03. Shelf

Última atualização: 05/02/2016

Capítulo Único

Eu era apenas um garotinho de oito anos de idade quando a vi pela primeira vez, e ela era a aluna nova da sala que havia sido transferida.
Lembro como se fosse hoje, de como ela entrou sem encarar ninguém, de cabeça baixa sempre olhando para o chão, lembro do seu cabelo preso em um rabo de cavalo alto e como ela estava vestida toda de rosa da cabeça aos pés, então a professora pediu para que ela sentasse na minha frente onde era o único lugar vago, e naquela hora quando ela olhou para mim e falou "oi" tão baixinho que foi quase impossível ouvir... bom... eu senti que algo em mim havia mudado, e se naquela época eu tivesse algum controle sobre o meu “eu” quando criança com toda a certeza do mundo eu falaria para ele: não se apaixone pela sua melhor amiga, vai ser uma roubada! Principalmente se ela preferir todos os caras… menos você.

Curitiba, doze anos depois.

She's such a flirt and I am the lonely heart, give it a chance for our love to start


- !!!!! - Escutei uma voz feminina histérica me chamando, e se fosse qualquer outra pessoa eu teria xingado de todas as formas possíveis e inimagináveis, até porque eu estava conversando com a Rebeca, minha digamos que "nova conquista", porém, não era uma pessoa qualquer... Era ela! A causa dos meus pesadelos e, por incrível que pareça, melhores sonhos também.
- Que foi? - Perguntei arqueando uma sobrancelha confuso com a animação da minha melhor amiga, e vi Rebeca revirar os olhos claramente não contente com a interrupção.
- Eu vou voltar para as minhas amigas, depois nós conversamos, gatinho. - Rebeca falou depois de praticamente a expulsar com um olhar de que o assunto era privado.
- Eu te mando um alô qualquer coisa. - Falei mexendo o celular no ar enquanto ela se afastava. - Você precisava tratar ela assim?
- Ah, me poupe! - falou enquanto sentava ao meu lado. - Daqui a pouco você já vai ter esquecido ela mesmo... Mas, o que eu vim falar aqui foi outra coisa.
- E o que é?
- Sabe o Kevin da engenharia? - Fiz o máximo pra não revirar os olhos, e apenas assenti com a cabeça. - A gente acabou se pegando na festa da Júlia ontem, e minha lista para a faculdade está melhor do que eu imaginava.
- Você vai continuar com essa ideia maluca? - Falei com o tom um pouco alterado, raiva borbulhava em mim e eu tentava fazer o máximo para mascara-la.
- Claro! - bufou. - Por que você fica tão chocado e tão bravo com isso? Se os caras podem pegar várias meninas e ser tratados como reis, por quê raios eu não posso também?
- Er... não é isso! - Suspirei, fechei os olhos fortemente e tentei deixar o ciúme de lado escondido junto com o que eu sentia por ela. - Eu não sou preconceituoso a esse ponto, se você quer ficar com várias pessoas sem compromisso isso é coisa sua... Eu só não quero que você deixe alguém que gosta realmente de você passar sem dar uma chance para se apaixonar. - Peguei em sua mão e encarei seus olhos tão profundamente que por minutos eu esqueci que o que existia entre nós era somente amizade.
pigarreou parecendo desconfortável e tirou sua mão da minha.
- Vou manter isso em mente. - Ela falou soltando um sorriso despreocupado. - Obrigada por ser o melhor amigo do mundo!
Então ela me deu um beijo do rosto e saiu com a bolsa em direção ao bloco onde acontecia suas aulas, e tudo o que passava pela minha mente era...
Melhor amigo.
Melhor amigo.
Melhor amigo.
Amigo.


