Capítulo Único
“I get a little bit nervous around you”
Já havia se tornado um hábito de Domingo para encontrar os amigos no London Cafe**, o clima de neblina e chuva fraca daquele dia propiciava ainda mais o costume. adentrou no local conhecido por suas largas janelas que mostravam a área mais nobre de Londres. Não teve dificuldade para avistar os amigos já que eram eles que geravam a maior parte do barulho do local com as risadas incontroláveis.
- Achei que não vinha mais. – Sam falou assim que o moreno se pôs de pé em frente a mesa deles.
- Me enrolei – disse simplesmente enquanto fazia o amigo deslizar para o lado no sofá de couro preto para sentar-se logo em seguida. – Mas agora tô aqui – Sinalizou ao garçom fazendo o seu pedido de sempre, cappuccino. – Qual era o assunto?
- Nós estávamos falando sobre a festa de ontem, tava demais. Quer dizer, as partes que eu me lembro, obviamente. – Max riu bebericando um gole de café expresso. – Ainda tô meio enjoado. – Fez uma cara feia como se lembrasse da ressaca na qual acordou, ou melhor, como se quisesse esquecer.
- Agora, a pergunta que não quer calar: por onde você se meteu ontem? – Ian questionou encarando . – Te vi no inicio e depois, desapareceu. – Falou a última palavra pausadamente.
- Bom, eu cheguei meio cedo, afinal, queria ir embora antes porque né, segunda-feira é meu primeiro dia de aula em Oxford. – Agradeceu com um aceno de cabeça ao garçom que entregava seu pedido, enquanto os amigos rolavam os olhos para a frase dita por .
Não é que fosse do tipo certinho, nerd ou como quiserem o definir, ele só gostava de manter as coisas na linha, organizadas. Havia sido criado assim e essa era a conduta que seguia durante toda a sua vida. Não era como se sentisse orgulho ou achasse uma grande qualidade o seu jeito, mas não podia evitar.
– Enfim, cheguei lá na casa do Andrew e adivinhem com quem eu esbarrei logo na entrada?
- – Os três responderam entediados.
- Não precisa nem entrar em detalhes quanto a isso, já sabemos como você fica nervosinho perto dela – Sam provocou. – Eu realmente não entendo o porquê disso, é só uma garota.
o olhou repreensivo, fingindo que não escutara o comentário de Powley.
– Bom, fingi que nada tinha acontecido e segui meu rumo ao melhor local da festa, conhecido como o bar. Nisso chegou a Lily, começou a conversar comigo, papo vai, papo vem... – Sorriu ladinamente para os amigos, deixando subentendido o que havia acontecido. – Então, vocês entendem porque eu sumi da festa e me enrolei hoje – Bebeu logo em seguida um longo gole do cappuccino.
Por estar disperso entre risadas e comentários de seus amigos, quase não percebeu quando, no minuto seguinte, a razão da sua dor de cabeça entrou pela mesma porta a qual ele havia entrado anteriormente.
- – Os três amigos sussurraram simultaneamente fazendo instantaneamente ruborizar-se e cuspir café por toda a mesa, tossindo forte em seguida e atraindo a atenção de algumas mesas em volta.
ao ver a cena, riu baixo e encarou de longe trocando um olhar simpático com ele por alguns segundos, sorrindo em seguida como uma forma de transmitir tranquilidade. Quando ele a encarou com mais intensidade, ela desviou o olhar mexendo no cabelo e assim que pegou sua encomenda deixou o local com as amigas.
não sabia dizer porque se sentia dessa forma toda vez que via , mas sempre fora assim, ela sempre tivera esse jeito único de agir, de sorrir e de olhar que o tirava do prumo, que o deixava nervoso e que o fazia pensar nela quase o tempo todo.
“Get a little bit stressed out when I think about you”
ao deparar-se com aquele campi lotado de calouros, assim como ele, sentiu um calafrio percorrer a sua espinha. Afinal, aquele local seria parte da sua história pelos próximos anos, seria ali que solidificaria laços, construiria novos e encheria sua bagagem com novas memórias.
Realmente, Oxford era de tirar o fôlego, toda aquela arquitetura estilo Tudor com prédios históricos e professores renomados tornavam o ambiente único e a universidade dos sonhos da maioria dos britânicos. Sentia-se ansioso por estar começando uma vida nova em um local totalmente desconhecido, mas de certo modo sabia que a tão sonhada liberdade vinha conjuntamente, o que o deixava extremamente empolgado de poder desfruta-la com os seus melhores amigos.
Andou apressado com sua mochila nas costas pelas ruelas bem conservadas da universidade a procura do local que ficaria. Seus outros pertences já haviam sido enviados por sua família diretamente à sua nova moradia, precisava se estabelecer antes de dirigir-se ao almoço de boas-vindas dos calouros daquele ano.
Não demorou muito a encontrar a espécie de “apartamento” que ficaria, o campus era gigante, porém bem sinalizado. Em Oxford, haviam dormitórios de todos os tipos e o que você ficaria dependeria obviamente do quanto a sua família era influente e abonada. Largou rapidamente os poucos pertences que carregava sobre a cama, o quarto era fantástico, com uma decoração que não poderia ser mais remetente a universidade. Tomou um banho rápido e logo ficou pronto com aquela beca, que na sua concepção era ridícula, mas que todos os calouros tinham que usar no bendito almoço.
- – Disse seu nome a uma mulher que se encontrava na entrada do enorme salão principal do campus.
- Bom dia, Sr. , quinta mesa da esquerda para direita. – Sorriu abrindo a porta de madeira para que o novato entrasse.
Assim que a porta foi aberta, o volume das vozes aumentaram consideravelmente, o salão estava lotado de calouros.
– Que ótimo, estou atrasado. – Pensou alto indo em direção a mesa que a mulher havia indicado. Era tradição em Oxford todos os anos terem esses almoços para que os novos ingressantes se conhecessem e se enturmassem.
- Olha quem resolveu se juntar a nós. A princesa se perdeu? Ou vai me dizer que encontrou a Lily por aqui também? – Sam riu debochado.
revirou os olhos sentando na longa mesa de madeira, o salão era dividido com diversas dessas mesas para que os recém chegados sentassem juntos e pudessem criar contato desde o primeiro dia.
- – Cumprimentou com um aperto de mão uma garota que estava ao seu lado direito e com aceno de cabeça mais dois garotos ao lado dos amigos Max e Ian do outro lado da mesa.
- Megan, Peter e Jordan – A ruiva sorriu simpática apresentando os três e retribuindo o cumprimento.
- E aqui? – Perguntou se referindo ao lugar vago a sua frente.
- Não chegou ainda e não sabemos quem é. – Ian deu de ombros. – Preciso comentar um negócio com você, mas promete que não vai surtar. – Thomas se aproximou da mesa como se fosse contar o segredo do século.
- O que foi? – demonstrou-se desinteressado, conhecia o amigo, Ian sempre tinha uma “grande” novidade que no fim das contas não era nada.
- Então, eu tô ficando com a Hannah, né.
- E? Isso todo mundo sabe. – desdenhou.
- Calma, dude, vai deixar eu contar ou não? – O loiro bufou seguindo com a história. – Continuando e espero que sem interrupções. – Olhou feio para o moreno a sua frente. – Ela é do grupo de amigas da , o que todo mundo também já sabe. – Concluiu antes que fosse interrompido novamente por . – Mas a novidade é que, depois de domingo, que você quase morreu engasgado. – Os três riram lembrando da cena um tanto patética do amigo. – E que vocês trocaram olhares, meu Deus, que progresso. – Ironizou sob o olhar repreensivo de . – Ela ficou a tarde toda perguntando sobre você, o que você está fazendo, por onde anda e se está sozinho.
- Como assim? Por que ela iria querer saber de mim? – encarou os amigos assustado e com os olhos arregalados. – E como você sabe disso?
- Eu sei porque a Hannah veio extrair de uma fonte teoricamente segura essas informações. – Riu convencido. – Eu tô te falando porque eu sou teu amigo pra ver se você para com essa paranoia e toma uma atitude com essa garota.
“Como assim estava perguntando sobre mim?” Essa era a indagação primordial que perpassava a mente de naquele momento.
Tudo bem que eles se conheciam desde criança por terem sido vizinhos até a adolescência, quando, segundo seus pais, ele teria que ir para uma escola melhor e dessa forma acabaram trocando de bairro. Mas isso era motivo para o repentino interesse dela na vida dele? Está certo que nesse período de vizinhança eram muito amigos, pode-se até dizer melhores amigos. Inclusive até hoje ele suspeita que foi o primeiro beijo dela. Porém, com toda a história da mudança, se afastaram muito, devido também a círculos de amizades e estilos de vida meio diferentes. Até se encontravam em jantares de famílias ou em festas de amigos em comum, mas nunca se falavam, era sempre a mesma situação: troca de olhares, sorrisos, ela dizendo alguma coisa e ele nervoso sem conseguir esboçar uma reação ou proferir uma palavra. Nunca mais conversaram e tiveram aqueles momentos juntos, se tornaram uma espécie de estranhos que se conheciam.
- Oi, gente. – Ele não podia acreditar, ou melhor, não queria acreditar quando ouviu aquela voz tão conhecida o tirar do transe que estava. – Acho que o meu lugar é aqui. – achou que ficaria sem ar e o coração pularia de seu peito ao ver a famosa dor de cabeça parada na sua frente do outro lado da mesa com aquele sorriso paralisante.
- C-claro – Foi só o que ele conseguiu dizer. O que diabos ela estava fazendo em Oxford e na mesa dele?
- Pela feição de vocês quatro, não esperavam a minha presença aqui ou não sou bem-vinda. – Ela tentou descontrair a tensão que pairava no ar, principalmente aquela a sua frente.
- Não é isso, só ficamos surpresos pelo fato da pessoa atrasada ser você, seja bem-vinda. – Ian desconversou quebrando o clima e olhou significativamente para o moreno que estava ao ponto de ter um ataque de nervos.
- Na verdade já íamos começar com a diversão. – Sam riu acintosamente revelando o cantil que carregava escondido. – Shall we? – Ofereceu a bebida aos amigos logo após colocar um pouco em sua própria taça.
- Claro. – Max empurrou sua taça em direção ao amigo. – Definitivamente J. K. Rowling se inspirou nesse salão para os livros dela. – Mills comentou simplesmente bebendo o líquido fazendo uma cara feia quando sentiu a garganta queimar.
- Cala a boca, cara. – Sam revirou os olhos oferecendo o cantil para Ian que prontamente aceitou. – ?
- Tô legal. – Ele respondeu sério recusando a bebida.
- Eu quero. – riu sugestivamente para o moreno a sua frente e logo direcionou a taça a Sam, pegando um pouco da bebida. – Então, todos nós em Oxford? Será um ótimo ano pelo visto. – Encarou analisando a expressão confusa e inquieta do garoto.
- Eu tenho que ir. – Ele disse simplesmente sem aguardar por questionamentos ou objeções, deixando o lugar numa velocidade que nem sabia que era possível para um ser humano comum, fazendo com que todos na mesa não entendessem nada.
Voltou para a sua nova moradia sentindo-se frustrado. Não era possível que uma garota, mesmo depois de tanto tempo ainda causasse os mesmos sentimentos. Mas só de pensar que daqui pra frente possivelmente encontraria ela recorrentemente pelo campus, seu estômago já revirava e todo aquele nervosismo de adolescente vinha à tona. Não era possível que fosse retornar a sua vida tão abruptamente, sem ele ao menos estar preparado. Se bem que, sinceramente, nunca estaria.
“Get a little self-conscious when I think about you”
- Eu não acredito. – andava apressado pelos corredores do prédio de Business School de Oxford, enquanto resmungava pra si mesmo como uma forma de tentativa de aceitar a situação a qual havia se metido pelo próximo semestre. – Primeira semana de aula e eu já me meti nisso, eu...não...acredito. – Ajeitou a alça da mochila no ombro indo em direção à biblioteca onde encontraria seus amigos. Precisava comentar o que havia acontecido antes que surtasse. Porém, de certa forma, já estava surtando. Os olhares que estava atraindo pelo corredor enquanto esbravejava sua indignação demonstravam isso. – Inferno, nem pra abrir a boca! Por que, ? Você não é assim, tá parecendo um adolescente! Que vergonha. – Finalizou a autocrítica finalmente chegando ao seu destino.
- Vocês nem sabem o que aconteceu! – Manifestou-se assim que abriu a grande porta da biblioteca impecável da Universidade, recebendo logo em seguida olhares enfezados devido ao tom de voz alto do moreno para o ambiente. – Me desculpem. – Ele sussurrou e sentou-se na primeira mesa em frente a entrada na qual seus amigos estavam reunidos.
- Que papelão! Tá doido, cara, de chegar assim? – Max quebrou o silêncio constrangedor que se apossou do ambiente.
- Já pedi desculpas... Eu tava pensando e quando vi nem raciocinei – cochichava de modo para que apenas os amigos ouvissem a conversa.
- Então, o que de tão absurdo aconteceu que você chegou aqui parecendo que tinha visto o fantasma da Bloody Mary pelo corredor? – Ian comentou, analisando rapidamente um livro e anotando alguns tópicos importantes em um caderno.
- Cheguei na sala de aula para a minha cadeira de negócios e adivinhem quem é minha colega pelo semestre inteiro? – cruzou os braços recostando-se na cadeira.
