Capítulo Único
Mesmo sendo madrugada, o fluxo de pessoas no aeroporto ainda era intenso. Mal lembrava da última vez que esteve ali, muito menos lembrava a sua última viagem de avião em suas férias. Com tanto tempo, provavelmente o medo de estar na aeronave deveria ter voltado. A fila do check-in estava extensa, mas não chegava a ser daquelas filas comparadas a um feriadão ou coisa do tipo.
– Quando você me avisou que iriamos tirar férias e viajar juntos, pensei que fosse algo para somente nós dois e que fosse para me relaxar!
– Eu tentei esconder da sua irmã, mas ela é pior do fã stalkeando um ídolo! Não podia fazer nada a não ser trazê-la conosco!
– Ter um amigo e cunhado ao mesmo tempo é uma merda! – exclamou, já irritado com a situação.
– Dude, relaxa. Estamos de férias e indo para o Caribe, você tem que relaxar e entrar na vibe… – disse, tocando o ombro do amigo e fazendo movimentos de ondas com a outra mão.
– Relaxar? Como você quer que eu relaxe em plena duas horas da manhã, parado em uma fila do check-in sendo que nosso voo sai às três! Não tinha outro horário para esse voo, não?
– O que tinha, a passagem custava o dobro do preço que pagamos. Calma, , vai dá tudo certo.
– Ouço essa história desde o colegial. – e se conheceram no colegial, quando acabou se mudando para a casa em frente da de . Eram uma dupla inseparáveis, até o dia em que os pais tiveram que se mudar para outro estado por conta do emprego, mas nem mesmo a distância os fizeram se separar. Acabou que, retornou a cidade para iniciar seu curso de Contabilidade, enquanto cursava economia. Alugaram um flet próximo ao campus, dividiram as despesas e acabaram estagiando na mesma empresa, onde conseguiram o tão sonhado emprego fixo. Já havia mais de cinco anos que ambos estavam naquele local, trabalhando como se não houvesse amanhã. era mais relaxado, cumpria com seus deveres e era um ótimo contador, mas não dispensava suas sextas à noite em uma pub juntamente com sua namorada , irmã de . Já era mais focado. Curtia uma ida ao estádio quando tinha jogos do seu time ou até mesmo acompanhar seu amigo e sua irmã nas saídas noturnas, mas era raro disso ocorrer. costumava ficar em casa, trabalhando noite pós noite para conseguir um pouco de aumento em seu salário, o que deixava de cabelos brancos. Após uma longa conversa e insistência, o amigo conseguiu o convencer de viajar para o Caribe depois de achar uma promoção para um Resort local. – E não era verdade? Tudo não se ajeitava? – o amigo questionou, dando um passo mais a frente.
– Ah, claro, depois que eu me acabava para ajeitar a situação, é claro que as coisas iam ficar de boas! – viu o amigo negar com a cabeça e torcer os lábios. – O que foi?
– Você precisa trabalhar menos e viver mais, olha só como está! Todo estressado, tenso, parece sua irmã na TPM.
– O que tem eu? – se aproximou, com os cafés em mãos.
– Ele estava falando do quanto estou estressado e comparando isso a sua TPM.
– Ei, eu não fico estressada igual a ele! Sou até mais calma…
– Ah, sim, sua calmaria deu fim ao abajur da sala da última vez. – completou, recebendo um olhar furioso da namorada.
A viagem não foi tão longa quanto pensou. Mal conseguiu dormir direito no avião, assim que fechou os olhos e conseguiu pegar no sono, a voz do comandante o despertou quando avisou que já estavam prestes a pousar. Eram por volta de nove da manhã quando chegaram ao Caribe, o calor já começava a se intensificar, os obrigando a retirarem os casacos que aqueciam seus corpos. Não foi preciso procurar um táxi, uma van do resort os esperava no lado de fora com uma placa com seus devidos nomes.
– Que calor é esse? Está pior do que a cozinha de minha mãe! – reclamou quando saíram do veículo. Os garotos nem prestaram muita atenção em suas palavras, já que a atenção total estava naquele lugar. Os olhos brilhavam de tão fascinados que estavam, jamais estiveram em um local como aquele.
– Isso aqui é o paraíso! – exclamou .
– Claro que é, estamos no Caribe! – deu um leve tapa em sua nuca, fazendo o amigo reclamar.
– Parem de agir feito crianças e vão logo fazer check-in! Quero colocar essas malas logo no quarto e começar a curtir.
Não demorou muito para que ambos deixassem as malas nos quartos e descessem novamente para o saguão. foi direto para ala da piscina, enquanto os rapazes se dirigiram para um bar próximo. Todos usavam pulseiras verdes que indicavam que eram hospedes. Sentaram-se nos bancos perto da bancada, apoiando um dos cotovelos no mármore. Cada um pediu um tipo de bebida, tinham apostado que até o final das férias, iriam provar de todos os tipos de bebidas que se tinha no cardápio.
– Você vai ver o quão bom esses quatro dias serão aqui. – falou. – Vai que você até acha alguma gatinha? Já tem um bom tempo que não…
– , não continue. – pôs a mão na frente, pedindo para que o amigo não continuasse a falar. – E outra. Gatinha? Em que século você está? Não se fala mais gatinha.
– Ah, é? E como se fala, “Oh professor das cantadas”. – fez menção de falar, porém todos seus sentidos, foram dispersados quando uma mulher chegou ao local, só que do outro lado da bancada, trajando a mesma vestimenta que os barmans de lá.
Seus cabelos estavam presos em um coque bem feito, coberto por uma rede, tipo que bailarinas usavam, com um laço vinho escuro. Suas roupas eram iguais aos dos barmans. Blusa polo vinho, com um colete branco, combinando com os sapatos da mesma cor e um short bege, não tão curto.
Era ela? Não podia ser.
Não dava para muito bem vê-la de perto, ela estava em uma pequena roda com mais uns 2 funcionários, rindo, apoiada na entrada da porta para o balcão.
Ele desejava saber se era ela. Mas não podia ser, lembrava-se perfeitamente do momento em que a jovem lhe disse que iria para a Europa. Poderia ser alguém parecida, quem sabe?
Teria que chegar mais perto, queria olhar no olho daquela mulher para ter a certeza de que não era a pessoa quem imaginava.
Seu coração começou a acelerar só de imaginar o fato de vê-la novamente. Não saberia agir, muito menos o que falar. Ele havia feito uma “burrada”, como titulou.
– E ai eu falei… ? – o chamou. – ? – ele o sacudiu um pouco, trazendo o amigo de volta a realidade.
– O quê?
– Você ouviu o que eu te disse?
– Eu?
– Cara, você estava no mundo da lua? – riu, tomando um gole de sua bebida. – Essa de menta é uma delicia. Vamos, pega a sua e vamos encontrar a na piscina.
Pegou a bebida e antes de sair, deu novamente mais uma checada no local, tentando encontrá-la, mas ela já havia saído do local, para sua infelicidade.
– , você lembra da ? – perguntou ao amigo, enquanto caminhavam em direção a espreguiçadeira onde estava deitada.
– A mulher vulgo eu fiquei mais de um ano falando o quanto você era idiota por ter deixado? Claro, como não esquecer, não é? Principalmente daquelas sar…
– Tá, você lembra, não precisa descrever. – pediu, parando no meio do caminho. – Enfim, eu acho que ela está aqui, ou melhor, trabalha aqui.
