03. Little Things

Fanfic Finalizada

Capítulo 1

“Um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.” – Luís de Camões.


- Dá para largar meu maço de cigarros? – falei e puxei a caixa de Dunhill da minha namorada.
- Não é justo, . Você tem outra no seu bolso.
- Você fuma rápido demais, querida. – respondi e tirei o cigarro dos lábios dela, o traguei e devolvi. – Alias, fumar dá câncer sabia?
- Viver dá câncer, .
- Penso que câncer é uma espécie de demônio que possui todas as partes do corpo.
- Então você está comparando o câncer com um demônio? – perguntou e eu concordei com a cabeça. – Então todos nós temos câncer.
- Esse é o x da questão, querida. Alguns se mostram outros não, assim como nossos demônios interiores. Todo mundo tem, só que nem todo mundo mostra.
- E o que acontece se ele dominar você?
- Você escolhe se luta para acabar com ele ou deixa ele acabar com você. – respondi e puxei novamente o cigarro dos lábios dela, dei duas tragadas, o joguei no chão e o apaguei com o pé.
- Qual sua definição de demônios, senhor ?
- Aquilo que te atormenta, que não deixa você pensar direito e acaba fazendo você fazer coisas erradas. – E ela me olhou esperando que continuasse, com os olhos arregalados. – Acho que você sabe bem como é, não é ?
- Do que você está falando?
- Você realmente achou que eu não fosse descobrir nunca?
- ...
- Você está tentando se destruir! – gritei e ela começou a piscar como se ainda não acreditasse que aquela conversa fosse real. – Automedicação, você nem come direito e quando resolve colocar alguma coisa no estomago, põe para fora no minuto seguinte. Que diabos você pensa que está fazendo consigo mesma?
- Você não sabe o quanto é difícil ser eu. Você nunca entenderia...
- Vai, me explica então!
- São meus demônios, . Meus e não seus.
- Quando você vai perceber que eu estou aqui por você? Eu te amo, .
- Eu sou o problema, . Eu, . Os problemas são meus.
- Esconder seus problemas só vão deixá-los maiores e prontos para te dominar.
- ...
- Você que sabe. – Falei e dei de ombros. passou as mãos pelos cabelos e pelo rosto fazendo, o rímel ficar borrado.
- É horrível viver com aquela mulher – gritou.


O despertador tocou pela milésima vez e a contra gosto, levantou-se da sua amada cama, tomou banhou, trocou de roupa e tentou descer as escadas sem fazer barulho. Sem sucesso. Sua mãe estava na sala lendo o jornal na área de estatística. respirou fundo e seguiu seu caminho até a porta. Antes de abri-la, parou com a mão na maçaneta.
- Bom dia – sussurrou e aquilo bastou. Parecia que o simples fato da menina falar perturbava tanto a mãe, que a fazia dizer coisas horríveis. Talvez levar tapas doeria menos, pensava a menina enquanto os gritos pareciam aumentar.
- Tanto investimento para nada! Você nunca vai ser aceita em nenhuma universidade, és inútil, só serve para ficar lendo e vendo aquelas porcarias. Sabes o que eu tenho sentido desde que você entrou no colegial? Vergonha. Agora, , vai para aula e tenta tirar pelo menos um D em matemática avançada, já que E e F são suas especialidades.
piscou várias vezes antes de sair da casa, somente ao fechar a porta permitiu-se chorar. Caminhou lentamente até o ponto de ônibus e antes de fazer sinal, abriu o bolso da mochila, pegou dois comprimidos e os engoliu sem dificuldade. Talvez aquilo anestesiasse a sua dor.



- Você não sabe o quanto é ruim desejar ter nascido de uma mulher diferente. , você não sabe o quanto é desgastante fingir não saber o que as pessoas falam quando você vira as costas...


Já tinha virado rotina. Depois de mais quatro pílulas sentiu-se tonta, como se fosse cair a qualquer momento.
- , avisa para o que fui ao banheiro.
- Quer que eu vá com você? – a melhor amiga perguntou, preocupada. Sabia que alguma coisa estava acontecendo, mas ficava de mãos atadas. nunca falava nada, vivia como se vivesse presa no seu próprio mundo, onde ninguém conseguia penetrá-lo. Descobriu os segredos que somente aquelas íris azuis sabiam.
- Não... – Apressou-se em dizer – Tá tudo bem.
Levantou-se e praticamente correu até o banheiro, entrou no primeiro box, trancou-se e sentou na tampa do vaso. O medo de desmaiar tomava conta de todo o seu corpo, e estar sozinha ali só a fazia querer chorar. Enquanto tentava se acalmar, o barulho no banheiro cresceu e rapidamente colocou as pernas junto do peito e desejou que aquelas meninas sumissem dali.
Mas as tais meninas sabiam que estava ali. A ruiva dos cabelos enrolados viu quando ela levantou da mesa do refeitório e foi em direção ao banheiro. Avisou as outras do clubinho e prontamente todas estavam no banheiro. Por pura maldade, pelo puro prazer de ver a menina dos longos cabelos negros sofrer com aqueles comentários maldosos.
- Vocês viram a foto que o postou?
- Ridícula. Aquela menina é tão...
- Insuficiente. nunca quis nenhuma das meninas daqui e escolheu justamente ela, a baranga.
- Ela deve usar 40 e ainda deve se espremer para entrar no jeans. – a ruiva complementou e o banheiro explodiu em risadas.
- Por Deus, como aquele homem escolheu ela?
- Eu aposto vinte libras que assim que ele comer ela vai largá-la.
- E vai querer transar com todas as meninas daqui.
- E eu vou ser a primeira. – a loira magrela dos peitos grandes falou e as risadas continuaram, cessaram somente quando o barulho da porta foi audível.
E então, permitiu-se chorar. Chorou pela indiferença da mãe, pelas maldades das pessoas daquele lugar. O embrulho no estômago aumentou. Rapidamente se abaixou, levantou a tampa do vaso e vomitou enquanto as lágrimas desciam descontroladamente. Sentou naquele chão frio e chorou mais um pouquinho. sempre soube que o problema daquelas pessoas era o corpo bonito e a alma horrível, mas agora, a sua alma estava quebrada e parecia que nada iria consertar.



