Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

“Alo, alo! Terra chamando .” Nick falou, estalando os dedos na frente do rapaz, para tentar chamar sua atenção, pela última vez.
“Eu to te ouvindo, cara!” O outro respondeu, meio irritado, tomando o último gole de sua quarta cerveja da noite e tentando decidir se era uma boa ideia ou não pedir a quinta. Se fosse realmente honesto, não estivera mesmo prestando atenção em nada do que o amigo dissera nos últimos cinco minutos, para dizer o mínimo. Estava preocupado com uma reunião que teria na manhã seguinte, para a qual inclusive provavelmente deveria estar se preparando, ao invés de estar sentado em um bar, ouvindo música ruim, tomando uma cerveja não muito gelada e vendo o melhor amigo se comportar como um cafajeste.
“Então sobre o que eu tava falando?” Nick debochou, antes de esvaziar a própria garrafa, fazendo careta. Definitivamente, os caras deviam ter ao menos escolhido um lugar melhor para aquela comemoração. Já que tinha se deixado arrastar por para o aniversário de Tyson, ele merecia não ter que encarar uma baita ressaca no dia seguinte, simplesmente porque os donos do estabelecimento não sabiam cuidar para que a bebida ficasse em uma temperatura razoável.
“Você tava me falando de...” até estava disposto a chutar um dos assuntos favoritos de Nick e talvez não ficar tão mal com o amigo, mas algo chamou sua atenção do outro lado do bar. “Peraí, cara.” Foi tudo o que conseguiu dizer, antes de se levantar e atravessar o lugar, sem que seu interlocutor tivesse tido tempo de responder ou de ver o que o atraíra até o lado de fora.
abriu a porta do pub, a tempo de ver a pessoa atrás de quem tinha saído quase sendo atropelada por um táxi. Ficou ainda mais apreensivo do que já estava e apressou o passo, ouvindo os xingamentos que o motorista de um carro de passeio dirigiu a ele, por ter atravessado fora da faixa também, como se corresse em plena calçada. Quando alcançou a garota, ela já estava virada na direção dele, pois os palavrões e a buzina haviam entregado sua presença ali.
“O que foi, hein, ? Veio defender o seu amigo?” Ela perguntou, com a voz cheia de ódio, enquanto os olhos derramavam tristeza. “Vai me dizer o que? Que não é o que eu to pensando?” Indagou, colocando as mãos na cintura.
“É claro que não. Eu não te acho nenhuma garotinha burra! Eu só vim ver se você tava bem. Quer dizer, é óbvio que você não tá bem. Eu vim ver se tenho como ajudar, de algum modo.”
“E como é que se ajuda a idiota que veio fazer uma surpresa pro namorado, que ela achou que tinha vindo sozinho – coitadinho – pro aniversário de um amigo, e pega o desgraçado atracado com outra, hum? Como?”
“Eu não sei direito, mas você saiu correndo, e simplesmente me pareceu errado não vir atrás de você.”
“Oh! Muito obrigada!” Ela disse, levando a mão ao peito. Seu tom não era agradecido, mas totalmente irônico. Ele era o melhor amigo do patife e não parecia estar nada preocupado com ela, enquanto curtia a festa e deixava o infeliz encher sua cabeça de chifres!
“Tudo bem, . Eu entendo.” Ele falou, passando uma das mãos no cabelo nervosamente. “Eu sou amigo dele e, então, você deve pensar que eu acho tudo que ele faz correto. Eu fiz mal em vir até aqui.” Completou, se afastando.
“Espera, ! Eu não precisava ser tão grossa. Me desculpa.” Disse, depois de vê-lo virar-se em direção ao bar, aguardando uma oportunidade de atravessar, dessa vez em total segurança.
“Tudo bem.” Ele tornou a olhar para ela, dando um meio sorriso reconfortante.
“É que é mais fácil ficar com raiva, sabe? É mais fácil sentir ódio e descontar na primeira pessoa que aparece do que...” Ela se engasgou com o próprio choro e se aproximou, acariciando os braços dela, que apoiou a cabeça em seu peito, desabando de vez.
“Eu sei de que modo eu posso te ajudar.” Ele disse, ainda sustentando o corpo dela com o seu. “Eu posso te levar pra casa, fazer um chá pra você ou, se você preferir, te servir uma bebida forte... Você não tem condições de ir embora assim.”
“Nem pensar! Eu não vou deixar o meu carro aqui.”
“Se você não se importar, eu dirijo o seu e, da sua casa, eu pego um táxi pra minha. Eu vim de carona.”
“Com o filho da puta, aposto.” Ela mudou novamente de triste para irada e ele teve vontade de rir, mas se controlou, sabendo o quanto teria sido impróprio.
“Onde tá o seu carro?” Perguntou, ao invés de confirmar que tinha ido com . Preferia ele mesmo não se lembrar, na verdade, do trajeto entre sua casa e o Brewdog, durante o qual o namorado dela – provavelmente, logo, logo, ex – tinha falado de como pretendia aproveitar que a garota estava presa no trabalho, e ter um encontro, que prometia terminar em sexo selvagem, com a babá dos sobrinhos.
apenas apontou para o próprio carro e entregou a chave na mão de , que a levou em silêncio até o apartamento em que morava. Ela o convidou para subir e fazer de fato um chá que pudesse acalmar seus nervos, mas, na realidade, o que não queria era ficar sozinha de imediato. A dor da decepção era muito grande! Por mais que não julgasse nenhum santo, jamais tinha imaginado que ele fosse capaz de traí-la daquela forma. Imaginava que ele olhasse para as outras garotas, mas desse importância suficiente à relação dos dois para resistir às tentações.
“Eu sinto muito pelo que o fez, .” falou, sincero, quando já encontrava conforto em um pedaço de bolo, acompanhado de uma xícara de chá de maçã, bem quentinho.
“Eu sei.” Ela assegurou. De todas as pessoas, , com toda certeza, era quem mais tinha condições de entender a mistura de frustração, raiva, tristeza e até de medo que ela estava sentindo. “Não é porque você é amigo dele que concorda com o que ele faz. Você até tentou me alertar, não foi?”
“É... eu não queria dizer o famoso e desagradável eu avisei, mas eu realmente tentei.” Ele deu uma risadinha, um pouco sem graça com o próprio comentário.
Namorar? Vocês tem certeza? Não é melhor vocês se conhecerem um pouco mais primeiro?” Ela o imitou, repetindo o que ele havia falado, meses antes, ao saber do namoro. Tinha achado bastante estranho resolver namorar depois de apenas dois encontros e só entendeu as razões quando o amigo deixou escapar que não era adepta de sexo casual. O amigo podia ser realmente um idiota imaturo da pior espécie!
Eu não sou do tipo de garota que afasta o cara dos amigos, não. Pode ficar tranquilo, ciumento.” Foi a vez dele de repetir as palavras dela. Foi uma imitação bem mais engraçada, que fez a garota relaxar e finalmente rir de alguma coisa, sem ironia. “Eu não tava com ciúmes. Eu só sabia que ele não era o tipo de cara pra se namorar.”
“E como eu saberia que você tava tentando me proteger de alguma coisa? O seu amigo era ele! A gente não tinha nenhuma intimidade.”
“Isso é verdade, mas... fui eu que levei o cara praquela nossa festa estúpida de ex-alunos da Chardon High, onde vocês se conheceram. Eu me senti meio culpado, né?” Riu.
“Como você consegue ser amigo dele, sabendo que ele é esse babaca, hein?” Ela franziu o cenho, tentando entender aquela combinação. Eles pareciam ser como água e óleo, coisa que ela tinha aprendido, ainda criança, que não se misturam.
“É estranho, mas o que ele tem de péssimo namorado, ele tem de bom amigo. Ele ficou do meu lado, no momento mais difícil da minha vida.” Observou, sério, se referindo à morte de seus pais. e a família eram seus vizinhos, na época, e o ajudaram a lidar com a terrível perda. “E, de certa forma, esse lado filho da puta dele também foi bem útil, quando eu precisei superar a minha dor de cotovelo. Talvez eu estivesse até hoje sentindo pena de mim mesmo, se ele não levasse relacionamentos na brincadeira.”
“Você... sofreu muito?” Ela questionou, mordendo o lábio inferior, com medo de estar entrando em território proibido.
“Muito. Não é a toa que... eu to sozinho ainda, né?” Deu de ombros.
se sentiu um pouco egoísta e estúpida naquele momento. Ela tinha sido traída por alguém com quem namorara pouco mais de seis meses e por quem não era tão apaixonada, sendo bem sincera. , por sua vez, tinha sido traído pela noiva, com quem ele namorara durante boa parte do ensino médio e todos os anos de faculdade. Os convites já tinham sido enviados, presentes tiveram que ser devolvidos, alguns dos profissionais contratados para trabalhar na festa não quiseram devolver o que havia sido pago por seus serviços e, não fosse tudo isso mais do que suficiente, a traição aconteceu no apartamento que ele tinha comprado para os dois, na cama que ele tinha comprado para os dois.
“Tem certeza que não quer bolo? Eu vou comer mais uma fatiazinha.” Ela achou um jeito de não prolongar o assunto, mas não gostava muito de bolo e preferiu tomar sua quinta cerveja da noite – que estava bem mais gelada que as outras, aliás –, antes de pedir seu táxi e ir para casa.