– O que? Está maluco? A está morando no interior da Itália com os avôs, lembra? Ela disse que não sairia de lá por um bom tempo. Quer dizer, até te esquecer novamente.
– É, só que já se passaram um bom tempo, não acha? Praticamente quatro anos, esse tempo é o suficiente para alguém esquecer outra pessoa.
– Ou não… Mas por que acha isso?
– Eu a vi no balcão de bebidas. Juro que era ela.
– Você enlouqueceu de vez. – riu, voltando a caminhar, fazendo bufar de raiva. Aproximaram-se de , a vendo erguer o tronco da cadeira e olhar para eles.
– Pensei que haviam se perdido. – ela disse, retirando os óculos.
– É que seu irmão delirou no meio do caminho.
– Como assim? – ela perguntou e revirou os olhos.
– Só porque eu disse a ele que tinha visto a trabalhando aqui.
– A ? Sua ex namorada que você sofreu por meses e fui obrigada a ficar quase um mês ouvindo músicas melancólicas?
– Não precisa ficar relembrando! Que mania de vocês!
– Ih, não vem com seu estresse para cima de mim não, maninho. Ela está na Europa, se toca, você não terá ela de volta. Deixou escapar uma bela oportunidade. – colocou novamente os óculos de sol e voltou a deitar na espreguiçadeira.
Indignado, resolveu dar um volta, ou melhor, voltar ao bar e perguntar sobre a tal funcionária. Ele não era daqueles caras de deixar a dúvida continuar na cabeça, gostava de saber o certo e não tinha medo de errar, ou se confundir. Chegou ao saguão, olhando atentamente por todos os lados, na tentativa de encontrá-la, mas nada.
Ele estava atrás de uma mulher que nem se quer sabia se realmente era quem desejava.
Era loucura? Talvez.
Seria bom reencontrá-la? Não sabia.
Viu o mesmo barman que conversava com ela há poucas horas e se aproximou, sentando-se no mesmo lugar de antes.
– No que posso lhe ajudar, senhor? – perguntou o rapaz, educadamente.
– Eu gostaria de saber o nome da funcionária que estava a pouco tempo conversando contigo. Desculpa a indelicadesa, é só que…
– A Tinker?
Tinker? Que diacho seria Tinker? O nome dela era Tinker?
– Tinker? – repetiu o nome. – Ah, perdão, a confundi com outra pessoa, desculpa.
Educadamente o barman se afastou, assim como , que voltou a caminhar no meio do saguão. Aproveitou o momento para conhecer mais do hotel onde estava, afinal, mal havia chegado e a primeira coisa que havia feito foi ir à piscina, por cauda de .
O local era um verdadeiro paraíso e tinha um design bem característico a Cancun.
Os móveis eram amadeirados, revestidos com uma pintura branca, o piso da mesma cor refletia o amarelo claro do teto e seus lustres um tanto exóticos. Era uma mistura de clássico com luxo.
Enquanto caminhava para o corredor onde ficava os elevadores, seu olhar foi de encontro a outro, que possivelmente já estava nele há um bom tempo.
Ela ainda possuía o mesmo olhar que o desligava, que deixava seus pés trêmulos e o coração acelerado. Aquele olhar na qual passou anos e anos demonstrando o quanto ela o amava, mas também era o olhar que refletia uma decepção. Estava prestes a andar, quando uma voz os despertaram.
– Tinker, vamos? – uma mulher da mesma estatura que ela, a chamou, puxando-a assim para dentro da cabine do elevador.
A noite caiu rapidamente e como seguia o roteiro, havia um luau na praia que pertencia ao hotel. As tochas de fogo aqueciam o local e ao mesmo tempo iluminava. As mesas amadeiradas estavam espalhadas por toda areia, e duas tentas estavam montadas. Uma, com as comidas e a outra, um pouco mais fechada com um dj e globo de luz.
Há quanto tempo não havia ido a uma festa?
Semanas, dias, meses… Quem sabe. Porém sua cabeça ainda tornava a pensar na tal Tinker, que aparentemente se parecia muito com ela, tirando a cor do cabelo que estava mais clara.
O pessoal dançava freneticamente na pista de dança, enquanto outros estavam sentados, conversando, assim como ele, e estavam. O bom de sair com eles, era que não faziam o tipo “casal grudento”, soava mais como saída de amigos do que saída de um casal e uma vela.
– Um brinde ao rapaz que finalmente saiu do mundo do trabalho e aceitou viver um mundo de festas. – sua irmã disse, erguendo a taça com espumante.
– Um brinde! – gritou .
– Vocês são muito exagerados, agora já entendi porque se combinam tanto. – comentou, rindo.
– Ou você que é muito tapado. – o amigo disse. – Uh, eu adoro essa música, vamos dançar! – falou de imediato, puxando que foi pega de surpresa.
Ao longe, conseguia ver os dois dançando uma música agitada, porém era totalmente desengonçado. Entre risos e goles, percebeu que a bebida havia acabado e uma festa sem bebida, não era uma. Levantou-se e caminhou em direção a um dos balcões armados para drink’s. Logo percebeu quem estava atendendo um dos, e seu coração tornou a disparar. Merda, por que se sentia assim sempre que a via?
Por sorte, ela estava de costas, então não tinha percebido que o rapaz tanto a encarava.
Bem, ele estava sozinho, não havia ninguém no balcão, ela estava só… Tinha que tirar essa dúvida logo.
Ajeitou a postura, respirou fundo e caminhou até lá.
– Tinker pode ser um belo nome, mas também pode ser um belo apelido. – ele disse, fazendo a garota virar-se rapidamente, com uma garrafa de vodka em mãos. A garota parecia atônita, seu olhar já dizia tudo, mas voltou a postura normal em menos de segundos.
– Se você souber meu nome, Tinker será um apelido, se não souber, será um nome. – ela disse, indo em direção a uma das extremidades do bar, depositando a garrafa na mesa. Ele acompanhou seus movimentos, parando novamente em frente a ela.
– Prefiro ele como um apelido, . – enfatizou seu nome, demonstrando para a garota do quanto ele lembrava não apenas do nome, mas dela em si.
– Lembra meu nome, mas deve ter esquecido da minha pessoa. – ela tornou a falar, sem olhar para ele. Pegou alguns morangos e começou a cortá-los em rodelas.
– É difícil de se esquecer uma pessoa que foi tão importante na vida da outra.
– Belas palavras, poucas atitudes.
– O que quer que eu faça? – ele falou, tentando não demonstrar sua indignação.
– O que você quer aqui? – ela soltou o que tinha em mãos, olhando seriamente para ele.
– Bebida?
– Ah, jura? Me poupe, .
– Olha, você lembra meu nome. – falou um pouco irônico, fazendo a garota bufar.
– Queria não ter lembrado. – após falar, voltou novamente a cortar as frutas.
Ele estava frutado, não pela atitude dela diante a situação, mas sim, por perceber que as magoas ainda continuavam presentes nela, mesmo que ela não tivesse dito. Dava para perceber, pelo jeito, pela voz, mas ela havia esquecido que ele também havia sofrido, e como sofreu.
Sofreu arrependimento, por saudade, por amor.
