Capítulo Único
“Domino’s pizza… You got 30 minutes” - Song Jong Ki encerrou com uma piscada singela e uma bela mordida na fatia de pizza calabresa. Aquela deveria ser a 30ª tomada que ele gravava do comercial. Entre ângulos ruins, problemas com a aparelhagem e alguns – muitos - engasgos com o queijo, só esperava que finalmente aquela tomada fosse a escolhida. Ele precisava voltar para a casa antes do fim da tarde, pois seus amigos o esperavam para uma importante reunião de negócios.
-Perfeito! Com essa tomada, já temos todo o material que precisamos para o comercial. - Com a esperada aprovação do diretor de vídeo, o ator suspirou, contabilizando em sua mente quanto tempo demoraria até chegar ao aeroporto, já que seu vôo estava agendado para 1 hora e meia mais tarde e com os problemas de sinal causados por uma queda nas torres da cidade no dia anterior, ele não havia conseguido fazer o bendito check-in online. Bastava a ele enfrentar a provável imensa fila, só esperava não perder o vôo. Não estava afim de ouvir In Sung falando no ouvido dele pelos próximos meses, e do jeito que conseguia seu Hyung, com certeza ele faria isso.
20 minutos depois, ele já estava no táxi a caminho do aeroporto, ensopado pela chuva que caía desde o dia anterior e que agora se juntava à uma série de trovões que o faziam tremer em tempos em tempos. Joong Ki odiava trovões, mas odiava ainda mais imaginar o que o esperava no bendito aeroporto, pois nada bom vinha da união entre trovões e chuvas.
~*~
Seu sorriso ainda estava congelado de tanto sorrir para as fotos. Pelas últimas 2 horas. No ar livre da chuvosa - e fria - Gwangju. Era como Song Hye Kyo tivesse inserido tanto botox nos lábios que não conseguia mais fechá-los e depois se trancado em um frigorífico.
Ela não conseguia acreditar na sorte que tinha.
Havia procurado em sites de climas e temperaturas a previsão de tempo - céus, até no noticiário local- para o dia de hoje na cidade e todos haviam prometido sol e temperatura amena para a metrópole coreana. A garota do tempo até destacou que não chovia na região de Gwangju há mais de um mês, e para os turistas levarem roupas leves e frescas - ela estava patética em um conjunto de bermuda jeans e blusa branca de alça-, e logo quando ela precisou fazer uma sessão de fotos na cidade, o mundo resolveu desabar. Já não bastasse a maldita torre de sinal ter caído no dia anterior, fazendo com que ela estivesse praticamente incomunicável na maior parte do tempo, agora estava molhada, com frio e presa no aeroporto até o dia seguinte. Era inacreditável.
Ela levara menos de 1 hora de viagem de Seul até Gwangju, mais 2 horas para terminar a bendita sessão de fotos… Nesse momento era para Hye Kyo estar confortavelmente sentada em seu assento no avião, indo para casa. Mas não, ela estava no aeroporto mais vazio que já havia visto na vida.
A mulher sabia que deveria até gostar que o aeroporto estivesse vazio, o que era um fato incomum, devido aos atrasos e cancelamentos de vôos. Mas o silêncio no local, quebrado apenas pelos anúncios de tempos em tempos, lhe causavam arrepios. Hye Kyo queria apenas chegar em sua casa, tomar um banho quente, se enrolar no seu roupão quentinho e confortável, se entupir de chocolate e assistir a muitos dos episódios atrasados de seu dorama favorito enfiava debaixo das cobertas. Será que era pedir demais? Infelizmente, essa realidade estava bem longe de acontecer, e ao que tudo indicava, ela teria que dormir no aeroporto, já que o primeiro vôo direto para Seul só sairia às 3 da manhã. Às 3 da manhã, Hye Kyo nem era gente, muito menos respondia por si só .
