02. All We Ever Do Is Say Goodbye

Fanfic Finalizada: 22/04/2018

Parte 1

Flashback Julho de 1997
! ! Olhe só, temos um vizinho novo! – abriu seus olhos com dificuldade, enxergando apenas o borrão de seu primo lhe sacudindo freneticamente.
– O que está acontecendo? – Perguntou coçando os olhos, sonolenta enquanto tentava entender a animação do garoto.
– Tem gente se mudando para a aquela casa velha! Tem um garoto novo, vamos, se levante! – Ele respondeu abrindo as cortinas do quarto, fazendo a prima enfiar a cara no travesseiro.
– E o que eu tenho a ver com isso? Me deixa dormir Ray! – Ela pediu sentindo a coberta ser puxada de suas pernas.
– Você tem que ir lá comigo , eu não quero ir sozinho falar com ele. – O garoto disse fazendo a cara do gato de botas para a menina que o olhou indignada.
– O que eu ganho com isso? – Ela perguntou se sentando de vez, sabia que se não fosse o garoto lhe perturbaria por muito tempo.
– Um amigo novo, e um chocolate talvez. – Ray sorriu ladino e a garota revirou os olhos.
– Vai chamar a minha mãe pra me ajudar a me arrumar. – Ela disse e viu a empolgação do garoto irradiar de seu corpo quando ele saiu correndo em direção à porta.
Não demorou muito realmente para sua mãe chegar a seu quarto e lhe ajudar a pentear os cabelos e a escolher uma roupa. Pouco depois ela descia as escadas vendo o primo ansioso balançando os pés fora do sofá.


– Graças a Deus! Por que você demora tanto pra se arrumar? – Ele perguntou saltando do móvel.
– Porque eu sou garota, e não demorei tanto assim. – respondeu indo em direção à cozinha.
– Ei, onde você vai? A saída é pelo outro lado! – Ray perguntou pronto para sair.
– Eu vou tomar café ainda, dããr! – A garota respondeu sentando- se a mesa vendo o garoto bufar e revirar os olhos.
– Assim vai demorar muito! – Ele reclamou e dessa vez que bufou irritada.
– Então vai sozinho! Foi você quem veio me arrancar da cama pra conhecer sei lá quem, pode ir. – deu de ombros e viu seu primo lhe dar as costas. Balançou a cabeça negativamente enquanto via sua mãe rir da pequena discussão dos dois. 5 segundos depois viu Raymond voltando irritado para se sentar à sua frente.
– Eu não quero ir lá sozinho, e você é muito chata. – O garoto resmungou cruzando os braços e fazendo questão de não olhar para enquanto ela ria e se deliciava com seu café da manhã.


Assim que terminou seu café e escovou os dentes, ela e Ray saíram de casa e não demoraram muito a ver um garoto moreno, que devia ter mais ou menos a idade deles, entre 8 ou 9 anos ajudando uma mulher a arrastar uma mala do carro. Ray foi quase correndo para perto de onde eles estavam enquanto ia calmamente andando com as mãos nos bolsos de seu macacão.
– Oi.– Ela disse assim que se aproximou do garoto, com Ray ao seu lado, chamando atenção da mulher e do garoto para si.
– Oi, posso ajudá- la? – A mulher perguntou com um sorriso meigo.
– Somos seus vizinhos da frente. – A garota disse apontando para sua casa do outro lado da rua e para a casa de seu primo, ao lado da sua. – Sou e ele é meu primo Ray. – Ela empurrou o primo com o ombro para que ele dissesse algo.
– Oi, eu sou o Ray. – Ele acenou tímido para o garoto e a mulher.
– Prazer e Ray, eu sou Diana e esse é meu filho, . Cumprimente os nossos vizinhos . – Ela disse segurando o ombro do filho, lhe encorajando.
– Oi. – O garoto disse se encolhendo atrás do corpo de sua mãe.
– A gente queria te chamar pra brincar com a gente no parquinho, é logo ali, olha. – apontou para o final da rua, podendo enxergar o balanço e os outros brinquedos e o garoto olhou para a mãe.
– Posso? – Perguntou e ela assentiu sorrindo.
– Só tomem cuidado e não demore muito, logo vamos almoçar. – Ela disse e ele se aproximou a pequenos passos das duas crianças.
– Pode deixar tia Diana, até mais. – se despediu com um aceno e praticamente puxando Ray pelos ombros em direção ao parquinho. A mulher riu encantada com a menina antes de suspirar e começar a colocar o resto de sua mudança dentro de casa.
– Quantos anos você tem? – perguntou puxando assunto enquanto andavam em direção ao parque.
– Oito, e vocês?
– Eu vou fazer oito daqui há 3 meses e o Ray faz nove no final do ano. – Ela respondeu imitando o gesto do garoto de chutar pedrinhas pelo caminho.
– Ele não fala? – perguntou olhando sugestivamente para Ray.
– Ele só está com vergonha. Fala alguma coisa Ray. – o cutucou novamente e o garoto sorriu tímido.
– Você gosta de futebol? – O garoto perguntou tímido.
– Eu adoro futebol, você gosta? – perguntou de volta e assim eles engataram uma conversa até chegarem ao parque.
Aos poucos Ray e foram se soltando e entrosando entre si. No final do dia todos jantaram juntos na casa de Ray, em um jantar que seu pai ofereceu em boas vindas aos novos vizinhos. "


– Daquele dia em diante nós nos aproximamos bastante, estávamos na mesma turma no colégio e crescendo cada dia mais próximos. A nossa vida se resumia à estudos, brincar, jantar, estudar e fazer mais amigos e assim foi por alguns anos, os melhores anos. A adolescência é difícil para muitos e com a gente isso não foi diferente. Principalmente quando começamos a ter interesses nas pessoas ao nosso redor. Com meus 16 anos eu percebi que estava me apaixonando e desde então me afoguei cada vez mais no mar profundo que era gostar dela. – Me senti um idiota falando daquela forma, mas apesar de tudo era verdade. Me apaixonar daquela forma foi como me afogar, o meu amor me puxava cada vez mais para baixo e eu nem se quer queria lutar contra tudo aquilo. Parei por um segundo repassando o motivo pelo qual eu estava naquela sala, naquela poltrona, de volta àquele consultório, com aquele psicoterapeuta que eu não fazia muita questão de olhar.


Flashback
Setembro de 2005


– Eu não acredito que vocês estão ousando me excluir das coisas de vocês. – chegou praticamente arrombando a porta do quarto de Ray assustando os dois garotos jogados no chão com os controles de vídeo game nas mãos e um balde de pipoca entre eles.
– Que invasão é essa? Eu posso te processar sabia? – Ray perguntou sentando direito no chão e a prima deu de ombros.
– Eu posso saber que palhaçada é essa? Vocês por algum acaso esqueceram que marcaram de sair comigo hoje? Eu fiquei uma hora plantada na porta do shopping com a garota nova esperando por vocês e os dois babacas estavam aqui jogando! – Ela entrou de vez no quarto e jogou a bolsa que carregava no chão.
– Caramba , desculpa, a gente nem viu a hora passar. – disse se sentando e consultando seu relógio de pulso
– Vocês são dois idiotas! Que raiva! Há semanas eu tô notando esse afastamento, vocês agora saem e não me chamam, nem se lembram de mim. Vivem de segredinhos e me excluem das coisas. Realmente eu não esperava isso de você Raymond, e nem de você e se querem saber eu cansei de correr atrás. Pra mim já deu, se esqueçam de mim. – A garota pegou sua bolsa e saiu bufando do quarto do primo, deixando os dois garotos confusos.
– Você acha que ela vai desculpar a gente fácil? – perguntou ainda encarando o lugar que ocupou há poucos segundos.
– Ela estava realmente puta, talvez demore um pouco pra você conseguir sair com ela. – Ray disse desviando o olhar para o amigo que suspirou, o que estava acontecendo com sua vida?
– Vamos esperar até amanhã, com alguma sorte ela já vai ter desculpado a gente, ela é assim não é? – Ele perguntou se agarrando à essa esperança.
– Sim, amanhã nós falamos com ela, agora depois de tantas horas jogando eu preciso fazer minhas lições, se você quiser fazer comigo. – Ray deu de ombros e o amigo negou com um aceno.
– Vou pra casa, minha mãe já deve estar uma fera há essa hora. – respondeu se levantando e pegando suas coisas.
Os amigos se despediram na porta da casa de Ray e atravessou a rua pensativo, de longe pôde ver andando nervosamente em seu quarto, se sentia mal por conta de sua falha com a garota. Chegou em casa e se sentou na mesa da cozinha observando sua mãe preparar a janta.


– Como foi seu passeio no shopping? – Ela perguntou calmamente e ele suspirou.
– Não fui, Ray e eu perdemos a hora jogando vídeo game e está muito chateada com a gente, não sei o que fazer para me redimir. – Ele disse deitando sobre seus braços, olhando para a mãe com a feição do Gato de Botas.
– E ela está chateada somente por isso? – Diana perguntou se virando para o filho secando suas mãos no pano de prato.
– Não, ela disse que nós estamos a excluindo das coisas, mas isso não é verdade. – O garoto ajeitou a postura na cadeira. – O que acontece é que meninos tem seus momentos de meninos e nesses momentos não podem haver garotas. Nós temos planos que ela não pode descobrir. – Ele tentou explicar afobado diante do olhar de sua mãe.
– E que planos são esses, eu posso saber? – Diana perguntou se dirigindo para o fogão.
– Ah, eu talvez esteja planejando, você sabe... Chamarelaprasair. – disse rápido e com o rosto escondido nos braços, fazendo sua mãe rir, afinal seu garoto estava crescendo.
– Eu sei o que? – Ela perguntou pousando a mão nos ombros dele e se abaixando para ficar à sua altura.
– Chamar ela pra sair mãe... – Ele respondeu manhoso, levantando o rosto corado.
– Ah sim, e o que pretende fazer? – Ela perguntou se sentando ao seu lado.
– Eu não sei, vou só pedir desculpas. – Deu de ombros e a mãe suspirou.
– Você ainda tem tanto para aprender querido. – A mãe sorriu terna para ele que apenas franziu o cenho desconfiado daquela frase.
– Eu já sei muitas coisas, só tenho que ampliar meus conhecimentos sobre certas áreas. – Ele respondeu cruzando os braços.
– Você ainda é um bebê , mal completou seus dezesseis anos, ainda há muito o que saber. – Ela disse passando as mãos pelos cabelos dele enquanto levantava. Caminhou calmamente até sua bolsa e resgatou de lá uma nota de 10 dólares. – Amanhã no caminho para a escola, compre para ela um chocolate.
– E se ela não aceitar? – Perguntou pegando o dinheiro e guardando no bolso.
– Insista, persista até tudo ficar bem, mas só se você perceber que tem chances dela te perdoar, não force nada. – Diana disse sorrindo para o filho que levantava com uma feição melhor.
– Obrigado. – Ele disse recolhendo sua mochila e subindo as escadas para seu quarto.
jogou- se na cama arquitetando um plano perfeito para chamar a garota para sair, estranhamente sentia necessidade de ficar sozinho com ela. Repassou mentalmente tudo o que a garota gostava e que pudesse usar à seu favor até ter uma epifania brilhante. Pegou sua mochila, tirou com pressa o caderno e o estojo e passou o resto da tarde repassando o que entregaria para a amiga no dia seguinte.”


