Capítulo Único
Ei
Eu sei que há algumas coisas
Que precisamos falar
E eu não posso ficar
Então me deixe abraçá-la mais um pouco agora
Eu sei que há algumas coisas
Que precisamos falar
E eu não posso ficar
Então me deixe abraçá-la mais um pouco agora
O enorme estádio estava vazio enquanto a estrutura estava toda posta, incluindo os instrumentos que seriam usados naquela noite. encarava cada detalhe com atenção, surpresa pela enorme estrutura e pela quantidade grotesca de espaço que era preenchida diariamente por apenas uma pessoa. Pessoa essa que passava seus dias dedicados à seus fãs, que deixará uma cidadezinha para trás para se dedicar à exatamente aquilo tudo. Mas aquilo tudo parecia tão pouco para a garota.
Sempre soube que aquela hora aconteceria - ou talvez não soubesse de fato. Quando aconteceu, quando infelizmente e realmente aconteceu, se viu desamparada; como se todos os dias de sua vida fossem apenas borrões e as promessas fossem um vento passageiro, que jogou seus cabelos para trás e que só permanecerá a incrível e dolorosa sensação. Queria tanto estar feliz. Principalmente porque depois de cinco anos estava pegando um avião para Nova Iorque, com uma pequena mochila com o essencial e um ticket de um show, que parecia pesar muito em suas costas. Um enorme show.
E estava ali. Depois de horas, estava finalmente ali, sozinha como esteve nos últimos anos e um pouco solitária; como se estivesse perdida em uma dimensão irreal que ela nunca conheceu, o que não era totalmente mentira. Aquele pedestal suportando um microfone não era real; assim como a bateria e as guitarras, violões e todos os instrumentos necessários. Nunca foram reais em sua cabeça e não mudará sob seus olhos. Olhos esses que ardiam, junto com o coração que batia descompassado no peito enquanto as lembranças voltavam, pouco à pouco.
Alguma data de 2003.
Uma criança loira, de pele branca e sardas corria pelas ruas frias de um condomínio fechado em Toronto enquanto procurava um lugar seguro para se esconder. As árvores balançavam tão fortes enquanto as ruas de pouca movimentação pareciam assombradas como em filmes de terror. Mas não era um. estava brincando com seus mais novos amigos de pique-esconde e estava na vez de sua irmã, Lindsay, bater. Então ela precisava ser cuidadosa para não ser pega. Porém, havia um problema. Não conhecia muito bem seu novo condomínio e não sabia onde havia chances de nunca ser encontrada - pelo menos não pelos amiguinhos. As casas grandes estavam cercadas, o pequeno playground era aberto e as árvores eram tão altas para simplesmente serem escaladas.
Então correu mais um pouquinho, já se sentindo levemente cansada, até encontrar uma brecha entre a cerca de uma das casas. Era pequena, mas com certeza a garota conseguiria passar por ali. E ela, feito uma pequena formiga, passou sem muita dificuldade, dando de cara com um Bulldog babento, que a encarava como se sentisse fome e estivesse vendo um enorme e suculento pedaço de bife. Estava ferrada, ela pensou.
Teve medo de se mover e ele avançar. Mas não poderia ficar parada para ver em que fim daria, então pisou firme na grama para se levantar e o cão tombou a cabeça para o lado, ainda babando. limpou a roupa vagarosamente e o cachorro observou, parecendo sorrir. Ela sorriu também. Pensou em conversar com o cão para distraí-lo e então poder correr, mas suspirou olhando para os lados e ao fundo ouvindo sua irmã gritar o nome de alguém.
- Merda! - Resmungou para si mesma e voltou a encarar o animal. Deu um passo à frente e ele continuou parado, a encarando. Sorriu fraco, se abaixando, e estalou os dedos.
- Vem aqui, cãozinho bonitinho. - Disse com sua voz exalando melodia e o cão resmungou, se aproximando devagar. Ele encostou seu focinho na mão de e ela o acariciou. - Você pode me ajudar a me esconder? Minha irmãzinha não pode me achar de forma alguma.
O cachorro a olhou e lambeu sua mão, dando as costas e andando vagarosamente. Ele parou, a olhou e latiu minimamente, como se quisesse ser discreto, e voltou a andar. decidiu seguir os passos do cão porque eles sempre sabiam o que estavam fazendo, e ele sabia mesmo! Havia uma enorme área com uma piscina e muito espaço para brincar. Dava duas de sua casa e era tão verde, com flores coloridas e a água cristalina da enorme piscina, estava deslumbrada.
Voltou a andar, alcançando o animal que parou próximo à uma árvore que continha uma escada e uma casa. Uma casa na árvore! nunca havia visto nada igual, mas sonhava tanto por uma daquela. Subiu sem hesitar e o cachorro estava atrás, já que a escada era inclinada, como de uma casa normal, facilitando para o animal amigo. As luzes estavam acessas e vislumbrou uma sombra, se aproximando e enxergando um menino sentado em um dos cômodos, com um violão e papéis espalhados ao seu lado.
O Bulldog latiu e correu, fazendo se esconder na parede entre a janela e a porta. Seu coração parecia querer explodir em seu peito e estava muito assustada, com medo de ser pega no flagra; mas também queria tanto entrar naquela casa e ver cada pequeno detalhe. Poderia simplesmente viver ali, era grande o bastante para ela e suas bonecas.
- Toby, você me assustou. - O menino disse de dentro da casa, deixando o violão de lado e pegando o cachorro enorme, acariciando seus pelos.
O cãozinho o olhou nos olhos e logo após lançou seu olhar para a porta da casa na árvore. Seu dono seguiu com o olhar e encontrou uma sombra alta. Semi-cerrou os olhos, tocando levemente o cachorro lhe pedindo licença e se levantou devagar. Estava sozinho em casa, seus pais haviam ido até o mercado e sua irmã estava na casa de alguma amiga, então de quem poderia ser aquela sombra, se não de um ladrão? Mas por que ele estaria ali em sua casa da árvore se tinha a liberdade de explorar a casa vazia há poucos metros dali?
Olhou para Toby, para se certificar que o animal estivesse seguro, mas o mesmo se levantou e seguiu para a porta rebolando seu pequeno rabo do jeito que sempre fazia quando queria mostrar algo para seu dono. Algo muito bom. Então o menino decidiu confiar em seu animal e, mesmo receoso, seguiu o caminho devagar.
viu primeiro o Bulldog sair pela porta, para em seguida prender sua respiração ao perceber que o menino do violão saiu logo em seguida, olhando para o lado contrário de onde ela estava, e o que pareceu câmera lenta, ele voltou o olhar para a direção que ela estava parada, com as mãos nas costas e respiração presa. Ambos arregalaram os olhos e Toby latiu, atraindo a atenção dos dois. O cachorro tinha um certo brilho no olhar e jurava que ele estava rindo da situação. O garoto já tinha certeza, ele conhecia muito bem seu cão.
- Era isso então, Toby? Quem é a menina? – Perguntou, se abaixando e acariciando o animal que ronronou e fechou os olhos, apreciando.
- E... Eu... - tentou dizer, mas seu corpo todo tremia e sua garganta estava seca. Sua mãe lhe mataria por ter feito tal travessura e, meu Deus, estava desesperada.
- Está tudo bem. - O menino levantou e encarou a garota amedrontada, sorrindo em seguida. - Toby costuma atrair a atenção das pessoas. Está tudo bem você estar aqui. Eu sou o , e você, quem é?
Atualmente em 2017.
suspirou, deixando aquele enorme espaço e caminhou calmamente pelo extenso corredor que a levaria para o camarim de seu melhor amigo e - talvez, ex-namorado. Estava tão ansiosa para reencontrá-lo, se sentia nervosa como se sentiu na primeira vez que o viu na casa da árvore. Era como se não soubesse o que encontrar, principalmente porque não sabia de fato o que encontrar. Passaram cinco malditos anos separados, estava próximo de completar seis quando decidiu que ela existia e lhe enviou, repentinamente, uma passagem para a garota junto com um ingresso para o show daquela noite. Não havia nenhum bilhete, mensagem, pombo correio; nenhum sinal de fumaça, notícia nos sites de fofocas, nada. Apenas uma passagem e um ingresso.
E passou dias e dias decidindo o que aquilo significava. Porque amá-lo foi tudo o que fez desde que entendeu o que era amor, e após se quebrar e reconstruir diariamente desde que ele partirá, estava novamente se quebrando, por motivos desconhecidos, apenas pela expectativa de uma possível saudade. Saudade poderia explicar tudo se não fosse mais um coração partido, com enormes marcas e cortes.
Enquanto estava no avião passou pelo Tumblr, onde seguia inúmeros fã clube do cantor e se deixou navegar nas fotos que via pelo feed, só para se certificar de como ele estava e de que não haveriam tantas surpresas. Não tinha mudado muito se não o brilho mais maduros nos olhos, com o pouquinho de cansaço enquanto sorria em fotos com os fãs. Conhecia aquele sorriso das vezes que ele chegou da mesma forma às sete da manhã no colégio. estava sempre naquelas fotos e sempre mordia os lábios ao olhá-lo por completo e perceber que estavam tão longe e que a distância nunca havia se tornado mais fácil.
E naquele momento faltava tão pouco para vê-lo de perto, para sentir as sensações que sentia quando o via entrar pela porta de sua casa e abraçá-la tão apertado mesmo que tudo estivesse tão errado. Nada parecia ser tão errado quando o tinha por perto, até que ele se tornou todo o erro.
Alguma data de 2005.