- Você não sabe o quanto é doloroso querer gritar por ajuda e não conseguir, o quanto é horrível se afogar na própria dor.
- Eu sempre estive do seu lado! Você nunca se quer pediu ajuda, mesmo quando eu perguntava se algo estava errado.
- É mais fácil conviver com a dor do que assumir que você é um fracasso e tenta resolver os problemas com remédios...
- Que vão acabar te matando. – a cortei e ela ficou calada.
- Você não entenderia. – sussurrou e eu contei de 10 a 0 de trás para frente. Eu odiava a ideia dela se machucar em uma tentativa falha de esconder todos aqueles problemas. Mas o que eu odiava mais ainda era ela se menosprezar daquela forma, era ela odiar a si mesma de uma forma monstruosa enquanto eu amava cada pequena parte dela.
- Se você quer mesmo se matar, deve cortar na vertical e não na horizontal. – falei depois que puxei seu braço e levantei a manga que o cobria. – Obrigado por mentir para mim, obrigado mesmo, .
- ...
- O que foi agora?
- Eu não sei o que você quer que eu diga.
- Eu achei mesmo que não soubesse. – respondi seco, peguei o maço de cigarros novinho do meu bolso e coloquei na sua mão, virei-me e andei pelas ruas que agora pareciam tão movimentadas.


Capítulo 2

“Pretty, pretty please don't you ever ever feel like you're less than fucking perfect. – Pink”


Não preguei o olho a noite inteira. Eu odiava brigar com , mas foi necessário. Ela não podia se machucar daquela forma, era horrível, era errado. Minha namorada tinha problemas sim, mas eu estava ali, não estava? Para ajudá-la, apoiá-la e, consequentemente, passar por tudo aquilo, juntos. Levantei-me da cama e fui até o banheiro, o tempo que fiquei no banheiro pareceram horas, só saí quando escutei barulhos na porta.
- Já vou sair, mãe.
- ! ! Saia logo daí!
- ? – perguntei depois que abri a porta. – O que você está fazendo aqui?
- .
- O que tem a ?
- Ela me chamou para ir a casa dela ontem de tarde, só que cheguei lá e já passava das dez da noite. Então fui direito pro quarto, hoje nós iríamos viajar, não é? Você, ela, Pedro e eu.
- Nós...
- Cale a boca, não me interrompa. Então. Cheguei lá e a mãe dela disse que ela estava no quarto desde que tinha chegado e eu fui logo entrando, só que , quando eu cheguei lá – não conseguiu terminou de falar, começou a chorar.
- , o que aconteceu?
- Ela estava no chão do quarto dela, tinha uma caixa de cigarros cheia em baixo da cama e saia sangue do pulso dela, tipo não era sangue, era muito sangue! Aí foi tudo rápido, a mãe dela ligou para ambulância e eles a levaram para o hospital, ela cortou uma veia sabe? Ela poderia estar morta.
Ela poderia estar morta.
- , você tá me escutando?
- Que hospital ela está?
- Great Ormond. – falou e eu praticamente corri para meu quarto, coloquei uma cueca, vesti o primeiro jeans que vi, uma blusa que estava em cima da poltrona e um casaco, calcei o tênis que estava embaixo da cama e voltei para o corredor.
- Você vai comigo?
- Você promete que não vai dirigir rápido?
- Não prometo nada, . – falei e ela revirou os olhos, desci as escadas quase correndo, peguei a chave do carro e nós saímos.
- Você vai por onde?
- Vou pela Holland Park, o hospital fica a uns 30 minutos daqui de casa.
Chegamos em trinta e três minutos. me guiou pela recepção e depois de falar com a responsável dali, eu recebi um crachá com “acompanhante” escrito.
- É o quarto 303. – falou e eu entrei no elevador. Cheguei ao quarto dela em menos de um minuto, bati na porta e entrei. estava com os olhos pequenos, como se tivesse passado a noite toda chorando, estava com roupa de hospital e seu pulso esquerdo estava enfaixado.
- ?
- Olá.
- Eu pensava que você não ia querer me ver nunca mais.
- E por isso tentou se matar? – perguntei e sentei ao seu lado na cama.
- , eu sei que...
- Sabe o que me deixou com raiva? Na verdade, deixa?
- Não.
- O fato de você não reconhecer o quanto faz diferença na vida das pessoas... Na minha vida, . É o fato de você não se amar o quanto eu te amo. Você sabe o quanto me entristeceu ver você se machucando de propósito? Dói ver você tentar se acabar dessa forma, pensando que és inferior ou que não és suficiente. És mais do que suficiente, querida. És mais do que todas aquelas ofensas, que as injúrias da tua mãe... És muito mais do que pensa. És uma pessoa maravilhosa meu amor, e me diga por que só você não enxerga isso?
- É complicado enxergar isso quando tem inúmeras pessoas falando o contrário. – sussurrou, e enquanto as lágrimas surgiram as limpei com o polegar.
- É tão fácil assim dar ouvidos a essas pessoas? , você não tem que mudar por ninguém, por ninguém mesmo, a não ser por você mesma. E você, lá no seu íntimo, não acha que seu cabelo é uma droga, ou que você não merece estar numa universidade. Muito menos que você é a pior pessoa do mundo. Você sabe, mesmo que lá no íntimo, que merece tudo o que a vida ainda pode te oferecer. Assim como eu sei que você merece desde o momento em que tive certeza que queria ficar com você por um tempo indeterminado.
- Eu tenho tanta sorte de ter você. – falou e eu a beijei.
- Eu que tenho uma tremenda sorte de tê-la, .
- Obrigada por ter vindo aqui e espero que você fique alguns dias na minha casa, sabe? Assim minha mãe não vai surtar.
- Ela ficou preocupada, ficou, eu fiquei.
- é a melhor amiga do mundo e você é o namorado mais....
- Mais o quê? – perguntei e arqueei a sobrancelha.
- Mais chato e ao mesmo tempo maravilhoso de todo esse mundo.
- Ótimo. Eu já sabia na verdade, só queria a confirmação.
- Babaca.
- E ok, eu vou na sua casa por alguns dias, mas você tem que me prometer uma coisa.
- Diga.
- Promete que nunca mais vai tentar se machucar? E que a cada dia que passar, você vai acordar, olhar no espelho e vai se lembrar do que eu vou te dizer, ok?
- O que você vai me dizer?
- Que você é linda, incrível, forte. E que você é amada e, acima de tudo, você vale a pena.
- Obrigada por confiar em mim quando nem eu mais cheguei a confiar.
- Isso é amor, não é? Estar lá para o outro quando ele precisar, até o final.
- Se isso é amor, nós somos amor então. – respondeu e eu a beijei novamente. Eu a amava e, se fosse necessário, iria dizer aquilo todos os dias.