– Você fala como se eu tivesse um coração frio.
– E não tem? – ela rebateu. – Não foi eu que disse “acabou”, foi?
– …
– Esquece, . Vai querer uma batida de quê?
– De perdão, de acompanhamento e uma chance para conversar.
– Desculpa, isso não está no cardápio. Vai querer o quê?
– , por favor…
– Argh, fala logo! – exclamou.
– Me desculpa, de verdade.
– Acha mesmo que palavras vão ajeitar tudo o que você me fez passar? Eu prometi a mim mesma que ficaria na Europa até te esquecer, mas depois, vi o quanto burra estava sendo e não merecia para minha vida por você.
– E assim você veio parar aqui, certo? – ela suspirou, acalmando-se em seguida.
– Está tão obvio assim?
– Está. – ele riu, olhando para ela, enquanto a mesma reprimia um sorriso. Por mais que tivesse passado anos, era como se olhar para ela, o fizesse retornar todas as boas lembranças dos momentos que tiveram juntos. Era uma sensação boa, como se finalmente estivesse em casa, mesmo não estando.
Eles eram amigos desde pequenos, se conheciam mais do que qualquer um. Viraram melhores amigos, mas depois de um tempo, quando a adolescência bateu na porta, viram um novo sentimento surgir.
– Você sabe que eu não queria te deixar. – ele continuou.
– Mas deixou.
– , eu só queria conversar numa boa.
– , cinco anos se passaram, e é incrível ver o quanto você mudou pouca coisa, pena que sua insistência para coisas banais ainda continua. Se me der licença… – falou, assim que percebeu seu colega chegar para a troca de turno.
Era de manhã, mal se lembrava do dia anterior.
Mentira, ele lembrava, mas queria pensar que não se lembrava, não queria ver aquela cena novamente em sua mente.
Não o momento quando se reencontraram, mas quando ela partiu.
“– Acabou. – ele disse, levantando-se em seguida do sofá.
– Como é que é? – a garota questionou, incrédula. – Como assim, acabou?
– É o que você ouviu, . Acabou!
– Repete novamente, não creio no que estou ouvindo. – ela segurava as lágrimas como podia, mas não iria se dar ao luxo de chorar na frente dele. Sempre havia se mostrado forte em qualquer situação, não iria ser ali que desabaria. O mesmo vinha dele, ele queria gritar, queria sair daquela situação, estava confuso, angustiado, triste… Era um mix de emoções.
– Você percebe o quanto incompreensível está sendo?! É algo para meu bem, para mim! Não são dois meses, ou um ano. É só um mês!
– Um mês em um lugar onde ele estará. O cara que quase destruiu nosso namoro.
– Ou que já destruiu. Sério, você está sendo idiota.
– E você incompreensível! – ele rebateu.
– , só repetia mais uma vez. – ela pediu com uma voz mais calma, porém com indícios de irritação. Suas mãos alisavam calmamente suas têmporas, enquanto contínuos suspiros saíam de sua narina.
– Acabou. Acabou. Acabou.”
Arrependimento era pior que tristeza, pior do que dor. Arrependimento era mistura de ambos, porém mais intensificado. Deveria ter apoiado ela, deixando-a ir, mas com a certeza de que quando voltasse, ele estaria lá por ela.
Mas a mesma não voltou.
não voltou, seguiu rumo em direção a Europa, enviando somente uma carta para , explicando toda situação. Ela havia ficado uma fera, sua melhor amiga havia se mudado por causa dele.
Era o que ela pensava.
Mas ele não podia ficar assim, estava ali para se divertir e não ter uma série de arrependimento e lembranças desagradáveis. Levantou-se da cama, indo em direção ao banheiro. O banho quente lhe serviu perfeitamente para tirar parte daquela tensão que sentia no momento.
Quem sabe não contrataria algum massagista local? Afinal, estava incluso no pacote.
Arrumou-se, colocando apenas uma bermuda e uma blusa sem manga. Ligou em seguida para , sendo informado de que o mesmo já estava pronto para tomar café da manhã e que só estava a espera de , como sempre.
Sentiu o estômago roncar, não havia comido nada após ter chegado ao quarto na noite anterior. Resolveu então descer sem , seu estômago necessitava de comida.
Ao esperar o elevador, ouviu algumas vozes vindo do final do corredor. Vozes familiares, na qual ele não queria ouvir logo pela manhã, ou não desejava mais ouvir.
Mas estava se enganando, queria demonstrar que não se importava mais com o passado, ele tentava demonstrar isso desde a “conversa” com , ele queria mostrar a ela que estava bem e que ambos poderiam seguir suas vidas, mas no fundo, ele sabia o quanto sentia falta da garota, o quanto esses anos foram difíceis sem ela ao seu lado.
Desde o termino, não havia se relacionado sério nenhuma outra garota se quer, a não ser com Karen, uma ex colega de faculdade que havia conhecido no primeiro semestre. Foi o único longo relacionamento que teve após .
Dez meses, quase um ano.
Karmen era simpática, doce e estudiosa. Sua determinação o chamou muito atenção, principalmente belo sorriso que a garota tinha, mas nem tudo isso o fez se sentir “completo”, e também, nem sabia se aquilo era namoro ou algo próximo a isso. Não houve um pedido formal, muito menos informal. Só continuaram o que começaram desde o primeiro beijo. Saídas, beijos, caricias…
O termino não foi tão doloroso como pensou, Karen pós em sua cabeça que o motivo seria o estresse da faculdade.
Não havia dado certo.
Durante seu café da manhã, esses foram seus pensamentos.
Droga, até mesmo de férias ele tinha que continuar pensando em coisas fora de hora? Até mesmo nas suas férias ele tinha que encontrar pessoas que relembrassem seu passado?
Nas suas férias ele realmente tinha que encontrar ela?
Terminou seu café, colocando em mente que tinha que esquecer tudo aquilo durante esses dias, e que após sua saída, tudo voltaria ao normal.
Levantou-se da mesa e caminhou até o saguão, olhando disfarçadamente para os lados.
Nenhum sinal dela.
– Não acredito que você tomou café sem a gente! – ouviu a voz pesada de próxima ao seu ouvido. – Qual a parte da frase “viagem em grupo” que você não entendeu? – observou sua irmã cruzar seriamente os braços em sua frente, formando uma pose exatamente como ela fazia quando tinham dez anos de idade. Sua cara emburrada não conseguia fazer ter medo dela, pelo contrário, ele queria rir.
– Desculpa, meu estômago não aguentou. Sabe que sou fraco com esse lance de comida. – respondeu. – E bom dia, irmã.
– Bom dia, maninho. Espero te encontrar no almoço pelo menos.
– E você vai. – riu. – Cadê o ?
– Ele acabou esquecendo um dos cartões de acesso no quarto, ai voltou para pegar. Algum problema?
– Não sei se no saguão é um lugar bom para se comentar sobre isso, mas eu estava certo. – franziu as sobrancelhas, não entendendo exatamente o que seu irmão queria dizer. – Era a . – sua irmã não demonstrou nenhum tipo surpresa ao saber da “notícia”. Por que ela não havia surtado ao saber que uma de suas melhores amigas na infância estava no mesmo local que ela?
– Eu sei. – foi a única coisa que ela respondeu antes de se dirigir para o restaurante.