- Não vai me dizer que a ? – Sam debochou revirando os olhos. – Na boa, não aguento mais essa história, você tá insuportável.
- E tem mais... Somos dupla de um trabalho para apresentar no final do semestre. – prosseguiu fingindo que não tinha ouvido o comentário de Powley.
- R.I.P. – Max brincou sob o olhar zangado do moreno. – , não entendo, se vocês eram vizinhos e amigos, por que agora você não consegue mais falar com ela como antes e fica desse jeito perto dela?
- Eu não sei. Eu só sei que ela me deixa extremamente nervoso. – suspirou.
Ian o analisou com o cenho sério, no seu íntimo, Ian Thomas de certa forma suspeitava o que se passava com o amigo, mas só revelaria caso baixasse a guarda e pedisse ajuda.
– Agora sim, R.I.P. – Ian provocou ao ver que aproximava-se batendo o salto na madeira muito bem lustrada da biblioteca.
engoliu seco ao ver a cabeleira loira chegar perto da mesa sorrindo abertamente em sua direção.
- Olá, fellows. – Ela brincou, recebendo um aceno de leve dos três e uma pose estática de . – Bom, – Ela falou dando ênfase ao dizer o nome do moreno.
Deus, ele tinha esquecido como o nome dele ficava maravilhoso sendo dito pelos lábios vermelhos e tão beijáveis dela. Parecia até que ela falava em câmera lenta. “Inclusive, que sorriso... Pera aí, ela mordeu os lábios? Será que se eu jogar ela em cima de uma das mesas da biblioteca e beijar aqui mesmo vai ficar estranho?”
- ? – Foi interrompido do seu transe ao ouvir a voz de o chamar pela segunda vez, desviou seu olhar que estava repousado por alguns segundo nos lábios da loira e riu fraco tentando disfarçar.
- Sim? – Respondeu tentando fingir que nada havia acontecido.
- Eu. Você. Amanhã. Meu dormitório? – Ela perguntou inocentemente se divertindo com a confusão do colega.
arregalou os olhos sem entender a pergunta. O que ele havia concordado que não se lembrava?
- TRABALHO, ! – Max falou batendo na cabeça de com um livro que estava em cima da mesa ao ver que não obteriam resposta pelos próximos cinco minutos.
- Ah. – Ele proferiu as primeiras palavras retomando o raciocínio. – Sim. – Ele piscou algumas vezes como se isso ajudasse o fluxo de consciência a se normalizar.
- Então, é isso, só vim para marcar o trabalho e convidar vocês para uma festa que vai ter hoje a noite para os calouros... Como nós somos, temos que ir, não é? – Enfatizou a última pergunta à especificamente.
- Acho que sim. – Ele deu de ombros.
- Estaremos lá. – Ian piscou para a loira dando a atender que arrastaria o amigo para a festa de qualquer modo.
estava prestes a deixar a biblioteca quando finalmente ouviu uma sentença completa de : - Qual é o seu dormitório?
- Prédio novo. – Ela sorriu tentando de alguma forma passar tranquilidade ao garoto.
- Na verdade, você sabia que, o prédio novo é o com a arquitetura palladiana, eles construíram em 1700 perto da capela. – Sam concluiu sob o olhar aborrecido dos três amigos e de .
- Você não convive com muitas garotas, né? – dirigiu a pergunta a Sam gerando risadas dos garotos.
- Não se preocupe, elas são como nós, só que mais inteligentes – falou para Sam dando alguns tapinhas nas costas do amigo e arrancando risadas dos envolvidos, piscando em seguida para a garota a sua frente.
por sua vez surpreendeu-se com as duas frases completas obtidas de , uma grande evolução entre ela e . Talvez essa festa e esse trabalho os aproximasse e tudo voltasse como era antes.
...
não tinha certeza porque estava se arrumando tanto para ir nessa festa, já era a quarta vez que ele parava em frente ao espelho, analisando milimetricamente a camisa social azul marinho que combinava perfeitamente com a jeans de tom escuro. Alisou a roupa no corpo após colocar o blazer preto como uma forma de tentar fazer com ela fixasse perfeitamente ao corpo e transpassasse a segurança que ele precisava para deixar aquele dormitório. Checou o cabelo castanho o arrumando impecavelmente, colocou o melhor perfume e percebeu que seu celular notificou insistentemente, deveria ser Ian o apressando pois estava atrasado. A festa seria no mesmo salão principal que fora o almoço de boas-vindas dos calouros, todavia, ao invés de ser promovida pela universidade, era feita pelos veteranos para que tivessem contato com os ingressantes daquele ano.
Assim que chegou ao local, pode ouvir a música excessivamente alta que o ambiente emanava ao ponto de incomodar os ouvidos, entrou no local notando que as mesas haviam sido substituídas por uma grande pista de dança com diversas luzes que ofuscavam a visão conforme piscavam e trocam de cores, enquanto nas laterais podia avistar algumas pequenas mesas com bancos altos. No fundo estava o DJ que tocava os hits do momento e no canto esquerdo o local favorito de todas as festas para : o bar. No mesmo momento que direcionou seu olhar para aquele ponto, distinguiu no meio da multidão seus amigos indo logo em seguida de encontro a eles.
- Até que enfim, pensei que não viria mais. – Ian brincou sob o olhar de reprovação de , que sem demora se desviou ao perceber mais a frente, de costas, a dona da sua dor de cabeça, que estava linda com o seu vestido azul turquesa que provavelmente realçariam seus olhos.
Sua respiração falhou quando ela virou o pescoço e o encarou. Não soube ao certo dizer quanto tempo ficou perdido em um certo tipo de êxtase admirando a mulher, que nem notou que esta se aproximou sorrindo da cara de bobo que ele seguramente estava.
- Oi. – Ela riu abertamente ao ver o espanto no rosto do moreno.
- O-oi – Respondeu saindo do êxtase. – Nem vi você chegando. – Mentiu parcialmente, pois, de certo modo, estava a secando com o olhar, mas de fato quase não percebeu que ela se aproximara.
- Fiquei feliz que você veio... Que vocês vieram. – Tentou refazer o raciocínio na tentativa de não deixar tão clara a satisfação de ver o amigo ali.
- Ah sim, não quero perder nada que Oxford possa me proporcionar. – Sorriu verdadeiramente, surpreendendo-se com o fato de que sim, ele sabia como flertar com . não estava tão morto quanto pensava. – O que acha de pegarmos algo para beber? – sugeriu a loira oferecendo seu braço para que ela encaixasse o dela, recebendo um sorriso de Ian de incentivo.
- Quero um Sex on The Beach. – Ela pediu ao garçom, sorrindo abertamente e dando uns pulinhos ao receber a bebida em tons de laranja e vermelho, bebendo logo em seguida e obtendo de volta um olhar curioso de .
- Nunca vou entender esse seu gosto. – Fingiu nojo. – Bebida doce para um caralho. Quero uma dose de whisky. – Sinalizou ao mesmo garçom se apoiando no balcão e aprofundando o olhar em que desviou rapidamente. Não sabia dizer de onde estava tirando essa coragem de hoje, mas estava sentindo-se diferente essa noite.
- O que acha de irmos lá fora? – Perguntou ao moreno após ele receber a bebida que havia pedido. – Tem uma decoração linda com uns puffs e luzes – Ela dizia de uma maneira com olhos brilhando que fizeram lembrar de uma com quinze anos e concordar na mesma hora.
- Então... – tentou quebrar o silêncio que estava no recinto fazia um certo tempo. De fato a decoração era deslumbrante, dava um clima perfeito com todos aqueles puffs coloridos e luzes brancas penduradas. – Quanto tempo né? – apenas a olhou concordando com um movimento leve com a cabeça.
Aquela sensação de estranhos que se conheciam já estava incomodando muito , pois a um tempo atrás, seria impossível para eles ficarem em um mesmo ambiente e ficarem quietos dessa maneira sem saber o que dizer e como dizer ou sem saber o que fazer.
– Então... – Ela insistiu mais uma vez, vasculhando a sua mente em busca de qualquer tópico que gerasse qualquer tipo de conversa decente entre os dois.
O que apenas provocou uma risada em , ele conhecia a cara de pensativa de quando estava tentando assumir o controle de uma situação e não sabia como.
– Do que você está rindo?
- De você. Por que quer tanto arranjar um assunto? Curte o momento. – Disse simplesmente bebendo um gole de seu whisky.
- Desde quando você se tornou o Sr. curte o momento? Porque pelo que eu me lembro, quem é todo estressadinho, organizadinho e certinho aqui é você. – Ela concluiu cruzando os braços como se tivesse ofendida com a constatação dele.
- Não sei. Tô sendo agora... Ou melhor... Desde que eu entrei em Oxford eu decidi ser.
- Hum. – resmungou. – Meus pais choraram quando eu entrei em Oxford. – A loira se aproximou do amigo contando o fato enquanto abraçava os próprios joelhos.
- Meus pais chorariam se eu não entrasse em Oxford. – Riu fraco. – Você sabe... tradição de família. – Finalizou o whisky do copo olhando vagamente para o horizonte.
- Nunca imaginei você no mundo de negócios e grandes empresas como o seu pai. – Ela analisou a feição séria no rosto do agora homem ao seu lado. Quando ele tinha se tornado tão bonito? Quando tinha adquirido essas costas tão largas?
- Nem eu. – Ele riu nervosamente encontrando seu olhar no dela, o repousando por algum tempo, contudo, o desviando em seguida ao ficar desconfortável. – Mas sabe, o sangue puxa né. Pelo menos é o que dizem. E hoje, eu realmente quero fazer isso. – Ele sorriu sincero.
- E quanto a sua música? Você era realmente bom. – abraçou o próprio corpo tentando afastar o frio que estava sentindo.
- Depois que eu perdi a minha audiência favorita não fazia mais sentido. – sorriu a olhando profundamente.
sabia que ela era a maior incentivadora de quanto ao quesito artístico e que ele só conseguia ser o que realmente era perto dela.
Ela sentiu uma aproximação estranha, não sabia exatamente o iria fazer já que desde sempre o garoto fora imprevisível e paradoxal.
Fechou os olhos quando sentiu o toque dos dedos quentes e macios em seu ombro, tudo que ansiava em seguida era saber se seus lábios estariam na mesma temperatura e textura. Sentiu o corpo dele se aproximar em sua direção, praticamente em ressonância com as batidas do seu coração que aumentavam quanto mais próximo ele chegava, ela queria ser beijada por novamente, como foi no seu primeiro beijo.
Contudo, a frustração veio quando ele apenas retirou seu blazer colocando nos ombros dela.
- Vi que você tá com frio. Melhor agora? – Ele sorriu simpaticamente.
- Aham. – Seria tudo o que conseguiria responder no momento. Estaria melhor se ela estivesse sendo aquecida pelo beijo e pelo abraço quente dele. Mas ela não diria isso. Ele teria que descobrir sozinho.
...
A noite anterior havia sido tão incrível ao lado de que tinha medo de estragar tudo ao ter que ficar por algumas horas trancafiado com ela em um dormitório.
De certo modo, ainda sentia a mesma confiança de ontem e aquela festa foi perfeita para um reencontro. Foram capazes de passar a noite inteira conversando como há muito tempo não faziam, por sua vez, foi capaz de falar com e ser ele mesmo como há muito tempo não era. Tudo o que importou naquela festa foi a risada da loira ao seu lado, a garrafa de tequila que dividiam, as confidências que trocavam e as atualizações da vida que compartilhavam.
Realmente, haviam perdido muito um da vida do outro, mas nada que o tempo que passariam juntos em Oxford não pudesse recuperar. E era o que tinha em mente, recuperar o tempo perdido com . Mas, primeiramente, tinha o obstáculo do trabalho no território dela.
Separou o que precisaria levar para começarem a pesquisa, nada além de alguns livros e anotações de aula, colocando tudo dentro de sua mochila. Saiu pelas ruelas da universidade quando já começara a anoitecer, indo em direção ao prédio indicado como o dormitório da colega.
Caminhou algumas quadras e não demorou para avistar a loira por uma janela, sentada em uma mesa, enquanto digitava algo concentradamente no notebook. “Como ela era linda.” A imagem fixou-se em seus pensamentos, mas logo foi afastada com o sorriso que expressou. O moreno sorriu de volta aprazivelmente, inclinando um pouco a cabeça como uma tentativa de disfarçar que a admirava por alguns segundos, mas sabia que não surtiria efeito.
- Oi – abriu a porta dando espaço para o mais alto entrar no ambiente. – Seja bem-vindo ao meu refúgio.
- Oi... Legal aqui – entrou analisando o ambiente muito bem decorado com móveis de madeira todos bem alinhados e diversas estantes com muitos livros.
No centro havia um sofá que parecia ser bem confortável e no canto esquerdo uma cama de casal com os cobertores levemente desorganizados. Enquanto em frente a grande janela, havia a mesa com o notebook que estava antes e duas cadeiras.
– Parece que alguém ganhou um upgrade. – Brincou ao comparar o nível do dormitório com o seu.
- Ah... Ás vezes aqui nessa universidade, nos deparamos com uns lugares muito Oxford para a própria Oxford – Ela riu analisando o próprio quarto.
- Realmente... Então... Eu trouxe o que você pediu – Aproximou-se colocando os livros e cadernos em cima da mesa.
