Finalizada em: 07/12/2019

Capítulo Único

Era a minha última apresentação no Sarau, antes de finalmente poder correr atrás do meu sonho. Meu caderno e violão estavam aqui, meus eternos companheiros assim como o medo e nervosismo de subir no palco que me acolheu, pela última vez, como um artista sem contrato. As pessoas me conheciam. Eu fiz que conhecessem. Eu primeiramente fui o menino do café, depois o menino do caderninho com café, posteriormente era o menino do caderninho e violão e por fim... Ah, por fim, eu era o . Com o caderno e o violão, de sempre.
A voz de anunciando mais uma atração fez meu coração palpitar e se aquecer ao mesmo tempo, com certeza tinha um sorriso idiota na minha cara que eu me forçava a esconder desde o dia que bati os olhos nela. era a mente brilhante, escondida atrás dos óculos e algumas tatuagens, ela estava sempre sorrindo e mesmo quando não, seus olhos sorriam, a energia dela era incrível como o mar, e ela vivia por lá. E toda maldita vez que parava para pensar sobre ela, me perguntava o porquê de me envolver sabendo da minha falta de tempo e dedicação para ela no futuro próximo. A música lá fora havia começado fazendo com que automaticamente minhas mãos fizessem um batuque ritmado nas pernas que logo foi parado com as mãos de sobre a minha.
— Hey, você é próximo! — A alegria na voz era nítida, ela estava feliz por mim de uma maneira que ninguém conseguia entender. — Você parece nervoso! — Afirmou fazendo um leve carinho em minhas mãos. Antes de respondê-la, precisei responder a minha mesmo de onde vinha meu nervosismo e definitivamente não era nervoso de subir no palco.
— Você vai ficar até mais tarde? — Perguntei e ela sabia o significado dessa pergunta e hesitou em responder.
— A despedida?
E no meu olhar ela sabia a resposta.

Ficar um mês rodando toda a cidade e não me fazer parar em casa era magnífico, mesmo que cansativo, o meu sonho estava ali. As pessoas cantando a minha música, chamando o meu nome, demostrando carinho e incentivo, era lindo de se ver e viver. Sempre ficava feliz em ver as pessoas crescendo, sendo faladas por todos os lados, apoiadas por amigos e por pessoas que nem sequer sabia o nome e estava acontecendo comigo, ao vivo e hoje na minha primeira volta para casa, eu iria poder compartilhar essa experiência com todos que me apoiaram.
, olha bem a bagunça que você vai fazer nessa casa! — Dona Gláucia, minha mãe, era a única que não mudou em nada durante esse último mês, me ligava todos os dias para saber se comi e se havia dormido pelo menos por seis horas, menti todas elas para evitar sua preocupação. Quando cheguei em casa minha mãe nem sequer perguntou nada, só saiu dando uma lista de ordens. Era o jeitão dela. Depois ela iria sentar, pentear meu cabelo e pedir para contar todos os detalhes, era sempre assim, um momento só nosso. Responder com "Tá bom, mãe", a faria cancelar o churrasco que planejei para me reencontrar com o pessoal, então eu apenas a pedi para ficar, afinal era sua casa. — Porque a senhora não fica com a gente?
— Vocês jovens têm um pique que não é para mim, eu prefiro ir para o bingo com meu velho. — Apenas ri e assenti, respeitando a vontade dela. A hora voou e já era noite, e quase todos os meus amigos próximos haviam chego. Mas a mensagem de perguntando se podia trazer alguém fez meu estômago virar e meu coração ficar fraco, eu estava enjoado com a hipótese que criei na minha cabeça e não conseguia nem conversar.
— Em que mundo você tá, cara? — Flávio, meu amigo desde a infância, deu um peteleco na minha cabeça para chamar minha atenção e conseguiu, mas minha língua atrapalhou meu raciocínio. — A disse com quem iria vir?
— Você tá aéreo assim por causa da ? — Flávio e Ruan indagaram com um leve sorriso no rosto e completaram. — Você diz que não quer magoar a mina, mas não larga dela. — Disse Flávio.
— E não quero, apenas sei que não tenho maturidade para sustentar esse início de carreira com um relacionamento, ela merece mais e... — E eu finalizei a fala quando a vi atravessando a porta e vindo correndo em minha direção com seu sorriso enorme no rosto. — Eu estava morrendo de saudades! — Declarei assim que ela se jogou no meu colo e me deu o abraço mais confortável do mundo. — Eu quero que você me conte tudo, mas por ora — se mexeu e levantou a bolsa que estava em suas mãos — Vamos comemorar com propriedade, meu bem.
Ó, meu pai!
Essa mulher e a tequila!
O papo fluiu, a galera se divertiu, conheci a mais nova amiga da que se chama Eva e é desenhista, ainda tinha churrasco, bebida e muita música. E uma provocativa e alcoolizada dançando funk poucos metros a minha frente e eu conhecia aquele olhar, era um perigo.
— Não me faça acabar com a festa. — Me obriguei a levantar e sussurrei em seu ouvido, lhe roubando um beijo em seguida.
E foi a combustão!
Depois de um mês sem beijá-la parecia diferente, a sensação era ainda melhor e eu não sabia como parar. Era saudade. E no momento, eu queria expulsar todos para matar saudades dela e transpareceu, porque subitamente em menos de uma hora as pessoas começaram a dispersar, sobrando apenas Flávio, Eva, e eu.
— Bom, eu vou indo e espero que você cuide bem da minha bebê. — Eva estreitou o olhar para mim e por um momento tive receio de que fosse me decapitar. — Levanta esse rabo, Flávio, é você quem vai me levar.
E foi em uma implicância que eu conhecia bem que ambos saíram da minha casa. Nat estava entre apagar e viver o nosso momento, qualquer um que fosse, eu estava bem apenas por tê-la comigo.
— Você precisa me contar sobre tudo — Ela levantou rapidamente e seguiu o caminho do meu quarto se jogando na cama — Estou pronta para ouvir.
Ela estava deitada com as duas mãos embaixo do queixo, e eu pude reparar melhor o seu novo visual. Ela havia aderido uma franjinha e ficava soprando a cada 15 segundos sem pretensão alguma de parar. — Você está ainda mais linda com essa franja, uma pena que deitou na minha cama sem antes me dar um beijo. — Eu brinquei me agachado próximo a cama e lhe dei um beijo que queria ter dado desde que a vi cruzando a porta. me puxou para junto dela na cama, o beijo estava com mais ferocidade do que o planejado, e ali eu sabia que ela estava me levando.