Capítulo 3


saiu do hospital depois de três dias, o médico a encaminhou para um psicólogo, mas ela não estava gostando nada daquelas visitas dois dias por semana e muito menos da mãe enchendo a paciência dela para comer de três em três horas.
- Amor? – perguntei, assim que cheguei a porta do seu quarto, fez sinal com a cabeça e eu entrei. – Como você está hoje?
- Uma merda. Eu odeio psicólogo, eles me tratam como se eu fosse uma doente e isso só me deixa mal, .
- Eu sei – respondi e a abracei. – Calça seu tênis.
- Pra quê?
- Calça – falei, bufou mas acabou fazendo o que eu pedi, a peguei pela mão e saímos da casa dela.
- Para onde vamos? – perguntou assim que entramos no carro.
- Você verá. – respondi e fui rumo à minha casa.
Chegamos lá um tempo depois. A conduzi para o quintal da casa, onde eu tinha um pequeno lugar que eu reformei e coloquei coisas que não daria num quarto normal.
– Toma isso. – falei e lhe dei um par de luvas de boxe.

- Luvas de boxe?
- Coloca. – instrui e ela colocou. – Agora venha cá. – falei enquanto a coloquei de frente para um saco de pancadas.
- Eu não vou bater nisso, .
- Bata. – falei e ela deu um soco leve. – Bata de verdade, . Desconte toda sua raiva nisso, não deixa isso preso dentro de ti. Grite, faça o que quiser, só não deixe isso preso.
- Eu odeio me tratarem como louca. – gritou e bateu forte no saco – Odeio aqueles babacas do colégio, eu odeio me sentir assim! – continuou a bater mesmo aos soluços. Coloquei-me na frente do saco e a envolvi em meus braços. – Eu odeio me sentir como se fosse um fardo para as pessoas.
- Você não é um fardo. Eu estou aqui, ok?
- Eu te amo.
- Olhe para mim. – pedi e ela me olhou. Limpei as suas lágrimas com os meus dedos, mas ainda assim, elas insistiam em cair – Eu amo você, . Amo cada parte do seu corpo e da sua alma. Você teve um momento de fraqueza e isso acontece com todo mundo, só temos que saber lidar com isso, entendeu? Você lidou da maneira errada, mas agora eu estou aqui. Eu vou te ajudar a superar cada coisinha que te faz mal, entendeu? Confie em mim.
- Eu sou um fardo pra você.
- Você não é um fardo para mim, nunca foi e nunca vai ser. Se fosse um fardo, eu nem ia ter te visitado no hospital depois da nossa briga, eu teria te esquecido e saído para balada em busca de garotas menos problemáticas.
- Então eu sou problemática?
- É. E você sabe que eu tenho uma leve tendência em me envolver com problemas. Você e meu histórico escolar, logicamente. – falei e ela riu fraco, a abracei forte, beijei o topo da sua cabeça e logo depois os seus lábios, que ainda estavam molhados por conta de suas lágrimas. A ajudei tirar as luvas e a conduzi para o sofá, antes que eu a pudesse abraçar, passou as mãos pelo meu pescoço e selou nossos lábios com certa urgência. Eu passava minhas mãos debilmente por toda a extensão das suas costas. Ela tateou em busca da barra da minha blusa e rapidamente a tirei, em meio a beijos e carinhos, fizemos amor naquele sofá marrom que ficava no meio da sala.
- Posso te perguntar uma coisa? – perguntou depois de um certo tempo, quando estava deitada em meu peito.
- Pergunte.
- O que você gosta em mim? Tipo, realmente.
- Não é o quê. Tipo, não é uma coisa só, entende? É uma porção delas.
- Muitas coisas então?
- Você nem imagina. – falei. Ela riu, passou as mãos por meus cabelos e selou nossos lábios.
- Me diga uma.
- Você vai acabar querendo saber das outras.
- Não. – falou e fez beicinho. – Só uma.
- Tá bom, eu gosto do jeito que dormes.
- Como assim?
- Às vezes, você fala enquanto dorme e eu fico me perguntando se você está sonhando. Chego às vezes a dormir pensando que você está sonhando comigo e isso me faz bem.
- Sério? – perguntou com um sorriso que não conseguia esconder de maneira alguma.
- Sério. – respondi e baguncei sua franjinha que já ameaçava querer tampar seus lindos olhos negros. – E também porque você guincha enquanto dorme. É engraçado.
- Eu não guincho! – protestou, e bateu em meu peito.
- Guincha, sim! Qualquer dia vou gravar para te mostrar. É um som adorável.
- Vá se foder! – gritou e estapeou meu braço, a agarrei e caímos no chão, em meio as risadas altas, a beijei e ela puxou os cabelos da minha nuca. Fizemos amor novamente, ali mesmo, no chão da sala.


