03. Moonwalk

                 
Finalizada.
             

 

 

                            

Capítulo Único

Olhares se cruzando e algo como o frio e o calor se encontrando. Era assim o encontro entre a filha do grande regente do dia, o sol e o filho da grande regente da noite, a lua.
No tradicional ano novo chinês da terra ou como chamavam entre os astros, o aniversário da regente da noite sendo essa a lua, um grande festival acontecia.
Foi nesse mesmo festival que eles se viram pela primeira vez, a beleza de era guardada até sua idade madura, seu pai a guardava com muito apreço, era algo comum entre eles. Novas estrelas, novas galáxias, novos planetas, novas vidas em geral sempre tinham que ser escondidas até que completassem a idade correta, depois de seus dezoito anos, podia seguir livremente procurando seu espaço.

Foi assim que se descobriram.

Andando pelas diversas barraquinhas das estações do ano onde o inverno vendia chocolate quente e doces, o verão, sorvete e bebidas refrescantes, a primavera comida japonesa e o outono inúmeras variedades de ramyeons.
— Um sorvete…
— Um chocolate quente…
A voz de e disseram ao mesmo tempo.
— Chocomenta, por favor! — ela disse olhando para que também a encarava já que suas vozes ecoaram juntas.
— Com leite desnatado — ele disse.
Ambos não conseguiam deixar a sensação esquisita que percorria sobre seus corpos de lado. Os olhos de insistiam em serem levados a e vice-versa.
— Um chocomenta refrescante para a vossa majestade — o verão disse sorrindo.
Afinal, o sol era regente do verão.
— Um chocolate quente com leite desnatado para vossa majes…
O inverno estava pronto para entregar todos os pontos que destino — que assistia de longe com um sorriso sombrio de lado — precisava, afinal, a lua podia não ser regente do inverno mas era a mais adorada em tal estação, trazendo uma saudosa sensação.
— Muito obrigado — disse cortando o inverno, entregando-lhe sementes de estrelas como pagamento, inverno que entendeu a situação, apenas sorriu assentindo.
Diziam que o inverno era muito frio e provavelmente não tinha um coração, mas aquilo não passavam de puros rumores. O inverno na verdade era solitário, andava pelas margens do reino dos regentes dos mares quase sempre que podia, sentindo falta de um amor que nunca sequer havia tido a oportunidade de obter para si. Portanto, ele compreendia sentimentos, como o de , não querer ser paparicado ou ser visto apenas como o filho da regente da noite era algo entendível.
Assim como ele não queria ser visto como uma estação sem sentimentos e solitário.
— Majestade? — O verão disse observando a garota curiosa pela interação do rapaz que não sabia quem era e o inverno, parecia ter uma cumplicidade naquela conversa silenciosa.
Ela sentiu inveja por um momento.
— Espero que tenha um excelente festival, as montanhas do reino sul são os melhores pontos para ser apreciado a golden hour e os fogos de artifícios logo após a entrega do presente do majestoso sol para a majestosa lua — inverno sorriu de forma simples — com doces são ainda mais divertido.
Ele entregou uma caixinha com diversos doces a .
— Obrigado — sorriu estranho sem saber muito como reagir, afinal, não havia passado por aquele caloroso sentimento dentro de si.
, filho da regente da noite e príncipal figura além de sua própria mãe naquele festival, ignorando como se sentia, recolheu a seus confusos sentimentos e pegou suas coisas, saindo do local.
— Verão — a voz do raio de sol caloroso que era a filha do regente do dia, saiu confusa e saudosa, mais curiosa que o normal.
— Sim, majestade? — Verão respondeu, sabendo que havia chegado a hora.
— Filho de qual astro exuberante seria aquele rapaz que conversava com o inverno? — ela perguntou observando suas costas.
— Porque não pergunta ao próprio inverno, majestade? — Verão disse observando as costas do mesmo junto de — tenho certeza que ele saberá melhor que eu e já faz um tempo que vocês não conversam.