Nem uma ida para o hotel mais próximo valeria a pena, então apenas aceitou seu destino, encostando na poltrona dura do aeroporto e pegou a revista de fofoca mais próxima para folhear. A capa era estampada pelo ator bonitinho que ela tinha visto que seria seu par no próximo projeto. Tá bom, talvez - só talvez-, o achasse mais do que bonitinho. Também só talvez ela algumas vezes tivesse fantasiado com Joong Ki a chamando de noona com aquela voz rouca, depois de assistir alguns episódios de The Innocent Man. Mas bem, Hye Kyo não era de ferro e mesmo depois do furacão Hyun Bin ter passado pela sua vida, ela não havia deixado de fantasiar com homens que faziam bem para os olhos, e bem… Song Joong Ki preenchia todos os requisitos.
Eles se conheciam de premiações e alguns eventos que ambos estavam presentes, mas nunca haviam trocado mais do que meia dúzia de palavras. Hye Kyo não queria assumir em voz alta, mas tinha uma pequena - oh, doce ilusão- queda pelo Song Joong Ki. Ela poderia apostar que era o sorriso, ele tinha aquela forma especial de sorrir, sabe? Aquela que deixa qualquer mulher balançada. E bem, Song Hye Kyo não era nem um pouco imune àquele sorriso.
Ela havia adormecido em algum ponto quando discutia sua relação platônica com o garoto capa de revista, pois se assustou quando sentiu uma mão encostar em seu ombro.
-Ahhhh! - Hye Kyo involuntariamente gritou, deixando Joong K… A revista cair no chão gelado do aeroporto.
-Perdão! - O garoto franzino à sua frente se desculpou. - Senhorita Song Hye Kyo? - Ela acenou com a cabeça, confirmando. - Por favor, me siga, que irei levá-la à sala de espera.
Ainda torpe e -muito- perdida, Hye Kyo levantou, acompanhando o tal rapaz e implorando para que tivesse algo comestível na sala de espera, pois ela estava morrendo de fome e mesmo que o padrão coreano não acreditasse, ela não se alimentava de fotossíntese e ar.
~*~
-Sim, Kwang Soo…eu terminei a gravação do comercial, mas agora estou preso aqui até amanhã. - O homem bufou ao conversar com o amigo pelo telefone, ainda desacreditado da sua sorte. Como um bom virginiano, ele odiava chegar atrasado nos lugares e, principalmente, odiava desmarcar compromissos. - O sinal aqui no aeroporto é horrível, então peça desculpas ao In Sung e ao Ju Hwan por mim. Eu prometo recompensar vocês o mais breve possível. Até breve.
Ao desligar o telefone, Joong Ki encostou a cabeça na fria parede do aeroporto, só conseguindo pensar nos inúmeros compromissos que sua assessora teria que desmarcar.
Chovia forte em Gwangju, o que era incomum naquela época do ano. O inverno estava pouco a pouco se despedindo, e logo logo sua estação favorita daria as caras. Joong Ki mal podia esperar para que a primavera enfim chegasse e as cerejeiras brotassem em todo o país. Pela imensa janela do aeroporto, ele conseguia ver a fina camada de neve que ainda cobria as ruas, se misturando com a chuva que não parava de cair desde o dia anterior. Ele estava ilhado a 268 km de Seul, e, com todos os vôos do dia cancelados, teria que passar o dia na cidade. Se jogou no canto, esperando por um dia longo e entediante. Até que sentiu uma mão tocar seu ombro:
-Senhor Song Joong Ki, queira me acompanhar até a sala de espera.
~*~
De todos os ambientes, situações e datas em que Song Joong Ki havia imaginado encontrar Song Hye Kyo na sua frente, aquela com certeza não era uma delas. Qual a probabilidade dos dois estarem na mesma sala de espera, no mesmo aeroporto em uma chuvosa Gwangju? Teria Deus se compadecido da sua pobre alma e finalmente lhe dado a chance que havia insistentemente pedido no último ano?
