Ela é uma acompanhante de luxo por necessidade, enquanto ele é um aspirante a diretor de uma reconhecida empresa de automóveis americanos; Ele precisa dela para passar confiança e credibilidade, enquanto ela precisa dele para pagar uma cirurgia que a mãe precisa; Ela é do tipo que se apaixona fácil, ele é do tipo que não se apaixona. Ela é o paraíso. Ele uma guerra constante. Eles estão presos em alto mar, sete dias de tensão. Climb on board!
A escolha Aquele momento parecia único. observava com muita atenção o modo como seus colegas olhavam a sua acompanhante. Obviamente, eles a desejavam, fato que fez com que ele se orgulhasse de sua escolha para aquela ocasião. Valeu a pena todas as horas de pesquisa no catálogo online e depois cada minuto de videoconferência com aquela mulher. E teve que admitir, pessoalmente ela era ainda melhor. Porém, o que seus amigos não sabiam e que, claro, não poderiam saber, é que ela era uma puta, ou melhor, uma acompanhante de luxo.
A decisão de uma acompanhante veio depois de uma reportagem que viu no noticiário de um político corrupto que tinha uma mulher sempre disponível para suas necessidades. Ela era apresentada no seu ciclo social como sua esposa e ninguém sabia que ela era contratada, mas naquele caso em específico descobriram e inclusive numa situação engraçada já que a mesma puta que o acompanhava tinha como cliente outro parlamentar. Nem precisa dizer que o deputado foi motivo de chacota perante os colegas, não é? Mas aquilo não aconteceria com , ele soube escolher bem a moça. Certificou-se de que ela nunca tinha colocado os pés em Miami ou mesmo que conhecia qualquer um de seus amigos.
ponderou os custos, hesitou diversas vezes, porém sabia que se contratasse uma americana os amigos poderiam perceber com facilidade que poderia ser uma mentira, afinal, desde que pisou em solo americano dedicou-se exclusivamente ao trabalho, saindo poucas vezes para distrair-se. Também se lembrou que dissera aos amigos diversas vezes que era apaixonado por uma mulher de seu país, logo não faria muito sentido contratar uma americana para fingir ser sua namorada.
Assim, passou noites e noites observando o catálogo online de acompanhantes de luxo e foi instantâneo quando viu a foto daquela mulher. Diferentemente de todas as outras que basicamente mostravam os corpos malhados e enormes decotes, aquela mostrava o sorriso. E que sorriso, ele diria. Entrou no seu perfil, observou suas qualidades e agradou-se com cada detalhe que viu. Conversou por aproximadamente um mês quando, enfim, formalizou o contrato com aquela moça para que fosse aos Estados Unidos. Após providenciada toda a documentação, ela chegou exatamente no dia de embarcar naquele cruzeiro que tinha como finalidade o fechamento de um grande negócio, ao passo que nem teve tanto tempo para instruí-la, porém, apesar desse detalhe, estava satisfeito com o seu desempenho até então e teve absoluta certeza de que tinha feito a escolha certa e que tinha valido a pena cada centavo gasto com a vinda daquela moça para acompanhá-lo na próxima semana. Ela era extremamente bonita, educada, tinha traços que o agradavam por completo e uma personalidade forte, pelo que pôde constatar.
- No que tanto pensa, querido? – a moça indagou quando percebeu que os olhos de –e de todos os outros–estavam sobre ela.
- Na sorte que tenho por ter você. – puxou a mão direita dela que estava do outro lado da mesa para depositar um beijo delicado.
O porquê Idade: 23;
País:Brasil;
Altura: 1,65 cm;
Idiomas que fala: Inglês, Espanhol (América Latina), Português (Brasil), Italiano;
Meus limites são: A combinar;
Status: Solteira;
Sexo: Feminino;
Cabelo: Médio, pretos;
Olhos: Castanhos;
Preferências e encontros que interessam: Aberta a coisas novas; Uma mulher decidida. Gosta de conversar, sair para jantar, cozinhar. Sem frescura, topa tudo.
sabia que seu “currículo” estava incompleto, porém ainda estava insegura. Sabia que era uma decisão desesperada, mas o que poderia fazer? A dívida da faculdade estava aumentando, sua mãe estava desempregada e doente, precisava de cuidados e ela tinha que ajudar. Era só ela, a mãe e o pequeno Sherlock, o gato persa que tanto amavam.
“Você não vai se arrepender, a grana entra fácil”, a voz de Jenny, sua colega de faculdade, ecoava enquanto escolhia a foto para publicar. Ela tinha um sorriso bonito, olhos encantadores e sabia que tinha que demonstrar isso de alguma forma. Assim se decidiu pela sua foto favorita, uma tirada num passeio com o ex namorado. Escolheu-a também porque era a foto mais próxima de sexy que ela tinha em seus arquivos. E se odiou por isso, pois observou ostaffdo site e notou que todas as mulheres eram absurdamente lindas.
Não levou muita fé que alguém se interessasse por ela, porém surpreendeu-se uma hora depois de finalizar o perfil que alguém a tinha chamado. Um frio muito gelado lhe subiu a espinha. “Calma, uma acompanhante de luxo não precisa necessariamente transar com o cliente”, “e se ele for um velho escroto e nojento?”, “eu acho que não posso fazer isso”, decidiu por fim.
Desligou o notebook, foi até a cozinha e ao chegar no local observou a mãe com uma expressão preocupada.Teve medo em questionar, mas sabia que deveria fazê-lo e a resposta não lhe agradou.
- O médico recomendou a cirurgia imediatamente, mas eu não posso pagar e a fila de espera ainda está enorme. Não sei o que fazer! – a mãe levou as mãos ao rosto desolada, enquanto a filha a acalmou.
- Não se preocupe, mãe. Eu vou resolver isso. Você vai operar e vai melhorar. Eu prometo. – um beijo foi depositado na testa da mãe que se esforçou para acreditar que tudo ficaria bem.