— Bom, a última vez que isso aconteceu, ele me chamou de mimada — ela disse revirando os olhos — porque eu quis incentivá-lo a sair com a Aurora.
— Vossa majestade sabe que o inverno é como um lobo solitário no mundo dos humanos, apesar disso, eu tenho certeza que ele se arrepende, a senhorita era a amiga mais próxima dele e de solstício.
— Solstício e equinócio acabaram deixando a todos de lado depois que se encontraram, não fale mais deles em minha presença, me deixa irritada — ela disse fazendo com que Verão desse risada.
— O que eu estava querendo dizer, era que talvez a senhorita devesse perdoar o Inverno por tê-la deixado triste em um momento de irritação — Verão concluiu.
— Sinceramente, acho que deveríamos esperar até que ele decida ser o momento, por agora, não quero sofrer mais nenhuma rajada de frio mais forte que o costume ou é bem provável os humanos reclamem e comecem a pedir por verão incessantemente como faziam anos atrás — Primavera deslizou pelo balcão, interferindo na conversa e se juntando aos dois.
Verão a olhou de soslaio e riu pela reação e piada repentina.
— Com certeza essa é a melhor opção — a filha do majestoso sol concluiu — falarei com outono para ver se ele sabe como me conceder a resposta.
— Por que a senhorita mesmo não descobre, majestade? Afinal, como pode observar, ele está indo em direção às montanhas do reino do sul, seu lugar favorito — Destino, com suas vestes reluzentes em uma mistura brilhante de preto e roxo andou em direção a eles — desculpe minha intromissão, meus ouvidos são bons e digamos que a senhorita e verão, principalmente a primavera, não são tão discretos.
— Isso são maneiras de falar com vossa majestade, destino? — Verão pronto para intervir foi interferido por cosmos que se aproximou.
Pressionada por tanta atenção, — que não era nada como seu pai — encolheu os ombros sentindo-se um pouco acuada.
— Ora, não foi minha intenção ofendê-la — Destino disse levantando suas mãos — minhas desculpas majestade.
— Tudo bem — ela respondeu — acho que apenas vou continuar andando pelo festival mesmo — ela riu pegando suas coisas de cima do balcão — os astros que me perdoem, mas vocês são muito fofoqueiros — ela comentou rindo — eu prefiro apenas comer e ficar por aí escondendo de meu pai e seus pretendentes até que acabe esse festival.
— A senhorita deveria dar uma chance ao Rei luz — primavera disse diminuindo o tom como se fosse contar um segredo — ouvi dizer que o filho da mãe natureza vira para o reino dos astros apenas para isso.
— Hanie? — tossiu assim que ouviu o que primavera disse, engasgando-se com um dos doces dados por verão e que havia acabado de colocar em sua boca — mas — ela riu — como é que ele será um dos pretendentes, se…
Verão que segurava o riso se intrometeu.
— Primavera, você para uma fofoqueira tão ávido-a me admira não saber da verdade — Verão comentou rindo enquanto cosmos e destino observavam também segurando a risada.
— O que? — Primavera perguntou confusa.
— Melhor ficar sem saber também, se não chegou a ela a informação, algum motivo tem — Cosmos comentou rindo.
de soslaio, viu inverno observando-os de longe e de forma intrigante, enquanto guardava algumas coisas espalhadas por seu balcão. Se sentindo incomodada, resolveu que já havia passado tempo demais por ali e que deveria voltar a andar pelo festival.
— Não sejam maldosos — voltou sua atenção aos que estavam a seu redor — o motivo é que Hanie simplesmente gosta da mesma coisa que eu, primavera. De forma alguma ele estaria na lista de pretendentes já que sua mãe respeita muito suas decisões.
— Ele é gay? — Primavera disse com uma expressão indecifrável — isso explica porque ele e a senhorita não entraram em um relacionamento desde adolescentes mesmo sendo muito próximos.
— Sim! — eles disseram em conjunto.