- Certo, vamos começar. – A loira disse sentando-se em uma das cadeiras na frente do notebook sendo acompanhada por que sentou-se ao seu lado. – Como você prefere fazer? Eu pesquiso e você anota? – ficou aguardando uma resposta que não veio já que o moreno ao seu lado estava muito distraído analisando o seu rosto, ela apenas ignorou a proximidade com que estavam sentados e a falta de palavras e começou a fazer o bendito trabalho.
até estava tentando se concentrar nas perguntas e constatações de ou até mesmo ler tudo que ela digitava no notebook, porém estava extremamente difícil. Fazia mais de uma hora que ele travava uma briga interna para manter a compostura, mas a cada minuto que passava, ele perdia um pouco. A pouca luz do quarto que era iluminado apenas pelo abajur da mesa e pela lua e estrelas na rua criavam um clima perfeito. E tinha toda aquela proximidade com que estavam sentados, ele podia sentir o calor que o corpo dela emanava daquela flanela xadrez e toda vez que ela se ajeitava na cadeira as pernas nuas, cobertas apenas por um shorts, encostavam nas suas. Além disso, ver o rosto de de tão perto, assim tão sério e concentrado, ela era tão linda e a cada dia ficava mais. Ele não conseguia tirar os olhos da feição delicada, dos lábios vermelhos e tão beijáveis que ela tinha e daquela pele que parecia ser tão macia e tinha um cheiro maravilhoso e adocicado, no momento tudo que ele queria era provar e ver se o gosto seria como ele imaginava.
- O que foi? – o olhou desconfiada e riu fraco.
- Nada. – Ele desviou o olhar se espreguiçando e apoiando o braço direito na cadeira da colega.
- Sei. – Ela semicerrou os olhos mas deu de ombros seguindo o que estava fazendo.
Num ímpeto, deslizou as pontas dos dedos frios pelo pescoço nu de , causando um arrepio imediato na garota. Vendo que ela não mudou sua postura, ou não pareceu que iria interromper o momento, intensificou o toque, deslizando o polegar delicadamente desde a nuca até os ombros da loira onde fez uma massagem. Afastou um pouco a flanela xadrez que ela usava, revelando a regata branca, depositando um beijo no ombro esquerdo enquanto sua outra mão evoluía a massagem, descendo em seguida pela lateral do corpo da colega até chegar na cintura onde a segurou com mais intensidade a aproximando de si. sabendo que não teria como evitar o que aconteceria a seguir virou o rosto na direção de , aproximaram os lábios primeiramente apenas para sentir a presença um do outro. Quando finalmente a puxou a beijando, um arrepio percorreu ambos os corpos. O moreno não demorou para intensificar o beijo quando segurou a nuca da jovem com uma firmeza. Como era maravilhoso finalmente ter em seus braços. Era melhor do que poderia ter um dia imaginado. Eles eram perfeitos juntos. O beijo era sincronizado como jamais pensou que poderia ser com alguém. O jeito que estava se sentindo era magnífico, era uma mistura de desejo com ondas que o reviraram por dentro. o deixava de um jeito que nenhuma garota jamais o deixou, mas ele gostava do que ela fazia com ele.
Todavia, uma confusão mental surgiu quando sentiu tentando tirar sua camiseta e uma luz acendeu em sua cabeça. “Espera, é a ! A . Não posso fazer isso. Ela vai achar que eu só vim aqui pra isso. Eu preciso fazer as coisas certo”. E com essa nuvem de pensamentos, embora o corpo estivesse respondendo de outra forma, interrompeu o beijo abruptamente deixando a loira a sua frente sem entender nada.
- O que foi agora, ? – questionou um pouco sem paciência.
- Eu tenho que ir. – O moreno disse meio confuso juntando seus pertences.
- Como assim tenho que ir? Qual o teu problema? – A loira o encheu de perguntas. – Estávamos aqui no maior clima e DE NOVO você vai fugir. Achei que você estava feliz, assim como eu, de termos nos reencontrado e estarmos nos dando tão bem.
- Eu tô... Eu tô... Eu juro. – Falou sincero a olhando profundamente. – Mas eu não posso e nem sei explicar agora. Foi maravilhoso, acredita em mim. – Quase implorou pela compreensão de . – Me desculpa. – E saiu do local chateado, esbravejando pra si mesmo o quando poderia ter sido idiota.
“Get a little excited”
- Eu não acredito que eu fiz isso. Mas que inferno, . Parece um adolescente de quinze anos novamente. Inacreditável. – Esbravejava pelas conhecidas ruelas de Oxford a caminho do dormitório que o pudesse ajudar a colocar a cabeça no lugar e entender tudo o que estava passando em seus pensamentos. – Eu devo ser louco de ir até lá... Essa hora... Quero a minha morte realmente. – Chutou uma lata de lixo que estava no caminho tentando liberar a adrenalina reprimida, atraindo um olhar enfezado de um dos seguranças locais. – Desculpa. – Sorriu sem graça, recolocando o objeto onde estava anteriormente. Sentia que aquela dor de cabeça estava voltando.
De fato, havia sido atingido novamente pelo “vírus” . Riu ao lembrar de um fato, quando era criança, sempre que tinha que se despedir de após passarem o dia juntos, ele reclamava de dor de cabeça, fingindo que estava doente para ver se os pais se compraziam, para que ele pudesse ficar mais um pouco na presença da amiga. Desde então, os pais dele passaram a dizer que ele era atingido pela gripe temporária e por isso que passou a se referir a loira como a razão das suas dores de cabeça, pois, de certa forma, em um momento de sua vida ela realmente se tornara.
- Mas que diabos você faz aqui? – Parou para analisar o relógio na parede dentro do dormitório. – As fucking sete horas da manha!?
- Me desculpa. – Nem esperou espaço já entrando no ambiente. – Eu precisava falar com você.
- Qual é, cara? Que merda que você aprontou agora? – Ian disse meio sem paciência sentando-se em sua cama, esfregando os olhos e bagunçando os cabelos, como se tentasse acreditar que realmente estava essa hora da manhã ali. – Não sei você... Mas tem gente aqui que dorme.
- Eu sei, já pedi desculpas. Mas eu precisava falar com você especificamente. E eu não dormi a noite inteira.
- Percebi. – Comentou simplesmente cruzando os braços. – Vamos, desembucha.
- Você quer desde o início? – Disse sentando-se em uma cadeira sobressalente.
- Sim, mas resume.
- Bom, tudo começou lá na festa, aquele dia... – Seguiu contando todos os fatos, detalhe por detalhe ao amigo, para que ele tivesse uma boa dimensão do estrago.
- VOCÊS O QUE!? – Thomas o olhou arregalando os olhos.
- Sim... A gente se beijou – Sorriu lembrando do momento. – Mas daí algo estranho começou a surgir em mim, como se fosse um alerta que eu estava fazendo as coisas errado e fui embora.
- VOCÊ FUGIU DELA DE NOVO!? – Ian balançou a cabeça em negação, rindo um pouco da situação do amigo. – Francamente...
- Não era a minha intenção inicial, mas sei lá. Eu não queria jamais que ela pensasse que eu fui até lá só pra levar ela pra cama.
- Entendo... Mas bem, deve ser exatamente o oposto que está se passando na cabeça dela. – Ian analisou pensativo.
- Eu sei... Por isso eu preciso da sua ajuda, não sei o que fazer.
- Qual a dificuldade, cara? Você mesmo me disse que as coisas estavam maravilhosas entre vocês dois. Que você estava agindo com ela como antes. Só continuar da mesma forma. – Ian concluiu.
- Eu não sei, não sei mesmo. Eu tenho a sensação que eu conheço ela a minha vida toda, mas como se eu conhecesse outra , não essa . Entende? – Bagunçou seus cabelos um pouco confuso. – Aquela de antes, eu conseguia falar com ela, conseguia ser eu mesmo. Mas essa nova, que eu reencontrei, ela é diferente, ela me deixa maluco. – Soltou o ar de seus pulmões pesadamente como se aquilo fosse aliviar o peso que carregava e o fizesse entender tudo o que pensava e sentia.
- Me explica, talvez eu entenda e consiga te ajudar. – Ian parou para ouvir o amigo pacientemente.
- Ok. – respirou fundo enquanto procurava em seu íntimo as melhores palavras para definir a diferença que ele via nas “duas Chloes”. – Bom, - Começou com cautela. – A antiga me transmitia tranquilidade, paz... Eu poderia ficar horas por perto apenas escutando ela falar sobre o dia ou ouvindo a respiração dela. É engraçado, quando ela ri, ela faz um barulhinho no final, como se tivesse chegado à exaustão de rir da coisa mais engraçada do mundo. – Ele riu lembrando. – Mas essa , ela eleva minha adrenalina no limite, parece que eu tô numa final do Champions League. Meu coração fica acelerado...Minhas mãos tremem. – mexia as mãos incontrolavelmente, afinal, estava extremamente desconfortável falar sobre como se sentia quando estava perto de , mas, ao mesmo tempo, expor isso ao amigo, talvez, de algum modo, lhe fizesse entender e mudar sua conduta daqui pra frente, não queria e não poderia continuar agindo como um adolescente. – A antiga me passava segurança, eu me sentia seguro com ela, eu sentia que podia confiar e falar tudo pra ela. Eu era uma versão melhorada quando tava perto dela. Eu sabia o que dizer e como agir. Essa , perto dela eu fico estressado, ansioso, eu não consigo falar nada e quando eu falo é bobagem, eu fico tímido e fico extremamente nervoso. É bizarro.
- Entendo... Dude, PARA! – Ian olhou pra ele como se visse duas cabeças. – Você que colocou na sua cabeça que existem “duas Chloes”. É a mesma só que vocês se afastaram com o tempo e o maior motivo surgiu... – Thomas ponderou antes de falar o que ele tinha certeza que era o sentimento primordial que fazia seu amigo se sentir daquela maneira.
Não existiam duas Chloes, existiam duas maneiras que via ela, uma na infância e parte da adolescência e outra que surgiu quando era adolescente e que perdura até hoje. Os sentimentos de se compartimentavam e dessa maneira, , com sua mania de organização e de definir e de dividir tudo em caixas separou as Chloes ao invés de juntá-las.
– Eu não acredito que eu tenho que dizer pra esse marmanjo que ele tá apaixonado – Ian comentou mais pra si mesmo, procurando a maneira certa de falar sem que o moreno a sua frente surtasse.
- O que?
- Sim, , você está apaixonado. – Nesse momento foi como se uma cortina tivesse caído diante dos olhos de e revelado tudo. Mas não poderia ser. Não é como se ele nunca tivesse se apaixonado, já tivera outras namoradas, ele saberia, obviamente. – Não venha com essa cara de negação, pois esse é o primeiro estágio de admitir que gosta de uma pessoa... Negação. – Ian o repreendeu.
- Meu Deus. – coçou os olhos na tentativa que isso ajudasse a chegar a uma conclusão.
- Vou te explicar... – Thomas respirou fundo. – Para com essa história de “duas Chloes”, sempre existiu uma , essa que você se reaproximou. O que aconteceu é que quando você era criança, você tinha uma visão dela e conforme vocês foram crescendo, você parou de vê-la como possibilidade de apenas uma amizade e passou a vê-la com outros olhos. Porém... – Riu convencido com a cara de espanto que fazia a cada nova constatação. – Ao invés de você unir os dois sentimentos, você separou e colocou na sua cabeça que a tinha mudado. Ela sempre foi a mesma. Quem mudou e se afastou foi você! Para de tentar classificar ela como um dos seus futuros negócios e enxerga como uma pessoa só, a que esteve com você nos últimos dias. Por que você acha que se deram tão bem?
- Sei lá.
- Porque esqueceu por um período de separar as Chloes, cabeção. – Concluiu dando um tapa na cabeça do amigo. – Agora para de ser besta e a chame para um date pra tentar redimir essas fugas. Acredite, se ela quisesse só ser sua amiga, ela já tinha te colocado na friendzone há anos.
- Realmente... Acho que você tem razão.
- Claro que eu tenho, você não seria nada sem mim. – Deu um soquinho no braço do amigo o incentivando. – E vê se leva ela num date e não foge, caso, você sabe, ela queira passar pro próximo nível.
- Eu só estava a respeitando, sei lá. Eu queria fazer tudo certo.
- E você vai. – Se levantou fazendo com que o amigo ficasse de pé também. – Mas vai por mim, se ela tinha interesse, o que ela menos queria era você com pudores – Sorriu ladinamente. – Agora vaza que eu quero dormir.
- Valeu, cara. Vou agora mesmo chamar ela.
- Agora!? Quase oito da manhã? – O questionou.
- Claro, assim a encontro antes dela ir para a aula. Tchau e obrigado de novo. – Saiu sem nem dar tempo do amigo se despedir apropriadamente.
...
- ! – A chamou assim que a avistou saindo de seu dormitório, fazia pelo menos uns dez minutos que aguardava escorado na parede do prédio do outro lado da rua. – Queria falar com você! – Atravessou a rua indo em direção a loira que o ignorou seguindo o seu caminho. – Por favor! – A segurou delicadamente pelo braço quase suplicando por sua atenção, , por sua vez, apenas parou cruzando os braços. o encarando sem proferir nenhuma palavra. – Me desculpa por ontem! Eu juro pra você que estava tudo maravilhoso. Eu só fui embora porque queria fazer as coisas corretamente.