♫ ♫ ♫


“Oi, .” cumprimentou, abrindo espaço para que ele entrasse em seu apartamento. “E aí? Tudo bem?”
“E aí, ?” Ele deu um sorriso tímido e esticou a mão, entregando-lhe um embrulho. “Eu vim ver se você tava melhor e te trouxe uns cookies que caem super bem com aquele chá de maçã. Hoje sou eu quem tá precisando dar uma relaxada e pensei que você pudesse preparar uma xícara pra mim... pra variar.” Brincou, dando uma leve cutucada nas costelas dela.
“Problemas?” Ela quis saber, enquanto ia em direção à cozinha, caminhando para trás a fim de não perder contato visual com ele.
“Muita pressão no trabalho.” Respondeu, mas não quis entrar em detalhes. “Você não me disse se está melhor.”
“Eu tive que colocar várias coisas do cretino em uma sacola hoje e levar até a casa dele. Ele me recebeu cheio de amor pra dar, e o lado engraçado – se é que existe algum – foi ver aquele cara sempre tão cheio de si, gaguejando que nem um bobalhão, quando soube que não foi nem um pouco malandro, e acabou sendo pego no flagra.”
“Hum...” ficou estudando as feições de , tentando descobrir se ela estava disfarçando emoções, e a garota, é claro, percebeu.
“Eu não to dizendo que eu to ótima e que tudo é muito engraçado, . Eu só não quero ficar remoendo isso, ok?” Esclareceu. “Você é muito bem vindo aqui, mas não se você estiver com peninha de mim.” Completou, mal humorada.
não estava com pena dela. Aliás, se alguém era digno de pena era , que tinha deixado escapar uma garota como ! Ele só não gostava de pensar nela sofrendo por nenhum babaca que não merecia nem mesmo um segundo de atenção sua. Tinha vontade de colocá-la no colo, de cuidar, de fazer carinho. Não por piedade. Nunca! E sim porque ele gostava dela. Porque ele achava que ela merecia todos os cuidados, todos os mimos, todas as gentilezas. Porque ele podia não conhecê-la tanto quanto gostaria, mas, desde que a vira, naquela festa sem graça dos ex-alunos de sua escola, algo lhe dizia que ela era daquele tipo de garota que vale à pena.
Ele ainda estava em pedacinhos quando a reencontrou, com o ego e o coração destruídos pela traição de Helen, e talvez, ainda agora, não estivesse inteiro. Provavelmente não estava pronto para um relacionamento, quando carregava o peso de uma deslealdade tão grande! Não tinha certeza se sequer conseguiria confiar em alguém novamente, mas fazia com que ele se pegasse desejando – e até vislumbrando – voltar a ser o -antes-da-noiva-na-cama-com-outro.
“Preocupação não é pena, .” Ele afirmou, mordendo um dos cookies, que ela tinha espalhado em um prato e colocado sobre o balcão.
“E você também não precisa se preocupar tanto... se sentir responsável, só por ele ser seu amigo e ter ido à fatídica festa com você.” Revirou os olhos.
“E se eu quiser ser seu amigo, ao invés de continuar sendo só o melhor amigo do seu ex?” Levantou a sobrancelha, sugestivamente, e ela riu.
“Um amigo que me traz cookies na hora do chá? Eu acho que posso lidar com isso.”