— Bom, vou passar pela barraca de chuvas e pedir por um tufão de chocolate antes que acabem todos — a filha do astro luz disse dando uns passos para trás.
— Gostaria de companhia, majestade? — Destino perguntou e ela sacudiu a cabeça negativamente, mesmo sabendo que ele a seguiria por aí, como fazia desde antes que ela nascesse.
— Está tudo bem — ela sorriu — posso me virar sozinha.
Destino assentiu fazendo reverência a filha do astro luz que seguiu seu caminho sendo seguida pelos olhares de quem estivesse ali. Inverno a observava de longe, querendo conversar com a mesma, mas deixando seu orgulho atingi-lo.
— Chuva de verão! — disse animada, se aproximando da barraca feita de pequenas nuvens.
— Meu raio de luz! — chuva de verão respondeu animada também — o que devo a honra dessa visita? O mesmo de sempre?
— O mesmo de sempre! — ela confirmou.
— Garoa — Chuva de verão chamou — um tufão de chocolate para vossa majestade.
— Olá Garoa, como vai? — a mais nova cumprimentou amigavelmente.
— Melhor agora que a vossa majestade apareceu — ele respondeu sorrindo.
— Deixe de ser assim, insolente — Chuva de verão disse, observando uma movimentação estranha atrás da garota — destino anda te seguindo por aí outra vez.
— Sim, nada discreto como sempre — ela respondeu com uma expressão questionadora em seu rosto.
— Você me parece confusa com algo, querida — Chuva pontuou sua observação — uma pequena nuvem nublada surgiu em cima de sua cabeça assim que você viu a destino.
— Bem que os humanos dizem sobre dias chuvosos serem os mais reflexivos — respondeu rindo — a verdade é que estou curiosa sobre alguém, um filho de algum astro suponho. Mas, não sei seu nome, idade, nada sobre ele.
— Oh? — Chuva de verão se expressou surpresa.
— Tenho a impressão de que o conheço mas simplesmente não faço ideia de quem seria — ela continuou explicando.
— A senhorita saberia explicar como ele seria? Ou o que estava fazendo para que chamasse tanto a atenção da vossa majestade? — Chuva de verão disse segurando o riso pela expressão que fez.
Então, explicou o que notou sobre o mesmo.
— Ele estava conversando com inverno agora mesmo — ela finalizou sua explicação.
Chuva de verão arregalou os grandes olhos gelados, de cor clara já que eram feitos de granizos e olhou em direção ao inverno, depois desviando sua atenção, a destino que estava atrás, balançando a cabeça negativamente.
— Mil perdões, Majestade — chuva de verão disse penosa — mas eu não saberia dizer quem seria.
, que se sentia esperançosa respirou fundo, se sentindo derrotada.
— Tudo bem — ela disse com uma expressão caída.
— Talvez a senhorita devesse esperar para ver se não o encontra outra vez — Chuva de verão disse se sentindo triste pela garota — tenho certeza que algo aconteceria de repente.
, apenas balançou a cabeça um pouco embaraçada com o assunto, não era como se estivesse desesperada também, ela apenas queria saber. Já que não reconhecia aquele rosto, mas conhecia bem aqueles olhos.
— Vou fugir com meu passatempos para meu lugar favorito, antes que meu pai me encontre e me faça dar algum discurso — disse agradecendo Chuva de verão e Garoa que entregou seu pedido em seguida.
se despediu, e, ainda sendo seguida por destino, resolveu apenas ignorá-lo e ir em direção a seu lugar favorito no mundo.
— Deveria ter trazido um livro — ela resmungou consigo mesma enquanto comia um de seus doces de primavera — e talvez uma manta.
Distraída com seus doces, qualquer coisa além da vista que tinha além da montanha na hora dourada foi ignorada, por isso, ela não notou o par de olhos — além dos de destino, herdados de cosmos ou seja, da cor azulada com pontos brilhante se arroxeados — curiosos que a observavam murmurar coisas sem entendimento.
— Está sempre na ponta da língua — ele respondeu uma pergunta qualquer dela sobre algo que havia esquecido, a assustando.
Sua primeira reação foi o susto por saber que não estava sozinha, já a segunda, por o susto por ver de quem se tratava.