Estava devastada com a notícia e não conseguia passar pela calçada de seu melhor amigo. Não poderia imaginar que o mesmo cãozinho que recebeu aquela intrusa com o maior amor havia partido, e levado consigo todo o coraçãozinho da pequena menina. Aquela cerca parecia tão vazia e todo o resto do condomínio pareceu tão escuro desde que soube. Cada pedacinho daquele lugar lhe submetia a uma enorme lembrança, principalmente porque Toby passou a ser seu maior companheiro desde o primeiro dia, ainda mais que o próprio dono; não queria acreditar que o amor da sua vida havia partido e mais ainda, que ele não voltaria. Ele não voltaria nunca mais com o seu sorriso no focinho, seu raciocínio rápido e suas brincadeiras com lama. Sua paixão por água e por assustar pessoas com sua carinha fofinha de mal. Ah! estava sofrendo tanto, seu peito estava tão apertado e sua cabeça latejava de tanto chorar. Queria não pensar mas acabava sempre pensando no seu cachorrinho.
Deitada em posição fetal se deixou abater e decidiu que não iria sair de seu quarto até que tivesse superado Toby, o que seria impossível. Fotos dela com o animal estava espalhada ao seu lado, algumas molhadas devido as lágrimas, outras amassadas por causa do peso do corpo da menina de sete anos. Sua mãe estava no andar debaixo preocupada com a filha que não comerá desde que receberá a trágica notícia, seu pai parecia compreensivo lendo um jornal e acalmava a mulher dizendo que logo passaria, principalmente quando chegasse de seu treino.
Claro que ele estava triste também. Ganhou Toby quando completou dois anos de idade e eles viveram grandes momentos, amava o cachorro mais do que sua coleção de carrinhos da Hotweels; porém já era um garoto crescido, de nove anos, e não poderia chorar por causa de seu cão. Guardaria suas melhores lembranças e reviveria seus melhores momentos em sua cabeça, mas estava feliz por ele ter descansado em paz após longos dias de sofrimento por causa de uma bactéria.
estava no carro de seus pais enquanto jogava seu mini Nitendo. Estava exausto, mas sua mãe havia lhe dito que Mila, mãe de , estava preocupada com a filha que não deixara o quarto desde a notícia e pediu encarecidamente que o menino fosse até lá fazer com que a mais nova reagisse. Fazia cinco dias desde a morte do cachorro, não era possível que ela sentisse tanto à esse ponto, mas sabia que ela sentiria sim, porque sua melhor amiga era ótima em dramas.
Não queria pareceu insensível, longe dele, mas estava certo quando dizia aquilo. era tão dramática sobre tudo, levava tudo tão ao pé da letra que as vezes até ela mesmo admitia. Mas ele foi até ela, sem nenhuma má vontade. Cumprimentou os pais dela que o receberam e subiu para o quarto, batendo fraco na porta.
- Ammy, sou eu. - Ele disse e o que recebeu fora um extenso silêncio. Suspirou e se sentou no chão, apoiado na porta porque ela não seria aberta tão cedo. - , nós sabemos o quanto dói perder alguém, eu também o perdi, lembra? E pode doer mais para uns do que para outros, mas não está doendo mais na gente do que estava nele. Toby lutou muito, ele foi o cachorro mais forte que eu já conheci na vida e eu vou sentir saudade de todas as vezes que ele limpou minhas lágrimas quando mamãe me deixou de castigo, mas ele precisou viajar para as estrelas e... - sentiu o coração se apertar ao vislumbrar as imagens do cachorro em sua memória e engoliu seco. - Vamos apenas admirá-lo daqui de baixo, Ammy. Ele nunca gostou de nos ver triste. - Finalizou.
, do lado de dentro, prendeu o soluço para não fazer barulho e apertou a foto de Toby na piscina com toda sua força de saudade. O melhor amigo sabia tanto lhe consolar, estava tão feliz por ouvi-lo e saber que ele sentia tanto quanto ela, só era durão demais para um menino tão novo.
Levantou-se da cama e pisou forte o suficiente para avisá-lo que estava viva e estava prestes a abrir a porta. se levantou num pulo e a porta se abriu, levando o menino a amparar a melhor amiga que se jogou em seu braço e chorou o restante de dor que sobrara em seu peito. Toby se foi, mas lhe deixou um enorme consolo, pelo menos por ora.
Atualmente em 2017
- Você é ? - Uma voz se fez presente e se virou, encarando uma mulher com uma prancheta e um ponto em seu ouvido. Ela sorria simpática, mas seus olhos diziam que ela tinha pressa. A garota loira assentiu. - Está perdida? O teve um imprevisto e vai se atrasar um pouco, e assim que ele chegar irá passar mais alguns detalhes do show com a equipe e então encontrará você. Receio que seja poucos minutos até se preparar para o show, ele pede perdão por isso.
- Tudo bem. - Ela respondeu.
- Você pode me seguir por aqui? - Apontou para trás e Ammy assentiu, seguindo a mulher ao que ela saiu apressada para o lado contrário que a menina ia perdida em pensamentos.
O cômodo que fora deixada era uma enorme sala com uma mesa repleta de comes e bebes, e um sofá grande preto, que lembrava tudo o que era. Ele gostava daquele tipo de ambiente; seu quarto, ao completar quatorze anos, era daquela forma. Sempre tinha uma mesa com muitas coisas para comer e um sofá para comportar seus amigos que iam jogar conversa fora, FIFA ou tocar alguns instrumentos. Ele já se sentiu um artista completo e adorava aquilo, toda aquela ambição; só até perdê-lo para aquilo.
Por vezes se sentia extremamente egoísta. Sabia que muito de seus pensamentos eram e se sentia um pouco mal por não conseguir ser diferente. Mas eles tinham planos, mesmo que amasse a música e vivesse naquele universo paralelo de que ele era uma celebridade; eles tinham escolhido a faculdade juntos, morariam juntos e até mesmo discutiram que carro seria mais econômico. Mas naquele momento tinha seus dezessete anos enquanto estava com seus dezenove, sendo a maior estrela teen dos últimos tempos enquanto ela era apenas... Ela. Terminado recentemente o ensino médio e prestes a embarcar sozinha na universidade.
Decidiu que aquele clima que ela estava deixando não seria bom para o amigo que estava atrasado e entraria ali a qualquer momento feito um foguete. É certo que cinco anos foi tempo demais e estava extremamente machucada, havia ido e se esquecido dela, mas se ela estava ali era porque estava em busca de algo. Talvez um final definitivo para aquele pseudo-relacionamento que tiveram; talvez o perdão que precisava liberar, afinal precisava ouvi-lo. Foram amigos por nove anos, e apesar de tudo ainda o amava demais para deixar as coisas do jeito que estava. E se amava mais ainda para saber que aquela dor não poderia mais durar e só ela poderia dar um basta.
Deixou-se então se jogar no sofá e pegar o celular no bolso da calça jeans, desbloqueando e entrando no Instagram. Abriu na conversa da melhor amiga, abrindo a câmera e gravando um vídeo.
- Welcome to New York, it's been waiting for you. Welcome to New York, welcome to New York.
Cantarolou no vídeo e enviou para Melissa, que logo visualizou e passou a digitar. Mas parou. riu, sabendo que a amiga estava eufórica e então aguardou até que seu número apareceu na tela, esperando uma resposta para o FaceTime.
- Sua vaca, onde você está? Esteve o dia inteiro fora.
- Eu sei. Cheguei e optei por descansar, a carga estava pesada demais e continua. – Respondeu, se sentando no sofá.
- Eu imagino. Mas foi o que conversamos, sabe? Se ele fez isso é porque espera algo, e se ele espera algo...
- Não, Mel. - cortou se levantando e indo até a mesa. - Se ele espera algo isso não é bom. Foram cinco anos e ele não pode simplesmente aparecer assim, só com uma passagem e um ticket do seu show. Eu não sou uma delas, não é dessa forma.
- Ei, o que você está comendo? - Melissa perguntando e mordeu um pedaço de algo muito gostoso - não fazendo idéia do que seria.
- Um pão com algum tipo de patê, sei lá, mas está delicioso.
- Tanto faz. Só pega leve, Ammy. Você não sabe as razões de ele desaparecer então só... Pega leve, amiga.
- Certo. Posso te ligar assim que eu chegar no hotel?
- Você acha que vai para o hotel? - Mel fez cara de sapeca e riu nasalado.
- Definitivamente. Te amo, Mel. Torça por mim.
- Te amo, querida. Eu torço sempre.
desligou o telefone e se virou para a porta fechada, respirando fundo e aguardando. Quando pareceu uma eternidade, ela se moveu pelo camarim e tocou as paredes com as pontas dos dedos como se tocasse algo novo, não simples paredes. Queria tanto estar feliz, e talvez, se não tivesse ido embora da forma que foi, ela estaria, mas as coisas eram diferentes e não conseguia sentir algo bom sobre tudo aquilo. Nem nunca havia escutado uma música sequer de seu amigo, então como poderia estar feliz? Tudo aquilo havia a devastado e não havia nada para ela ali, além de sabe-se lá o que queria com tudo aquilo.
Quando pegou mais um pão e estava prestes a se sentar novamente, a porta fora aberta em um abrupto e passou por ela com a respiração pesada, com muitas pessoas atrás falando ao mesmo tempo. prendeu a respiração e o pão caiu no chão, fazendo-a cambalear para trás e chamar a atenção de todos, inclusive seu amigo, que antes estava distraído. Havia muitos olhos a encarando, mas os seus estavam perdidos em algo que ela não conhecia, ou melhor, em alguém.
As fotos mentiam tanto. estava tão alto e másculo, pele avermelhada com suas pintinhas à mostra. Seus olhos brilhavam como ela nunca viu antes e o sorriso que apareceu aos poucos naqueles lábios rosados era algo que ela desconhecia. E aquilo destruiu um pouquinho mais do que sobrará de seu coração. A sensação de que tudo o que viveram foi apenas uma mentira contada pelo melhor amigo massacrou seu peito e de repente o ar pareceu totalmente escasso enquanto as lágrimas pinicaram seus olhos assim como seu nariz, que imediatamente ficou vermelho.