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“Obrigado por vir, .” falou, tentando sorrir, enquanto a garota ajeitava sua gravata, pois as mãos dele estavam um tanto trêmulas e não deram conta daquela simples tarefa.
“Não precisa me agradecer. Eu vou beber e comer às custas do seu tio afinal.” Comentou, rindo. “Será que eu corro o risco de encontrar aquele seu amiguinho babaca?”
“Não, não. Ele não vem. Só quem vai ter que se fazer de superior hoje, quando, no fundo, se pudesse, sairia correndo, sou eu.” Assegurou, secando as mãos suadas na calça.
“Vai ficar tudo bem.” Ela tentou acalmá-lo, acariciando um dos braços dele por sobre o paletó do terno, guardando para si que o julgava realmente muito azarado de ter uma prima se casando com o irmão de sua desgraçada ex. Ele dissera acreditar que o rapaz tinha um caráter bem melhor do que o da irmã, mas, ainda assim, ela não podia deixar de achar tudo aquilo um aborrecimento que o amigo não merecia.
“Pelo menos, eu to muito bem acompanhado.” Sorriu. “Sem, ao mesmo tempo, precisar me preocupar em não gerar nenhuma expectativa.”
Qualquer outra garota que tivesse convidado poderia interpretar ser acompanhante dele no casamento da prima como um encontro. Com , por outro lado, ele não tinha essa preocupação, o que, naquele momento, era um problema a menos.
Não que ele achasse que um encontro com a linda , com quem entrou de braços danos na igreja, sentando-se em um dos primeiros bancos, seria algo ruim. Na verdade, em circunstâncias normais, ele adoraria chamá-la para sair. A questão era que ele não queria ter encontro algum, com ninguém. Ele ainda tinha pesadelos com Helen na cama, sendo pressionada contra o colchão pelo corpo de um dos sócios do escritório onde a ex-noiva trabalhava, mesmo que seus olhos tivessem capturado a imagem quase um ano antes.
seria sua primeira opção se quisesse transformar aquela festa em um encontro, mas, na conjuntura atual, era bom que ela também não estivesse preparada para ficar com ninguém. Ela disfarçava bem, mas não escondia do mais novo melhor amigo que dois meses não tinham sido suficientes para que ela esquecesse sua própria humilhação.
“Ela chegou.” Ele disse, um tempo depois, segurando a mão dela, em busca de apoio.
“É aquela ali de vestido vermelho?” Questionou, apenas para confirmar, já que só havia uma jovem loura e um quarentão de pé no local, à procura de um lugar para ocupar. “E aquele é...”
“O merda que eu peguei na cama com ela e me arrependo de não ter espancado até a morte.”
“Ele não vale uma prisão perpétua, . E ela... que cara de pau!” se viu realmente irritada, fulminando a garota com o olhar, antes de voltar a encarar seu próprio acompanhante. “Se você quiser, a gente pode fingir que...”
“Não, .” Ele não precisou que ela terminasse a frase para entender a sugestão. “Eu te agradeço, mas ela me conhece bem e perceberia. E eu... bem, eu ficaria apenas ainda mais patético.”
Felizmente, mesmo não estando juntos, como um casal, e incomodaram mais a garota do que ele sequer poderia imaginar ser capaz. O fato de terem se divertindo juntos no evento, depois de tomar algumas doses de uísque e relaxar, e de Helen ter descoberto, recentemente, que podia não ser tão interessante assim namorar um milionário, se ele tivesse sócios, clientes em vários lugares do mundo, filhos menores de idade e ex-mulheres – assim mesmo, no plural! – foi muito mais do que suficiente.