Mina, leva, leva tudo, só não leva o meu coração.

estava com aquele olhar de satisfeita e o meu não deveria está diferente, ela já havia tomado posse da minha camiseta e meu travesseiro, e mesmo que seus olhos parecessem fechados insistiu para que eu contasse com detalhes sobre o último mês. Comecei a lhe contar sobre tudo e uma vez ou outra ela fazia algumas perguntas, lhe contei sobre os shows, sobre a minha rotina corrida e como seria os próximos dois meses, mas ela dormiu em algumas dessas paradas e eu me perdi por minutos talvez horas, a vendo dormir e escrevendo frases soltas sobre ela.

Eu despertei às 6h da manhã.
E ela não estava mais ao meu lado na cama.
E em nenhum canto do meu quarto.

Mina, cê me deixa
Gosto quando cê vem em casa e vaza antes do Sol nascer

Comecei a contar os dias na estrada um a um, e parecia uma eternidade até chegar o dia de ir para casa outra vez. Estava em outro Estado e sem conhecer nada e ninguém, sentado em um bar qualquer e com as minhas únicas companhias da noite, a famigerada cerveja e o meu caderninho. Eu havia três eps lançados e estava caminhando para o próximo, por mais que tentasse negar, minha nova música era para a . Das frases soltas que escrevi em meu quarto no dia que a observei dormir e de todos outros momentos que martelavam em minha memória. Vez ou outra conversei com o garçom, ele havia me reconhecido e fez algumas perguntas sobre como eu estava lidando com esse começo de carreira, assim como duas meninas que também me reconheceram, tiramos algumas fotos juntos e sinceramente eu adorava esse reconhecimento e essa abordagem sem muito alarde. Postei uma sequência de fotos no stories do Instagram, informando em um deles que era hora de voltar para casa também.
A mensagem de respondendo meu stories no Instagram me fez sentir ainda mais saudades dela.

