinando alguns papéis e bebericando um líquido meio esbranquiçado por um canudinho.
— Rapazes, se vieram aqui para tentar me convencer a esquecer essa história de não promover o álbum, fiquem sabendo que não vai rolar. — Seohyun falou antes mesmo de os dois se aproximarem devidamente de sua mesa.
— Não é isso, Seohyun hyung. Entendemos que essa não promoção é por motivos maiores. — disse, após se sentar em uma das cadeiras à frente da mesa do mais velho. — Eu vim aqui perguntar se ainda dá tempo de colocar mais uma música na discografia. Já que agora as coisas não vão ficar tão apuradas, pensei que poderia adicionar só mais uma para complementar o álbum. — observava falar; o amigo nem estava sabendo que este gostaria de adicionar mais uma canção na discografia. — Não sei se os outros caras vão concordar, mas se puder, eu tive uma ideia ótima para uma letra e gostaria mesmo de mostrá-la aos nossos fãs.
— Eu posso conversar com os outros rapazes e ver se eles estão de acordo. Imagino que não vá ter problemas e nem nada que interfira, mas eu aviso você o quanto antes. — Seohyun sorriu de forma simpática para , que se levantava com um leve sorriso também e com ao seu alcance.
— Obrigado, hyung. Eu vou tentar conversar com eles também, para quem sabe já ir adiantando as coisas. — agradeceu e esperou o mais velho assentir para se retirar da sala.
não perguntou nada para o amigo até os dois entrarem no carro. O homem estava curioso para saber que ideia ele teve em questão de minutos, após quase ter uma crise de ansiedade. Os dois conversavam calmamente e fazia suspense em relação ao que se tratava essa sua ideia para a letra, ele gostaria de fazer surpresa, pois nem sabia se daria realmente certo, já que foi algo pensado de última hora. tentava, sem sucesso, fazer com que contasse alguma coisa dessa sua inspiração repentina, principalmente quando este estava meio que distraído, arrancando risadas dos dois com a pausa repentina que ele fazia para evitar comentar algo.
Quase duas semanas haviam se passado e o álbum estava prestes a sair. havia incluído sua música, que foi tanto aprovada pelo manager, quanto por seus companheiros, que não pouparam elogios quando viram a composição pronta, porém a sua maior ansiedade era saber se iria gostar ou não. Ele havia prometido que só deixaria a mulher ouvir a música quando todo o álbum fosse liberado nas plataformas.
— Que horas que esse álbum vai sair, amor? Já estou ficando maluca de tanta curiosidade. — perguntou, seguindo o namorado até a cozinha.
— Daqui algumas horas, linda. Pode ficar despreocupada. — enchia um copo de água para tomar, antes de sair de casa para ir até a empresa, apenas para assinar alguns termos que mudaram já que eles não iriam fazer as promoções. — Se eu soubesse que você iria ficar tão curiosa e com essa carinha de cachorro abandonado, eu não teria te contado! — o rapaz continuou após tomar todo o líquido transparente.
— Pois não devia ter contado mesmo, bobo! — deu um tapinha na bunda dele quando o mesmo passou por ela, indo em direção à porta do apartamento dos dois.
deu risada e se virou para a namorada, segurando o rosto dela e lhe dando um selinho demorado, despedindo-se dela e saindo para ir trabalhar. Esses dias que passaram foram ótimos, deu muito apoio e a qualquer sinal de alguma crise desencadeada em , ela estava ali para ajudá-lo. Os dois ficaram juntos procurando algum psiquiatra que fosse de confiança, que fizesse com que se sentisse seguro em contar seus problemas e o que passava por sua cabeça. E todo esse amparo de só fez com que tivesse mais certeza da letra que estava escrevendo e dos sentimentos que queria expressar com ela.
Chegando à empresa, as coisas aconteceram de forma bem rápida. Ele e os companheiros assinaram diversos papéis, alguns de responsabilidade já que alguns programas contavam com a presença deles há semanas, porém, com tudo o que aconteceu, os planos foram cancelados, acarretando em algumas “consequências” não muito severas, mas que ainda sim deveriam ser retratadas. Após a longa sessão, faltavam poucos minutos para o álbum finalmente ser liberado e e os colegas decidiram ficar juntos no horário do lançamento, para ver a reação de seus fãs e poder alegrá-los mesmo que por fotos e alguns comentários nas redes sociais do grupo. A ansiedade começava a se fazer presente no corpo de , porém não era exatamente de maneira ruim, ele queria saber a reação de sua amada ao ouvir a tão desejada composição, mas infelizmente os dois não estariam juntos na hora.