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“E vocês vão sair quando?” perguntou, pegando um pouco de pipoca do pote que tinha colocado no colo. Toda semana, eles faziam algum programa juntos, desde que a garota terminara com , mas, como naquela noite estava especialmente frio, tinham optado por ficar no apartamento dela, vendo filmes de terror.
“Nós não vamos.” Ela afirmou, torcendo o nariz. “Você sabe que eu não to a fim de começar nenhum tipo de relacionamento, mesmo que seja com um cara gato, cheiroso e inteligente.” Disse, não negando que tinha reparado que o novo colega de trabalho era tudo isso.
“Em algum momento, você vai ter que ficar com alguém de novo.” Ele deu de ombros.
“Falou aquele que tem tido váááários encontros no último ano.” Debochou, tomando um gole de refrigerante em seguida.
“Eu já comecei a sentir falta de... alguns aspectos dos encontros. Só que eu não consigo ser que nem vários caras que eu conheço e chamar uma garota pra sair, sabendo que vai ser só daquela vez, porque eu não me vejo em um relacionamento.” Era difícil demais visualizar uma relação nova, quando a última tinha sido tamanha catástrofe! Como ele poderia confiar em uma garota, depois de ter ficado anos com outra e jamais tê-la conhecido de verdade?
“E com alguns aspectos dos encontros você, com certeza, quer dizer algo como beijo na boca, amassos no carro, sexo no sofá.” Ela riu, quando ele ficou levemente corado. “Disso eu também já to sentindo falta, mas não o suficiente pra sair com um cara que, antes mesmo de um primeiro encontro, já falou em me levar pra conhecer a casa de praia da família dele.”
“Talvez tenha sido amor à primeira vez, ué?” Falou, e não conseguiu identificar se ele estava ou não brincando. O amigo podia estar com um coração partido, cuja cicatrização estava demorando, mas ela desconfiava que, no fundo, ele permanecia sendo um romântico incorrigível, capaz de acreditar em declarações de amor, finais felizes, casamentos duradouros... e todas essas coisas que acontecem em contos de fada e filmes do gênero comédia romântica, e fazem muita gente suspirar ou até chorar.
“Eu nunca fui adepta de sexo casual, mas talvez tenha que rever meus conceitos.” Se a experiência de ter sua cabeça enfeitada tinha servido para alguma coisa, fora para ensiná-la que ser mais prática poderia ser também mais seguro. “Talvez eu deva sair com um cara desses que só querem mesmo me levar pra cama, e usá-lo do mesmo modo que ele vai estar me usando. Sem expectativas, sem mentirinhas e joguinhos, sem neuras.”
“E eu posso entrar na fila?” Ele falou, brincando, apesar de se aplicar ao caso a máxima toda brincadeira tem um fundo de verdade. Achou, contudo, que ela levaria simplesmente para o lado da piada e se surpreendeu quando ela abriu um sorriso.
“Você transaria comigo, ?”
“Er... hã... eu tava brincando, .” Respondeu, rindo de nervoso. “Não que você não seja...”
Não seja...? Ela arregalou os olhos, ansiosa, e quase gritou fala!, quando ele ficou mudo, como se tivesse um súbito problema nas cordas vocais, paralisia facial ou algo assim.
“Gata. G-gostosa.” Disse, enfim, em tom de voz baixo, hesitante.
“Você também é bem gato! Na verdade, eu sempre achei, sabe?” Riu. “Pode ser uma ótima ideia!”
, a gente é amigo.”
“Exatamente! A gente é amigo e não espera mais do que amizade um do outro. A gente sabe o quanto um namoro de verdade, com todas as letras e exigências que vem junto com elas, seria uma tragédia, por causa dos fantasmas do passado que assombram a gente. A nossa amizade vai continuar, e nós vamos fazer sexo, quando estivermos a fim. Não vai ter pressão, ninguém esperando pra saber se o telefone vai tocar ou não, nenhum de nós com ciúmes porque o outro olhou pro lado ou inventando desculpas pra não acompanhar o outro em um programa chato.”
“Eu não sei.” Ele tomou alguns goles de cerveja, se dando um tempo para pensar. Já tinha sentido tesão por ela, algumas vezes, e acordado melado depois de um sonho cheio de erotismo, protagonizado pelos dois, mas não estava tão certo de que conseguiria se manter tão isento de emoções assim. “A gente nunca nem se beijou, pra saber se rola química.” Foi a desculpa que usou para sua não anuência imediata ao plano dela, e não deixava de ser verdade. Antes do longo namoro com Helen, ele tinha ficado com uma garota que era o sonho de consumo de nove entre dez caras da escola, e eles não tinham ido além de alguns beijos, justamente por estes não terem provocado a excitação esperada.
“Mas a gente vai começar pelos beijos, ué? Se não for legal, a gente para.” Deu de ombros, como se um dos dois parar não fosse representar nenhuma rejeição e o outro não fosse sair magoado. ficou com receio disso, mas sem argumentos.
“Tá bom, sua maluca! Eu... topo.” Disse, com tom de derrotado. “Como a gente faz isso? A gente sai pra jantar e...”
! A ideia é não termos encontros!” Bronqueou, dando um tapa na testa dele. Gestos como aquele demonstravam que eles tinham ficado muito, mas muito parceiros mesmo, o que poderia fazer com que aquela ideia fosse resultar em um desastre total ou na solução para todos os seus problemas.