– Ainda criando coragem para ir falar com no horário do intervalo, saí da sala confiante de que tudo daria certo, o que serviu apenas de combustível para a minha frustração quando a vi de longe dando um selinho em um segundo- anista que eu não fiz questão de lembrar o nome. Estranhamente eu sentia uma dor mentalmente real que eu não sabia explicar, mas que instantaneamente me fez ficar enojado com a cena. Andei apressado até a cantina onde Ray me esperava com dois lanches. Sentei exasperado tirando sua atenção da bandeja, contei- lhe tudo o que havia conversado com minha mãe e o que tinha acabado de ver, a princípio ele riu e depois deu suaves tapinhas nas minhas costas. Depois daquele dia, e eu só voltamos a nos falar no mês seguinte, quando Ray de alguma forma mágica fez com que ela viesse falar comigo.


"– Eu espero que você tenha consciência de que quem deveria estar vindo falar comigo e pedindo desculpas é você. – não fez questão de se virar para ver quem estava falando com ele, sabendo exatamente de quem se tratava.
– Não sou eu quem fica quebrando corações por aí para me desculpar. – O garoto resmungou enquanto ela se sentava ao seu lado.
– O que você quer dizer com isso? – perguntou fechando a expressão.
– Nada, esquece. O que você quer? – se virou para ela, sentindo seu coração disparar estranhamente ao olhar nos olhos de pela primeira vez no que ele considerava ser muito tempo.
– O que você quer, essa é a questão. – O garoto olhou confuso para a amiga que riu. – Você sumiu, não veio falar comigo depois da minha birra, isso só acontece quando você fica realmente bravo. Então, você quer me desculpar e voltar a falar comigo? – perguntou com um "quê" de esperança na voz.
Em sua cabeça, dizia que queria ser mais do que amigo dela, mas apenas suspirou e assentiu começando a sorrir com a euforia da garota.
– Desculpa, eu sei que deveria ter ido pedir desculpas pra você primeiro, mas é que quando eu ia falar com você, eu vi você beijando o tal Brendon e eu deixei de lado, achando que seria chato estragar seu momento. – Ele disse depois de sair do abraço, vendo a feição confusa da amiga.
– Mas isso já faz mais de um mês...
– Eu sei, eu fiquei chateado por outros motivos também. – deu de ombros, culpado.
– O Ray te contou que eu queria arrumar a Eva pra você, não foi? Aquele filha da mãe. – encolheu os ombros, fechando os olhos em fenda e as mãos em punho momentaneamente até notar a expressão inquisidora de .
– Como assim me arrumar a novata? – Ele bufou passando as mãos pelos cabelos, atraindo a atenção de para o ato. – Eu já disse que não gosto disso , e além do mais já estou gostando de alguém.– sentiu a hipnose passar assim que a frase chegou aos seus ouvidos.
– Está? – Perguntou estranhamente desapontada. – Quer dizer, você está! Que bom! Graças à Deus, achei que fosse ficar para titio, me fala quem é? – Perguntou com uma animação que não sentia realmente e se perguntou o que havia de errado, há tempos queria que o amigo pelo menos perdesse o bv readquirido. riu baixo negando com um aceno.
– Provavelmente eu vou ficar para titio e infelizmente eu ainda não posso te contar quem é. – Mesmo sem olhar para ela, sabia que um bico já se formava nos lábios da amiga e riu, dessa vez mais alto, chamando a atenção da bibliotecária.
– Eu posso te ajudar a conquistar ela, me fala quem é ! Por favor! pediu agarrando o tecido do casaco do garoto.
– Felizmente, não dessa vez . – Ele sorriu triunfante quando ela bufou. Sabia muito bem que para o amigo, não era realmente não.
– Espero que você broxe com ela também. – praguejou soltando o garoto, mas logo em seguida riu e engatou uma conversa duradoura com o garoto sobre o que havia acontecido em suas vidas durante o período em que não se falaram."


– Depois disso, tivemos apenas briguinhas bobas que duravam no máximo alguns dias. Nos aproximamos ainda mais naquele período, o que apenas contribuiu para a nutrição dos sentimentos que eu ia desvendando aos poucos. Algum tempo depois, finalmente criei coragem para convidar para sair, apesar de não ter, necessariamente sido eu.


"– Certo, certo. O que é que está acontecendo? – perguntou com Eva em seu encalço, enquanto Ray e discutiam acaloradamente na mesa, tentando sussurrar um para o outro.
– Não é nada. – respondeu mais rápido e Ray bufou.
– Certo, nada... O que houve Ray? – A garota insistiu com o primo que irritado bateu na mesa com força.
– Acontece que esse garoto. – Apontou para que apenas revirou os olhos. – É um babaca! Ele é medroso e babaca! – Eva tentou conter o riso pela expressão completamente irada que Raymond tinha, com o rosto vermelho e as veias do pescoço saltadas.
– O que aconteceu afinal de contas? – perguntou abrindo seu sanduíche e rindo baixinho.
– Acontece que esse filho da mãe, não tem coragem de chamar uma garota pra sair. E como se não bastasse, não tira o nome dela da boca por um segundo sequer! – Ray respirou fundo arrancando ainda mais risadas.
– Isso é muito fofo , mas você precisa tomar uma atitude logo, antes que outro tome. – Eva comentou ganhando um olhar aprovador de Ray.
– Finalmente alguém para me apoiar, e pela primeira vez saiu alguma coisa que presta dessa garota. – O garoto implicou, sendo completamente ignorado por todos na mesa.
– A questão é que ele só fala dela com você, comigo ele só a citou uma vez. – ergueu uma sobrancelha para que se encolheu em sua cadeira e ajeitou os óculos.
– Eu me sinto mais confortável com ele, porque ele a conhece bem. – deu um meio sorriso amarelo fazendo bufar.
– Se eu soubesse quem é, deixaria você alugar meu ouvido também para não sobrecarregar tanto meu priminho. – Ela argumentou e se assustou com a gargalhada alta que Ray deu ao seu lado.
– Ah tá, é claro que ele vai. Claro, claro... – o chutou por debaixo da mesa cessando o riso e os comentários do amigo.
– Então vamos fazer o seguinte, eu vou chamar ela pra sair e a vai me ajudar nesse exato momento a não agir como um idiota na frente dela. Está bom assim pra você, Raymond? – O mais velho propôs ganhando um dar de ombros de Ray e um sorriso de .
– Então vamos lá, me convide para sair . – Ela disse terminando seu lanche.
se sentiu patético nos minutos seguintes tentando seguir os conselhos de seus amigos para conseguir chamar sua melhor amiga pra sair.
– Isso é patético, não seria mais fácil eu fazer do meu jeito e vocês só me dizerem se está bom? – O garoto perguntou, cansado de ouvir os 3 falando como ele deveria agir.
– Então vai lá garanhão. – incentivou e respirou fundo.
– Então , eu queria saber se você está livre esse final de semana e se quer dar uma volta comigo qualquer hora dessas. – sorriu por sua voz não ter falhado e por ter sido firme no pedido.
– Claro , aonde vamos? Você já sabe? – A amiga entrou na onda e fez o garoto bufar.
– Não, droga. – Ele bufou passando as mãos pelos cabelos, deixando em um transe momentâneo, novamente. Ela achava estranhamente incrível como ele ficava bonito bagunçando os cabelos daquela forma e não era a primeira vez que se pegava admirando essa e outras ações espontâneas do amigo.
– Relaxa, escolha um lugar e me fale depois, vou treinar você para o encontro perfeito. – anunciou sem mais nem menos, deixando surpreso e Ray extasiado na cadeira ao lado, comemorando com fogos internamente.
– Tu- tudo bem. – se sentiu idiota ao gaguejar na frente dela que apenas riu e apertou a mão do amigo por cima da mesa em um gesto de confiança.
– Tudo bem, eu vou te ajudar a conquistar essa garota misteriosa, mas espero que ela valha a pena. – Ela sorriu terna, sentindo uma não muito suave fisgada no peito.
O sinal para o fim do intervalo tocou e quando todos se direcionaram para suas devidas salas, Eva puxou pelo braço para se afastarem um pouco dos primos que brincavam de se empurrar mais à frente.
– Bem, até eu percebi que você está afim dela, então espero que você saiba o que está fazendo e não decepcione a minha amiga. – Eva disse olhando séria para , que sentiu o perigo naquelas palavras, pois apesar de ser bonita a garota passava uma estranha sensação de periculosidade iminente que não queria mesmo adivinhar de onde vinha.
– Tá legal.– Ele concordou vendo a garota sorrir animada como se nunca houvesse matado uma formiga.
– Leve- a ao Drive- in no sábado, quando terá a sessão de algum filme de garota que ela gosta. Não perca a chance. – Ela disse e soltou o braço do garoto que voltou um pouco surpreso para sua própria sala."


– No sábado eu a busquei em casa de manhã e fiz tudo o que ela disse que eu poderia fazer com a suposta garota, a devolvi um pouco antes do almoço e mais ou menos perto do horário da abertura do Drive- in eu a busquei novamente, desta vez com a caminhonete do meu pai, o que a deixou surpresa e infelizmente, o pai dela desconfiado.