***
“Você demorou para responder. Tá se fazendo de difícil? Você sabe que isso não combina com você, né?”. não acreditou que ele deu ênfase no “com você”, nem o conhecia e já o detestava, mas precisava daquilo, não precisava? Era grana fácil, Jenny havia dito que era grana fácil.
- Me perdoe, estava um pouco ocupada, mas já estou disponível. Muito prazer, .” – ela estava disponível, se odiou por inteiro por ter usado aquela palavra.
“ é mesmo o seu nome ou é apenas um pseudônimo?”
Como ela não tinha pensado nisso antes? Como esqueceu-se de um detalhe tão importante como preservar a própria imagem? Agora todo e qualquer homem que navegar aquele site saberia quem é ela. E se alguém conhecido navegar aquele site? Ela se odiava. Odiava tudo nela. Até o nome que tanto amava.
“? Ainda está ai?” – o chat chamava.
“Desculpe de novo. E olha, acho melhor encerrarmos essa conversa por aqui. Finge que nunca me conheceu, continua procurando uma acompanhante e esquece mesmo que esse perfil existiu, vou deletá-lo imediatamente, foi um erro.”
“Calma. Espera um pouco. Seu nome é mesmo , não é?
“Adeus”.
estava prestes a encerrar o bate-papo do site quando recebeu uma última mensagem.
“Anota meu número antes de desistir de tudo. Eu preciso muito de alguém e acho que você pode me ajudar! (305) 732-9884, me chamo ”.
E finalmente ela finalizou a conversa e deletou o perfil daquele site. Não era assim que arrumaria dinheiro. Não era vendendo a própria dignidade que ela resolveria seus problemas.
Está tudo bem (.) (?) (!) Uma semana se passou desde que deletara seu perfil no site de acompanhantes de luxo. E aquela semana tinha sido muito difícil. Saiu em busca de emprego, porém nada além de oportunidades diárias em academias de musculação que não eram suficientes para pagar as contas, o que dirá pagar a cirurgia de hérnia da mãe. Estava ficando realmente difícil a situação e era desesperadora a sensação de não ter a quem recorrer.
- Ontem saí com um grisalho maravilhoso. – Jenny iniciou a conversa ao sentar ao lado de durante o intervalo da aula de economia.
- Sério? Como foi? – tentou forçar um interesse inexistente pelo assunto.
- Foi bom. – limitou-se a responder antes de questionar. – Está tudo bem?
- Está tudo bem.
- Está mesmo? Eu sei que a sua situação não está fácil, , mas que diabos! Eu te dei o caminho pra sair dessa, você só precisava seguir.
- Me vendendo pra qualquer um? – sussurrou. – E onde fica a minha dignidade?
- Você está me chamando de vagabunda, ? – ofendeu-se a amiga.
- Absolutamente não, Jenny. Como ousa achar que eu pensaria isso? – a outra ofendeu-se também.
- Ué, você está falando de indignidade por acompanhar alguém. Por ter um encontro com um cara e ganhar para isso. Mas isso não traz indignidade nenhuma, sabia? Tem homens que simplesmente não sabem chegar em uma mulher e preferem pagar para ter alguma segurança, para que elas não vão embora na primeira besteira que falarem ou fizerem. Sabia que isso até os ajuda? É um trabalho, . E se você quiser você pode transar no trabalho. Se você quiser, entende?
- Desculpa.
- Você se desculpa demais, . E você não precisa ser uma puta, mas se quiser continuar sofrendo por uma situação que você pode resolver, o problema vai continuar lá. - a garota retirou-se.
E ela tinha razão, pensou. Ela não precisava transar, ela poderia determinar tudo o que aconteceria no encontro. Poderia mesmo ser uma boa, até porque estava com pouquíssimas opções no momento. Mas não poderia recriar um perfil no site, não estava encorajada o suficiente. Lembrou-se então que havia salvo o número de “”. Era um código internacional, sabia, mas ela precisava partir de algum lugar. Quem sabe falando com aquele homem ela se ajudaria, precisava, pelo menos, de autoconfiança para criar novamente um perfil.
“Oi. É a , daquele site.
Sei que já faz uma semana e desculpe pela demora no retorno, mas ainda precisa de ajuda?”
A mensagem enviada para aquele número teve uma resposta quase imediata.
“Estou no trabalho no momento. Falo com você em algumas horas.”
sentiu novamente o frio na espinha, mas não voltaria atrás, tinha que seguir pela sua mãe que precisava da cirurgia. Voltou a atenção a aula de economia e tentou, pelo menos por alguns instantes, esquecer todos os problemas que rondavam a mente.
“Estou desocupado agora. Demorou para retornar, hein?”
Era pouco mais de duas da manhã quando percebeu o celular tocar com a chegada de uma nova mensagem. Sentou-se na cama e respondeu calmamente.
“Você tem noção de que horas são?”
“Aqui são 1:25 AM, bem cedo, diria eu.”
“Vem cá, de onde você está falando?”
“Miami. Sem mais delongas, preciso ver você, tá próxima do computador? Preciso saber como você é fisicamente”.
não pensou muito, ligou o notebook e logou no Skype. Pensou por um tempo até conectar seu número de telefone e procurar por “”.
- Nossa, você está com uma cara de sono. – sorriu sem mostrar os dentes. Pelo que pôde observar ele estava absurdamente sedutor com uma camisa social preta e alguns botões abertos. Ele era mesmo bonito ou ela estava apenas com sono?
- Talvez tenha acordado a pouco. – respondeu um pouco extasiada demais com o que via.
- Você é diferente.
- Como assim? – ela estava um pouco confusa.
- Diferente. De todas as mulheres que chamei para conversar do site você é a única que não está preocupada com a aparência. Que não está, como posso dizer, com uma lingerie sexy a mostra ou tentando me convencer que é muito gostosona ou que vai servir pro que eu preciso. – despejou.
- Ual. Devo pedir desculpas por isso? – revirou os olhos.
- Não. Já cansei de você pedindo desculpas. – sorriu dessa vez mostrando todos os dentes. – Vem cá, seu nome é mesmo ?
Ela bufou, indignada dessa vez lembrando o quão burra ela era.
