Capítulo Único
2021.
A garota ainda tentava afastar o pensamento de como, agora, ficaria mais difícil vê-lo, sabendo que seguiria para fora do país e o mesmo, também formado, continuaria na Califórnia, especificamente em Los Angeles, mas, sempre com tempo livre para voltar à cidade natal e ver família e amigos. Em relação a ela, sempre se encontravam nos finais de semana ou no fim do dia, após as aulas acabarem. Gostava de pensar sobre isso de uma maneira única, porque assim ignorava o fato de que talvez nunca fosse correspondida.
Enquanto que em nenhum momento, quando mais novo ou atualmente, tinha dito algo sobre o tanto que seu coração batia mais forte quando a via, ou quando escutava a mesma falar empolgada sobre sua banda preferida ou sobre como seus cookies eram péssimos, mas ele ainda poderia comer um milhão deles, pois achava lindo ela ditar cada parte da receita, mesmo parecendo tão fácil e terminando em um desastre.
Cada gota de sangue que bombeava a sua racionalidade fazia com que ele desconsiderasse qualquer tipo de sensação que ela causava. Depois de encontrar com seus olhos a garota que com tamanha intensidade marcava passo no seu coração, tentou se recompor e esperar que a própria voltasse o olhar para ele, até que ambos estavam se encarando e ela sorriu de maneira crescente enquanto caminhava para os braços dele.
Após pegar em um terno abraço, Matt teve a certeza que não saberia mais quando sentiria o cheiro dos cabelos loiros dela por algum tempo e o pressentimento de que talvez ela iria se tornar apenas uma memória fez seu peito saltar em questão de segundos, causando uma respiração um pouco ofegante e um tanto desajeitada.
— Então, alguém por aqui é uma jornalista? É isso mesmo? — ele formou a frase com um sorriso de canto no rosto enquanto sentia seu coração palpitar um pouco mais que o normal.
— Cadê os aplausos? — brincou gesticulando com as mãos. — Eu não acredito que finalmente irei me livrar de você e . — a loira deu de ombros de maneira debochada e logo após riu, fazendo com que ele caísse em uma gargalhada suave.
No fundo era disso que ele tinha medo. Ficar longe da garota seria um desafio e tanto, pois o mesmo sempre estava buscando formas de encontrá-la pelos arredores da faculdade, mesmo faltando um ano para se formar por ter escolhido um curso mais longo que o dela, ele odiava o fato de que ela não estaria mais por perto.
— Então, como vamos comemorar hoje? — segurou sua mão ao perguntar e ela estremeceu um pouco com o toque gelado, ele parecia estar nervoso e isso era perceptível.
— Eu escutei Day comentar sobre essa nova boate que abriu no centro. Eu pensei que poderíamos ir para lá. — respondeu com um sorriso singelo no rosto.
Era assim que ela sempre era vista por ele, doce, gentil, ingênua, mas, ela nunca saberia. Ela era irmã do seu melhor amigo. Ela iria para Paris em poucos dias. Matt sabia que dizer algo a essa altura do campeonato era como um balde de água fria para os sonhos dela. Ele jamais faria isso, preferia guardar para si.
De qualquer maneira jamais poderia expressar o que sentiu há uns anos quando a viu vestida para o baile de primavera. O rapaz acompanhou , pois, na época, disse que se sentiria mais seguro caso sua irmã estivesse com um cara como ele, o mesmo não pensou duas vezes e a convidou, e era óbvio que ela aceitaria, talvez se tivesse certeza sobre como ela se sentia em relação a ele, teria dito que gostava dela na mesma noite.
Ao mesmo tempo que com o passar dos anos, a garota sempre encontrava brecha para estar com ele, preocupada em perder uma chance que a mesma nunca decidiu tomar coragem para arriscar, até o momento que começaram a frequentar a mesma faculdade e os encontros passaram a ser mais costumeiros, as conversas se tornaram mais constantes e o sentimento de ambos contínuo, mas, reprimido.
Atualmente, com vinte e dois anos e formada em jornalismo, ela decidiu tentar a sorte em outro país e ter uma experiência que poderia mudar sua vida como profissional, porém, no fundo acreditava muito mais na premissa de que era uma tentativa frustrada de ficar longe e esquecer seus sentimentos por Matt.
— Quem é minha irmã favorita que já é formada? — ambos se assustaram após aparecer agarrando por trás e a levantando um pouco.
— Eu sou sua única irmã, Nich! — fez uma careta depois de ser colocada no chão.
— Exatamente! — sorriu.
— Finalmente formados, não é mesmo? — ela questionou e ele assentiu, os dois estavam extremamente felizes.
— Nós estamos muito orgulhosos de vocês! — o pai deles soltou a frase com um sentimento genuíno, chegando junto a mãe de ambos.