— Não te vi chegar — ela disse se encolhendo.
— Na verdade, eu já estava aqui antes da vossa majestade chegar — ele respondeu educadamente — me disseram que esse era o melhor lugar para estar antes de escurecer.
— De fato, inverno estava correto — ela respondeu relaxando em seu lugar.
— Como sabe que inverno me disse sobre o local, princesa? — ele perguntou curioso.
— O vi conversando com o mesmo mais cedo e mesmo que não tivesse visto, apenas ele poderia recomendar esse local a outro astro, estação, o que seja — ela respondeu rindo, fazendo com que ele disse fraco também — ele é o único além de solstício a saber de tal coisa.
Um silêncio reinou depois da resposta da princesa, nada incômodo, de fato, o silencia era bem confortável entre os dois. Era como se até mesmo nele, ambos estivessem conversando.
— Se a senhorita quiser que eu me vá apenas precisa…
— Eu não seria capaz de impedir que ninguém que queira apreciar a beleza desse lugar a esse horário o deixasse de fazer por minha causa, por tanto, não se preocupe — ela respondeu olhando nos olhos dele pela primeira vez, já sentada em seu lugar, um pouco mais distante dele.
Seu sorriso leve e quase indecifrável olhando para um horizonte distante, o pegou desprevenido por um momento. Era como se seus olhos guardassem as estrelas vistas pelo céu humano e os fios de cabelo, que balançavam leve e sutilmente como se fossem ondas do mar que em uma praia, toca a areia da parte rasa de forma leve.
Ele estava encantado por alguém que havia ouvido falar constantemente e que de certa forma, sabia sem muito além do seu próprio eu.
Era como o destino tinha lhe dito outra vez, era como se ele não pudesse negar, suas forças fossem sugadas e a curiosidade tomasse conta de si. A paixão não existiria, porque a paixão apenas arde e ainda existe risco de desaparecer, não teria tristeza porque o mínimo de tristeza faria com que seu coração se rompesse sem poder ser juntado outra vez. E por último, não haveria dúvida, a última coisa que ele havia dito, sem mais explicações, charadas ou qualquer outra coisa.
“Não haveria dúvida” ele repetiu mais de uma vez em sua mente ainda a observando.
— Seus raios de sol estão brilhando de repente, princesa — ele disse puxando a atenção dela.
— Isso acontece quando estou envergonhada — ela respondeu sem olhá-lo, tentando esconder seu brilho e seu riso.
— Não acho que deveria escondê-los — ele disse de repente, fazendo com que eles aumentassem — Eles são lindos, assim como você — ele disse quase em um sussurro — não precisa esconder.
— Sabe — ela disse mudando de assunto no mesmo momento — você nunca me disse seu nome.
, vossa majestade — ele respondeu sorrindo, fazendo com que dentro dela tudo se remexesse.
Não é como se ela soubesse quem ele realmente fosse, afinal, havia sido discreto com sua posição dentre os astros até então, por isso não se importou, eram poucos os que sabiam.
— ela respondeu sorrindo igualmente amigável, fazendo com que dentro dele, o mesmo que aconteceu a ela, acontecesse com ele.
Naquele momento, destino deu as costas, não de uma forma ruim nem nada do tipo, ele apenas soube que a missão dele ali estava cumprida e que sua ajuda não era mais necessária. Então decidiu que precisava de algo forte para que pudesse relaxar e descansar em paz até que fosse necessitado outra vez.
Sem olhar para trás, deixou a filha do sol e o filho da lua para trás, formando entre eles um lindo e destinado fenômeno astral chamado “amor predestinado”, acontecer.



FIM.



Nota da autora: Olha, para ser sincera eu achei que não ia sair essa fanfic mas ela ficou tão lindinha que eu me surpreendi. Espero que vocês tenham gostado também. 
Obrigado por terem lido até aqui. 
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Xoxo Caleonis   

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