– Como assim você sabe? – perguntou, fazendo-a parar e se virar.
– O hotel pode ser grande, mas uma hora iremos acabar nos embarrando com boa parte das pessoas aqui, principalmente os funcionários. Ontem à noite, após você ir para o quarto, a encontrei fora do expediente. Conversamos e ela me contou sobre o que aconteceu com vocês.
– Ela ainda está uma fera comigo.
– Não, ela não está. Só está magoada e isso é normal, principalmente quando passamos anos sem ver a pessoa. Começamos a ter a sensação de que para mostrar estar bem, devemos começar a menosprezá-la, e foi isso que ela fez, mas se você chegar e realmente conversar, vai perceber o quanto a antiga ainda é presente. E ai vocês…
– Não vou me apaixonar novamente.
– Não estou pedindo para vocês voltares, se casarem e terem sei lá quantos filhos. Mas conversem, não briguem, só conversem. – deu uma piscadela, antes de voltar ao seu caminho para o restaurante.
Será que ela estava certa? Será que realmente só estava menosprezando-o por conta da magoa que ainda sentia?
Argh, era muita coisa para se pensar em poucos dias. Realmente, se soubesse que aquela viagem seria daquele jeito, não pensaria duas vezes antes de falar “não”.
Mas também, Cancun não merecia toda aquela angustia, era um lugar incrível e com pessoas agradáveis. O clima, a comida, por pouco tempo que estava ali, já havia gostado do local.
Começou a caminhar em meio ao jardim dos fundos, quando ouviu uma buzina atrás dele. Pensou que estivesse atrapalhando, por estar andando na parte mais larga do caminho asfaltado. Esquivou-se um pouco para o tal carrinho passar, mas se surpreendeu quando ele começou a andar ao seu lado, e se surpreendeu mais ainda ao ver a pessoa que dirigia ele.
– Sobe. – ela disse, educadamente. Mais calma do que a noite anterior, mais sutil quando falou com ele.
– Eu? – questionou. Por que ela estaria o chamando, sendo que na noite anterior deu muito bem a entender que a mesma não queria vê-lo nem pintado a ouro?
– Não, a árvore atrás. É claro que é você!
Sem hesitar, ele sentou-se ao lado dela no carrinho, pensando mil coisas que provavelmente ela queria.
Raptá-lo?
Jogá-lo mar abaixo?
– Para onde estamos indo? – perguntou com uma certa curiosidade, vendo um sorriso confiante se formar no rosto da garota.
– Você vai ver. – respondeu, o deixando mais curioso ainda.
Curvas e mais curvas até chegarem a um ponto alto, um pouco distante do hotel, mas ainda assim dentro do complexo hoteleiro. Dele, conseguiam ver o azul do céu se mistura com a imensidão do mar. O vento batia em seu rosto, dando a sensação de uma leve brisa, combinando perfeitamente com o calor que fazia. Não era muito fã de sol, mas só de estar ali, o sol não era um incomodo.
A grama verde ainda estava um pouco molhada por conta dos irrigadores, mas o leve cheiro de terra molhada deu a sensação de que havia voltado no passado.
E realmente havia. estava ali, ela era uma peça importante no seu passado.
Sua primeira namorada, seu primeiro amor.
Olhou de relance para a garota que mantinha seus olhos fechados, inspirando a calmaria que era o local. Somente o barulho das ondas era perceptível.
– Vai me contar do porquê que me trouxe aqui? – ele perguntou. A garota delicadamente abriu os olhos, mas não os direcionou para ele. Manteve fixo a sua frente, como se pensasse em uma resposta.
– Não sei… Só queria vir aqui.
– Não deveria estar trabalhando?
– Não deveria estar com seus amigos? – ela rebateu e depois riu. – Dia de sábado costumo ficar livre pela manhã, para sua informação. Então, resolvi gastá-lo com você. Surpreendente, não é?
E realmente era. Uma sensação estranha começou a tomar conta dele.
Coração acelerado, boca inquieta para se manter sério, mãos suando e uma saudade incontrolável e sem motivo.
– Para uma pessoa que me odiava no dia anterior… – ela suspirou pesadamente.
– Acho que você tem vontade de saber como parei aqui, não é?
– Tenho, mas deveria perguntar?
– Por que não deveria?
– Somos desconhecidos, ou meros conhecidos agora. E por minha causa.
– Não se culpe tanto, eu errei e…
– Não! – ele exclamou em um tom alto, fazendo com que se assustasse um pouco. – eu errei, não deveria ter duvidado de você, deveria ter te apoiado e falado o quanto estava feliz por te ver seguindo seu caminho. Era um curso importante, algo sério para ti e eu só fiz transformar tudo aquilo em um pesadelo. – ela não conseguia falar. Não sabia desse lado dele, não sabia que ele se importava, não tinha noção do quanto ele estava arrependido, porque não havia dado uma chance dele se explicar, mas também, a culpa tinha sido dele por ter acabado com seu namoro.
– Acho que eu deveria ter atendido suas ligações… – a garota disse, olhando para o horizonte.
– Não, não deveria. Eu não merecia, e até hoje não mereço. Queria muito saber como veio parar aqui, mas não posso. Não tenho direito. – ambos ficaram calados, não sabiam o que falar.
– Estava cansada da Europa e queria fazer algo novo. Minha vó tem um amigo que trabalha aqui e ele me arrumou um emprego temporário, como animadora de criança. Logo depois me encantei por esse lugar, e consegui um emprego fixo.
– E você está feliz?
– Muito. – seu olhar ainda estava fixo no horizonte, mas o dele não conseguia sair dela.
Seu olhar admirava a beleza da garota, o jeito como ela falava, o modo como se expressava. Poderia ter se passado anos, mas a mesma permanecia ali, junto com uma nova mulher que foi se formando com o passar do tempo.
– Eu senti sua falta. – ele disse, sem jeito, já imaginando uma terrível resposta da garota.
– Ainda continuamos com os mesmos pensamentos via bluetooth. – ela riu. – Eu também. – olhou fixamente para ele, ou melhor, para seus olhos.
– Seria muito estranho se eu lhe pedisse um beijo?
– Seria mais estranho eu recusá-lo. – e em segundos, sentiu os lábios quentes da mulher de encontro com o seu. A mesma sensação que havia sentido, tinha voltado, só que mais intensa, com mais sabor, mais desejo e com algum tipo de morfina que acalmou instantemente seu corpo. Passou os braços em volta da cintura dela com vontade, enquanto as mãos de acariciavam com desejo a nuca do rapaz, deixando alguns leves arranhões no local. Não era um beijo apaixonado, a sincronia liberava toda a saudade que sentiram um do outro.
E foi ai que se deu conta dos seus sintomas.
Ele não estava em uma sessão de cinema de algum filme de terror para seu coração acelerar do nada, ou muito menos em uma academia para suar tanto. Nem ao menos estava com alguma dor de dente para sua boca se manter inquieta.
Ele estava apaixonado, havia se apaixonado novamente e pela primeira garota que o fez se sentir assim.
– Quando você me avisou que iriamos tirar férias e viajar juntos, pensei que fosse algo para somente nós dois e que fosse para me relaxar!
– Eu tentei esconder da sua irmã, mas ela é pior do fã stalkeando um ídolo! Não podia fazer nada a não ser trazê-la conosco!