— Obrigado pai! — sorriu novamente de maneira singela e Matt a observou pela segunda vez de maneira diferente naquele dia.
— São as coisas mais preciosas das nossas vidas! — a mãe deles falou com uma ameaça de choro.
— Nada disso senhora ! — agarrou a sua genitora em um abraço evitando qualquer tipo de choradeira e todos riram.
— Parabéns para você também Matt! — John, pai deles, disse alegre. — Você é um menino de ouro, será um ótimo advogado. — abraçou o rapaz.
— Obrigado senhor ! — o rapaz sorriu e direcionou seu olhar para que não parava de encará-lo. — Bem, preciso ir encontrar meu pais! — disse ele fazendo com que ela acordasse do transe.
— Eu vou com você! — a garota se prontificou chamando a atenção de todos a sua volta. — Vamos ! Temos que encontrar a Day também. — chamou o irmão na tentativa de despistar seu ânimo e o mesmo assentiu concordando.
Apesar do clima instalado, ela conseguiu reverter bem a situação e não demorou muito para que eles encontrassem quem os mesmos estavam procurando e se divertissem um pouco, após isso, as famílias se juntaram para um almoço no jardim da casa dos . Pelo fato de crescerem juntos, eles eram muito unidos, essa era razão da dificuldade para Matt e conseguirem controlar o que sentiam, eles estavam quase sempre bem próximos um do outro.
Mais tarde naquele dia, no quarto, a garota arrumava suas ondas no cabelo de maneira uniforme com a ajuda de um babyliss em frente a um espelho, enquanto pensava como gostaria que as coisas fossem diferentes entre ela e . Ela já não era mais uma adolescente, era uma mulher e mesmo assim ainda buscava a atenção dele de uma forma que não fosse apenas uma amizade.
Ajeitou seu vestido florido através do seu reflexo e agradeceu a Deus dividir um apartamento com sua melhor amiga, que sempre a ajudava na escolha de suas roupas, pois acabara de se formar em moda no mesmo período que e ambas iriam comemorar até onde pudessem hoje á noite. Escutou uma notificação chegar em seu telefone e imaginou ser e o dito cujo que estava desejando.
— Senhorita Williams! — gritou, chamando a melhor amiga pelo sobrenome. — Eles chegaram! — disse após pegar o celular e confirmar.
— Eu estou indo! — foi possível escutar ela responder de outro cômodo.
Quando saíram pela porta giratória do prédio em que moram, era possível ver um suspiro disfarçado no rosto de Matt no banco do motorista, o qual ela obviamente nunca observaria, pois não acreditava que existia algum tipo de faísca. As duas entraram no carro e elogios foram direcionados para as garotas.
— Podemos ir? — perguntou com as mãos no volante e conduziu seu olhar para jovem que estava vidrada no retrovisor de maneira fixa e eles devem ter se encarado por uns cinco segundos, pelo menos.
— Para hoje, se possível! — Nich respondeu tirando eles do momento.
— Claro cara! — falou sem graça.
O resto do trajeto até a boate foi o mais calmo possível, bisbilhotou algumas notificações no seu celular. Após chegar ao local, estacionou o carro em um espaço mais próximo da entrada e todos se direcionaram para entrada, aguardaram apenas alguns minutos em frente a “Desire”, mesmo esperando que fossem enfrentar uma fila quilométrica, um deles justificou a facilidade através do horário e seguiram para dentro do lugar.
As luzes atravessavam os olhares e a música estava alta, mas, o suficiente para ainda escutarem a voz um do outro. Day foi a primeira a soltar que iria pegar algo para beber, apontou para amiga com um gesto de oferta e foi interrompida em seguida por Matt.
— Só gostaria de lembrar que ela é nossa motorista da vez! — Matt fez menção a e a loira revirou seus olhos chateada por lembrar do combinado entre eles.
— A gente se formou hoje, não seria mais justo se ninguém dirigisse? — perguntou levemente indignada.
— Regras são regras, mana. — seu irmão enfatizou a fala do melhor amigo.
— Podemos deixar o carro estacionado aqui mesmo e voltarmos de taxi para casa. — Williams sugeriu. — Amanhã você pode pegar o carro de novo , o que você acha? — ela e amiga fizeram um bico convincente que o fez sorrir de canto e assentir a vontade delas.
— Tudo bem! — estendeu as mãos para cima, rendido.
O grupo se direcionou ao bar e pediram algumas bebidas. deu o primeiro gole na cerveja gelada agradecendo mais uma vez por a faculdade ter acabado, orgulhosa de si mesma por ter concluído com eficiência essa fase da sua vida, o gosto da liberdade descia pela sua garganta enquanto observava seu irmão e sua melhor amiga dançarem na pista, ela sorriu de maneira delicada igualmente pela manhã quando Matt a observava.
