03. Our First Time

Última atualização: 28/08/2015

Capítulo Único

Tudo que a mulher fazia era correr, sem ter tempo nem para respirar decentemente ou até mesmo chorar. O desespero da situação de estar sendo perseguida a tornou incapaz de gritar por ajuda, mas produzindo sons estranhos e agudos que provavelmente chamariam a atenção para a garota aterrorizada e descalça. Estava em choque, não assumia mais o controle de suas pernas ou de qualquer outra coisa.
estava com os pés sangrando por baterem com tanta força no asfalto áspero, suas roupas cheias de rasgos do momento anterior no qual foi agarrada – porém conseguiu lutar e fugir –, uma pele pálida e expressão aterrorizada. Mas tudo isso não importava nem importaria se conseguisse sair viva dali.
Rezava com todas as suas forças para que achasse alguém na rua que a livrasse, talvez até mesmo uma delegacia por perto daquelas ruas estreitas e vazias, escuras. Mas no fundo sabia que isso não iria acontecer.
Olhou sob o próprio ombro e viu de relance o homem alto que quase a alcançava. Seu olhar era doentio e sujo. Infelizmente ele não parecia nem perto de desistir. Muito menos quando estava há poucos metros de distância da sua presa.
- Me deixe em paz! – conseguiu formar a frase e gritou meio tremida. Respirava ofegante e dava o seu máximo, apavorada. – Vá embora!
Ouviu uma risada vinda dele que congelou sua espinha e notou que ele estava quase no seu encalço. Provavelmente não muito distante do início do seu pescoço.
começou a chorar e fungar, aceitando o seu infeliz destino e seu corpo tropeçar contra o chão, mas ser agarrado no ar pelo seu suposto assassino. Quando ele a virou contra si e arrancou mais de sua roupa selvagem, a machucando seriamente ela lhe atribuiu mais um adjetivo: estuprador.
- Me solta! Me solta! – Seus gritos eram acompanhados com o barulho do choro, enquanto seu rosto se molhava e seu nariz encharcava o resto.
Mas ele não largou. Ela se debateu, chutou, fez tudo ao seu alcance, mas aparentemente o estuprador tinha se cansado daquela insistência dela de continuar a tentar fugir. Por isso, direcionou seu pulso à mandíbula da mesma com a intenção de fazer sua boca parar de produzir o som irritante dos gritos de socorro e lhe dar paz.
Com a brutalidade, partículas de sangue voaram pelo asfalto e imaginou o estrago que deveria ter feito, mesmo não sentindo muito estando anestesiada pela adrenalina voraz.
O homem alto então abaixou suas calças, tirou seu membro nojento da roupa e abriu as pernas da mulher com uma força impressionante.
A esta altura, já havia desistido e aproveitava para chorar ao máximo no que poderia ser o último dia de sua vida. Sentiu o nojo tomar conta do seu corpo todo e ainda tinha que aturar os beijos babados do homem por seu pescoço e os outros socos firmes contra ela.
- Eu sou virgem, não faz isso... – confessou e suplicou, sabendo que não teria efeito nenhum nele. No entanto, o cara sorriu e analisou de perto. Um sorriso muito feliz.
- Tenho um tratamento especial para virgens. – Entrou por inteiro e com força, sem lhe dar tempo para sequer se acostumar com a dor ou o pênis dentro de si. Ela chorou mais ainda, não suportando e se debatendo mais ainda, apesar de fraca.
Ele investiu contra sem piedade nenhuma, apenas o desejo carnal tomando conta de seu corpo sujo. O sangue de estava esparramado pela parede em que estava apoiada, pingando no chão.
- Pare! – gritou, implorou.
- Não lhe excita a ideia de alguém poder nos encontrar? – murmurou sujo contra os ouvidos da sua presa. – Em vez de te ajudar, quem sabe se interessem em te foder também.
perdeu a noção do quanto e onde sangrou, mas junto foi perdendo a consciência enquanto o estuprador estocava rasgando-a.
Um último soco na face e ela desmaiou sem sentir nada, acreditando que finalmente sua tortura tinha acabado e agora iria abraçar a morte.