But you'll never see if you don't give me a shot to show you what I've got


Tem uma coisa que poucas pessoas, ou quase ninguém sabe sobre mim. Eu tive uma namorada há uns dois anos atrás, ela era muito bonita e minha "alma gêmea", pelo menos era o que todos diziam, e então um dia tudo se perdeu, eu não sei se foi porque o que eu sentia por ela não foi o suficiente, talvez o fato de finalmente ter dado o seu primeiro beijo naquela época tenha colaborado um pouco com isso, e então eu comecei a agir como um namorado ciumento e não em relação à minha namorada, mas sim a minha melhor amiga. Então um dia eu estava namorando e no outro não estava mais, e por incrível que pareça ainda me lembro das palavras que minha ex usou quando terminou comigo.
- , eu não sou idiota! Eu sei que o que você sente por ela, nunca vai chegar a um terço do que eu preciso que você sinta por mim. - Ela suspirou e limpou uma lágrima que saiu dos seus olhos. - E não me olhe como se você não fizesse ideia do que eu estou falando! É tão óbvio que você é apaixonado pela . - Ela soltou uma risada descontente e saiu pela porta, não sem antes dizer as palavras que foram necessárias para que eu finamente aceitasse a realidade dos fatos. - Mas pelo visto isso não é óbvio nem pra ela e muito menos pra você!
E mesmo depois de dois anos terem se passado, e eu ter parado de fingir os meus sentimentos pelo menos para mim mesmo, a pessoa que deveria ter percebido alguma coisa nunca deu a mínima para nada a mais entre nós dois e talvez eu também não tenha me esforçado o suficiente.
- Ei garotão. - entrou no meu quarto e se jogou na cama ao meu lado. - Faz tempo que não veio aqui te visitar!
- Pois é! - Virei minha cabeça para o lado e sorri pra ela. - Você me trocou por todos os outros...
- O quê? - Ela abriu a boca chocada e deitou agora ao meu lado, os dois deitados lado a lado com as cabeças viradas e nos encarando, se fôssemos um casal essa seria a hora em que eu me aproximaria ainda mais e colocaria minha perna no meio das suas e lhe beijaria até ficar sem forças. - Eu nunca trocaria você por nada e nem por ninguém.
- Eu espero que não! - Deitei de barriga para cima e tomei coragem para fazer a pergunta que seria a chave para saber se valeria a pena investir em algo, ou esquecer pra sempre. - Você já pensou na gente como um casal?
- Como? - soltou uma risada desconfortável. - Nós somos melhores amigos, óbvio que isso nunca passou pela minha cabeça. - levantou da cama e começou a amarrar o cabelo sem me encarar em nenhum momento. - Até porque eu acho que isso nunca daria certo, não é? - Ela perguntou parecendo esperar que eu concordasse.
- Por que não? - Devolvi a resposta com outra pergunta, e completei baixinho. - Você nunca vai saber se não me der uma chance!
- O que você disse?
- Nada não! Esquece o que eu falei! Vamos pedir pizza?
- Pizza! - falou batendo palmas, parecendo aliviada pela mudança de assunto e por incrível que pareça eu também estava.

I held your hand It felt like a movie, I made some plans but you were already moving on and now I'm stuck under of a rainy cloud but you don't seem to care