Capítulo 4


,

Antes de pegar uma caneta e um papel, eu estava lembrando de você. De nós, para falar a verdade. Estava lembrando do jeito que tudo começou, você consegue lembrar?
Senão, quero que saiba que eu lembro.
Acho que nunca te disse, mas enquanto estava com meus amigos - que você carinhosamente apelidava de “babacas em bando” -, eu já reparava em você. Na maioria das vezes, era quando você corria pelos corredores do colégio porque estava atrasada para a aula de matemática avançada. Mas teve um dia em especial: quando eu te vi defendendo um garoto daquele grupo dos “valentões” que existia no colégio, que eu falei para mim mesmo que iria te conhecer de verdade. E graças ao incidente da moto, eu conheci. Uma perna quebrada e você no mesmo dia. Acho que sou muito sortudo, né?
E depois de dois meses, pude finalmente te chamar de minha. E além do seu corpo, você deixou-me conhecer sua alma. E eu pude perceber o quão machucado os dois estavam. Você nunca falava nada, gostava de esconder sua dor, seus medos, seus demônios, seus segredos... Mas, de algum modo, você me deixou entrar. Creio que são águas passadas e que tudo aquilo, ao invés de te afetar negativamente, só te deixam mais forte. Mas se em algum momento aquela sensação estranha voltar, saiba que eu estou aqui ok?
, um dia você me perguntou o que eu gostava em você e eu te respondi que eram várias coisas. Acho que naquela época eu não estava pronto para dizer, sabe? Mas acho que agora estou e não se preocupe... A cada dia que passa, com toda e absoluta certeza do mundo, mais “coisinhas” vão entrar nessa lista.
1 – Eu amo suas sardas, por mais que você tente escondê-las com aquele negócio branco que é de passar no rosto. Fiquei apaixonado por aqueles pontos na primeira vez que te vi.
2 – Eu amo o jeito que tua mão se encaixa na minha. Descobri isso na quarta semana em que saímos juntos, e eu não consegui parar de pensar sobre quando cheguei em casa.
3 – Sabe quando você começa a rir? Seus olhos criam várias linhas (aquilo que você chama de rugas), e eu acho a coisa mais adorável do mundo. Soube que gostava disso quando fomos comer hambúrgueres.
4 – Amo as covinhas que você tem no rosto, mas as que eu amo mais são as que você tem no final das costas. Descobri que as amava quando fizemos amor pela primeira vez.
5 – Amo o teu vício por chá, acho que complementa o meu por café.
6 – Sabe aqueles áudios ridículos que você me manda cantando? Eu os amo. Também amo quando você tá com preguiça de escrever e começa a conversar comigo por áudios, é engraçado. E eu amo coisas engraçadas.
7 – Amo quando você assiste How i Met Your Mother e Friends comigo, mas amo mais o teu brilho nos olhos quando começa Arrow ou The Vampire Diaries (tenho ciúmes daqueles caras, só para constar).
8 – Eu amo escutar teus sonhos, são segredos que eu guardo comigo. (Exceto aqueles com o Roy, Damon e Stefan Salvatore, Dougie Poynter e todos aqueles caras que eu não faço a mínima questão de gravar os nomes: nenhum tem o pau maior que o meu).
9 – Amo quando você deixa a unha grande e pinta de vermelho ou preto, é sexy.
10 – Amo quando você sussurra meu nome (em todas as situações que você pode imaginar).
11 – Não amo quando você rouba meus cigarros, mas amo roubar os seus. É um vício que se liga, como se fosse destino mesmo, sabe?
12 – Amo te flagrar dançando em frente ao espelho.
13 – Amo quando dormes ao meu lado.
14 – Amo o modo que você faz beicinho quando eu não faço o que pede.
15 – Amo quando você lê, suas expressões mudam a cada minuto.
16 – Amo o negro do teu cabelo que combina com o quase pálido da tua face, que faz jus aos teus olhos azuis.
Sabe ? Tem uma única coisa que eu amo em você que não nasceu contigo, você que fez em você mesma. Amo suas duas cicatrizes que ficam no pulso esquerdo. Elas me lembram o quanto você precisou ser forte depois daquele dia, o quanto você precisou ser forte durante aquele tempo, elas me lembram o quanto você é forte e o quanto eu te amo justamente por você não desistir, por você todos os dias depois daquele incidente se tornar uma mulher cada vez mais forte, uma mulher que eu aprendi a admirar e amar ainda mais. Eu te amo, , amo você e cada pedacinho do seu corpo, o teu jeito, até mesmo o modo que respira. Eu amo você e todos os nossos segredos, acho que eu te amor por seres quem és: a mulher da minha vida.


