03. One Thing

Última atualização: Fanfic finalizada.

Silent Chapter

“I’ve trying to playing it cool
But when I’m looking at you
I can’t ever be brave
‘Cause you make my heart race.”


caminhava apressada pelas ruas londrinas, sentindo o vento frio de fevereiro no rosto. Por um golpe de sorte, não chovia naquela manhã e a garota só queria despachar-se a pegar o seu iPhone da loja onde o deixara para arranjar. Se tudo corresse bem talvez ainda tivesse tempo de passar na Starbucks antes da sua aula de Sociologia… Entrou na loja com este pensamento esperançoso e já prevendo a conta choruda que pagaria. Uma rápida olhada em redor do espaço permitiu ver um rapaz com o carapuço do sweater preto enfiado na cabeça. “Que lunático!”, pensou, “Dentro da loja com aquilo na cabeça.”. Com um encolher de ombros, deixou de lhe prestar atenção enquanto pedia a funcionária nada sorridente que lhe entregasse o seu aparelho para poder, finalmente, ir até à Universidade. Os minutos pareceram passar lentamente até a mulher voltar com uma pequena caixa nas mãos, pedindo o cartão do iPhone logo após retirar o aparelho da embalagem para que o entregasse pronto a usar. Ao seu lado, um funcionário ainda jovem tomava o mesmo procedimento com o estranho da sweater. Bem, dinheiro para um iPhone ele tinha, aparentemente! Estava perdida em pensamentos sobre os motivos pelos quais se usava um capuz na cabeça quando o sol brilhava lá fora e ainda por cima dentro de uma loja, quando um enorme estrondo se fez ouvir na parte traseira do estabelecimento. Os funcionários, atrás do balcão, trocaram um olhar preocupado e correram para ver o que tinha acontecido, deixando tudo como estava espalhado na superfície de vidro. Uns segundos mais tarde, o rapazinho novo voltou, desculpando-se e continuando o seu trabalho, permitindo que o estranho logo abandonasse o local, certamente bem mais feliz do que que ainda aguardava, já atrasada para as aulas.

ligou o seu iPhone, contente por, finalmente, o ter de volta. Era final de tarde e ele estava bastante cansado. Como tinha se atrasado de manhã e correra o dia todo entre gravações e entrevistas, ainda não tivera oportunidade de ligar o seu celular e permanecera incontatável todo o dia. Não era fácil ser alguém conhecido mas fora a vida que escolhera e, sem dúvida, era aquela que mais o realizava e fazia feliz. Recostou-se no sofá do seu apartamento, saboreando o sossego raro enquanto esperava que o aparelho ligasse. Um primeiro olhar o fez revirar os olhos ao constatar que tinha 43 ligações perdidas, sendo que a maior parte delas eram do mesmo número. Voltou a observar o número com mais atenção, rapidamente, percebendo que este lhe era estranhamente familiar. Bastante familiar… Porra, aquele era o seu número? Como era possível? Ligou de volta receando o que poderia significar aquela situação tão fora do comum.
- Alô? – uma voz feminina falou do outro lado.
- Sim? Como está ligando do meu número mesmo? – questionou desconcertado, começando a caminhar de um lado para o outro em frente do sofá na sua sala imaculadamente limpa e decorada e pedindo a todas as forças positivas do Universo para que não fosse nenhuma daquelas fãs malucas que conseguiam segui-los, arranjando forma de os surpreender a cada passo.
- Pois aí está o motivo. Eu estou ligando para o MEU número que está com você neste preciso momento. – ele pôde ouvi-la falar do outro lado, uma voz meiga e suave, límpida como água. – E vou já dizendo que acho que você deve ser algum maníaco doente porque não param de lhe ligar… ou de me ligar, unff, nem sei… pensando sempre que você é o . Sabe? – ela debitava incansavelmente, bastante confortável por estar falando com um desconhecido e acabando por o fazer rir com aquela atitude descontraída, despertando uma certa curiosidade nele. – O , por amor, onde já se viu!
- Desculpa por isso. Eu… - ele ponderou contar para aquela garota, que não parecia ser nem nova de mais nem velha de mais avaliando pela sua voz, o seu verdadeiro nome, no entanto, algo o impediu. Uma força qualquer sussurrava na sua cabeça que ele a queria conhecer, queria ver como seria falar com alguém que não sabia quem ele era de todo, já nem se lembrava da sensação de conhecer uma pessoa que não fosse logo influenciada pela profissão que ele escolhera desempenhar. – Me chamo .
- Hesitou, hein? – ela gargalhou, uma gargalhada melodiosa e doce. – Estava pensando que ia dizer que era o outro viadinho de camiseta de flamingos.
- Vai falar que não gosta?
- Odeio aquela camisa, na verdade.
- Não pode estar falando sério! – ele disse rindo.
- Estou, sim. Meu nome é .
- Prazer em conhecê-la, .
Do outro lado da linha a menina parou de rabiscar o caderno nervosamente ao ouvir o seu nome dito por aquela voz. Ele tinha uma voz magnífica, uma pronúncia linda.
- ? – ele chamou ao perceber a garota calada.
- Desculpe, viajei. Fala. Ia dizer alguma coisa, não ia?
- Bem, sim. Ainda temos um pequeno problema para resolver. – gargalhou ao constatar que ela viajara ao ponto de esquecer os motivos para estarem falando um com o outro.
- Que é? – perguntou, sentando-se melhor na cadeira.
- Eu não sei como vou conseguir entregar-lhe o seu chip. Acha que posso pedir a uma outra pessoa? Minha mãe, talvez?
- Claro que sim. – ela falou, parecendo descontraída com uma pontada de desapontamento na voz.
- Certo. Pode-me passar o seu número? Aquele que eu tenho, por favor. Para depois saber se tudo correu bem, sabe…
deu por si a pedir aquilo sem nem imaginar os motivos, mas havia alguma coisa nela que o fazia querer continuar aquela conversa.
- Está gravado nos contatos como “Meu Número”. Eu sei, eu sei… Bem estranho. Mas eu sou distraída e demorei muito para decorar, então, aí tem. – ela falou, rindo dela própria sem qualquer embaraço e depois de se despedirem e de combinarem quando e como encontraria a mãe do garoto, ele ligou para a mesma, que, por acaso, se encontrava na cidade, para lhe pedir o pequeno favor. A mãe dele, sempre compreensiva não protestou, estranhando apenas quando ele pediu para que ela não falasse o nome dele ou apenas o tratasse pelo segundo.
XxxX