– Ter um amigo e cunhado ao mesmo tempo é uma merda! – exclamou, já irritado com a situação.
– Dude, relaxa. Estamos de férias e indo para o Caribe, você tem que relaxar e entrar na vibe… – disse, tocando o ombro do amigo e fazendo movimentos de ondas com a outra mão.
– Relaxar? Como você quer que eu relaxe em plena duas horas da manhã, parado em uma fila do check-in sendo que nosso voo sai às três! Não tinha outro horário para esse voo, não?
– O que tinha, a passagem custava o dobro do preço que pagamos. Calma, , vai dá tudo certo.
– Ouço essa história desde o colegial. – e se conheceram no colegial, quando acabou se mudando para a casa em frente da de . Eram uma dupla inseparáveis, até o dia em que os pais tiveram que se mudar para outro estado por conta do emprego, mas nem mesmo a distância os fizeram se separar. Acabou que, retornou a cidade para iniciar seu curso de Contabilidade, enquanto cursava economia. Alugaram um flet próximo ao campus, dividiram as despesas e acabaram estagiando na mesma empresa, onde conseguiram o tão sonhado emprego fixo. Já havia mais de cinco anos que ambos estavam naquele local, trabalhando como se não houvesse amanhã. era mais relaxado, cumpria com seus deveres e era um ótimo contador, mas não dispensava suas sextas à noite em uma pub juntamente com sua namorada , irmã de . Já era mais focado. Curtia uma ida ao estádio quando tinha jogos do seu time ou até mesmo acompanhar seu amigo e sua irmã nas saídas noturnas, mas era raro disso ocorrer. costumava ficar em casa, trabalhando noite pós noite para conseguir um pouco de aumento em seu salário, o que deixava de cabelos brancos. Após uma longa conversa e insistência, o amigo conseguiu o convencer de viajar para o Caribe depois de achar uma promoção para um Resort local. – E não era verdade? Tudo não se ajeitava? – o amigo questionou, dando um passo mais a frente.
– Ah, claro, depois que eu me acabava para ajeitar a situação, é claro que as coisas iam ficar de boas! – viu o amigo negar com a cabeça e torcer os lábios. – O que foi?
– Você precisa trabalhar menos e viver mais, olha só como está! Todo estressado, tenso, parece sua irmã na TPM.
– O que tem eu? – se aproximou, com os cafés em mãos.
– Ele estava falando do quanto estou estressado e comparando isso a sua TPM.
– Ei, eu não fico estressada igual a ele! Sou até mais calma…
– Ah, sim, sua calmaria deu fim ao abajur da sala da última vez. – completou, recebendo um olhar furioso da namorada.
A viagem não foi tão longa quanto pensou. Mal conseguiu dormir direito no avião, assim que fechou os olhos e conseguiu pegar no sono, a voz do comandante o despertou quando avisou que já estavam prestes a pousar. Eram por volta de nove da manhã quando chegaram ao Caribe, o calor já começava a se intensificar, os obrigando a retirarem os casacos que aqueciam seus corpos. Não foi preciso procurar um táxi, uma van do resort os esperava no lado de fora com uma placa com seus devidos nomes.
– Que calor é esse? Está pior do que a cozinha de minha mãe! – reclamou quando saíram do veículo. Os garotos nem prestaram muita atenção em suas palavras, já que a atenção total estava naquele lugar. Os olhos brilhavam de tão fascinados que estavam, jamais estiveram em um local como aquele.
– Isso aqui é o paraíso! – exclamou .
– Claro que é, estamos no Caribe! – deu um leve tapa em sua nuca, fazendo o amigo reclamar.
– Parem de agir feito crianças e vão logo fazer check-in! Quero colocar essas malas logo no quarto e começar a curtir.
Não demorou muito para que ambos deixassem as malas nos quartos e descessem novamente para o saguão. foi direto para ala da piscina, enquanto os rapazes se dirigiram para um bar próximo. Todos usavam pulseiras verdes que indicavam que eram hospedes. Sentaram-se nos bancos perto da bancada, apoiando um dos cotovelos no mármore. Cada um pediu um tipo de bebida, tinham apostado que até o final das férias, iriam provar de todos os tipos de bebidas que se tinha no cardápio.
– Você vai ver o quão bom esses quatro dias serão aqui. – falou. – Vai que você até acha alguma gatinha? Já tem um bom tempo que não…
– , não continue. – pôs a mão na frente, pedindo para que o amigo não continuasse a falar. – E outra. Gatinha? Em que século você está? Não se fala mais gatinha.
– Ah, é? E como se fala, “Oh professor das cantadas”. – fez menção de falar, porém todos seus sentidos, foram dispersados quando uma mulher chegou ao local, só que do outro lado da bancada, trajando a mesma vestimenta que os barmans de lá.
Seus cabelos estavam presos em um coque bem feito, coberto por uma rede, tipo que bailarinas usavam, com um laço vinho escuro. Suas roupas eram iguais aos dos barmans. Blusa polo vinho, com um colete branco, combinando com os sapatos da mesma cor e um short bege, não tão curto.
Era ela? Não podia ser.
Não dava para muito bem vê-la de perto, ela estava em uma pequena roda com mais uns 2 funcionários, rindo, apoiada na entrada da porta para o balcão.
Ele desejava saber se era ela. Mas não podia ser, lembrava-se perfeitamente do momento em que a jovem lhe disse que iria para a Europa. Poderia ser alguém parecida, quem sabe?
Teria que chegar mais perto, queria olhar no olho daquela mulher para ter a certeza de que não era a pessoa quem imaginava.
Seu coração começou a acelerar só de imaginar o fato de vê-la novamente. Não saberia agir, muito menos o que falar. Ele havia feito uma “burrada”, como titulou.
– E ai eu falei… ? – o chamou. – ? – ele o sacudiu um pouco, trazendo o amigo de volta a realidade.
– O quê?
– Você ouviu o que eu te disse?
– Eu?
– Cara, você estava no mundo da lua? – riu, tomando um gole de sua bebida. – Essa de menta é uma delicia. Vamos, pega a sua e vamos encontrar a na piscina.
Pegou a bebida e antes de sair, deu novamente mais uma checada no local, tentando encontrá-la, mas ela já havia saído do local, para sua infelicidade.
– , você lembra da ? – perguntou ao amigo, enquanto caminhavam em direção a espreguiçadeira onde estava deitada.
– A mulher vulgo eu fiquei mais de um ano falando o quanto você era idiota por ter deixado? Claro, como não esquecer, não é? Principalmente daquelas sar…
– Tá, você lembra, não precisa descrever. – pediu, parando no meio do caminho. – Enfim, eu acho que ela está aqui, ou melhor, trabalha aqui.
– O que? Está maluco? A está morando no interior da Itália com os avôs, lembra? Ela disse que não sairia de lá por um bom tempo. Quer dizer, até te esquecer novamente.
– É, só que já se passaram um bom tempo, não acha? Praticamente quatro anos, esse tempo é o suficiente para alguém esquecer outra pessoa.
– Ou não… Mas por que acha isso?
– Eu a vi no balcão de bebidas. Juro que era ela.
– Você enlouqueceu de vez. – riu, voltando a caminhar, fazendo bufar de raiva. Aproximaram-se de , a vendo erguer o tronco da cadeira e olhar para eles.