"– Tem certeza que não prefere que eu os deixe no tal cinema? – O pai dela insistiu pela enésima vez enquanto pegava sua bolsa.
– Não precisa pai, além de ser aqui do lado, já tirou a carteira. – Ela respondeu sorrindo e o senhor olhou para o garoto com cara de poucos amigos. A mãe de , Sarah, sorriu e deu um beijo de despedida nos dois, informando o horário limite para a chegada deles.
– Cuidem- se. – Ela advertiu em tom de brincadeira enquanto eles passavam pela porta acenando.
estava nervoso, mas conseguiu estacionar no Drive- in certinho e à tempo de pegar as propagandas antes do filme. Ele realmente não achou a comédia romântica intragável, mas com certeza não estava na lista dos filmes que voltaria a ver. Tentou ao máximo ser legal e descontraído, soltando de vez em quando algumas piadas e enchendo o balde de pipoca sempre que necessário.
– A garota que sair com você vai realmente ser uma grande sortuda . – comentou no caminho de volta para casa, com um sorriso um pouco desanimado.
– Você acha? Realmente foi legal sair comigo? – Ele perguntou entusiasmado.
– Foi maravilhoso. Você é maravilhoso na verdade, ela é realmente uma garota de sorte.– Ela comentou no mesmo tom, mas ainda assim não percebera sua melancolia.
– Isso quer dizer que se eu não gostasse dela, eu teria chances com você?– Ele não sabia de onde aquilo tinha vindo, mas a risada alta da amiga rachou sua esperança.
– Ah tá, com certeza sim. – respondeu brincando, mas se impressionou com a verdade que aquela frase tinha dentro de seu peito.
– Eu preciso te contar uma coisa importante . – parou o carro de repente perto do parque onde costumavam brincar quando mais novos, fazendo o sorriso morrer um pouco no rosto da garota.
– O que houve? – Ela perguntou olhando para ele.
– É sobre a garota que estou gostando. – disse suspirando e secando as mãos suadas na bermuda. – Sabe, eu nunca me senti assim com ninguém. Ela é muito especial, mas eu estou com medo de ir falar com ela e acabar com a amizade que temos, quer dizer, não consigo me imaginar vivendo sem ela. – Ele sorriu melancólico e suspirou.
– Isso é muito bonito . – Ela respirou fundo ruidosamente, não compreendendo o bolo que queria se formar em sua garganta. – Acho que você deveria mesmo ir falar com ela, seja lá quem for, merece saber que é amada por uma pessoa tão especial quanto você, e se ela não te corresponder tá tudo bem, o mundo tá cheio de pessoas que podem fazer isso. Eu estou na fila. – Brincou e viu o amigo sorrir com mais confiança.
– É você. – Ele soltou, se virando para a frente, sem coragem de olhar para a amiga.
– Que? – Ela perguntou confusa.
– É você , eu gosto de você, mais do que eu possa contabilizar, ou dizer. Sempre gostei de você e morri de ciúmes quando a vi beijando o Brendon, por isso, infantilmente, não fui falar com você e por isso inventei aquela história de treinar com você aquele dia. Eu estou apaixonado por você. – respirou fundo uma vez antes de virar para checar a expressão surpresa de , que tentava compreender o que havia ouvido.
– Eu não sei o que dizer. – A garota procurou pelos olhos do amigo que estavam perdendo o brilho da esperança.
– Não precisa dizer nada. – Ele disse sorrindo fraco para a amiga que ainda o observava atônita. suspirou e balançou a cabeça para tirar um peso fictício da mente e riu fraco. – Vamos pra casa.
Ele dirigiu mais alguns metros antes de para o carro na frente da casa dos s e se virou para a amiga.
– Você está bem? – Perguntou estranhando a calma silenciosa de .
– Eu tô, você está? – Ela ainda estava olhando fixamente para ele.
– Você está me assustando com essa encarada duradoura.– Ele comentou sorrindo sem graça e ela piscou desviando o olhar momentaneamente.
– Desculpa, eu só estou tentando compreender, eu... Me desculpa .– pediu sinceramente chamando a atenção de para si com um misto de confusão e descrença.
– Pelo o que? – Ele perguntou e antes mesmo que ela respondesse ele segurou a mão dela delicadamente. – Não está se desculpando por eu estar apaixonado por você, não é? Porque não faz sentido. – sorriu e beijou a mão dela. – Quem deveria pedir desculpas sou eu, mas eu não sei como começar.
– Não, não precisa. Não temos culpa disso, eu sou irresistível. Sei disso. – brincou e concordou.
– Vamos, vou te deixar na porta. – Ele disse soltando as mãos dela, e soltando seu cinto, para abrir a porta para a amiga.
Eles caminharam calmamente pela entrada da casa e quando ia se despedir se virou abruptamente e o beijou. Pelo choque do momento demorou alguns segundos para aprofundar o beijo e deixar sua língua experimentar o gosto da garota. Ela mesma sorriu quando eles se afastaram e apenas sussurrou um boa noite antes de entrar e bater a porta, deixando um em um estado completo de êxtase, enquanto as famosas borboletas faziam a festa em seu estomâgo."


– Depois daquele beijo no entanto, me pediu um tempo para pensar em tudo. E quando o peso da rejeição começou a bater pesarosamente, ela me surpreendeu. Como sempre. Nunca vou entender o dom dessa garota de me surpreender, sempre, sempre surpreendendo...


" estava deitado em seu quarto quando, abruptamente uma figura pequena escancarou sua porta com um baque forte na parede. Olhou alarmado para a porta, encontrando uma completamente desajeitada pedindo desculpa para a porta. O garoto riu baixinho e só então a garota olhou para ele, parecendo um pouco perdida, mas bastante decidida.
– Eu preciso conversar com você. – Ela se pronunciou quando o garoto sentou na cama, cedendo um espaço para que a mesma se sentasse ao seu lado.
– Sou todo ouvidos. – brincou arrancando um sorriso de , o que o deixou mais relaxado.
– É sobre o nosso beijo, e sobre... você sabe o que.– suspirou sentindo suas bochechas coçarem. apenas assentiu, se preparando para a rejeição.
– Seja direta por favor, vai ser menos constrangedor e doloroso.– Pediu olhando para suas mãos entrelaçadas em seu colo.
– Não sei ser direta, porque eu preciso te contar como cheguei até aqui com tais conclusões.– A voz da garota não tinha sinais de insegurança apesar de sua expressão deixar passar um pouco de hesitação. podia sentir sua ansiedade começar a sair dos poros de seu corpo.– Pensar que você gosta de mim é muito estranho. Mas tudo bem, porque eu sei que eu também gosto de você de uma forma que eu ainda não sei explicar, mas que todo o meu ser indica que eu devo descobrir, então eu vim aqui com uma coragem forjada de horas de conversa com a Eva e alguns pensamentos malucos, pra perguntar se você não quer me ajudar a descobrir o que é tudo isso.
A garota sentia seu coração bater incontáveis vezes mais rápido do que ela achava ser possível enquanto o amigo olhava para ela completamente imóvel, processando e guardando todas as palavras ditas.
– É tudo o que eu quero.– Ele se pronunciou antes que ela dissesse alguma coisa, fazendo um sorriso satisfeito brotar no rosto de ambos, que se olharam e aproximaram suas bocas devagar aproveitando a sensação boa que sua proximidade lhes proporcionava."


– Depois daquele dia tudo entre nós mudou. Algumas vezes pra melhor, outras pra pior. Nós não nos rotulávamos como namorados, mas não ficávamos com outras pessoas. Isso era difícil de explicar na época, hoje em dia tudo é tão mais simples. Mas nós estávamos sempre juntos, principalmente nos momentos mais difíceis.


" acordou naquele dia com uma sensação diferente no peito, algo parecia pressionar sua caixa torácica o que consequentemente fez com que acordasse com a respiração descompassada. Sentou- se na cama e olhou para o relógio constatando que ainda havia muito tempo para ir para a escola e decidiu descer para pegar um copo d'água.
Se surpreendeu ao encontrar seus pais na sala com tudo escuro. Olhou para seu pai que dormia encolhido no sofá, deitado no colo de sua mãe que o acolhia protetoramente, fazendo um carinho ameno em seus cabelos.
– O que houve? – Perguntou baixo e com cautela para não acordar o homem. Diana suspirou coçando a tempora.
– Seu pai voltou do hospital há pouco e parece que houve alguma complicação, mas ainda não sabemos o que aconteceu direito com o seu avô. O que você ainda faz acordado? – A mulher perguntou, colocando uma almofada no lugar de sua perna sob a cabeça de Calvin.
– Eu só acordei e desci para tomar um pouco de água. – Ele respondeu indicando a cozinha com um aceno, Diana lhe sorriu fraco.
– Quer que eu te prepare algo? Acho que vou tomar um chá antes de dormir. – Ela perguntou se aproximando dele, que negou com um aceno se dirigindo para a cozinha.
encheu um copo de água e o bebeu calmamente observando sua mãe preparar o chá, parecendo extremamente distraída.
– Tem certeza de que está tudo bem com ele? – O garoto perguntou colocando o copo na pia. Com o suspiro lento que sua mãe deu, ele sabia que ela amenizaria a situação.
– Eu não sei bem, mas tenho certeza de que se não estiver, logo há de ficar. – Ela passou a mão carinhosamente pelo rosto do filho e lhe deu um beijo na testa.
a retribuiu com um beijo na bochecha e subiu para seu quarto novamente pensando na forma como acordara. Algo dentro de si o alertara que algo mudaria naquele dia, e ele esperava muito que fosse pra melhor.
Mais tarde ele acordou novamente, dessa vez, sentindo um fraco raio de sol esquentar sua pele. Olhou para o relógio que marcava seu atraso para o primeiro horário do colégio. Pulou da cama direto para o banheiro afim de tomar um banho rápido e se vestir para pedir para sua mãe deixá- lo na escola. Vestiu o uniforme de qualquer jeito e desceu correndo as escadas já chamando pela mãe, encontrando- a sentada com os olhos vermelhos no sofá. Parou abruptamente na sala já esperando a notícia que não tardou a vir.
– Ele não resistiu filho. – Ela não olhou diretamente para , mas pode ouvir a mochila dele cair no chão e não demorou a sentir os braços do filho rodear seu corpo do jeito que pôde.
– O que aconteceu com ele? Cadê o meu pai? – O garoto perguntou e seu tom de voz suave chamou a atenção de sua mãe, que recebeu um sorriso terno de volta, apesar de infeliz, ainda assim era carinhoso e compadecido.
– Seu pai foi ao hospital, o câncer parou o coração. – Diana retribuiu o abraço vendo de perto os olhos de seu filho se encherem de água.
Ainda naquele dia o enterro foi preparado e seria no dia seguinte. , Ray e Eva foram até a casa do amigo, porém não foram recebidos por ele, que tirou o dia para sentir o peso do luto e ficar ao lado dos pais.
No dia seguinte, o velório foi durante à tarde e boa parte da família compareceu, até a família de e Ray, que foram acompanhados de sua família e mais alguns amigos para prestar solidariedade ao amigo, que recebeu os pêsames e os abraços de bom grado. Após a recepção feita na casa dos , que não durou muito, na primeira oportunidade que teve, levou para um ambiente mais reservado, uma parte do jardim pequeno nos fundos da casa, onde eles costumavam brincar.
– Como você está? – Ela perguntou se sentando na mureta do canteiro, percebendo em seguida a pergunta e se dando um tapa na testa que arrancou uma pequena risada do garoto. – Péssimo, eu sei. Desculpa.
– Tudo bem, eu já sabia que estava acontecendo. – Ele respondeu sentando ao lado dela, que o olhou de sobrancelhas arqueadas em uma pergunta ímplicita. – Você sabe como tenho sono pesado, e eu sei que é normal acordar vez e outra de madrugada, mas essa noite foi diferente, eu acordei com um peso no peito e sem respiração. Eu sabia que algo estava acontecendo. – massageou o próprio peito e sentiu os braços de rodearem sua cintura.
– Eu sinto muito, sei que já disse isso, mas você sabe que pode contar comigo a qualquer momento. – Olhou no fundo dos olhos dele que sorriu concordando.
– Vou me lembrar disso. – Ele sorriu de lado e ela beijou sua bochecha, sentindo o braço dele passar por seus ombros. Ainda que não pudesse ver, sentia que havia um choro preso no fundo da garganta de . A garota sabia que apesar de ter ficado complicado para ele visitar o avô no hospital, o menino era completamente alucinado pelo homem, assim como ela e seu primo também eram, mas ainda assim a ligação dos dois chegava a ser incompreensível.
Apesar da situação, ambos estavam felizes por estarem compartilhando aquele momento. "


– Depois daquele dia, por mais que eu tentasse esconder o fato até de mim mesmo, eu comecei a me fechar mais em mim mesmo e infelizmente, me conhecendo bem como ela me conhecia, ela também percebeu e fez tudo o que pôde para tentar me tirar desse momento. Estava sempre inventando coisas novas para fazermos, saídas e tudo o mais, porém infelizmente eu fui cego o suficiente para não perceber o que estava acontecendo e fui o primeiro a dizer adeus.