♫ ♫ ♫


“Bom dia.” falou, com a voz rouca característica de quando acordava, com a qual já estava se acostumando. Abraçou a garota, que lavava as louças que tinham usado na noite anterior, por trás, beijando seu pescoço. Tinha dormido na casa dela, depois de uma noite de atividade intensa.
“Bom dia, .” Respondeu, sorrindo. Olhou por cima dos ombros apenas para confirmar que ele estaria com os cabelos bagunçados e os olhinhos pequenos de quem ainda poderia ficar algum tempo na cama. “Quer comer alguma coisa?”
“Já, já.” Ela sabia o que significava aquela resposta e a prova veio em seguida, quando uma das mãos dele segurou um dos seios dela, o polegar contornando o mamilo repetidamente, e a outra mão invadiu o micro short de pijama que usava, sem nada por baixo. Se, logo nas primeiras vezes em que transaram, as coisas foram um pouco estranhas, apesar de terem descoberto rápido que havia, sim, muita química, isso era algo que tinha ficado para trás, definitivamente. Antes, eles ficavam envergonhados, riam, não sabiam bem o que fazer, mas, agora, mesmo tendo se passado apenas alguns dias, já não existia sinal de qualquer pudor ou falta de habilidade entre eles.
“Para com isso, .” Pediu, mas a voz entregou seu real desejo de dizer não para, antes mesmo que ela largasse a esponja e se virasse de frente para ele.
parou de acariciar , para puxar o corpo dela na direção do seu, enquanto juntava os lábios aos dela, iniciando um beijo demorado, intenso. Ele desamarrou o avental que a garota estava usando e o deixou cair no chão, avançando com suas mãos para dentro do short dela de novo, dessa vez para apertar seu traseiro. A ereção dele já estava pressionada contra o ventre dela, que gemeu baixinho, também já bastante excitada pelo beijo e pelas carícias.
se afastou, mas apenas para tirar a camiseta dela e o short. Gostava de despi-la, às vezes bem devagar, fazendo com que a antecipação da garota fosse aumentando e aumentando, e outras vezes rápido, como naquele momento. Logo que ela estava completamente nua, ele a levantou do chão, erguendo-a para o balcão de mármore ao lado da pia.
o puxou, já sentindo saudades do gosto de hortelã da pasta de dente na boca do rapaz, do roçar da língua dele na sua, das mordiscadas que dava em seu lábio inferior, enquanto recuperava o fôlego, apenas para continuar beijando outra vez, logo depois. Quando ele segurou o cabelo dela, puxando-o, nem tão de leve assim, na altura da nuca, e fazendo sua cabeça se inclinar para trás, para passar a língua atrás da orelha dela, a usou os pés para empurrar a cueca dele até os joelhos, e estavam, então, finalmente nus, seus corpos já atingindo altas temperaturas e começando a suar.
Ele puxou o corpo dela mais para frente na bancada e abriu mais suas pernas, esfregando a ponta do pênis por toda a extensão de sua vulva, pressionando seu clitóris, e ela enfiou as unhas nos ombros dele em resposta. Ela deixou escapar um som gutural e ele sorriu, satisfeito, antes de posicionar seu membro bem na abertura da intimidade dela, demorando-se por alguns segundos, e então impulsionando o quadril para frente e a preenchendo por completo.
Depois de se movimentar, avançando e quase saindo dela por algumas vezes, pegou no colo, sem sair de dentro dela, e sentou-se em um banco, colocando-a no colo. Foi a vez dela de se movimentar, ditando o ritmo por alguns minutos, até que ele novamente se movesse, pronto para fazê-la gozar e atingir o próprio nirvana também.
Aquela transa terminou no sofá, com ele por cima dela, mas, depois do café da manhã, ele planejava levá-la para a cama e explorá-la sem nenhuma pressa.

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tinha chegado do trabalho exausto e praticamente apagara, mas acordou por volta das onze da noite, ouvindo uma movimentação dentro do apartamento. Abriu os olhos, devagar, e encontrou uma sexy , sorrindo sugestivamente para ele, com um baby doll preto cheio de rendas e transparências. Ela definitivamente sabia o que fazer para o deixar no ponto bem rapidinho! Por alguns segundos, só conseguiu olhar fixamente, percorrer cada centímetro do corpo dela com os olhos, cujas pupilas estavam se dilatando em antecipação. Depois, ele se ajeitou na cama, quando ela ficou perto o suficiente, segurando o cabelo dela e beijando seu pescoço, traçando uma linha em direção ao vale entre os seios, enquanto ela apenas se entregava ao toque, fechando os olhos.
"Deus, ! Você quer me enlouquecer, não é?" Indagou, voltando a dar beijos molhados na pele quente dela.
"Isso porque você ainda não viu os brinquedinhos que eu trouxe." Afirmou, mordendo os lábios, e ele parou o que estava fazendo, encarando-a, curioso. Ela deu uma gargalhada gostosa e pegou uma pequena sacola, que estava embaixo da cama, entregando a ele.
"Beija eu... extra forte." leu a primeira embalagem, de um spray.
"Faz a boca ficar geladinha... e dizem que dá uma sensação gostosa, não só no beijo na boca, mas também... você sabe." Falou, animada. Já haviam se passado vários meses, desde que tinham começado a transar e pode-se dizer que tinham uma vida sexual bem ativa, mas a achava que nunca era demais apimentar as coisas.
"Dados? Huuum... interessante. Boca, seio, barriga, pescoço..." Leu alguns lados de um deles. "Morder, beijar, lamber, tocar..." Leu as faces do outro.
"A gente joga os dois dados e faz o que um deles mandar na parte do corpo que sair no outro." Ele assentiu, mostrando que tinha imaginado que seria essa a brincadeira. Respirou fundo, ansiando por começar logo com aquilo.
"E isso o que é?" Perguntou, olhando uns coraçõezinhos em uma caixinha.
"Isso é pra você colocar em mim, antes da gente transar. Parece que eles estouram lá dentro, e tem um gel que faz o prazer ficar maior." Riu, se sentindo, de repente, insegura, pensando que talvez ele estivesse achando tudo aquilo bobo.
"Eu jogo ou você joga?" Ele questionou, pegando os dados de novo, e se mostrando bem interessado, com um sorriso muito atrevido no rosto. Ela fez um gesto para que ele lhe entregasse os objetos, pegou-os e jogou na cama, vendo formar-se a combinação "tocar a boca".
Ela aproximou os dedos dos lábios dele, tocando-os com carinho, devagar, mas olhando-o com sensualidade, olhar provocante. Ele segurou a mão dela contra seus lábios, beijou todos os dedos e depois chupou dois deles, sustentando o olhar dela, ouvindo um gemido discreto sair da garganta da garota. Satisfeito, sorriu, soltando-a, e pegou os dados que, atirados na cama de novo, mandaram "beijar a barriga", o que ele fez prontamente, enquanto ela já montava outra combinação, mordendo o pescoço dele, em obediência às regras.
"Lamber os seios" foi a próxima sugestão perfeita do jogo, e colocou um pouco do tal spray gelado na boca, antes de fazer o que ele indicara. se arrepiou toda ao sentir aquela nova sensação que o produto acrescentou às experiências sensuais dos dois, e se apressou em continuar a brincadeira, vendo que deveria "chupar a boca".
Depois disso, o jogo ficou esquecido. se dedicou a tirar a roupa especial de , lentamente e, em seguida, os dois foram fazendo as combinações dos dados naturalmente, tocando todos os lugares, beijando, mordendo, lambendo, chupando, aproveitando.
Ambos experimentaram o spray, na hora de usar suas bocas para dar prazer um ao outro e ambos adoraram a sensação do gelado na pele, da novidade. E, quando penetrou finalmente, um coraçãozinho de gel estourou dentro dela, antes que eles mesmos também explodissem em prazer juntos.
Os apetrechos foram usados não só naquele dia, como em vários outros, porque eles gostavam de brincar com todas as possibilidades, experimentar o novo, se aventurar juntos. Porém, o kit era só um detalhe e ambos sabiam que não era dele que vinha o prazer, mas simplesmente da entrega, de toda a intensidade com que cada um sentia uma mistura de coisas que não precisavam ser nomeadas, durante o tempo em que ficavam juntos, mesmo que eles quisessem acreditar que estavam deixando sentimentos fora da equação e investindo apenas em sensações.