- Fazer o que exatamente? – Questionou um pouco impaciente.
- Nós dois. – Apontou para os dois, dando de ombros.
- Me fala então... Você não fala nada, apenas vai embora toda vez que há a possibilidade de uma aproximação mais fundamentada entre nós.
- Eu ainda não posso, eu preciso entender tudo isso... – Suspirou exalando angustia pelos olhos.
- , vamos, me fala o que te deixa assim?
- Nada.
- Eu desisto... Eu realmente não te ent... – nem teve tempo de concluir a frase pois teve seu corpo puxado contra ao de e os lábios selados pelos dele. Se beijaram por alguns minutos, delicadamente e sem pressa.
- Olha, eu quero fazer isso certo, ok? Me deixa te recompensar por ontem? Queria te chamar pra um date hoje. Topa?
- Ok. Mas sem ir embora! – Ela brincou socando o peito dele levemente.
- Só se você me expulsar. – Ele riu verdadeiramente selando os lábios dela novamente.
...
- Olá, . – esboçou o melhor sorriso galanteador que poderia assim que a porta do dormitório da loira foi aberta. Ela sorriu abertamente com o gesto do moreno muito bem arrumado e perfumado à sua frente.
- Olá, . – Tentou responder a saudação da mesma forma que . – Já estou quase pronta. – Falou dando espaço para que ele entrasse no ambiente.
- Trouxe flores e chocolates – Sorriu largamente entregando os presentes a ela. – Aparentemente é isso que se leva em dates. – Deu de ombros, fingindo que era um novato no assunto.
- Oba! – Ela deu um pulinho animada pegando os girassóis e caixa de bombons artesanais. – Girassóis! Minha flor favorita! Como você lembra? – Questionou animada os cheirando delicadamente e posteriormente os colocando em um vaso improvisado. – E os bombons... Vou comer sozinha, desculpe!
- Impossível não lembrar! Teu quarto quando você era criança era cheio de referências à girassóis... E, inclusive, uma vez você fez eu pular uma grade da casa dos Johnson para pegar um pra você do jardim deles. – Riu relembrando. – Voltei todo arranhado pra casa tendo que pular de volta rápido porque o cachorro deles veio pra cima de mim.
- Nossa, não lembrava dessa parte, só da parte em que eu voltei pra casa com o meu girassol lindo. – Falou com os olhos brilhando.
- E quanto aos chocolates, acho um absurdo não dividir comigo. – Fingiu estar ofendido. – Eu sempre dividi a minha comida contigo.
- I’m so sorry! – respondeu rindo ao “esconder” a caixa de bombons dentro de uma gaveta. – Bem, eu tô pronta. – Comunicou pegando a pequena bolsa de ombro preta.
Assim que parou para analisa-la dos pés a cabeça. “Caramba”, pensou pra si mesmo. estava lindíssima. O vestido branco um pouco acima dos joelhos com detalhes em renda a deixou deslumbrante. Ela brilhava como um raio de sol com os cabelos loiros caindo sobre os ombros, os olhos lançavam partículas que eram capazes de hipnotizar, tinha certeza dessa parte, e o sorriso, por sua vez, finalizava perfeitamente a imagem. Saiu do transe em que estava perdido quando o chamou pelo seu nome, mordendo o lábio rosado em seguida de forma tímida.
- Vamos, então. – Ele riu tentando disfarçar. – Primeiro preciso passar em um lugar para pegar as coisas para hoje. – A guiou pela porta indo em direção as ruelas de Oxford.
Seguiram caminhando pelas ruas da universidade enquanto conversavam animadamente sobre diversos assuntos. Nada melhor para um date em Oxford do que aproveitar o visual e tudo o que o campus tinha a oferecer. Pararam rapidamente numa pequena padaria onde entrou rapidamente e saiu de lá carregando uma enorme cesta.
- Piquenique!? – questionou animadamente.
- Claro. – O moreno sorriu de modo convencido.
- Mas onde?
- Surpresa.
Caminharam mais alguns metros até chegarem ao destino que havia planejado. A companhia um do outro estava sendo extremamente agradável, não ficavam sem assunto nenhum minuto, além de as risadas serem constantes. Era final de tarde, todavia um sol gostoso ainda reluzia no céu sem nuvens.
- Vai ser aqui o piquenique? – perguntou animada ao chegaram no telhado de um dos prédios centrais do campus que estavam em Oxford. A vista que tinham de cima daquele prédio histórico era de cair o fôlego, dava para ver grande parte da universidade e todas as suas construções impecáveis e fascinantes.
- Vai – Respondeu colocando a cesta no chão e abrindo a toalha xadrez. – Descobri por acaso esse lugar e achei perfeito. Então... Tem espumante – Sorriu mostrando a garrafa e duas taças de vidro. – E um monte de comida boa, como croissant de chocolate que você ama.
- Oba! – Bateu palmas animadas espiando dentro da cesta.
Ficaram passando o tempo juntos jogando conversa fora enquanto comiam e bebiam. O encontro de fato estava sendo sensacional, a sintonia que os dois tinham ao ponto de completarem pensamentos um do outro, fazia com que aqueles sentimentos e tudo que viveram ficasse mais vivo nos corações. Parecia que o tempo que ficaram afastados nunca havia existido.
Um lindo pôr-do-sol começava a ser formado quando levantou-se indo até a beira do terraço, apoiando-se no parapeito.
- Vai ser uma noite linda. Olha esse céu. – Falou com os olhos brilhando.
não poderia perder o momento para admirar a mulher, aquele alaranjado que o sol emitia naquele horário a deixava espetacular. Cada movimento e sorriso dela, ele queria poder ser capaz de fotografar e guardar de recordação o resto da vida.
De fato, ele estava apaixonado e não teria mais como negar isso. E com absoluta certeza nunca mais fugiria mais de . – Incrível aqui em cima né? – Comentou de longe observando a garota.
- Sim... Olha isso – Respondeu perplexa com a visão que contemplava do campus visto por cima acrescido do pôr-do-sol. – Nós somos muito sortudos de estar em Oxford... E...
- E?
- Juntos. – Ela sorriu sincera, recebendo um sorriso de volta da mesma forma.
- Eu juro, estar em Oxford é como ser convidado para cem festas ao mesmo tempo... E eu quero ir em todas, entende? – Constatou finalizando a bebida da taça que tinha em mãos e se dirigindo ao lado de .
- Entendo, me sinto assim também. É como se o meu coração fosse saltar do meu peito a toda hora. Me sinto animada e realizada todos os minutos aqui dentro.
não conseguiu conter a vontade que teve de acariciar o rosto delicado e a pele macia de . Fez um carinho sutil com o polegar na bochecha rosada da garota, queria poder gravar a feição dela em sua mente e em seu tato, se isso fosse possível.
- Tem um pouco de verde no azul dos seus olhos, senhorita . – Soprou o nome dela após brincar com o que havia descoberto ao estar tão perto da garota. Ficaram alguns segundos encarando-se, procurando vasculhar através dos olhos o que estavam sentindo.
, sem querer perder mais tempo, aproximou-se lentamente de a beijando como desde o início do encontro queria.
...
Como havia premeditado, a noite em Oxford estava perfeita. A lua estava uma bola resplandecente no céu, acompanhada de diversas estrelas cintilantes. Estavam a horas naquele telhado, apenas sentindo a presença um do outro, enquanto trocavam beijos entusiastas.
- O que acha de conhecer mais de Oxford à noite? – questionou. – Eu sei que a vista e o local estão divinos, mas tem tanto a ser explorado.
- Acho uma ótima ideia. – A loira concordou levantando-se e puxando o garoto pelas mãos. – Vamos.
Deixaram o ambiente, que agora havia se tornado o favorito para ambos na universidade, seguindo a pé pelas ruas históricas do campus. Eles definitivamente não queriam que a noite terminasse, pois ao andarem de mãos dadas e curtindo a companhia um do outro, ao passo que conversavam sobre diversos assuntos, souberam finalmente que sempre deveriam ter ficado juntos e que de agora em diante, nada os afastaria.
- Acho que vai chover. – atestou assim que uma enorme gota caiu em sua bochecha, olhando para o céu em seguida, calculando quais eram as chances deles caminharem oito quadras até seu dormitório sem ficarem completamente encharcados. – Acho melhor a gente voltar, se não quisermos tomar um banho. – Riu puxando o moreno pela mão em direção ao seu prédio.
Apressaram o passo quando sentiram uma chuva fina começar a cair sob suas cabeças, porém, ao estarem duas quadras do dormitório de , uma chuva torrencial despencou. Em meio a risadas, por escorregarem diversas vezes durante o percurso e completamente molhados, chegaram em frente ao prédio de .
Ficaram se encarando por algum tempo em meio a chuva, pois apesar de quererem o abrigo e o calor de um quarto seco, ainda estavam incertos de como a noite acabaria. a lançou um olhar representando o que estava pensando e pode ler nos olhos azuis a sua frente que tinham o pensamento parecido.
- Quer entrar? – o convidou. – Até podemos ficar aqui, mas acho que ali dentro vai estar muito mais confortável, quente e seco. – Deu de ombros e pode sentir um arrepio de frio e ansiedade percorrer seu corpo.
assentiu e ambos entraram no quarto já conhecido. Realmente, lá dentro estava muito mais confortável, o garoto agradeceu quando a loira o jogou uma toalha seca e ele pode se secar.
Assim como o assunto era abundante durante todo o encontro, nesse momento havia morrido completamente dando lugar a uma tensão quase palpável que pairava o ar e sufocava parcialmente. sabia que não era assim, nunca fora. Se sentir nervoso como estava agora perto de uma garota? Realmente ele tinha achado que essa fase com havia terminado, mas só de vislumbrar a possibilidade de passar a noite com a loira, a ansiedade tomava seu corpo por inteiro. O que fazia com ele era inexplicável, mas, ele gostava da sensação de estar totalmente intoxicado por ela e de tudo que ela o transformava. descobriu hoje, que o vírus era, na verdade, maravilhoso.
Ficaram se encarando por mais alguns minutos naquele quarto e sem mais delongas, tomou a coragem necessária para beijá-la, enquanto pressionava o corpo da loira contra o armário. Ele havia prometido pra si mesmo que quando tivesse oportunidade, faria tudo certo e essa era o objetivo primordial desse encontro.
Deslizou a mão direita até a nuca onde entrelaçou os dedos nos cabelos macios e cheirosos da garota. Com a sobressalente apertou a cintura dela com firmeza a puxando pra si. Não tardaram a tatear o quarto em procura da cama, pois não queriam parar de se beijar por um segundo. Quando consumaram tudo aquilo que sentiam, não puderam mais duvidar que eram para terem ficado juntos a muito tempo.
- Olha esses dedos. – tocava a mão dela, a analisando. – Perfeitos. Estavam deitados na cama do dormitório da loira abraçados a um bom tempo. Não queriam que essa noite terminasse nunca mais.
riu do comentário.
– Esse cabelo. – Bagunçou os cabelos do moreno.
- , preciso te dizer uma coisa...
A loira o analisou com o cenho franzido, esperando o que ele iria dizer.
- Eu tô muito feliz de a gente ter se reencontrado e tudo isso ter acontecido.
- Eu também. – Ela completou.
- Eu queria... Eu queria principalmente dizer que eu não queria que isso... – Apontou para os dois. – Nós... Acabasse. – Falou sério enquanto lançava um olhar profundo sobre o rosto da loira, tentando perceber se por acaso ela compartilhava do mesmo sentimento. Ele tinha medo que pudesse estar sendo precipitado, mas não conseguiria mais evitar. Não queria mais ficar afastado de . Não iria mais fugir. Ele queria ela. - Eu quero fazer as coisas do jeito certo, então, você quer namorar comigo?
apenas abriu um sorriso largo o beijando apaixonadamente, ela nem precisava responder que sim. Sim, ela queria namorar . tinha lido os seus pensamentos e essa nova etapa da vida dos dois juntos, seria a melhor fase da vida dela. Ter seu melhor amigo de volta, mas agora como seu namorado, tornaria tudo mais especial.
- Eu te amo e eu sempre amei, só não sabia como demonstrar isso... Você sempre fugia e se afastava de mim, criando uma espécie de barreira. – Ela riu sincera, se aconchegando no peito dele, após dizer as três palavras enquanto analisava profundamente os olhos do moreno.
sorriu calmamente, porém em seu íntimo, parecia que iria explodir.
– Eu também te amo . – Admitiu soprando o nome dela ao final.
Se aconchegaram e acabaram dormindo juntos tranquilamente.
Finalmente sentia que tinha encontrado a paz e que todo aquele nervosismo que causava, havia sumido. Novamente ela transmitia a tranquilidade e segurança de sempre. Novamente ela estava na sua vida e dessa vez para ficar. Agora ele conseguia ver ela como a única que sempre existiu. Agora ele poderia fazer tudo certo. estava curado do “vírus” , pois este havia tomado conta de todo o seu sistema e seu corpo não precisava mais lutar contra, ele queria ela por inteiro. , por sua vez, agora não era mais a dona da sua dor de cabeça e sim a dona do seu coração.
Já havia se tornado um hábito de Domingo para encontrar os amigos no London Cafe**, o clima de neblina e chuva fraca daquele dia propiciava ainda mais o costume. adentrou no local conhecido por suas largas janelas que mostravam a área mais nobre de Londres. Não teve dificuldade para avistar os amigos já que eram eles que geravam a maior parte do barulho do local com as risadas incontroláveis.