Mulher é encontrada brutalmente ferida em beco


Ontem, em uma das ruas escuras do interior de Zurique, Suíça, foi encontrado o corpo de uma mulher de provavelmente 26 anos todo espancado e jogado ao sangue no chão. A perícia confirmou que ela também foi estuprada e teve vários ossos quebrados. Felizmente, a vítima continua viva e foi encaminhada ao hospital na manhã de hoje.
A polícia, intrigada com tamanha violência não vista antes na capital não conseguiu encontrar o criminoso, mas será feita uma procura de sêmen no corpo da jovem para mais informações. A vítima ainda não foi identificada.
Zurique contemplava uma época de paz, onde quatro presídios foram fechados por falta de uso já que não havia indícios de crimes recentemente. A brutalidade surpreendeu as autoridades. Se um simples roubo era raro, imagina um crime desse porte.
O corpo teria sido encontrado por um dos moradores do interior que passava no caminho para as áreas mais urbanas da cidade, mas parou para um lanche e acabou vendo grandes marcas de sangue pela estrada, que levou à jovem.
No entanto, ninguém naquelas redondezas afirma ter visto ou ouvido algo na noite de ontem.


encarava a janela enquanto pensava sobre a liberdade dos passarinhos. Suas ideias fluíam devagar e lentas como um rio tranquilo, o que deveria ser fruto dos remédios. Não conseguia pensar em coisas menos superficiais, já que logo que isso acontecia a mulher tinha uma crise e desmaiava, não lembrando quando acordava nem no que tinha imaginado.
O seu psiquiatra, , a encarava preocupado enquanto analisava seu rosto inchado. Sua paciente não parava de encarar coisas aleatórias com um olhar sonhador. Ele sabia que era uma dos sintomas de pós-trauma, evitando a realidade.
Semanas haviam se passado desde o acontecido; era uma jovem solteira estudante de filosofia em uma das faculdades de Zurique. A julgar pelas poucas e concorridas faculdades, ela deveria ser muito boa para pelo menos ter tido a chance de fazer um curso lá. Já que o segundo caso, dinheiro não seria o motivo de sua entrada; ela não tinha família, apenas um emprego no bar e não aparentava ganhar uma pensão. Apesar que tinha um ótimo plano de saúde.
Aos poucos seus machucados estavam melhorando e sarando, mas o psiquiatra F. sabia que alguns jamais se curariam. Era o seu trabalho garantir que pelo menos tivessem a chance de tentar se cicatrizar.
Desde o ocorrido ela foi mandada direta para o terapeuta e um psicólogo da área, que não conseguiram mudar nada na atitude da moça. Sequer tiveram alguma palavra da mesma. Analisaram sua saúde mental e viram buracos lá, então o psicólogo saiu de cena e entrou o psiquiatra, que a medicava e a estudava.
- ? – perguntou receoso, com medo de ter assustado-a e tirado com força de seus devaneios. A moça lhe sorriu e procurou por seu nome no crachá.
- ? – disse tranquila, agora com o olhar sonhador voltado ao médico.
- Podemos conversar? – seu tom era propositalmente sem ameaças, na esperança de acalmá-la.
- Eu fiz algo de errado, doutor? – O olhou mais alarmada, dispersa.
Felizmente logo os efeitos dos calmantes passariam e poderia lidar com a garota e seu trauma diretamente.
- Não, querida. Como foi seu dia? – começou devagar. Ela olhou para o nada, lembrando-se do colega, Buck.
- Buck disse coisas sujas para mim – ela contou provocante e sorriu, assumindo uma outra personalidade.
sabia o que estava acontecendo com seu cérebro. Basicamente, em forma de fugir do trauma, ela assumia outra personalidade para fugir da realidade, já que assim não iria ferir sua alma. Do mesmo jeito que entrava em estado de psicose em suas crises ou se perdia em pensamentos sobre a natureza.
Era um jeito primitivo de sobreviver e se adaptar da massa cinzenta.
- Que tipo de coisas? Ele te ofendeu? – Dr. anotou algumas notas atoas para não se perder.
Apesar daquela roupa cinza que o hospital a fazia usar, era extremamente atraente e provavelmente seduzia muitos homens sem nem saber com o corpo que tinha e aquele rostinho liso.
Normalmente suas personalidades eram sempre alguém ativamente sexual, relacionado ao estupro. Uma vez um preso em abstinência, outra uma ninfomaníaca, outra um astronauta. O cardápio era bem variado.
tinha que lidar com aquilo.
Dr. era um homem. Tinha que estar atento, porque acima de tudo era um profissional. Tinha que ter o controle da situação e guiá-la para a luz.
Mas as coisas não eram bem assim. Observou a garota de lábios bonitos, que lhe sorria com carinho enquanto pensava em silêncio. Já havia beijado-a algumas vezes, infelizmente. Mesmo sabendo o quanto era sujo pensar e se tocar por uma paciente que não tinha mais o controle de si e sofria em sua psique, não podia evitar. O inferno destinado aos homens que deixaram se levar pela carne não era piedoso. Sua alma iria queimar nas chamas.
Mas ele sentia muitas outras coisas queimando ali.
analisou o doutor e sorriu, passando a língua na ponta dos lábios. Logo a mesma desceu para as extremidades com um toque absurdamente sexy. Era vulgar e claro o que ela queria sugerir. Finalmente a moça se pronunciou.
- O senhor sabe que não tem como ofender uma dama lhe aquecendo a boceta - disse simplesmente.