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tinha trocado mensagens picantes com , durante todo o jantar chato de trabalho a que ela tivera que comparecer. No final, ela tinha avisado que iria dormir na casa dele, pois, depois de tanta provocação, não estava a fim de apagar o próprio fogo sozinha.
A porta não estava nem mesmo fechada, quanto ele agarrou os cabelos dela e a cintura, iniciando um beijo de tirar o fôlego. Pegou-a no colo e chegou ao quarto com a habilidade que já tinha aprimorado, sentando-se na cama e colocando-a de pé entre suas pernas, enquanto tirava os sapatos usando os próprios pés, e os jogava longe. Ela também desceu de seus saltos, quando sentiu que ele começava a abrir o fecho do vestido que usava.
O vestido deslizou, caindo a seus pés e deixando seu corpo quase todo exposto. Ele espalmou os seios dela, enquanto ainda a beijava, brincou com os mamilos, tirando as mãos deles apenas para que ela terminasse de se livrar da camisa de botões dele. Parou o beijo para tirar o t-shirt que usava por baixo.
Quando ele envolveu os mamilos dela em seus lábios, depois de atacar com muitos beijos molhados o pescoço e o colo, ela gemeu alto e puxou um pouco os cabelos dele, mas, no momento em que ele resolveu dar atenção ao outro seio, ela decidiu que ele estava vestido demais, e começou a abrir o cinto dele, assim como o botão e o zíper da calça. Concordando com ela, ele parou o que estava fazendo e se levantou, livrando-se de tudo, inclusive da cueca boxer. Encarou-a com um sorriso e um olhar safados, e se abaixou, tirando também a peça íntima dela.
Com um movimento rápido, colocou-a na cama e se deitou sobre ela, balanceando o peso nos cotovelos, e beijando-a mais uma vez. Trocaram mais alguns carinhos, até os dedos dele mergulharem entre as pernas dela, deslizando fácil, se encharcando do desejo dela, que correspondia ao seu, apesar de não visível aos olhos como é o desejo masculino.
Ele a penetrou e, movimentando-se juntos, os dois alcançaram um primeiro orgasmo, que seria seguido por outro, um pouco depois, e por um terceiro, quando o dia estivesse quase clareando. Depois de tanta atividade e também de muita conversa sobre tudo e nada, dormiu como um anjo e a ficou observando, satisfeito, pleno, de várias formas.
Ela era perfeita! Ele já tinha imaginado isso e até tivera vontade de sacudir a cabeça de , até que algo no cérebro dele se encaixasse, pois só podia haver muitas coisas fora do lugar para que ele não tivesse dado valor à namorada que tinha. Agora, contudo, tinha certeza do quanto ela era perfeita e achava o amigo o homem mais burro do mundo! Mas não lamentava que ele o fosse, pois fora graças à traição e ao término que acabara sendo sua amiga com benefícios, e a melhor que um cara poderia querer.
estava acostumado com pessoas querendo usar e abusar dele, mas o jeito como ela o usava não incomodava nem um pouco. Quando ela ligava a qualquer hora, de surpresa, ou até aparecia sem avisar, parecendo segura de que ele estaria sempre preparado para ela, ele nunca achava sua postura pretensiosa, e sim deliciosamente sexy e estimulante.
Uma noite com ela era mesmo seu tipo preferido de noite, e não havia por que esconder isso, ainda que ele, de vez em quando, se pegasse achando que a perfeição podia atingir um outro nível, se ela não saísse correndo, tantas vezes, sem nem um beijo de adeus.