- Achei que não vinha mais. – Sam falou assim que o moreno se pôs de pé em frente a mesa deles.
- Me enrolei – disse simplesmente enquanto fazia o amigo deslizar para o lado no sofá de couro preto para sentar-se logo em seguida. – Mas agora tô aqui – Sinalizou ao garçom fazendo o seu pedido de sempre, cappuccino. – Qual era o assunto?
- Nós estávamos falando sobre a festa de ontem, tava demais. Quer dizer, as partes que eu me lembro, obviamente. – Max riu bebericando um gole de café expresso. – Ainda tô meio enjoado. – Fez uma cara feia como se lembrasse da ressaca na qual acordou, ou melhor, como se quisesse esquecer.
- Agora, a pergunta que não quer calar: por onde você se meteu ontem? – Ian questionou encarando . – Te vi no inicio e depois, desapareceu. – Falou a última palavra pausadamente.
- Bom, eu cheguei meio cedo, afinal, queria ir embora antes porque né, segunda-feira é meu primeiro dia de aula em Oxford. – Agradeceu com um aceno de cabeça ao garçom que entregava seu pedido, enquanto os amigos rolavam os olhos para a frase dita por .
Não é que fosse do tipo certinho, nerd ou como quiserem o definir, ele só gostava de manter as coisas na linha, organizadas. Havia sido criado assim e essa era a conduta que seguia durante toda a sua vida. Não era como se sentisse orgulho ou achasse uma grande qualidade o seu jeito, mas não podia evitar.
– Enfim, cheguei lá na casa do Andrew e adivinhem com quem eu esbarrei logo na entrada?
- – Os três responderam entediados.
- Não precisa nem entrar em detalhes quanto a isso, já sabemos como você fica nervosinho perto dela – Sam provocou. – Eu realmente não entendo o porquê disso, é só uma garota.
o olhou repreensivo, fingindo que não escutara o comentário de Powley.
– Bom, fingi que nada tinha acontecido e segui meu rumo ao melhor local da festa, conhecido como o bar. Nisso chegou a Lily, começou a conversar comigo, papo vai, papo vem... – Sorriu ladinamente para os amigos, deixando subentendido o que havia acontecido. – Então, vocês entendem porque eu sumi da festa e me enrolei hoje – Bebeu logo em seguida um longo gole do cappuccino.
Por estar disperso entre risadas e comentários de seus amigos, quase não percebeu quando, no minuto seguinte, a razão da sua dor de cabeça entrou pela mesma porta a qual ele havia entrado anteriormente.
- – Os três amigos sussurraram simultaneamente fazendo instantaneamente ruborizar-se e cuspir café por toda a mesa, tossindo forte em seguida e atraindo a atenção de algumas mesas em volta.
ao ver a cena, riu baixo e encarou de longe trocando um olhar simpático com ele por alguns segundos, sorrindo em seguida como uma forma de transmitir tranquilidade. Quando ele a encarou com mais intensidade, ela desviou o olhar mexendo no cabelo e assim que pegou sua encomenda deixou o local com as amigas.
não sabia dizer porque se sentia dessa forma toda vez que via , mas sempre fora assim, ela sempre tivera esse jeito único de agir, de sorrir e de olhar que o tirava do prumo, que o deixava nervoso e que o fazia pensar nela quase o tempo todo.
“Get a little bit stressed out when I think about you”
ao deparar-se com aquele campi lotado de calouros, assim como ele, sentiu um calafrio percorrer a sua espinha. Afinal, aquele local seria parte da sua história pelos próximos anos, seria ali que solidificaria laços, construiria novos e encheria sua bagagem com novas memórias.
Realmente, Oxford era de tirar o fôlego, toda aquela arquitetura estilo Tudor com prédios históricos e professores renomados tornavam o ambiente único e a universidade dos sonhos da maioria dos britânicos. Sentia-se ansioso por estar começando uma vida nova em um local totalmente desconhecido, mas de certo modo sabia que a tão sonhada liberdade vinha conjuntamente, o que o deixava extremamente empolgado de poder desfruta-la com os seus melhores amigos.
Andou apressado com sua mochila nas costas pelas ruelas bem conservadas da universidade a procura do local que ficaria. Seus outros pertences já haviam sido enviados por sua família diretamente à sua nova moradia, precisava se estabelecer antes de dirigir-se ao almoço de boas-vindas dos calouros daquele ano.
Não demorou muito a encontrar a espécie de “apartamento” que ficaria, o campus era gigante, porém bem sinalizado. Em Oxford, haviam dormitórios de todos os tipos e o que você ficaria dependeria obviamente do quanto a sua família era influente e abonada. Largou rapidamente os poucos pertences que carregava sobre a cama, o quarto era fantástico, com uma decoração que não poderia ser mais remetente a universidade. Tomou um banho rápido e logo ficou pronto com aquela beca, que na sua concepção era ridícula, mas que todos os calouros tinham que usar no bendito almoço.
- – Disse seu nome a uma mulher que se encontrava na entrada do enorme salão principal do campus.
- Bom dia, Sr. , quinta mesa da esquerda para direita. – Sorriu abrindo a porta de madeira para que o novato entrasse.
Assim que a porta foi aberta, o volume das vozes aumentaram consideravelmente, o salão estava lotado de calouros.
– Que ótimo, estou atrasado. – Pensou alto indo em direção a mesa que a mulher havia indicado. Era tradição em Oxford todos os anos terem esses almoços para que os novos ingressantes se conhecessem e se enturmassem.
- Olha quem resolveu se juntar a nós. A princesa se perdeu? Ou vai me dizer que encontrou a Lily por aqui também? – Sam riu debochado.
revirou os olhos sentando na longa mesa de madeira, o salão era dividido com diversas dessas mesas para que os recém chegados sentassem juntos e pudessem criar contato desde o primeiro dia.
- – Cumprimentou com um aperto de mão uma garota que estava ao seu lado direito e com aceno de cabeça mais dois garotos ao lado dos amigos Max e Ian do outro lado da mesa.
- Megan, Peter e Jordan – A ruiva sorriu simpática apresentando os três e retribuindo o cumprimento.
- E aqui? – Perguntou se referindo ao lugar vago a sua frente.
- Não chegou ainda e não sabemos quem é. – Ian deu de ombros. – Preciso comentar um negócio com você, mas promete que não vai surtar. – Thomas se aproximou da mesa como se fosse contar o segredo do século.
- O que foi? – demonstrou-se desinteressado, conhecia o amigo, Ian sempre tinha uma “grande” novidade que no fim das contas não era nada.
- Então, eu tô ficando com a Hannah, né.
- E? Isso todo mundo sabe. – desdenhou.
- Calma, dude, vai deixar eu contar ou não? – O loiro bufou seguindo com a história. – Continuando e espero que sem interrupções. – Olhou feio para o moreno a sua frente. – Ela é do grupo de amigas da , o que todo mundo também já sabe. – Concluiu antes que fosse interrompido novamente por . – Mas a novidade é que, depois de domingo, que você quase morreu engasgado. – Os três riram lembrando da cena um tanto patética do amigo. – E que vocês trocaram olhares, meu Deus, que progresso. – Ironizou sob o olhar repreensivo de . – Ela ficou a tarde toda perguntando sobre você, o que você está fazendo, por onde anda e se está sozinho.
- Como assim? Por que ela iria querer saber de mim? – encarou os amigos assustado e com os olhos arregalados. – E como você sabe disso?
- Eu sei porque a Hannah veio extrair de uma fonte teoricamente segura essas informações. – Riu convencido. – Eu tô te falando porque eu sou teu amigo pra ver se você para com essa paranoia e toma uma atitude com essa garota.
“Como assim estava perguntando sobre mim?” Essa era a indagação primordial que perpassava a mente de naquele momento.
Tudo bem que eles se conheciam desde criança por terem sido vizinhos até a adolescência, quando, segundo seus pais, ele teria que ir para uma escola melhor e dessa forma acabaram trocando de bairro. Mas isso era motivo para o repentino interesse dela na vida dele? Está certo que nesse período de vizinhança eram muito amigos, pode-se até dizer melhores amigos. Inclusive até hoje ele suspeita que foi o primeiro beijo dela. Porém, com toda a história da mudança, se afastaram muito, devido também a círculos de amizades e estilos de vida meio diferentes. Até se encontravam em jantares de famílias ou em festas de amigos em comum, mas nunca se falavam, era sempre a mesma situação: troca de olhares, sorrisos, ela dizendo alguma coisa e ele nervoso sem conseguir esboçar uma reação ou proferir uma palavra. Nunca mais conversaram e tiveram aqueles momentos juntos, se tornaram uma espécie de estranhos que se conheciam.
- Oi, gente. – Ele não podia acreditar, ou melhor, não queria acreditar quando ouviu aquela voz tão conhecida o tirar do transe que estava. – Acho que o meu lugar é aqui. – achou que ficaria sem ar e o coração pularia de seu peito ao ver a famosa dor de cabeça parada na sua frente do outro lado da mesa com aquele sorriso paralisante.
- C-claro – Foi só o que ele conseguiu dizer. O que diabos ela estava fazendo em Oxford e na mesa dele?
- Pela feição de vocês quatro, não esperavam a minha presença aqui ou não sou bem-vinda. – Ela tentou descontrair a tensão que pairava no ar, principalmente aquela a sua frente.
- Não é isso, só ficamos surpresos pelo fato da pessoa atrasada ser você, seja bem-vinda. – Ian desconversou quebrando o clima e olhou significativamente para o moreno que estava ao ponto de ter um ataque de nervos.
- Na verdade já íamos começar com a diversão. – Sam riu acintosamente revelando o cantil que carregava escondido. – Shall we? – Ofereceu a bebida aos amigos logo após colocar um pouco em sua própria taça.
- Claro. – Max empurrou sua taça em direção ao amigo. – Definitivamente J. K. Rowling se inspirou nesse salão para os livros dela. – Mills comentou simplesmente bebendo o líquido fazendo uma cara feia quando sentiu a garganta queimar.
- Cala a boca, cara. – Sam revirou os olhos oferecendo o cantil para Ian que prontamente aceitou. – ?
- Tô legal. – Ele respondeu sério recusando a bebida.
- Eu quero. – riu sugestivamente para o moreno a sua frente e logo direcionou a taça a Sam, pegando um pouco da bebida. – Então, todos nós em Oxford? Será um ótimo ano pelo visto. – Encarou analisando a expressão confusa e inquieta do garoto.
- Eu tenho que ir. – Ele disse simplesmente sem aguardar por questionamentos ou objeções, deixando o lugar numa velocidade que nem sabia que era possível para um ser humano comum, fazendo com que todos na mesa não entendessem nada.
Voltou para a sua nova moradia sentindo-se frustrado. Não era possível que uma garota, mesmo depois de tanto tempo ainda causasse os mesmos sentimentos. Mas só de pensar que daqui pra frente possivelmente encontraria ela recorrentemente pelo campus, seu estômago já revirava e todo aquele nervosismo de adolescente vinha à tona. Não era possível que fosse retornar a sua vida tão abruptamente, sem ele ao menos estar preparado. Se bem que, sinceramente, nunca estaria.
“Get a little self-conscious when I think about you”
- Eu não acredito. – andava apressado pelos corredores do prédio de Business School de Oxford, enquanto resmungava pra si mesmo como uma forma de tentativa de aceitar a situação a qual havia se metido pelo próximo semestre. – Primeira semana de aula e eu já me meti nisso, eu...não...acredito. – Ajeitou a alça da mochila no ombro indo em direção à biblioteca onde encontraria seus amigos. Precisava comentar o que havia acontecido antes que surtasse. Porém, de certa forma, já estava surtando. Os olhares que estava atraindo pelo corredor enquanto esbravejava sua indignação demonstravam isso. – Inferno, nem pra abrir a boca! Por que, ? Você não é assim, tá parecendo um adolescente! Que vergonha. – Finalizou a autocrítica finalmente chegando ao seu destino.
- Vocês nem sabem o que aconteceu! – Manifestou-se assim que abriu a grande porta da biblioteca impecável da Universidade, recebendo logo em seguida olhares enfezados devido ao tom de voz alto do moreno para o ambiente. – Me desculpem. – Ele sussurrou e sentou-se na primeira mesa em frente a entrada na qual seus amigos estavam reunidos.
- Que papelão! Tá doido, cara, de chegar assim? – Max quebrou o silêncio constrangedor que se apossou do ambiente.
- Já pedi desculpas... Eu tava pensando e quando vi nem raciocinei – cochichava de modo para que apenas os amigos ouvissem a conversa.
- Então, o que de tão absurdo aconteceu que você chegou aqui parecendo que tinha visto o fantasma da Bloody Mary pelo corredor? – Ian comentou, analisando rapidamente um livro e anotando alguns tópicos importantes em um caderno.
- Cheguei na sala de aula para a minha cadeira de negócios e adivinhem quem é minha colega pelo semestre inteiro? – cruzou os braços recostando-se na cadeira.
- Não vai me dizer que a ? – Sam debochou revirando os olhos. – Na boa, não aguento mais essa história, você tá insuportável.
- E tem mais... Somos dupla de um trabalho para apresentar no final do semestre. – prosseguiu fingindo que não tinha ouvido o comentário de Powley.