" estava preocupada com o estado gradativo de vegetação de , desde a morte do avô, o garoto estava congelantemente mais distante de todos. Ele que sempre fora simpático e alegre, apesar de tímido, agora estava sempre sério e calado, sempre parecia estar pensando demais em todas as coisas, o que deixava bastante atenta aos movimentos do garoto. Por isso havia decidido naquela manhã de sábado reunir todos os amigos próximos deles para um dia de diversão e comilança no parque. Acordou mais cedo que o habitual e confirmou com os amigos o encontro no parque às 09:00 horas, arrumou uma cesta para si e para e Ray, e as 08:40 em ponto bateu na porta da frente, esperando com um sorriso a mãe de abrir a porta. Apesar de compreender a situação, se assustou ao ver o estado de Diana, que era sempre irremediavelmente alegre e naquela manhã estava com uma aparência cansada e puramente desanimada.
– Bom dia, o está dormindo ainda? – A garota perguntou dando um sorriso amarelo. Diana tentou fazer o mesmo e deu passagem para a menina entrar.
– Eu duvido que tenha dormido muito, essas últimas semanas tem sido difíceis para todos nós. – Suspirou e deu de ombros. – Suba querida, aposto que ele vai adorar te ver.
sorriu e deixou a cesta na sala, subiu as escadas e bateu de leve na porta do quarto.
– Pode entrar. – A voz de parecia cansada assim como a de sua mãe e então ela realmente percebeu que o garoto estava mais exausto do que aparentava no colégio. A pele estava pálida e os olhos roxos como os de quem não dormia há dias.
– Oi. – Ela cumprimentou com um sorriso pequeno que foi retribuído em menor proporção.
– Você está bonita. – comentou observando o vestido que trajava.
– Obrigada, você também não está mal. – Brincou e viu um sorriso um pouco maior brotar nos lábios dele. – Alguns amigos vão para um piquenique no parque e eu vim convidar você para ir comigo.
pareceu considerar a ideia por um instante, mais logo negou com um aceno.
– Eu acho que hoje não , eu estou exausto e sem a mínima vontade de sair. – Ele viu o sorriso dela murchar.
– Tem certeza? Quer dizer, você parece precisar tomar um sol e nós estamos preocupados com você . – se aproximou da cama, vendo uma expressão confusa tomar o rosto de .
– Preocupados por que?
– Nós sabemos que perder o seu avô é difícil pra você e você sabe que estamos aqui pra qualquer coisa, há dias você está diferente e distante e nós entendemos o seu luto, mas também queremos te ajudar a ficar bem. – Ela explicou gentilmente se sentando na cama e pegando a mão dele, que olhou para suas mãos juntas e para o rosto meigo na garota. Suspirou.
– Eu sei de tudo isso , mas eu estou bem. Estou apoiando meus pais que estão sofrendo muito e está tudo bem comigo, de verdade. Agradeço por tudo o que vocês estão querendo fazer, mas eu realmente não estou a fim de sair. – desentrelaçou a sua mão da de que olhou confusa para ele.
– Tudo bem, mas se você quiser, pode dar uma passada lá, mais tarde.– A garota insistiu com um sorriso que implicitamente suplicava para que ele fosse. O garoto assentiu e suspirou impaciente novamente, o que não deixou passar.
– Você está com a algum problema comigo? – Ela não queria arrumar um confronto naquele momento, mas a indiferença do garoto estava passando dos limites que sua paciência suportava.
– Eu só quero que você saia pra eu poder ficar sozinho, é pedir muito? – perguntou ficando realmente irritado com a menina.
– Não, não é. Se precisar sabe onde nos encontrar. – deu as costas para , tentando segurar as palavras que queriam sair de sua boca.
– Não vou. – Ainda pôde ouvi- lo e bufou realmente chateada.
– Olha , tudo bem. Você quer se isolar, ok. Mas não aja como um babaca com as pessoas que só querem te ajudar e te ver bem, tá? Eu te garanto que sei que não deve estar sendo fácil pra você, mas não desconte em quem gosta de você, seja lá o que você estiver tendo. Que merda, custa deixar alguém ficar perto pra te apoiar também? – Ela explodiu ganhando uma risada irônica de volta.
– Você vem até a minha casa, me encher o saco por causa de um piquenique idiota e eu que sou o babaca? E você acha que isso vai me ajudar com o que? Vai trazer ele de volta? E não , não está sendo fácil, e tudo o que eu menos preciso é de alguém insuportável disperdiçando a paciência que eu não quero ter que gastar. E não, eu não quero apoio, não quero toques, não quero você aqui. Agora você pode por favor me dar licença? – não queria se exaltar pra chamar a atenção dos pais, mais àquela altura de sua chateação, nem se preocupou se iria falar alto, ou se iria machucar a garota que tentava conter as lágrimas nos olhos. Vendo- o escancarar a porta para si, ela respirou fundo e deu de ombros passando por ele com passos duros.
– Espero que fique bem sozinho. – Disse tentando deixar a voz embargada o mais dura possível.
desceu as escadas com pressa e passou por Diana com os olhos começando a ficarem avermelhados.
– Muito obrigada tia, até qualquer hora. – A menina tentou sorrir sem derramar nenhuma lágrima e pegou a cesta com pressa sem nem escutar o que a mais velha havia dito.
Ela tentou não bater a porta, e assim que sentiu a claridade em seus olhos, correu para casa e dessa vez não hesitou em bater a porta. Deixou a cesta na sala e correu para o quarto. Respirou fundo e sentiu a cabeça doer, segurando enquanto pôde o choro que não tardou a vir. nunca havia sido tão grosso e frio com ela em toda sua vida e se aquele momento não passasse ela temia não ter o amigo- quase- namorado de volta, por mais dramático que isso soasse em sua cabeça."


– Depois que eu a ouvi bater a porta, suspirei e me joguei na cama irritado, em seguida minha mãe apareceu no vão da minha porta com a melhor cara de poucos amigos que ela poderia fazer e me deu um grande sermão sobre como eu havia sido péssimo com a garota que eu gostava e que mais se preocupava comigo, depois dela mesma. Minha mãe, como sempre, abriu meus olhos para que eu pudesse ver o buraco no qual eu estava me jogando. Depois disso, percebi que nunca fui muito bom em lidar com perdas e adeus. Naquela mesma noite Ray veio falar comigo, me informar do quanto eu tinha deixado mal e de como ele até estava tendo que suportar Eva que não sabia o que fazer para animar já que aparentemente ela havia passado a manhã inteira chorando. Depois de tantos anos ao lado dela, eu não conseguia vê- la chorar, imaginar que eu era a causa me deixou pior ainda, o que me fez tomar coragem para ir pedir desculpas.


"– Espero que você saiba que eu só estou te ajudando com isso, porque não aguento mais ela reclamando no pé do meu ouvido de como se sente sozinha e de como está puta com você. – Ray resmungou pela enésima vez enquanto o amigo revirava os olhos.
– Tudo bem, eu já entendi que pisei na bola! Será que tem como você parar de reclamar e pensar em alguma coisa pra me ajudar? – parou abruptamente de frente para o amigo que deu de ombros.
– Eu só quero ter certeza que deixei isso bem fixo na sua cabeça, para que na próxima vez que você sonhar em magoar ela de novo, eu possa te dar um soco sem pensar duas vezes. – Ray circundou o amigo e continuou andando em direção ao refeitório. se segurou muito para não se dar um soco e um soco no amigo.
– Eu te garanto que essa missão já foi muito bem cumprida. – O moreno afirmou arrancando um riso do amigo.
– Tá certo, eu tenho dois planos, se o A não der certo, partimos pro B imediatamente. O plano A é, sente- se e peça as devidas desculpas.– Ray deu batidinhas no ombro de indicando a prima com um olhar, enquanto se dirigia para a lanchonete.
– E o plano B? – perguntou se virando para o amigo que sorriu dando de ombros.
– Reze para não precisar dele. – Riu e seguiu seu caminho, cumprimentando outras pessoas ao redor.
O garoto, agora sozinho respirou fundo em busca de alguma coragem para concertar seu erro.