- Sim, é mesmo. Olha, eu nunca tinha feito algo parecido, foi burrice deixar meu nome exposto assim, por isso apaguei o meu perfil.
- Foi burrice mesmo. – concordou . – Mas tudo bem, é errando que se aprende. Enfim, ainda preciso de ajuda. – se acomodou na cadeira de luxo do seu escritório.
- Pra que? – questionou, um pouco curiosa.
- Preciso de uma mulher para me acompanhar em um cruzeiro de negócios. Alguém que possa dar a impressão de que sou um homem mais sério, centrado, coerente e com intenções de constituir família. A empresa que trabalho é extremamente tradicional, conservadora e que preza pelos bons costumes.
- Mas o que te faz pensar que eu sou a mulher certa?
- Não sei, tenho a sensação de que você é uma boa escolha, mas ainda estou em fase de pesquisa.
- Entendi. – o assunto encerrou-se por alguns segundos até que questionasse. – Hipoteticamente, caso você me escolha, eu teria que ir a Miami?
- Acho que isso é meio óbvio não é? E aposto que é um sonho para você vir aqui.
revirou os olhos uma vez mais, mas não negou.
- Qual o seu preço? – logo questionou.
- Co-Como assim meu preço? – gaguejou rápido.
- Ué, quanto você cobra pelo, como vocês chamam, programa? – pareceu óbvio.
- Mas seria uma viagem internacional. Eu sou do Brasil, você entende isso?
- Eu sei que você é brasileira, sei desde o momento em que entrei naquele site. Dá um preço logo! – falou, impaciente.
- Mas e os custos com a viagem, tenho que incluí-los?
- , quanto você vai cobrar por uma semana? E esquece todo o resto!
- Uma semana? É muito tempo.
- Te garanto que valerá muito a pena ficar uma semana comigo. E então, fala logo, quanto é? – Ele tinha um sorriso esnobe na face, mas também estava visivelmente irritado com a confusão da moça. Ela era ou não uma puta? E putas cobravam não é? E putas normalmente não eram confusas, eram extremamente autoconfiantes pelo que observou enquanto pesquisava. Mas também notou a mudança instantânea na face daquela mulher que o respondeu.
- 10 mil reais. - Ela disse com a certeza de que ele não pagaria enquanto ele ficava surpreso, porque não esperava um valor tão baixo.
- Tudo bem. Dinheiro não é problema. – ele deu de ombros e decidiu ali que era ela a escolhida.
Dinheiro era problema sim. Inclusive era aquela razão pela qual conversava com ele aquele momento.
***
e conversaram por um mês. Tempo suficiente para que ele aperfeiçoasse o inglês e o espanhol que ela afirmava ter e que ele apreciou no perfil dela. Isso era importante, pois a mulher que estaria ao lado dele deveria demonstrar, além da beleza, o mínimo de inteligência.
, por outro lado, contou a empreitada a sua mãe que de inicio não aceitou. Recriminou a filha e por um tempo até ficou sem falar com ela, mas sabia que a única razão pela qual a filha estava se metendo naquela confusão era porque ela precisava. Nem acreditava que as coisas chegaram naquele ponto, mas o que poderia fazer? A dor já era insuportável demais, ela já não aguentava mais.
Aquele dinheiro sujo chegaria em boa hora. antecipou, sem que antes assinasse uma nota promissória, metade do valor combinado o que foi suficiente para a operação. Tudo ocorreu perfeitamente bem e o pós operatório, apesar de um pouco desgastante, foi tranquilo.
Tudo aconteceu muito rápido. A mãe de foi operada, era período de férias na faculdade, tudo o que precisava ser feito foi feito e finalmente poderia cumprir com o combinado. Para seu primeiro “programa”, ela estava numa fria. Era outro país, como poderia pedir socorro caso algo desse errado? Ela era louca, muito louca e queria desistir. Mas e a dívida com aquele homem? E todo o treinamento que ele teve com ela durante aquele tempo? Ele era rico, poderia até mandar matá-la se quisesse. Ela estava numa fria. Ela estava se odiando mais do que o normal. Mas agora já era. Ela tinha que ir.
- Tem certeza que quer ir, filha? – a mãe de questionou quando foi despedir-se.
- Eu preciso, mãe.
- Está tudo bem, ?
- Está. Está tudo bem! – um beijo foi depositado na testa da mãe.
Não faça isso - Você está indo bem. – sussurrou no ouvido de enquanto dançavam no salão do cruzeiro. Uma orquestra ao fundo tocava um jazz romântico.
- Obrigada. – respondeu simplesmente, um pouco extasiada com o toque e o perfume do homem a sua frente.
encantou-se desde o primeiro segundo com que somente pôde busca-la no quarto de hotel em que se hospedou em Miami. Ele era alto, como ela tinha imaginado, tinha olhos ávidos e um corpo de dar inveja a qualquer homem. Ela não se sentia “tudo isso” para ele, mas ele parecia extremamente satisfeito com ela.
E desde o momento em que ela o viu ela quis que ele gostasse dela. Não sabia explicar como ou porque, mas precisava daquilo. Bom, ela tinha uma teoria, ele a tinha ajudado com sua mãe mesmo que não soubesse disso, também realizou o sonho dela de conhecer os Estados Unidos e, ah, quem ela queria enganar, ele era lindo. Era o homem mais bonito que tinha conhecido nos últimos tempos.
Dançaram algumas músicas até voltarem a mesa e iniciar um assunto sobre trabalho com um dos chefes. Não pôde deixar de notar, entretanto, que August, um dos colegas de departamento, conversava animadamente com a sua acompanhante. Ela parecia interessa-lo mais do que apenas para uma conversa, era visível que ele a desejava, e ela não poderia desrespeitá-lo ali, ria junto com August animadamente também.
Observou por longos minutos aquela situação “animada” e quando August a tocou foi a gota d’água. Na primeira oportunidade que teve puxou pela mão e a levou até o quarto.
- O que você pensa que está fazendo, sua vadia? – ele trancou a porta do quarto e vociferou irritadiço.
- O quê? Que merda você está falando?