Horas haviam passado desde que o seu iPhone voltara às suas mãos com o seu número e ele passara um bom tempo respondendo a tudo aquilo que tinha pendente e fazendo algumas ligações urgentes. Agora, parado no quarto, girava nas mãos o papel amassado onde escrevera as pressas o número e o nome da garota que não lhe saía dos pensamentos desde cedo. . Era bonito o nome dela… Soava bem. Era quase tão melodioso como a gargalhada que ele ouvira enquanto conversavam. Ainda não lhe dissera nada devido à crise de consciência que não o abandonava por saber que não era correto não lhe dizer quem era, por mais bem justificada que essa ação estivesse. Estava mais do que consciente do erro que cometia, contudo, queria conhecê-la verdadeiramente. Algo lhe dizia que tinha de o fazer, algo nela o puxava para uma nova conversa com aquela garota animada e faladora. Tomou a decisão de lhe contar a verdade um dia quando estivesse preparado. Se valesse a pena o risco, contaria a verdade toda. Com este pensamento, digitou uma mensagem.
Hey , então de volta com a sua normalidade e sem ligações dementes?
Xx .

Uns minutos mais tarde, ela respondeu:

? Gosta mesmo de ser chamado assim? Posso tolerar, acho. Obrigada! Tudo normal. Sua mãe é um amor, acho que já me tinha cruzado com ela em algum lugar.

Isso é um engano, garanto. De amor não tem nada kkk
É, eu gosto! Ainda bem que tolera. Não tem que agradecer.


Eu lembro de você na loja.

O coração dele disparou. Porra, ela sabia a verdade toda. Ela sabia quem ele era e ficou tirando sarro dele. Respirou fundo e decidiu agir despreocupadamente.
Lembra?

Lembro. Era o estranho demente, de capuz na cabeça em pleno estabelecimento num dia em que o sol brilhava kkkk

deu por si a gargalhar de alívio com o que ela dissera. Afinal, fora falso alarme e a garota não sabia quem ele era. Mais uma vez, encheu o peito de ar, respirando fundo enquanto digitava a sua resposta.
Falou que eu era demente, né? Acho que sou mesmo.

Começo a perceber que sim.

XxxX

Os dias foram passando e os dois continuaram trocando mensagens. Contavam coisas sobre as suas vidas ( falando apenas do seu passado), falava da Universidade e o que fazia no seu trabalho, como voluntária com crianças com estado de saúde em fase terminal. Ele gostava da personalidade dela, do jeito que ela tinha de enxergar o mundo com o coração cheio de uma bondade quase inocente. O feitio dela encaixava com o dele de algum modo. Toda a vez que olhavam para os celulares, sentiam o batimento cardíaco acelerar e o estômago dava saltos involuntários. Quando era questionado pelos seus companheiros da banda, não sabia como explicar que era a “garota do chip trocado” (como tinham decidido apelidá-la), pois era algo que começava a sentir ser só deles, dos dois e de mais ninguém. Os amigos continuavam a perguntar se já tinha contado quem era na verdade, mas fugia do assunto com a consciência pesada, sabendo que, aqueles que com o tempo se tornaram seus irmãos, tinham toda a razão do mundo. Porém, ele não queria afastá-la, fazia o seu coração correr.

“Shot me out of the sky
You’re my kryptonite.
You keep making me weak,
Yeah, frozen and can’t breathe.

Something’s gotta give now
‘Cause I’m dying just to make you see
That I need you jere with me now
‘Cause you’ve got that one thing.”