Seu linguajar mais vulgar ainda fez negar com a cabeça, sério.
- Ele lhe tocou intimamente? Você pode me contar.
- Eu bem que queria... – Esticou o tronco e olhou para o doutor mais de perto. Ficou o analisando em silêncio. No entanto, reparou o brilho confuso e fosco no olhar da garota, o que o fez continuar lúcido. – Mas o guarda disse que não podia. Já que na última vez que eu tentei, bem... – Olhou para as unhas, meio sem graça.
Da última vez que uma enfermeira a tocou, na verdade, foi para tirar sangue. Ela errou a venha, o que machucou a paciente. E assim que a mesma viu sangue surtou, como se voltasse na noite de seu estupro e fez tudo que queria ter feito com o tal agressor. Mas fez isto com a enfermeira.
Buck era um dos garotos da ala de esquizofrenia que tinha um transtorno mental no qual achava que era um poste; passava dias seguidos quieto, parado, olhando para o nada. Agindo como um poste. Então o doutor sabia que ela estava mentindo, assim como grande parte do consciente da mesma.
Ele ainda não sabia como a menina era de verdade, já que sua personalidade era diferente todo dia, toda sessão. Os remédios que administrava não iriam corrigir isso sozinhos.
Era interessante como ela misturava tudo que via pela frente e formava um personagem novo. Qualquer um que ela entrava era totalmente interessante, complexo. Como se fosse real.
- E por que você queria? - perguntou.
o analisou por um tempo.
- Tens sapatos bonitos, doutor. São caros?
- Não, apenas bem cuidados.
- Assim como você. O senhor é caro? - perguntou interessada, curvando levemente a cabeça,
- A senhorita se considera cara? - inverteu as questões.
- Eu queria que Buck me provasse para saber se eu era cara, tinha algum valor.
- A senhorita não pode ver por si mesma se é?
- Se tenho a boceta de ouro, não sei. Não achei jeitos de provar.
- Não digo sexualmente. Você não se considera cara em outros aspectos?
- Meu cabelo é grande. Ele é caro. - Sorriu.
- Não estamos falando neste sentido. - Ela sabia muito bem que não. Mas o que o doutor faria?
- Ah, não? Não sei outros sentidos - respondeu sorrindo, se divertindo.
parou um pouco para anotar as coisas que martelavam em sua cabeça.
- Acha que seus pensamentos são valiosos? - questionou e ergueu os pensamentos.
- Eles não valem nada. Acha que os seus são?
- Seus princípios? Sabe o que são princípios?
- Sei. Por que o senhor nunca responde minhas perguntas? - perguntou com o tom irritado, mas era muito claro que ela estava apenas fazendo um teatrinho. Seu rosto tranquilo que o encarava arduamente mostrava o contrário. A medicina também.
Dr. sabia que ela testava seus limites, forçando para ver se obtia sucesso. Ele adoraria chamá-la de vulgar, que era tudo muito desnecessário e forçado, mas o clima estava quente. temia que ela fizesse algo realmente sério e provocante.
Enquanto fosse apenas jogos mentais ele poderia jogar.
- Seus princípios são valiosos, ? - questionou devagar, tocando em uma memória poderosa que poderia lhe trazer de volta à realidade.
- São o suficiente para serem tomados pelo estuprador - sussurrou olhando-o nos olhos e sorriu.
ficou sério, parado e curioso. Será que eles tinham avançado depois de tanto tempo?
- Você se lembra do dia?
Ela negou, chacoalhando os cabelos.
- Eu li na ficha, doutor.
Suspirou, mesmo não acreditando de verdade. Algo curioso havia acontecido.
- Vou lhe fazer algumas perguntas pessoais.
- Mais? – perguntou manhosa, dramática. – O que eu vou ganhar com isso? Brinquedinhos?
- Você sabe quem você é? – disse devagar, olhando atento.
- Sei.
- Quem é você?
Ela checou o nome do hospital bordado na roupa que vestia.
- Uma paciente do hospital.
- Sabe o porquê que está aqui? Sabe o que aconteceu com você?
- Matei um homem?
Ele negou.
- Matei uma mulher?
- Você não matou ninguém.
Ela pareceu pensar, mas não muito.
- Tive um surto?
- Você lembra de alguém lhe tocar, de noite?
- Muitos. Eu era uma prostituta que fiquei louca e bati no meu cafetão? – questionou rindo.
- Você não era.
- Quando a sessão acaba, doutor? – Ela mexeu a cabeça de um lado para o outro, balançando os cabelos no ritmo lento de uma música na sua cabeça.
Logo suas pernas começaram a mexer também no ritmo. A sala bem equipada de livros, branca e tranquilizadora estava meio ofuscada agora com aquela paciente de vestido.
Ela foi liberada do atual macacão da clínica psiquiatra pelo fato que ainda tinha os pontos da cirurgia que consertou sua vagina drasticamente rasgada. Ela usava como desculpa para ventilar bem e milhares de prós e contras. De alguma maneira seduzia os demais enfermeiros e eles permitiam o vestiário. De um lado, alimentando uma tara. De outro, para serem deixados em paz.
- Doutor?
- A senhorita lembra-se da sua família?
- Pai bêbado. Mãe... – pensou – camareira. É, isso aí.
Resposta errada.
Cansado de joguinhos, decidiu terminar tudo pelo dia.
- Você quer viver desta maneira, ?
A garota sorriu e levantou-se da sua poltrona, caminhando devagar até a do doutor. Sentou no colo do mesmo (que tentou evitar mas acabou cedendo com a força de vontade e musculatura da garota. Não era como se ele quisesse negar) e envolveu os braços na nuca.
- Quero viver bem aqui, com o doutor.