Ela não havia percebido sua presença no local - Joong Ki não sabia como, já que só havia os dois na sala de espera e ele não havia sido silencioso quando entrou na sala e se deparou com Hye Kyo no outro extremo-. Hye Kyo devorava prazerosamente uma bomba de chocolate na mesa de aperitivos, parecendo ainda mais linda do que ele se lembrava. Ele parecia como um adolescente perto de sua atriz de cinema favorita. Mas era assim que Joong Ki se sentia, ele havia assistido todos os filmes e doramas que Hye Kyo havia participado, tinha pôsteres dela colados no seu antigo quarto na casa de seus pais, e não sentia nenhuma vergonha em assumir que no início pedia convites para as premiações por saber que ela estava lá. Não era obsessão, e ele esperava fielmente que não parecesse como uma, é que para Joong Ki, estar perto de Hye Kyo era como um dia de sol depois de uma semana chuvosa. Uma noite relaxante em casa depois de um dia cansativo de trabalho. E mais ainda...
Song Joong Ki corria o risco de parecer clichê ao falar isso, mas toda vez que encontrava Song Hye Kyo, parecia que uma luz brilhava em torno dela, como se o resto do mundo não importasse. Ele não sabia como, nem quando havia passado de fã a um homem completamente apaixonado. Sabia que ela era boa o bastante para ele, mas não custava nada tentar.
Tomando coragem, atravessou até o extremo da sala, parando do lado dela na mesa de aperitivos com um inesperadamente estridente “Oi!”.
~*~
Song Hye Kyo tremia da cabeça aos pés. O senhor capa de revista estava ali, na mesma sala que ela e a mulher mal conseguia disfarçar seu nervosismo. Já havia perdido a conta de quantas bombas de chocolate havia comido a fim de tentar ignorar a presença dele, quando levou um susto ao perceber que Joong Ki estava ali, do lado dela. Com aquele maldito sorriso. Aquele mesmo.
-O-o-oi! - Ele disse, gaguejando um pouco.
-OI! - Ela respondeu, não sabendo explicar o porquê de estar gritando com o homem praticamente colado nela.
Meu Deus, ela mal conseguia formar uma frase com ele tão perto dela. Como se já não bastasse o sorriso encantador, o homem ainda era absurdamente cheiroso. A mente de Hye Kyo só conseguia pensar em “Noona, Noona, Noona”. Como ela suportaria passar meses trabalhando com ele, sentindo esse cheiro, vendo esse sorriso, sem cometer uma loucura? Ela gostava de loucuras. Gostava muito de loucuras.
Oh, Hye Kyo, você passou dos 30 anos, deveria ser mais madura.
-Hum… - Hye Kyo tentou limpar a garganta, sentindo o último resquício da bomba de chocolate arranhar sua garganta. - Des-cen-dants of the sun, hein? - Parabéns, querida. Mais um pouco e você ganha o prêmio de soletração.
~*~
Bem, aquilo foi inesperado. A conversa sobre Descendants of The Sun havia se arrastado para como sites de clima e temperatura, cujo ambos concordaram não serem nem um pouco confiáveis - talvez eles devessem acreditar mais em xamãs ou naqueles sapos que vendem nos sites chineses-, passando para como as revistas de fofoca são tendenciosas. Hye Kyo não conseguia acreditar que haviam colocado que havia tido um relacionamento escondido com So Ji Sub… Quem dera- e terminando com a confirmação de que Jo In Sung é o ser mais irritante da face da Terra quando quer provar que está certo.
Song Joong Ki havia se surpreendido em como conseguiu conversar com Hye Kyo sem gaguejar - ok, quase sem gaguejar- ou tremer, e como ela parecia bem real ali, tão perto dele. Hye Kyo, por sua vez, não conseguia acreditar que Joong Ki, além de lindo, com um sorriso daqueles e um cheiro maravilhoso, ainda era bom de papo. Ela poderia ficar conversando horas a fio com ele, Joong Ki fazia com que Hye Kyo se sentisse à vontade como há muito não sentia.