- Escuta aqui, você tem que me respeitar. Você é minha acompanhante entendeu? Eu que te contratei!
- Mas o que eu fiz de errado, ? – estava impressionada com a repentina mudança de humor daquele homem. Seus olhos marejaram quando percebeu que ele também a tinha desrespeitado a chamando de “vadia”.
- Não pense que não notei sua conversinha “boba” com o August. Descaradamente ele deu em cima de você e você nem se deu ao mínimo de respeito de negá-lo. – tinha as mãos na cintura enquanto falava com expressão séria na face.
- Ele estava apenas sendo cavalheiro e conversando comigo enquanto você estava ocupado. – tentou justificar.
- Tinha outras mulheres na mesa, porque não falar com nenhuma delas? – perguntou irônico.
- Porque simplesmente nenhuma quis falar comigo. – o encarou nos olhos.
- Quer saber? Chega. A noite acabou pra você. Vai dormir. Eu vou voltar para minha festa.
E saiu, fechando a porta atrás de si. constatou que a porta estava trancada e que ele tinha levado os cartões. Se permitiu então a derramar algumas lágrimas observando-se na linda penteadeira a sua frente. Desfez o maravilhoso coque e limpou toda a maquiagem que ainda restava. Tomou um banho quente e deitou-se por fim ainda desolada com as palavras do homem que ela tanto quis agradar. Não pôde acreditar, todavia que tinha estragado tudo. Aliás, nem sabia onde tinha errado, pois estava indo tudo bem.
***
- Está tudo bem com sua namorada, ? – August perguntou assim que observou adentrar no recinto novamente.
- Sim, August. Ela só estava um pouco cansada da viagem e preferiu descansar. – disse e logo se afastou do colega em direção ao bar.
E bebeu. O suficiente para sair de si, para embriagar-se como há muito não fazia. Não sabia explicar o porquê estava naquele estado e já se passava das quatro da manhã quando decidiu ir para o quarto.
Passou o cartão na porta com dificuldades, e após entrar pôde observar uma mulher deitada na cama com cara de pânico. Era uma mulher linda, ele não deixou de observar também. Ele começou a caminhar em direção a cama e cada passo que dava ela se afastava, até quis rir da situação, aliás já estava rindo.
- Não faça isso. – a ouviu pedir.
- Isso o que? – confundiu-se.
- O que está prestes a fazer. Por favor, eu não quero.
- E o que diabos acha que vou fazer? Por acaso está pensando que vamos transar? Eu não transo com putas. – respondeu ríspido antes de deitar-se em um lado da cama e dormir.
***
A cabeça doía muito, tudo girava quando abriu os olhos. Tentou levantar abruptamente, mas percebeu no mesmo instante que fora uma decisão errada. Tudo ainda girava, agora um pouco pior. Sentou-se na cama e fechou os olhos com força até sentir-se seguro o suficiente para ir ao banheiro.
Flashbacks da noite anterior passavam na mente. Estava feliz por primeiro lembrar que o fechamento do grande negócio já estava bem encaminhado. Os investidores gostaram de sua ideia e com isso ele poderia, enfim, ganhar a merecida promoção. Era um baita ponto positivo.
Lembrou-se também dos elogios que recebeu por sua “linda e educada namorada”, ela era “uma mulher e tanto”, disseram-no diversas vezes aquela noite, inclusive depois que ele a levou para o quarto para descansar. sorriu enquanto a água lhe escorria pelo corpo. Ele sabia que tinha feito a escolha certa.
Entretanto, após desligar o chuveiro lembrou-se de suas palavras, que provavelmente não teria dito se estivesse em sã consciência. Vadia. Puta. Mesmo que ela fosse, mesmo ela sendo, não era delicado dizer. Arrependeu-se por isso, e quis desculpar-se, mas uma última lembrança passou por sua cabeça: ela não estava na cama quando ele acordou.
Num milésimo de segundo sentiu um imenso desespero. E se ela tivesse estragado tudo? E se o julgassem por contratar uma mulher pra se passar por sua namorada? Será que diriam que ele não era homem suficiente para conquistar? E a promoção? Bom, longe ela não teria ido. Estavam num cruzeiro que somente ia desembarcar dali seis dias, o que viria a ser péssimo caso ela tivesse estragado tudo. apressou-se em se trocar, precisava procurar e saber o que estava acontecendo, todavia não foi preciso sair, ela abriu a porta no momento em que ele terminava de pentear-se.
- Bom dia. Trouxe o seu café da manhã, achei que pudesse estar cansado e talvez com um pouco de dor de cabeça. Pensei também que preferiria tomar café aqui, sem tanto barulho. – postou uma bandeja em cima da pequena mesa que tinha no quarto, sem, contudo, encarar o homem.
- Ah, obrigado. – respondeu antes de perguntar. – Você não vai tomar café?
- Já tomei. – a resposta veio em seguida. sentou-se a mesa e pegou a xícara de café, queimando a ponta da língua ao degustar o líquido quente e amargo. Notou que sentou-se na ponta da cama olhando pela janela do quarto. Só havia mar do outro lado, ela sabia e ele também.
- Faz tempo que acordou? Fez alguma coisa lá fora? Viu alguém? – questionou com curiosidade, precisava saber se ela havia feito algo que poderia prejudica-lo.
- Na realidade eu nem dormi. E fica tranquilo, não vi ninguém ao sair, simplesmente tomei café e trouxe o seu. Acredito que quase todos nesse cruzeiro tiveram a mesma ideia de tomar café no quarto, possivelmente ficaram cansados com a noite animada de ontem que você não me deixou usufruir. – respondeu ainda sem encará-lo.
- Por que não dormiu? – fingiu confusão.
- Se não for incomodar, eu prefiro não falar sobre isso.
- Mas eu quero falar sobre isso. – levantou-se e se aproximou de , que instantaneamente virou o corpo para encará-lo.