A tour mundial da One Direction na América do Sul fazia com que os horários de e de fossem meios desencontrados, no entanto, as conversas não haviam cessado e eles ficavam cada vez mais próximos com o passar dos dias. Esta situação, por mais bonita e proporcionadora de bons sentimentos que fosse, fazia com que a culpa que sentia crescesse de dia para dia, quando percebia a dimensão que a presença da garota ganhou na sua vida. Havia tanto que lhe queria contar, tanta coisa que acontecia no seu cotidiano que o fazia pensar que devia partilhar tudo com ela… Mas ele nunca o fazia. Porque não podia, porque não queria afugentá-la, porque tinha receio de que ela mudasse com ele… Até agora, ser era seguro, simples e fácil. Só não era a verdade na sua totalidade. O nome era dele, claro, no entanto, a história não estava toda contada e isso era um motivo para que ele se sentisse mal e tivesse até dificuldades em pegar no sono.
Numa dessas noites, estava no quarto de hotel descansando sabendo que na Europa era de madrugada quando foi surpreendido pelo seu celular recebendo uma mensagem que logo pôde ver que era dela.

Hey, Eddie. Estava aqui pensando… Porque é que você está fora do país mesmo? Não me chegou a contar.


ficou olhando a mensagem sem saber o que dizer e nesse impasse acabou por receber uma outra logo de seguida.

Não que eu tenha algo com isso. Não tenho. Só que, bem, você já é importante para mim (não sei como), sabe de toda a minha vida e eu não sei nada.

, PORRA, EU NEM SEI VOCÊ ESTUDA, DEMÔNIO!!!!


O garoto acabou rindo do que ela demonstrava. Era completamente verídico que a menina não sabia nada da vida del,e mas ele sabia que podia ir mudando isso aos poucos e foi assim que decidiu começar a desvendar pedacinhos mais concretos daquilo que era a sua vida presente.

, , babe ? Não me chame mais de Eddie, que apelido horrível!
Eu não estudo. Trabalho na indústria da música e estou viajando em negócios. Mais calma agora?


Siiiim. Na música? E o que faz?

Um pouco disto e daquilo. Componho, alguns shows, sabe.

Hey, , obrigada :p

Não devia estar dormindo, princesa?


PRINCESA? O “babe” ela ainda ignorou, não querendo iludir-se com nome carinhoso, mas princesa? Calma. fitava a tela do iPhone incrédula, pensando que podia não ter lido bem. O seu coração contorceu-se, perdido nas letras que juntas formavam aquela palavra. A garota não conseguia evitar pensar que, provavelmente, fora sem qualquer intenção que ele dissera aquilo e ela, boba como se sentia naquele momento, reagia daquele jeito.

Devia. Mas não consigo.

É. Hoje não está fácil para ninguém pelo que parece.

O que tá acontecendo?

Saudades de casa, acho.

Fecha os olhos e imagina que está lá, babe.


Após aquele pequena palavra, foi a vez de fitar a tela boquiaberto. nunca usara nenhum nome carinhoso com ele. Era a primeira vez e isso, de algum modo, era como algo bem especial para ele. Teve vontade de contar logo toda a verdade num impulso que para muitos seria aquele que estava correto, deixá-la saber de tudo. Afinal, ela já conhecia tanto dele, partes que dele até que mais ninguém conhecia, por apenas o verem como um dos membros da banda mundialmente famosa, e não quem ele sempre fora. até conhecia peripécias da sua vida na escola. Ainda estava congelado com aquela pequena palavra. Babe. Como era possível que congelasse só com aquilo? Só com um simples nome que nem tinha nada de especial? tinha algo que o fazia precisar de conversar com ela, de saber como fora o seu dia e, mesmo sem se recordar da aparência dela, não podia negar que sentia uma atração inevitável, inexplicável. É, tinha algo que o fazia sentir a falta dela e desejar tê-la a seu lado. Naquele momento, isso era tudo o que ele queria que ela soubesse e, por isso, num impulso de coração, foi sincero:

Hey, , precisava de ter você aqui comigo.


Em casa, já quase adormecida, naquele estado bom entre o sonho e a consciência do conforto da cama, leu aquela mensagem que lhe permitiu saber que ela não era a única demente a querer que um quase-desconhecido estivesse bem ali ao seu lado, sem nem saber como eram as linhas do seu rosto ou qualquer outro traço, sabendo apenas como era alto perto dela. Deixou que os seus dedos trémulos digitassem a mensagem que sabia ser a correta a enviar para ele.

É. Seria insano da minha parte dizer que também precisava de você aqui, besta?

Nada. , vá dormir. Aí já são umas 4:00am!

Tem razão, . Vou mesmo. Durma bem, paranóico dos flamingos. Gosto muito de você. está bem? Xx


Mais uma vez, o garoto se viu congelado e de sorriso bobo no rosto como nada era capaz de o deixar, e logo se apressou a responder à garota que se encontrava do outro lado do oceano.

Boa noite, bobona!! Gosto mais.
Admito, você tem alguma coisa única e eu vou só fingir que está aqui comigo agora.”


Realmente, era já inevitável admitir esse fato: não havia nada no mundo que ele mais quisesse, naquele momento, do que ter a presença de a seu lado.

“Get out, get out, get out of my head
And fall into my arms instead
I don’t, I don’t, don’t know what it is
But I need that one thing
And you’ve got that one thing.”


