Capítulo Único
Dois anos atrás.
não podia imaginar que estava de volta depois de tantos anos, depois de longos dez anos longe da rua com casas brancas e grandes jardins, longe de sua melhor amiga e, principalmente, longe do tão amado sol que agora parecia abraçar sua pele morena como se fosse uma avó preocupada com a falta de cor causada pelo ar londrino. estava de volta e aqueles seriam três encantadores anos que ela viveria na casa de Sophie. A garota respirou fundo, soltando as malas ao seu lado e sorriu ao encarar a jovem com incríveis cabelos escuros, dentro de uma touca cinza, abrir a porta. O som da buzina havia avisado para a dona da casa que, finalmente, sua melhor amiga estava de volta e ela não esperou muito em sair do sofá para abraçá-la como não fazia há muitos anos.
— Oh, garota, você está um arraso. – Sophie comentou animada segurando a amiga pelos ombros para poder observá-la melhor. Ela estava bem mais alta do que quando saiu, seus cabelos agora tinham ondas azuladas nas pontas e a pele morena ainda estava mais bonita do que anos atrás. – Meg irá amar seu cabelo, ela gosta de cores diferentes. – Comentou lembrando-se com carinho da sua mais nova namorada.
— E eu não posso esperar parar conhecer a pessoa que te aguenta por livre espontânea vontade. – sorriu largamente, logo pegando suas malas para que sua amiga percebesse o quanto ela queria entrar na sua nova casa. Ela já conhecia a sua nova moradia, afinal perdia a maior parte da sua infância usando o grande armário no final do corredor como um ótimo esconderijo no pique esconde.
— Será incrível viver com você, minha mãe está animada com a ideia de ter mais um integrante que vale a pena na família . – Riu divertida, abrindo a porta para passar com as malas. A amiga só sorriu em concordância, ela ainda se lembrava das incríveis guerras entre as duas meninas e o seu irmão gêmeo. – Seu quarto será o antigo quarto da bagunça do . – Comentou se pondo a frente da menina, começando a subir as escadas, virando sempre a cabeça por cima dos ombros quando explicasse algo. – Mas mamãe o fez limpar tudo, não se preocupe. – Parou de dizer assim que chegou ao extenso corredor que abrigava os quartos da casa. – Eu não acho que tenha que apresentar algo para você, nada mudou desde que você foi embora. – Sorriu indo em direção à penúltima porta da esquerda que, pelo o que a menina se lembrava, seria seu novo quarto.
— Ele está dormindo? – Perguntou apontando para a porta, decorada com avisos clichês de perigo, que estava exatamente no lado oposto da sua.
— Ele deve estar assistindo algum vídeo pornô. – Respondeu sem prestar muita atenção na pergunta, ela não fazia ideia se o irmão ainda estava dormindo ou se masturbando. Sophie abriu a porta após retirar as chaves do bolso e entrou no pequeno cômodo de paredes azuis recheadas de pedaços de posters que não saíram completamente. – Você pode pintar depois, ou fazer com que minha mãe faça de empregado e pinte para você.
— Eu gostei. – Deu de ombros ainda levando seu olhar à sua volta. Ela se lembrava daquele quarto cheio de partituras jogadas pelo chão e instrumentos musicais devidamente arrumados, mas agora era apenas uma cama de solteiro, uma cabeceira e um pequeno guarda-roupa que ficava do lado oposto à cama. – Eu acho que vou dormir um pouco antes de resolver arrumar qualquer coisa. – Foi até a cama sentando nela e quicando um pouco para sentir o colchão.
— Eu vou te deixar dormir então. – Sophie sorriu virando-se para ir até a porta, mas logo parando e correndo para dar um abraço desajeitado em sua melhor amiga, que retribuiu com o mesmo apego. – Eu senti sua falta. – Disse ao se afastar e deixando sozinha com todo o ar nostálgico que aquele lugar trazia. Olhou para o teto, se jogando na cama assim que ficou sozinha, e não impediu o sorriso divertido ao ver que a marca redonda ainda estava ali para lembrar-se do dia que ela e sua amiga quase destruíram o violão de após ele ter contado para todos que ela tinha piolho.