Andei pelo quarto e achei a carta que dei para na manhã em que acordamos pela primeira vez como marido e mulher, aquilo tinha sido a coisa mais verdadeira que já tinha escrito em toda minha vida.
Queria poder contar como foi a nossa festa de casamento, mas estava tão bêbado que eu só lembro da me apoiando e nós caímos na cama do nosso quarto, que ficava no apartamento perto do Hyde Park.
Sim, nós casamos. Seis anos depois do dia em que fizemos amor no chão pela primeira vez. Casamos porque achamos que era hora, e ela não estava grávida. Não planejávamos ter bebês, planejávamos fazer um mochilão pela América antes de pensar em adicionar um membro na nossa casa. Já tínhamos o meu melhor amigo e a melhor amiga dela, certo? Certo. Agora iríamos para a nossa viagem que começaria no Brasil, só estava esperando ela sair da porcaria do banheiro.
- . – falou assim que saiu, e ficou de frente para mim.
- O que foi? Anda logo.
- Você esperou três meses para essa viagem de lua de mel, não pode esperar cinco minutos?
- Nosso voo está marcado para daqui a duas horas.
- Lembra da carta que você me escreveu?
- Estava relendo ela agora.
- Ela é minha, pare de ler. – Respondeu e fez bico. – Enfim, isso significa que você lembra.
- Continua, querida.
- Você disse nela que só amava uma única coisa que não nasceu comigo.
- Sim, por quê?
- Porque... – e seus olhos começaram a se encher de lágrimas.
- Por que você está chorando? O que aconteceu?
- Eu estou grávida, você vai ser pai e eu vou ser mãe. Você pode amar ele?
começou a chorar e eu a abracei institivamente. Nós iriamos ter um bebê.
Não que nunca tivesse passado pela minha cabeça que algum dia eu iria ser pai ou algo do tipo, mas escutar ela me dizendo aquilo era uma coisa completamente diferente. Iríamos ter um bebê. Ele ia ter os olhos dela ou os meus? Iria ter o louro dos meus cabelos ou o negro do dela? Iria ter as sardas dela no rosto ou as minhas infinitas nas costas? Ele iria gostar de Pink Floyd ou The Killers? Ele iria ser menino ou menina? Ele iria ser chorão ou ia ser calmo? Ele vai dar muito trabalho quando crescer? Ele vai andar com más companhias? Qual vai ser a comida preferida dele? Qual vai ser a matéria preferida dele? Eu vou ser chamado na diretoria como os meus pais eram chamados?
- Se eu nunca te disse isso, te digo agora. Eu amo cada pequena coisa do teu corpo, tudo, . E isso é novo, porque é um bebê, mas eu te prometo que vou amá-lo com toda a minha força, vou protegê-lo de tudo o que possa oferecer perigo.
- ...
- Eu sempre vou estar apaixonado por você por todas as suas pequenas coisas. Que agora são nossas. – Respondi, e ela sentou em meu colo selando nossos lábios. A apertei na cintura e ela puxou meus cabelos da nuca. – Sabe de uma coisa que eu vou acrescentar naquela lista?
- O quê?
- Que eu amo comer você grávida. – riu e deu quatro tapas em meu braço.
- Não dá para ser mais romântico?
- É uma coisa que não vai mudar. – respondi e ela juntou nossos lábios novamente. Eu amava aquela mulher e sempre iria estar ali por ela. Na verdade, por eles.


Capítulo 5

"It was meant to be and I'm joining up the dots with the freckles on your cheeks, and it all makes sense to me."