estava sentada no balanço do hospital psiquiatra, balançando para lá e para cá devagar. Era a hora de lazer dos pacientes (que preferia chamar de detentos) explorarem mundo afora dos quartos.
A garota de cabelos escuros sentia o vento bater contra eles e palavras aleatórias surgirem na sua cabeça enquanto se concentrava sem intenção nos movimentos do vento.
Física, físico, fascista, musicista, motorista...
Sua amiga Annie estava ao seu lado, deitada no chão. a conhecia às vezes. Outras ela não sabia se gostava ou não de Annie. E em extremos casos ela a beijava e a arranhava. Os funcionários não tinham a mínima restrição, já que Annie ainda era vítima de uma doença em que não sentia dor física de maneira alguma.
Em certas noites, os enfermeiros checavam se Annie estava dormindo bem mesmo e não tinha rasgado o próprio olho ou caído da cama sem notar, já que não sentia e não possuía reflexos.
- Ei, cabelo preto – chamou Annie. Como para ambas era difícil lembrar nomes, olhava para uma característica e chamavam. – Cabelo preto?
- Eu. – a olhou, curiosa. Sua versão anterior da sala do doutor havia passado. – Cabelo preto, aqui.
- Buck não pode ser poste – começou, olhando para o rapaz que ficava firme e erguido no meio do pátio. – Poste tem luz.
- Buck não tem luz. Precisa de uma lanterna.
- Poste tem luz própria, não lanterna. – Franziu a testa, inconformada com o comentário da companheira. – Buck não pode ser poste.
a olhou curiosa com o fio de raciocínio.
- Poste tem luz por fios por dentro e lâmpada na cabeça.
- Temos que colocar fios dentro do Buck?
- Não. Uma lâmpada dentro de sua cabeça.
- Você não é eletricista. – Deu um olhar óbvio e sarcástico para .
- Claro que sou. Sei ligar luz.
- Eu também.
- Então somos.
- Mas sabemos abrir pessoas-poste? – questionou e ergueu a sobrancelha. Óbvia, novamente. Annie gostava de sarcasmo.
Farmácia, macia, faringe, falange...
- Sei abrir minhas pernas.
- Podemos colocar luz nas suas pernas? – Olhou para a amiga, curiosa e sorriu.
Não faz isso... Eu sou virgem.
Um flash se passou pela cabeça de , que ficou tonta por segundos não mais entendendo a situação. A voz que gritava lá no fundo... ela conhecia. Mas de onde?
Era tão familiar.
- E ligar Buck em mim?
- Sim.
- Doutor vai permitir isso? – pensou em , tão preocupado.
- Ele deve gostar de ter luzes iluminando os caminhos – disse simples e encarou a grama.
se lembrou da sessão de mais cedo e olhou para a loira.
- Você sabe quem você é? – sua pergunta era séria.
- Sei.
- Pode me dizer?
- Eu sou uma pessoa que não diz.
entendeu perfeitamente e caminhou para o seu quarto, ouvindo o toque de recolher soar alto entre as salas.