— Ele é tão estúpido para ser o meu irmão. – Sophie comentou ao observar de longe os dois garotos entrarem no refeitório com toda a pose e cena clichê de entradas possíveis, faltava apenas as explosões atrás deles, já que a jaqueta de couro e os óculos escuros já estavam sendo devidamente usados.
— Você não deveria ser tão dura com seu irmão, amor. – A menina, com incríveis olhos azuis e cabelo num tom diferente de roxo, disse para a namorada sentada ao seu lado ao segurar sua mão por cima da mesa.
— Meg, você já viu o jeito que ele anda como se fosse o rei desse lugar? – A encarou, incrédula. – Eu deveria ter batido mais nele quando era menor. – Disse como se aquela fosse a maior verdade que já havia dito sobre seu irmão. Não que eles não fossem inimigos, ou qualquer coisa, na verdade, eles sequer rotulavam sua relação, o destino tinha decidido fazer isso por eles ao deixarem eles dois como irmãos, então não havia nada para fazer sobre isso. E que esse mesmo destino lidasse com as consequências das suas escolhas.
— Ele é tipo o pior estereótipo de garoto popular – A morena sentada de costas para toda aquela cena na entrada comentou, mexendo na comida no seu prato. – Ele não seguiu a regra de evolução. É patético. – Jogou seu corpo nas costas da sua cadeira, se reconstando enquanto cruzava os braços.
— Vocês já decidiram se vão participar do Sarau? – A última menina que ainda permanecia calada na mesa redonda perguntou com a voz lenta e baixa, mudando completamente o assunto. Ela e Megan eram as únicas da mesa que não destilavam seu descontentamento com a dupla de garotos. – , você precisa me ensinar a fazer aquilo com os pés. – Pediu jogando mais batatas que ela poderia mastigar na sua boca ao mesmo tempo.
— Dançar? – Respondeu sarcasticamente ganhando uma risada alta de Sophie que levantou a mão para ganhar um hi-5 em apoio.
— Eu estou ansiosa para o Sarau. – Megan comentou animada, ganhando respostas das mais distintas na mesa. Enquanto sua namorada ao seu lado a puxou para um abraço de lado, só continuou enfiando mais batata que conseguia na boca por segundo e deu de ombros sem animação. Elas eram um quarteto e tanto, todos sabiam disso. e Sophie se conheciam desde crianças por serem vizinhas, e sempre tiveram o mesmo gênio forte, uma briga das duas nunca era algo divertido de se presenciar, menos para , é claro, ela amava observar qualquer discussão enquanto comia biscoitos calóricos e tomava sua inseparável coca-cola, mas ainda assim ela era preguiçosa demais para participar de suas próprias brigas. Ela conheceu as garotas já na adolescência graças ao seu irmão adotivo que virou melhor amigo do irmão de Sophie. As garotas logo viraram um trio inseparável que quando chegou ao Ensino Médio foi completo pela quarta garota; Megan, a qual já namorava Sophie há um ano.
— Eu não vou participar disso. – diz após um silencio se instalar no grupo, ganhando toda a atenção para si. – Não gosto de plateia. – Completou como se apenas tivesse que se explicar.
— Eles vão estar chapados demais para prestar atenção em você. – acenou em concordância apenas ouvindo a conversa, prestando atenção apenas no rotulo das suas batatinhas. – Menos eu, é claro. Eu vou fazer questão de filmar tudo e usar contra você quando quiser algum favor. – Piscou Sophie, ganhando uma revirada de olhos de . – Quantas batatas vêm nisso, ? – Sua atenção foi rapidamente deslocada para a garota.
— É outro pacote. – Respondeu dando de ombros. Suas amigas só assentiram sem resolver começar uma discussão sobre o quanto aquilo poderia ser prejudicial para qualquer pessoa que quisesse chegar aos quarenta anos sem um problema no coração.