- R.I.P. – Max brincou sob o olhar zangado do moreno. – , não entendo, se vocês eram vizinhos e amigos, por que agora você não consegue mais falar com ela como antes e fica desse jeito perto dela?
- Eu não sei. Eu só sei que ela me deixa extremamente nervoso. – suspirou.
Ian o analisou com o cenho sério, no seu íntimo, Ian Thomas de certa forma suspeitava o que se passava com o amigo, mas só revelaria caso baixasse a guarda e pedisse ajuda.
– Agora sim, R.I.P. – Ian provocou ao ver que aproximava-se batendo o salto na madeira muito bem lustrada da biblioteca.
engoliu seco ao ver a cabeleira loira chegar perto da mesa sorrindo abertamente em sua direção.
- Olá, fellows. – Ela brincou, recebendo um aceno de leve dos três e uma pose estática de . – Bom, – Ela falou dando ênfase ao dizer o nome do moreno.
Deus, ele tinha esquecido como o nome dele ficava maravilhoso sendo dito pelos lábios vermelhos e tão beijáveis dela. Parecia até que ela falava em câmera lenta. “Inclusive, que sorriso... Pera aí, ela mordeu os lábios? Será que se eu jogar ela em cima de uma das mesas da biblioteca e beijar aqui mesmo vai ficar estranho?”
- ? – Foi interrompido do seu transe ao ouvir a voz de o chamar pela segunda vez, desviou seu olhar que estava repousado por alguns segundo nos lábios da loira e riu fraco tentando disfarçar.
- Sim? – Respondeu tentando fingir que nada havia acontecido.
- Eu. Você. Amanhã. Meu dormitório? – Ela perguntou inocentemente se divertindo com a confusão do colega.
arregalou os olhos sem entender a pergunta. O que ele havia concordado que não se lembrava?
- TRABALHO, ! – Max falou batendo na cabeça de com um livro que estava em cima da mesa ao ver que não obteriam resposta pelos próximos cinco minutos.
- Ah. – Ele proferiu as primeiras palavras retomando o raciocínio. – Sim. – Ele piscou algumas vezes como se isso ajudasse o fluxo de consciência a se normalizar.
- Então, é isso, só vim para marcar o trabalho e convidar vocês para uma festa que vai ter hoje a noite para os calouros... Como nós somos, temos que ir, não é? – Enfatizou a última pergunta à especificamente.
- Acho que sim. – Ele deu de ombros.
- Estaremos lá. – Ian piscou para a loira dando a atender que arrastaria o amigo para a festa de qualquer modo.
estava prestes a deixar a biblioteca quando finalmente ouviu uma sentença completa de : - Qual é o seu dormitório?
- Prédio novo. – Ela sorriu tentando de alguma forma passar tranquilidade ao garoto.
- Na verdade, você sabia que, o prédio novo é o com a arquitetura palladiana, eles construíram em 1700 perto da capela. – Sam concluiu sob o olhar aborrecido dos três amigos e de .
- Você não convive com muitas garotas, né? – dirigiu a pergunta a Sam gerando risadas dos garotos.
- Não se preocupe, elas são como nós, só que mais inteligentes – falou para Sam dando alguns tapinhas nas costas do amigo e arrancando risadas dos envolvidos, piscando em seguida para a garota a sua frente.
por sua vez surpreendeu-se com as duas frases completas obtidas de , uma grande evolução entre ela e . Talvez essa festa e esse trabalho os aproximasse e tudo voltasse como era antes.
não tinha certeza porque estava se arrumando tanto para ir nessa festa, já era a quarta vez que ele parava em frente ao espelho, analisando milimetricamente a camisa social azul marinho que combinava perfeitamente com a jeans de tom escuro. Alisou a roupa no corpo após colocar o blazer preto como uma forma de tentar fazer com ela fixasse perfeitamente ao corpo e transpassasse a segurança que ele precisava para deixar aquele dormitório. Checou o cabelo castanho o arrumando impecavelmente, colocou o melhor perfume e percebeu que seu celular notificou insistentemente, deveria ser Ian o apressando pois estava atrasado. A festa seria no mesmo salão principal que fora o almoço de boas-vindas dos calouros, todavia, ao invés de ser promovida pela universidade, era feita pelos veteranos para que tivessem contato com os ingressantes daquele ano.
Assim que chegou ao local, pode ouvir a música excessivamente alta que o ambiente emanava ao ponto de incomodar os ouvidos, entrou no local notando que as mesas haviam sido substituídas por uma grande pista de dança com diversas luzes que ofuscavam a visão conforme piscavam e trocam de cores, enquanto nas laterais podia avistar algumas pequenas mesas com bancos altos. No fundo estava o DJ que tocava os hits do momento e no canto esquerdo o local favorito de todas as festas para : o bar. No mesmo momento que direcionou seu olhar para aquele ponto, distinguiu no meio da multidão seus amigos indo logo em seguida de encontro a eles.
- Até que enfim, pensei que não viria mais. – Ian brincou sob o olhar de reprovação de , que sem demora se desviou ao perceber mais a frente, de costas, a dona da sua dor de cabeça, que estava linda com o seu vestido azul turquesa que provavelmente realçariam seus olhos.
Sua respiração falhou quando ela virou o pescoço e o encarou. Não soube ao certo dizer quanto tempo ficou perdido em um certo tipo de êxtase admirando a mulher, que nem notou que esta se aproximou sorrindo da cara de bobo que ele seguramente estava.
- Oi. – Ela riu abertamente ao ver o espanto no rosto do moreno.
- O-oi – Respondeu saindo do êxtase. – Nem vi você chegando. – Mentiu parcialmente, pois, de certo modo, estava a secando com o olhar, mas de fato quase não percebeu que ela se aproximara.
- Fiquei feliz que você veio... Que vocês vieram. – Tentou refazer o raciocínio na tentativa de não deixar tão clara a satisfação de ver o amigo ali.
- Ah sim, não quero perder nada que Oxford possa me proporcionar. – Sorriu verdadeiramente, surpreendendo-se com o fato de que sim, ele sabia como flertar com . não estava tão morto quanto pensava. – O que acha de pegarmos algo para beber? – sugeriu a loira oferecendo seu braço para que ela encaixasse o dela, recebendo um sorriso de Ian de incentivo.
- Quero um Sex on The Beach. – Ela pediu ao garçom, sorrindo abertamente e dando uns pulinhos ao receber a bebida em tons de laranja e vermelho, bebendo logo em seguida e obtendo de volta um olhar curioso de .
- Nunca vou entender esse seu gosto. – Fingiu nojo. – Bebida doce para um caralho. Quero uma dose de whisky. – Sinalizou ao mesmo garçom se apoiando no balcão e aprofundando o olhar em que desviou rapidamente. Não sabia dizer de onde estava tirando essa coragem de hoje, mas estava sentindo-se diferente essa noite.
- O que acha de irmos lá fora? – Perguntou ao moreno após ele receber a bebida que havia pedido. – Tem uma decoração linda com uns puffs e luzes – Ela dizia de uma maneira com olhos brilhando que fizeram lembrar de uma com quinze anos e concordar na mesma hora.
- Então... – tentou quebrar o silêncio que estava no recinto fazia um certo tempo. De fato a decoração era deslumbrante, dava um clima perfeito com todos aqueles puffs coloridos e luzes brancas penduradas. – Quanto tempo né? – apenas a olhou concordando com um movimento leve com a cabeça.
Aquela sensação de estranhos que se conheciam já estava incomodando muito , pois a um tempo atrás, seria impossível para eles ficarem em um mesmo ambiente e ficarem quietos dessa maneira sem saber o que dizer e como dizer ou sem saber o que fazer.
– Então... – Ela insistiu mais uma vez, vasculhando a sua mente em busca de qualquer tópico que gerasse qualquer tipo de conversa decente entre os dois.
O que apenas provocou uma risada em , ele conhecia a cara de pensativa de quando estava tentando assumir o controle de uma situação e não sabia como.
– Do que você está rindo?
- De você. Por que quer tanto arranjar um assunto? Curte o momento. – Disse simplesmente bebendo um gole de seu whisky.
- Desde quando você se tornou o Sr. curte o momento? Porque pelo que eu me lembro, quem é todo estressadinho, organizadinho e certinho aqui é você. – Ela concluiu cruzando os braços como se tivesse ofendida com a constatação dele.
- Não sei. Tô sendo agora... Ou melhor... Desde que eu entrei em Oxford eu decidi ser.
- Hum. – resmungou. – Meus pais choraram quando eu entrei em Oxford. – A loira se aproximou do amigo contando o fato enquanto abraçava os próprios joelhos.
- Meus pais chorariam se eu não entrasse em Oxford. – Riu fraco. – Você sabe... tradição de família. – Finalizou o whisky do copo olhando vagamente para o horizonte.
- Nunca imaginei você no mundo de negócios e grandes empresas como o seu pai. – Ela analisou a feição séria no rosto do agora homem ao seu lado. Quando ele tinha se tornado tão bonito? Quando tinha adquirido essas costas tão largas?
- Nem eu. – Ele riu nervosamente encontrando seu olhar no dela, o repousando por algum tempo, contudo, o desviando em seguida ao ficar desconfortável. – Mas sabe, o sangue puxa né. Pelo menos é o que dizem. E hoje, eu realmente quero fazer isso. – Ele sorriu sincero.
- E quanto a sua música? Você era realmente bom. – abraçou o próprio corpo tentando afastar o frio que estava sentindo.
- Depois que eu perdi a minha audiência favorita não fazia mais sentido. – sorriu a olhando profundamente.
sabia que ela era a maior incentivadora de quanto ao quesito artístico e que ele só conseguia ser o que realmente era perto dela.
Ela sentiu uma aproximação estranha, não sabia exatamente o iria fazer já que desde sempre o garoto fora imprevisível e paradoxal.
Fechou os olhos quando sentiu o toque dos dedos quentes e macios em seu ombro, tudo que ansiava em seguida era saber se seus lábios estariam na mesma temperatura e textura. Sentiu o corpo dele se aproximar em sua direção, praticamente em ressonância com as batidas do seu coração que aumentavam quanto mais próximo ele chegava, ela queria ser beijada por novamente, como foi no seu primeiro beijo.
Contudo, a frustração veio quando ele apenas retirou seu blazer colocando nos ombros dela.
- Vi que você tá com frio. Melhor agora? – Ele sorriu simpaticamente.
- Aham. – Seria tudo o que conseguiria responder no momento. Estaria melhor se ela estivesse sendo aquecida pelo beijo e pelo abraço quente dele. Mas ela não diria isso. Ele teria que descobrir sozinho.
A noite anterior havia sido tão incrível ao lado de que tinha medo de estragar tudo ao ter que ficar por algumas horas trancafiado com ela em um dormitório.
De certo modo, ainda sentia a mesma confiança de ontem e aquela festa foi perfeita para um reencontro. Foram capazes de passar a noite inteira conversando como há muito tempo não faziam, por sua vez, foi capaz de falar com e ser ele mesmo como há muito tempo não era. Tudo o que importou naquela festa foi a risada da loira ao seu lado, a garrafa de tequila que dividiam, as confidências que trocavam e as atualizações da vida que compartilhavam.
Realmente, haviam perdido muito um da vida do outro, mas nada que o tempo que passariam juntos em Oxford não pudesse recuperar. E era o que tinha em mente, recuperar o tempo perdido com . Mas, primeiramente, tinha o obstáculo do trabalho no território dela.
Separou o que precisaria levar para começarem a pesquisa, nada além de alguns livros e anotações de aula, colocando tudo dentro de sua mochila. Saiu pelas ruelas da universidade quando já começara a anoitecer, indo em direção ao prédio indicado como o dormitório da colega.
Caminhou algumas quadras e não demorou para avistar a loira por uma janela, sentada em uma mesa, enquanto digitava algo concentradamente no notebook. “Como ela era linda.” A imagem fixou-se em seus pensamentos, mas logo foi afastada com o sorriso que expressou. O moreno sorriu de volta aprazivelmente, inclinando um pouco a cabeça como uma tentativa de disfarçar que a admirava por alguns segundos, mas sabia que não surtiria efeito.
- Oi – abriu a porta dando espaço para o mais alto entrar no ambiente. – Seja bem-vindo ao meu refúgio.
- Oi... Legal aqui – entrou analisando o ambiente muito bem decorado com móveis de madeira todos bem alinhados e diversas estantes com muitos livros.
No centro havia um sofá que parecia ser bem confortável e no canto esquerdo uma cama de casal com os cobertores levemente desorganizados. Enquanto em frente a grande janela, havia a mesa com o notebook que estava antes e duas cadeiras.
– Parece que alguém ganhou um upgrade. – Brincou ao comparar o nível do dormitório com o seu.
- Ah... Ás vezes aqui nessa universidade, nos deparamos com uns lugares muito Oxford para a própria Oxford – Ela riu analisando o próprio quarto.
- Realmente... Então... Eu trouxe o que você pediu – Aproximou-se colocando os livros e cadernos em cima da mesa.