– Pensei que haviam se perdido. – ela disse, retirando os óculos.
– É que seu irmão delirou no meio do caminho.
– Como assim? – ela perguntou e revirou os olhos.
– Só porque eu disse a ele que tinha visto a trabalhando aqui.
– A ? Sua ex namorada que você sofreu por meses e fui obrigada a ficar quase um mês ouvindo músicas melancólicas?
– Não precisa ficar relembrando! Que mania de vocês!
– Ih, não vem com seu estresse para cima de mim não, maninho. Ela está na Europa, se toca, você não terá ela de volta. Deixou escapar uma bela oportunidade. – colocou novamente os óculos de sol e voltou a deitar na espreguiçadeira.
Indignado, resolveu dar um volta, ou melhor, voltar ao bar e perguntar sobre a tal funcionária. Ele não era daqueles caras de deixar a dúvida continuar na cabeça, gostava de saber o certo e não tinha medo de errar, ou se confundir. Chegou ao saguão, olhando atentamente por todos os lados, na tentativa de encontrá-la, mas nada.
Ele estava atrás de uma mulher que nem se quer sabia se realmente era quem desejava.
Era loucura? Talvez.
Seria bom reencontrá-la? Não sabia.
Viu o mesmo barman que conversava com ela há poucas horas e se aproximou, sentando-se no mesmo lugar de antes.
– No que posso lhe ajudar, senhor? – perguntou o rapaz, educadamente.
– Eu gostaria de saber o nome da funcionária que estava a pouco tempo conversando contigo. Desculpa a indelicadesa, é só que…
– A Tinker?
Tinker? Que diacho seria Tinker? O nome dela era Tinker?
– Tinker? – repetiu o nome. – Ah, perdão, a confundi com outra pessoa, desculpa.
Educadamente o barman se afastou, assim como , que voltou a caminhar no meio do saguão. Aproveitou o momento para conhecer mais do hotel onde estava, afinal, mal havia chegado e a primeira coisa que havia feito foi ir à piscina, por cauda de .
O local era um verdadeiro paraíso e tinha um design bem característico a Cancun.
Os móveis eram amadeirados, revestidos com uma pintura branca, o piso da mesma cor refletia o amarelo claro do teto e seus lustres um tanto exóticos. Era uma mistura de clássico com luxo.
Enquanto caminhava para o corredor onde ficava os elevadores, seu olhar foi de encontro a outro, que possivelmente já estava nele há um bom tempo.
Ela ainda possuía o mesmo olhar que o desligava, que deixava seus pés trêmulos e o coração acelerado. Aquele olhar na qual passou anos e anos demonstrando o quanto ela o amava, mas também era o olhar que refletia uma decepção. Estava prestes a andar, quando uma voz os despertaram.
– Tinker, vamos? – uma mulher da mesma estatura que ela, a chamou, puxando-a assim para dentro da cabine do elevador.
A noite caiu rapidamente e como seguia o roteiro, havia um luau na praia que pertencia ao hotel. As tochas de fogo aqueciam o local e ao mesmo tempo iluminava. As mesas amadeiradas estavam espalhadas por toda areia, e duas tentas estavam montadas. Uma, com as comidas e a outra, um pouco mais fechada com um dj e globo de luz.
Há quanto tempo não havia ido a uma festa?
Semanas, dias, meses… Quem sabe. Porém sua cabeça ainda tornava a pensar na tal Tinker, que aparentemente se parecia muito com ela, tirando a cor do cabelo que estava mais clara.
O pessoal dançava freneticamente na pista de dança, enquanto outros estavam sentados, conversando, assim como ele, e estavam. O bom de sair com eles, era que não faziam o tipo “casal grudento”, soava mais como saída de amigos do que saída de um casal e uma vela.
– Um brinde ao rapaz que finalmente saiu do mundo do trabalho e aceitou viver um mundo de festas. – sua irmã disse, erguendo a taça com espumante.
– Um brinde! – gritou .
– Vocês são muito exagerados, agora já entendi porque se combinam tanto. – comentou, rindo.
– Ou você que é muito tapado. – o amigo disse. – Uh, eu adoro essa música, vamos dançar! – falou de imediato, puxando que foi pega de surpresa.
Ao longe, conseguia ver os dois dançando uma música agitada, porém era totalmente desengonçado. Entre risos e goles, percebeu que a bebida havia acabado e uma festa sem bebida, não era uma. Levantou-se e caminhou em direção a um dos balcões armados para drink’s. Logo percebeu quem estava atendendo um dos, e seu coração tornou a disparar. Merda, por que se sentia assim sempre que a via?
Por sorte, ela estava de costas, então não tinha percebido que o rapaz tanto a encarava.
Bem, ele estava sozinho, não havia ninguém no balcão, ela estava só… Tinha que tirar essa dúvida logo.
Ajeitou a postura, respirou fundo e caminhou até lá.
– Tinker pode ser um belo nome, mas também pode ser um belo apelido. – ele disse, fazendo a garota virar-se rapidamente, com uma garrafa de vodka em mãos. A garota parecia atônita, seu olhar já dizia tudo, mas voltou a postura normal em menos de segundos.
– Se você souber meu nome, Tinker será um apelido, se não souber, será um nome. – ela disse, indo em direção a uma das extremidades do bar, depositando a garrafa na mesa. Ele acompanhou seus movimentos, parando novamente em frente a ela.
– Prefiro ele como um apelido, . – enfatizou seu nome, demonstrando para a garota do quanto ele lembrava não apenas do nome, mas dela em si.
– Lembra meu nome, mas deve ter esquecido da minha pessoa. – ela tornou a falar, sem olhar para ele. Pegou alguns morangos e começou a cortá-los em rodelas.
– É difícil de se esquecer uma pessoa que foi tão importante na vida da outra.
– Belas palavras, poucas atitudes.
– O que quer que eu faça? – ele falou, tentando não demonstrar sua indignação.
– O que você quer aqui? – ela soltou o que tinha em mãos, olhando seriamente para ele.
– Bebida?
– Ah, jura? Me poupe, .
– Olha, você lembra meu nome. – falou um pouco irônico, fazendo a garota bufar.
– Queria não ter lembrado. – após falar, voltou novamente a cortar as frutas.
Ele estava frutado, não pela atitude dela diante a situação, mas sim, por perceber que as magoas ainda continuavam presentes nela, mesmo que ela não tivesse dito. Dava para perceber, pelo jeito, pela voz, mas ela havia esquecido que ele também havia sofrido, e como sofreu.
Sofreu arrependimento, por saudade, por amor.
– Você fala como se eu tivesse um coração frio.
– E não tem? – ela rebateu. – Não foi eu que disse “acabou”, foi?
– …
– Esquece, . Vai querer uma batida de quê?
– De perdão, de acompanhamento e uma chance para conversar.
– Desculpa, isso não está no cardápio. Vai querer o quê?
– , por favor…
– Argh, fala logo! – exclamou.
– Me desculpa, de verdade.
– Acha mesmo que palavras vão ajeitar tudo o que você me fez passar? Eu prometi a mim mesma que ficaria na Europa até te esquecer, mas depois, vi o quanto burra estava sendo e não merecia para minha vida por você.
– E assim você veio parar aqui, certo? – ela suspirou, acalmando-se em seguida.