Bem, e toda vez que seus joelhos se encostavam sem querer, quando ele entusiasmado começava a falar sobre um assunto ,como foi quando ele contou sobre as filmagens de Wolf Boy. Os olhos dele brilhando a cada comentário, ela sentiu seu coração bater mais rápido, como um sinal. Song Joong Ki, por sua vez, sentia as famosas borboletas no estômago, e cada vez que sua mão tocava a de Hye Kyo, era como um choque elétrico passasse por todo o seu corpo, bombeando o seu coração.
Eles haviam perdido a noção da hora, os dois sentados com as pernas cruzadas no pequeno sofá da sala, virados um de frente para o outro, como se estivessem em casa. Bem, eles se sentiam assim… Como se aquela cena fosse natural, apenas mais um dia rotineiro na vida dos dois.
-Senhor Song Joong Ki, Senhorita Song Hye Kyo, seu vôo foi adiantado em 2 horas. Vou levá-los ao seu portão de embarque. - O mesmo rapaz franzino que os trouxera ali, havia voltado para levá-los finalmente para seu vôo.
Song Joong Ki ajudou Hye Kyo a se levantar, ambos calçando seus sapatos que estavam jogados no chão. Eles realmente se sentiam em casa.
- Senhor e Senhora Song, hein? - Joong Ki brincou.
-Seria um pedido de casamento, Joong Ki? - Hye Kyo sorriu, entrando na brincadeira.
- Não. Ainda não. - Sorriu misterioso.
Hye Kyo arqueou a sobrancelha em resposta. Em seguida, sabia que precisava pedir uma coisa. Só uma única coisa ao homem a sua frente:
-Ei, Song Joong Ki… - Hye Kyo abriu um sorriso. - Posso te pedir um favor?
-Claro… - Ele também sorriu.
-Você pode me chamar de noona?
-Hã?
-É para uma pesquisa de campo.
- Noona, Noona, Noona… - Song Joong Ki cantarolou, enquanto os dois seguiam o rapaz franzino caminho afora.
Ah, Song Hye Kyo estava bastante satisfeita. Talvez 2015 não fosse um ano comum afinal.
-Perfeito! Com essa tomada, já temos todo o material que precisamos para o comercial. - Com a esperada aprovação do diretor de vídeo, o ator suspirou, contabilizando em sua mente quanto tempo demoraria até chegar ao aeroporto, já que seu vôo estava agendado para 1 hora e meia mais tarde e com os problemas de sinal causados por uma queda nas torres da cidade no dia anterior, ele não havia conseguido fazer o bendito check-in online. Bastava a ele enfrentar a provável imensa fila, só esperava não perder o vôo. Não estava afim de ouvir In Sung falando no ouvido dele pelos próximos meses, e do jeito que conseguia seu Hyung, com certeza ele faria isso.
20 minutos depois, ele já estava no táxi a caminho do aeroporto, ensopado pela chuva que caía desde o dia anterior e que agora se juntava à uma série de trovões que o faziam tremer em tempos em tempos. Joong Ki odiava trovões, mas odiava ainda mais imaginar o que o esperava no bendito aeroporto, pois nada bom vinha da união entre trovões e chuvas.
Seu sorriso ainda estava congelado de tanto sorrir para as fotos. Pelas últimas 2 horas. No ar livre da chuvosa - e fria - Gwangju. Era como Song Hye Kyo tivesse inserido tanto botox nos lábios que não conseguia mais fechá-los e depois se trancado em um frigorífico.
Ela não conseguia acreditar na sorte que tinha.