Meu menino famoso! Ansiosa pra te ver amanhã 💛

Na última semana mal tive tempo de fazer chamada de vídeo com ela, a gente sempre marcava por fazer quando ela acordava para faculdade e eu estava chegando de algum show e algumas vezes, muitas vezes eu pegava no sono e não conseguia dar a atenção que sabia que a queria e precisava. Ela não queria só prazer, ela queria um romance, idêntico ou melhor do que os filmes que ela via e me obrigou a ver um par de vezes, queria flores e eu não podia lhe prometer um jardim de girassóis, queria dormir à noite toda agarradinha até o amanhecer e eu só podia lhe conceder o tempo mínimo de 3h às 6h que não era nada, em resumo de todas vezes que passamos dias juntos.

Terça-feira e o trânsito de São Paulo não estava tão caótico, o mínimo de engarrafamento que peguei me serviu para tirar um cochilo e talvez por este motivo achei a viagem do aeroporto para casa bem rápida. Não tinha ninguém, nenhum vestígio de minha mãe e nem do meu padrasto, ambos estavam trabalhando e mesmo que precisasse dormir, casa vazia não era muito meu forte. Mandei uma mensagem para o meu amigo Flávio comunicando que já estava em casa e que era para ele arrastar e Eva para cá junto com qualquer coisa que fosse servir de almoço para nós, demoraria umas duas horas até que eles chegassem e eu não hesitei em dormir nesse meio tempo de espera.

O carinho em meus cabelos e os leves beijos em meu rosto me fizeram despertar um pouco desorientado, mas a voz que veio junto com meu despertar acalmou tudo dentro de mim. — Venha comer e depois volte a dormir. — sussurrou e se eu não tivesse sentindo seu calor e carinho poderia jurar que estava sonhando.
— E por favor, coloque uma roupa. — Ela me conhecia tão bem e sabia perfeitamente que embaixo daquele cobertor não havia nada além da minha nudez.
— Seria melhor se você tirasse a sua. — Sugeri sem nem mesmo abrir os olhos e conferir sua reação, mas conhecendo bem ela pensou em quanto tempo nossos amigos nos esperariam para almoçar e antes de escutar sua fala sobre isso, cortei todo seu raciocínio, a deitando na cama e prendendo seu corpo embaixo do meu.
— Eles não vão esperar por nós, mas eu não aguento mais esperar por você. — abriu um sorriso safado e pôs as mãos em volta do meu rosto.
— Eu também não, meu bem. — E sem a menor pretensão de que tudo acontecesse rápido demais, ela me beijou. Quente, lento e calmo, acendendo aos poucos o fogo que tínhamos juntos e me fazendo matar toda a saudade que estava do gosto de seu beijo. Suas mãos escorregaram pelo meu corpo arranhando levemente minhas costas, arrepiando todo o resto de mim que precisava, para total perda de controle. Pressionei meu corpo contra o seu, tendo certeza que seu gemido cortando nosso beijo veio assim que sentiu minha ereção pressionando-a.
— Xiu, a porta está aberta. — Sussurrei antes de passar a ponta da língua no lóbulo de sua orelha e descer para seu pescoço, explorando com beijos, escutando os suspiros de cada vez mais aflitos. Apoiei-me em meus joelhos apreciando a visão de seu dorso, subindo e descendo, e sem abrir os olhos ela sabia exatamente o que eu estava admirando, levou suas próprias mãos em direção aos seios começando a massageá-los.