Se tem uma coisa que eu sempre gostei na foi o jeito fácil que ela tinha de ganhar as pessoas, ela sempre era simpática com o motorista do ônibus, com os vizinhos, lojistas, garis, basicamente com qualquer desconhecido que aparecesse na sua frente, mas ela também era extremamente rude e mal educada se a pessoa a tratasse da mesma forma, ela era oito e oitenta e tudo o que eu mais queria era... que ela fosse minha.
Esse jeito dela de ser nunca me incomodou, pelo menos não até ela ter a ideia maluca no começo do ano de comprar uma agenda e nela anotar o nome, idade, "requisitos" e todas as informações inimagináveis e que ela achava interessantes sobre os caras com quem ela ficava, e eu sabia que sua personalidade ajudava e muito! Ela era apaixonante e os caras iriam perceber isso.
- , me diz se essa ideia não é maravilhosa! - havia me dito quando me contou sua ideia "brilhante".
- Você só pode estar brincando! - Soltei uma risada nasalada. - Isso seria como se você estivesse meio que colocando todos os caras em uma prateleira como se eles fossem troféus!
- Isso! Exatamente isso... - Ela riu e me deu uma piscadela maldosa.
Essa era outra coisa que me irritava nela, o fato de ela não gostar de ser contrariada. Se você a julgasse e não fosse a favor da sua ideia, então era exatamente aquilo que ela faria só pra mostrar que ela era independente e que podia. Assim como ela estava fazendo nesse mesmo momento.
- , você não precisa fazer isso pra me provar que é capaz! Não foi isso que eu quis dizer! - Revirei os olhos enquanto ela me encarava com os olhos semicerrados.
- Eu não vou fazer isso para provar nada pra você, vou fazer porque eu quero! - Ela bufou trotando em direção à bilheteria do cinema e eu a segui tentando conter o riso que queria sair de mim.
- Boa tarde, posso ajudar? - Um menino cheio de espinhas e com o uniforme da Cinemark perguntou entediado.
- Oi, tudo bem? - Viu! Eu não disse que ela era simpática com todo mundo. - Nós queríamos dois ingressos pro filme de terror que tá em cartaz, por favor!
- Você tem certeza? Ainda dá tempo de desistir!
- Cala a boca, !
Assim que entramos na sala de cinema agarrou minha mão como se aquilo fosse a coisa mais importante para ela, e assim ela ficou pelo próximos 90 minutos que se seguiram, eu não acho que ela tenha visto muito coisa até porque grande parte do tempo suas mãos estavam tapando os seus olhos, apesar da frestinha que ela deixava entre os dedos que permitia que aquela tentativa fosse frustrada. Ela gritou e praticamente esmagou minha mão, mas ela não a soltou e eu agradecia mentalmente por isso. Na minha cabeça passava um filme sobre como aquilo parecia certo. e era uma ótima combinação.
Imaginei que se nós fôssemos mais que amigos seria naquele momento que eu passaria a mão em sua bochecha e lhe beijaria dizendo que curaria todos os seus medos apenas com meus beijos, e tudo ficaria bem, mas infelizmente essa não era nossa realidade e eu odiava quando ela fazia questão de esfregar isso na minha cara.
- Obrigada por segurar minha mão, mesmo você sendo o culpado por eu ter visto esse filme ridículo! - riu e me deu um empurrão.
- Ei, eu não te obriguei a nada! - Fiz uma cara de falsa indignação. - O que você acha da gente ir no Burguer King e beber refrigerante como se não houvesse amanhã?
- Sobre isso... Eu espero que você não fique chateado!
Eu já estava chateado.
- Por quê? - Perguntei já suspeitando do que viria a seguir.
- Eu combinei de lanchar com o Marquinhos, aquele menino que eu conheci semana passada! - minha amiga deu um sorriso culpado e beijou minha bochecha. - Mas eu adorei a nossa tarde!
- Sim, claro! - Dei um sorriso forçado. - Você tem sua agenda para cumprir.
- Isso! Menino esperto...
Ela se virou e se foi sem olhar pra trás, por um momento passou o pensamento pela minha cabeça de que tudo o que eu teria que fazer era dizer que eu não queria que ela fosse e ela ficaria, mas eu não iria fazer isso! Por dois motivos: 1- eu era um covarde. 2- eu ainda sou um covarde.

But it's too late to pretend you know me better than I know myself, don't take my heart and put it on a shelf