- Certo, vamos começar. – A loira disse sentando-se em uma das cadeiras na frente do notebook sendo acompanhada por que sentou-se ao seu lado. – Como você prefere fazer? Eu pesquiso e você anota? – ficou aguardando uma resposta que não veio já que o moreno ao seu lado estava muito distraído analisando o seu rosto, ela apenas ignorou a proximidade com que estavam sentados e a falta de palavras e começou a fazer o bendito trabalho.
até estava tentando se concentrar nas perguntas e constatações de ou até mesmo ler tudo que ela digitava no notebook, porém estava extremamente difícil. Fazia mais de uma hora que ele travava uma briga interna para manter a compostura, mas a cada minuto que passava, ele perdia um pouco. A pouca luz do quarto que era iluminado apenas pelo abajur da mesa e pela lua e estrelas na rua criavam um clima perfeito. E tinha toda aquela proximidade com que estavam sentados, ele podia sentir o calor que o corpo dela emanava daquela flanela xadrez e toda vez que ela se ajeitava na cadeira as pernas nuas, cobertas apenas por um shorts, encostavam nas suas. Além disso, ver o rosto de de tão perto, assim tão sério e concentrado, ela era tão linda e a cada dia ficava mais. Ele não conseguia tirar os olhos da feição delicada, dos lábios vermelhos e tão beijáveis que ela tinha e daquela pele que parecia ser tão macia e tinha um cheiro maravilhoso e adocicado, no momento tudo que ele queria era provar e ver se o gosto seria como ele imaginava.
- O que foi? – o olhou desconfiada e riu fraco.
- Nada. – Ele desviou o olhar se espreguiçando e apoiando o braço direito na cadeira da colega.
- Sei. – Ela semicerrou os olhos mas deu de ombros seguindo o que estava fazendo.
Num ímpeto, deslizou as pontas dos dedos frios pelo pescoço nu de , causando um arrepio imediato na garota. Vendo que ela não mudou sua postura, ou não pareceu que iria interromper o momento, intensificou o toque, deslizando o polegar delicadamente desde a nuca até os ombros da loira onde fez uma massagem. Afastou um pouco a flanela xadrez que ela usava, revelando a regata branca, depositando um beijo no ombro esquerdo enquanto sua outra mão evoluía a massagem, descendo em seguida pela lateral do corpo da colega até chegar na cintura onde a segurou com mais intensidade a aproximando de si. sabendo que não teria como evitar o que aconteceria a seguir virou o rosto na direção de , aproximaram os lábios primeiramente apenas para sentir a presença um do outro. Quando finalmente a puxou a beijando, um arrepio percorreu ambos os corpos. O moreno não demorou para intensificar o beijo quando segurou a nuca da jovem com uma firmeza. Como era maravilhoso finalmente ter em seus braços. Era melhor do que poderia ter um dia imaginado. Eles eram perfeitos juntos. O beijo era sincronizado como jamais pensou que poderia ser com alguém. O jeito que estava se sentindo era magnífico, era uma mistura de desejo com ondas que o reviraram por dentro. o deixava de um jeito que nenhuma garota jamais o deixou, mas ele gostava do que ela fazia com ele.
Todavia, uma confusão mental surgiu quando sentiu tentando tirar sua camiseta e uma luz acendeu em sua cabeça. “Espera, é a ! A . Não posso fazer isso. Ela vai achar que eu só vim aqui pra isso. Eu preciso fazer as coisas certo”. E com essa nuvem de pensamentos, embora o corpo estivesse respondendo de outra forma, interrompeu o beijo abruptamente deixando a loira a sua frente sem entender nada.
- O que foi agora, ? – questionou um pouco sem paciência.
- Eu tenho que ir. – O moreno disse meio confuso juntando seus pertences.
- Como assim tenho que ir? Qual o teu problema? – A loira o encheu de perguntas. – Estávamos aqui no maior clima e DE NOVO você vai fugir. Achei que você estava feliz, assim como eu, de termos nos reencontrado e estarmos nos dando tão bem.
- Eu tô... Eu tô... Eu juro. – Falou sincero a olhando profundamente. – Mas eu não posso e nem sei explicar agora. Foi maravilhoso, acredita em mim. – Quase implorou pela compreensão de . – Me desculpa. – E saiu do local chateado, esbravejando pra si mesmo o quando poderia ter sido idiota.
“Get a little excited”
- Eu não acredito que eu fiz isso. Mas que inferno, . Parece um adolescente de quinze anos novamente. Inacreditável. – Esbravejava pelas conhecidas ruelas de Oxford a caminho do dormitório que o pudesse ajudar a colocar a cabeça no lugar e entender tudo o que estava passando em seus pensamentos. – Eu devo ser louco de ir até lá... Essa hora... Quero a minha morte realmente. – Chutou uma lata de lixo que estava no caminho tentando liberar a adrenalina reprimida, atraindo um olhar enfezado de um dos seguranças locais. – Desculpa. – Sorriu sem graça, recolocando o objeto onde estava anteriormente. Sentia que aquela dor de cabeça estava voltando.
De fato, havia sido atingido novamente pelo “vírus” . Riu ao lembrar de um fato, quando era criança, sempre que tinha que se despedir de após passarem o dia juntos, ele reclamava de dor de cabeça, fingindo que estava doente para ver se os pais se compraziam, para que ele pudesse ficar mais um pouco na presença da amiga. Desde então, os pais dele passaram a dizer que ele era atingido pela gripe temporária e por isso que passou a se referir a loira como a razão das suas dores de cabeça, pois, de certa forma, em um momento de sua vida ela realmente se tornara.
- Mas que diabos você faz aqui? – Parou para analisar o relógio na parede dentro do dormitório. – As fucking sete horas da manha!?
- Me desculpa. – Nem esperou espaço já entrando no ambiente. – Eu precisava falar com você.
- Qual é, cara? Que merda que você aprontou agora? – Ian disse meio sem paciência sentando-se em sua cama, esfregando os olhos e bagunçando os cabelos, como se tentasse acreditar que realmente estava essa hora da manhã ali. – Não sei você... Mas tem gente aqui que dorme.
- Eu sei, já pedi desculpas. Mas eu precisava falar com você especificamente. E eu não dormi a noite inteira.
- Percebi. – Comentou simplesmente cruzando os braços. – Vamos, desembucha.
- Você quer desde o início? – Disse sentando-se em uma cadeira sobressalente.
- Sim, mas resume.
- Bom, tudo começou lá na festa, aquele dia... – Seguiu contando todos os fatos, detalhe por detalhe ao amigo, para que ele tivesse uma boa dimensão do estrago.
- VOCÊS O QUE!? – Thomas o olhou arregalando os olhos.
- Sim... A gente se beijou – Sorriu lembrando do momento. – Mas daí algo estranho começou a surgir em mim, como se fosse um alerta que eu estava fazendo as coisas errado e fui embora.
- VOCÊ FUGIU DELA DE NOVO!? – Ian balançou a cabeça em negação, rindo um pouco da situação do amigo. – Francamente...
- Não era a minha intenção inicial, mas sei lá. Eu não queria jamais que ela pensasse que eu fui até lá só pra levar ela pra cama.
- Entendo... Mas bem, deve ser exatamente o oposto que está se passando na cabeça dela. – Ian analisou pensativo.
- Eu sei... Por isso eu preciso da sua ajuda, não sei o que fazer.
- Qual a dificuldade, cara? Você mesmo me disse que as coisas estavam maravilhosas entre vocês dois. Que você estava agindo com ela como antes. Só continuar da mesma forma. – Ian concluiu.
- Eu não sei, não sei mesmo. Eu tenho a sensação que eu conheço ela a minha vida toda, mas como se eu conhecesse outra , não essa . Entende? – Bagunçou seus cabelos um pouco confuso. – Aquela de antes, eu conseguia falar com ela, conseguia ser eu mesmo. Mas essa nova, que eu reencontrei, ela é diferente, ela me deixa maluco. – Soltou o ar de seus pulmões pesadamente como se aquilo fosse aliviar o peso que carregava e o fizesse entender tudo o que pensava e sentia.
- Me explica, talvez eu entenda e consiga te ajudar. – Ian parou para ouvir o amigo pacientemente.
- Ok. – respirou fundo enquanto procurava em seu íntimo as melhores palavras para definir a diferença que ele via nas “duas Chloes”. – Bom, - Começou com cautela. – A antiga me transmitia tranquilidade, paz... Eu poderia ficar horas por perto apenas escutando ela falar sobre o dia ou ouvindo a respiração dela. É engraçado, quando ela ri, ela faz um barulhinho no final, como se tivesse chegado à exaustão de rir da coisa mais engraçada do mundo. – Ele riu lembrando. – Mas essa , ela eleva minha adrenalina no limite, parece que eu tô numa final do Champions League. Meu coração fica acelerado...Minhas mãos tremem. – mexia as mãos incontrolavelmente, afinal, estava extremamente desconfortável falar sobre como se sentia quando estava perto de , mas, ao mesmo tempo, expor isso ao amigo, talvez, de algum modo, lhe fizesse entender e mudar sua conduta daqui pra frente, não queria e não poderia continuar agindo como um adolescente. – A antiga me passava segurança, eu me sentia seguro com ela, eu sentia que podia confiar e falar tudo pra ela. Eu era uma versão melhorada quando tava perto dela. Eu sabia o que dizer e como agir. Essa , perto dela eu fico estressado, ansioso, eu não consigo falar nada e quando eu falo é bobagem, eu fico tímido e fico extremamente nervoso. É bizarro.
- Entendo... Dude, PARA! – Ian olhou pra ele como se visse duas cabeças. – Você que colocou na sua cabeça que existem “duas Chloes”. É a mesma só que vocês se afastaram com o tempo e o maior motivo surgiu... – Thomas ponderou antes de falar o que ele tinha certeza que era o sentimento primordial que fazia seu amigo se sentir daquela maneira.
Não existiam duas Chloes, existiam duas maneiras que via ela, uma na infância e parte da adolescência e outra que surgiu quando era adolescente e que perdura até hoje. Os sentimentos de se compartimentavam e dessa maneira, , com sua mania de organização e de definir e de dividir tudo em caixas separou as Chloes ao invés de juntá-las.
– Eu não acredito que eu tenho que dizer pra esse marmanjo que ele tá apaixonado – Ian comentou mais pra si mesmo, procurando a maneira certa de falar sem que o moreno a sua frente surtasse.
- O que?
- Sim, , você está apaixonado. – Nesse momento foi como se uma cortina tivesse caído diante dos olhos de e revelado tudo. Mas não poderia ser. Não é como se ele nunca tivesse se apaixonado, já tivera outras namoradas, ele saberia, obviamente. – Não venha com essa cara de negação, pois esse é o primeiro estágio de admitir que gosta de uma pessoa... Negação. – Ian o repreendeu.
- Meu Deus. – coçou os olhos na tentativa que isso ajudasse a chegar a uma conclusão.
- Vou te explicar... – Thomas respirou fundo. – Para com essa história de “duas Chloes”, sempre existiu uma , essa que você se reaproximou. O que aconteceu é que quando você era criança, você tinha uma visão dela e conforme vocês foram crescendo, você parou de vê-la como possibilidade de apenas uma amizade e passou a vê-la com outros olhos. Porém... – Riu convencido com a cara de espanto que fazia a cada nova constatação. – Ao invés de você unir os dois sentimentos, você separou e colocou na sua cabeça que a tinha mudado. Ela sempre foi a mesma. Quem mudou e se afastou foi você! Para de tentar classificar ela como um dos seus futuros negócios e enxerga como uma pessoa só, a que esteve com você nos últimos dias. Por que você acha que se deram tão bem?
- Sei lá.
- Porque esqueceu por um período de separar as Chloes, cabeção. – Concluiu dando um tapa na cabeça do amigo. – Agora para de ser besta e a chame para um date pra tentar redimir essas fugas. Acredite, se ela quisesse só ser sua amiga, ela já tinha te colocado na friendzone há anos.
- Realmente... Acho que você tem razão.
- Claro que eu tenho, você não seria nada sem mim. – Deu um soquinho no braço do amigo o incentivando. – E vê se leva ela num date e não foge, caso, você sabe, ela queira passar pro próximo nível.
- Eu só estava a respeitando, sei lá. Eu queria fazer tudo certo.
- E você vai. – Se levantou fazendo com que o amigo ficasse de pé também. – Mas vai por mim, se ela tinha interesse, o que ela menos queria era você com pudores – Sorriu ladinamente. – Agora vaza que eu quero dormir.
- Valeu, cara. Vou agora mesmo chamar ela.
- Agora!? Quase oito da manhã? – O questionou.
- Claro, assim a encontro antes dela ir para a aula. Tchau e obrigado de novo. – Saiu sem nem dar tempo do amigo se despedir apropriadamente.
- ! – A chamou assim que a avistou saindo de seu dormitório, fazia pelo menos uns dez minutos que aguardava escorado na parede do prédio do outro lado da rua. – Queria falar com você! – Atravessou a rua indo em direção a loira que o ignorou seguindo o seu caminho. – Por favor! – A segurou delicadamente pelo braço quase suplicando por sua atenção, , por sua vez, apenas parou cruzando os braços. o encarando sem proferir nenhuma palavra. – Me desculpa por ontem! Eu juro pra você que estava tudo maravilhoso. Eu só fui embora porque queria fazer as coisas corretamente.
- Fazer o que exatamente? – Questionou um pouco impaciente.
- Nós dois. – Apontou para os dois, dando de ombros.
- Me fala então... Você não fala nada, apenas vai embora toda vez que há a possibilidade de uma aproximação mais fundamentada entre nós.