A garota de cabelos negros agarrava seu médico com força, empurrando as línguas uma contra a outra com urgência, desejando mais dele para si mesma. correspondia, passando a barba arranhando seu queixo e o início do pescoço, causando mais arrepios na garota em seus braços.
- Doutor. – Gemeu quando o mesmo chupou sua língua com força, logo esfregando a sua contra.
Suas mãos percorreram sua cintura e apertaram, grudando os corpos em um movimento sexy. A paciente sorriu e encostou as testas. Distribuiu selinhos, arranhando agora o pescoço e o início das costas do parceiro.
- Temos que terminar com isso rápido – murmurou contra os lábios doces com gosto de dipirona. – Não podem nos encontrar aqui.
O quartinho de limpeza era um dos únicos lugares sem câmeras e que tinham trancas no hospital de psiquiatria. Um lugar perfeito para o proibido.
- Doutor... A adrenalina, o medo de ser pega... – Gemeu mais uma vez, só que desta no ouvido do homem, que sentiu sua calça diminuir alguns três números.
- Te excita? – perguntou.
Mais um flash violento passou por sua cabeça, fazendo-a ficar zonza e afrouxar. “Não lhe excita alguém nos encontrar?”
Deu um grito e perdeu a consciência. Mas acordou se debatendo no instante seguinte contra o seu parceiro, seu doutor.
Havia sangue em suas mãos, que deveriam ser por arranhar tanto o homem que deveria ter lhe rasgado. saiu do quarto com ela e a deitou no chão, enquanto a mesma se debatia e acabava com toda a situação.
não sabia de onde a garota tinha arranjado tanta força ou ódio, mas sabia que estava em um estado de psicose, onde a vitima perdia o contato com a realidade. Ela batia com tanta força que ele precisou chamar os enfermeiros com doses de morfina.
- Alguém! Ajuda! Ela está tendo outra crise!
o encarava com voracidade, ódio nos olhos e um desejo enorme de matá-lo. Seu pânico era tamanho que um homem do tamanho de se sentiria intimidado e hesitante. Assim como ele sentiu.
Era intenso.
Supôs que deveria ter sido assim que olhou para seu agressor.

