Finalizada em: 14/02/2022

Capítulo Único

A noite chegou mais rápida e fria do que null planejou e com ela veio o peso do plano que tinha que ser executado. Não que fosse algum sacrifício cobrar dívidas, mas dessa vez era diferente e ela sabia que no final não estaria tão feliz como sempre ficava quando era dia de pagamento. Pouco mais de um ano, null começou a fazer parte de um grupo que revendia itens raros, depois de roubá-los de galerias de arte e de colecionadores fora da sua lista de compradores. Claro que quando se tratava da divisão do dinheiro, o grupo ficava arisco e alguns tentavam passar por cima do que poderia ser justo e certo para todos. Depois do maior roubo que tinham feito em muito tempo, todos estavam seguindo para uma espécie de comemoração, já que tinham conseguido roubar uma das peças mais raras dos Estados Unidos, exibida a cada dois anos.
– O que tem incomodado você? - null perguntou, quando já estavam longe demais do evento.
– A noite foi cheia. - null sem tirar os olhos da paisagem que passava pela janela do carro.
– Está de brincadeira! Foi um sucesso, em cada parte.
– Menos quando o Luke quase levantou suspeita. - ela disse, sem demonstrar qualquer reação.
– Uma margem de erros perfeita. - ele disse, sorrindo.
– Não gosto de erros.
– Ninguém gosta, null, mas você deveria estar feliz por estar aqui comigo, indo receber um dos nossos maiores ganhos.
– Ela já fechou o lugar? - null olhou para o homem pela primeira vez desde que tinha entrado no veículo.
– O hotel é dela, não tem risco algum e fora que já estou acostumado a frequentar. - ele disse, como se fosse um triunfo insinuar suas noites imorais no lugar e null não conseguia imaginar como tinha deixado que aquele mesmo homem a tivesse em seus braços. Ele claramente não merecia um pingo de confiança ou importância.
Mais alguns quilômetros na estrada rumo ao destino final da noite e um null totalmente sedento por atenção, null comemorou quando o carro finalmente parou na frente do hotel luxuoso que eles confirmariam a compra e que passariam a noite. Dominique, uma mulher no auge dos seus cinquenta anos, esperava os dois na entrada principal com o seu melhor semblante parcial. Estava cercada por homens engravatados, o que contrastava com sua roupa fina, adequada para longas horas de sono.
null, querida!! - a mulher saudou com empolgação e a abraçou.
– Dominique, que bom revê-la. -null retribuiu o abraço e suspirou. O sussurro por parte de Dominique tinha sido imperceptível, mas a resposta de null, não.
– Que bom revê-la também, Nique. - null disse, tentando disfarçar a carranca.
– Não posso dizer o mesmo. - a mulher respondeu e seguiu para dentro do lugar.
null a seguia de perto, bem como os homens. Todos seguiram hotel adentro até o final de um dos corredores do terceiro andar. Mesmo muito tarde da noite, tudo estava extremamente iluminado e somente se ouvia o som dos sapatos de todos pelo carpete. A última porta do corredor foi aberta pelos homens e com um sinal, Dominique pediu que todos esperassem do lado de fora, entrando no que parecia ser um dos seus escritórios, saindo de lá um pouco depois com uma maleta, ou o pagamento.
– Aqui está, como combinado. Um de meus assessores já está com o artefato. - Dominique disse, entregando a maleta para null, que foi sutilmente interceptada.
– Nós agradecemos pelo acordo e pela hospitalidade. - null disse na sua melhor pose de quem tem tudo sobre controle, mas ele mal sabia quem tinha feito a entrega, mas seu ego não o deixava sem agir.
– Obrigada! - null disse, sorrindo minimamente, seguindo com null pelo caminho que vieram acompanhados por um dos homens engravatados.
O quarto dos dois ficava um pouco distante de onde estiveram com Dominique, mas isso não causou irritação alguma em ambos, que não trocaram quaisquer palavras. Quando chegaram ao quarto, a primeira coisa que null fez foi se jogar na cama, com a roupa que estava e com a maleta. null ficou encarando da entrada do quarto até cortar o silêncio.
– Espero que tome banho antes de querer dormir de conchinha.
– Pensei que estava mal humorada demais para isso. - null disse aos risos.
– Você sabe que eu demoro um pouco para a personagem fria e calculista de cada roubo. - ela disse, se aproximando da cama. Não precisou de mais nenhuma palavra para que null fosse ao seu encontro e fizesse com que as suas roupas de festa se espalhassem pelo quarto.
Os beijos se intensificaram e o desespero para preencher cada espaço com o corpo do outro era desesperador. Quase sem fôlego, null interrompeu o beijo para recuperar o fôlego e empurrou null outra vez na cama. Ele a olhava como a sua próxima refeição e então ela entendeu que aquele era o momento.
– Estava pensando em tentar algo diferente para comemorar. - ela disse de forma sensual.
– O que tem em mente?
– O que acha de eu olhar nas suas gavetas? - ela se afastou um pouco e foi em direção a gaveta embutida ao lado da cama.