– Vamos lá , é só a sua amiga que está chateada com você, peça desculpas. É fácil, só vai. – Ele repetia para si mesmo enquanto andava cauteloso para a mesa em que ela se encontrava, sorrindo forçado para alguma coisa que uma amiga que ele não fazia questão de lembrar o nome falava.
, nós podemos conversar? – Ela desviou os olhos da negra que estava à sua frente, focando os olhos no garoto, que levou isso como um sim. – Tem como você nos dar licença por um minuto? – Pediu educadamente para a menina que não fez questão nem de sorrir para ele antes de se levantar da mesa.
– Olha , eu sei que fui um estúpido com você e que não deveria ter agido daquela forma. Me perdoa, eu não sei o que me deu naquele dia e eu estou realmente arrependido. – tentou não desviar o olhar envergonhado do olhar duro que ela lhe lançava, mas com firmeza continuou olhando para a garota que estava imóvel e com uma suave expressão de escárnio. – Você não vai dizer nada? – A garota continuou em silêncio se comuniacando apenas pelas expressões faciais. Ele molhou os lábios e passou a mão pelos cabelos, fazendo arquear uma sobrancelha.
– O que eu posso fazer pra você me perdoar? – Ele perguntou tentando pegar as mãos dela em cima da mesa, que as afastou rapidamente deu de ombros. – Tudo bem, você tem razão em ficar chateada. Mas você sabe que eu não vou desistir disso.– Ele disse levantando da mesa e partindo para onde Raymond estava observando de longe a "conversa" de seus amigos.
– Ela está te dando um gelo, certo? – Perguntou retórico e viu o amigo assentir. – Ok, hora do plano B. Espero que você não tenha fobia de palco. – Ele riu guiando seu amigo pelo ombro para trás das coxias do pequeno palco.
– O que você quer dizer com isso? O que você está fazendo? – O garoto perguntou nervoso, vendo o amigo conversar com um garoto que mexia na mesa de som.
– Ela é garota e adolescente é obvio que também é apaixonada por comédias românticas, o que quer dizer que: Ela vê essas coisas em filmes e espera que um dia façam isso por ela, é a sua chace. Vai lá, abre o coração e arrasa.– Ray empurrou o amigo pelas cortinas, que fizeram barulho e consequentemente chamaram a atenção de todos os presentes.
sentia que sua cara iria explodir de vergonha, o rosto estava queimando e ele podia jurar que estava mais velho do que ele nem sabia o que. Porém, com o resto de dignidade e coragem que tinha, caminhou até o centro do palco e pegou o microfone, testou brevemente e limpou a garganta.
– Vocês devem estar se perguntando o que eu estou fazendo, e eu infelizmente não sei responder isso, pois acabei de ser empurrado aqui pelo meu amigo. – Ray apareceu ao lado das cortinas fazendo um joinha. – Eu, hm, imagino que isso seja o que ele quer que eu faça pra poder pedir desculpas e realizar um sonho de uma das pessoas mais importantes da minha vida. Eu fui um babaca com ela, porque não soube lidar com as minhas dores, e infelizmente ela, que só queria me ajudar, acabou recebendo em troca grosserias e uma estupidez que não me são característicos. Resumindo bem, eu acho que é isso o que os caras das comédias românticas fazem, ou pelo menos foi isso que me foi passado. – Ele riu com algumas pessoas. – , eu queria que você me perdoasse do fundo do coração, por ter sido rude, babaca e estúpido com você. Queria aproveitar também, pra dizer, de novo que eu estou profunda e perdidamente apaixonado e que não quero nunca te fazer sofrer de novo, na verdade quero te fazer feliz pelo tempo que me for permitido, eu não sei outra forma de dizer isso, então vou ser rápido e direto, para acabar com a minha vergonha e com a possibilidade de uma rejeição. Você quer namorar comigo? – soltou, recebendo um grande coro de "Onw" da "plateia" o que fez, se possível, com que ele ficasse ainda mais vermelho enquanto descia do palco e via a garota se aproximar rapidamente com uma expressão indecifrável.
Quando eles ficaram frente a frente, ele pode jurar que ela iria matá- lo à chutes, mas ao invés disso, ela apenas lhe beijou. Simples e calorosamente na frente de todos, arrancando ainda mais gritos dos jovens e até de alguns supervisores que estavam por ali. Se separaram rindo e ele se sentiu a pessoa mais feliz da galáxia quando ela sussurrou contra seus lábios.
– Eu também estou perdidamente apaixonada por você .– Ela o beijou novamente, mas dessa vez uma das supervisoras, chegou mais perto, ainda que sorrindo, pedindo para que eles se separassem e fossem para suas respectivas aulas, já que o sinal havia acabado de começar a soar."


– Fomos o alvo de comentários e parabéns pelo resto da semana, todos sabiam e apoiavam nós dois, e eu realmente pensei que tudo daria certo. Até que houve o momento em que fomos oficializar nossa união para os nossos pais e o pai dela simplesmente não nos aceitou. Ele fez um escândalo dizendo que sua filha não poderia jamais ficar com um moleque como eu e exigiu que nos separássemos imediatamente, o que não foi exatamente respeitado. e eu ficamos juntos apesar de tudo, ainda que às escondidas das nossas famílias. Estávamos no meio do ano escolar quando isso aconteceu e o nosso namoro perdurou por quase um ano e meio, pois ainda que seu pai não nos autorizasse namorar, a mãe dela fez de tudo para que continuássemos próximos, mas não tão próximos quanto gostaríamos. Fizemos uma viagem no nosso último ano de colegial, onde nos amamos pela primeira vez em uma praia da califórnia, foi maravilhoso, tivemos até um encontro estranho com uma médium, que nos prometeu a eternidade juntos. Mas pouco tempo depois o pai dela descobriu tudo e me ameaçou para que ela se afastasse de mim. Ainda tentamos algumas vezes convencê- lo de que não havia nada de errado. – Respirei fundo e arrumei minha postura na cadeira enquanto o senhor à minha frente me observava atentamente.
– Essa parte em específico te deixa desconfortável senhor ? – Ele perguntou, descansando sua caneta no meio de sua pequena agenda e eu assenti, tentando recuperar o fôlego que estranhamente me fugiu do peito, havia muito tempo que eu não adentrava tão profundamente naquelas memórias.
– Ele estava irredutível e decidiu que estava na hora de mudar de ares quando acabássemos o colegial, ou seja, tínhamos poucos meses para bolar uma forma de ficarmos juntos. E então, depois de mais uma discussão acalorada com o senhor , decidimos que assim que nos formássemos, iríamos fugir. Iríamos para longe de tudo aquilo para curtir a vida que sonhávamos ter.– Senti minha garganta fechar, mesmo depois de anos aquilo ainda me doía, peguei um pouco de água que estava servida na mesa à minha frente e fechei os olhos por alguns segundos, tendo a memória muito vívida daqueles dias na minha mente.
– Você quer parar por hoje? – O homem perguntou atento à todas as minhas reações e eu neguei veementemente.
– Não quero. Não posso. Tenho que continuar, muitas coisas estão acontecendo aqui dentro. – Apontei para meu peito e senti minha cabeça doer. – Eu só preciso continuar. – Ele assentiu e eu respirei fundo mais uma vez. – Chegou então à nossa formatura, e por algum milagre conseguimos curtir ela por inteiro juntos, sem nenhuma interrupção. Acho que ela disse para o pai dela que seria a nossa última noite juntos. Por fim, eles logo iriam se mudar e muito provavelmente não iríamos nos ver, ainda que Ray nos mantivesse ligados de alguma forma. Junto com a mudança que ela estava aparentemente arrumando, ela estava fazendo as malas para a nossa fuga e tudo ocorreu consideravelmente bem por um tempo. Nós fugimos alguns dias depois da formatura, havíamos juntado algum dinheiro durante os últimos meses e eu havia até conseguido uma casa para alugar durante alguns meses em Nashville, bem afastado de todos, havia também ganhado um carro no meu último aniversário o que facilitou bastante as coisas. Tudo deu certo de primeiro momento, ainda que tivéssemos alguns problemas pequenos durante a viagem eu realmente imaginei que tudo daria certo. – Ri sem humor e tomei mais um gole de água. – Em um dia, no nosso último dia parecia que estava tudo conspirando para algo enorme dar errado. Sem querer me envolvi em uma briga no hotel em que estávamos e tivemos que sair as pressas, e eu ainda estava preocupado porque há uns dias ela estava passando mal e teimava que não queria ir à um médico, alegando que devíamos seguir viagem até estarmos seguros e eu não pude discordar dela. No fim, de alguma forma ela teve algum contato com os pais e eles nos acharam. Foi um dos piores dias da minha vida e com certeza uma das piores sensações. Eu me senti traído e abandonado de tal forma que eu nunca imaginei. Eu afundei profundamente depois dela. – Parei de falar por um minuto revivendo aquelas sensações daquele dia que ainda atormentava minha cabeça as vezes.
– Estamos trabalhando juntos há anos , por que você só resolveu me contar tudo isso agora? – O médico perguntou se encurvando e apoiando os braços finos nas pernas.
– Há alguns dias meus amigos, Eva e Ray me ligaram. Conversamos por horas, mas não foi em um dos dias que nós marcamos e isso me deixou preocupado. Antes de fugirmos, ainda houve o processo de ajudar Eva e Ray a ficarem juntos, eu já lhe contei sobre isso. Enfim, eles vão casar e eu serei o padrinho, aparentemente com ela, para honrar uma promessa que fizemos há quase 8 anos. Eu relutei muito em aceitar, mas como sempre minha mãe me fez ver que eu não poderia faltar à esse momento importante da vida dos meus melhores amigos por conta dos problemas do passado, não era justo abandonar que nunca me deu as costas, nem nos meus momentos mais difíceis como aquela doença horrível, no momento mais feliz e importante de suas vidas. Mas o fato de que vou reencontrá- la depois de tantos anos, depois de tantos traumas, eu não sei o que fazer. Estou com medo. Há muitos dias eu não consigo dormir, porque eu sempre que fecho os olhos ela e suas memórias voltam com tudo para me assombrar a noite, justo quando eu a tinha fora da minha cabeça, ela volta para abrir meu coração de novo, mesmo que sem querer. Desde então eu também não tenho parado de escrever, mas parece que nem todas as minhas canções são o suficiente para expressar o quanto eu a amei, e é provável que ainda a ame. Mas eu não posso correr atrás do passado minha vida tem que seguir para frente, não é?
– Você é forte , sempre soube disso. E mesmo que tenha que vê- la, o que em algum momento teria que acontecer, o que lhe resta agora é tomar uma decisão definitiva sobre os seus amigos e se for a decisão certa, ter coragem para encarar suas consequências, como eu sempre lhe disse. – Suspirei e assenti guardando aquelas palavras na minha mente.
– Infeliz, ou felizmente já sei o que vou fazer, basta a coragem vir para que a mudança seja feita.