Ele notou o inchaço em seus olhos, sabia que ela havia chorado bastante durante a noite e arrependeu-se por ser o causador, pois os olhos dela eram lindos. Ao chegar perto o suficiente para afastar qualquer distância entre eles, tomou as mãos de e encarando-a nos olhos, pediu:
- Desculpa pelo que falei pra você.Eu estava bêbado, um pouco fora de mim. Não consegui controlar o que saia da minha boca. Me desculpa, de verdade.
Os olhos de estavam marejados, mas ela não conseguiu resistir a uma lágrima solitária que correu no lado esquerdo da face. prontamente a secou com as costas dos dedos e depositou um beijo naquele lugar.
- Não faça isso. - suplicou quando notou que a beijaria.
- Eu quero isso. – E os lábios do casal selaram-se. Para aquele beijo significava muito, pois era um misto de desejo com raiva de si mesma, uma vez que prometera que jamais se envolveria com um homem que de qualquer modo, a tinha rebaixado.
Mas ela o desejava. Desejou desde o momento que o viu pela primeira vez numa videoconferência via Skype. Desejou desde o segundo em que o viu na porta do hotel um pouco sério demais, mas atencioso o suficiente até subirem a bordo daquele cruzeiro. Desejou quando ele pousou seus olhos sobre ela durante toda a noite anterior. Ela o desejou naquele momento em que ele a beijava. Ela o queria naquele e não se arrependeria depois, ou sim, não saberia dizer. Mas o que tivesse que acontecer aconteceria porque os desejos da carne eram difíceis de resistir, e ela o desejava, ela não resistiria.
não perdeu tempo, desceu, com delicadeza, o zíper do vestido que a moça a sua frente usava sem descolar os lábios por quase um segundo sequer. Acariciou o corpo quase descoberto por completo. Levou até a cama e tratou de imediatamente retirar-lhe o restante de roupa que atrapalhava o momento.
Beijou todo o corpo de sem demora, e observou com avidez todos os espasmos que ela fazia quando sua língua tocava algum ponto excitante. estava sendo gentil como nunca tinha sido antes na vida, e precisava daquilo, pois ela também precisava, e sem mais nenhuma delonga tirou a roupa que há minutos tinha vestido.
Buscou rapidamente um preservativo na cabeceira da cama e vestiu-o rapidamente antes de voltar atenção ao corpo de . Procurou os lábios da moça e notou uma outra lágrima solitária.
- Fica tranquila. Não vou machucar você.- E um último beijo antes de introduzir-se ao corpo de foi depositado em seus lábios.
esqueceu-se de todo o medo que tinha até então. Entregou-se por completo àquele momento mágico. Sentiu-se literalmente no paraíso com a maestria que aquele homem impunha em seus movimentos e não pôde conter os gemidos altos que saiam de sua boca enquanto o observava, atenta ao prazer que lhe proporcionava.
Se aqueceram no corpo um do outro e transaram loucamente, até que cansados, aninharam-se, sem antes colocar um travesseiro por baixo da cabeça de para que ela o encarasse melhor.
Ele a fez dormir. Ele fez isso.
Paraíso ou Zona de Guerra? Era um momento puro, ao mesmo tempo sujo e quicá até primitivo, cru. Eles estavam ávidos, necessitados um do outro e aquele sexo perpetuou-se por diversas vezes durante a estadia do casal naquele cruzeiro. Os vizinhos de quarto já tinham sido trocados por duas vezes, vez que estavam incomodados com o tremendo barulho que o casal fazia sempre que estavam juntos.
nem quis alertar para que diminuísse o volume dos gemidos, pois adorava as expressões primitivas do sexo, e os incomodados que se retirassem, pensava.
- Nossa, realmente já fazia um bom tempo que você não transava, hein? – Patrick, o último vizinho e amigo de não tratou de ser discreto.
- Era a saudade, sabe como é, né? – sorriu maroto.
- Mas é bom assim? Ela é boa mesmo?
- Não acho que isso é coisa que se pergunte. – fingiu ofensa, mas com uma imensa vontade de responder que sim, que era excelente.
Olhou no deque e viu sua acompanhante. Ela estava deitada em uma espreguiçadeira, tomando sol. parecia relaxada e era assim que ele a queria. Extremamente confortável, afinal, quem feliz está não cria problemas.
Já sentia-se como se estivesse em uma zona de guerra. Precisava ser amistoso para que o “inimigo” não atacasse. Ainda que tenha pensado que trazer uma acompanhante de luxo tinha sido uma boa ideia, ao mesmo tempo ele não sabia com quem estava lidando. E se aquela mulher se revoltasse? E se ela contasse para alguém o seu segredo? Ele era um homem, não poderia falhar. E não estava falhando
Estava vivendo um Armistício. Tinha em suas mãos e investidores encantados. Ela, não raras ocasiões, serviu-lhe como tradutora de italiano, vez que naquele navio encontravam-se outros agenciadores interessados na automobilística da VW. Isso significava que além do grande negócio a qual tinha a finalidade de conclui-lo, ainda poderia conseguir um outro. Era um xeque mate na promoção de diretor executivo.
Era um grande momento. Eram escolhas que tinham valido a pena. Mas ainda era uma zona de guerra. Qualquer passo em falso poderia colocar tudo a perder, por isso era cauteloso com , ela era o limite, o armistício e a própria guerra, e enquanto caminhava até ela era só nisso que pensava.“War Zone.”
Paradise. , aquele lugar e tudo o que tinha vivido nos últimos dias tinha sido realmente um sonho. sentia-se no paraíso e era inexplicável o que vinha sentido.
O azul era fascinante, disso sempre soube, mas o azul do mar e o azul do céu eram tons distintos e perfeitos, ainda mais quando combinava com o lindo homem que vinha em sua direção de um modo sério, fato que o deixava cada vez mais charmoso.
- Eu poderia lhe passar um protetor solar, o que acha? – sugeriu com um sorriso de canto.
- Eu acho ótimo.– respondeu-lhe, já pegando o protetor que estava na bolsa e entregando-o.
- Deite-se de bruços. – pediu e foi prontamente obedecido. massageou as costas da moça que mantinha os olhos fechados e em completo êxtase.