Havia procurado em sites de climas e temperaturas a previsão de tempo - céus, até no noticiário local- para o dia de hoje na cidade e todos haviam prometido sol e temperatura amena para a metrópole coreana. A garota do tempo até destacou que não chovia na região de Gwangju há mais de um mês, e para os turistas levarem roupas leves e frescas - ela estava patética em um conjunto de bermuda jeans e blusa branca de alça-, e logo quando ela precisou fazer uma sessão de fotos na cidade, o mundo resolveu desabar. Já não bastasse a maldita torre de sinal ter caído no dia anterior, fazendo com que ela estivesse praticamente incomunicável na maior parte do tempo, agora estava molhada, com frio e presa no aeroporto até o dia seguinte. Era inacreditável.
Ela levara menos de 1 hora de viagem de Seul até Gwangju, mais 2 horas para terminar a bendita sessão de fotos… Nesse momento era para Hye Kyo estar confortavelmente sentada em seu assento no avião, indo para casa. Mas não, ela estava no aeroporto mais vazio que já havia visto na vida.
A mulher sabia que deveria até gostar que o aeroporto estivesse vazio, o que era um fato incomum, devido aos atrasos e cancelamentos de vôos. Mas o silêncio no local, quebrado apenas pelos anúncios de tempos em tempos, lhe causavam arrepios. Hye Kyo queria apenas chegar em sua casa, tomar um banho quente, se enrolar no seu roupão quentinho e confortável, se entupir de chocolate e assistir a muitos dos episódios atrasados de seu dorama favorito enfiava debaixo das cobertas. Será que era pedir demais? Infelizmente, essa realidade estava bem longe de acontecer, e ao que tudo indicava, ela teria que dormir no aeroporto, já que o primeiro vôo direto para Seul só sairia às 3 da manhã. Às 3 da manhã, Hye Kyo nem era gente, muito menos respondia por si só .
Nem uma ida para o hotel mais próximo valeria a pena, então apenas aceitou seu destino, encostando na poltrona dura do aeroporto e pegou a revista de fofoca mais próxima para folhear. A capa era estampada pelo ator bonitinho que ela tinha visto que seria seu par no próximo projeto. Tá bom, talvez - só talvez-, o achasse mais do que bonitinho. Também só talvez ela algumas vezes tivesse fantasiado com Joong Ki a chamando de noona com aquela voz rouca, depois de assistir alguns episódios de The Innocent Man. Mas bem, Hye Kyo não era de ferro e mesmo depois do furacão Hyun Bin ter passado pela sua vida, ela não havia deixado de fantasiar com homens que faziam bem para os olhos, e bem… Song Joong Ki preenchia todos os requisitos.
Eles se conheciam de premiações e alguns eventos que ambos estavam presentes, mas nunca haviam trocado mais do que meia dúzia de palavras. Hye Kyo não queria assumir em voz alta, mas tinha uma pequena - oh, doce ilusão- queda pelo Song Joong Ki. Ela poderia apostar que era o sorriso, ele tinha aquela forma especial de sorrir, sabe? Aquela que deixa qualquer mulher balançada. E bem, Song Hye Kyo não era nem um pouco imune àquele sorriso.
Ela havia adormecido em algum ponto quando discutia sua relação platônica com o garoto capa de revista, pois se assustou quando sentiu uma mão encostar em seu ombro.
-Ahhhh! - Hye Kyo involuntariamente gritou, deixando Joong K… A revista cair no chão gelado do aeroporto.
-Perdão! - O garoto franzino à sua frente se desculpou. - Senhorita Song Hye Kyo? - Ela acenou com a cabeça, confirmando. - Por favor, me siga, que irei levá-la à sala de espera.
Ainda torpe e -muito- perdida, Hye Kyo levantou, acompanhando o tal rapaz e implorando para que tivesse algo comestível na sala de espera, pois ela estava morrendo de fome e mesmo que o padrão coreano não acreditasse, ela não se alimentava de fotossíntese e ar.
~*~
-Sim, Kwang Soo…eu terminei a gravação do comercial, mas agora estou preso aqui até amanhã. - O homem bufou ao conversar com o amigo pelo telefone, ainda desacreditado da sua sorte. Como um bom virginiano, ele odiava chegar atrasado nos lugares e, principalmente, odiava desmarcar compromissos. - O sinal aqui no aeroporto é horrível, então peça desculpas ao In Sung e ao Ju Hwan por mim. Eu prometo recompensar vocês o mais breve possível. Até breve.