Parte 2



Capítulo 1


“Estamos chegando, tome a decisão certa.”
– Por que você está fazendo isso? – sentiu seu coração doer quando o tom dolorido de chegou aos seus ouvidos.
– Não dá , eu não aguento mais. A gente tá fugindo há dias, eu não quero mais isso. – sentiu seus olhos se encherem d’água e desviou o olhar para qualquer canto do quarto.
– Como assim? A gente consegue, só mais um pouco e seremos felizes lá. – tentou argumentar, mas ela negou com um aceno.
– Não , a gente não pode fugir pra sempre. Nossos pais vão achar a gente em algum momento e nós sabemos do que os meus são capazes. – Ela disse passando as mãos pelos cabelos.
– Eu sei, mas nós vamos ficar juntos de qualquer forma, nascemos um para o outro, lembra? – Ele disse sentindo seus olhos ficarem úmidos também e derramou a primeira lágrima sentindo seu coração mais despedaçado a cada segundo
– Me perdoa . – Pediu ainda sem olhar para ele.
– Pelo que? – ele perguntou mesmo já sabendo a resposta.
– Por isso tudo, por abandonar você agora. – viu de relance as primeiras lágrimas rolarem pelo rosto dele.
– Por favor, , me diz que você não fez isso. – Ele pediu segurando o rosto dela entre suas mãos e ela tentou segurar as lágrimas sem conseguir olhar para o rosto do garoto.


não conseguia aceitar o que ela tinha feito, mas também não se assustou quando a porta do quarto abriu e ele viu seus pais e os pais dela entrarem no quarto, o pai dela completamente irado a mãe tentando acalma- lo a todo custo.
– Vamos . – Foi a única coisa que o pai dela disse e instintivamente ele agarrou ainda mais o corpo da jovem.
– Não, você não vai tirá- la daqui! – Ele disse e o velho lhe olhou com desdém.
– Não vou precisar, ela virá com seus próprios pés, não é querida? – Ele disse olhando ameaçadoramente para ela, que relutante se afastou dos braços de .
, não. O que você está fazendo? – Ele perguntou quase desesperado quando viu que ela estava se afastando dele com o rosto vermelho pelo choro que ainda não havia saído. Ela tentou respirar fundo para pronunciar as palavras necessárias.
, apesar de tudo o que passamos, isso que nós chamávamos de amor não passou de uma ilusão. Acabou. – Ela disse sem olhar para ele, dilacerando o que ele podia chamar de coração até aquele momento.
sentiu uma vertigem o atingir em cheio e logo o abraço de sua mãe lhe amparou. O pai de olhou para ele com desdém e lhe deu as costas levando sua esposa junto, enquanto sua filha o olhava do vão da porta. Tudo o que ela queria era retirar suas palavras e se jogar nos braços dele, mas não podia.
– Por favor, , você já machucou demais o meu filho, pode ir embora. – O pai de se pronunciou pela primeira vez ao ver a jovem paralisada perto da porta, olhando para o rapaz que chorava copiosamente nos braços da mãe.
– Um dia você vai entender que isso foi melhor para nós dois. – Foi o que ele ouviu antes da porta ser batida com delicadeza e então seus soluços começaram a serem ouvidos no cômodo.
Calvin não demorou a levar o filho para a cama onde ele e Diana o consolaram durante toda a noite até ele dormir.


Dias atuais


– Eva Miller, você aceita se casar comigo? – Ray estava ajoelhado em meio a uma pequena plateia no meio do restaurante.
– Anda logo Eva, ou ele vai ter um ataque cardíaco de nervoso. – falou ao lado da melhor amiga, dando– lhe um tapinha em seguida fazendo algumas pessoas próximas rirem.
– É claro que eu aceito! Ai meu deus Raymond, eu te amo! – Ela disse tirando aplausos fervorosos dos presentes.
– Eu também te amo. – Ele disse sorrindo e colocando a aliança no dedo de Eva beijando o local com carinho e logo depois seus lábios.

Em seguida Eva já pulava com suas amigas, soltando gritinhos de felicidade.

– Vocês vão ser minhas madrinhas como o prometido, não vão? – Eva perguntou ainda abraçada com as garotas.
– É claro! Eu nunca perderia a chance de ver Eva Miller sendo a de branco! – disse eufórica.
– Com toda a certeza. – Caitlin disse agitando as mãos.
– Ai meu Deus, tem tanta coisa pra arrumar, não acredito que eu vou casar! – Eva parecia ainda não ter se dado conta do que realmente estava acontecendo.
– Você vai, e nós vamos ajudar com tudo o que precisar. – Megan disse segura, com as mãos entrelaçadas à de sua amiga.
– Agora vai lá cumprimentar os outros convidados. – disse apontando discretamente para os outros amigos dos noivos e Eva assentiu dando as costas às suas 3 melhores amigas.

– Eu estou tão orgulhosa da nossa bebê! – Caitlin disse secando teatralmente os cantos dos olhos arrancando risadas das outras duas.
– Aí aí, parece até que foi ontem que nós batalhamos pra fazer ela sair com ele. – Megan disse abraçando de lado.
– Passou tão rápido... – entrou na onda e elas riram de como pareciam às tias velhas de Eva e não suas melhores amigas.

De repente sentiu seu ânimo diminuir vendo seus melhores amigos realizando seus sonhos. Não que ela estivesse com inveja, longe disso, mas ao ver Eva e Ray juntos, ela sentiu uma onda de nostalgia se abater sobre ela, lembrando- se de tudo o que havia deixado para trás.

– Hey, , no que você está pensando? – Megan perguntou carinhosa, chamando a atenção de Caitlin.
– Nada, não estou pensando em nada. – Ela respondeu simples, abraçando as amigas e deixando algumas lágrimas escorrerem pelo rosto.
– Parece que alguém aqui está precisando dos docinhos da festa pra acalmar uma TPM... – Cait brincou arrancando risos.
– Eu também estou, vamos lá assaltar a mesa. – Megan disse puxando as amigas para o outro lado do salão.

Enquanto isso no aeroporto de Chicago, desembarcava ao lado de seus pais sentindo uma onda nostálgica tomar conta de si. Havia muito tempo desde que tinha pisado ali pela última vez.

– Está tudo bem filho? – Sua mãe perguntou apoiando sua mão em seu ombro.
– Sim mãe, só muitas lembranças. – Ele disse sorrindo fraco.
– Vai ficar tudo bem. – Seu pai disse afagando o ombro oposto ao da mãe e ele assentiu.

Caminharam para buscar suas bagagens e logo pegaram um táxi que os levaria até sua antiga residência, fazendo cada quilômetro percorrido parecer uma tortuosa caminhada para a morte certeira.
Assim que chegou em casa, sacou seu celular para ligar para Ray, esperando pacientemente o amigo atender o celular.

– Fala , já chegou? – Ray perguntou se afastando do barulho.
– Já Ray, mas não vou pode ir pra festa, essa viagem acabou comigo. – disse e Ray riu fraco.
– Tudo bem cara, se cuida. A gente se vê amanhã, pode ser?
– Claro, avisa pra Eva que eu quero a minha torta prometida. – Ele avisou fazendo o amigo bufar.
– Você acha mesmo que eu vou deixar a Eva cozinhar pra outro homem que não seja eu? – Ray brincou arrancando uma risada de .
– Se ela te pega falando assim é capaz de abrir uma confeitaria só pra te contrariar. – Ele respondeu e o outro concordou.
– Você tá bem? – Ryan perguntou cauteloso.
– Em qual sentido?
– Em todos eles.
– Vou ficar... Você falou com ela sobre a sua surpresa?
– Ainda não.
– O que? Como as...
– Olha vou ter que desligar, até amanhã . – Ray desligou rápido sem dar chances ao amigo de responder. bufou alto e sentou no sofá de casa ao lado de sua mãe, encostando- se em seu ombro e recebendo um carinho gostoso nos cabelos.


* Eva chegou calmamente perto de Ray, após o namorado desligar o celular.
– Tá tudo bem? Era o ? – Ela perguntou circundando o pescoço de Ray com os braços.
– Era, tá tudo bem. A pior parte ainda está por vir. – Ray falou olhando nos olhos de Eva.
– Vai dar tudo certo. – Ela disse dando um selinho nele.
– Eu sei que vai, eles são nossos melhores amigos. Precisam estar juntos no nosso casamento.
– E vão, confia em mim. – Ela disse segurando o rosto dele com carinho.
– Eu confio. – Ele sorriu, fazendo com que ela sorrisse também, o beijando com carinho.
– Ei, ei. Esperem chegar até chegarem em casa pombinhos! – gritou ao longe com Megan e Caitlin rindo ao seu lado, todas recebendo os dedos do meio do casal.
Ambos olharam longamente para a amiga que parecia estar mais feliz do que nunca, não queriam acabar com aquilo de forma alguma, afinal nenhum deles queria vê- la sofrer de novo.
– Você acha que vai ser a melhor ideia, contar agora? – Ray perguntou fazendo carinho na cintura de Eva.
– Não, vamos deixar isso para amanhã. – Eva disse sorrindo para as meninas.
– Então vamos curtir nosso noivado. – Ele disse puxando ela para o meio da pista de dança.



No dia seguinte à festa de noivado de Eva e Ray, eu acordei sozinha no meu quarto, sentindo a falta de Megan e Caitlin que estavam ao meu lado quando eu dormi.
– Meg? Cait? – Perguntei alto saindo do meu quarto.
– Bom dia flor da madrugada! – Caitlin saiu da cozinha com um pano de prato no ombro esquerdo.
– Que horas são? Cadê a Meg? – Perguntei seguindo ela até a cozinha.
– Meio dia, Meg saiu com Garret pra tirar umas fotos. – Cait respondeu terminando de mexer algo cheiroso na panela.
– Com o Garret hein... – Disse em tom malicioso e rimos. – E o que você está fazendo aí? Não era eu a chef da casa? – Ela me olhou irônica.
– Eu não posso depender da nossa chef quando ela dorme até meio dia, não é mesmo?
– Aham, e que horas você acordou? – Perguntei arqueando uma sobrancelha
– Isso não vem ao caso... – Deu de ombros e eu ri alto.
Enquanto eu a ajudava com os últimos preparativos do nosso almoço- meio- café íamos conversando sobre a festa de ontem até que meu celular tocou na sala e eu corri pra atender.
– Bom dia flor da selva! – Eva bradou no telefone com uma animação anormal.
– Bom... Dia? – Meu tom tremulava entre dúvida e certeza de que algo não estava certo.
– Tudo bem com você, dormiu bem? – Ela perguntou e meus olhos se estreitaram
– Sim, mas que bicho te picou pra você acordar a essa hora num pós- sexo com o Ray, pós- pedido de casamento? – Eu perguntei e ela riu.
– Já vai dar uma hora da tarde . – Ela disse e dessa vez eu ri.
– Mas você só acorda as duas no pós- sexo, o que aconteceu? – Perguntei e ela bufou.
– Não aconteceu nada oras, eu por algum acaso não posso acordar mais cedo e ligar pra fazer um convite especial para a minha amiga do peito? – Ela disse com um tom falso de indignação.
– Ah sim, claro, horas depois de uma foda incrível com o senhor Carter? Isso significa que não foi bom dessa vez? – Eu perguntei franzindo o cenho e a essa altura Cait estava praticamente roxa de tanto rir.
– Quer calar essa boca? Como é possível uma pessoa falar tanta bosta em menos de 5 minutos? – Eva perguntou dessa vez realmente indignada.
– Tá, tá. Eu tô com fome, pode dizer logo o que você quer?
– Quero você aqui em casa, hoje, as 19:00 horas em ponto. Ok?
– Ah, tá. Pra que exatamente?
– Surpresa. – Dito isso ela desligou sem mais, nem menos na minha cara.
– O que ela queria? – Cait perguntou já se servindo.
– Me intimou a ir a casa dela hoje a noite. – Disse me servindo também.
– Ah sim, e como vão as coisas com a compra do nosso futuro restaurante? – Ela perguntou aleatoriamente.
– Nosso? Do meu futuro restaurante. – Eu disse e ela arqueou a sobrancelha.
– Egoísta. – Ela reclamou de boca cheia e nós rimos.
Passamos o almoço conversando e depois eu resolvi aproveitar à tarde de domingo dormindo mais um pouco sem esperar o pesadelo que viria a seguir.