— Ela vai amar, cara. Eu tenho certeza! — colocou uma das mãos nas costas do amigo, o confortando.
— Eu espero! Ela estava supercuriosa para saber, não sei como consegui segurar. — o homem falou apreensivo, mas dando risada. — Mal vejo a hora de chegar em casa e ver a reação dela.
— Depois você tem que contar para a gente! — o amigo estava feliz em ver daquele jeito, ansioso para ver a reação da mulher que tanto o ajudou.
Os amigos pararam de conversar quando o Seohyun apareceu na sala para avisar que o álbum finalmente já estava disponível em todas as plataformas digitais e amanhã mesmo sua versão física já estaria nas lojas. Apesar de ainda estarem frustrados com o que aconteceu, todos comemoraram que após meses de trabalho tudo havia saído bem e o grupo estava junto. pegou seu celular e tirou uma foto de seu rosto, um print da primeira música do álbum tocando em seu celular e postou as duas imagens na plataforma que eles usavam para se comunicar com seus fãs, recebendo um bombardeio de respostas e comemorações. Eram essas reações que deixavam os corações dos cincos extremamente aquecidos e felizes.
esperava alguma ligação de , porém logo se distraiu, já que para não deixar o quinteto triste, Seohyun havia planejado uma mini comemoração surpresa. A sala logo estava com o chão e a mesa cobertos de papeizinhos daqueles lança-confetes que o empresário havia estourado assim que entrou na sala. O homem também havia pedido comida e algumas garrafas de cervejas para que a comemoração fosse completa. O grupo logo se animou mais ainda e começaram a conversar e comemorar, estando aliviados e felizes, apesar de todas as circunstâncias.
Depois de algumas horas, conseguiu ir embora para sua casa. Não havia bebido mais que uma garrafa de cerveja, então estava praticamente sóbrio, visto a quantidade que ele normalmente bebia ultrapassava mais de seis garrafas. Estranhou não ter recebido uma ligação ou mensagem sequer da namorada e estava um pouco preocupado com isso. Ao entrar em casa, se deparou com uma garrafa de vinho em cima da mesinha da sala, duas taças e uma caixa de pizza ao lado, porém não estava ali. A casa estava silenciosa, mas após alguns segundos, escutou passos apressados vindo em sua direção do escuro do corredor dos quartos. apenas pulou nos braços do amado, o abraçando pelo pescoço.
— Eu te amo, eu te amo, eu te amo! — a mulher repetia para ela, enquanto estava com o rosto escondido entre a mandíbula e o ombro do rapaz. — Não acredito que você escreveu aquela música para mim, , para a gente!
— Você gostou? Fiquei preocupado, não tive notícias suas e achei que você tivesse odiado. — se pronunciou, puxando a mulher de leve, fazendo com que ela o olhasse nos olhos. sorria, porém estava levemente corada de vergonha.
— Eu amei! Não consigo acreditar que essa música está na discografia para todo mundo ouvir, você é demais. — voltou a abraçar o namorado, agora dando diversos beijos no pescoço, mandíbula e bochecha do mesmo.
— Fico feliz que você gostou, amor. Foi a minha melhor forma de expressar o quanto sou grato pela sua ajuda e que posso enfrentar as coisas com você ao meu lado, sempre. — falou sério assim que a mulher estava olhando em seus olhos novamente. O sorriso dela foi tão grande que foi impossível para ele não sorrir também. O clima entre os dois estava extremamente bom, tanto que eles nem perceberam que estavam se olhando e sorrindo um para o outro que nem bobos fazia alguns minutos já.
se sentia bem depois de muito tempo. E era uma das causadoras desse sentimento bom que preenchia seu coração. Os dois se amavam muito e a mulher era sim uma das razões para ele conseguir enfrentar o mundo e todas as suas situações de cabeça erguida e ele não tinha vergonha nenhuma de assumir isso. E se pudesse, além de expressar esse sentimento pela forma que ele mais amava, sua música, ele gritaria para o mundo inteiro ouvir.
FIM.
Nota da autora: Sem nota.
Nota da beta: Ai, ai... *sorri de cantinho*
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