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“Ontem eu saí com um colega meu do curso.” simplesmente soltou, como se dissesse que tinha ido comprar umas roupas novas no shopping. Ela e estavam deitados no sofá retrátil, aguardando o início do piloto de Fear the walking dead, e toda a perfeição daquele arranjo começou a desmoronar na cabeça do rapaz.
Toda a espontaneidade dos encontros, os jogos de sedução que ela fazia sem perceber, a cumplicidade que tinham, mesmo tomando os cuidados que ela exigia, para não serem um casal tradicional, tudo poderia ir por água abaixo se resolvesse ter um namorado. Quando as coisas ficassem sérias, ela não iria querer continuar transando com ele. Ou talvez nem esperasse tanto.
“Como assim saiu? E o papo de não ter encontros, de não começar um relacionamento...”
“Esse papo faz meses, ! Quase um ano, na verdade. Ninguém pode ficar sem se relacionar pra sempre, por medo de quebrar a cara de novo.”
“Eu pensei que a gente se relacionasse do jeito que você escolheu que tem que ser.” Comentou, tentando não demonstrar o quanto estava chateado.
“E tem... ou tinha. Na verdade, eu não planejei nada. A gente foi jantar, com outras pessoas, e acabou ficando, ficando... virou um encontro, bem sem querer. Só depois foi que eu pensei que não deve ser uma ideia tão ruim assim, afinal uma das coisas mais importantes de não estarmos namorando é não termos um compromisso, não sermos exclusivos, certo?” Queria responder errado, muito errado, mas escolheu o silêncio.
Sabia bem que sentimento era aquele que estava invadindo o peito dele e parecendo esmagar seus órgãos devagarinho, mesmo que não quisesse nomear com o c do início, o e do final e as outras três letrinhas no meio. E, pior que nomear, seria demonstrá-lo a ela, que provavelmente o repreenderia e deixaria tudo pior ainda.
“Você também deveria sair com alguém.” comentou, depois de um tempo encarando a televisão, provavelmente para demonstrar que queria que a combinação entre os dois fosse tão boa para ele quanto era para ela.
“Eu não conheci ninguém interessante nos últimos tempos.” Foi sua resposta seca e pouco realista. Ele não teria sabido se conhecesse alguém interessante, pois não estava prestando a menor atenção!
“Mas você vai.” Ela retrucou, alheia à vontade dele de encerrar o assunto. “E eu também vou começar a aceitar um ou outro convite, pra ver se tenho mais sorte...”
“Foi ruim?” Dessa vez ela chamou a atenção dele, que se virou para encará-la, achando o intervalo comercial subitamente menos interessante.
“O sexo foi bem sem graça!” Esclareceu, fazendo com que ele quase engasgasse com a própria saliva. Sua temperatura corporal subiu vários graus e ele temeu que isso o entregasse. “E você ainda fez o favor de deixar pior, me lembrando como pode ser boooom.” Complementou, esfregando a perna na dele sugestivamente, enquanto falava. Tinham feito sexo ali mesmo, no sofá, pouco mais de meia hora antes e ambos já queriam mais. deu um sorrisinho satisfeito, pela primeira vez relaxando desde que o assunto começara.
Se fazê-la ficar com os músculos parecendo geleia de tanto prazer fosse um modo de afastá-la de outros caras, ele faria questão de caprichar ainda mais.

♫ ♫ ♫


“...e ele reclama sempre das mesmas coisas e ela continua cometendo os mesmos erros. Aí ele vem e reclama do trabalho dela pra mim, claro! Só tem nós três ali! Mas o que ele quer que eu faça? Eu não sou chefe dela. Ele é!”
“Uhum...” respondeu, mas não parecia estar prestando atenção, pois tinha os olhos grudados na tela de seu celular, enquanto falava sem parar. Não era que ele não tivesse interesse no que ela dizia, mas tinha um certo vício de clicar no whasapp sempre que aparecia aquele numerozinho, indicando mensagem nova.
“Ei! Que tanto você olha pra esse telefone? Eu to falando!” Reclamou, colocando as mãos na cintura.
“Eu to pensando em chamar a pra sair. A gente tem trocado mensagens... interessantes.” Piscou, aproveitando a deixa para provocá-la um pouco e ver até onde ia a vontade dela de que ele ficasse com outras meninas. conhecia a garota, filha do dono do escritório em que ele trabalhava, já que esta era também prima de , e tinha consciência de que ela fazia o tipo de muitos homens. Não precisa saber que, na verdade, não havia interesse algum da parte dele.
“A ? Sério? Olha, eu me sinto entediada só de pensar!” Fingiu um bocejo. “Ela é formada na mesma coisa que você, trabalha na mesma empresa e tem o mesmo cargo. O cabelo dela é da mesma cor do seu, e os olhos dela são da mesma cor dos seus. Ela joga tênis que nem você e a família dela tem casa nos Hamptons, igualzinho a sua. Até o nome dela rima com o seu! e . Quão... infantil é isso?”
“Você tá com ciúmes?” Perguntou, rindo, mas esperançoso de que ela assumisse estar com ao menos um pouco.
“Não, ! Não é isso! Eu só acho que vocês não combinam.” Deu de ombros.
“Não combinamos? Há alguns segundos a gente combinava demais.” Observou, irritado. “Sabe o que eu acho, ? Que você me quer aqui, quietinho e disponível, só pra você, apesar daquele papo de que eu devia ter encontros também.”
“Eu não sou tão egoísta!” Foi a vez dela de se irritar. “Quando eu digo que não combinam é porque parecido demais não dá certo. Tem que ter algumas coisas diferentes... complementares.”
“Ok, então. Me diz alguém com que eu seja compatível e eu saio com ela.” Sugeriu, cruzando os braços na frente do corpo.
“Eu... Sei lá. Não consigo pensar em ninguém agora.” Passou as mãos pelo rosto, impaciente.
“Faz melhor.” Pediu, se acalmando e se aproximando dela. “Sai comigo.”
“Que?” Ela reagiu, em tom de voz que era quase um sussurro, mas com olhos arregalados de surpresa.
“Vamos sair nós dois!” Ele repetiu, sorrindo. “Nós sempre saíamos juntos, pra tudo quanto era lugar, e só não tinha beijo nem sexo. Agora, a gente não vai a lugar nenhum pra não parecer que temos uma relação e fazermos sexo. Mas nós somos ótimos nas duas coisas, e poderia ser perfeito juntar.”
“Eu... não sei.” Suspirou.
“A gente combinou isso porque nenhum de nós queria uma relação. Agora, você está disposta a arriscar ter uma, e eu me sinto pronto!”
“Você nunca disse isso, ! Fui eu quem sugeriu...”
“Eu quero isso com você, !” Afirmou, segurando o rosto dela entre as mãos, e examinando seu rosto, em busca de alguma reação positiva, mas ela se afastou.
“Eu preciso pensar.” Respondeu, vacilante. Se ele tivesse segurado suas mãos, sentiria o quanto estavam frias e trêmulas. Se a tivesse abraçado, perceberia que o coração dela estava tão disparado quanto ficava depois de um orgasmo dos mais fortes. As palavras dela, no entanto, foram como uma negativa, um sinal de indiferença.
“E eu preciso ir.” Disse, se encaminhando para a porta. “Se eu for agora, ainda dá tempo de pegar o episódio de Walking Dead.” Beijou a testa dela e se encaminhou para a porta, saindo como se eles não tivessem acabado de falar sobre nenhum assunto relevante. Ela sabia, entretanto, pelo tom da voz dele, pelo jeito de caminhar, pela sutileza do carinho e pelo fato de ele ter preferido ver a série que ela também amava em seu próprio apartamento, que aquela conversa tinha sido a mais importante de todas.