~*~
— Ei, Tommy. – jogou sua mochila no chão assim que adentrou o espaço cercados por espelhos, levando seu olhar até o homem parado do lado do pequeno bebedouro. Aquela seria a primeira aula do aluno novo e ela não estava com um bom pressentimento sobre aquele homem, mas sinceramente era bom saber que se tudo desse errado ela poderia extravasar sua raiva em alguém. – O senhor misterioso apareceu? – Perguntou se reencostando nas barras que ficavam do lado oposto que ele estava na sala.
— Você nem o conhece, . – Revirou os olhos ao observar a garota bufando. Eles não eram amigos há muito tempo, mas ainda assim ele a entendia como poucas pessoas. Principalmente, porque ele entendia o quanto ela era talentosa quando a viu dançando pela primeira vez para conseguir aquele emprego. – E ele é quase da sua idade, vocês podem funcionar. – riu sem humor, tirando o casaco e o jogando para longe. Não era como se aquilo fosse ser melhor, claro que não ser um homem de cinquenta anos ajudaria, principalmente porque eles eram os que causavam mais problemas, mas ela sabia bem o quanto os seus colegas de classe podiam ser estúpidos e logo estava mais impaciente que antes.
— Ele poderia ser pontual pelo menos. – Ela não esperava uma resposta, não de alguém como Tommy que tinha a personalidade muito parecida com a da Megan, ela só esperava um silencio que iria se perdurar até que alguém resolvesse se pronunciar, e , por muito pouco, não amassou a barra em sua mão quando ouviu uma tosse e levantou seu olhar, avistando um sorriso conhecido pelo reflexo do espelho na sua frente.
— . – O garoto ajeitou a mochila nos seus ombros e não deixou o sorriso morrer nem por um segundo. Na verdade, não tinha o porquê dele estar fazendo algo diferente de sorrir largo e divertido para toda aquela cena, a melhor amiga da sua irmã e moradora de sua casa estava praticamente bufando de ódio pelo destino ter a capacidade de brincar com ela daquela maneira. Não era nada divertido. Era mortífero e se aquele fosse um filme, ela o mataria com seu olhar fulminante naquele momento. E, bem, não era um filme, então teria que usar suas próprias mãos com muito prazer. E ela faria.
— . – Virou-se para encará-lo diretamente. Ele era bem parecido com sua melhor amiga fisicamente. Seus cabelos negros desgrenhados – que jurava nunca terem sido penteados – o davam um ar de rockeiro de alguma banda indie e seus olhos castanhos formavam, definitivamente, uma beleza estonteante e digna de todos os suspiros causados no colégio. E isso só aumentava a raiva que sentia pelo garoto, até porque nem mesmo ela era imune a sua beleza. – Imagino que esteja perdido. – Comentou do jeito mais irônico que ela poderia conseguir.
— Não, na verdade, não. – Riu e jogou a mochila de forma desleixada no chão e se aproximando da garota que já havia se virado de costas para ele, mantendo o olhar apenas pelo reflexo. – Você consegue andar nisso? – Perguntou curioso, tocando nas barras que segurava fortemente. Ela o encarou de rabo de olho e bateu nas mãos do garoto, que a encarou em espanto.
— Não toca em nada. – Disse voltando a encarar o espelho e endireitando sua postura para começar a se alongar. havia decidido ignorar o garoto parado ao seu lado até que ele cansasse e fosse embora. Mesmo que no fundo ela soubesse que não era do tipo de desistia fácil, principalmente quando isso incluía perturbá-la. – O que você quer? – Perguntou impaciente.
— Achei que não fosse perguntar. – Respondeu ironicamente e se virou para encará-la, se escorando nas barras. – Eu preciso que você me ajude...
— Não. – O interrompeu rapidamente, continuando a se alongar como se estivesse sozinha.
— Você nem sabe o que eu iria pedir, . – Bufou e cruzou os braços. – Olha, eu sei que você me odeia... – Viu a garota assentir com a cabeça e revirou os olhos. – Eu também não gosto de você, , é recíproco, acredite. Mas eu preciso que você me ajude a dançar.