A tour já estava na metade e cada vez mais o desejo de se conhecerem aumentava. Era algo que já fugia do controle, algo que deixava a revirar noites inteiras na cama sem conseguir pregar olho, algo que o fazia perder todo e qualquer interesse nas investidas afetuosas e exageradas que algumas fãs tinham. Por mais que ainda não tivesse admitido para mais ninguém e que nem sequer o tivesse pronunciado em voz alta, sabia que aquela garota de personalidade irreverente e resposta pronta já ganhara o seu coração. É, ele sabia, bem no fundo, que já se encontrava apaixonado por , por mais louco que isso fosse ou parecesse. Apaixonara-se pela calma, pela felicidade, pela personalidade. Ele não precisava de ver um corpo ou de amar um rosto, aprendera a gostar dela assim mesmo e, por mais que quisesse ver como ela era, sabia que isso não alteraria em nada o sentimento que começava a surgir dentro dele de um jeito quase irreversível.

Hey, . Acordada?

Sim, estúpido?

Não me trata mal?

Afff, não faça beicinho. Não funciona. Eu nem conheço a sua cara de camelo para me preocupar kkkk

Tá. Já não digo mais o que queria.

Era brincadeira, babe. Conta logo!
Desculpeee é o sono.


Viva com a dúvida, estúpida ;)

Por favoor? :’(

Não faz beicinho, também, não conheço a sua cara de gambá.

Imagina o gato do Shrek.

Está dizendo que tem bigode?

O QUÊ?? Seu babaca! Vou voltar a dormir.

!!

, sério, não vá!

, NÃO ME DEIXA NO VÁCUO! EU PRECISO DIZER ISTO! Acha que eu mandaria mensagem sabendo que é hora de você dormir se não fosse importante?

Fala de uma vez, demônio-anti-sono

Ainda bem que respondeu. Eu só quero dizer que apesar de estar me xingando, você é a única pessoa que ocupa a minha cabeça ultimamente. É estranho, eu nem posso imaginar um rosto, mas eu… Bem, eu realmente queria ter você na minha vida e nos meus dias, sem ser atrás de um celular.
Durma bem, . Gosto de você mais do que imagina?


Durma bem, . Não sei nem o que dizer, mas você sabe que eu gosto mais, né??


Naquela noite, ambos adormeceram felizes sonhando com um abraço sem rosto nem hora de chegada. No entanto, era desse abraço de que ambos precisavam. As mensagens já não eram suficientes, a distância tornava-se cada vez mais difícil de suportar. Eles queriam-se na vida um do outro, ansiavam pelo toque de quem nem conheciam, desejavam a presença e segurança de um corpo para agarrar fazendo com que tudo aquilo parecesse mais real e não apenas uma loucura. A imaginação dentro das suas mentes já não bastava, eles necessitavam saltar de cabeça para a vida real. Juntos.

“Now I’m climbing the walls
But you don’t notice it at all
That I’m going out of my mind
All day and all night.”


encontrava-se em época de exames finais e a vida não estava nada fácil. Dividida entre livros, resumos, apontamentos e trabalhos. sentia-se esgotado entre a composição do novo álbum, os shows, as gravações, as viagens, as entrevistas e os fusos horários. Ainda não tinham encontrado oportunidade para poderem se encontrar, ele ainda não regressara ao país e ela não estava em posição de pensar sequer em viajar, com tanto trabalho que tinha na Universidade. As mensagens eram trocadas com menos frequência nas últimas semanas e a falta que sentiam de uma boa conversa entre os dois estava tornando-se avassaladora. sempre fora bastante decidida e, por isso, tomou a iniciativa de discar o número dele numa dessas noites e ligar de uma vez, para pôr um fim àquela saudade insana e nada normal que se apoderara do seu peito.
- Alô? – a voz dele ouviu-se do outro lado. – , você está bem?
A voz dele era perfeita e ela logo sentiu um arrepio percorrer o seu corpo. Como conseguira ficar tanto tempo sem a ouvir? Como gostava tanto de alguém de quem ouvia voz apenas pela segunda vez na vida? Poderia ficar mais louca do que isso?
- Hey, . Estou bem, sim. – murmurou, sorrindo levemente.
- Estranhei a sua chamada, amor.
- Amor? – ela perguntou sem pensar, o seu coração parecendo parar ao ouvir aquilo.
- Aff, desculpa, . Saiu. Só me pareceu natural. – ele respondeu atrapalhadamente depressa. – Você tem algo que me faz falar sem pensar.
- , não tem problema.
- Mas, então, ligou para quê? perguntou, mudando de assunto e a garota podia imaginar que ele sorria mesmo que não conseguisse imaginar o sorriso.
- Bem… Eu… - ela hesitou sem saber muito bem como dar voz aos seus pensamentos.
- Você?
- Porra!! É mais fácil escrever do que falar! – a menina protestou.
soltou uma gargalhada. Eram aquelas saídas dela, genuinamente espontâneas, que o deixavam perceber como ela era única. Não sabia, ainda, o que é que existia nela que a tornava tão incrível, mas já não podia viver sem isso, fosse isso o que fosse.
- Se você não fala, há algo que eu quero dizer.
- Sim? – ela indagou, grata por não ter que falar.
- Tô com saudade. murmurou.
- Era isso que eu ia falar. admitiu, sentindo a sua face esquentar.
- Você não percebe, . Eu quase que subo paredes porque não sei se você sente a minha falta ou nem tinha a certeza se você notava que não temos falado tanto. – ele assumiu, num ápice de sinceridade.
- Eu pensei que você é que não notava a minha ausência. – a garota protestou, revirando os olhos enquanto esticava as pernas e se enfiava mais nos cobertores, segurando bem o iPhone.
- Não notar a sua ausência? perguntou incrédulo, passando uma mão pelo rosto. – , eu estou perdendo a minha cabeça.
- Como assim?
- Eu penso em você todo o dia, toda a noite. Os meninos estão sempre caçoando, já até falei o seu nome durante o sono.
- É, , acho que está perdendo a cabeça. – ela gargalhou fazendo com que sorrisse com a certeza de que ela dissera aquilo apenas para fugir do assunto. Uns momentos de silêncio abateram-se sobre os dois até que ela murmurou:
- Eu também senti a sua falta.