- Semanas Depois -

- anda tendo sérios casos onde suponhamos que suas lembranças da noite estejam voltando e está aceitando o trauma. É o primeiro passo para o tratamento, o primeiro passo dela em meses – a enfermeira informou, olhando séria nos olhos do doutor. – Mas achamos que está vindo de forma intensa demais. Ela acorda gritando e se debatendo, se rasgando e se machucando. Quase precisamos colocar camisa de força, mas atrapalharia demais seu sono. Algemas ela poderia usar para machucar a si mesma... Então todas as noites há alguém no quarto dela, mantendo a guarda.
- Entendido. Conte-me mais sobre como anda a psique dela.
- não está tendo crises de pós-trauma tão fortes como quando inventava personalidades, porém anda deslocada e perdida. Encara o nada em um silêncio perturbador, como se fosse prisioneira da própria mente.
Acredito que é.
- Seus olhos pedem piedade, mas ela se recusa a falar ou se mexer – continuou a enfermeira, meio irritada por estar tendo que fazer aquele relatório. Não era o trabalho do médico?
caminhou incomodado pela sua sala de terapia e avaliação. Olhou de um lado para o outro, com a mente a mil do que faria com a paciente .
Quando encarou a enfermeira que o aguardava de prontidão e abriu a boca para falar sua decisão, a porta foi aberta com agressividade por um outro enfermeiro de roupa azul.
- Lamento incomodar, mas aconteceu algo sério com a sua paciente.
- Qual delas? – ergueu a sobrancelha, realmente preocupado e supondo. – Sterilun bateu a cabeça contra a parede de novo e pegaram no dano?
- Não. É , a garota do estupro.
e a enfermeira irritada concordaram com a cabeça.
- Diga logo. O que há com ela?
- Ela recobrou a consciência. Ela é novamente .
Ambos se olharam chocados e voltaram-se para o enfermeiro.
- E onde ela está? Nos leve até lá.
O rapaz concordou e saiu correndo, tendo um médico e uma companheira de ofício desesperados atrás dele. Os corredores eram longos e largos, repletos de quartos amplos por todos os três andares. No segundo ficava a tão adorava paciente.
No caminho das escadas, começou a pensar no procedimento e ligar os pontos, tentando colocar-se em seu lugar e entender a situação. O que ele faria quando ela acordasse? Procedimento normal? Ou será que sua amante iria lembrar de algum de seus amassos? Iria denunciar?
Tantas perguntas sobre o que ela faria. Tantas perguntas que ele faria.
Ofegante mesmo pela pouca idade de trinta e três anos, Dr. chegou na ala já procurando a numeração do quarto de . Quando os grandes números pintados de azul marinho na porta branca do quarto foi encontrado, entraram na hora.
estava chorando, jogada na cama e gritando bem alto. Três enfermeiros a seguravam firme, na esperança que ela se acalmasse, mas a mulher continuava se debatendo e encontrando modos de se libertar e atacar cada um deles.
- ? – chamou e os demais repararam na presença do chefe. A sentaram e imobilizaram-na, colocando a camisa de força.
assistiu ao processo quieto.
Logo a garota foi ajeitada sobre a cama, encarando o doutor com olhos chorosos e assombrados.
- Poderiam nos dar privacidade? – pediu o médico encarando os enfermeiros.
De mau gosto e curiosos pelo caso , eles se retiraram. sabia que não conseguiriam ouvir nada atrás da porta blindada e a prova de som, apesar de não acreditar que desistiriam tão fácil.
Enfim, encarou e analisou as marcas em seu rosto com pesar. Sua mandíbula que havia sido cruelmente ferida estava melhor, agora. Mas o que mais perturbava eram as marcas de unha em seu rosto delicado; rasgando a pele e deixando o sangue escorrer. Os curativos encharcariam rápido.
Então sabia que tinha que ser rápido.
- Você sabe quem você é? – perguntei e ela acenou infeliz com a cabeça.
- . – O doutor ficou impressionado.
Era verdade. Ela estava lúcida.
- Sabe o que aconteceu com você?
Ela olhou em volta e fechou as pernas.
- Fui estuprada. Achei que tinha morrido.
- Você não morreu.
- Ainda.
Ele o analisou mais de perto.
- Porque se debateu? Se machucou?
- Acredito que eu estava sonhando com a cena. E fui bater nele da maneira que ele merecia. Mas acabei me batendo, já que ele não está aqui – constatou o óbvio.
- E nas enfermeiras?
- Elas queriam me furar. Não gosto de agulhas.
- Eles precisam te fazer curativos. E você vai para minha sala. Tudo bem para você? – Hesitou e pôde ver algo nos brilhos dela.
Sem jeito, continuou:
- Você se lembra de mais alguma coisa? – temeu pela resposta. É agora.
- Sim.
- O quê?
- Durante o tempo que eu não estava... como posso dizer... lúcida. Lembro de tudo. – Seu olhar provava isso. – Você me beijou, não foi? – murmurou.
- Beijei. – se amaldiçoou ao inferno.
- E está com medo que eu conte a alguém? – Ela sorriu de canto, fazendo o ferimento da bochecha se dobrar e sangrar mais um pouquinho.
- Você vai?
- Você não me forçou a nada... Mas se aproveitou.
- ...
- Não se preocupe.