Teve tanto tempo para chorar, desde o recebimento da passagem e do ticket até o momento em que não estava presente com toda sua equipe ali, naquela sala que de repente se tornou minúscula. Era ridícula a situação e estava tão arrependida, sentiu vontade de correr muito, até o aeroporto e apenas permanecer ali, aguardando até o dia da sua volta para Toronto, onde nunca deveria ter deixado.
Não teve tempo de concretizar seus pensamentos já que seu corpo foi embalado por enormes braço e um abraço de urso entoou seu corpo, aquecendo seus ossos trêmulos por causa do quase choro. respirou fundo, inalando o cheiro daquela camiseta preta e não sentiu o perfume de essência suave, era outro mais forte, mais másculo e muito gostoso, apesar se tudo. Aceitar que não era mais um menino era a única saída para que pudesse enfim aceitar seus dias dali em diante; nada voltaria ao que era e sabia desde o início, mas ainda era dura demais toda aquela realidade bem a sua frente. E a única coisa que a fez se sentir ela mesma foi a forma como o cantor depositou seus lábios entre seus cabelos e passou a fazer sons melodiosos para que seu coração se acalmasse, porque ele podia sentir o desespero dela emanar de seu corpo e estava tão feliz por tê-la em seus braços de novo que sentia o gostinho de infância.
Alguma data de 2011
A cama grande king size estava ocupada por dois corpos adolescentes despidos, com respirações já mais calmas, mas o calor ao maior grau. A pele contra pele excitava ambos enquanto tentavam lembrar-se de que já haviam feito aquilo duas vezes naquele dia, há algumas horas apenas. Mas quem poderia culpá-los? Estavam no maior ápice da paixão, onde tudo se resumia ao quanto queriam se tocar e se sentir; mostrar e provar. Promessas, sorrisos, sexo e mais sexo, e muito mais sexo. se lembrou do dia em que estava caminhando pelo corredor do colégio e viu se curvar para pegar algo no chão, sua mente foi tão longe que suas bochechas esquentaram quando voltou a realidade e caiu a ficha do que estava pensando. Havia criado uma fantasia sexual com sua melhor amiga e seja-lá-o-que-mais, e estava durinho da Silva em sua calça jeans apertada; se olhassem saberiam e se soubessem... riu de sua lembrança e , meio sonolenta, se levantou encarando o melhor amigo.
- Qual é a graça, hein? - A menina enrolou o lençol ao redor de seu torço e se levantou, indo para o banheiro fazer xixi. , ainda no mesmo lugar, pegou o travesseiro que a mesma ocupava antes e o cheirou, sorrindo abertamente. - Hein? - Voltou a questionar ao que voltou do quarto.
- Acredita que um dia desses te vi pegando algo no chão do colégio e te imaginei daquele jeito bem aqui? - O menino bateu na cama e a garota arregalou os olhos, grunhindo.
- Eu odeio quando você faz esses comentários, .
riu da inocência de e rolou na cama, pegando-a pela cintura e a derrubando no colchão macio. Sua garota era tão voraz naqueles momentos de prazer, mas tão doce fora deles, a forma como deixava sua timidez transparecer sem medo, assim como qualquer outro sentimento. Era tão transparente para o garoto e talvez aquilo fosse tudo o que os aproximasse, já que, apesar de muito unidos e apaixonados, eram tão diferentes. era uma garota estressada e cheia de regras, , apesar de muito calmo, era levado e odiava regras; curtia o momento da sua forma, o que levava a amiga do céu ao inferno, e amava aventuras. não. Quanto mais as coisas eram normais para ela, melhor. E mesmo assim eram apaixonados, muito apaixonados e só sabia a intensidade daquilo em seu coração. Nada poderiam os parar.
- Você quem pediu. - Ele disse ao voltar do transe e notar que a olhava com seus olhos inundando amor.
- Você me olha de uma forma tão bonita que eu quase sinto vontade de ficar aqui para sempre. - Ela disse manhosa e ele a apertou em seus braços, deixando sua boca nos cabelos dela e deixar sons melodiosos inundar o quarto.
- E eu quase posso acreditar que nada é capaz de nos impedir, . - Respondeu de volta sentindo o corpo dela tremer e o coração acelerar.
Atualmente em 2017
- . - disse ao se afastar da menina o suficiente para ver os olhos dela inundados e seu nariz vermelho. - Você está chorando por que está abraçando o cantor pop ou por que está abraçando seu melhor amigo? - Ele disse brincalhão e se afastou totalmente, limpando seu nariz com a manga fina de sua blusa.
- Estou chorando porque estou vendo aquele que me abandonou há cinco anos. - Disse baixo com a voz embargada e viu o sorriso de seu amigo sumir, assumindo uma linha reta em seus lábios enquanto o brilho de seus olhos sumiam.
era a pessoa mais verdadeira que alguém conheceria, então sabia que aquilo era o mínimo vindo dela, havia muito a ser dito e ele não via a hora daquilo acontecer. Mas estava atrasado e sua equipe deveria estar enlouquecida do lado de fora já que ele não deveria estar ali. Só insistirá demais em vê-la antes do show, apesar de saber que depois do show ela seria totalmente sua ou era por isso que esperava.
- Posso estar longe, mas nunca fui embora. - Ele disse tentando sorrir, mas não conseguiu sustentar o sorriso quando percebeu que não estava de acordo. - Escute, Ammy, se passou muito tempo desde que parti e eu sei que há muito a ser dito, acredite em mim, há muito o que dizer. Você não acha? - Ela assentiu. - Então... Eu te trouxe aqui porque é um dos shows mais importantes para mim, com um dos maiores públicos da minha carreira e eu não poderia não compartilhá-la com você, minha melhor amiga.
não queria fazer parte de nada daquilo porque não teve a oportunidade de compartilhar suas realizações com seu amigo, então por que ele achava que tinha o direito? Porém, mesmo sabendo que deveria dizer à ele aquilo que estava passando em sua cabeça como sempre fazia, decidiu, não sabendo ao certo o porquê, ficar calada e lhe dar o benefício da dúvida. Ele a estava irritando com a sua felicidade e animação enquanto sabia que ela estava quebrada e infeliz, mas, novamente, se sentiu extremamente egoísta e optou por assistir abraçá-la apertado e lhe depositar um beijo apertado em sua bochecha, antes de sumir do camarim. Novamente, a mulher que a levara até ali apareceu na porta e a chamou, dizendo que poderia assistir a passagem de som do cantor. Mas ela não queria. Então, quando a mulher desapareceu porta a fora, ela saiu do local onde seria o show e respirou ar puro antes de prender um grito em sua garganta e socar o ar.
Queria mesmo era socar a cara de seu melhor amigo presunçoso, que não parava de sorrir e parecer extremamente feliz. Queria tanto estar feliz por vê-lo, por sentí-lo e por saber que ainda pensava nela; mas estava tudo tão fresco em sua memória, a sensação de perda ainda era latejante e em hipótese alguma o perdoaria sem uma bela de uma desculpa. Entretanto, em meio a angústia no ar frio de New York, ela se permitiu sorrir e fechar os olhos, vendo-o feliz ao vê-la e sentindo quando ele voltou ao dia em que fizerá amor pela primeira vez. E não era como se fosse uma bruxa que lia pensamentos ou algo do tipo sobrenatural, ela só o conhecia bem demais para saber e era por exatamente aquilo que era totalmente apaixonada (e boba) por .
Estava abraçada ao seu corpo quando a multidão levantou as mãos para o alto e ligaram as lanternas de seus celulares. Desde que o show começara percebeu a paixão que aqueles fãs tinham por e a forma como sabiam todas as músicas sem errar uma estrofe. Quando era mais nova, com seus doze anos, se apaixonou pelo Justin Bieber e se sentiu daquela forma, principalmente porque morava no país de origem do cantor. Chegou a ir as escadas que ele tocava quando mais novo, foi em alguns shows dele em Toronto e até chegou a conseguir a garrafinha que ele beberá água no show e depois jogou para a multidão; mas depois de crescer e perder , sua paixão por cantores, atores ou qualquer ser reconhecido pela mídia se evaporou, afinal, aquele meio havia levado seu amigo e com puro azar, seu coração também. Nunca mais acompanhou nada daquilo a não ser por Lindsay e Melissa, mas ambas a respeitavam bastante sobre aquele termo e evitava ao máximo. Tudo o que Ammy conhecia de música se resumia ao Justin (incluindo Justin Timberlake), The Pussycat Dolls, Fergie e Avril Lavigne; ouviu falar sobre One Direction já que sua irmã era apaixonada mesmo sendo a mais velha da casa e algumas girlbands - que inclusive tinha uma que namorou seu melhor amigo e causou o maior alvoroço em sua casa.
Mas aquilo tudo era muito novo, de qualquer forma. Nunca ouvirá nada escrito por e estar ali estava sendo melhor do que fora no início, as músicas eram maravilhosas e seu melhor amigo era tão talentoso quanto ela se lembrava. Só permaneceu observando tudo aquilo de um lugar muito privilegiado antes de voltar ao palco, bebendo água e sorrindo para o público - que inclusive não parava de sorrir e gritar por ele. Decidiu até deixar o rancor de lado de ver por outro lado tudo aquilo, como se nunca tivesse ido embora e eles dois fossem os mesmos. sendo sua namorada e sendo o artista que era, seguindo seus sonhos sem destruir os dela. E era quase tão bom; se não fosse pela realidade e a verdade que nunca seria substituída.
- Essa aqui é Never Be Alone. - Ele disse no microfone e todos pareciam saber bem que momento era aquele.