“Something gotta give now
‘Cause I’m dying just to know your name
And I need you here with me now
‘Cause you’ve got that one thing.”


A noite já ia avançada e bebera muito na balada que todos foram depois do show. O álcool não o deixava sem saber o que fazia, pelo contrário, fizera-o ganhar coragem para dizer a quem ele realmente era. Se pensasse bem no assunto, aquilo poderia acabar por correr mal, mas, bem, ele queria ser sincero, ele precisava lhe revelar a única parte da vida dele que ela não conhecia. Ele queria a honestidade que faltava entre eles por sua culpa.

Hey, , quer saber o meu nome?

Sim, estranho. Estou morrendo para saber o seu nome… Ou se calhar é só o sono. Vá dormir, do inferno!!

Meu nome é .

Desculpa, tinha esquecido que gostava dessa ilusão. Mas, sendo sincera, eu menti, meu nome não é , eu sou a Grace Kelly.

, não é uma ilusão. Para de brincadeira. É mesmo o meu nome.

Não viaja. Já é tão tarde. Bebeu?

CLARO! Onde acha que arrumei a coragem para falar a verdade?

Afff, conversa de bêbado não, por favor.

, eu garanto que é verdade.


preparava-se para ignorar o bêbado por quem estava irremediavelmente apaixonada e continuar dormindo, mas a curiosidade de ver o que é que ele dissera na nova mensagem que recebera vencera e ela logo voltar a pegar o celular do criado-mudo onde o deixara. O espanto apoderou-se dela ao ver uma fotografia de uma carteira de identidade anexada na mensagem. A identidade que pertencia a , membro da One Direction, mundialmente famoso. Com ela vinha ainda a legenda:

Hey, , eu gosto realmente de você e só estou falando agora a verdade porque quero que faça parte e conheça toda a minha vida de verdade. Por favor, não mude por saber! Você tem aquilo que eu procuro. Você tem aquilo. Não sei bem o quê. Você é a tal.


A garota não queria acreditar em nada do que estava a acontecer. Nem no que lia, nem no que via e, muito menos, no jeito como ele a enganara. Escondera uma parte tão importante da sua vida, provavelmente a maior parte da sua vida. Ele conseguira esconder isso dela. Sabia que já estava apaixonada por ele, mas ele quem? Ele, . Não ele, o famoso , por quem o mundo inteiro babava. A revolta tomou conta do seu ser e entranhou-se até à medula. Não ia responder, não ia ligar. Ia se desvincular. não precisava da confusão e do caos na vida dela. Não, ela precisava era de esquecer. Sempre odiara a mentira, desprezava e, por mais pequena, inofensiva ou sem maldade que pudesse ser, a verdade é que magoava ser enganada por alguém de quem gostamos. Magoava e era como uma espécie de traição. E, tal como sempre ouvira dizer, o pior da traição é que nunca vem de alguém com quem não nos importamos porque para quebrar a confiança, é preciso tê-la conquistado primeiro.

“So get out, get out, get out of my mind
And come on, come into my life.
I don’t, I don’t, don’t know what it is
But I need that one thing.”