– Acho que vai ser um milagre achar algo útil. - null disse, sem tirar os olhos da mulher.
Alguns segundos vasculhando algo, null ergueu um par de algemas, que deixou null surpreso.
– Espertinho, como não me contou?
– Nossa, eu não fazia ideia de que guardava isso. - null disse entre risos.
– E isso aqui? - null disse, depois de puxar uma arma e apontá-la para null, que ficou ainda mais surpreso.
null, o que é isso? Não aponta essa coisa para mim. - ele disse, levantando as mãos e se afastando instintivamente do lado da cama em que ela estava.
– Deixa de ser medroso e deita na cama.
null, que brincadeira é essa?
– Só faz o que eu estou mandando. - ela disse, sem tirá-lo da mira.
Fazendo o que null mandou, null se deitou na cama e em poucos segundos já estava transpirando mais do que um porco e olhava para a mulher com os olhos arregalados. Ela o tinha acorrentado aos apoios da parede.
– Agora que você está do jeito que eu quero, podemos falar de negócios. - null o encarou totalmente nu e algemado na cama.
– Que negócios? O último fizemos agora a pouco com Dominique, você viu.
– Estou falando do dinheiro que você desviou do grupo, do dinheiro do item que você perdeu em Londres quando disse que agentes o cercaram e do dinheiro que ia roubar da gente quando acordasse primeiro que eu pela manhã, depois de ter me fodido a noite toda, mas hoje é dia de pagamento e eu estou muito mais a fim de receber dinheiro, do que outra coisa vinda de você.
Aquele tinha sido o auge, mas null ainda fazia de conta que estava no controle, ignorando totalmente que sua ex-parceira de vários meses estava apontando uma arma para ele, enquanto cobrava todo dinheiro desviado e devidamente escondido.
null, eu não sei do que você está falando. Se isso for uma brincadeira com a Chloe e o Javier, vocês venceram. Eu me borrei de medo. - null disse, tentando não perder a pose.
– Se a possibilidade de um tiro no meio da testa não está ajudando na sua cooperação, acho que alguns cortes podem.
– O que quer dizer com isso? - ele disse quando a viu tirar do coque uma faca pequena e pontuda. – O que vai fazer com essa faca? Escute, eu não sei de nada do que você está falando. - null começou a se mexer, inquieto, enquanto null se aproximava. Os olhos dela eram frios e calculistas, como se nunca tivesse deixado o personagem de lado.
– O que acha de eu arrancar suas bolas e deixar você sangrar até morrer?
null, por favor!! - o rosto de null mudou para um vermelho vivo e ele começou a implorar.
– Quer falar de negócios? - ela perguntou, enquanto ia com a faca em direção ao órgão sexual exposto do homem.
– O dinheiro está em uma conta em Londres, num cofre escondido atrás da cama do meu apartamento. Eu juro, só tem isso. – ele disse como se fosse chorar a qualquer momento. – Pode me soltar agora? Eu juro que vou esquecer isso.
– Esquecer isso? Você roubou a todos e nos fez de idiotas. Até o Lenny estava do seu lado, até você ser um cuzão e fazer a esposa dele ser presa.
– Aquilo foi um erro.
– Eu já disse que não gosto de erros.
– Você não acredita que eu seria capaz de incriminar uma mulher que só vi uma vez e que ajudou o grupo. Eu não faria isso.
– Você fez e se não me contar a combinação do cofre que está nesse quarto, eu vou dividir seu precioso pênis no meio. - null falou mais alto e firme do que esperava. Ela não esperava que ele fosse ser tão idiota de tentar argumentar.
– Nove - cinco - onze - nove. - ele disse, respirando fundo e visivelmente irritado.
– Meu aniversário? Sério isso? - null foi até o cofre e digitou a senha dita por ele. O bip logo em seguida sinalizou que o cofre tinha sido destravado.
Com uma habilidade mais do que conhecida por null, null guardou todo o dinheiro do cofre em uma mochila consideravelmente grande que estava dentro do mesmo cofre. Quando acabou de recolher todo o dinheiro e arrumou as malas perto da porta, voltou para perto de null, que observava tudo em silêncio.
– Se eu descobrir que você escondeu mais algum dinheiro da gente, pode apostar que vai ficar sem nada aí embaixo.
null se aproximou com a faca e acariciou a barriga do homem com a lâmina e então sem dar nenhum aviso, ela começou a desenhar letras de forma superficial, que fizeram o homem gritar com a dor sofrida. Aos poucos a palavra traidor tomava forma.
– Por que está fazendo isso? Você pode ter todo o dinheiro que quiser. - null disse, exausto dos cortes sofridos.
– Esse dinheiro não significa nada para mim, mas eu faço questão de gastar tudo com a equipe. Estamos no dia de pagamento.




Fim!



Nota da autora: Olá, muito obrigada por chegar até aqui. Espero que tenha gostado da história. ❤







Outras Fanfics:

The Scar Girl (Especial 20 anos Harry Potter no Brasil)
Loves In The Air (Especial 20 anos Harry Potter no Brasil)

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