Ao desligar o telefone, Joong Ki encostou a cabeça na fria parede do aeroporto, só conseguindo pensar nos inúmeros compromissos que sua assessora teria que desmarcar.
Chovia forte em Gwangju, o que era incomum naquela época do ano. O inverno estava pouco a pouco se despedindo, e logo logo sua estação favorita daria as caras. Joong Ki mal podia esperar para que a primavera enfim chegasse e as cerejeiras brotassem em todo o país. Pela imensa janela do aeroporto, ele conseguia ver a fina camada de neve que ainda cobria as ruas, se misturando com a chuva que não parava de cair desde o dia anterior. Ele estava ilhado a 268 km de Seul, e, com todos os vôos do dia cancelados, teria que passar o dia na cidade. Se jogou no canto, esperando por um dia longo e entediante. Até que sentiu uma mão tocar seu ombro:
-Senhor Song Joong Ki, queira me acompanhar até a sala de espera.
De todos os ambientes, situações e datas em que Song Joong Ki havia imaginado encontrar Song Hye Kyo na sua frente, aquela com certeza não era uma delas. Qual a probabilidade dos dois estarem na mesma sala de espera, no mesmo aeroporto em uma chuvosa Gwangju? Teria Deus se compadecido da sua pobre alma e finalmente lhe dado a chance que havia insistentemente pedido no último ano?
Ela não havia percebido sua presença no local - Joong Ki não sabia como, já que só havia os dois na sala de espera e ele não havia sido silencioso quando entrou na sala e se deparou com Hye Kyo no outro extremo-. Hye Kyo devorava prazerosamente uma bomba de chocolate na mesa de aperitivos, parecendo ainda mais linda do que ele se lembrava. Ele parecia como um adolescente perto de sua atriz de cinema favorita. Mas era assim que Joong Ki se sentia, ele havia assistido todos os filmes e doramas que Hye Kyo havia participado, tinha pôsteres dela colados no seu antigo quarto na casa de seus pais, e não sentia nenhuma vergonha em assumir que no início pedia convites para as premiações por saber que ela estava lá. Não era obsessão, e ele esperava fielmente que não parecesse como uma, é que para Joong Ki, estar perto de Hye Kyo era como um dia de sol depois de uma semana chuvosa. Uma noite relaxante em casa depois de um dia cansativo de trabalho. E mais ainda...
Song Joong Ki corria o risco de parecer clichê ao falar isso, mas toda vez que encontrava Song Hye Kyo, parecia que uma luz brilhava em torno dela, como se o resto do mundo não importasse. Ele não sabia como, nem quando havia passado de fã a um homem completamente apaixonado. Sabia que ela era boa o bastante para ele, mas não custava nada tentar.
Tomando coragem, atravessou até o extremo da sala, parando do lado dela na mesa de aperitivos com um inesperadamente estridente “Oi!”.
Song Hye Kyo tremia da cabeça aos pés. O senhor capa de revista estava ali, na mesma sala que ela e a mulher mal conseguia disfarçar seu nervosismo. Já havia perdido a conta de quantas bombas de chocolate havia comido a fim de tentar ignorar a presença dele, quando levou um susto ao perceber que Joong Ki estava ali, do lado dela. Com aquele maldito sorriso. Aquele mesmo.
-O-o-oi! - Ele disse, gaguejando um pouco.
-OI! - Ela respondeu, não sabendo explicar o porquê de estar gritando com o homem praticamente colado nela.
Meu Deus, ela mal conseguia formar uma frase com ele tão perto dela. Como se já não bastasse o sorriso encantador, o homem ainda era absurdamente cheiroso. A mente de Hye Kyo só conseguia pensar em “Noona, Noona, Noona”. Como ela suportaria passar meses trabalhando com ele, sentindo esse cheiro, vendo esse sorriso, sem cometer uma loucura? Ela gostava de loucuras. Gostava muito de loucuras.