– Está tão obvio assim?
– Está. – ele riu, olhando para ela, enquanto a mesma reprimia um sorriso. Por mais que tivesse passado anos, era como se olhar para ela, o fizesse retornar todas as boas lembranças dos momentos que tiveram juntos. Era uma sensação boa, como se finalmente estivesse em casa, mesmo não estando.
Eles eram amigos desde pequenos, se conheciam mais do que qualquer um. Viraram melhores amigos, mas depois de um tempo, quando a adolescência bateu na porta, viram um novo sentimento surgir.
– Você sabe que eu não queria te deixar. – ele continuou.
– Mas deixou.
– , eu só queria conversar numa boa.
– , cinco anos se passaram, e é incrível ver o quanto você mudou pouca coisa, pena que sua insistência para coisas banais ainda continua. Se me der licença… – falou, assim que percebeu seu colega chegar para a troca de turno.
Era de manhã, mal se lembrava do dia anterior.
Mentira, ele lembrava, mas queria pensar que não se lembrava, não queria ver aquela cena novamente em sua mente.
Não o momento quando se reencontraram, mas quando ela partiu.
“– Acabou. – ele disse, levantando-se em seguida do sofá.
– Como é que é? – a garota questionou, incrédula. – Como assim, acabou?
– É o que você ouviu, . Acabou!
– Repete novamente, não creio no que estou ouvindo. – ela segurava as lágrimas como podia, mas não iria se dar ao luxo de chorar na frente dele. Sempre havia se mostrado forte em qualquer situação, não iria ser ali que desabaria. O mesmo vinha dele, ele queria gritar, queria sair daquela situação, estava confuso, angustiado, triste… Era um mix de emoções.
– Você percebe o quanto incompreensível está sendo?! É algo para meu bem, para mim! Não são dois meses, ou um ano. É só um mês!
– Um mês em um lugar onde ele estará. O cara que quase destruiu nosso namoro.
– Ou que já destruiu. Sério, você está sendo idiota.
– E você incompreensível! – ele rebateu.
– , só repetia mais uma vez. – ela pediu com uma voz mais calma, porém com indícios de irritação. Suas mãos alisavam calmamente suas têmporas, enquanto contínuos suspiros saíam de sua narina.
– Acabou. Acabou. Acabou.”
Arrependimento era pior que tristeza, pior do que dor. Arrependimento era mistura de ambos, porém mais intensificado. Deveria ter apoiado ela, deixando-a ir, mas com a certeza de que quando voltasse, ele estaria lá por ela.
Mas a mesma não voltou.
não voltou, seguiu rumo em direção a Europa, enviando somente uma carta para , explicando toda situação. Ela havia ficado uma fera, sua melhor amiga havia se mudado por causa dele.
Era o que ela pensava.
Mas ele não podia ficar assim, estava ali para se divertir e não ter uma série de arrependimento e lembranças desagradáveis. Levantou-se da cama, indo em direção ao banheiro. O banho quente lhe serviu perfeitamente para tirar parte daquela tensão que sentia no momento.
Quem sabe não contrataria algum massagista local? Afinal, estava incluso no pacote.
Arrumou-se, colocando apenas uma bermuda e uma blusa sem manga. Ligou em seguida para , sendo informado de que o mesmo já estava pronto para tomar café da manhã e que só estava a espera de , como sempre.
Sentiu o estômago roncar, não havia comido nada após ter chegado ao quarto na noite anterior. Resolveu então descer sem , seu estômago necessitava de comida.
Ao esperar o elevador, ouviu algumas vozes vindo do final do corredor. Vozes familiares, na qual ele não queria ouvir logo pela manhã, ou não desejava mais ouvir.
Mas estava se enganando, queria demonstrar que não se importava mais com o passado, ele tentava demonstrar isso desde a “conversa” com , ele queria mostrar a ela que estava bem e que ambos poderiam seguir suas vidas, mas no fundo, ele sabia o quanto sentia falta da garota, o quanto esses anos foram difíceis sem ela ao seu lado.
Desde o termino, não havia se relacionado sério nenhuma outra garota se quer, a não ser com Karen, uma ex colega de faculdade que havia conhecido no primeiro semestre. Foi o único longo relacionamento que teve após .
Dez meses, quase um ano.
Karmen era simpática, doce e estudiosa. Sua determinação o chamou muito atenção, principalmente belo sorriso que a garota tinha, mas nem tudo isso o fez se sentir “completo”, e também, nem sabia se aquilo era namoro ou algo próximo a isso. Não houve um pedido formal, muito menos informal. Só continuaram o que começaram desde o primeiro beijo. Saídas, beijos, caricias…
O termino não foi tão doloroso como pensou, Karen pós em sua cabeça que o motivo seria o estresse da faculdade.
Não havia dado certo.
Durante seu café da manhã, esses foram seus pensamentos.
Droga, até mesmo de férias ele tinha que continuar pensando em coisas fora de hora? Até mesmo nas suas férias ele tinha que encontrar pessoas que relembrassem seu passado?
Nas suas férias ele realmente tinha que encontrar ela?
Terminou seu café, colocando em mente que tinha que esquecer tudo aquilo durante esses dias, e que após sua saída, tudo voltaria ao normal.
Levantou-se da mesa e caminhou até o saguão, olhando disfarçadamente para os lados.
Nenhum sinal dela.
– Não acredito que você tomou café sem a gente! – ouviu a voz pesada de próxima ao seu ouvido. – Qual a parte da frase “viagem em grupo” que você não entendeu? – observou sua irmã cruzar seriamente os braços em sua frente, formando uma pose exatamente como ela fazia quando tinham dez anos de idade. Sua cara emburrada não conseguia fazer ter medo dela, pelo contrário, ele queria rir.
– Desculpa, meu estômago não aguentou. Sabe que sou fraco com esse lance de comida. – respondeu. – E bom dia, irmã.
– Bom dia, maninho. Espero te encontrar no almoço pelo menos.
– E você vai. – riu. – Cadê o ?
– Ele acabou esquecendo um dos cartões de acesso no quarto, ai voltou para pegar. Algum problema?
– Não sei se no saguão é um lugar bom para se comentar sobre isso, mas eu estava certo. – franziu as sobrancelhas, não entendendo exatamente o que seu irmão queria dizer. – Era a . – sua irmã não demonstrou nenhum tipo surpresa ao saber da “notícia”. Por que ela não havia surtado ao saber que uma de suas melhores amigas na infância estava no mesmo local que ela?
– Eu sei. – foi a única coisa que ela respondeu antes de se dirigir para o restaurante.
– Como assim você sabe? – perguntou, fazendo-a parar e se virar.
– O hotel pode ser grande, mas uma hora iremos acabar nos embarrando com boa parte das pessoas aqui, principalmente os funcionários. Ontem à noite, após você ir para o quarto, a encontrei fora do expediente. Conversamos e ela me contou sobre o que aconteceu com vocês.
– Ela ainda está uma fera comigo.
– Não, ela não está. Só está magoada e isso é normal, principalmente quando passamos anos sem ver a pessoa. Começamos a ter a sensação de que para mostrar estar bem, devemos começar a menosprezá-la, e foi isso que ela fez, mas se você chegar e realmente conversar, vai perceber o quanto a antiga ainda é presente. E ai vocês…
– Não vou me apaixonar novamente.