Mais tarde eu já estava melhor. Um frio da barriga e confusão. O enfermeiro legal, Thiago, havia me contado tudo. Como eu vim parar ali, o que aconteceu nos últimos tempos... Mas sempre atento ao que parecia medo que eu perdesse a consciência e entrasse em outra crise de psicose.
Depois que eu me mostrei civilizada, concordaram que eu não precisava mais da camisa de força e me fizeram tomar um banho gelado. Foi horrível, confesso. E aquela roupa machucava demais, dando uma agonia insuportável.
Logo me levaram para a sala do doutor que iria ver se estava tudo bem comigo e conferir meu estado psicológico.
Eu sabia que não seria bem assim. Eu tinha algumas memórias dele me tocando, me beijando. Cenas quentes ao longo do tempo. Tinha memórias dos meus “amigos” de lá; um rapaz que era poste... Uma loira que falava banalidades comigo... Tudo eu lembrava.
Mas não tinha detalhes muito sórdidos. Meus pensamentos nunca superariam o que era ver o doutor pessoalmente. Aquele homem era um espetáculo. Ele era lindo, como eu nunca imaginava ver na vida. Um suíço dos melhores.
E então, eu estava na sala dele. Admirando como nunca.
- Senhorita ? - chamou meio receoso.
- Olá. - Sorri para ele.
- Vamos falar sobre o seu trauma?
Me mexi meio desconfortável na cadeira. Suspirei meio incerta. Doía muito.
E assim se passaram cerca de duas semanas tendo terapia todos os dias com meu doutor favorito. Aos poucos fui aceitando, sabendo falar sobre. Lidando. Aprendendo mais sobre mim e aos poucos podendo controlar.
Mais duas semanas se passaram e nosso processo parecia ser incrível, de acordo com meu médico. Mas aquela sessão em especial foi bem extraordinária.
- ? - me chamou e eu sorri. Adorava como ele me chamava pelo sobrenome.
- Já vamos começar?
- Como você sabe estamos perto da sua alta e de te mandar para um psicólogo. O que deveria ter sido feito há muito tempo, mas...
- Mas o senhor não quis se livrar de mim - sorri brincalhona.
- Exatamente. - Me olhou nos olhos e sorriu de canto.
- E o que senhor tem em mente para hoje?
Ele deixou sua prancheta na poltrona e tirou o jaleco. O corpo dele era bonito de verdade. Se aproximou, vindo até mim.
- Acho que a última coisa para lidar com seus traumas que você precisa eu posso te dar. - Me puxou pela mão, me fazendo levantar.
Eu não entendi muito bem o que ele queria dizer com isso.
- E o que seria?
- Você precisa ser amada de verdade.
E me beijou devagar, me fazendo aproveitar o beijo como ele merecia ser aproveitado.
Suas mãos tocaram minha cintura, nos aproximando mais ainda e eu me senti... quente. Mas não era o medo. Era outra coisa diferente. Agora proximo de mim, suas mãos passeavam por meu corpo com delicadeza e firmeza como eu nunca imaginei.


Nos deitamos no chão do tapete, ofegantes. Do contrário do que imaginava eu não estava apavorada com o que tinha acontecido. Eu me sentia pronta. Curada. Antes virgem, antes estuprada, agora completa. Eu não tinha ideia do que iria acontecer a partir dali. Então aproveitei o momento.
Deitei-me sobre o meu doutor que já pegava no sono e dormi. Facilmente entrei em um sono profundo.