Thea

Cuecas jogadas pelo chão, pedaço de pizza na escrivaninha, roupa por cima da cama... Era horrível ter um irmão, mas era pior ainda viver sem ele. Achei o pen-drive dentro da gaveta – que por sinal estava cheia de camisinhas – e saí do quarto do Roy. Voltei para meu quarto e conectei o pen-drive no notebook, o papel de parede era uma foto da minha família. Mamãe, papai, Roy e eu.
Eu amava meu irmão gêmeo, mesmo ele sendo idiota na maior parte do tempo, Roy sempre me protegia e tentava me ajudar quando podia - menos quando o assunto era matérias de exatas, ele era pior que péssimo. Roy lembrava meu pai, os olhos e o cabelo num loiro quase branco, mas a boca era da mina mãe, quase em formato de coração, coisa que eu invejava desde criança. Além de ter um irmão, a coisa que eu mais amava em ter nascido, era os meus pais. Era surpreendente o amor que ambos tinham um pelo outro, a forma que eles brigavam, mas cinco minutos depois já tinham feito as pazes. A forma que eles viviam. Meus pais eram loucos, literalmente. Cresci numa casa que o cd que tocava dia de domingo era Pink Floyd ao invés de música de criança, onde o papel de parede do meu quarto e do Roy eram repletos de super heróis e não de desenhos animados, e que eu cresci viajando. Nasci em outro país, para falar a verdade. E eu amava o fato de com menos de 18 anos meu passaporte estava com mais de quinze carimbos.
- Thea? – papai me chamou ao bater na porta do meu quarto.
- Oi, pai.
- Seu namorado, acho, tá lá em baixo.
- Posso te perguntar algo?
- Você sempre pode. – respondeu e eu sorri, realmente era verdade. Eu amava minha mãe mais do que qualquer coisa nesse mundo, mas eu tinha uma conexão incrível com meu pai, uma relação de confiança mútua. Sempre que eu queria alguém para conversar, era para ele que eu corria. Ele me fez amar a literatura de Lord Byron, me fez amar os super heróis da Marvel mesmo eu tendo uma leve queda pelos da DC e, acima de tudo, sempre me ensinou a amar cada pedacinho do meu corpo, mesmo quando eu tenho que me “espremer” para entrar naquele jeans 38.
- Tem um menino...
- Creio que o que está lá em baixo?
- Esse, o Will.
- E o que tem ele?
- Eu acho que eu o amo e estamos numa nova fase, sabe? – perguntei meio sem jeito e ele riu concordando. – Mas eu não me sinto pronta, tenho tanto medo de desapontá-lo, sabe?
- Querida – e fez uma longa pausa como se estivesse escolhendo as palavras certas – pode parecer o pior clichê do mundo, mas quando for a hora certa você vai saber, você vai sentir, algo dentro de você vai dizer “é agora”. E outra coisa... Medo de desapontá-lo por quê? Ele não tem cara de babaca, e meu instinto para cara ruim não apitou ali. Você é maravilhosa, Thea. Você tem um corpo lindo e um rosto maravilhoso mas, acima de tudo, você tem uma alma perfeita. Não vejo motivo para um cara não querer você. Sabe, se eu fosse ele, eu te escolheria.
- Mentira, você escolheria a mamãe. – brinquei, e ele riu alto.
- Você tem os olhos da sua mãe. – respondeu e me deu um beijo na testa – E essas sardas também, são lindas por sinal.
- Você nunca falou isso para mim.
- Era segredo, mas estou falando agora. – respondeu e eu lhe abracei forte – Seu namorado tá te esperando.