As luzes apareceram no telão em seguida sendo preenchida pelo rosto de que parecia apaixonado. não deixou seus pensamentos fugirem daquele momento porque estava curiosa para saber o que significava aquela música já que todas as outras pareciam ter suas histórias por trás. Então o acorde do violão começou e bem rápido entoou um coro de assobios.
(Eu prometo que um dia)
I'll be around
(Eu estarei do seu lado)
I'll keep you safe
(Te protegerei)
I'll keep you sound
(Te manterei viva)
Atrás de Ammy os fãs soaram em sincronia com a voz do seu melhor amigo e seu coração se encheu sem motivo algum. Até decidir que aquelas pessoas poderiam ser o significado pelo qual ela estava tão tocada com tudo. A paixão que emanavam deles era palpável e estava adorando saber que mesmo não estando por perto, ainda se sentia amado. E tudo aquilo quase a fez entender o porquê de ele parecer tão radiante, quase.
(Agora está um pouco louco)
And I don't know how to stop
(E eu não sei como parar)
Or slow it down
(Ou ir mais devagar)
, antes de olhos fechados, abriu os mesmos e direcionou o olhar para a melhor amiga, que mordeu os lábios escondendo o sorriso.
(Ei)
I know there are some things
(Eu sei que há algumas coisas)
We need to talk about
(Que precisamos falar)
And I can't stay
(E eu não posso ficar)
So let me hold you for a little longer now
(Então me deixe abraçá-la mais um pouco agora)
Com o sorriso sumindo aos poucos e se sentindo injustiçada, mesmo não tendo certeza se aquilo significava algo, sentiu seus olhos brilharem e tudo embaçar antes das lágrimas molharem seu rosto. Antes a dor contida era tudo o que sentia, mas naquele momento, sabendo que ele não poderia ficar, as coisas pareciam erradas em números maiores. Não esperava muito daquela viagem, mas não sabia que voltaria par casa com nada; estava lhe dando um monte de nada e não sabia quando o amigo havia se tornado aquela pessoa, mas decidiu que não gostava dela. Porra, estava tudo doendo naquele momento e ele só a olhava e a olhava, como se ainda a amasse mas ao mesmo tempo dissesse: "ei, eu sou muito famoso e infelizmente você não cabe no meu mundo, mas tome aqui meu cartão para caso você queira contratar meus serviços.". Mas que ele se fodesse com os serviços dele, não estava nem aí para quem era aquele . Riu desacreditada de quão boba conseguia ser; uma música e já a destruía.
(Pegue um pedaço do meu coração)
And make it all your own
(E faça dele todo seu)
So when we are apart
(Desta forma, quando estivermos separados)
You'll never be alone
(Você nunca estará só)
Never be alone
(Você nunca estará só)
E então, de novo os assobios foram escutados e até aquilo os fãs sabiam fazer perfeitamente, e parecia cada vez mais feliz com os olhos em uma em lágrimas, perdida e desamparada. Ele sabia a confusão que a menina habitava e só a tinha levado até ali porque precisava arrumar as coisas. As circunstâncias não o ajudaram, e levou cinco anos para simplesmente conseguir tirar um tempo para arrumar seu passado, e mesmo que fosse tarde demais, mesmo que pudesse ter perdido aquela parte de sua vida para sempre, ele tinha que resolver aquilo por . Porque ele sabia o quanto ela o amava e o quanto ela sofreu com a distância; ele também sabia o quanto ela estava agoniada naquele momento, com as mãos no coração. Mas ele não podia deixar de dizer o quanto a achava linda daquela forma, um emaranhado de confusão por sua culpa. E se estava sendo um belo de escroto com aquele pensamento, que se danasse, mas amava saber que ainda o queria. Porque ele se sentia da mesma forma.
(Você nunca estará só)
When you miss me close your eyes
(Quando sentir minha falta, feche os olhos)
I maybe far but never gone
(Posso estar longe, mas nunca fui embora)
When you fall asleep to night
(Quando você cair no sono à noite)
Just remember that we layunder the same stars
(Só lembre que nós deitamos sob as mesmas estrelas)
- E ei, eu sei que há algumas coisas que precisamos falar e eu não posso ficar. Então me deixe abraçá-la mais um pouco agora. - Ele cantou a olhando, dizendo aquelas palavras enquanto o corpo da menina tremia. sentiu seus olhos lagrimejarem e se permitiu chorar nos momentos seguintes. - E pegue um pedaço do meu coração e faça dele todo seu. Dessa forma, quando estivermos separados, você nunca estará só. Você nunca estará só. Você nunca estará só.
Fechou os olhos, ainda chorando e voltou alguns anos antes, quando se foi.
Alguma data de 2012
Suas malas estavam feitas e seu coração batia descompassado porque seus sonhos estavam há apenas algumas horas de distância. No andar debaixo seus pais cantarolavam felizes junto com sua irmã mais nova e estava se sentindo muito contagiado com tudo aquilo. Além de seus pais, apenas alguns amigos sabiam de sua partida e eles não incluíam porque ela nunca aceitaria aquilo. E sabia que mesmo que não houvesse um pedido explícito de namoro, eles tinham um relacionamento e devia àquilo à ela, devia a verdade sobre todas as coisas porque era sobre aquilo que eles eram, que significava a base da amizade; mas não conseguia. Ele tentou por dias e dias, desde a proposta de se mudar para Nova York e iniciar sua carreira musical, dizer à Ammy que iria embora, mas o medo era muito maior que qualquer coisa e ir sem se despedir parecia ser o certo.
Conhecia a menina e sabia que ela superaria, mesmo que no início fosse difícil. Sabia também que poderia nunca voltar, mas que quando sua vida se estabilizasse ele voltaria pelo menos para buscá-la e concretizar todos os planos; ela em sua faculdade e ele na música. Por isso apenas permaneceu ajeitando as malas o máximo que pôde e tentando não se esquecer de nada. Odiava despedidas e já estava se sentindo nostálgico, não conseguia imaginar um mundo em que deixaria para trás uma chorosa. Não depois de lembrar todas as vezes que ela perdeu alguém, o quanto ela sofreu. A deixaria por tempo suficiente para se dedicar a si mesmo e, mesmo que a amiga passasse a odiá-la, ele não mediria esforços para reconquistar seu perdão. não abriria mão de seu amor.
Atualmente em 2017
Foi após mais três músicas que encerrou o show e seguiu para o camarim que esteve mais cedo. Ele receberia os fãs em uma sala a parte para tirar fotos e dar autógrafos, então só depois poderiam ir para o hotel. se sentia exausta. Havia descansado da viagem, mas a carga pesada que estava carregando dentro de si estava deixando-a cansada e levemente estressada. Queria tomar um banho e relaxar na cama de hotel, mas sabia que não a deixaria concretizar nenhum desses desejos nem tão cedo. Sabia que, se fosse antes, ela não mediria esforços para estar por perto dele; mas naquele momento, depois de tudo, não era a mesma menina - ou achava que não era. Ainda o amava, mas também estava machucada. Sentou-se então no sofá e descansou sua cabeça, lembrando-se da música que o amigo cantou olhando diretamente para si.
Havia amado o show, apesar de tudo. Definitivamente ouviria mais vezes depois que voltasse para Toronto, mesmo que isso fosse contra todos os seus princípios. Amará a voz dele e como a melodia soava entre seus dedos e o violão, a vibe que ele tinha em cima do palco e como se conectava diretamente com os fãs. Amará toda a essência daquele menino, sentindo o pouquinho que conhecia dele ainda existente ali dentro. Se permitiu lembrar-se de alguns momentos em que tentou cantar juntos com os fãs mesmo que não soubesse a letra e até escolheu uma favorita: Nothing Holding me Back.
Não soube quanto tempo permaneceu deitada, mas acordara com o susto da porta sendo aberta e vozes adentrando o cômodo. ficou quietinha na mesma posição, com os olhos fechados e lutando para não deixá-los tremer; ouviu falar animado com alguém e logo diminuir o tom de voz.
- Ela dormiu. - Disse risonho. - dormiu no carro após o show do Justin Bieber também. Ela é muito preguiçosa.
- É uma ótima menina, . Se divertiu muito no show. - A voz era de um homem. – Acorde-a e vamos esperá-los lá fora.
- Podem ir para o hotel, eu tenho outros planos.
Aquilo aguçou a curiosidade de que se remexeu levemente e fingiu estar despertando. Ao abrir os olhos minimamente ela enxergou seu melhor amigo se despedindo do homem e logo se voltando para ela.
- Ei, o que achou do show? - Ele perguntou, se aproximando e se agachando ao lado dela, acariciado seus cabelos.
estava com um cheiro fresco de perfume amadeirado e seus cabelos pingavam água, o que significava que ele havia tomado banho. Ammy quase o tocou, para sentir a maciez de sua pele, mas se conteve.
- Foi bom, parabéns. - Ela disse baixo, fazendo-o se concentrar em seus lábios. - Só me diz que aquela música não tem o significado que eu acho que tenha.
- Ela é sua, . E hoje eu irei esclarecer tudo o que for preciso. - disse, encarando os olhos da menina e ela assentiu.
- Foi para isso que eu vim, não?
O brilho que tomou os olhos do cantor não foi o mesmo brilho bonito que ela tinha visto quando o reencontrou. Sabia que aquilo era a decepção de estar ouvindo tais palavras, mas era impossível se conter quando a amargura era todo o gosto que conseguia sentir em sua boca.
- Então vamos, eu tenho que te mostrar a grande maçã. - Ele disse ao se recompor, animado, e se levantou estendendo as mãos.
- Não é arriscado? Você é muito famoso, , e há instantes atrás havia muita gente naquele espaço lá fora.
- Eu sei, eu sei. Mas não se preocupe, está de noite, nós temos um boné e sempre podemos correr. O que acha? Melhores amigos que nunca se separaram, . - Ele tentou convencê-la ao ver que Ammy estava contrariada.