— Safada. — Foi tudo o que me permiti falar antes de segurar suas duas mãos atrás da cabeça e puxar sua blusa até que seus seios ficassem descobertos e prontos para ter toda a atenção que merecia. Ela tinha os seios lindos e a tatuagem que ela tinha na lateral, de ambos lados, deixava tudo mais sexy sempre. Levei a boca diretamente para sua tatuagem ao lado de seu dedo esquerdo depositando um beijo molhando ali e trilhando até que chegasse no outro seio, sugando e mordiscando fazendo com que ela gemesse com a boca em meus ombros para abafar o barulho, com sua mão livre a puxei contra seu corpo fazendo sua pélvis roçar contra a minha em movimentos lentos e precisos.
, porra. — me chamou de forma urgente, enquanto tentava inutilmente soltar suas duas mãos do meu aperto, totalmente em vão, suas pernas estavam envoltas de minha cintura facilitando a fricção, e ela já estava a ponto de controlar, segurei sua cintura com força parando-a e buscando desamarrar o laço de seu short, retirando-o de uma vez junto com a calcinha.
Escorreguei pela cama sem tirar meus olhos dela, mordisquei a lateral de sua coxa antes passar a língua levemente por sua vulva, chupei seu clitóris e a movimentação de seu quadril contra minha boca foi inevitável. Passei a língua por toda sua extensão sempre me demorando e prendendo minha atenção em seus clitóris, os gemidos de estavam cada vez mais altos e a essa altura ela não importava mais com quem estava ou não ouvindo, só queria prazer. Suas mãos estavam passeando e apertando seus seios, eu podia ver e isso estava me excitando mais ainda, mantive a língua em seu clitóris a penetrando vagarosamente com um dedo, provocando-a e forçando a inclinar seu quadril em busca de mais contato, coloquei o outro dedo com facilidade aumentando o ritmo e a força, sem tirar minha língua de seu clitóris fazendo-a a rebolar mais ainda contra mim e ela estava quase lá, mas ainda não era o momento, me separei bruscamente dela e seu desespero era visível.
— Calma! — Eu lhe disse com a voz ofegante e sorridente enquanto me estiquei por cima dela propositalmente para pegar a camisinha na gaveta e nada boba se aproveitou da situação passando a mão pelo meu corpo e segurando minha ereção fazendo movimentos de cima para baixo sem pretensão alguma de parar, abri o preservativo e afastei sua mão cobrindo minha ereção com a camisinha. Beijei sua barriga, o vale entre seus seios e por fim parei em direção a sua boca, arrastei minha ereção contra ela ainda sem penetrar, lambeu meu lábio inferior puxando-o para si em seguida.
— Posso? — Eu sempre perguntava antes de fato praticar o ato, para que ela tivesse certeza do que estava fazendo e a sua resposta veio muda, em forma de um beijo faminto e intenso, movi meu quadril para junto dela penetrando-a de uma vez, segurei uma de suas pernas para manter a firmeza e ter certeza que não sairíamos dali, nossos gemidos abafados no meio do beijo preenchiam todo o quarto e talvez até a casa. Estalei um tapa em sua bunda aumentando meus movimentos a vendo se contorcer e tentar inutilmente gemer mais baixo colocando a boca na curva do meu pescoço, suas duas mãos em minhas costas se apertaram e eu sabia que ela iria gozar, e gozou me levando junto com ela. Exaustos e satisfeitos.
— Sem dúvidas, uma das melhores. — comentou ainda de olhos fechados assim que sai de dentro dela. O quarto cheirava a sexo remetendo ao que tínhamos acabado de fazer e implorando para que fizéssemos outra vez, dei a mão para levantá-la da cama e tomarmos um banho, e porra... era linda, sensual e não tinha nenhuma vergonha de estar totalmente exposta e conhecer seu corpo a cada dia tornava o sexo mais gostoso e memorável.