Roy
- Você me lembra seu pai, sabia?
- Ele fazia a vovó passar vergonha?
- Tirar F em matemática avançada não é vergonha. Aliás, ele nunca nem entrou numa sala de matemática avançada. Eu fazia e meu boletim oscilava entre E e F. – não falei nada, apenas fiquei encarando minha mãe enquanto ela enfiava duas batatas fritas na boca.
- Você?
- Sim, mas chega de falar de mim, isso era um segredo. – Falou fingindo estar séria e eu ri, levantando as mãos em forma de rendição.
- Agora, vai me dizer o que está acontecendo? – perguntou enquanto eu dava uma mordida no meu x-bacon.
- Como assim?
- Roy, eu sou sua mãe, sei quando alguma coisa realmente está te incomodando.
- Mãe...
- Vamos aos pontos? Você sempre odiou matemática, já tem dificuldade com matemática I, então que porra você está fazendo numa sala de matemática avançada?
- Tem uma garota.
- Sempre tem uma garota, ela é o quÊ? A popularzinha inteligente, E você está tentando impressionar ela?
- Ela nunca nem olhou para mim. – fui sincero e ela largou o hambúrguer dela.
- Como ela nunca olhou para você? Você tem lindos olhos pretos que combinam perfeitamente com o teu cabelo loiro que ficou mais bonito nesse corte de cabelo! Você não fuma, coisa que eu pensei que faria com 15 anos. Você é um badboy, exceto pela parte do cigarro. Por que ela nunca olhou para você? Todas as meninas gostam de badboys. Você só pode estar louco, querido.
- Não mãe, é sério, ela nunca me deu uma olhadinha. As amigas dela sempre me olham e isso me assusta porque elas são bem estranhas, as putas das líderes de torcida só faltam se jogar em cima de mim, até as meninas do TEATRO reparam em mim! Menos ela, mãe. O que eu tenho de errado?
- Como ela é?
- Pra te falar a verdade, eu não sei. – parei de falar e ela me olhou esperando que continuasse, dei duas mordidas no meu x-bacon enquanto tentava formular a resposta. – Ela parece guardar segredos sabe? Talvez seja isso que tenha me atraído. Mas ao mesmo tempo isso me deixa preocupado, mãe. Ela anda com as amigas, sorri, mas quando a olho, tenho a impressão que ela só quer sair daquele lugar.
- Talvez você seja a pessoa que vai tirá-la dali.
- Como, mãe? Parece que ela tem medo. Já escutei comentários maldosos de algumas garotas sobre ela, até riscaram “putinha” no armário dela uma vez e eu não entendo como as pessoas podem ser tão más. Ela não sabe, mas eu já a defendi. Lembra daquela vez que chamaram o papai na diretoria? – perguntei e ela concordou – Eu dei quatro socos num cara do time de basquete. Ele disse que a comeria sem dó.
Minha mãe começou a chorar e antes que eu pudesse perguntar o motivo, levantou-se e me abraçou forte e sentou ao meu lado logo em seguida.
- Eu tenho tanto orgulho de ser sua mãe, Roy.
- Mamãe...
- Sabe como eu realmente conheci seu pai?
- No colégio, Thea e eu sabemos disso.
- Comecei a falar com ele numa madrugada. Eu estava cheia de problemas e na mesma noite, um grupinhos de meninas resolveu aparecer e infernizar minha vida. Naquela noite eu bebi demais e acabei dormindo com um cara do time de futebol do colégio. Saí do quarto enquanto ele estava no banheiro. No caminho de casa, tomei uns comprimidos para dor e não vi a moto que vinha a 80 km/h, só escutei o barulho da mesma freando e um cara jogado no chão. Era o seu pai. Ele preferiu jogar a moto para o lado do que me bater ou buzinar descontroladamente. Eu fiquei desesperada, Roy. Liguei para a ambulância e fomos para o hospital. Ele quebrou a perna, mas antes da mãe dele chegar, seu pai falou que estava feliz por estar ali, pelo simples motivo de eu estar ali com ele.
- Meu Deus, mãe! Você nunca contou isso, sempre disse que foi no colégio e tal, e eu pensava que tinha sido igual aqueles filmes água com açúcar.
- Era um segredo que nós dois guardávamos. Sabe Roy, eu já estava quebrada quando conheci seu pai e infelizmente, eu guardei tudo para mim. Talvez essa menina já esteja quebrada, Roy, e você pode ajudá-la antes que ela desmorone por completo.
- Mas como?
- Você é péssimo em matemática avançada. – respondeu e eu revirei os olhos. – E isso é bom...
- Você não é uma mãe normal, mulher! – retruquei e ela riu enquanto estapeava meu ombro direito.
- É bom, porque ela pode te ajudar. Talvez ela irá gostar de poder ajudar alguém naquele lugar, ainda mais um cara como você.
- Como eu nunca pensei nisso antes?
- É porque você é lerdo igual seu pai. Ele esperou ter uma perna quebrada para poder me dizer um oi.
Ri alto e ela terminou de comer as batatas fritas, saímos da lanchonete e eu passei meu braço por seus ombros. Era engraçado o quanto ela era pequena ao meu lado.
- Mãe, o papai tinha uma moto na minha idade, né?
- Onde você está querendo chegar Roy Stefan ?
- Que se o papai teve uma moto, eu posso ganhar um carro.
- Se você ganhar um carro, Thea vai querer um.
- Thea não curte e, aliás, ela pega carona com o físicozinho e me deixa ir de ônibus.
- Não fale assim do quase namorado da sua irmã, Roy.
- Por favor, mãe!
- Vamos fazer assim, se na próxima avaliação você tirar pelo menos um D, você, seu pai e eu iremos na loja.
- Mas para isso...
E antes que eu pudesse continuar, ela sorriu e piscou. Eu amava aquela mulher, ela era a melhor mãe de todo o mundo e, junto do meu pai, formavam os melhores pais que podiam existir nesse mundo. E eu os agradecia por terem Thea também, eu amava aquela garota que só tirava A em exatas e não sabia como me ensinar, já que perdia a paciência nos primeiros dez minutos.
Eu nunca desejaria ter nascido em outra família, eu amava cada coisinha que existia entre nós.


Capítulo 6

“You're the light, you're the night, you're the color of my blood, you're the cure.”


Queridos,
Eu e seu pai amamos vocês mais do que qualquer coisa que possa existir nesse mundo. Se algum dia vocês tiverem alguma incerteza, lembrem-se disso. Esse amor que nós sentimos por vocês é a coisa mais pura e verdadeira que pode existir, está além de nós, além dos nossos corpos: vem das nossas almas. Aliás, vocês são frutos de amor, do nosso amor. Quando eu descobri que iria ser mãe, o pai de vocês e eu estávamos prestes a embarcar para a América do Sul e nós fomos do mesmo jeito. Vocês nunca foram um impedimento, sempre foram um acompanhamento, um algo a mais, o que faltava para a nossa vida ficar ainda melhor... Mesmo que nós dois só nos déssemos conta disso no dia em que escutei vocês chorarem pela primeira vez, num hospital na cidade de Curitiba, no Brasil.
Naquele dia, eu tive a certeza absoluta que daria minha vida por alguém sem nem pensar duas vezes, que eu defenderia vocês com unhas e dentes e que se precisasse, daria minha vida só para vocês serem felizes. Thea, Roy, eu quero que saibam que tudo o que eu faço por vocês é tentando acertar, é tentando ser não uma mãe, mas sim a melhor amiga que vocês possam ter. Se algum dia vocês precisarem de ajuda, se sentirem sozinhos ou que não fazem parte deste mundo, contem comigo. Eu sempre vou estar aqui por vocês. Eu amo cada parte de vocês, desde o fio de cabelo loiro do Roy, até a marca de nascença que a Thea tem nas costas (seu pai tem também, por sinal). Eu amo vocês, cada pequeno detalhe que vocês pensam que não faz diferença, para mim a diferença é tamanha.
Com amor, mamãe.