— Eu amo esse sorriso! — ele a elogiou e a mesma tomou um pequeno susto tirando a cerveja da boca.
— Eu não sabia que ainda estava aqui. — justificou.
— E onde eu iria estar? — a fitou com um brilho leve nos olhos.
— Eu não sei! — ela desconversou tomando mais um gole da bebida. — E sobre qual sorriso você está falando? — perguntou curiosa, relembrando o elogio que tinha recebido há poucos segundos.
— O seu! — ele foi direto.
— Eu entendi que era o meu. — riu nasalado. — O que eu não entendi foi você falar como se eu tivesse mais de um.
— É que você tem um sorriso diferente quando olha para algo que gosta ou fala com alguém que gosta. — Matt comentou confiante e o coração dela acelerou um pouco com a possibilidade dele desconfiar que isso poderia se referir aos sentimentos dela.
— Por falar nisso, eles já sumiram de novo! — falou, procurando o seu irmão e sua melhor amiga no meio da multidão. — Alias, quando você percebeu isso? — olhou para ele confusa.
— Anos atrás. — restringiu as palavras para não transparecer seu nervosismo com o assunto que o mesmo tinha trazido à tona.
Ambos bebericaram o líquido gelado e o silêncio pairou um pouco sobre aquele lugar, mesmo com as batidas de um som eletrônico no último volume que um equipamento musical poderia aguentar, a bagunça foi tomada por um vazio de palavras entre eles e respirações ofegantes durante um tempo.
— Isso te incomoda? — ele quebrou o silêncio.
— Não... É só que eu não estava esperando. — respondeu um pouco feliz por dentro, pois, ele a notava, de alguma forma, ele a notava. — Foi muito específico.
— Como assim? — a questionou.
— Você realmente está fazendo muitas perguntas hoje. — deu uma risada fraca.
— Provavelmente, é o álcool! — balançou a garrafa de cerveja.
— É sua primeira bebida, isso é impossível! — a garota revirou os olhos, e virou o resto do líquido dentro da longneck.
— Nossa! Alguém está com sede por aqui! — a fitou espantado. — Algo que eu falei te deixou...
— Vamos dançar! — tentou fugir do assunto e ele entendeu perfeitamente, pois, não se atreveu a interrompê-la. — O que acha? — a loira levantou as sobrancelhas de formar sugestiva.
— Você vai! — gesticulou com a cabeça o caminho para pista de dança.
— Qual é Matt! — resmungou. — Vamos comigo! — segurou a mão dele, implorando.
— A cerveja já está me matando. — tentou parecer sério. — Eu só quero te ver dançar. — a encarou. — Vai! — soltou a mão dela devagar com um sorriso no rosto.
— O Matt que eu conheço não estaria tão chato assim após beber uma única cerveja. — ela balançou a cabeça negativamente e deu as costas, indo para o meio da boate.
Ela tinha um ponto, ele ainda não tinha ingerido uma boa quantidade de bebida alcoólica para agir daquela forma. Aquela era uma situação agradável e desconfortante ao mesmo tempo, ele queria dizer tantas coisas para jovem recém formada, mas, continuou bebendo o resto daquela noite, pois, era o único jeito de não querer agarrá-la ali mesmo na frente de todos e beijá-la quantas vezes fosse possível.
Tentava controlar os seus instintos para que nada o fizesse caminhar até e passar suas mãos pela cintura dela para segurá-la pelo tempo que conseguisse em seus braços. Assistia de longe ela dançar com várias pessoas ao seu redor, sentado em um dos bancos perto do balcão, deu um gole na milésima cerveja daquela noite e focou na pequena mulher segurando a barra do seu vestido com força enquanto girava em câmera lenta, Matt pensou estar louco.
levantava a garrafa de cerveja enquanto curtia a música que estava tocando naquele momento, nada mais parecia importar, o sorriso permanecia estampado em seu rosto. Ela deu um leve giro e seu olhar foi direcionado para Matt sentado perto do bar, imediatamente a garota parou qualquer tipo de movimento, ele parecia devorar ela com os olhos, com uma sede que não era de nenhum tipo de liquido. O rapaz sentiu seu corpo gelar por um momento.
se ergueu e sustentou sua estatura por alguns segundos, acomodou a garrafa em cima do balcão e começou a dar passos em uma linha reta a jovem, a qual não estava entendendo muito bem a situação. No mesmo instante foi a vez do coração dela gelar, não conciliou seus pensamentos no mesmo tempo em que aquele rapaz caminhava em sua direção.