— Não. – Ela o encarou, pela primeira vez, desviando sua atenção do reflexo e virando-se para o garoto, ficando os dois de braços cruzados. – Era só isso? – Perguntou o encarando de forma cansativa.
— Eu estou pagando, ... – A lembrou.
— Se você está pagando então por que está me pedindo como favor? E por que você está pedindo pra mim? – Tentou não soar tão ríspida, mas logo se lembrou de que ela não precisava ser simpática com aquele cliente em especifico. Ele era só o irmão idiota da sua melhor amiga a perturbando fora da escola.
— Eu não sabia que era você, tá legal? – Respondeu levantando as mãos em sinal de rendição. – Eu não sabia nem que você tinha talento para fazer algo além de ser uma metidinha irritante com notas boas. – franziu o cenho em indignação e revirou os olhos. – Mas agora que eu sei que é você, já paguei por todas as aulas e não tenho mais dinheiro para gastar no mês sem que minha mãe me encha o saco. – Enumerou todos os pontos com seus dedos. – Eu preciso que você me faça um favor. – Pediu e a garota apenas fez um sinal com a cabeça para que ele continuasse. – Preciso que você mantenha em segredo que eu estou fazendo aulas de dança. – Murmurou desviando o olhar para um ponto distante de , que apenas riu. – O que foi? – Voltou a encará-la de forma impaciente.
— Como eu vou colocar meu plano em prática de destruir sua imagem agora? – Perguntou tentando soar séria, mas com o deboche na voz bastante perceptível para qualquer um que a conhecesse.
— Você é muito irritante. – Os dois passaram a se encarar por alguns segundos, no inicio nada muito intenso. apenas pensava em como ela teria que lidar com o garoto mais insuportável por duas horas a cada dois dias na semana. já tentava entender como ele havia sido enganado por aquela menina na sua infância e seus laços rosa brilhantes. Meninos de sete anos são idiotas.
— Você é patético. – Disse séria, ainda sustentando seu olhar nos olhos castanhos do garoto. Quem entrasse na sala naquele exato momento notaria toda a tensão em volta dos dois jovens, mas para eles dois não era nada além de um incrível desconforto unindo-se a uma incrível vontade de disputa. Após alguns segundos intensos de encarada entre os dois, sorriu. Um leve, irônico e torto sorriso sem o mostrar dos dentes seguido de uma simples piscada que fez com que fechasse mais sua feição. – Sai. – Apontou para a porta.
— Você trabalha para mim agora, , deveria ser mais amável ou eu posso contar para o seu chefe e ele pode acabar com sua marra e o seu emprego. – Disse sem deixar o sorriso morrer. No fundo, não teria coragem de fazer isso, mas tinha a pior imagem do jovem, algo que ele gostava de sustentar perto dela, então ele gostava de manter os personagens que foram criados.
— Jura? – Perguntou com o alto grau de sarcasmo na voz. – Eu posso contar para sua mãe sobre sua maconha escondida. – Franziu o rosto fingindo confusão. – Ou eu posso contar para os seus amigos idiotas das suas aulas de dança. Olha, , eu acho idiota você basear sua frágil heterossexualidade em uma inocente aula de dança, mas seus amigos são idiotas, sabe? Eles vão pensar que você está usando roupa de balé e etc, e vamos ser sinceros... – Aproximou-se dele e cochichou. – Eu não iria me sentir uma pessoa ruim se mentisse sobre isso para todo mundo.
— Você é a pior pessoa que eu conheço. – Afirmou e a garota deu de ombros com um pequeno sorriso orgulhoso. – Preciso que me prometa que não vai contar pra ninguém. – A garota o encarou por alguns minutos como se pensasse naquela proposta.
— Tudo bem. – Disse simplesmente virando-se para ficar de frente para a barra e começar a fazer suaves movimentos com os braços. Ela estava sendo observada por um boquiaberto que já tinha preparado até mesmo as ofensas caso ela negasse, mas tudo o que ele conseguiu foi abrir a boca e não proferir nenhuma palavra sequer.