Oh, Hye Kyo, você passou dos 30 anos, deveria ser mais madura.
-Hum… - Hye Kyo tentou limpar a garganta, sentindo o último resquício da bomba de chocolate arranhar sua garganta. - Des-cen-dants of the sun, hein? - Parabéns, querida. Mais um pouco e você ganha o prêmio de soletração.
Bem, aquilo foi inesperado. A conversa sobre Descendants of The Sun havia se arrastado para como sites de clima e temperatura, cujo ambos concordaram não serem nem um pouco confiáveis - talvez eles devessem acreditar mais em xamãs ou naqueles sapos que vendem nos sites chineses-, passando para como as revistas de fofoca são tendenciosas. Hye Kyo não conseguia acreditar que haviam colocado que havia tido um relacionamento escondido com So Ji Sub… Quem dera- e terminando com a confirmação de que Jo In Sung é o ser mais irritante da face da Terra quando quer provar que está certo.
Song Joong Ki havia se surpreendido em como conseguiu conversar com Hye Kyo sem gaguejar - ok, quase sem gaguejar- ou tremer, e como ela parecia bem real ali, tão perto dele. Hye Kyo, por sua vez, não conseguia acreditar que Joong Ki, além de lindo, com um sorriso daqueles e um cheiro maravilhoso, ainda era bom de papo. Ela poderia ficar conversando horas a fio com ele, Joong Ki fazia com que Hye Kyo se sentisse à vontade como há muito não sentia.
Bem, e toda vez que seus joelhos se encostavam sem querer, quando ele entusiasmado começava a falar sobre um assunto ,como foi quando ele contou sobre as filmagens de Wolf Boy. Os olhos dele brilhando a cada comentário, ela sentiu seu coração bater mais rápido, como um sinal. Song Joong Ki, por sua vez, sentia as famosas borboletas no estômago, e cada vez que sua mão tocava a de Hye Kyo, era como um choque elétrico passasse por todo o seu corpo, bombeando o seu coração.
Eles haviam perdido a noção da hora, os dois sentados com as pernas cruzadas no pequeno sofá da sala, virados um de frente para o outro, como se estivessem em casa. Bem, eles se sentiam assim… Como se aquela cena fosse natural, apenas mais um dia rotineiro na vida dos dois.
-Senhor Song Joong Ki, Senhorita Song Hye Kyo, seu vôo foi adiantado em 2 horas. Vou levá-los ao seu portão de embarque. - O mesmo rapaz franzino que os trouxera ali, havia voltado para levá-los finalmente para seu vôo.
Song Joong Ki ajudou Hye Kyo a se levantar, ambos calçando seus sapatos que estavam jogados no chão. Eles realmente se sentiam em casa.
- Senhor e Senhora Song, hein? - Joong Ki brincou.
-Seria um pedido de casamento, Joong Ki? - Hye Kyo sorriu, entrando na brincadeira.
- Não. Ainda não. - Sorriu misterioso.
Hye Kyo arqueou a sobrancelha em resposta. Em seguida, sabia que precisava pedir uma coisa. Só uma única coisa ao homem a sua frente:
-Ei, Song Joong Ki… - Hye Kyo abriu um sorriso. - Posso te pedir um favor?
-Claro… - Ele também sorriu.
-Você pode me chamar de noona?
-Hã?
-É para uma pesquisa de campo.
- Noona, Noona, Noona… - Song Joong Ki cantarolou, enquanto os dois seguiam o rapaz franzino caminho afora.
Ah, Song Hye Kyo estava bastante satisfeita. Talvez 2015 não fosse um ano comum afinal.
FIM
Nota da autora: Quer conversar/sofrer sobre coreanos? Me chama lá no twitter
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.