Ele, por sua vez, estava decidido, beijaria a irmã do seu melhor amigo, havia esquecido como horas atrás estava controlando seus instintos. Viu a garota paralisada, enquanto ia em sentido a ela, como se apenas estivesse o esperando chegar e assim aconteceu, Matt entrelaçou seus dedos nos cabelos longos e antes de encostar seus lábios nos dela, hesitou por um momento, fazendo com que eles ficassem com suas testas coladas.
Os olhos da garota brilhavam de uma maneira que poderia iluminar todo aquele lugar muito melhor do que todas aquelas luzes que estavam piscando, percebendo a insegurança daquele homem parado em sua frente, apenas reagiu colocando as mãos no maxilar dele de forma delicada, Matt entendeu como uma permissão para que o beijo acontecesse, então só assim encaixou sua boca na dela.
A explosão que ambos sentiram, o toque macio e aveludado, o enlace das línguas lentamente, como se eles não pudessem desperdiçar nenhum segundo a mais, era exatamente aquilo que os dois esperavam há alguns anos. Possivelmente, considerar que o fim do mundo realmente existia naquele momento, tornou-se uma hipótese, mais nada importava. Ele agarrou pela cintura de modo que ela não pudesse escapar nunca mais, pelo menos, naquele instante.
Ela segurou a gola da camisa dele de maneira leve e apartou o beijo para que eles respirassem um pouco. Ainda perdida com o que tinha acabado de acontecer, apenas passou por e foi caminhando em direção a saída sem olhar para trás, a sensação de medo tomou conta dela e não sabia o que aquilo significava, pensou o mais obvio, ele estava bêbado e era apenas um beijo. Antes de alcançar a porta, ele agarrou o braço dela e a segurou.
— Onde está indo? — perguntou desnorteado.
— Embora! — ela respondeu engolindo o choro que apertava sua garganta e sem virar para olhar nos olhos dele.
— Porque? — questionou sem entender a reação repentina dela.
estava carregada de receio. Era difícil respirar ou se concentrar em algo com aquele barulho penetrando seu cérebro na mesma velocidade que seu coração batia.
— Por que não está certo! — ela virou-se com os olhos marejados. — Não é obvio? — deu as costas para Matt e continuou andando.
A garota desbloqueou o celular na tentativa de achar um automóvel para ir embora daquele lugar. Não era a hora para aquilo ter acontecido, por mais que existisse sentimentos por ele, faltavam apenas duas semanas para realizar sua viagem para França, tudo estava tão confuso. Ficou andando de um lado para o outro na calçada, não demoraria muito para afundar o chão, caso ela ficasse ali por mais tempo. Tudo só piorou quando percebeu que ele a seguiu para o lado de fora.
— Eu não estou conseguindo te entender! — Matt disse assim que chegou perto dela.
— O que você não está entendendo? — perguntou com um tanto de raiva por ele insistir em algo que não lembraria amanhã.
— O fato de você querer ir embora! — respondeu atônito. — Você consentiu esse beijo! — franziu o cenho. — Qual é, !
— Você está bêbado, porra! Pelo amor de Deus! — disse irritada.
— Ainda bem! — retrucou rapidamente. — Sempre quis isso, mas, nunca teria a merda da coragem de fazer sóbrio. — soltou cada palavra como se tirasse um peso do seu peito. — Me desculpa por ter sido um covarde todo esse tempo e por precisar beber para conseguir fazer isso. — abaixou a cabeça.
Ela se segurou para não cair, não acreditava por um segundo no que acabara de ouvir.
— O que? — falou baixo e incrédula.
— Eu sempre quis fazer isso! — repetiu a encarando tão profundamente que qualquer um podia sentir sua inquietude. permaneceu calada. — Eu deveria ter feito isso anos atrás ou mês passado quando estávamos naquele show daquela banda que você gosta...
— No show do 5sos? — o interrompeu para questioná-lo e ele assentiu.
— Droga! — xingou e assustou-se um pouco. — Essa merda não era para ter acontecido mesmo. — ele bufou enquanto esfregava a mão levemente na testa. — Porra! vai me matar! — ficou nervoso.
A jovem não se conteve e deu uma risada, o que chamou a atenção dele.
— Você está preocupado com o meu irmão? — ela continuou rindo e ele a acompanhou.
— Acha que ele vai me matar? — perguntou cessando a risada e voltar a ficar desconcertado.
— Talvez depois de alguns anos de academia. — fez um bico.
— Não vai embora! — ele aproximou-se dela em pequenos passos.
— Matt... — observou o homem segurar uma de suas mãos.
— Você queria isso também, não queria? — perguntou enquanto acariciava o rosto dela.
Ela enlaçou pelo pescoço e o encarou com uma quantidade absurda de seriedade.