- Eu ainda não posso, eu preciso entender tudo isso... – Suspirou exalando angustia pelos olhos.
- , vamos, me fala o que te deixa assim?
- Nada.
- Eu desisto... Eu realmente não te ent... – nem teve tempo de concluir a frase pois teve seu corpo puxado contra ao de e os lábios selados pelos dele. Se beijaram por alguns minutos, delicadamente e sem pressa.
- Olha, eu quero fazer isso certo, ok? Me deixa te recompensar por ontem? Queria te chamar pra um date hoje. Topa?
- Ok. Mas sem ir embora! – Ela brincou socando o peito dele levemente.
- Só se você me expulsar. – Ele riu verdadeiramente selando os lábios dela novamente.
- Olá, . – esboçou o melhor sorriso galanteador que poderia assim que a porta do dormitório da loira foi aberta. Ela sorriu abertamente com o gesto do moreno muito bem arrumado e perfumado à sua frente.
- Olá, . – Tentou responder a saudação da mesma forma que . – Já estou quase pronta. – Falou dando espaço para que ele entrasse no ambiente.
- Trouxe flores e chocolates – Sorriu largamente entregando os presentes a ela. – Aparentemente é isso que se leva em dates. – Deu de ombros, fingindo que era um novato no assunto.
- Oba! – Ela deu um pulinho animada pegando os girassóis e caixa de bombons artesanais. – Girassóis! Minha flor favorita! Como você lembra? – Questionou animada os cheirando delicadamente e posteriormente os colocando em um vaso improvisado. – E os bombons... Vou comer sozinha, desculpe!
- Impossível não lembrar! Teu quarto quando você era criança era cheio de referências à girassóis... E, inclusive, uma vez você fez eu pular uma grade da casa dos Johnson para pegar um pra você do jardim deles. – Riu relembrando. – Voltei todo arranhado pra casa tendo que pular de volta rápido porque o cachorro deles veio pra cima de mim.
- Nossa, não lembrava dessa parte, só da parte em que eu voltei pra casa com o meu girassol lindo. – Falou com os olhos brilhando.
- E quanto aos chocolates, acho um absurdo não dividir comigo. – Fingiu estar ofendido. – Eu sempre dividi a minha comida contigo.
- I’m so sorry! – respondeu rindo ao “esconder” a caixa de bombons dentro de uma gaveta. – Bem, eu tô pronta. – Comunicou pegando a pequena bolsa de ombro preta.
Assim que parou para analisa-la dos pés a cabeça. “Caramba”, pensou pra si mesmo. estava lindíssima. O vestido branco um pouco acima dos joelhos com detalhes em renda a deixou deslumbrante. Ela brilhava como um raio de sol com os cabelos loiros caindo sobre os ombros, os olhos lançavam partículas que eram capazes de hipnotizar, tinha certeza dessa parte, e o sorriso, por sua vez, finalizava perfeitamente a imagem. Saiu do transe em que estava perdido quando o chamou pelo seu nome, mordendo o lábio rosado em seguida de forma tímida.
- Vamos, então. – Ele riu tentando disfarçar. – Primeiro preciso passar em um lugar para pegar as coisas para hoje. – A guiou pela porta indo em direção as ruelas de Oxford.
Seguiram caminhando pelas ruas da universidade enquanto conversavam animadamente sobre diversos assuntos. Nada melhor para um date em Oxford do que aproveitar o visual e tudo o que o campus tinha a oferecer. Pararam rapidamente numa pequena padaria onde entrou rapidamente e saiu de lá carregando uma enorme cesta.
- Piquenique!? – questionou animadamente.
- Claro. – O moreno sorriu de modo convencido.
- Mas onde?
- Surpresa.
Caminharam mais alguns metros até chegarem ao destino que havia planejado. A companhia um do outro estava sendo extremamente agradável, não ficavam sem assunto nenhum minuto, além de as risadas serem constantes. Era final de tarde, todavia um sol gostoso ainda reluzia no céu sem nuvens.
- Vai ser aqui o piquenique? – perguntou animada ao chegaram no telhado de um dos prédios centrais do campus que estavam em Oxford. A vista que tinham de cima daquele prédio histórico era de cair o fôlego, dava para ver grande parte da universidade e todas as suas construções impecáveis e fascinantes.
- Vai – Respondeu colocando a cesta no chão e abrindo a toalha xadrez. – Descobri por acaso esse lugar e achei perfeito. Então... Tem espumante – Sorriu mostrando a garrafa e duas taças de vidro. – E um monte de comida boa, como croissant de chocolate que você ama.
- Oba! – Bateu palmas animadas espiando dentro da cesta.
Ficaram passando o tempo juntos jogando conversa fora enquanto comiam e bebiam. O encontro de fato estava sendo sensacional, a sintonia que os dois tinham ao ponto de completarem pensamentos um do outro, fazia com que aqueles sentimentos e tudo que viveram ficasse mais vivo nos corações. Parecia que o tempo que ficaram afastados nunca havia existido.
Um lindo pôr-do-sol começava a ser formado quando levantou-se indo até a beira do terraço, apoiando-se no parapeito.
- Vai ser uma noite linda. Olha esse céu. – Falou com os olhos brilhando.
não poderia perder o momento para admirar a mulher, aquele alaranjado que o sol emitia naquele horário a deixava espetacular. Cada movimento e sorriso dela, ele queria poder ser capaz de fotografar e guardar de recordação o resto da vida.
De fato, ele estava apaixonado e não teria mais como negar isso. E com absoluta certeza nunca mais fugiria mais de . – Incrível aqui em cima né? – Comentou de longe observando a garota.
- Sim... Olha isso – Respondeu perplexa com a visão que contemplava do campus visto por cima acrescido do pôr-do-sol. – Nós somos muito sortudos de estar em Oxford... E...
- E?
- Juntos. – Ela sorriu sincera, recebendo um sorriso de volta da mesma forma.
- Eu juro, estar em Oxford é como ser convidado para cem festas ao mesmo tempo... E eu quero ir em todas, entende? – Constatou finalizando a bebida da taça que tinha em mãos e se dirigindo ao lado de .
- Entendo, me sinto assim também. É como se o meu coração fosse saltar do meu peito a toda hora. Me sinto animada e realizada todos os minutos aqui dentro.
não conseguiu conter a vontade que teve de acariciar o rosto delicado e a pele macia de . Fez um carinho sutil com o polegar na bochecha rosada da garota, queria poder gravar a feição dela em sua mente e em seu tato, se isso fosse possível.
- Tem um pouco de verde no azul dos seus olhos, senhorita . – Soprou o nome dela após brincar com o que havia descoberto ao estar tão perto da garota. Ficaram alguns segundos encarando-se, procurando vasculhar através dos olhos o que estavam sentindo.
, sem querer perder mais tempo, aproximou-se lentamente de a beijando como desde o início do encontro queria.
Como havia premeditado, a noite em Oxford estava perfeita. A lua estava uma bola resplandecente no céu, acompanhada de diversas estrelas cintilantes. Estavam a horas naquele telhado, apenas sentindo a presença um do outro, enquanto trocavam beijos entusiastas.
- O que acha de conhecer mais de Oxford à noite? – questionou. – Eu sei que a vista e o local estão divinos, mas tem tanto a ser explorado.
- Acho uma ótima ideia. – A loira concordou levantando-se e puxando o garoto pelas mãos. – Vamos.
Deixaram o ambiente, que agora havia se tornado o favorito para ambos na universidade, seguindo a pé pelas ruas históricas do campus. Eles definitivamente não queriam que a noite terminasse, pois ao andarem de mãos dadas e curtindo a companhia um do outro, ao passo que conversavam sobre diversos assuntos, souberam finalmente que sempre deveriam ter ficado juntos e que de agora em diante, nada os afastaria.
- Acho que vai chover. – atestou assim que uma enorme gota caiu em sua bochecha, olhando para o céu em seguida, calculando quais eram as chances deles caminharem oito quadras até seu dormitório sem ficarem completamente encharcados. – Acho melhor a gente voltar, se não quisermos tomar um banho. – Riu puxando o moreno pela mão em direção ao seu prédio.
Apressaram o passo quando sentiram uma chuva fina começar a cair sob suas cabeças, porém, ao estarem duas quadras do dormitório de , uma chuva torrencial despencou. Em meio a risadas, por escorregarem diversas vezes durante o percurso e completamente molhados, chegaram em frente ao prédio de .
Ficaram se encarando por algum tempo em meio a chuva, pois apesar de quererem o abrigo e o calor de um quarto seco, ainda estavam incertos de como a noite acabaria. a lançou um olhar representando o que estava pensando e pode ler nos olhos azuis a sua frente que tinham o pensamento parecido.
- Quer entrar? – o convidou. – Até podemos ficar aqui, mas acho que ali dentro vai estar muito mais confortável, quente e seco. – Deu de ombros e pode sentir um arrepio de frio e ansiedade percorrer seu corpo.
assentiu e ambos entraram no quarto já conhecido. Realmente, lá dentro estava muito mais confortável, o garoto agradeceu quando a loira o jogou uma toalha seca e ele pode se secar.
Assim como o assunto era abundante durante todo o encontro, nesse momento havia morrido completamente dando lugar a uma tensão quase palpável que pairava o ar e sufocava parcialmente. sabia que não era assim, nunca fora. Se sentir nervoso como estava agora perto de uma garota? Realmente ele tinha achado que essa fase com havia terminado, mas só de vislumbrar a possibilidade de passar a noite com a loira, a ansiedade tomava seu corpo por inteiro. O que fazia com ele era inexplicável, mas, ele gostava da sensação de estar totalmente intoxicado por ela e de tudo que ela o transformava. descobriu hoje, que o vírus era, na verdade, maravilhoso.
Ficaram se encarando por mais alguns minutos naquele quarto e sem mais delongas, tomou a coragem necessária para beijá-la, enquanto pressionava o corpo da loira contra o armário. Ele havia prometido pra si mesmo que quando tivesse oportunidade, faria tudo certo e essa era o objetivo primordial desse encontro.
Deslizou a mão direita até a nuca onde entrelaçou os dedos nos cabelos macios e cheirosos da garota. Com a sobressalente apertou a cintura dela com firmeza a puxando pra si. Não tardaram a tatear o quarto em procura da cama, pois não queriam parar de se beijar por um segundo. Quando consumaram tudo aquilo que sentiam, não puderam mais duvidar que eram para terem ficado juntos a muito tempo.
- Olha esses dedos. – tocava a mão dela, a analisando. – Perfeitos. Estavam deitados na cama do dormitório da loira abraçados a um bom tempo. Não queriam que essa noite terminasse nunca mais.
riu do comentário.
– Esse cabelo. – Bagunçou os cabelos do moreno.
- , preciso te dizer uma coisa...
A loira o analisou com o cenho franzido, esperando o que ele iria dizer.
- Eu tô muito feliz de a gente ter se reencontrado e tudo isso ter acontecido.
- Eu também. – Ela completou.
- Eu queria... Eu queria principalmente dizer que eu não queria que isso... – Apontou para os dois. – Nós... Acabasse. – Falou sério enquanto lançava um olhar profundo sobre o rosto da loira, tentando perceber se por acaso ela compartilhava do mesmo sentimento. Ele tinha medo que pudesse estar sendo precipitado, mas não conseguiria mais evitar. Não queria mais ficar afastado de . Não iria mais fugir. Ele queria ela. - Eu quero fazer as coisas do jeito certo, então, você quer namorar comigo?
apenas abriu um sorriso largo o beijando apaixonadamente, ela nem precisava responder que sim. Sim, ela queria namorar . tinha lido os seus pensamentos e essa nova etapa da vida dos dois juntos, seria a melhor fase da vida dela. Ter seu melhor amigo de volta, mas agora como seu namorado, tornaria tudo mais especial.
- Eu te amo e eu sempre amei, só não sabia como demonstrar isso... Você sempre fugia e se afastava de mim, criando uma espécie de barreira. – Ela riu sincera, se aconchegando no peito dele, após dizer as três palavras enquanto analisava profundamente os olhos do moreno.
sorriu calmamente, porém em seu íntimo, parecia que iria explodir.
– Eu também te amo . – Admitiu soprando o nome dela ao final.
Se aconchegaram e acabaram dormindo juntos tranquilamente.
Finalmente sentia que tinha encontrado a paz e que todo aquele nervosismo que causava, havia sumido. Novamente ela transmitia a tranquilidade e segurança de sempre. Novamente ela estava na sua vida e dessa vez para ficar. Agora ele conseguia ver ela como a única que sempre existiu. Agora ele poderia fazer tudo certo. estava curado do “vírus” , pois este havia tomado conta de todo o seu sistema e seu corpo não precisava mais lutar contra, ele queria ela por inteiro. , por sua vez, agora não era mais a dona da sua dor de cabeça e sim a dona do seu coração.
Fim!
Nota da autora: Obrigada à todas que chegaram até o final da leitura dessa fic! Espero de coração que tenham gostado! Eu estou apaixonada nesse casal e nesse romance em Oxford. Me aventurei nesse ficstape do Shawn Mendes, enviando a minha primeira fic ever para o site. Por favor, comentem o que acharam e deem dicas e sugestões!
Não poderia deixar de agradecer a minha amiga Kari (organizadora desse ficstape maravilhoso) por ter me incentivado a participar e por ter me auxiliado com muito carinho em todo o processo! É isso pessoal, obrigada novamente!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.