Uma semana.
Esse era o tempo que eu estava trancado em casa, me movendo apenas de casa para o trabalho e do trabalho pra casa. Sem noticias de e fazendo o possível para que continuasse assim, eu estava realmente cansado de ser sempre o melhor amigo bondoso e ouvinte, o trouxa apaixonado! Mas eu sabia que não conseguiria ficar no escuro por muito tempo, e todas as mensagens e ligações de me diziam exatamente isso, por isso eu decidi que seria burrice e idiotice ignorar mais uma de suas chamadas, afinal ela não fazia ideia do que realmente se passava na minha cabeça.
- Alô. - Atendi o telefone tentando parecer despreocupado, como se uma semana de sumiço fosse completamente normal.
- Olha só quem decidiu atender o telefone! - Ela falou com uma voz que demostrava claramente a irritação que ela provavelmente estava. - Mas você não teria escolha mesmo, viu senhor !
- O que você quer dizer com isso? - Perguntei confuso.
- Que eu estou na porta da sua casa e é melhor você abrir logo essa merda antes que eu arrombe e dê um soco na sua cara. - Tentei não rir com o que ela havia me dito, mas foi praticamente impossível já que era uma anã e seria muito engraçado ver ela tentando arrombar uma porta.
- Do que você tá rindo, seu babaca? - Ela perguntou e quando eu percebi que um discurso viria em seguido, me apressei e abri a porta.
- Oi baixinha. - Falei com um sorriso inocente, e fui recebido com vários socos no peito. - Aii, isso dói!
- Bem feito! Posso saber qual foi a desse sumiço? Isso nunca aconteceu antes! - Ela perguntou depois de deixar a bolsa no sofá, o que era quase que um ritual seu toda vez que vinha na minha casa.
Assim que me dei conta da pergunta comecei a me sentir nervoso, eu sabia que dessa vez eu não poderia ficar quieto na minha, ela me conhecia melhor do que ninguém, sabia todas as minhas qualidades, defeitos, medos e manias e era mais do que óbvio que um dia a pergunta viria e aquilo tudo estava prejudicando a nossa amizade e se eu não fizesse nada a respeito eu tinha medo do que poderia acontecer, foi como se eu tivesse tomado uma injeção de coragem.
- Você tem certeza que quer saber a verdade? - Perguntei apenas uma vez e se a resposta fosse não, eu juro que faria o máximo para conviver com o sentimento e nunca mais tocar ou sequer me deixar pensar nesse assunto. - Tem mesmo?
- Tenho. - Ela respondeu parecendo um pouco receosa, como se ela soubesse o que eu tinha pra dizer e tivesse medo do que sairia da minha boca.
- A verdade... - Me aproximei de e coloquei uma mexa do seu cabelo que estava caída no rosto atrás da orelha, e a vi engolir seco. - A verdade é que desde a primeira vez que coloquei os meus olhos sobre você, eu sabia que algo havia mudado em mim e sabe? Eu tentei mascarar aquele pensamento com outras garotas, outras coisas e olha só... - Suspirei. - Uma namorada que eu tive terminou comigo por sua causa, ela disse que não queria ficar com alguém que não olharia para ela da forma que eu olhava pra você... Então a verdade, , é que eu estou e sempre fui completamente apaixonado por você!
- O quê? - Ela perguntou com os olhos arregalados. - Talvez seja melhor nós termos essa conversa uma outra hora!
Quando eu percebi que minha até então melhor amiga estava praticamente correndo em direção à porta e fugindo de mim eu puxei-a e prensei seu corpo na parede, estávamos tão próximos um do outro que eu podia jurar que ela estava sentindo os batimentos acelerados do meu coração, nossas respirações descompassadas e o silêncio eram nossa companhia naquele momento.
- Você precisa saber que eu não posso deixar você ir embora antes de...
Então eu beijei-a, por alguns segundo ficamos apenas com as bocas encostadas uma na outra, então ela abriu seus lábios lentamente e finalmente nossos línguas entraram em contato e foi como se um choque tivesse nos atingido, o beijo calmo que se iniciou começou a ficar acelerado, mordidas em meio aos beijos, eu chupava sua língua em meio a gemidos de prazer, aquela garota estava tirando qualquer senso que eu tinha, minha mão na sua nuca forçando seu corpo cada vez mais próximo do meu, minha ereção encostada na sua barriga e gemidos eram ouvidos apenas por nós dois, perdidos em uma pequena fração de segundo em que o mundo era nosso por um momento, eu beijei-a como se aquele fosse o nosso primeiro e último beijo.
- Isso tá errado, ! - Ela falou me afastando. - Meu Deus!
- Errado? - Falei com irritação.
- Por que você nunca me contou nada disso? - Ela perguntou tentando recuperar o fôlego, seus olhos nublados de confusão e desejo reprimido.
Senti a irritação se apoderar cada vez mais de mim, e eu sabia que aquilo acabaria por fazer com que eu falasse algo que iria me arrepender muito brevemente.
- Porque eu não queria contar, e acabar por ser apenas mais um coração partido para a sua prateleira de conquistas!
- O quê? - Ela disse incrédula balançando a cabeça para os lados. - Eu não acredito que você teve coragem de falar uma coisa dessas...
- .. - Suspirei. - Eu não... Merda!
- Quer saber? Deixa pra lá.
Essa foi a última coisa que eu ouvi depois da porta se fechar com um estrondo.