— Tudo bem? – Perguntou receoso após um tempo, vendo a garota se afastar dele indo para o outro lado sala, o ignorando completamente.
— Eu tenho coisas mais importantes para fazer do que me preocupar sobre sua fama de macho alfa, . – Respondeu ainda de costas para ele. – Mas claro, minha indiferença termina se você encher muito minha paciência nas aulas. – Virou para o garoto que a encarava um pouco desconfiado. – Vamos fazer isso rápido, ok? Eu não quero ter que olhar para o seu rosto mal diagramado de cantor de banda de festival hipster por muito tempo.
— As garotas não costumam reclamar. – Disse com o característico sorriso pretensioso que ele dava ao se gabar de sua grande lista de admiradoras.
— Strike one. – Enumerou com o dedo. – Não se vanglorie por nada aqui dentro. Não seja machista aqui dentro. Se você for pensar em dizer algo aqui dentro que não tenha a ver com passos de dança, apenas pense e não ouse abrir a boca. – Falou encarando o garoto, que fez o gesto de zíper na boca e assentiu. apenas bufou e ficou de costas para ele de novo. – Volta amanhã e, pelo amor de qualquer Deus que exista, chegue na hora.
— A garota demorou mais do que eu pretendia para colocar a roupa... – Comentou despreocupado, mas logo foi interrompido por .
— Strike two, . – Falou impaciente. – Mais um e você está fora do jogo e minha indiferença acaba com você levando junto seu segredo estúpido.
— Não vai pedir nada em troca desse favor? – Perguntou enquanto endireitava sua mochila nas costas, pronto para ir embora. Ele sabia que ela não iria mudar de ideia sobre começar as aulas hoje. O que era um grande problema, precisava aprender a dançar o mais rápido possível para o bem do seu futuro e de todas as coisas que ele queria. E eram muitas.
— Como se você pudesse me dar algo que eu queira. – Disse com um tom esnobe. – Nem se atreva a fazer alguma piada sexual envolvendo eu e você na mesma frase, . Não se atreva. – Disse rápido, pois ela percebeu a brecha que tinha dado e mesmo estando de costas para o garoto, ela o conhecia tempo suficiente para saber que ele já estava com seu típico sorriso no rosto e a resposta na ponta da língua. E, bem, ela estava certa.
— Eu sou realmente tão obvio para você, ? – Perguntou conseguindo apenas uma bufada impaciente da garota. – Às vezes, eu me esqueço de que eu te conheço desde que você tinha piolho. – Parou um pouco antes de continuar com a brincadeira. – Ou foi antes do fiasco da sua festa de quinze anos? Eu não consigo me lembrar. – A garota rapidamente se virou para ele com a pior expressão que ela conseguia. praticamente bufava de ódio para o garoto, que levantou as mãos em sinal de rendição enquanto andava de costas até a porta. – Brincadeirinha, relaxa. – Riu divertido. – Eu amei sua festa de quinze anos, foi a melhor festa que eu já fui até hoje. E você sabe que eu vou para muitas...
— Se você não quer morrer, eu aconselho a sair daqui antes que eu comece a andar. – O ameaçou de forma tão convincente que qualquer pessoa realmente acreditaria que ela o mataria se tivesse o instrumento para isso no momento, mas deu uma leve piscada antes de virar seu corpo e sair pela porta.
— Você vai realmente fazer isso? – perguntou enquanto olhava atento para todos os lados, esperando qualquer sinal de aproximação para avisar . O garoto, de cabelos loiros amadeirados e boné com a aba para trás, estava um pouco mais receoso com a brincadeira daquela vez. Ele sabia o quanto festas de quinze anos eram importantes para garotas, já que ele tinha uma irmã adotiva que fez com que eles dançassem uma valsa estúpida juntos, o que ele só fez pois seus pais haviam prometido jogos novos para seu vídeo game. No final, havia valido a pena.