Os dias foram passando e já se encontrava novamente em aulas, o que era ótimo, pois isso a impedia de pensar todo o tempo em , ou , ou lá o que é que ele era. Essa missão era quase impossível, uma vez que, ele não desistira de lhe mandar mensagens ou de lhe ligar, algo a que ela não respondia nem retornava. Além disto, agora vivia reparando e esbarrando nas mil e muitas coisas que existiam sobre a bandinha dele. Por mais que quisesse apagar tudo, o sentimento continuava lá. Ironico como demorara tão pouco para se apaixonar e levava aquilo que parecia ser a eternidade para esquecer. E, tendo em conta as circunstâncias atuais, a eternidade seria até pouco para conseguir, começava a achar. Enterrava-se nos estudos, nos trabalhos, no voluntariado… Pouco utilizava o celular que só a lembrava dele ainda mais. Ainda assim, de toda a vez que ele tocava, ela corria para ele porque queria saber se era ele dizendo mais alguma coisa, mostrando que, apesar do seu status mundialmente conhecido (ela sabia que ele não gostava de nomes associados à fama), ele ainda se lembrava dela. Nos últimos dias, porém, tudo andara mais calmo, não lhe enviara nada, talvez tivesse esquecido e desistido. Afinal, ele podia ter tudo, não é verdade? Porque ficaria correndo atrás de uma garota de quem nem a cara recordava? bem gostava de poder dizer agora que não lembrava da cara dele também…
, por outro lado, não se esforçava sequer para parar de pensar nela. Escrevia músicas melosas que, provavelmente, nunca seriam usadas ou conheceriam os acordes de uma melodia adaptada a elas. Evitava sair, sossegara. Todos notavam como ele se encontrava cabisbaixo. Aos poucos, começou a compreender que não devia encher o saco da garota que adorava e que conquistara o seu coração em imensas madrugadas em que conversaram até a exaustão vencer dos dois. Ele sabia, desde o início, que não devia ter escondido aquilo, sabia como prezava a honestidade, um dos valores que ele próprio mais admirava. E que ele próprio acabara por quebrar. Podia procurá-la, mas nem sabia como ela era. Podia aparecer na Universidade e perguntar por ela até a encontrar mas não queria expô-la. Droga! Seria tão fácil encontrá-la se fosse ela a famosa. Droga, mil vezes droga! Naquele dia voltava para o Reino Unido para a última fase da tour. Antes de desligar o celular para o voo que o levaria de volta à velha e bela Inglaterra, decidiu deixar uma última mensagem àquela que sabia ser a mulher da sua vida:

Hey, , sei que não me respondeu a nada nos últimos tempos. Sei que possivelmente não o fará agora também.
Quero apenas dizer-lhe que estou voltando para a Terra da Rainha. É. Acabou a tour fora do UK. Pouso o pé em Londres às 06:00pm, mesmo que isso não lhe importe ou que nem leia, eu precisava de dizer que a essa hora, pela primeira vez desde que me apaixonei por você e descobri algo em você que me prende, estaremos os dois na mesma cidade, percorrendo as mesmas ruas… Bem, é isso. Eu… Porra, , eu te amo!


Embarcou com a certeza destruidora de que aquela mensagem em que admitira, finalmente, o que há muito sabia seria apenas mais uma que ela apagaria sem nem mesmo ler, tal como acontecer com todas as mensagens anteriores.

XxxX

regressara a casa exausta. Dirigiu-se para o banheiro e encheu a enorme banheira com água quente a fim de relaxar e expulsar a tensão dos músculos. Não sabia porquê mas, naquele dia, sentia-se calma como há muito não se recordava de estar. Tinha uma mensagem de e sabia disso, contudo, ainda não lera nem uma vírgula da mesma. Não queria arruinar a paz que estava sentindo. Mordeu o lábio inferior e remexeu-se dentro de água, com o estranho pressentimento de que precisava de ler aquilo. Anjo e demônio, cada qual sentado num dos seus ombros e sempre dispostos a entrar em conflito, haviam dado tréguas e concordado naquele quesito. Ela precisa de ler a mensagem. Deixou o banho embrulhando o corpo numa toalha e pegou no celular. O seu queixo caiu e uma lágrima quente deslizou pelo seu rosto. Como assim ele dissera que a amava pela primeira vez numa mensagem? Merda para isso! COMO ASSIM ERAM 5:15pm E ELE CHEGAVA ÀS 06:00pm? Chegava a um aeroporto que ela nem sabia qual era. Saiu do banheiro apressada, tropeçando e escorregando enquanto se secava e se arrumava para largar a correr o mais depressa que podia até Heathrow, implorando ao universo para que fosse lá que ele chegaria. Sim. Talvez. Por favor.
Chegou perto da porta eram 06:30pm. Um pequeno ajuntamento de adolescentes esperando enquanto falavam muito alto em pequenos grupos deu-lhe a entender que, estranhamente, ela estava no local correto. A hora não era tão certa assim, porém, pelos vistos, o não tão estranho atraso de voos acabara por contribuir para o estado nervoso em que se encontrava. Correra para ali como se a vida dependesse disso, correra para ali sem pensar, correra sem medir as consequências da encrenca em que se enfiara. Correra porque, também ela, amava alguém que tinha a tal coisa impossível de definir e que os filmes românticos apregoavam que é o que nos faz encontrar a nossa alma gêmea, a nossa outra metade. Correra feita idiota e só quando viu o primeiro grupo de seguranças como primeiro garoto a deixar o aeroporto é que percebeu que nunca conseguiria chegar perto de porque:
a) Ele não a reconhecia;
b) Ele nunca vira a sua cara;
c) Aqueles seguranças enormes eram capazes de a deixar em coma por meses se ela tentasse algo insensato ou idiota como aventurar-se lá no meio;
d) Todas as respostas anteriores estão corretas.
Pegou rapidamente no iPhone e discou o número dele enquanto o segundo garoto da banda saía parando para sorrir para fotografias e dar alguns autógrafos, sempre simpático, atento e adorável. Desligado. O celular, não o garoto. Unff, os seus pensamentos estavam confusos. Quanto azar poderia ela ter? Quanto?
Aproximou-se da fila de fãs quase transtornadas com a presença dos ídolos quando só queria chorar por não saber como reagir ou como despertar a atenção de uma criatura tão conhecida como ele. Viu que uma das meninas abandonara no chão uma cartolina branca e, rapidamente, a alcançou do chão virando para si o lado que não tinha nada escrito ao mesmo tempo que uma ideia insana (mas que parecia brilhante!) lhe atravessava a mente. Era a única hipótese que tinha. O terceiro menino já saía também escoltado e adotando a mesma rotina que o amigo anterior tinha desempenhado. Tinha de ser rápida. Pediu a uma das muitas garotas que lá se encontravam que lhe emprestasse a caneta de filtro vermelha que tinha na mão e apressou-se a escrever as palavras que esperava que ele visse.
saiu do avião desanimado e nem se dera ao trabalho de ligar logo o seu celular, algo que teria feito se considerasse por um momento sequer que a menina lhe respondera. Colocou os seus óculos escuros e deixou-se encaminhar por Preston e alguns outros seguranças do aeroporto que zelavam pelo seu bem-estar, para a saída. Mais uns sorrisos e autógrafos e estaria em casa, descansando, pensando na sua vida e em tudo o que poderia fazer para a encontrar. Estaria, finalmente, sozinho para poder pensar calmamente. Chegou perto das meninas que gritavam e sem nunca retirar os óculos (o que nele não era nada natural) continuou a fazer o seu trabalho que sabia que tornaria o dia daquelas garotas um dia feliz. Olhou para cima vendo se teria tempo de falar com todas elas e o mar de gente que encontrou logo o faz perceber que não seria tão fácil assim fazê-lo. Tinha pena… Elas eram quem lhe permitia viver o sonho. Os seus olhos varreram a multidão para que, pelo menos, todas se sentissem olhadas pelo menos uma vez, esquecendo que estava de óculos escuros. O seu olhar acabou por se focar numa menina que segurava um cartaz branco com letras vermelhas. Algo naquele rosto cativara a sua atenção, como uma memória velha de um sonho lindo e distante. Leu o cartaz procurando saber se a conhecia ou não e o seu mundo parou de girar naquele instante, o seu batimento cardíaco disparou e a sua vida deu uma reviravolta.