Capítulo 2



8 ANOS ANTES
Assim que bateu a porta da pousada, viu seu pai enfurecido de uma forma que nunca tinha visto antes, e sua mãe tentando acalma- lo.
– Rick, querido. Ela ligou para nós, se arrependeu. Não precisa fazer mais nada. – Sua esposa, Sarah disse quando viu o homem agarrar o braço da filha que não fazia esforço algum para se soltar, e joga- la com força dentro do carro.
– Quando chegarmos em casa ela vai aprender a nunca mais fazer nada do tipo. – Ele disse em um tom alto entrando no carro.
Logo que deram partida um silêncio tomou conta do carro até chegarem em casa. Sarah estava compadecida da filha, que estava mortificada no banco de trás, deixando apenas suas lágrimas rolarem pelo rosto.
Quando chegaram, no entanto, não teve como poupar a voz enquanto seu pai desferia golpes fortes por todo seu corpo. até havia tentado proteger o pequeno feto que se formava em seu ventre durante a surra e depois que a tortura acabou ela se sentiu feliz por sentir não tê- lo perdido.
Apesar de não ter tido a mesma sorte no dia seguinte durante a pior discussão que tivera com o pai, sendo levada ao hospital as pressas quando seu sangue começou a escorrer pelas pernas.
havia ficado ainda mais destruída, mal comia ou tomava água, só falava com seus melhores amigos, Eva e Ray, e passava seus dias dentro de seu quarto. E assim foram os próximos seis meses de sua vida daquele ano, até Eva e sua mãe “forçá- la” a fazer um tratamento psicológico e as duas melhores amigas irem morar juntas em um pequeno apartamento.”




! – Acordei com o coração disparado pelo susto.
– O que aconteceu? – Perguntei assustada. – Tá tudo bem?
– É melhor você se arrumar, já vai dar seis horas. – Ela disse e eu assenti novamente, respirando fundo.
Não demorei muito para tomar um banho, lavar o cabelo e me vestir. As 7 eu já estava devidamente pronta e saindo para o apartamento dos noivos.



Eu certamente não poderia dizer por qual motivo eu estava mais nervoso:
a) Depois de 8 anos eu a veria novamente. Não que eu não a visse por fotos antes, mas agora seria cara a cara depois de um término, digamos que conturbado.
b) Eu não sabia qual exatamente seria a reação dela.
c) E eu não fazia ideia de como seria a minha.
Eva e Ray estavam muito animados quando eu cheguei, no entanto, eu mais parecia um figurante de The Walking Dead do que um amigo morto de saudades ao chegar ao apartamento deles.
– Ai meu Deus , você tá um gato! – Eva disse, praticamente pulando em cima de mim assim que atravessei a porta.
– Com certeza, um ator de Hollywood... – Ironizei recebendo um tapa fraco em troca.
– Você está ótimo, parece até melhor do que pelo Skype. – Ela disse enquanto caminhávamos pela casa.
– Eu nem sei como você conseguiu ficar arrumadinho assim depois de tantos anos, eu jurava que com 25 você estaria mais feio e careca. – Ray disse ao meu lado fazendo uma cara de pensativo.
– E nem eu sei como a Eva conseguiu ficar com um cara que nem você, muito menos como vocês vão casar. – Eu disse e Eva gargalhou alto.
– Há há, muito engraçado , até hoje eu não sei como você não é mais virgem e nem por isso fico falando pra você. – Ray disse atrás de nós.
– Eu soube que alguém aqui está com muitas saudades da minha torta maravilhosa. – Eva insinuou me puxando pela mão até a cozinha, cortando minha troca de farpas com Ray.
– E esse alguém está muito empolgado para pular o almoço e ir direto para a sobremesa. – Eu insinuei também quando vi a mesa da cozinha posta e cheia de coisas que pareciam estar maravilhosas.
– Então é bom parar de pensar isso, porque esse almoço foi feito especialmente pra você, já que não foi ao nosso jantar de noivado. – Ela disse me empurrando para a cadeira. Eva tinha o péssimo hábito de induzir manualmente as pessoas fazerem as coisas que ela deseja.
– Se eu fosse você, aproveitava meu caro, não é todo dia que se pode comer a comida de uma deusa. – Ray disse roubando um selinho de Eva, que riu e deu- lhe um tapa no ombro.
– Se você não se importa, eu tenho que fazer uma ligação, rapidinho. – Ela disse e eu assenti, vendo- a sair rápido da cozinha.
– E o que vocês têm de novidade para esse amigo? – Eu perguntei a Ray que colocava alguns talheres nas panelas.
– Além de nos casar? Eva e vão abrir um restaurante, eu agora sou um ótimo advogado de verdade, e é isso. O que você tem de novo para nós?
– Depois que eu fui pro Texas, eu virei fotógrafo e compositor e é isso. – Eu disse dando de ombros.
– Arranjou alguém? – Eu podia sentir a ansiedade de Ray pela resposta.
– Não.
– Nenhuma namorada depois da ? – Ele perguntou surpreso.
– Digamos que os dois anos seguintes foram muito conturbados para eu pensar em arranjar alguém, depois que as coisas melhoraram, eu até tentei com algumas garotas, mas nada foi muito pra frente.
Logo Eva voltou vermelha como um pimentão, mas não perguntamos nada, almoçamos conversando sobre algumas coisas dos anos em que não estivemos muito próximos e foi basicamente como se o tempo não tivesse passado, durante toda à tarde.
, você sabe que logo terá que lidar com a , você acha que tá pronto pra isso? – Eva perguntou de repente depois de um momento em silêncio.
– Eu realmente não sei Eva. – Fui sincero e ela assentiu. – Eu acho que estou preparado pra qualquer reação dela, mas não sei quais serão as minhas.
– Você pode ir se quiser, se achar que é melhor falarmos com ela primeiro. – Ray disse e eu assenti pensando nisso por um momento.
– Talvez seja melhor você encontrar com ela outro dia . – Eva disse carinhosa e eu concordei.
– É melhor mesmo, eu já vou, vai ser melhor pra ela digerir toda essa situação. – Eu disse me levantando. – Foi muito bom rever vocês, de verdade. – Eu disse abraçando os dois.
– Também foi muito bom te ver , você não sabe quanta falta fez pra todos nós todos esses anos. – Ray disse desfazendo nosso abraço grupal e me olhando nos olhos.
– Eu tenho que ir. – Disse e eles me acompanharam até a porta.
– É pra voltar sempre, ok? – Eva me segurou pelos ombros com uma expressão séria.
– Sim senhora. – Disse batendo continência para ela.
– E pode mandar a sua mãe e o seu pai virem nos ver antes do casamento, se não eu vou ficar chateado. – Ray disse e eu ri.
– Fica bem . – Ela me deu um beijo na bochecha assim que abriu a porta nós demos de cara com .



Depois de acordar um sentimento ruim ficou no meu peito me inconscientemente me preparando para o que eu não esperava encontrar ao chegar à casa de Ray e encontra- lo com Eva e se despedindo na porta.
! – Ray disse surpreso assim que me viu na porta, chamando a atenção de Eva e do outro acompanhante.
, oi! – Eva soltou e veio me abraçar, instintivamente dando apoio para as minhas pernas que pareciam feitas de amoeba, enquanto e eu nos encarávamos fixamente.
– Vamos entrar. – Ela disse quando percebeu que eu estava em choque, me guiando para dentro do apartamento.
– O que tá acontecendo aqui? – Eu perguntei baixo, ainda sem acreditar na pessoa que estava a minha frente. – Quando vocês iriam me contar que ele está aqui? Vocês iam me esconder isso até o dia do casamento? – Eu perguntei sentindo como se meu cérebro pudesse explodir a qualquer momento.
– Hoje , na verdade estamos prolongando isso há dias, perdão, mas não sabíamos como falar isso pra você. – Ray disse segurando minha mão com mais força.
– E não teríamos como esconder isso de você por muito tempo, vocês são nossos padrinhos de casamento. – Eva disse voltando da cozinha com um copo de água.
– Nós vamos? Como assim? Vocês tinham que ter falado comigo antes! – Eu disse começando a deixar o nervosismo tomar conta de mim.
– Eles falaram , e foi essa a promessa que nós fizemos há 8 anos lembra? – Essa foi a primeira vez que se pronunciou e eu não consegui controlar o salto que meu coração deu dentro do peito por um motivo desconhecido.
– Por favor, , isso é muito importante pra nós dois. – Eva pediu se abaixando ao meu lado e pegando a minha outra mão.
– Vocês não pensam em mim? Nele? Como podem fazer isso com a gente? – Eu perguntei com a voz falha.
– Já se passaram oito anos, está na hora de vocês superarem essa parte da vida de vocês. – Ray disse olhando de mim para .
– Desculpa gente, desculpa mesmo, mas eu não posso. – Eu pedi soltando as mãos deles.
O olhar que ambos lançaram pra mim foi um dos piores que eu recebi em toda a minha vida. Misturavam chateação, decepção, compreensão, tristeza e um emaranhado de outras coisas que eu não pude distinguir.
– Eu posso falar com ela, a sós, por um minuto? – pediu tendo a atenção de todos para ele.
– Claro. – Eva disse se levantando, secando timidamente o canto dos olhos.
– Nós estamos no quarto, qualquer coisa. – Ray disse pegando na mão da noiva.
esperou alguns segundos para abrir a boca e fechá- la algumas vezes, enquanto eu ainda não conseguia mais olhar para ele.
– Sabe ... Quando Eva e Ray me ligaram pedindo para eu ser o padrinho de casamento deles, a minha primeira reação foi negar veementemente o pedido. Eu achava que não estava pronto para te reencontrar de novo, não estava pronto pra acertar as coisas, mas sabe, eu estou feliz por eles e estou feliz por ver que vocês todos estão bem, estou feliz por eu estar bem aqui entre a nossa família. Eu só quero te pedir, pela felicidade dos nossos melhores amigos para aceitar ser a madrinha deles também, se não for por nossa causa, do nosso passado, faça apenas pela felicidade deles, como eu. – disse tudo olhando diretamente para mim e eu neguei com a cabeça.
– Eu preciso pensar , desculpa. – Eu disse e me levantei pronta para ir embora e assim como eu havia feito há anos atrás eu dei- lhe as costas e saí do apartamento rumando com pressa para o conforto e a segurança da minha casa.