Always some one else, the next guy who will make your cold heart melt, I'm gonna give my love to some one else


Três dias haviam se passado desde aquele beijo e ele não saía da minha cabeça, eu continuava pensando que talvez eu tivesse estragado com uma amizade de anos e aquilo machucava mais que tudo, eu não queria perdê-la e então eu tinha decidido que iria conversar com , ela querendo ou não.
Eu estava na faculdade em frente ao bloco B que era onde aconteciam suas aulas, tinha passado várias vezes o discurso com todos os argumentos e tudo o que eu falaria assim que a visse, mas eu esqueci tudo no momento em que ela saiu pela porta em um vestido que deixava suas belas pernas à mostra.
- ! - Chamei-a receoso me preparando para ser xingado, ignorado ou recebido com o soco que ela havia me prometido, mas foi totalmente o contrário.
- Oi, ! - Ela falou vindo em minha direção com um sorriso que para qualquer pessoa seria extremamente simpático, mas para quem a conhecia que nem eu sabia que ele era falso. - Tudo bem?
- Nós precisamos conversar! - Falei serio, passando pelo meu olhar que eu não estava para os joguinhos que ela estava disposta, eu não iria ignorar.
- Sobre o quê? - Ela perguntou me suplicando com o olhar para que eu mudasse de assunto.
- Você sabe muito bem do que se trata!
- Ei, gatinha! Eu estava te procurando por todo lado. - Nosso assunto foi quebrado no momento em que Nicholas, um garoto da sala dela chegou e a abraçou por trás enquanto depositava um beijo no seu pescoço.
Encarei aquela cena sentindo meu corpo tendo e uma vontade de quebrar a cara dele se apoderar de mim.
- E aí cara, beleza? - Nicholas falou estendendo a mão para mim, eu apertei-a em um cumprimento. - Você deve ser o melhor amigo, certo?
- Isso, eu sou o amigo. - Respondi enquanto olhava para uma , que fazia de tudo menos me encarar nos olhos.

Com certeza eu deveria estar parecendo patético sentado no chão encostado na parede, foi assim que eu permaneci depois que e Nicholas saíram de mãos dadas como se fossem o casal mais feliz do mundo.
- Oi, lindo! - Rebecca falou sentando ao meu lado. - Você tá bem?
- Sabe... Eu sempre imaginei várias coisas que poderiam acontecer caso eu falasse o que sinto pra pessoa que eu gosto, mas nunca pensei que seria assim!
- Você tá falando dela, não é? - Rebecca sabia de quem se tratava e sinceramente isso não me surpreendia. - Eu sempre soube que você gostava dela, e acho que todo mundo desconfiava, mas eu sempre achei ser recíproco e sabe, ... Ela estava estranha nesses três dias, andando de cabeça baixa pelo corredores sem a alegria contagiante que ela sempre tem... Então o Nicholas que é um cara com quem ela tinha ficado há um tempo atrás pareceu querer se aproveitar e chegou nela de novo, afinal ela tinha dado o maior pé na bunda dele no tempo em que eles estavam juntos!
- Então quer dizer que não levou nem três dias direito pra ela esquecer tudo! - Soltei uma risada descontente.
- Sabe o que eu acho? - Ela perguntou virando meu rosto em sua direção.
- O quê?
- Eu acho que você deveria dar o seu coração para alguém que desse valor pra pessoa maravilhosa que você é... E eu seria essa pessoa! - Rebecca falou me olhando nos olhos. - Eu gosto de você!
Por que não?
Talvez fosse isso mesmo que eu precisava. Talvez o melhor seria eu tentar dar o meu amor para outra pessoa, e foi com esse pensamento que eu beijei Rebecca, tentando esquecer a pessoa que fazia meu coração bater mais forte.

I'm tired of wasting all my time, my heart is hangin' on the line. Is it me girl or some one else? Please take me off the shelf