– Não estou pedindo para vocês voltares, se casarem e terem sei lá quantos filhos. Mas conversem, não briguem, só conversem. – deu uma piscadela, antes de voltar ao seu caminho para o restaurante.
Será que ela estava certa? Será que realmente só estava menosprezando-o por conta da magoa que ainda sentia?
Argh, era muita coisa para se pensar em poucos dias. Realmente, se soubesse que aquela viagem seria daquele jeito, não pensaria duas vezes antes de falar “não”.
Mas também, Cancun não merecia toda aquela angustia, era um lugar incrível e com pessoas agradáveis. O clima, a comida, por pouco tempo que estava ali, já havia gostado do local.
Começou a caminhar em meio ao jardim dos fundos, quando ouviu uma buzina atrás dele. Pensou que estivesse atrapalhando, por estar andando na parte mais larga do caminho asfaltado. Esquivou-se um pouco para o tal carrinho passar, mas se surpreendeu quando ele começou a andar ao seu lado, e se surpreendeu mais ainda ao ver a pessoa que dirigia ele.
– Sobe. – ela disse, educadamente. Mais calma do que a noite anterior, mais sutil quando falou com ele.
– Eu? – questionou. Por que ela estaria o chamando, sendo que na noite anterior deu muito bem a entender que a mesma não queria vê-lo nem pintado a ouro?
– Não, a árvore atrás. É claro que é você!
Sem hesitar, ele sentou-se ao lado dela no carrinho, pensando mil coisas que provavelmente ela queria.
Raptá-lo?
Jogá-lo mar abaixo?
– Para onde estamos indo? – perguntou com uma certa curiosidade, vendo um sorriso confiante se formar no rosto da garota.
– Você vai ver. – respondeu, o deixando mais curioso ainda.
Curvas e mais curvas até chegarem a um ponto alto, um pouco distante do hotel, mas ainda assim dentro do complexo hoteleiro. Dele, conseguiam ver o azul do céu se mistura com a imensidão do mar. O vento batia em seu rosto, dando a sensação de uma leve brisa, combinando perfeitamente com o calor que fazia. Não era muito fã de sol, mas só de estar ali, o sol não era um incomodo.
A grama verde ainda estava um pouco molhada por conta dos irrigadores, mas o leve cheiro de terra molhada deu a sensação de que havia voltado no passado.
E realmente havia. estava ali, ela era uma peça importante no seu passado.
Sua primeira namorada, seu primeiro amor.
Olhou de relance para a garota que mantinha seus olhos fechados, inspirando a calmaria que era o local. Somente o barulho das ondas era perceptível.
– Vai me contar do porquê que me trouxe aqui? – ele perguntou. A garota delicadamente abriu os olhos, mas não os direcionou para ele. Manteve fixo a sua frente, como se pensasse em uma resposta.
– Não sei… Só queria vir aqui.
– Não deveria estar trabalhando?
– Não deveria estar com seus amigos? – ela rebateu e depois riu. – Dia de sábado costumo ficar livre pela manhã, para sua informação. Então, resolvi gastá-lo com você. Surpreendente, não é?
E realmente era. Uma sensação estranha começou a tomar conta dele.
Coração acelerado, boca inquieta para se manter sério, mãos suando e uma saudade incontrolável e sem motivo.
– Para uma pessoa que me odiava no dia anterior… – ela suspirou pesadamente.
– Acho que você tem vontade de saber como parei aqui, não é?
– Tenho, mas deveria perguntar?
– Por que não deveria?
– Somos desconhecidos, ou meros conhecidos agora. E por minha causa.
– Não se culpe tanto, eu errei e…
– Não! – ele exclamou em um tom alto, fazendo com que se assustasse um pouco. – eu errei, não deveria ter duvidado de você, deveria ter te apoiado e falado o quanto estava feliz por te ver seguindo seu caminho. Era um curso importante, algo sério para ti e eu só fiz transformar tudo aquilo em um pesadelo. – ela não conseguia falar. Não sabia desse lado dele, não sabia que ele se importava, não tinha noção do quanto ele estava arrependido, porque não havia dado uma chance dele se explicar, mas também, a culpa tinha sido dele por ter acabado com seu namoro.
– Acho que eu deveria ter atendido suas ligações… – a garota disse, olhando para o horizonte.
– Não, não deveria. Eu não merecia, e até hoje não mereço. Queria muito saber como veio parar aqui, mas não posso. Não tenho direito. – ambos ficaram calados, não sabiam o que falar.
– Estava cansada da Europa e queria fazer algo novo. Minha vó tem um amigo que trabalha aqui e ele me arrumou um emprego temporário, como animadora de criança. Logo depois me encantei por esse lugar, e consegui um emprego fixo.
– E você está feliz?
– Muito. – seu olhar ainda estava fixo no horizonte, mas o dele não conseguia sair dela.
Seu olhar admirava a beleza da garota, o jeito como ela falava, o modo como se expressava. Poderia ter se passado anos, mas a mesma permanecia ali, junto com uma nova mulher que foi se formando com o passar do tempo.
– Eu senti sua falta. – ele disse, sem jeito, já imaginando uma terrível resposta da garota.
– Ainda continuamos com os mesmos pensamentos via bluetooth. – ela riu. – Eu também. – olhou fixamente para ele, ou melhor, para seus olhos.
– Seria muito estranho se eu lhe pedisse um beijo?
– Seria mais estranho eu recusá-lo. – e em segundos, sentiu os lábios quentes da mulher de encontro com o seu. A mesma sensação que havia sentido, tinha voltado, só que mais intensa, com mais sabor, mais desejo e com algum tipo de morfina que acalmou instantemente seu corpo. Passou os braços em volta da cintura dela com vontade, enquanto as mãos de acariciavam com desejo a nuca do rapaz, deixando alguns leves arranhões no local. Não era um beijo apaixonado, a sincronia liberava toda a saudade que sentiram um do outro.
E foi ai que se deu conta dos seus sintomas.
Ele não estava em uma sessão de cinema de algum filme de terror para seu coração acelerar do nada, ou muito menos em uma academia para suar tanto. Nem ao menos estava com alguma dor de dente para sua boca se manter inquieta.
Ele estava apaixonado, havia se apaixonado novamente e pela primeira garota que o fez se sentir assim.
FIM
Nota da autora: (07/05/16) Olá, amoras, tudo bem?
O alivio que estou por ter terminado essa história, não se compara ao medinho que estou tendo para saber se irão gostar ou não haha. É minha primeira ficstape que escrevo e espero ter conseguido me sair muito bem!! All Over Again é uma das músicas mais encantadoras que já ouvi desses meninos, e quando soube que teria ficstape deles, me animei de cara com ela ^.^
Obrigada por terem lido, e comentários são bem vindos!
Beijus ^.^
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→ American Boy
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
O alivio que estou por ter terminado essa história, não se compara ao medinho que estou tendo para saber se irão gostar ou não haha. É minha primeira ficstape que escrevo e espero ter conseguido me sair muito bem!! All Over Again é uma das músicas mais encantadoras que já ouvi desses meninos, e quando soube que teria ficstape deles, me animei de cara com ela ^.^
Obrigada por terem lido, e comentários são bem vindos!
Beijus ^.^
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