Tudo que a mulher fazia era correr, sem ter tempo nem para respirar decentemente ou até mesmo chorar. O desespero da situação de estar sendo perseguida a tornou incapaz de gritar por ajuda, mas produzindo sons estranhos e agudos que provavelmente chamariam a atenção para a garota aterrorizada e descalça. Estava em choque, não assumia mais o controle de suas pernas ou de qualquer outra coisa.
estava com os pés sangrando por baterem com tanta força no asfalto áspero, suas roupas cheias de rasgos do momento anterior no qual foi agarrada – porém conseguiu lutar e fugir –, uma pele pálida e expressão aterrorizada. Mas tudo isso não importava nem importaria se conseguisse sair viva dali.
Rezava com todas as suas forças para que achasse alguém na rua que a livrasse, talvez até mesmo uma delegacia por perto daquelas ruas estreitas e vazias, escuras. Mas no fundo sabia que isso não iria acontecer.
Olhou sob o próprio ombro e viu de relance o homem alto que quase a alcançava. Seu olhar era doentio e sujo. Infelizmente ele não parecia nem perto de desistir. Muito menos quando estava há poucos metros de distância da sua presa.
- Me deixe em paz! – conseguiu formar a frase e gritou meio tremida. Respirava ofegante e dava o seu máximo, apavorada. – Vá embora!
Ouviu uma risada vinda dele que congelou sua espinha e notou que ele estava quase no seu encalço. Provavelmente não muito distante do início do seu pescoço.
começou a chorar e fungar, aceitando o seu infeliz destino e seu corpo tropeçar contra o chão, mas ser agarrado no ar pelo seu suposto assassino. Quando ele a virou contra si e arrancou mais de sua roupa selvagem, a machucando seriamente ela lhe atribuiu mais um adjetivo: estuprador.
- Me solta! Me solta! – Seus gritos eram acompanhados com o barulho do choro, enquanto seu rosto se molhava e seu nariz encharcava o resto.
Mas ele não largou. Ela se debateu, chutou, fez tudo ao seu alcance, mas aparentemente o estuprador tinha se cansado daquela insistência dela de continuar a tentar fugir. Por isso, direcionou seu pulso à mandíbula da mesma com a intenção de fazer sua boca parar de produzir o som irritante dos gritos de socorro e lhe dar paz.
Com a brutalidade, partículas de sangue voaram pelo asfalto e imaginou o estrago que deveria ter feito, mesmo não sentindo muito estando anestesiada pela adrenalina voraz.
O homem alto então abaixou suas calças, tirou seu membro nojento da roupa e abriu as pernas da mulher com uma força impressionante.
A esta altura, já havia desistido e aproveitava para chorar ao máximo no que poderia ser o último dia de sua vida. Sentiu o nojo tomar conta do seu corpo todo e ainda tinha que aturar os beijos babados do homem por seu pescoço e os outros socos firmes contra ela.
- Eu sou virgem, não faz isso... – confessou e suplicou, sabendo que não teria efeito nenhum nele. No entanto, o cara sorriu e analisou de perto. Um sorriso muito feliz.
- Tenho um tratamento especial para virgens. – Entrou por inteiro e com força, sem lhe dar tempo para sequer se acostumar com a dor ou o pênis dentro de si. Ela chorou mais ainda, não suportando e se debatendo mais ainda, apesar de fraca.
Ele investiu contra sem piedade nenhuma, apenas o desejo carnal tomando conta de seu corpo sujo. O sangue de estava esparramado pela parede em que estava apoiada, pingando no chão.
- Pare! – gritou, implorou.
- Não lhe excita a ideia de alguém poder nos encontrar? – murmurou sujo contra os ouvidos da sua presa. – Em vez de te ajudar, quem sabe se interessem em te foder também.
perdeu a noção do quanto e onde sangrou, mas junto foi perdendo a consciência enquanto o estuprador estocava rasgando-a.
Ela lutou contra até a sua última força acabar. Socou com força, enfiando as unhas na garganta do homem na intenção de rasgar assim como fazia com seu interior. Deu cabeçadas, chutes e tudo ao seu alcance. Assim que ele fraquejou, ela pode cair e bater com força na cabeça do homem com uma pedra, lhe entregando à morte.



Um homem caminhava tranquilamente pelas ruas frias de Zurique. A banquinha de revistas lhe chamou atenção, pois em alguns jornais estava a mesma notícia.
Vendo várias pessoas em volta e murmurando entre si, a curiosidade tomou conta dele. Viu o título e ergueu a sobrancelha, no mínimo chocado.
”Médico é morto dentro de hospital por paciente”


Continua...



Nota da autora: Eu tive uns problemas com a internet e infelizmente só pude mandar mais tarde. Até o final de semana a fanfic irá ter duas ou mais cenas adicionais. Desculpe o transtorno.




Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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