— Está defendendo a sabe-tudo? – Ao menos encarou o amigo, ele mexia no computador atentamente para mudar os arquivos do vídeo que passaria na hora da valsa da aniversariante, ou mais precisamente, melhor amiga de sua irmã.
— Claro que não, . – Respondeu incrédulo, ele sabia o quanto negar algo ao melhor amigo não era uma boa ideia. – Só não quero ter problemas com meus pais.
— Eu sei o que estou fazendo. – Disse um pouco impaciente com o tempo de demora que o arquivo estava levando para ser copiado. – Consegui. – Comemorou baixinho retirando o pen drive do computador e guardando no bolso da calça. – Isso vai ser divertido. – Levantou-se e sorriu orgulhoso para o amigo que assentiu. Os dois garotos saíram da sala de vídeos de forma tão sorrateira como haviam conseguido entrar. Eles precisavam se encaminhar até a festa para gravar e ver todo o mirabolante plano deles entrarem em ação.
— Tire esse boné, – A mãe de rapidamente tirou o boné da cabeça do adolescente, que apenas fez uma careta e tentou concertar o cabelo de alguma forma. – Arrume essa gravata, , pelo amor de Deus, é a festa de aniversário da melhor amiga da sua irmã. – A mulher reclamou tentando concertar a roupa de seu filho que apenas revirou os olhos impaciente. – Vocês dois chegaram atrasados, onde estavam? – Os meninos se entreolharam antes de darem de ombros juntos e voltarem a encarar a mulher na frente deles. – Ok, não importa, apenas vão se sentar no lugar de vocês que a já vai fazer a entrada dela. – A senhorita virou-se para a porta para resolver os últimos problemas, ignorando completamente os garotos. levou a mão nas costas e deu leve tapa mostrando o quanto os dois melhores amigos estavam em sintonia.
O salão recheado de adolescentes conversando. já havia perdido a conta de quantas vezes ele havia revirado os olhos para toda aquela cerimônia. Seu melhor amigo, , não estava muito diferente, mas sua indiferença estava com outro foco. Sua irmã adotiva, , conversava animadamente com um garoto na mesa do outro lado do salão.
— Por que a tem que ser tão escandalosa? – O garoto perguntou sem tirar os olhos de sua irmã que ria. – Ela sempre está querendo chamar atenção, é ridículo. – Comentava até um pouco ressentido sobre como ela sempre conseguia ganhar a simpatia de qualquer pessoa, desde pequena, quando era apenas um bebê e não parava de sorrir para ninguém da família até que todos se esqueceram do outro membro da família James. – E aquele garoto não é o Liam? Ele não é tipo mais velho que nós dois? Por que ele está conversando com aquela pirralha? – Perguntou descrente sem nem perceber que seu amigo não estava prestando atenção nas reclamações dele. estava apenas focado em não perder nenhum momento da entrada de que iria acontecer a qualquer momento. Mas naquele instante apenas o par da garota estava entrando no salão com o sorriso mais galanteador de toda sua classe e foi a vez de começar a resmungar.
— Eu realmente não entendo o que todas as garotas veem nesse cara. – Comentou encarando o menino num terno impecável sorrir da forma mais falsa que era possível, pelo menos era o que pensava de toda aquela cena, parecia que ele balançava a cabeça em câmera lenta como um ator de musical adolescente. Patético, na visão do menino sentado a mesa. – E aquele gel no cabelo? Ele acha que é o James Dean por acaso? – Assim como seu amigo fez enquanto reclama de sua irmã, o garoto não estava obtendo a atenção que ele queria, mas diferente de , ele havia percebido, pois, ele sempre percebia quando não estava conseguindo o que queria. – Tem como você prestar atenção em mim? – Reclamou dando um tapa na nuca do outro garoto que pego de surpresa o encarou bravo. – Para de sentir ciúmes da sua irmã. – Disse voltando a encarar a entrada.