- Tirando o fato de que nos separamos. - Resmungou.
ignorou aquilo e puxou a amiga pela mão, voltando atrás e pegando alguns petiscos que estavam na mesa. Estava faminto, mas tinha planos e eles incluíam comer muito fastfoods. Do lado de fora, já na calçada, ainda de mãos dadas, os dois jovens passaram a andar calmamente pelas ruas incrivelmente movimentadas de Nova York. Estava um tempo gostoso, onde não era necessário blusa de frio, então não se preocupou com aquilo e muito menos.
- O que vamos fazer? - Ela arriscou perguntar ao passar do lado de um grupinho de adolescentes e ver seu melhor amigo abaixar a cabeça para não ser reconhecido.
- Já disse, Ammy. - Ele resmungou. - Para de ser ansiosa.
- Eu não sou ansiosa coisa nenhuma, ok? Só estou perguntando, mas não está mais aqui quem falou! - Ela brigou, soltando sua mão da dele e cruzando os braços.
- Birrenta. - Ele brincou, abraçando-a pelos ombros. - Vamos andar, conhecer alguns pontos; vamos comer e colocar o papo em dia. Esquecer que eu fui embora com a idéia de que sabia o que era melhor para você.
- Prefiro ir para o hotel e apenas dormir, deixar a conversa para amanhã.
- Amanhã eu tenho alguns compromissos... - Ele disse receoso.
- Claro. - Ela disse em acusação. - O que reforça a idéia de irmos para o hotel.
- Você não quer passar um tempo comigo, é isso? - perguntou ao parar de frente para a amiga, que parou um pouco distante e desviou os olhos.
Sua resposta estava na ponta da língua, mas do que adiantaria aquela longa viagem para apenas assistir aquele show? Não podia voltar para casa sem as respostas para as perguntas que estavam queimando no bloco de notas de seu celular e, quem ela queria enganar quando sabia que queria sim estar com ? Por mais que estivesse magoada, ressentida, destruída e com raiva, queria sim estar com ele, mesmo que não fosse recuperar os cinco anos perdidos. E também, ele parecia muito mais legal daquela maneira, sob as luzes brilhantes da grande cidade, por mais que nunca fosse admitir em voz alta.
Então bufou, resignada, e deu de ombros, erguendo as mãos em rendimento.
- Certo. Vamos fazer o que quer que você tenha planejado.
Eles estavam na Times Square e incrivelmente estava em um dos telões, em seu novo clipe. estava encantada com a quantidade de informações que aquela enorme avenida possuía e, mesmo sendo tarde, as pessoas nunca se cansavam. Elas estavam andando de um lado ao outro, em sua correria como se fosse automático e era adorável. não parecia muito surpreso, pelo contrário, ele já estava bem familiarizado e apenas observava sua melhor amiga olhar tudo com tanta atenção. Teria paciência apesar do imenso itinerário preparado para aquele passeio; estava realizando um dos sonhos de , que sempre falava: "se você não visitar New York City, você não viveu certo". E ali estava ela, visitando um dos lugares que mais recebem pessoas, de todo o mundo!
- Está feliz? - perguntou próximo à ela, que se virou sorrindo aberto.
- É lindo. Você está em um telão enorme, . Você está na MTV. - Ela pontuou e o cantor riu da animação dela.
No começo, quando acabou o show e viu nos olhos de que as coisas não seriam fáceis, pensou em desistir e ir direto ao assunto. Demorou cinco anos para aquilo e demorar mais algumas horas não seria confortável para ambos, mas depois, sem motivo algum, decidiu que não iria cancelar seus planos e que faria de tudo para as coisas serem melhores possíveis. Sabia que faltava muito, ou talvez mais do que conseguia imaginar, mas ver Ammy sorrindo e animada significava estar indo no caminho certo, além de, claro, ela ter aceitado estar ali quando ela poderia simplesmente voltar para o hotel como sugeriu e acabar com tudo aquilo no dia seguinte.
- Aqui é o meu lugar favorito apesar de não conseguir vir muito para esse lado. Eu não exploro nada daqui, só passo bem rápido de carro quando tenho entrevistas e mesmo assim é a coisa mais incrível que pode acontecer no meu dia. - Ele explicou andando de frente para a amiga, que olhava cada cantinho da avenida agitada. O vento da noite balançava seus cabelos e o sorriso da menina era tão fresco quanto a noite. - Se andarmos mais quatro quarteirões daremos no Central Park, coração de Manhattan e um dos lugares mais lindos também. Você já viu de cima?
- Sim! Aquela foto é incrível. - Ela disse suspirando. - Vamos? - Ele assentiu e voltou a ficar de frente para multidão, andando ao lado dela.
- Me conta o que tem feito desde que me mudei. - Ele pediu direto, mesmo sabendo que era um assunto delicado. Não queria tratá-lo daquela forma já que, uma hora ou outra, falariam sobre aquilo; mas começaria aos poucos, tanto para não assustar , como também para manter sempre o diálogo.
- Não muito. Ainda não terminei o colegial, você deve imaginar e tenho estudado alemão, já que sempre foi uma das minhas vontades. Ah, e eu fui aceita na Oxford. - disse ainda olhando por onde passava, as pessoas que passavam ao seu lado e as vezes até lhe davam um sorriso. , por sua vez, a olhava atento aos seus movimentos para saber até onde poderia tocar. - E você?
- Oxford? Mas seu sonho sempre foi Harvard. - Questionou.
- As coisas mudaram. - Ela disse, dando de ombros. - Você terminou os estudos pelo menos?
- Sim, durante as viagens. Ou em casa. Quando eu podia, na verdade. Como assim as coisas mudam? Não é como se você escolhesse o tipo de planta que quer plantar, é o seu sonho, . - Insistiu no assunto. suspirou e sorriu fraco.
- Assim como você disse que também iria para Harvard e agora está lotando casas de show. As coisas mudam como o tempo inconstante em algumas cidades, sabe? Nós éramos namorados em um dia e no outro eu era um coração partido, e você uma sub-celebridade. - Ela disse simples. assentiu desacreditado.
- Não éramos namorados! - Falou grosseiro e parou, segurando-o pelo ombro.
- Desculpe? - Grunhiu. - Nós não éramos namorados? Então éramos o que? Pessoas que fodiam casualmente feito coelhos?
- Éramos melhores amigos com benefícios. - Ele explicou.
- E aquela merda de briga que você arranjou com Mason quando ele pediu para ficar comigo?
De repente o brilho da cidade estava ofuscada pela mágoa e incerteza daquela conversa. sabia que não seria fácil mas categorizar o pseudo-namoro como amizade colorida era o fim, principalmente quando se lembrava das merdas que causava na escola por causa dela. Era ciúmes atrás de ciúmes, como se ele fosse seu dono, e mesmo que eles brigassem sempre com as atitudes machistas do amigo, nunca mudará, pelo menos até ir embora.
- Nós éramos adolescentes, . E acima de tudo você é minha melhor amiga, eu estava protegendo você como um melhor amigo.
Aquilo foi um tapa na cara de . Ela até deu passos para trás como se sentisse o impacto, enquanto a olhava inseguro vendo a instabilidade dela. Estava sendo grosseiro, sabia, e totalmente errado; estava inseguro com aquela conversa da forma que não imaginou que se sentiria, estava agindo no automático e aquilo era tudo o que não queria.
- Eu estou sendo um imbecil. - Concluiu.
- Desde que decidiu ir embora. - Ela respondeu.
- Certo. Vamos só... Andar. - Ele disse, começando a andar novamente.
E em silêncio eles continuaram andando até atingir a devasta área colorida. Estavam no verão, o que fazia com que as árvores estivessem cheias de folhas e extremamente bonitas. O cheiro do lugar era algo mágico, era como assistir um filme animado da Disney e imaginar o cheiro de cada cena. Aquilo fez os ânimos de e diminuírem, apenas o silêncio do lugar, que diferente da Times Square, estava um pouco menos lotado; ainda havia pessoas caminhando, algumas correndo em exercício, mas nada comparado ao aglomerado na avenida anterior.
estava indecisa sobre quebrar o silêncio constrangedor ou permanecer calada até que se cansassem e fizessem algo, qualquer coisa. Não queria brigar apesar de saber que brigar seria tudo o que fariam até resolverem algo, mas não imaginou que fosse chegar tão rápido. Talvez daquela forma fosse melhor, resolverem tudo antes e depois apenas aproveitarem se sobrar alguma coisa. Porém, estava decidindo as palavras certas para dizer a partir daquele momento, não queria mais agir por impulso e acabar cometendo uma grande injustiça como cometera. Tinha plena consciência dos estragos que causará na melhor amiga, foi tolo demais ao achar que de uma hora para outra consertaria as coisas.
- Quando me mudei aqui foi o primeiro lugar que visitei, e infelizmente foi a última vez. Quer dizer, até agora. - quebrou o silêncio. - Estava um dia cinzento, faltava algo e eu me sentia melancólico. Dias depois eu compus Never Be Alone e soube o que significava. Então logo em seguida eu compus mais e mais, até ter um álbum completo e entrar em estúdio. Havia muita coisa, , você ficaria louca. - Ele riu fraco se lembrando. - Eu compus por um ano ou menos até entrar em estúdio, enquanto isso eu estudava e as vezes gravava covers para o Youtube, porque meu empresário queria alguma certeza de que eu daria certo. E incrivelmente as coisas ficaram decolaram rápido, cada dia eu tinha mais inscritos, mais seguidores...
abraçou seu próprio corpo escutando as divagações de seu melhor amigo. Estava curiosa para ouvir mais já que não quis saber nada antes, mas também estava um pouco insegura de saber, como esteve antes. Saber que ele estava feliz com aquela escolha era horrível, mas precisava parar com aquilo e aceitar que o mundo de não girava ao seu redor e que planos mudam frequentemente, mesmo quando não parece possível. O que ela queria saber, entretanto, é se tudo não passará de uma ilusão; algo que criou apenas para satisfazê-la, tornando a distância maçante com as dúvidas.