Hey, Eddie.
Desculpa ter ignorado. PF NÃO ME IGNORA AGORA, sim, estúpido?


A idiota nem se dera ao trabalho de escrever o seu nome e ele só conseguiu estacar, fixando o rosto que não podia acreditar ser aquele que ele queria conhecer fazia tempo. Ela sorriu abobalhada e nervosa e perscrutou aquele olhar, aqueles olhos, aquele sorriso idiota.
- ? – chamou, vendo o sorriso dela aumentar enquanto acenava freneticamente com a cabeça confirmando que era ela. – ! – ele voltou a repetir, ignorando os seguranças e avançando a custo pelo meio das fãs que lutavam pela sua atenção, não compreendendo o momento em que dois corações se encontram passado tantos meses a desejar fazê-lo.
- ! – exclamou, furando pelo meio das pessoas.
O garoto nem podia acreditar que ela estava bem ali à sua frente. Após aquilo que pareceu ser a eternidade, conseguiram chegar perto um do outro e esqueceram até que o mundo os observava de objetiva pronta a disparar. Não importava mais nada quando, após tantos dias e noites desejando esse encontro, estavam frente a frente. Por fim. Não, ela não tinha uma beleza de modelo e era mais do tipo “girl next door”, uma beleza simples e singela. Mas isso nem era algo de que ele quisesse saber de momento. A dona do seu coração aparecera ali e isso só podia significar que ela o perdoara pela omissão estúpida. Olharam-se por uns momentos, perdidos no olhar um do outro até que , que sempre tivera aquela personalidade forte e despachada, passou os braços ao redor do pescoço dele. logo correspondeu, puxando a cintura da garota para mais perto de si, acabando com a distância e podendo, assim, ter o abraço que há tanto tempo desejavam.
- Hey, . Não acredito que está aqui. – ele sussurrou contra o cabelo dela, sorrindo como um bobo e ainda a apertando forte, ambos esquecidos de que dezenas de pessoas os rodeavam estupefatas.
- , - ela suspirou de encontro ao pescoço dele. – desculpa ter sumido.
Ele afastou-se ligeiramente e colocou um dedo sobre os lábios da garota maravilhosa que estava na sua frente, pedindo silêncio.
- , não fala nada. Eu é que peço desculpa por não ter contado logo toda a verdade.
- Har…
- Deixa acabar, por favor. Eu sou completamente apaixonado por você. Você tem aquele algo especial que não me deixa pensar em mais ninguém. , você é a tal. – ele disse olhando bem fundo nos olhos dela, querendo mostrar pelo seu olhar mais do que apenas dizer aquilo que sentia.
- Apesar de não acreditar que me disse isso pela primeira vez numa mensagem, seu demônio, eu te amo. – a garota falou, sorrindo levemente.
Ele sorriu de volta, sincero, feliz de mais e murmurou de volta quase com os lábios de ambos juntos:
- Eu te amo, .
Uniu os lábios de ambos no beijo mais apaixonado que aquele aeroporto alguma vez testemunhara, os choques elétricos percorrendo os dois, a sintonia perfeita e a sensação de que, finalmente, estavam completos se manifestando mais do que qualquer outra. É, eles se tinham apaixonado. sabia que ela era a tal garota que tinha algo que o fazia não desejar mais nenhuma outra, que o congelava, que lhe tirava o sono, que o fazia trepar paredes. Ele a amava. E o mais bonito de tudo isto é que ele era um sortudo por ela o amar de volta. Encontraram-se por um mero acaso, pelo destino traiçoeiro, por funcionários de uma loja que se distraíram de mais. Encontraram-se porque teve que ser, porque estava destinado, porque foram feitos um para o outro. Encontraram-se porque tinha aquela coisa única que completava o coração dele.