O fôlego me faltou quando ela me deu as costas e bateu a porta, me transportando momentaneamente para o hotel em que estávamos há oito anos, porém Ray me despertou com tapinhas leves nas costas antes que eu me afogasse naquelas memórias.
– Obrigado cara, foi muito importante o que você falou, tanto para ela, quanto para nós. – Ele disse abraçado com Eva.
– Não se preocupe, ela vai voltar atrás na decisão. Ela não é louca de fazer isso comigo. – Eva disse, apesar de parecer um mantra para ela e não um conforto para mim.
– Agora eu já vou mesmo. Obrigado pelo dia. – Eu disse me despedindo deles e seguindo o mesmo rumo que há minutos atrás.
Sinceramente eu estava me sentindo mal pelo que eu havia dito para , porque eu sabia que talvez somente 50% de tudo o que eu falei era verdade. Eu realmente queria a felicidade dos meus amigos e se a minha presença podia dar isso a eles eu certamente não me negaria a comparecer ao dia mais importante de suas vidas, e até me sinto um pouco culpado por ter negado o pedido de primeira. Mas eu realmente ainda achava que não estava preparado para ter tanta proximidade com ela, até porque, por mais que eu ainda a amasse, eu ainda tentava achar uma explicação plausível para todo o ocorrido daquele dia fatídico. Durante todos esses anos longe eu sempre quis me informar sobre ela, mas sempre me privei de qualquer informação que eu pudesse obter dos nossos amigos, principalmente nos dois primeiros anos em que eu me afastei completamente de todos eles, excluindo redes sociais, trocando de número e tudo o mais que eu pudesse fazer para me manter longe e privar todos eles de qualquer contato comigo, o que realmente não me ajudou muito, pois durante esses dois anos eu senti uma falta imensurável de todos eles, para conversar, rir, me apoiar nos momentos difíceis como eles tentaram fazer nos primeiros dias. Ray era meu melhor amigo desde o berço, e não posso nem contar quantas desculpas eu pedi quando fui atrás dele há alguns anos atrás, ele me ouviu, me compreendeu me apoiou e fez de tudo para que Eva ficasse de bem comigo novamente, sempre foi praticamente meu irmão.
Cheguei em casa dando de cara com meu pai e minha mãe saindo aos risos.
– Oi filho! – Ela saudou me dando um abraço.
– Oi, aonde vocês vão? – Perguntei vendo a produção dos dois.
– Nenhum lugar especial, apenas jantar. Você quer vir com a gente? – Meu pai perguntou e eu neguei com um sorriso, meus pais mereciam um momento só para eles depois de tanto tempo apenas focados em mim.
– Não pai, obrigado, vou resolver algumas coisas sobre o meu novo emprego ainda... – Eu disse e ele me deu um abraço rápido.
– Não demoramos. – Ele disse e os dois seguiram até o carro deles, ainda sorrindo, fiquei olhando- os até o carro sumir ao virar na rua seguinte.
Sempre fora meu sonho ter uma vida como a deles, uma casa, uma família, eu tinha planejado tudo isso em Asheville, mesmo tendo apenas 17 anos.
Suspirei ao entrar em casa com essas lembranças e fui direto para o meu quarto, tomei um banho e chequei meus e- mails, a procura de algum que fosse sobre a galeria para qual eu iria trabalhar, e logo decidir tomar um banho e fazer alguma coisa para jantar. Nada me cairia melhor naquele final de domingo do que uma boa noite de sono.



A primeira coisa que eu fiz assim que cheguei em casa foi dar graças a deus por não ter ninguém, para assim não teria que explicar o porquê das lagrimas e dos olhos vermelhos, eu estava muito cansada mental e emocionalmente para explicar para elas o que aconteceu na última hora.
A pior parte para mim era ter que aceitar que talvez eu não fosse forte o suficiente para me sacrificar pela felicidade dos meus amigos por conta dos meus problemas pessoais com . Quebrar aquela promessa me quebrava de incontáveis formas diferentes.
Cheguei ao meu quarto sem me dar ao trabalho nem de tirar os sapatos antes de me jogar na cama e chorar até dormir.
No dia seguinte, no entanto eu não pude deixar de me sentir ainda pior quando acordei com uma dor de cabeça insuportável, e a voz de Eva me chamando do lado de fora do quarto.
– Pode falar. – Eu disse abrindo a porta que eu nem me lembrava de ter fechado.
– Precisamos conversar sério. – Ela disse ao lado de Meg e Cait.
– Eu posso só tomar um remédio pra dor de cabeça antes? – Perguntei indo para o meu banheiro atrás da caixa de remédios, e todas elas me esperaram pacientemente ir à cozinha e voltar com um copo d’água.
– Você não vai deixar de ser minha madrinha por causa do . – Eva disse assim que eu me sentei na cama e começou um discurso que parecia infindável argumentando os motivos pelos quais eu não poderia deixar de ser sua madrinha. Me dei por vencida quando ela começou a usar chantagem emocional sobre como ela nunca poderia me perdoar caso eu faltasse com a minha palavra.
– Eu tenho quanto tempo para pensar nisso ainda? – Perguntei revirando os olhos.
– Até sexta, que será quando nós– Eva apontou para nós quatro. – Vamos começar a organizar os preparativos básicos do meu casamento.
– Você sabe que mesmo eu não sendo madrinha, vou estar lá pra aplaudir vocês e fazer o bolo né? – Perguntei e ela assentiu com o sorriso morrendo no rosto.
Eu a abracei forte e logo nós fizemos um montinho na noiva que riu escandalosamente clamando por ar. Não demorou muito para que cada uma fosse cuidar de seus afazeres do dia. Ainda havia muita coisa para fazer naquele dia.
Eva foi conferir os últimos detalhes do nosso acordo de compra do nosso restaurante. Meg foi cuidar do seu estúdio de fotografia. Cait foi para clinica veterinária onde trabalhava e eu decidi que iria visitar minha família.
Arrumei uma pequena bolsa com roupas necessárias para passar uma noite com minha mãe e parti para o carro, indo para o outro lado da cidade. A viagem em si não demorava muito, mas com as paradas para abastecer a viagem durou um pouco mais que uma hora.
Minha mãe saiu pela porta de casa no momento em que eu desliguei o carro e abri a porta, vindo rapidamente me abraçar.
– Quanto tempo! – Ela disse segurando meu rosto entre as mãos.
– Oi mãe. – Eu disse sorrindo.
– Tudo bem? O que aconteceu? – Ela perguntou me guiando para dentro de casa.
– Vamos falar sobre isso mais tarde, onde está o meu pai?
– No quarto, como sempre. – Ela disse com pesar e eu afaguei seu braço.
– Nenhum avanço? – Perguntei parando em frente à porta do quarto dele, meus pais não dormiam mais juntos.
– Alguns, mas ele ainda se nega a fazer muitas coisas, por conta da dor. – Minha mãe explicou e eu assenti, abrindo a porta devagar.
A cena era um pouco deprimente, já que meu pai sempre fora um homem muito ativo. Não gostava de ficar parado nem para assistir TV, e agora estava ali olhando para um livro, estava apático e parecia bastante infeliz. Há quase dois anos ele havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral, que na época paralisou 65% de seu corpo, mas ao longo dos anos com os exercícios e cuidados médicos, apenas uma pequena porcentagem de seu corpo estava paralisada.
– Minha filha! – Ele disse com a voz fraca, assim como o sorriso que surgiu em seu rosto.
– Oi pai. – Eu lhe respondi dando um beijo em seu rosto.
– Como vai? Você está tão bonita. – Ele disse pegando minha mão.
– Eu vou bem, você está melhor? – Perguntei me sentando ao seu lado.
E assim conversamos durante uns bons minutos, até minha mãe vir nos chamar para o almoço. Durante a tarde nós três conversamos até dar a hora de meu pai ir tomar seu remédio e ir descansar. Minha mãe e eu conversamos mais um pouco, comendo a torta de maçã que ela havia feito.
– E aí, o que você tem para me contar? – Ela perguntou em um momento em que o silêncio predominou entre nós duas.
– Eva e Ray vão casar. – Eu disse ajeitando minha cabeça no colo dela, para olhar para cima.
– Eu soube, isso é ótimo! – Disse animada, mas logo seu sorriso diminuiu ao olhar para mim. – O que há de errado meu anjo?
– Eles querem que eu seja madrinha. – Respirei fundo para conter o choro, já que eu estava muito chorona nos últimos dias.
– E isso não é bom? – Perguntou brincando com os meus cabelos.
– É ótimo, mas está de volta, e no caso ele vai ser padrinho de Ray junto comigo.
– Ah querida. – Minha mãe me sorriu carinhosa. – Isso não é ruim...
– Não? – A interrompi com uma pergunta retórica. – Mãe isso é horrível!
– Claro que não . Vai ver essa é a hora que todos estavam esperando, pra vocês se acertarem de vez.
– Mãe, isso não vai dar certo. O que eu fiz foi horrível, eu não consigo nem olhar para ele direito. – Eu disse me levantando.
– Eu sei meu bem, eu sei que foi horrível e doloroso, mas já se passaram anos, as coisas mudaram você tem a chance de se desculpar por aquele erro que nem foi seu.
– Não foi meu? Mãe, fui eu quem desistiu de nós dois, fui eu quem foi embora e ele nunca soube do...
– Eu sei minha filha, mas você teve seus motivos e o maior deles foi a ameaça do seu pai. Hoje vocês já são adultos e independentes, nada pode impedir vocês.
– Mãe, isso não vai acontecer, ele disse com todas as palavras que só aceitou por conta da promessa que fizemos à Eva e Ray há anos atrás. – Eu disse e ela riu.
– Ah minha querida, se você quiser acreditar nele, tudo bem, mas você sente que isso é verdade mesmo?
– Claro que é mãe!
– Tudo bem, mas aproveite essa chance meu bem, um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, e acho que vocês dois merecem essa chance de se acertarem. Eu mesma se pudesse mudaria aquele dia completamente, e todos os outros em que ajudei seu pai a separar vocês, o sofrimento que aquilo te causou minha filha, eu não quero te ver daquela forma nunca mais, por motivo nenhum. – Ela disse e eu pude sentir o peso da culpa em suas palavras, abraçando- a em seguida.
– Eu não sei se consigo mãe, eu tenho medo do dia em que a gente vai ter que sentar pra conversar e eu vou ter que falar tudo.
– Isso vai acontecer, uma hora ou outra, mas eu sei que vocês estão preparados. E de qualquer forma, você não pode deixar o passado interferir no seu presente e muito menos no futuro, se ele tiver vindo para ficar, você não vai poder se esconder pra sempre, principalmente porque isso vai te afastar dos seus melhores amigos. – Ela disse e eu concordei suspirando.






Continua...



Nota da autora: Oi galera, espero que vocês tenham gostado da história, a continuação está na 09. Edge Of Desire, se puderem e quiserem deixem suas opiniões nos comentários. Obrigada <3

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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