Ele tinha mãos firmes, fortes e ao mesmo tempo delicadas, pensava . Ela tinha um corpo perfeito, com curvas desenhadas somente para ela, pensava ele. Era um sonho, pensava ela. Era munição, pensava ele.
Paradise. War zone. estava viajando sob o toque de . Tinha amado todas as noites que passaram juntos, que transaram loucamente, que amanheceram e conversavam sobre amenidades. Ela se sentia reconfortante ao lado daquele homem e ele parecia estar feliz com ela.
fantasiou demais. Tinha um certo receio de estar apaixonando-se por , afinal dali a algumas horas tudo aquilo iria acabar, mas sentia que não era o fim. Sentia que o que ela também sentia era recíproco, pois doava-se da mesma forma e a tratara muito bem depois daquele episódio da primeira noite. Sempre atencioso, realizava as vontades dela e não a desagradava em nenhum aspecto.
Nem pareciam que eram um casal de mentira, até porque passou a acreditar que eles eram reais. a disse diversas vezes que ela era seu desafio e sua realidade. tinha cuidado com e isso ela não esqueceria.
No fim queria que aquilo durasse mais do que aquela semana. Queria dormir e acordar ao lado de uma vez mais. Abraça-lo hoje e sempre. Estar junto, corpos juntos por tempo além do que aquilo que estava programado.
Fantasiava com interrompendo sua volta para casa, pedindo-a para ficar um pouco mais. Para que pudessem sair daquela prisão do alto mar e logo concentrar-se em viver algo em solo firme. Viverem firmemente.
até poderia sonhar em morar fora do país, sonhar que viveria com onde quer que ele estivesse. “Ai meu Deus!”, como ela era fantasiosa, mas a quem queria enganar? Ela realmente queria aquilo.
Já para tudo ocorria perfeitamente bem como planejado. Na noite anterior, véspera do desembarque, concluiu o negócio que tanto sonhara nos últimos meses. Conseguiu com que os investidores apostassem na sua ideia de expandir a rede de automóveis para outros países. Assim, tão logo colocasse os pés novamente em Miami e contasse a novidade a diretoria teria a tão sonhada promoção de diretor geral da VW Auto. Estava feliz, admitia.
e saíram de seus pensamentos ao ouvirem ser chamado pelos italianos a comparecer no salão com urgência. E ele com receio de que algo pudesse ter dado errado com as negociações saiu com pressa sem antes beijar a mulher na boca e pedir que o esperasse no quarto.
Por um momento quis contar a o que o esperava. Estava feliz demais porque tinha conseguido para ele a assinatura do contrato italiano, o investimento que a VW precisava para incluir, finalmente, seu nome na indústria europeia.
Passara aquela manhã inteira negociando com Pierre e Fillipo, enquanto se reportava aos seus superiores hierárquicos via Skype sobre a outra negociação com os ingleses. sabia quais as pretensões de em relação a Itália, pois várias vezes ele a havia contado durante aquela semana, já que ela também o tinha ajudado com as traduções italianas.
Mas implorou a Pierre e Fillipo que nada dissessem ao “namorado” que ela tinha ajudado. Queria que ele se orgulhasse dele mesmo, que comemorassem uma conquista que era dele, afinal foi ele quem elaborou todo o projeto que a VW nem acreditava que seria possível iniciar em tão pouco tempo.
Porém, enquanto arrumava-se no quarto preparando-se para o almoço foi surpreendida por um pouco nervoso demais. Ele não parecia tão feliz, estava aflito e aparentemente em guerra com ele mesmo. Parecia pensar em qualquer palavra que poderia sair de sua boca, até que controladamente soltou.
- Não fecharam o contrato. – podia sentir a raiva pulsar de suas veias.
- Como assim? O que aconteceu? – ela questionou confusa de verdade. Achava que estava tudo certo, tinha fechado cada cláusula do contrato de forma a beneficiar todas as partes. Sabia como não prejudicar um acordo, trabalhou com advogados em relações internacionais. Sabia mesmo o que estava fazendo mesmo com a pouca experiência.
- Pediram sua presença na porcaria do acerto nas cláusulas. Fizeram um contrato mais cedo com alguns interesses em comum, estava excelente até, mas querem incluir uma nova cláusula e para isso pediram você. – ele parecia estar revoltado com o que falava. – Não entendo o porquê disso, Pierre fala inglês perfeitamente, poderíamos discutir qualquer cláusula. – ele silenciou por alguns instantes antes de pedir. – Eu preciso fechar esse contrato, . Preciso mesmo. Então preciso que você tenha uma performance melhor do que tem na cama. Que você seja mais do que você é.
estremeceu com aquelas palavras. O que ele quis dizer com aquilo?
- E o que eu sou, ?
- Preciso mesmo dizer? – ele a olhou com certo escárnio.
Ouviram batidas na porta. Era a chamada para o almoço. estava incomodado, sério, tenso e estava decepcionada.
Então a ficha caiu para . Era mentira o que eles tinham vivido naquela semana, não havia beleza naquela história. Ele a via como uma puta, acompanhante de luxo que somente se prestava a satisfazer-se sexualmente e como um rosto bonito para estar ao seu lado. Ele não via a inteligência que tinha.
Ele não notara em momento algum que ela lhe contara que estava formando-se em relações internacionais, que tinha um vasto conhecimento no mercado internacional, que falava fluentemente três idiomas além do português nativo, que já trabalhara com investidores e que somente não atuava na área devido a crise que assolava o país, vez que não tinha investimento, afinal quem iria querer injetar grana num país com altos impostos e com determinada mão de obra um pouco cara demais?
naquele momento a julgou apenas como uma mulher que tinha uma ótima performance na cama. Ele não pensou um segundo sequer que ela o tinha ajudado nas negociações. Que tipo de homem era?
Ela o odiou naquele instante. Odiou cada minuto em que se doou para aquele homem que a objetificava. Odiou porque ele sequer a enxergava como uma mulher independente, que buscava oportunidades e que somente estava ali porque precisava daquele dinheiro para ajudar a família.