— Achei que vocês iam ficar no quarto para todo o sempre. — Eva debochou e fez a sua melhor cara de nojo vendo que estava com meu moletom — Que melação, meu pai! — Nós rimos de seu exagero e logo fomos comer, e amém pelo bom gosto porque era lasanha, minha comida favorita de toda a vida e ainda tinha uma torta de crocante com doce de leite de sobremesa, eu estava no céu.
— Vocês estão cientes que vou ficar duas semanas seguidas aqui, né? — Comentei por alto como quem não quer nada. — E vou fazer quatro shows bem perto, só quero ver se vocês vão lá gritar que eu sou lindo e maravilhoso colados no palco.
— AAAAAAAA, SAI DAÍ. — Foi tudo que escutei deles enquanto recebia uma enxurrada de almofadadas em mim. A tarde foi tranquila, nós conversamos, comemos mais, combinamos tudo o que poderíamos fazer durante as duas semanas. Minha mãe e meu padrasto já estavam em casa quando Eva e Flávio foram embora e eu tentava fazer com que dormisse aqui, mas ela não cedeu e então eu decidi por darmos uma volta na noite fria de São Paulo.

A belíssima e encantadora Rua Avanhandava!
É um lugar magnífico que particularmente atende todos os gostos e eu nunca havia trago ninguém aqui e por incrível que pareça só tinha visto este lugar por foto, ela estava maravilhada. Apontava para todos estabelecimentos sem saber qual entrar primeiro, estava a metros de mim andando quase saltitando e era o indicativo de felicidade dela, eu conhecia isso muito bem. Vez ou outra ela olhava para trás para confirmar que eu não fosse a perder de vista e não tinha como, essa possibilidade jamais existiria.
— É aqui a primeira parada, uh? — Peguei sua mão e a arrastei para dentro da Calligraphia, uma galeria e loja de arte única, todo um trabalho delicado que deseja qualquer um com vontade morar ali dentro. E todas as vezes que vim até aqui comprava alguma coisa e hoje não iria ser diferente, já havia escolhido o que iria levar, o que iria dar para e pedi que ela escolhesse o que queria, o que foi uma guerra entre não querer aceitar e depois uma guerra consigo mesma por não saber o que escolher. Mas cá estamos nós com uma estátua de gato egípcio em mãos, incenso, um telefone antigo e isqueiro de caveira.
— Amor, vamos ali — Chamei apontando para loja bem na sua frente, mas estava simplesmente parada e me olhando como se tivesse alguém além de mim. — , o que houve? — E ela despertou, balançando a cabeça rápido demais e entrando na loja que indiquei. A Gato Bravo era uma loja vintage e sinceramente nada que você via ali encontrava em outro lugar. De roupas a acessórios era de uma variedade indescritível e a decoração interior da loja te fazia voltar para os anos 70 facilmente, a felicidade em mim estava clara e hoje eu sabia que poderia comprar pelo menos umas três blusas daquele lugar que não iria fazer falta no fim do mês. Eu estava perdido no meio das diversas blusas que me desliguei um pouco de mesmo sabendo que ela estava vidrada na bancada de óculos antigos e não sairia dali tão cedo, mas, de repente, ela não estava mais lá e ela na verdade não estava mais em nenhum lugar da loja a minha vista. Eu respirei depois de ter perdido a respiração um par de vezes enquanto varria meu olho pela loja, ela não estava em canto nenhum ou eu precisava urgentemente de óculos e quando finalmente resolvi me mover para procurá-la, o rosto de saiu do meio das roupas com uma expressão brincalhona.
— Buh!

— Você tinha que ter visto a sua cara! — A essa altura estávamos sentados na pizzaria... E ainda estava rindo sobre o acontecimento da loja e eu queria esmagá-la, mas ela era tão adorável que eu sou me fiz rir junto.
— Eu achei que você tinha ido embora, como na maioria das vezes, você simplesmente some. — A frase que era para sair brincalhona, e saiu um pouco ríspida demais e direcionando para um assunto que não deveria ser conversado hoje. tinha essa péssima mania de simplesmente sumir, ela ia embora das festas, da faculdade, da minha casa, do shopping, bastava ela se sentir minimamente desconfortável com algo e agora, agora eu estava esperando ela sair da mesa e dizer que iria ao banheiro, para não voltar nunca mais.
Ela sempre vazava.
, é apenas o meu jeito de me cuidar e não me machucar, — Ela declarou — Isso que estamos vivendo hoje, é o que eu quero, você sabe e bom, nós dois sabemos que no momento é se autossabotar levando adiante — ela deu de ombros — Então eu sumo, para evitar esse tipo de conversa. — Ela deu de ombros com expressão triste no rosto ainda que tentasse sorrir e antes mesmo que eu tocasse sua mão na mesa, ela recuou pegando os talheres e voltando a comer sua pizza como se nada tivesse acontecido.

O dia seguinte foi uma merda, desde que deixei em sua casa na noite anterior eu não parava de pensar em como estávamos magoando um ao outro. Eu tinha medo de tentar e dar muito errado por saber que não poderia estar com ela sempre e ? Mesmo que não demostrasse abertamente ela estava na sua insegurança, mas jamais conseguiria soltar esse nó de nós. Minha tarde foi lotada de flashbacks, quando eu menos esperava estava pensando nos momentos de nós dois juntos.

A primeira vez que a vi.
Nosso primeiro contato por conta do Sarau.
O café ruim que tomei por uma semana só para ficar perto dela, mesmo não gostando de café.
O dia que mostrei meu caderninho e todas as frases soltas que poderiam virar músicas.
A chuva que pegamos no dia que viramos a cidade atrás de gravadoras.
Nosso primeiro beijo.
Nossa primeira transa.
Sua determinação para aprender violão e ukele.
Suas performances no meu quarto aos domingos de manhã.
Os filmes clichês bons e ruins.
Os filmes que ela nem via e dormia em menos de 10 minutos.
As madrugadas de calor.
Sua risada.
Sua companhia.
Seus desenhos e pinturas.
Sua determinação pelas causas.
De sua feição de sono ou pós espirro até seu olhar matador com um botão que realçava seus lábios.