- O que eu não entendo, é o por que de você ter ido sem me dizer. - Ela disse ao se sentar em um banco, olhando a paisagem. - Independente de termos sido namorados ou não, era o mínimo que você poderia fazer já que estava quebrando todas as promessas. Entende que eu só precisava saber a verdade? Claro que eu iria ficar mal ao saber dos seus novos planos e óbvio que eu poderia te odiar, eu estava no direito, não? Mas, , você ter ido sem dizer nada e ter permanecido em silêncio foi o seu pior erro. Eu poderia ter te perdoado dois ou três meses depois, mas cinco anos? - Ela disse olhando-o, enquanto ele permaneceu de cabeça baixa.
- Eu tenho tendência a estragar as coisas. - Foi o que ele respondeu após respirar fundo e encarar o nada à sua frente. Ele evitava os olhos claros de sua melhor amiga porque não queria ver o estrago que causou. - Eu achei que voltaria.
- Você está mentindo de novo. - Acusou dando uma risada seca. - Não precisava ser muito inteligente pra saber que você não voltaria, porque desde que você me contou seus sonhos, você nunca mencionou a chance de voltar. Toronto é lindo, é um lugar rico, é onde crescemos e nos acostumamos, mas nunca será essa cidade ou Los Angeles, nunca dará a oportunidade que pessoas como você precisam.
- O que quer dizer com pessoas como eu? Eu sou como você, . Eu continuo o mesmo!
- Será? - Ela questionou. - Será que você é o mesmo após ganhar um VMA, um EMA, quem sabe um Grammy? Será que você é o mesmo com discos de ouro, platina, diamante? Você dizia me amar sobre todas as coisas, até mesmo mais que a música e mesmo assim você me deixou pela música. E eu não sou hipócrita de dizer que não faria o mesmo se fosse meu sonho, mas eu não te daria falsas esperanças, não te colocaria sob um pedestal quando sabia, mesmo que no fundo, a verdade sobre tudo. Não foi do dia para noite, foi premeditado, você sabia que aconteceria e opotou por me deixar de lado. Agora você vem, do nada, me manda passagens, ingressos e diz que queria compartilhar comigo? Por quê? - disse um oitavo mais alto ao que ia colocando para fora toda sua frustração. Ela se sentia cada vez mais irritada, mas ao mesmo tempo completamente mais leve aos poucos. Enquanto , ele sequer a olhava nos olhos, ele ao menos fez menção de interrompê-la e dizer que ela estava errada. Porque ela não estava! E aquilo a machucava profundamente, ainda mais.
- O próximo lugar que quero te levar é o Empire State, ele não fica muito longe daqui e eu consegui duas entradas antes de você chegar. - mudou de assunto, mas não pôde deixar de notar a voz embargada do amigo e o quanto seus olhos brilhavam quando olhou para todos os lados - menos seus olhos.
- Você não vai me responder. - Não foi uma pergunta, e ela estava frustrada.
- Eu disse que conversaríamos tudo hoje, não disse? Eu já quebrei alguma promessa antes? - Antes mesmo de finalizar ele soube a resposta dela, e seus olhos brilharam, mas decidiu ficar em silêncio; não falaria mais nada, era a vez de .
Alguma data de 2012
Um mês e sete dias, ainda chorava enquanto caminhava pelo corredor da escola sem se importar com todos a olhado. Havia desistido de ser forte no momento em que soube que nenhuma ligação seria feita. Nenhuma mensagem chegaria. E nenhum recado fora deixado. Desistiu de parecer normal quando correu, todos os dias, até a antiga casa de seu melhor amigo e a encontrou vazia, e a placa de vende-se era tudo o que restara. O quarto estava vazio, a sala estava vazia, o jardim - mesmo com as flores, parecia imensamente vazio; e decidiu que estava louca quando subiu na casa da árvore e encontrou também vazio. Sem tapetes, estantes, os livros; sem o violão, os pufs e a decoração rock star. Tudo havia ido embora, menos a sensação amarga em sua boca.
Deitou-se no chão e permaneceu naquela casinha chorando, sentindo o peso da traição consumir seu coração e levar embora todos os momentos bons naquele lugar. As brincadeiras na piscina - que por anos foram compartilhadas com Toby; os dias que passaram naquela casa sozinhos, as experiências que trocaram e os segredos compartilhados. Os planos estiveram ali e ficou com nada. E foi deitada ali também que ela rezou para que aquela febre interior passasse, que os sentidos voltassem e que ela pudesse sair viva daquilo.
No terceiro mês ela não ouvia ninguém; nem seus pais, sua irmã e seus amigos - aqueles que sabiam da partida de , e lhe contaram dias depois quando ela os procurou. Não queria saber de conselhos, nem desculpas ou até condolências. Seu coração ainda queria seu melhor amigo ali e ela não podia ir contra aquilo, estava debilitada o suficiente para lutar contra qualquer coisa. Se sentia envergonhada por depender tanto de um ser humano, mas naquele momento não conseguia se erguer e ser a mulher que sempre disse ser, pelo menos não naquele momento. E apesar de ser o terceiro mês, a ligação ainda era esperada.
No quinto mês começou a ter sonhos. E esses sonhos consistiam em tudo - exatamente tudo - o que viveu com . Era torturante ao acordar e saber que não sabia de nada mais, que todos os planos se tornaram vagos porque não sabia mais o que esperar. E, em um dia qualquer, ela acordou disposta a deixá-lo ir, para, talvez, se libertar daquelas amarras. Não foi fácil, teve duas ou mais recaídas no processo mas precisou deixá-lo ir.
Atualmente em 2017
O elevador havia parado no 86o andar e o vento que soprava naquela altura era avassalador. colocou seus pés naquela parte do Empire State e sentiu a trilha sonora com a voz de Jay-Z junto com a Alicia Keys soar em sua cabeça. Era uma de suas músicas preferidas, e parecia saber já que colocou a música para tocar.
- Como você sabe? - Ela perguntou surpresa e ele riu dando de ombros.
- Digamos que eu tenha feito a lição de casa durante esses cinco anos. – Respondeu, caminhando pelo local. - Agora você ficará surpresa quando eu disser que estive aqui naquele show que a Taylor Swift deu na virada de ano cantando Welcome to New York.
- É, eu estou. - Ela admitiu, rindo. - , isso é lindo. - Disse ao se admirar com a cidade brilhando através daquela imensidão. Era um dos lugares mais lindos que colocará os pés e mal podia se lembrar de como era viver sem ter visto aquilo, como se o passado estivesse anulado, e sua vida começasse ali.
- Um dos lugares mais lindos daqui. - disse alheio.
- Você deve ter dito isso nos dois últimos que passamos. - Ela brincou e ele riu assentindo.
- É verdade.
- Não quero brigar aqui, . E eu sei que há muito a dizer mas eu não quero estragar isso, é sagrado demais. Você consegue sentir a paz? - Fechou os olhos e abriu os braços. - Enquanto o mundo enlouquece lá em baixo, aqui é apenas isso.
Isso significava muita coisa, mas para , o significado da palavra tinha sido perdido dentre tudo aquilo que a cidade era. Amava Toronto, era um dos lugares mais lindos de seu país; todo mundo era fascinado pelo lugar e ninguém podia negar, mas New York City era diferente. Tudo parecia diferente, até o ar soprava de formas diferentes, e aquelas luzes nenhuma outra cidade teria. Sonhava em conhecer muitos outros lugares e com certeza todos lhe marcariam de alguma forma, mas aquela ali era sem sombra de dúvidas a luz que carregou por cinco anos com ele - e que havia desacostumado.
Se sentia voltando a ser criança enquanto seus olhos permaneciam fechados. O dia em que conheceu Toby estava fresco em sua memória, assim como os dias seguintes, um de cada vez. E eles eram felizes. ainda estava ali e nunca se sentiu doente com sua partida. E quando abriu os olhos e olhou para o lado notou que ainda estava ali, talvez compartilhando das mesmas lembranças e, de olhos fechados, ele parecia muito com o seu .
- Você pode simplesmente me abraçar? - Pediu baixo ainda de olhos fechados.
encarou o horizonte brilhante, decidindo o que aquilo deveria significar e decidiu que nem tudo tinha que ter um significado. Então chegou mais perto e rodeou os braços na cintura de seu melhor amigo. a abraçou pelos ombros e deixou a mesma emoção com a qual cantou a música para a melhor amigo lhe atingir novamente.
Ele havia chorado enquanto apenas sentia os soluços de seu amigo e permanecia quieta. Havia chorado demais durando aqueles últimos anos e sabia que era a coisa mais libertadora a ser feita. Não imaginava que Shaw deixaria sua guarda baixa, poucas vezes ele havia feito aquilo e Ammy sempre soube que o silêncio e a presença era a melhor solução para aquilo. Então o apertou em seus pequenos braços e deixou com que sua dor fosse trancada dentro de uma caixinha de madeira, escondendo-a no fundo de seu coração, apenas para receber a dor dele e amenizar um pouco a pressão que a vida estava lhe dando. era a pessoa mais forte que conhecia mas também era a pessoa mais cheia de coisas dentro de si, nunca compartilhava as dores e acabava sempre daquele mesmo jeito, aos prantos.
- Às vezes tudo fica um pouco demais, mas você pode perceber que, logo, a névoa vai clarear. E você não tem que ter medo pois somos todos iguais e sabemos que, às vezes, tudo fica um pouco demais... - Ele disse ao que conseguiu respirar e controlar as lágrimas, apertando que deixou um beijo em seu peito aquecendo seu coração.
- Você sabe que não precisa carregar isso tudo sozinho. - Ela respondeu após algum tempo ainda olhando as luzes da cidade.