Thea,
Minha garotinha, te vejo dormir e só consigo pensar em coisas boas. Não sei quando você vai ler isso, mas espero que seja no momento certo. Você é um bebê agora e eu posso te proteger de todos os males do mundo, mas isso não vai ser para sempre, você vai crescer e vai ter que enfrentar o mundo.
Mas quero que saiba que você não precisa enfrentar tudo sozinha, eu não sou só sua mãe, sou sua amiga e vou estar aqui para o que você precisar. Quando você quiser desabafar, contar algo que aconteceu no colégio, mesmo que você ache que for besteira, quando quiser chorar ou simplesmente precisar de um abraço, lembre que eu vou sempre estar aqui. Saiba que guardar os problemas só os torna maiores e prontos para dominar você.
Eu te amo, Thea. Eu te amo mais do que você possa imaginar, e espero que você seja uma menina feliz, com vários sonhos e desejos. Saiba que eu acredito nos seus sonhos mesmo quando eles pareçam inalcançáveis. Acima de tudo, acredite em você mesma. Nunca deixe alguém te subjugar, amedrontar, ameaçar, levantar o dedo ou a mão para você. Nunca deixe alguém tocar em você se for para te fazer sentir inferior. Você é dona de si mesma, meu anjo. E é por esse motivo que você não deve ceder nunca, Thea. Você é o que é, e não deve mudar por ninguém a não ser por você mesma. Tenha personalidade, seja você independente do mundo que te cerca, nunca perca o valor de ser você mesma. Você vale a pena, você é linda, tem capacidade de ter uma vida profissional maravilhosa, você pode mudar o mundo, meu amor.
Eu acredito em você.
Mamãe.


Roy,
Você só tem um ano e eu já tenho ciúmes. A cada dia que passa você cresce em uma velocidade impressionante e eu só consigo pensar em até quando vou conseguir carregar meu menininho em meus braços, até quando vou poder colocá-lo na cama em segurança, em até quando vou poder te proteger desse mundo.
Roy, eu não vou criar você para ser mais um bonequinho dessa sociedade. Eu quero que você acredite no que achar certo e só mudar de opinião quando você achar necessário. Você é livre, meu amor. A vida é sua e lembre-se sempre que você é o capitão da sua própria alma. Eu te vejo agora, mas já sei que você vai ser um homem maravilhoso, tens um ano e já consigo ver traços do seu pai na tua personalidade. Seu pai é um homem bom, de bom coração, de uma boa personalidade e eu espero que você herde as melhores coisas que ele tem para te oferecer.
Meu amor, eu quero que você continue assim, desse jeitinho. Um garoto amável, que ama a sua irmã, que ri quando seu pai faz algo bobo e que me abraça todas as manhãs. Sei que um dia você vai parar de me pedir para ler histórias antes de dormir, vai parar de dizer todas as manhãs “eu te amo, mãe” e vai começar a falar isso para outras garotas. Mas antes que isso aconteça, quero que saiba que só pode dizer “eu te amo” quando sentir que for real, quando sentir que ela é realmente a mulher da sua vida. Você vai crescer e isso é lei da vida e vai descobrir que ser adolescente não é um caos. Mas, se for, saiba que eu vou estar aqui para te ajuda com qualquer coisa. Aliás, você é o homem da minha vida e eu sempre vou estar aqui para você e por você.
Eu te amo,
Mamãe.



- Eles dormiram. – falou e eu deixei a caneta na escrivaninha.
- Primeiro Natal foi um sucesso. – respondi e ele me envolveu em seus braços, selando nossos lábios logo em seguida.
- Eles são crianças maravilhosas. Tenho que dar seu presente.
- Presente?
- Pensou que eu fosse esquecer da minha mulher? – perguntou e eu ri baixo, segurou minha mão e nos conduziu até a sala de estar, onde tinha uma pequena caixa em cima da mesa.
- Elas deixaram o rádio ligado. – falei e ele riu baixo e passou as mãos pelos cabelos.
- Thea estava dançando aquelas musicas grudentas antes de dormir.
- Ela vai ser fã de música pop.
- Céus, não diga isso. – falou e eu ri da cara de desesperado que ele fez. – Aqui, para você.
- O que é?
- Abra. – falou e me estendeu a caixinha, peguei e abri. Tinha um colar com um pingente de coração, todo folheado em ouro. – O pingente abre. – falou e rapidamente achei o fecho e o abri, ali tinha uma foto nossa. Na realidade, aquela tinha sido a nossa primeira foto. ria igual bobo, meu batom vermelho estava meio borrado e meu cabelo estava tudo, menos arrumado. Tinha sido no dia do acidente. Ele insistiu que batêssemos aquela foto e nem ao menos me deixou olhar para a câmera do celular. Era aquele tipo de foto que nunca postamos mas sempre guardamos.
- Eu não acredito que você ainda tinha essa foto! – Falei e ele colocou o colar em meu pescoço. Passei meus braços por seu pescoço e selei nossos lábios, colocou suas mãos na minha cintura e as apertou suavemente, igual quando tínhamos 17 anos.
- Eu sempre tive. – Sussurrou e beijou-me com mais intensidade dessa vez. – Eu sempre vou ser apaixonado por você, querida.
Selou nossos lábios e nós fomos em direção ao sofá, nossas roupas foram jogadas ao chão e fizemos amor ao som de alguma musica adolescente que tocava no rádio ligado horas atrás pelas crianças.
“I'm in love with you and all your little things.”


Fim



Nota da autora: Olá queridas, espero de todo o meu coração que vocês gostem dessa fic! Peguei ela de última hora (como sempre) e adorei escrevê-la. Quero que saibam que essa personagem foi a coisa mais parecida comigo que já escrevi. Cuidem bem dela e a tenham sempre no coração de vocês. Obrigada por lerem, qualquer coisa me chamem no twitter!





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