Mas poderia tranquilizar-se. O navio desembarcaria dali algumas horas. viajaria para casa, esqueceria que tudo aquilo existiu e poderia seguir com a vida. Esqueceria , porque ele nem mereceria ser lembrado.
Era isso que ela queria acreditar.
Hooker - Perdonami signorina. – iniciou Fillipo de forma confidente. – Não tivemos como esconder do Sr. Lamborghini que foi a signorinaque nos ajudou com o contrato.
apenas assentiu. Não sabia muito bem o que dizer, mas sabia que o que quer que tivesse acontecido não seria culpa de Fillipo ou mesmo de Pierre. postou-se ao lado de após adentrar na sala e passou a mão direita por sua cintura, envolvendo-a. para desvencilhar-se, sentou-se a mesa. Queria evita-lo, o que não foi possível, vez que sentou-se ao seu lado.
-Por favor, comporte-se. Falta pouco para a gente se livrar um do outro. – sussurou no ouvido de .
A essa altura já não conseguia esconder o que realmente estava em seu íntimo. Queria não ter que estar alerta o tempo todo, queria poder agir como bem entendesse, falar o que pensasse e não se preocupar com a conduta moral. Era a promoção que o interessava. Era aquele negócio que o interessava. Não entendeu porque queriam aquela mulher ali. Não entendeu porque a chamaram quando ele é quem representava a VW.
- O senhor Lamborghini pediu para avisar que se atrasará alguns minutos. Teve um contratempo, mas logo comparecerá. – Avisou Pierre a todos os presentes à mesa.
bebericou um pouco de vinho. Não conseguia olhar para e sua expressão séria incomodou seu contratante.
- O que você quer ouvir de mim, ? – questionou entredentes.
- Quero saber o que pensa de mim, querido. – ainda séria e sem encará-lo respondeu.
- Isso não importa, . – sussurava. – Eu só preciso que você aja naturalmente, como veio fazendo todos esses dias. Preciso fechar a droga desse contrato. E preciso de você para isso. Eu paguei para você me ajudar. Eu...
- Não, . Você me pagou para te acompanhar, ser sua puta. – interrompeu-o.
- Isso, . Puta. É isso que você é.
e entreolharam-se. Ela sentia o sangue queimar, enquanto ele não via a hora de ver-se livre daquela situação. Em termos estava tranquilo, vez que o contrato com os ingleses já estava fechado, o que significava que sua promoção já estava garantida, mas o bônus que o fechamento do contrato com os italianos lhe traria seria infinitamente melhor, pois poderia então sonhar em voltar pro Brasil e rever a família, amigos, a Aline, enfim trabalharia perto de casa.
-Você se arrependerá dessas palavras, . – disse com os olhos avermelhados.
- A propósito, , seu dinheiro está em cima da sua mala no quarto. Tem até um bônus pelo excelente trabalho realizado.
quis responder, mas o que queria dizer não era adequado. Ademais, qualquer coisa que pudesse dizer seria interrompido, vez que o Sr. Lamborguini adentrara o salão e sentou-a mesa.
O contato foi imediato. incumbiu-se de traduzir para o que o Lamborghini dizia e ele prestava demasiada atenção. Com o passar do diálogo acalmava-se, parecia efetivamente que o contrato com os italianos estava fechado. Até que...
-O que ele disse, ? Não consigo entender uma palavra. – naquele instante arregalou os olhos e não conseguiu dizer uma palavra sequer. – , o que ele disse? – voltou a questionar.
- Ele disse que quer inserir uma cláusula que admite que sua namorada fará toda e qualquer mediação entre a empresa Lamborguini e a VW Auto, Sr. . – disse Pierre em inglês observando que estava impressionada.
- Como assim? – inquiriu confuso demais com aquela situação.
- nos ajudou essa manhã e todos esses dias com o contrato que hoje mais cedo o senhor pôde ler. Ela, inclusive, soube negociar de forma a beneficiar todas as partes. Não vacilou em momento algum, comportou-se como uma verdadeira negociadora e tornou possível o contato entre as empresas. Embora eu fale inglês muito bem, eu não teria a mesma sorte negociando com o senhor, , vez que notamos que o senhor também estava ocupado tentando fechar negócio com os ingleses. Precisavamos de atenção e sua namorada nos deu em todo o momento que esteve discutindo cláusulas e mais cláusulas conosco. Além disso, o Sr. Lamborguini notou o quanto vocês são ligados um ao outro e ele preserva esse lado familiar. Viu em vocês raízes que nossa geração tem perdido, como o apreço pela família e tendo em vista que vocês são um casal e que ela fala italiano perfeitamente, nada mais salutar que faça todo o intermédio entre VW e Lamborguini. – Pierre despejou para que não esbanjava qualquer reação.
O ambiente silenciou-se por alguns longos segundos, ao passo que olhava para de um modo assustado e ela devolvia o olhar. Mas em um ímpeto de consciência, recobrou o dom da palavra e com toda a sua calma respondeu em italiano.
-Signori, fico grata pela oportunidade que me conferem, mas eu não poderia aceitar. Tenho que voltar para o meu país para que possa concluir tudo aquilo que comecei. Preciso concluir meus estudos para, assim, alçar novos voos. Minha mãe está adoentada e precisa de mim, e ademais só pude estar aqui porque esse homem ao meu lado foi bastante generoso. – agora olhava para que temia cada palavra que ela falava. – Inclusive esse homem é extremamente competente, compenetrado naquilo que se dispõe a fazer, focado e não mede esforços para conquistar aquilo que deseja. É um excelente negociador, disso tenho certeza. Ele quem deu causa ao projeto, eu apenas busquei auxilia-lo. Então vocês não se arrependerão de formalizar um contrato e intermediar com ele, pois ele é o melhor que encontrarão. – finalizou.