A campainha.
Ainda bem, ainda bem. Eu agradeci mentalmente por ela ter tocado e me tirado desse transe, mas para o meu azar não era o entregador do ifood e sim, Flávio e Eva.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Perguntei em minha total indignação, por quê, sinceramente? Eu não queria ver ninguém hoje, nem mesmo meu reflexo no espelho e a realidade era outra, mais tarde eu tinha show e tinha show o resto da semana e agora tinha Flávio e Eva passando pela porta e ignorando todo o meu estado de espírito.
— Não me venha com suas merdas e mau humor não. — Flávio logo se adiantou e acrescentou. — Eu só vim aqui para pegar as credencias do show e não, não vou ficar perguntando o que houve entre você e a . — Finalizou.
— Boa tarde para você também, Flávio! — Debochei e peguei as credencias jogando em cima dele que já estava esparramado no meu sofá. Abusado.
Eva estava me olhando com a pior cara do mundo, como se pudesse me matar a qualquer passo que eu desse em direção a ela e eu sabia bem o motivo.
— Eva — Chamei e antes que eu prosseguisse a mesma respondeu a minha pergunta, em tom de deboche.
não vai morrer por isso, — Eva deu de ombros. — Ela só não vai em nenhum dos seus shows mesmo.
— O QUÊ? — Não era para ter saído como um grito, mas quando me dei conta já tinha acontecido e minha mente deu um nó, um nó perfeito e eu não conseguia formar uma frase sequer. As coisas entre e eu haviam desandado na noite anterior pelo simples fato de que eu não soube o que dizer a ela e ainda não sabia. Sem dúvidas, estava completamente apaixonado por ela, mas também não era egoísta.
Nem em sonho eu pediria para me acompanhar nessa loucura da minha carreira sem saber de fato aonde iria chegar, e mesmo se eu tivesse a certeza do futuro. tinha toda uma vida planejada e era linda, assim como ela. merecia o mundo, e se ela me pedisse eu não tinha certeza se poderia dar.

Era por volta das 23h quando Flávio e eu estávamos no Camarim da Eleven, Eva estava se divertindo na pista com duas amigas e não, nenhuma das duas eram , a mesma realmente não havia vindo até então.
— Quando você vai me contar o que houve? — Flávio perguntou e eu sabia que dessa vez ele estava preocupado.
— Só um assunto que não deveria ter sido mencionado, mas você acha que é justo eu ficar viajando e a ficar aqui? Sem a menor pretensão de como vai ser? — Respirei fundo. — Não é como se a gente tivesse uma relação sólida e eu começasse a viajar, a gente sempre foi instável e não sei se consigo dar tudo que ela merece passando mais tempo fora, longe do que presente fisicamente, tem a vida dela, sabe? Os planos e não envolve essa incerteza que é o meu futuro, que eu sou.
— E você pensou tudo isso sozinho, sem nem sequer perguntar o que ela quer? Você não pode decidir por vocês dois, ! E a , ela é adulta, conversem!
— A se faz de forte e você sabe disso. No máximo vai falar que tá tudo ok, quando na verdade está se destruindo porque não quer desatar nosso nó, como se não fosse arrumar outra pessoa algum dia, ela é incrível, porra! — A essa altura Flávio com certeza estava a ponta de travar meus passos de um lado para outro naquele pequeno espaço, coloquei os dedos nas têmporas como sempre fazia quando perdia o controle das minhas decisões.
— Flávio, você precisa trazê-la no show de sábado!

Os dias se arrastaram.
Na quinta além de passar o dia todo pulando de uma rádio para outra, tinha show a noite. Na sexta que era o único dia no qual eu tinha para dormir até tarde, mas aparentemente meu sono não estava a meu favor e ao invés de dormir eu estava no estúdio gravando uma música nova, depois uma entrevista a tarde e show a noite. E finalmente, finalmente o sábado...
O pouco que vi enquanto chegava na Audio, é que estava completamente cheia e ainda tinha pessoas do lado de fora, mesmo sendo quase meia-noite, hoje a correria do dia a dia me fez chegar praticamente em cima da hora do show e também não era só eu, dividiria o palco com Luccas Carlos e bom, ele já estava aqui.
— ATRASADO! — Foi o grito que ele deu assim que atravessei a porta do camarim, me entregando uma lata de cerveja e rindo. — ‘Cê entra para cantar comigo minha última música e depois começa, beleza? — E antes mesmo que pudesse confirmar ele estava passando pela porta e eu o segui, para assistir ao show no canto do palco e ter certeza de que podia me tranquilizar, e me tranquilizei assim que avistei , Eva e Flávio. Entrei para cantar já passava de 1h da madrugada e as pessoas pareciam que tinham acabado de chegar como sempre.
Cantar me deixava leve, livre, feliz e nesse exato momento anunciando a data de lançamento do meu CD e apresentando a minha nova música, estava tão nu de mim que nada mais importava além do significado de cada palavra que saia de minha boca. Meus olhos estavam focados em o tempo todo, a cada verso meu coração pulava uma batida.