11 Anos Mais Tarde


encontrava-se deitada na cama e a madrugada já ia adiantada. A seu lado, o marido estava profundamente adormecido, um pequeno sorriso nos seus lábios, os seus braços em redor dela, mantendo-a quente contra o seu peito que havia anos ela usava como almofada preferida. A barriga enorme com que ela estava não permitia que ficasse tão próximos como antes mas, no final das contas, sempre valeria a pena.
- Hey, . Porque não está dormindo? – perguntou, ainda de olhos fechados, sorrindo em seguida.
Ela olhou espantada para ele. Como seria possível ficar surpreendida por ele parecer pressentir tudo o que se relacionava com ela após tantos anos?
- Eu não estou conseguindo dormir, amor.
Ele abriu preguiçosamente os olhos e fitou a mulher da sua vida atentamente, tirando os cabelos da frente da cara dela e pondo as mechas rebeldes atrás da orelha dela.
- O que está acontecendo, meu amor?
- Eu só estava pensando. Coisa de grávida sabe?
riu.
- Você interrompe meu sono de beleza porque está pensando em coisa de grávida? Por amor, . Dorme logo. – gargalhou, virando a mulher para cima dele.
- É… Grávida sensível. – ela disse, esfregando os narizes de ambos, num beijinho de esquimó. – Estava só pensando como tenho sorte em te ter comigo após todo esse tempo.
- Amor, - ele disse atrapalhado. – assim me deixa sem graça. Vamos, deixa esses pensamentos para amanhã, tem de descansar a nossa pequena Catherine. Vá, fecha os olhos e descansa, princesa. Tem de descansar por duas e…
nunca chegou a saber o que é que se seguiria pois uma pequena batida na porta os interrompeu. Sorriu ao ver o seu pequeno filho de quatro anos espreitar.
- O que foi, meu amor? – perguntou, voltando a sentar na cama e vendo fazer o mesmo.
- Mamãe, eu não consigo dormir. Tive um pesadelo. Posso ficar aqui?
e a mulher trocaram um olhar divertido e ele abriu espaço para que o seu rapagão deitasse no meio de ambos. O menino assim o fez e depois de ser aconchegado pelos pais, rapidamente, voltou a cair no sono. passou os olhos pela mulher que se apoiava no cotovelo, segurando a cabeça enquanto acariciava o cabelo do primeiro filho de ambos.
- Porque está olhando assim para mim?
- Nada, amor. Eu só… Bem, eu sempre soube que você era a tal, mas ainda não me habituei a poder olhar a sua beleza todas as noites sabendo que é a mãe dos meus filhos. A mulher da minha vida.
- Cala a boca, demônio. Está me deixando sem graça. – ela disse desviando o olhar e sorrindo, corada. Ele inclinou-se sobre a cabeça do filho e depositou um beijo casto nos lábios da mulher, sentindo o habitual choque percorrer todo o seu corpo. Ambos voltaram a deitar-se voltados para a criança que dormia entre eles. voltou a quebrar o silêncio:
- , amor, será que dá para cantar a nossa canção para eu adormecer? A Catherine hoje está inquieta dando pontapés e eu sei que a sua voz a sossega. – a mulher pediu fazendo biquinho. Ele riu com gosto, ela sempre se lembrava de pedir as coisas mais mirabolantes a meio da noite, mas ele era louco por ela, sempre seria e, por isso, começou a cantar. Uns minutos mais tarde, olhou a mulher já adormecida e depositou um beijo no topo da sua cabeça e no topo da cabeça do filho, passando o braço em volta dos dois e deixando a sua mão repousar na enorme barriga de oito meses da garota que roubara o seu coração, logo terminando a música que eles decidiram ser aquela que os definia:
Yeah, you’ve got that one thing.


FIM



Nota da autora (02/01/2015): Olá a todas ? Obrigada por lerem a minha fanfic. Sou portuguesa e, por isso, peço desculpa se encontrarem diferenças. Esta é a primeira ficstape que escreve e espero que gostem! Então, queria agradecer à Lia, amiga brasileirinha maravilhosa que eu nem sei muito bem como achei na vida, e que deu a ideia desta fic em que se trocam celulares porque era um tipo de história que ela queria ler. Espero que tenha sido como queria, migaaaa!
Muito obrigada de novo!
Cate xx

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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