Todos a mesa sorriam com a forma que a moça falava do namorado. embora aflito buscou sorrir também. Olhou para Pierre desesperado, que logo tratou de dizer-lhe o que ela havia dito.
então levantou-se, foi ao lado do Sr. Lamborguini, sussurou algumas palavras e pediu licença do salão alegando não ser necessário a presença dela ali. teve dúvidas se a seguia ou não, todavia achou melhor permanecer onde estava, pois o Sr. Lamborguini já asssinava a via do contrato que tinham analisado pela manhã.
permaneceu no almoço, bebeu algumas taças de vinho e no final nem se deu conta que o navio já havia aportado. Somente quando August, seu colega, o chamara para curtir as praias caribenhas é que , enfim, deu-se conta das horas.
Mas precisava antes desculpar-se com . Precisava também agradecê-la por tudo o que ela tinha feito por ele mesmo sem ter pedido e logicamente também pediria para que ela ficasse com ele por mais um tempo. Sabia que não seria fácil, mas a disse que ela era sua realidade, logo ela tinha que entendê-lo. nunca pensava quando estava nervoso, teve tanto medo que ela estragasse tudo que somente a atacou naquelas horas. Teve medo de ser descoberto por ter contratado uma mulher para fingir ser sua namorada, mas no fim teve a certeza que qualquer namorada que teve na vida não faria o que fez.
Ele finalmente caiu em si que era mulher demais para ficar naquela vida e talvez poderia ajuda-la. sabia mesmo que não era uma puta, afinal qual prostituta colocaria o próprio nome num site de acompanhante de luxo? Qual prostituta agiria com tamanha inocência na hora de escolher uma foto ou mesmo de como se apresentaria no primeiro contato? Qual prostituta diria “não” para o seu contratante caso ele quissesse transar com ela, sabendo que ela foi contratada também para aquilo?
sabia que ela não era uma puta. Ela não era uma e precisava estar ali para pagar as contas. Era um ato desesperado, mas foi necessário.
No íntimo a julgava pela forma que a tinha a conhecido. Em um site de acompanhantes de luxo, como uma mercadoria qualquer pronta para ser consumida, como um pedaço de carne suculento e talvez por isso tenha se fechado para recepciona-la como a mulher que era.
tinha feito por ele o que jamais esperava de qualquer amigo ou qualquer namorada que tivera na vida. Ela tinha ajudado a fechar um negócio que abria portas infinitas para ele. E ele então deu-se conta que a queria para mais. Queria ajudar com trabalho, queria ela na sua vida. Ele simplesmente a queria para mais que sexo.
E tinha que dizer isso para ela. Precisava desculpar-se antes, precisava falar com todo o coração. Não seria fácil, sabia. Ele a magoara, mas não desistiria. Ela merecia ouvir que ela era maravilhosa.
Que ela era seu armistício.
Ela era o toque que ele queria hoje e sempre. Era com ela que ele queria acordar todas as manhãs. Sua aliada, “o mundo dele”. O paraíso.
perguntou a todo e qualquer tripulante que ainda se encontrava no navio sobre . Nenhum soube responder sobre o seu paradeiro. As malas dela permaneciam no mesmo local, somente o envelope que ele havia deixado não estava ao alcance dos olhos de .
Estava ficando tarde quando um funcionário foi ao quarto de avisando-o que ele precisava deixar o local já que quase todos os demais tripulantes já haviam desembarcado. Antes de sair, porém, avisou que uma moça, a primeira que havia descido do navio, havia deixado um recado em cima do travessseiro para .
Só então ele notou que em cima do travesseiro havia um papel branco dobrado com algumas frases em portugues. Sabia que era de e temeu ler, pois sabia o que ela o xingaria muito naquele bilhete.
“Sim, , eu sou uma puta em português ou espanhol. Uma bitch em inglês e uma hooker em Italiano. E eu estou muito agradecida pelo bônus que você me deu, convertido em real esse dinheiro servirá muito para que eu possa continuar tendo uma vida de luxo com a qual minha profissão proporciona. Tive que me adiantar, o voo de volta ao Brasil paraencontrar um outro senhor rico em instantes. Não ousaria perder mais uns reais, correto? Essa vida de prostituta é realmente muito produtiva... então sim, eu sou uma puta, com orgulho até. Guarde suas desculpas que eu sei que você virá com elas, não serão necessárias. Aproveite sua promoção, seu bonus, pois você merece. Adeus. De , a puta.
era tão ingenua que não pensou que em momento nenhum passaria pela cabeça de que aquela reação dela era esperada. Ele sabia que aquelas palavras eram de ódio por tudo o que ele havia feito. Mas ele consertaria, repararia aquele erro e não demorou-se em desembarcar e correr para o aeroporto das Bahamas sem antes pedir ao funcionário que pedisse aos seus amigos que levassem suas coisas para o hotel.
No caminho, ignorou o chamado dos seus superiores hierarquicos diversas vezes com a desculpa de que estava ocupado. Ignorou também os colegas que estavam tentando contatá-lo. Tinha um único objetivo: impedir que viajasse sem antes desculpar-se e pedir que ficasse.
Porém era tarde. Assim que chegou no aeroporto avistou que o último voo saira para o Brasil uma hora atrás. Ela tinha ido embora magoada e não merecia aquilo. sentiu-se impotente. Frustrado e odioso de si mesmo. Sentiu pesar e uma dor forte no peito que não imaginara sentir antes. Não tinha como encontrá-la mais, ignoraria suas chamadas.
Sem muito o que fazer tratou de ir ao hotel. Embora fosse um grande dia, estava triste, não tinha motivos para comemorar se não com aquela mulher que tão bem o tinha tratado na última semana.
Ao entrar no saguão, porém, notou que August trazia em mãos o bilhete de , e a pergunta evidente foi:
- Caramba, . Uma hooker?
E ele riu. fora descoberto. Era tudo o que não queria, era o que não esperava. Como seria dali para frente? Não há como responder. Uma nova zona de guerra, era apenas isso que pensava.
Fim?
Nota da autora: O que aconteceu com e ? Bom, ainda é cedo para dizer, mas o que posso adiantar é que essa história não pode acabar assim, por isso Pillowtalk vai continuar!
Qualquer erro nessa atualização são apenas meus, portanto para avisos e reclamações somente no e-mail.
Para saber quando essa linda fic vai atualizar, acompanhe aqui.
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