— Há muito tempo! — respondeu. — Desde o momento que entendi o que era sentir algo por alguém. — piscou os olhos rapidamente. — Talvez aquela vez que você entrou na minha casa todo suado após jogar bola tenha ajudado bastante. — eles riram. — Ou quando me chamou para o baile e no fim da festa viramos o dia em cima do telhado com uma garrafa de vodca. — o encarou de maneira genuína. — Por muito pouco nós não nos beijamos, lembra? — questionou, respirando aliviada como se tivesse tirado um peso de dentro do seu coração.
— Você estava completamente linda aquele dia! — ele depositou alguns beijos no ombro dela. — Tive que tirar todos os pensamentos impróprios da minha mente, pois, eu jamais teria coragem de encostar em um fio de cabelo seu sem que você me deixasse fazer isso. — Matt subiu sua boca pelo pescoço de , completamente extasiado com o cheiro do seu perfume. — E também por que eu não faço ideia de como o reagiria a isso aqui. — voltou a olhar para garota a sua frente.
— Por falar nisso, como vamos fazer isso funcionar? — indagou Matt séria enquanto se afastava o suficiente para observa-lo.
— O que quer dizer? — a olhou com dúvida em seu semblante.
— O nosso maior problema não é o ... Eu estou indo para França em breve. — suspirou.
— Vamos pensar em algo. — sorriu confiante. — Mas, o que acha de ficarmos escondido por enquanto?
— Tipo, dois adolescentes? — questionou. — Não já passamos dessa fase? — mordeu o lábio inferior e estreitou os olhos.
— Ah! — ouviram alguém interromper a conversa. — O que vocês estão fazendo aqui fora? — Nich logo apareceu confuso, fazendo com que os corpos deles gelassem. — Procuramos vocês por toda a boate, vamos voltar! — falou animado, possivelmente, já estava bêbado.
— Claro! — ela tomou a iniciativa de responder. — Não estava me sentindo muito bem, acho que bebi demais. — riu meio forçada, tentando disfarçar o incomodo pela situação.
— O que aconteceu? — o irmão da garota perguntou aproximando-se de ambos e os encarando desconfiado.
— Nada, cara! — respondeu. — Ela só precisava de um pouco de ar e eu a trouxe aqui para fora.
— Isso! — concordou sorrindo.
— Então já que está tudo bem, vamos voltar! — tornou a festejar e saiu puxando seu melhor amigo para entrada, o mesmo agarrou a mão da fazendo com que ela fosse arrastada por eles.
Não sabia como seria daqui para frente, mas, definitivamente tudo mudaria, ela tinha plena consciência disso, não seria mais a mesma, nunca mais, não depois daquele beijo e daquelas palavras. E agora a ideia de se mudar para outro país a deixava, demasiadamente, desconfortável quando o amor da sua vida havia a notado depois de tantos anos.
“I kiss you on your neck, you were staring at the ceiling, I should've known right then and there you were a runaway...”
Matt distribuía beijos pelo pescoço de de forma carinhosa enquanto a mesma encarava o teto diretamente, não acreditava que em poucas horas ela já não estaria mais ali. A garota manteve a posição de seguir seu sonho até o fim, por mais que boa parte do seu coração estivesse com o rapaz, a sua carreira profissional ocupava todo o resto.
As duas últimas semanas haviam sido as melhores na vida de ambos, era difícil até discernir que esse não era um momento atual, pois, parecia que estavam juntos há um século. Até que percebera o sentimento entre eles desde o primeiro encontro, aceitara o romance e talvez já começara a se acostumar em ter como seu cunhado.
Mas, a órbita entre os dois por ora era de total tristeza, permanecia intacta em cima da cama, nunca em anos passou pela sua cabeça que ela teria que tomar uma decisão que envolvesse Matt, pelo motivo de acreditar que nada aconteceria entre eles. E então, ele, finalmente, toma a atitude de beijá-la e eles decidem embarcar nesse ideia maluca de ficarem juntos até o dia dela ir embora.
No início, realmente, parecia que iria funcionar, mas, apenas por que ele estava esperançoso que ela desistisse da França para ficar ao seu lado e os dois construírem algo muito maior, porém, para ela nunca ficou claro onde eles chegariam depois daquele beijo, não imaginou que iriam tão longe, não tinha noção do quanto ele a amava.
Dessa forma, a garota começou a pensar se o que acontecera entre eles nesses últimos dias de fato teria valido alguma coisa quando dentro de si ela sentia que estava fugindo do que poderia viver com ele com a justificava de um emprego melhor em outro país.
— No que está pensando? — ele perguntou.
— Que eu estarei longe de você daqui a pouco. — respondeu.
— Eu ainda tinha esperança que fosse desistir. — riu fraco ao mesmo tempo que sentava na cama.
— Você sabia que isso jamais aconteceria Matt. — o encarou. — Eu lutei muito para conseguir essa vaga. — franziu o cenho.