- Eu tive medo de te procurar depois que fui embora. - disse baixo e uma música calma se sobressaiu do alto falante do celular que ainda tocava música no Spotify. - Tive medo de voltar e ver que você havia encontrado outro alguém, por isso me mantive longe. Nossos amigos me davam notícias as vezes mas você me conhece, , eu não aguentaria. E você também não.
- Estamos falando sobre o que agora? - Perguntou confusa se afastando e olhando-o nos olhos. a encarou e sorriu triste. - Você sabe que eu nunca poderia substituir você, não sabe? Ter outro alguém não passou pela minha mente um segundo sequer, pelo menos não enquanto estivesse amando você e focada em mudar meus planos.
- E por que mudou os planos? - Ele quis saber.
- Porque Harvard não seria a mesma sem você.
- Nada tem sido o mesmo sem você. - Ele confessou. - Adquiri uma crise de ansiedade e fobia à lugares apertados cheio de pessoas; tenho dormido menos e me sentido culpado como se tivesse matado alguém. E, na verdade, eu matei, não?
- Não. Você me magoou, profundamente, mas não a ponto de matar quem eu sou. Eu te amava tanto mas de forma errada, não deveria ter me prendido à você porque nenhuma pessoa deve viver sob as sombras de outra pessoa. Eu fui egoísta todo esse tempo ao achar que era errado você estar feliz sem mim, quando eu escolhi viver infeliz sem você.
- O que te fez mudar de idéia? Digo, você não pareceu feliz quando me viu e até mesmo não queria estar aqui. - assentiu.
- Eu não mudei de idéia. Só que as coisas sempre acontecem por alguma razão e agora, ouvindo sua versão, eu consigo começar a entender. - Ela apontou para o local em que estavam. - Eu fechei meus olhos e vi o filme da minha vida bem em frente aos meus olhos, inclusive a pessoa em que sempre sonhei ser. É o momento de ser essa pessoa. - Ela deu de ombros e sorriu. - Você gosta de blackbear? - Se referiu à música que acabara de começar a tocar.
- Eu definitivamente gosto de blackbear e do re mi é a minha favorita. - Ele assentiu e a garota riu.
- Há muito o que saber sobre você. - Concluiu. - Mas agora me diz, sua ansiedade, ela está controlada?
- Sim, está dando certo. - Ele enxergou preocupação nos olhos da melhor amiga e sorriu acariciando o rosto da menina, que fechou os olhos apreciando.
- Qual é o próximo destino, senhor ? - A garota disse após um tempo ao sentir o clima mudando e seguindo para um destino errado. , percebendo a quebra do clima, suspirou.
- Você gosta de ouvir fifth avenue? - Ele perguntou e os olhos dela brilharam.
O Mc Donald's estava vazio enquanto apenas os funcionários transitavam por ali, atendendo uma ou duas pessoas que entravam mas nunca ficavam, pegavam seus pedidos e iam embora comer em qualquer outro lugar. e ocupavam uma mesa após o cantor dar alguns autógrafos pedir encarecidamente para não divulgarem seu paradeiro; ainda não havia sido descoberto pelos fãs e estava orgulhoso do feito. Podia ficar em paz com sua melhor amiga e aproveitar a cidade junto com ela, sem que ela conhecesse a loucura que o acompanhava quando era reconhecido.
- Hm... - murmurou mastigando a batata com bacon e cheddar enquanto o encarava comendo sua salada. - Você está perdendo essa preciosidade.
- Ah não, obrigada mas eu me recuso a comer carne de um boi esquartejado e um porco também. - Resmungou voltando sua atenção para a salada deliciosa em sua frente.
- Desde quando, hein? - quis saber. Mordeu seu lanche fazendo sua melhor cara de satisfação, que a fez revirar os olhos.
- É um pouco triste ver você satisfeito em comer um animal indefeso.
- Não podemos ver dessa forma. Jesus quem os criou com carne gostosa, eu só como. - Brincou e lhe jogou uma bolinha feita com o guardanapo.
- Não é dessa forma! - Brigou. - Imagina se alguém te mata só porque sua carne é gostosa? É a mesma coisa.
- Não faz muito sentido isso. - disse rindo. - Agora me diga, desde quando você é vegetariana?
- Eu sou vegana. - Corrigiu.
- Uau, senhorita Vegana, e qual é a diferença entre os dois? - se ajeitou na cadeira deixando sua postura reta, cruzou os dedos em cima da mesa e sorriu antes de dizer:
- A principal diferença entre as duas práticas é que o vegetariano não consome carne, mas ainda tem em seu cardápio alimentos de origem animal, como o ovo e os derivados de leite. Já os veganos excluem da dieta todo e qualquer produto de origem animal, além disso, os mais radicais também excluem tudo que seja testado em animais ou que possuem alguma matéria prima animal, como certos remédios, sabonetes, maquiagens, sapatos, cosméticos em geral, entre outros. Portanto, o veganismo é uma filosofia de vida. Ser vegano não está relacionado apenas com a alimentação, mas sim com um estilo de vida, que procura evitar a exploração de animais para a fabricação de produtos, para consumo humano sejam eles alimentícios ou não.
adorava quando as pessoas se interessavam por aquela sua escolha e quando lhe perguntavam a diferença, não poupava palavras. Amava mostrar os dois lados da vida e como o veganismo - ou o vegetarianismo - era uma forma simples de se viver. Geralmente, antes da febre se instalar, as pessoas achavam que ser vegano era a coisa mais difícil da vida e que, consequentemente, não seria possível. Mas é. é a prova viva daquilo e faria entender.
- Eu nunca fui fã de carne, você sabe. Desde muito nova meus pais me achavam louca por repelir aquilo e me obrigavam a comer por causa das proteínas. Mas, quando eu comecei a receber minha mesada, tanto para os estudos quanto para as demais coisas, eu comecei a pesquisar mais e aos poucos ir tirando a carne da minha vida para que minha mãe não notasse. Foi dentro da pesquisa que conheci a carne de soja, comprei, fiz e gostei; meus pais amaram, e desde então nem eles e nem eu comemos mais. Minha irmã ainda é difícil quanto a isso, mas acredito que seja sua mania de contrariar.
- Uau. E você também deixou de usar produtos? - Quis saber.
- Sim. Foi uma escolha minha, sabe? Não que seja uma necessidade do veganismo. Mas pensa bem, deixar de matar os animais para comer não isenta na culpa de matá-los para fazer um kit de maquiagem. - Deu de ombros. - Você sabe como eu amava o Toby, e depois dele eu não tive nenhum outro animal. Ele me ensinou muita coisa em seu tempo de vida, inclusive a valorizar não só cachorros como todos os outros animais. Eles merecem tanto quanto nós.
- Cada dia que passa eu admiro mais você, puta que pariu. - O cantor disse desacreditado, sorrindo. - Sério! Que ser humano incrível. Hoje vai ser a última vez que como carne, você vai ver.
- Sério? - perguntou, arregalando os olhos e assentiu. - Nossa, foi fácil. - Brincou rindo.
- É, , tudo que envolve você se torna muito mais fácil. - Disse sorrindo e, inesperadamente, ela entortou a cabeça como sempre fazia quando estava lisonjeada e envergonhada por algum elogio.
- Obrigada por tentar, . Em nome dos animaizinhos, eu agradeço.
Definitivamente não imaginaram que em plena duas e quarenta e cinco da manhã as pessoas estaria na rua e reconheceriam . Quando deixaram o estabelecimento de fast food e olharam as horas, decidiram apressar os passos já que tinha algo a mostrar para a menina, mas gostaria de que fosse ao nascer do sol. A quinta avenida era imensa e eles voltariam para o hotel, para que pegasse o carro e levassem-os até os dois próximos e últimos destinos. Mas antes mesmo que pudessem perceber, os dois foram rodeados por meninas que pediam insistentemente por fotos e autógrafos - fazendo se sentir frustrado por ter falhado na missão de passar despercebido. Aquilo assustou e ela não conseguiu imaginar como seu amigo se sentiu na primeira vez que acontecerá aquilo com ele; sentiu então empatia. não esteve tão feliz quanto ela imaginou e ele passou por muita coisa até estar ali. Aos poucos ia o perdoando, não era novidade alguma, talvez estivesse sendo besta e deixando seu amor por ele falar mais alto, mas a conversa que estavam tendo, mesmo com suas pausas, estava levando-os à algo e Ammy se sentia muito melhor.
Demorou muito até que o melhor amigo falasse com todas e desse a devida atenção uma por uma. Ele fez questão de não esquecer ninguém e fez questão de consolar uma ou outra que chorava feito neném. achou lindo - apesar de assustador - e até ajudou dando a idéia de juntar todas e tirar foto delas com ele no meio. Quando conseguiram seguir o caminho já passava das três e cinco, então aceleraram o passo enquanto viam algumas das lojas mais importantes naquela avenida. Passou pelo Museu Guggenheim, o Museu de Arte Moderna, o Metropolitan Museumof Art, Rockefeller Center, o Flatiron Building, a Biblioteca Pública da Cidade de Nova York e de volta no Central Park. De mãos dadas, seguiram até passarem pela Times Square e pedirem um táxi.
pegou seu carro no garagem do hotel enquanto o esperou do lado de fora. Deixou seu queixo cair quando se deparou com um Porsche preto parar em sua frente e seu melhor amigo abrir a porta, que subiu.
- Precisa de uma carona, gatinha? - disse brincalhão e enrugou a testa.
- Idiota! - Xingou adentrando o carro. - Isso aqui é demais. - Ela disse admirando o veículo por dentro.
- Foi um presente que dei a mim mesmo. - Falou ligando o som. - O que quer ouvir?