Se me dissessem que eu iria ficar dois meses sem ao menos falar com , eu teria rido e dito o quanto aquela pessoa deveria estar fora de si, mas bem... Isso aconteceu!
Estar com Rebecca era algo que ocupava minha mente, e ela gostava de mim e fazia de tudo para me mostrar, era bom beijá-la, até mesmo o sexo com ela era bom, mas eu não poderia comprar com nenhum momento simples que tive com , como nossas sessões de séries no sofá da sala com muita pipoca e brigadeiro, ou quando escolhíamos uma banda aleatória e ouvíamos até enjoar e então procurávamos outra e fazíamos tudo de novo, quando ela me arrastava para o shopping para ir às compras com ela... Nada se comparava à sensação que era estar ao seu lado, nada era melhor do que estar com ela e quando eu ficava sozinho no meu quarto eu só conseguia pensar o quanto eu queria estar com ela, o quanto eu trocaria tudo para tê-la nos meus braços, mas então eu me lembrava que nesse meio tempo em que estivemos sozinho ela teve mais romances do que eu tive no ano todo.
- Um doce por seus pensamentos! - Rebecca falou, estávamos os dois sentados no sofá da minha casa.
- Você não iria gostar de saber! - Eu sei que não deveria ter sido tão honesto, mas eu estava cansado de fingir, cansado de viver um relacionamento por fachada, cansado de perder o meu tempo.
- Sabe, eu tentei! Juro que tentei e foi bom... Não foi de todo ruim! - Ela riu triste.
- Ah, de novo não! - Suspirei. - Não acredito que outra namorada vai terminar comigo por casa dela!
- Infelizmente é isso que vai acontecer, sim! - Rebecca riu agora divertida, me deu um selinho e levantou. - Eu adorei o nosso tempo juntos, mas talvez seja hora de você tentar fazer vê-la de que amar alguém não é tão ruim quanto ela acha.
Assim que Rebecca saiu pela porta eu comecei a pensar se não seria de todo ruim tentar mais uma vez.

Olhei mais uma vez para a porta da casa da e pensei se eu deveria mesmo estar fazendo aquilo, será que valeria a pena? Mas antes que tivesse a chance de fugir a porta se abriu.
- Por quanto tempo você vai ficar aí e não vai entrar? - perguntou.
- Eu não sei.
- Entra, !
Fomos em direção ao seu quarto e nos sentamos na cama, tudo estava da mesma forma, mas de algum jeito parecia diferente, fazia tempo que eu não aparecia ali, fazia tempo que eu não a olhava tão de perto.
- Eu senti saudades. - Ela falou com lágrimas nos olhos.
- Eu também. - Sorri.
chegou perto de mim e então me abraçou, lágrimas escorriam dos seus olhos e eu apertei-a com toda a minha força, naquele momento eu só queria minha amiga comigo, eu faria de tudo para não perdê-la.
- Sabe... - Ela falou com os lábios próximos do meu ouvido enquanto ainda estava agarrada a mim. - Eu sempre tive medo de me apaixonar por causa desse sentimento, essa coisa de a pessoa estar vinte e quatro horas por dia na sua cabeça, necessitar dela a todo o momento, e só se sentir completa quando ela está do seu lado, essa dependência como se fosse um vício, uma droga... Eu tinha medo de o abraço dela ser meu porto seguro, e de amar o cheiro dela mais que tudo. Eu não queria isso pra mim... Mas no momento em que eu senti que havia te perdido, foi como se o meu coração tivesse sido arrancado de mim e eu pensei "puta merda, eu já amo alguém e agora eu o perdi por burrice". - Ela riu. - Que irônico, né? Eu achava que amar alguém mais que amigo era algo ruim, mas eu já te amava antes de saber que te amava... E quando eu percebi que te amava, eu vi que não era ruim, porque os meus melhores momentos, melhores sorrisos, melhores coisas foram com você, e sabe? Eu gostei.
- Pera! - Ri. - Você tá dizendo que...
- Sim, ... Eu estou dizendo que te amo!
- M-mas por que você não me falou isso antes? - Perguntei agora com uma expressão irritada.
- Porque eu achei que tinha arruinado tudo, e eu sabia que tinha feito você sofrer muito... Eu só queria que você fosse feliz. - Ela fungou e olhou nos meus olhos. - Mas então você apareceu aqui e eu soube que talvez eu tivesse uma chance.
- Você tem! - Praticamente gritei e fiquei vermelho quando ela riu. - Eu amo você.
- Eu também. E aí, você tá preparado pra ser o único na minha prateleira?



Fim.



Nota da autora: Eu nem acredito que consegui terminar... Gente, eu perdi e tive que reescrever essa fic não uma, mas sim duas vezes!!! Isso mesmo :( Queria agradecer a Mariana, Carol, Fran e até a Tak (que eu fui encher o saco no whatsapp sem motivo aparente) pela paciência... Beijos e até a próxima!





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13. I'll Be Okay - Ficstape #011
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