— Eu sei... eu sei bem disso . — respirou fundo. — Eu só achei que tudo que aconteceu entre nós dois, por esses dias, poderia te fazer mudar de ideia. — explicou.
— Você sempre será uma parte minha, mas, eu...
— Não precisa se explicar. — a interrompeu e levantou-se da cama. — É tão errado assim eu querer que você fique? — colocou as mãos na cintura.
— É errado me pedir para ficar . — o fitou com os olhos marejados.
O silêncio pairou entre eles.
— Eu acho que eu deveria ir embora. — disse saindo da cama e indo em direção a porta.
— , pare de fugir! — foi atrás dela. — Finalmente conseguiu o que queria...
— Ei! — ela o repreendeu. — Não haja como se isso aqui fosse apenas sobre mim, foi você quem me beijou. — apontou o dedo indicador para ele.
— E você correspondeu não é mesmo? — arqueou uma de suas sobrancelhas.
— Eu vou embora! — engoliu seco.
Não levou muito tempo para que a garota deixasse o quarto, o coração completamente pesado, duas semanas com tinha sido como dois anos, mas, para ele era muito fácil quando tudo o que ele queria era uma família estável e churrascos no domingo. queria mais e nem todo amor que sentia por ele faria ser diferente.
“I tried to stop the door as it was closing, it was closing... Can't help the way I keep ignoring every omen, every omen”
— Eu sinto muito por isso. — Day falou ao ver a amiga ansiosa.
— Não queria viajar dessa forma sabe? — passou as mãos pelos cabelos.
— Talvez quando você chegar lá, vocês consigam consertar as coisas. — tentou ser positiva.
— Como? Discutimos feio ontem, tenho um mau presságio sobre isso. — baixou a cabeça. — Ele ao menos disse adeus. — suspirou.
— A mamãe está nos chamando. — bateu na porta que já estava aberta, atraindo a atenção das garotas.
— Está preparada? — Williams sorriu para loira.
— Nasci preparada! — respondeu, confirmando com a cabeça e pegando as duas malas a sua frente.
— Cadê o Matt? — o irmão questionou a ausência do amigo.
— Eu não sei! — deu de ombros e deixou o quarto sem muitas delongas.
— Ele não vai conosco? — Nich insistiu.
— Eu já disse que não sei . — bufou.
A garota passou estressada por ele, que ficou um pouco confuso.
— O que foi isso? — franziu o cenho, encarando Day.
— Eles brigaram. — a garota suspirou.
clareou o semblante com a explicação da amiga e pegou as malas da irmã para seguir em direção ao carro, Matt ainda não havia dado se quer um sinal de vida e já havia checado seu celular várias. Sentiu que partiria como uma estranha para ela, pensou sobre como consentir o beijo aquele noite foi um erro.
Respirou fundo e checou o painel que anunciava o voo para Paris, olhou para os lados na tentativa de ainda encontra-lo, mas, ele não apareceria e ela tinha certeza disso. Após se despedir dos seus familiares a garota direcionou-se para o corredor que direcionava as pessoas para o avião, entregou sua passagem para que a moça a sua frente supervisionasse e liberasse sua entrada.
— !
Alguém gritou, o que a fez, imediatamente, olhar para trás.
.
— Matt?
— Eu sinto muito! — ele disse ofegante a segurando pelos braços. — Eu fui um babaca!
— Senhora, pode entrar! — a funcionária disse.
— Antes de ir, preciso te dizer algo. — tomou a atenção dela de volta para ele. — Eu só queria pedir desculpas, agi impulsivamente e estava errado em pressioná-la a ficar. — engoli seco.
“Última chamada para o voo 5821 em direção a Paris.”
O aeroporto estava movimentado, e a voz no alto-falante anunciava a última chamada para o voo de .
— Eu tenho que ir! — a loira falou aflita.
— Calma, só mais uma coisa. — pediu. — Eu entendo o quanto esse emprego significa para você, e eu nunca quis ser o motivo pelo qual você desistiria dele, sempre quis te ver no topo, sabe disso. — umedeceu os lábios. — Eu só... não queria que fosse embora sem dizer adeus.
Os segundos se arrastaram enquanto os dois se encaravam. O chamado para o voo ficava mais insistente, e a funcionária estava prestes a fechar a porta.
— A senhorita vem? — a morena perguntou.
— Matt, eu sinto muito, não consigo lidar com isso agora! — ela disse com os olhos marejados.
Com o coração pesado, ela caminhou pelo corredor e antes que pudesse fazer a curva e sumir da vista do rapaz, a loira olhou para atrás e o avistou na porta de embarque, acenando para ela com um sorriso triste. acenou de volta, mesmo angustiada, sentia que estava fazendo a escolha certa ao seguir seu sonho, mas também sabendo que estava deixando para trás uma parte importante de sua vida.
2022.