Sei que você quer romance Flores e chocolate, minha erva, meu mate, mate-se de prazer Você já sabe como eu sou Amanhã tem show E depois eu nem sei para onde vou Então, mina, cê me deixa Gosto quando cê vem em casa e vaza O tempo já te avisou
A música dela.
Totalmente feita para ela.
E ela sabia.
O tempo que fechei os olhos para me concentrar em não chorar enquanto agradecia o show, foi tempo suficiente para que eu perdesse de vista e a minha vontade era sair correndo palco a fora atrás dela, nem que eu tivesse que percorrer toda a cidade procurando... Mas a realidade é que não tinha fugido, tinha vindo me encontrar.
— A música é maravilhosa. — Foi a primeira coisa que ouvi quando abri a porta do camarim, eu abri os braços, incerto de que conseguiria aconchegá-la mais uma vez.
E ela estava aqui, nos meus braços outra vez. Com seu cheiro de Jhonson misturado com cigarro que sempre dizia ser a nova fragrância, e quieta demais para alguém tão falante, beijei o topo de sua cabeça e esperei até que ela estivesse confortável para falar o quer que estivesse passando pela sua cabeça.
— Podemos ir para outro lugar? — Perguntou receosa.
— Não só podemos, como temos, não acho que dormir na Audio seja confortável. — Brinquei e recolhi algumas coisas minhas que estavam no Camarim e o primeiro Hotel que vi pela frente, foi onde entramos. Eram três horas da manhã e eu não saberia dizer até que horas meus olhos iriam durar abertos, estava inquieta e mesmo assim não parava de pular de joelhos na cama quando tocava uma música animada, nem de comer, falar e beber seu bom vinho, como a mesma falava, e eu interagia mesmo que minha cabeça estivesse a mil, brigando constantemente com o meu coração.
— Quando você fez a música?
— Bom, eu já tinha pedaços soltos dela, a cada vez que te via eu tinha um verso novo, não tinha como ficar ruim, né? — Eu sorri prepotente e nós ficamos olhando um para o outro sem desviar o olhar talvez por menos de trinta segundos, mas me pareceu uma eternidade até nossas bocas finalmente se encostarem com urgência e fogo demais. Suas mãos estavam explorando todo o meu corpo e mesmo que perto demais, parecia longe a puxei para o meu colo a encaixando perfeitamente no volume entre as minhas pernas, suspirou, mas não quebrou o beijo aproveitando para rebolar em meu colo, ansiando por mais contato.
Tão urgente!
Ao mesmo tempo que eu queria que tudo fosse devagar para aproveitar cada segundo, não aguentaria esperar nem por mais um minuto. Minhas mãos desceram para a barra de seu vestido, passeando a mão por sua coxa e apertando sua bunda incentivando-a rebolar mais em mim, subi seu vestido devagar, tocando todo pedaço de pele que estava sendo descoberto e apreciando seus seios que subiam e desciam com a respiração acelerada, retirei seu vestido e o olhar de superioridade de ao espalmar as mãos em meu abdômen aumentou meu tesão de uma maneira que eu não conseguiria explicar. Com habilidade a vi puxar meu cinto e desabotoar minha calça demorando propositalmente para descer o zíper acariciando meu membro ainda por cima da calça, me torturando.
— Porra, ! — Eu gemi e coloquei a mão em cima da sua.
— Anda logo com isso. — Pedi e sem pretensão nenhuma de atender meu pedido, ela retirou minha calça lentamente e depois voltou para o meu colo, me empurrando para deitar na cama e voltando a rebolar sobre o volume em minha cueca, apertei sua cintura ora apertando, ora coordenando seus movimentos e mesmo que fosse só fricção estava me deixando louco e com ela não estava acontecendo diferente, dei um tapa estalado em sua bunda ouvindo seu grito de surpresa em seguida.
— Tira isso. — Eu sussurrei enquanto deslizava minha mão por cima de sua calcinha, a sentindo molhada e me concentrei naquele ponto, afastando a sua calcinha e invadindo-a e ouvindo seus gemidos sôfregos a medida que eu aumentava e diminua os movimentos
Cada vez mais molhada e pronta.
, eu, eu... — E eu sabia que ela estava a ponto de gozar sentido o seu aperto em meus dedos, parei os movimentos ainda com os dedos dentro dela a ouvindo resmungar de frustração e se movimentar em busca de alívio, mas não era assim que eu a queria se contorcendo.
— Calma, amor — Eu pedi e retirei as únicas peças que estavam nos impedindo do ato com a sua ajuda, estava completamente luxuosa com todo o prazer, e seus olhos focados no meu corpo e principalmente em meu membro, no qual eu estava me masturbando a espera dela.
— Por favor — Eu disse e só a visão de se encaixando perfeitamente em mim poderia ter me feito gozar, ela intercalava por sentadas rápidas e as vezes devagar me levando ao delírio, e mesmo que eu adorasse vê-la no comando, já estava implorando por controle, puxei seu corpo colando-o ao meu, e dando investidas longas e rápidas fazendo seus seios roçarem no meu peitoral aumentando ainda mais o tesão entre nós. estava tentando conter os volumes de seus gemidos, mas o tapa que estalei em sua bunda tirou totalmente o seu foco, ela se apertou contra mim e eu sabia que ela estava perto assim como eu.
... — Gemi seu nome chamando sua atenção para mim, eu queria beijá-la enquanto a via se desfazer comigo, seus olhos estavam inebriados de prazer quando beijei sua boca investindo rápido e forte, nos levando ao ponto alto.
— Porra — foi a única coisa que saiu da boca de quase inaudível a julgar pela sua respiração forte e eu sorri, tirando sua franja suada da testa e beijando sua boca, em um beijo lento e molhado que com certeza nos levaria a se excitar de novo.