♫ ♫ ♫


tinha magoado . Ela sabia disso! E ter alguns de seus telefonemas e mensagens ignorados, e outros respondidos de forma muito sucinta, somente confirmou que as coisas haviam mudado entre eles.
E, apenas três dias depois daquele diálogo surpreendente, ela sentia como se estivesse sem ver há séculos, como se estivesse sem ouvir a voz dele há tanto tempo que seria capaz de esquecê-la, como se o ar não fosse suficiente para preencher de vida os seus pulmões porque não tinha o cheiro dele. Estava enlouquecendo por não ver graça em nada, e a chance de uma insanidade provocada pela ausência dele se tornou, então, mais apavorante do que confrontá-lo e continuar a difícil conversa que ficara sem um ponto final.
“Oi, .” Disse, quase assustando o rapaz, que corria em volta de um parque perto de casa, como fazia todas as manhãs, com raras exceções.
?!” Ele parou ao lado dela, enrugando a testa.
“Será que a gente pode conversar?” Ela indagou, dando um meio sorriso.
“Claro.” Respondeu, fazendo sinal para um banco de praça, onde sentaram-se. “Você podia ter me ligado e marcado de ir lá em casa.”
“Não é como se eu não tivesse tentado falar com você nos últimos dias, né?” Riu.
“Desculpa, . Eu não tava te evitando por mal. Eu só fiquei constrangido de ter te chamado pra sair... de ter confundido as coisas.”
“Você não precisa ficar constrangido. Eu precisava pensar...”
“Não.” Interrompeu, apertando de leve o braço dela. “Você não precisa pensar, . Eu não quero que você saia comigo porque eu sou um bom amigo e o sexo comigo é gostoso. Aquilo foi só um discurso idiota! Eu queria que você saísse comigo porque tinha esperança de que você se sentisse como eu me sinto, mas, se você não ficou empolgada, se você precisava pensar, é porque você não sente, e não é culpa sua, sabe? Você foi clara quando disse apenas sexo, sem envolvimento.”
“As coisas não são bem assim, ! Eu precisava pensar, mas não era pra tentar me convencer a dar uma chance a um amigo legal e bom de cama. Eu precisava pensar porque você me assustou!” Declarou.
“Se eu te deixei preocupada com a nossa amizade...” Foi o novo comentário dele, mas ela não queria mais ser interrompida com observações que, na verdade, eram estúpidas, então colocou os dedos sobre os lábios dele, delicadamente, calando-o. A escolha do gesto o deixou confuso e, finalmente, mudo e pronto para ouvir o que ela tinha a dizer.
“Eu gostava de pensar em você como o cara pra quem eu ia voltar, se eu ficasse de coração partido de novo. Gostava de ver você como o meu melhor amigo, que me consolaria, me faria sentir melhor e, ao mesmo tempo, como aquele cara que me levaria pra cama e faria o melhor sexo de todos comigo, até eu cair num sono profundo, pra no dia seguinte, simplesmente acordar e fazer mais.” Riu, um pouco sem jeito. “Eu sabia que poderia tentar ficar com alguém, porque, se acabasse em um desastre completo, depois que eu encontrasse você, e que a gente ficasse junto, eu nem mesmo me lembraria mais daquilo! É muito difícil de repente passar a ver você como a pessoa que pode me deixar de coração partido.”
“E por que eu faria isso?”
“Porque, ao contrário do que você acabou de dizer, seu idiota, eu adoro você, eu sou louca por você... eu me sinto, sim, como você. Eu sinto por você tudo que eu tava tentando evitar sentir, quando eu resolvi que a gente devia ter uma amizade colorida.” Falou, se emocionando, mas tentando disfarçar ao dar soquinhos no peitoral dele.
“Eu não vou partir seu coração, ! Eu não tenho essa vocação, lembra?” Sorriu. “Só vamos ter um encontro e deixar rolar, sem querer controlar tudo, hum? Até agora não deu certo querer determinar como as coisas seriam, deu?” Ela concordou, balançando a cabeça negativamente.
Ele pegou a mão dela e a puxou, levantando-se do banco. Continuou segurando sua mão, entrelaçando seus dedos aos dela, enquanto ia na direção de casa.
Podiam começar assim, caminhando lado a lado pela rua, sentindo o vento no rosto e a expectativa do que os aguardava no apartamento em que costumavam ser só dois amigos, fazendo sexo. Talvez fizessem amor, naquela manhã, e se atrasassem para seus trabalhos, ou talvez apenas tomassem café e ele lhe fizesse uma visita à noite. Talvez ele dormisse no apartamento de quarto e sala dela, ou – quem sabe? – poderiam ir jantar fora e ter uma noite romântica em um hotel luxuoso.
Por ora, bastava saber que estavam dando adeus a seus eus quebrados por dentro e à ideia do amor como algo trágico. O amor pode ser algo que vale a pena e ambos mereciam um amor assim!


FIM



Nota da autora: Esse fim foi um começo pros personagens, né? =)
O que acharam da fic? Me digam, porque eu morro de ansiedade pra saber!!!
❤ Beijo grande ❤

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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