O inverno parisiense estava mais frio do que o rapaz jamais experimentara, mas ele estava decidido a seguir em frente com seu plano. Ele não havia falado com nos últimos meses, mas isso não significava que ele a havia esquecido, sabia que ela estava ocupada com seu novo emprego e sua vida em Paris, mas estava determinado a fazer uma surpresa que a faria sorrir.
Seguiu o endereço que tinha em suas mãos até chegar em um determinado prédio, um tanto luxuoso, no mesmo momento veio a sua cabeça o quanto ela saíra da Califórnia disposta a conseguir tudo o que queria, o orgulho atingiu o seu coração de imediato.
Bateu na porta três vezes.
— Matt? — desmanchava o sorriso formado em seu rosto antes de abrir a porta. — O que você está fazendo aqui?
— Nossa! — ele engoliu seco, surpreso. — Isso é forma de me receber? — riu sem graça.
— É só que...
— Mon amour! — um rapaz de estatura alta apareceu sem camisa logo atrás dela deixando em choque.
ficou atônito. Seu coração parecia congelar, e a ansiedade que ele sentira até aquele momento foi substituída por uma mistura de surpresa e desconforto, ele não estava preparado para essa reviravolta. olhou para Matt, visivelmente desconcertada, enquanto o loiro atrás dela parecia surpreso e confuso com a presença do desconhecido em sua porta.
A tensão no ambiente era palpável.
— , o que é isso? — encarava a garota.
— Americano? É seu amigo amor? — o loiro agarrou a garota por trás.
— Esse é o , lembra? — forçou um sorriso.
— O seu amigo de infância? — foi amigável. — Prazer, sou Pierre! — estendeu sua mão.
— Eu acho que é melhor eu ir! — recusou apertar a mão do seu atual concorrente e deu as costas.
— Matt! — correu atrás dele pelo corredor antes que o mesmo pegasse o elevador.
— Mas que porra! — ele reclamou enquanto pressionava desenfreadamente o botão.
— Eu preciso me explicar!
— Porque eu te daria esse direito?
— Eu estava solitária para caralho! — bufou.
— Entendi! — soltou uma risada com tom de sarcasmo.
— Matt, olha...
— Era por isso que estava me ignorando, não é mesmo? — ele virou-se para encará-la. — Você o conheceu...
— Eu não estava te ignorando...
— Não? Que tal todas as vezes que esteve “ocupada”? — enfatizou as aspas com os dedos. — Sempre a desculpa esfarrapada do fuso horário...
— Não era uma desculpa, eu estava sozinha, eu precisava de companhia...
— E eu estive lá! — foi incisivo. — Sempre!
— Por que está agindo como se isso fosse uma traição? A gente ao menos definiu algo! — falou com tom de indignação.
— Não?
— Você ia me deixar ir embora sem ao menos dizer adeus...
— Sim, você está certa! — disse com a voz embargada. — E eu tentei compensar cada segundo do meu erro, eu te escrevi cartas, te mandei flores mesmo do outro lado do mundo. — as lágrimas escorreram com facilidade pelo seu rosto.
— Matt...
— Eu tentei te fazer uma surpresa, tirei férias, comprei a passagem, peguei o endereço com seu irmão, fiz de tudo para ver seu sorriso pessoalmente, mas, agora está usando esse sorriso com ele.
— Não fale como se eu planejei tudo isso.
— E é por isso que dói! — fungou. — Você quis isso!
— Eu acho que deveríamos sentar e conversar! — ponderou.
— Eu sinto muito, mas, não consigo lidar com isso agora! — repetiu as mesmas palavras ditas por ela no aeroporto. — Eu espero que seu ano novo seja bom, já que o meu passarei provavelmente dentro de um avião voltando para onde eu não deveria ter saído.
O elevador, finalmente, anunciou sua chega e entrou no mesmo sem olhar para trás.
“Matt, por favor vamos conversar e consertar as coisas!”
“Você poderia apenas me ajudar?”
“Por favor, não me diga que não existe mais nada para salvar!”
“Eu morri por dentro quando você foi embora aquele dia.”
observava o celular que não parava de chegar notificações, desde o que aconteceu com , não aguentava mais receber tantas mensagens e tentativas de ligações que, nunca foram atendidas, por sinal. Ele colocou em sua cabeça que seguiria em frente, independente do que acontecesse, viraria a página e seria como se ele nunca tivesse a conhecido.
2023.
andava de um lado para outro, nervosa. Fazia pouco tempo que havia chegado a Califórnia, decidira passar as férias com a sua família visto que já fazia um bom tempo que não os via e seu último contato com alguém próximo havia sido péssimo.
A ansiedade a dominava e ela tinha nome.
.
Respirou fundo e olhou para si mesma no reflexo do espelho.