- Seu novo álbum. - respondeu encarando o CD no porta luvas e o tirando dali. - Gostei de algumas músicas. - Se explicou vendo-o rindo fraco em deboche.
- Tá. - Concordou. - O caminho é um pouco longo então me fale sobre você. O que perdi nesses cinco anos.
- Nada de interessante. Meus pais se separaram e minha irmã está passando em um psicólogo por causa disso; tenho uma nova melhor amiga, Melissa e ela é sua fã. - Rolou os olhos ouvindo-o rir.
- Estou surpreso que seus pais estejam separados. - Ele disse.
- Foi um choque quando nos disseram, aconteceu dois anos depois que você se foi então eu não soube lidar muito bem, mas foi bem pior para a Lindsay. - Explicou. - Meu pai esta vivendo em Los Angeles e só eu tenho contato com ele.
- O que os fizeram chegar à esse ponto?
- Brigas constantes. Eu não entendi muito, quando percebi as coisas já estavam feias e desgastadas. - Ela disse não demonstrando tristeza, o que não significa não ser, apenas tinha aceitado aquela decisão dos pais. - Agora você.
- Eu o quê? - Ele perguntou, tirando sua atenção da estrada ao parar no farol vermelho.
- Me fale sobre você, ué.
- Tudo o que eu tenho para falar tem no Google, . - riu fraco e o encarou.
- Eu não procurei sobre você, , em nenhum momento. - Foi sincera e eles permaneceram se olhando em silêncio, até que o farol abriu. - Achei que fosse ser mais fácil assim e... - Tentou se explicar.
- Não precisa se explicar, eu te entendo. - Disso baixo.
- Eu sei, é só que... Eu deveria saber que você estava sofrendo de ansiedade.
- , eu não deveria ter te deixado, em primeiro lugar. E está tudo bem agora, o importante é você estar aqui agora. - Disse sincero e ela assentiu. - Eu namorei uma menina. - Ele falou rápido.
- A da girlband? - Perguntou e ele assentiu.
- Foi um lance rápido, na verdade, não chegou a ser um namoro. - Deu de ombros. - Foi um pouco ruim porque eu estava tentando te substituir e acabei magoando ela, que já foi magoada antes.
- Isso é ruim. - disse.
- Sim. Além da crise, nada mudou. Meus pais continuam os mesmos, minha irmã está enorme e todos sentimos sua falta. - Deu de ombros. - E nos meus dois álbuns tem um pouco de você.
Estavam em uma balsa que os levariam até a estátua da liberdade e estava eufórica. Tirava fotos enquanto mandava para a mãe mesmo que soubesse que a mesma estaria dormindo. Chegou até a cogitar a possibilidade de tirar uma selfie com o melhor amigo, mas ainda estava insegura sobre em que patamar estavam naquela relação de novo e não queria se deixar enganar.
As coisas continuariam as mesmas e Ammy já sentia o peso da saudade em seu peito, mesmo que muito das coisas que sentirá antes não existisse mais. Tocar as mãos de não era tão assustador, nem mesmo olhar em seus olhos ou se pegar pensando em quanto gostaria de beijá-lo. Era apenas a verdade e não esconderia aquilo em hipótese alguma, pelo menos não de si mesma.
E , por outro lado, se encontrava nervoso, ensaiando as próximas palavras que deixaria sair para concluir todo aquele mal entendido. Ele estava disposto a qualquer coisa por , coisa que ele deveria estar há cinco anos atrás, mas sabia que sua amiga não era mais a mesma garota indefesa e que seu escudo estava a posto. Tinha que ter cautela com o que quer que fosse sugerir e dizer, mas gostaria que as coisas fossem diferentes a partir daquele momento.
- Li em um livro uma vez que a estátua da liberdade guarda segredos. - disse tirando foto de algo e sorriu.
A garota posicionou a câmera em direção à ele e capturou diversas fotos em ângulos diferentes ao que ele ia se movendo. Seu sorriso sorrateiro, seus olhos piscando, as mãos sob os cabelos e a forma como estacionou seu olhar no dela. Guardaria aquelas fotos para serem carregadas onde quer que fosse já que ficaria na cidade enquanto ela voltaria para o Canadá, para terminar seus estudos e se mudar para Inglaterra.
- O que você contaria à ela? - Ele quis saber.
- É segredo, né? Dã. - Revirou os olhos se aproximando do garoto.
Ele já se encontrava de braços abertos quando ela se acomodou e permaneceu. Sentiu seu cheiro novo e gravou aquilo na mente, substituindo as lembranças de infância como uma bela forma de amadurecimento. Era suposto que eles amadureceriam e mudariam, certo? Então se deixou entender daquela forma; que seu melhor amigo não a rejeitou, muito pelo contrário. Ele pensou tanto nela que acabou deixando de lado sua vontade. Enquanto ela ficou em seu país achando aquele garoto extremamente egoísta por ter ido e não ter lhe dito.
O que a falta de comunicação causava.
Poderia ter sido tudo diferente. Eles poderiam estar separados, mas de uma forma menos dolorosa; poderia ter se libertado da amargura antes que ela lhe tomasse todo seus dias e poderia estar menos triste do que estava. Foi uma confusão criada por ele, que se transformou em uma gigantesca bola de neve e um emaranhado de decepções. Mas graças à Deus as coisas estavam mudando.
Ao chegarem na estátua, se separaram para verem ângulos diferentes da mesma e continuou com sua sessão de fotografia. chegou a tirar uma ou duas fotos dela, mas se concentrou em gravar tudo em sua memória como fazia desde que a conheceu. A amava tanto.
- Ouvi dizer que você guarda segredos. - Ele disse para o monumento gigantesco e bonito. - Eu tenho algumas coisas para confidenciar.
, que andava do outro lado da estátua tirando fotos, parou ao ouvir seu amigo dizer.
- Havia uma menina... Uma garota sapeca que vivia correndo entre os arbustos do condomínio e que eu apenas observava de longe. Naquele tempo eu não sabia distinguir sentimentos, então decidi que ela era apenas linda demais para ser verdade.
caminhou lentamente olhando para a estátua que erguia sua tocha e não parecia satisfeita em escutá-lo. Talvez ela nem gostasse mais de ouvir segredos, eram tantos que estava exausta. Porém, mesmo assim o cantor prosseguiu.
- O destino de alguma forma colocou ela em minha vida e então desenvolvemos uma amizade... Amizade essa que se transformou em um namoro... Ou quase isso. O que eu quero dizer... - coçou a testa e se encontrou com , que estava feito aquela estátua, porém, piscava. - É que eu tive medo de decepcioná-la e mesmo assim acabei o fazendo. E que eu nunca a assumi, mas eu a amei mais do que alguém é capaz de amar. E não houve um dia sequer que eu não sentisse falta dela.
- ... - tentou dizer, mas o amigo negou, prosseguindo:
- Eu sinto muito por ter te deixado em pedaços quando tudo o que você fazia por mim era me concertar diariamente. Eu era um garoto inseguro enquanto você me fazia sentir como se fosse possível segurar o mundo na palma de minhas mãos. Foi por isso que fui embora ao receber a proposta, até perceber que o mundo era pesado demais sem você.
"Eu entendi que não poderia ser muito se você não estivesse por perto e mesmo assim eu não voltei, . Não voltei porque soube dos dias em que pegava no sono na casa da árvore, chorando; porque soube dos dias nublados pelos corredores do colégio e do quanto foi difícil reconstruir seu coração para receber Melissa. Eu não poderia lhe causar mais dor e achei que permanecendo longe seria o suficiente para você me esquecer e voltar a ser feliz. Mas, Ammy, nós não somos felizes sem aquilo que nascemos para ter.
Com você longe eu percebi que era difícil respirar, mas não porque você era o meu ar, e sim porque você era o meu suporte para encontrá-lo. Eu não sei se faz sentido. Te amar desde que eu parti tem sido o único motivo para eu não ter voltado. Até que eu senti que te amar era tudo que importava para te ter por perto, independente de onde eu e você estivesse."
sorria enquanto falava e assistia aos prantos. Ela se sentia tão emocionada. Não era nada do que esperava daquela viagem, sequer sabia o que esperar e tudo estava saindo melhor do que esperava. Era uma mistura de sentimentos, que deu início à dor e naquele momento se resumia à amor. A sensação de olhá-lo e ver além naqueles lindos olhos; ouvi-lo dizer com receio de parecer exposto demais. Aquilo valia a pena, sabia. Conhecia aquele garoto mais do que ele mesmo poderia imaginar e ter a confirmação de tudo aquilo era a melhor coisa de sua vida.
Se deparar com aqueles olhos cheios de arrependimentos e amor era tudo o que ela sonhou por dois anos e deixou ir ao perceber que não valia mais a pena. Exceto pelo fato de que valia sim. O amor, no final das contas, era aquilo. Estavam aprendendo com erros cometidos cedo demais, mas que com certeza os levariam para o testo da vida, fazendo tudo diferente.
- Eu nunca duvidei do que a gente tinha. Quando eu disse que não fomos namorados não foi pra te machucar, foi porque eu nunca fui corajoso o suficiente para fazer de você minha namorada. Mas agora eu quero fazer certo. Não sei se tenho algum direito de lhe pedir isso depois de tudo, mas eu preciso arriscar, uma vez que não arriscar me causou danos. E causou à você também. Por isso quero saber, , se você aceita o meu pedido de desculpas e, consequentemente, o meu pedido de namoro. Porque eu te amo sobre todas as coisas e não quero mais arriscar viver meus dias sem você.
Fim.
Nota da autora: Olá, esse é o meu primeiro ficstape e eu espero muito que vocês gostem do que eu escrevi.
Sobre o final, eu sei eu sei, vocês vão me matar mas a continuação sai logo logo no ficstape da Beyoncé, do álbum 4. E, mais uma vez, eu espero que gostem. Obrigado desde já.
Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
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