estava dormindo, com metade de seu corpo nu descoberto exibindo suas tatuagens, o braço embaixo da cabeça como sempre e as mãos fazendo um carinho inconsciente na orelha, sorri e pensei se ela ficava me olhando quando acordava primeiro.
Bobo.
Tirei uma foto bem de perto detalhando todo o seu rosto, fiz um leve carinho em seus cabelos temendo que acordasse e não me contive depositando um beijo em seus lábios, ela se mexeu, mas não despertou e eu pude respirar outra vez.
Retirei o cordão que sempre carregava comigo o colocando do lado da poltrona onde havia colocado sua bolsa, retirei da minha mochila uma cópia do meu CD, colocando junto do cordão e pondo o bilhete que havia escrito para ela dias atrás em cima de ambos. Fiquei encostado no batente e admirando a mulher adormecida a poucos metros de mim, tendo certeza que meu coração estava com ela independente de para onde eu fosse ao cruzar a porta do hotel.

POV.

Não fazia ideia de que horas eram, só tinha a total certeza de que não queria abrir olhos e não o fiz, chamei por pelo menos umas três vezes e não obtive resposta sendo forçada a abrir os olhos e varrer o quarto do hotel a sua procura, de primeira impressão não havia vestígios dele e eu estava prestes a ter uma taquicardia só de pensar que ele tinha ido embora sem falar absolutamente nada.
— MERDA! — Eu gritava e resmungava todos os xingamentos possíveis para mim mesma e depois do meu mini acesso de raiva que pude notar coisas demais próximas a minha bolsa.
A sensação de desespero não passava e nem iria passar, mas em meio a toda bagunça na minha cabeça e coração, me apaguei as pequenas coisas.
Era o colar favorito de , uma pedra castroada de Opalina Lua que ele não tirava nunca do pescoço, seu CD novo que me encheu de orgulho mesmo com um autógrafo prepotente nele.
"Para minha fã número um, com amor"
E o bilhete, ele não perdia essa mania.
E todas as vezes que havia bilhete nos filmes clichês que eu amei, o bilhete sempre era o que me fazia desmoronar.

Baby, parece que seu coração ficou aqui E eu te deixo com o meu, depois ‘cê pode ir





FIM.



Nota da autora: Sem nota.





Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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