Ela sabia que precisava resolver as coisas com Matt, não importava o que custasse, sentia um vazio em seu coração desde aquele dia em Paris, e a saudade só tinha aumentado nos meses seguintes. A loira pegou seu celular e começou a digitar uma mensagem para o dito cujo, a qual foi apagada várias vezes.
Até que soube exatamente o que deveria escrever e antes de apertar o botão de enviar, ela fez uma promessa a si mesma: não importava qual fosse a resposta dele, ela não desistiria tão facilmente, preparada para mandar seu recado, uma zoada tremenda foi escutada no andar debaixo, decidiu descer as escadas para ver do que se tratava.
— É sério que ela disse sim? — gritava na sala.
— Quem disse sim? — a garota perguntou curiosa enquanto parou em dos degraus para enviar a mensagem.
O silencio pairou e em seguida um bip foi disparado.
“Eu estou na Califórnia, vamos conversar!”
levantou seu olhar e percebeu que que também preenchia o espaço olhava atentamente o celular.
— Porque está de volta? — perguntou apreensivo.
— Eu preciso de uma razão para voltar para casa? — cruzou os braços.
— Você vai ficar? — ele levantou as sobrancelhas.
— Eu não sei... Eu...
Matt não a deixou terminar a frase e retirou-se, rapidamente, da casa dos .
— Você tinha que estragar o momento, não é mesmo? — Nich comentou.
— Que momento? — indagou curiosa.
— Ele acabou de pedir a Lana em casamento.
Por um momento, a visão de ficou turva e ela sentiu uma fraqueza inexplicável.
— Lana Jones?
— Essa mesmo!
A garota não teve outra reação a não ser correr atrás dele e no mesmo segundo foi segurada pelo irmão.
— Não pode deixa-lo ser feliz? — a fitou sério.
— De que merda você está falando? — perguntou irritada.
— Ele voltou de Paris completamente quebrado, não seja cruel.
— Você não tem merda nenhuma com isso . — soltou o seu braço.
— Lana consertou tudo o que você causou, sei que fará a escolha certa.
— De que lado você está? — a loira franziu o cenho.
— Do lado em que minha irmã não deixaria ninguém machucar sua melhor amiga, mesmo se fosse eu.
As palavras de atravessaram o peito da garota com força, mas ela não o respondeu, apenas foi para entrada da casa e ficou sentada, atordoada pelas palavras que haviam sido ditas por , as informações que ele tinha revelado a deixaram perplexa, pois a última coisa que ela esperava era que Matt estivesse prestes a se casar com outra pessoa. Seu coração se encheu de uma mistura de tristeza, raiva e arrependimento.
Enquanto ponderava sobre o que fazer a seguir, sua mente começou a repassar os acontecimentos dos últimos meses, ela se lembrou das mensagens de Matt, das cartas que ele havia enviado, de todos os momentos felizes que compartilharam. percebeu que cometeu um grande erro ao deixa-lo partir em Paris daquela maneira.
E, consequentemente, as lágrimas começaram a molhar todo seu rosto.
— Oi de novo, eu acho! — a voz de surgiu.
— O que está fazendo aqui? Deveria estar comemorando com a Lana. — fungou enquanto observava ele sentar ao seu lado.
— Eu não consegui ir até ela sabendo que você estava aqui. — mordeu o lábio inferior.
— Não se case com ela Matt! — desabou no choro novamente.
— Eu estou te pedindo. — o fitou com os olhos cheios de lágrimas.
— Eu não posso...
— Sabe que está com ela para esquecer o que sente por mim e isso nunca vai acontecer por que eu sou o amor da sua vida e eu posso ter cometido muitos erros com você e te machucado da pior forma possível, mas, estou tentando te impedir de cometer o maior erro da sua vida. — disse seriamente.
— A Lana jamais seria um erro. — ele travou o maxilar.
— Mas, ela não seria eu.
— Não faça isso comigo, não seja egoísta. — engoliu seco.
— Prefiro que fique com raiva de mim para sempre do que perder a oportunidade de te pedir para você não fazer isso.
— ! — a chamou atenção.
— Eu amo você Matt!
olhou nos olhos de , vendo a sinceridade e a intensidade de suas palavras, ele se sentiu dividido entre a história que compartilhou com Lana e os sentimentos avassaladores que tinha despertado nele desde o primeiro dia em que se conheceram.
A confusão estava estampada em seu rosto quando ele sentiu seu peito apertar, teve um mau presságio e apenas ignorou o mesmo, levantou-se em um súbito, precisava fazer algo antes que explodisse ali mesmo, apressou seu passo para se retirar do local.
— Matt, onde você está indo? — a garota questionou intrigada com a ação repentina dele.
— Eu estou indo falar com a Lana.
Ele sorriu.
FIM
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