— Eca, eu não estou sentindo ciúmes daquela garota. – Respondeu fazendo uma careta de desgosto, mas rapidamente olhando para ela do outro lado antes de bufar quando, mais uma vez, Liam parecia ter dito algo que a fez rir escandalosamente. – Então pare de sentir ciúmes da . – Disse ao perceber onde estava encarando há tanto tempo. Seu amigo rapidamente o fulminou com o olhar.
— Eu não... – Respondeu surpreso e com os nervos já começando a sair do controle. – Retire o que disse. – Mandou, mas apenas deu de ombros negando. – Retire o que disse, James. – Mais uma vez com o pedido negado pelo amigo, tentou dar um soco no braço do outro adolescente, mas foi rapidamente interceptado. Não demorou muito para que os dois jovens estivessem entrando numa briguinha de socos e resmungões tentando fazer o outro retirar o que havia dito sobre sentir ciúmes.
— Vocês podem agir como pessoas civilizadas por, pelo menos, hoje? – A irmã de disse assim que chegou à mesa dos garotos depois de ver o que estava acontecendo ali. Ela não tinha a maior paciência que alguém poderia ter, e quando se tratava de seu irmão e seu melhor amigo, a paciência diminuía e chegava a quase nula. – , eu juro que se você não parar de agir que nem um animal, eu raspo sua cabeça enquanto você estiver dormindo. – Bateu com as mãos na mesa fazendo com que eles parassem de brigar e prestassem atenção na garota e seu vestido vermelho sem nenhum detalhe, mas muito bonito.
— Ei, maninha. – A olhou com o maior e melhor sorriso irônico que ele conseguia dar. tentava inutilmente concertar mais uma vez seu cabelo, mas ele apenas sentia falta de seu boné.
— Não testa minha paciência hoje, . – Respondeu da maneira mais séria que ela conseguiu. Eles nem pareciam gêmeos, apesar da mesma idade e de todas as características físicas que eram iguais; cor de cabelo, nariz fino e os olhos escuros. Os irmãos nunca conseguiram ficar mais de cinco minutos no mesmo espaço sem entrar numa intensa briga, talvez por terem dividido o mesmo espaço por nove meses quando eram apenas fetos, os irmãos não conseguiam mais fazer nada juntos. – Não paga pra ver, , se algo sair errado nessa festa, eu acabo com você. – Avisou para o irmão que só encenou a maior feição de insultado que conseguiu colocando a mão no peito. deu uma leve risada e Sophie bufou descrente, deixando os dois amigos sozinhos.
As luzes se apagaram, deixando apenas a entrada com um foco de luz. As conversas diminuíram gradativamente e todos encaravam o lugar esperando a aniversariante entrar com seu vestido que seria comentado pelos próximos meses. Os celulares estavam na prontidão para as melhores fotos e a música já havia começado a tocar. não podia negar para si mesmo que estava um pouco estressado com tudo aquilo. Desde que o ano começou, a garota vivia na sua casa para a preparação da festa e era estressante ter que conviver com as risadinhas das garotas pelo corredor, além das ideias de pegadinhas terem ficado escassas após algumas semanas.
— Ela está bonita. – Comentou observando a garota com cabelos cacheados fazendo sua entrada.
— Cala a boca. – Disse sério para o amigo, mas continuou observando a cena da menina caminhando lentamente pelo meio do salão com um simpático sorriso no rosto. Ele se irritava mais ainda quando ela era simplesmente simpática com todos, pois ele sabia que essa não era a que quebrou seu violão e o ignorou por toda a infância. Ela era apenas irritante para . Ela, seu vestido azul piscina que ia até os joelhos, seu cabelo preso como o de princesas da Disney e, principalmente, o pseudo James Dean que já segurava a mão da menina para puxa-la para sua primeira dança. Tudo o irritava. Tudo. – Eu mal vejo a hora desse teatro acabar. – Tirou sua intenção para o casal que ria no meio da pista e apenas assentiu. Eles se conheciam há alguns anos, e desde o inicio essa birra com existia, o garoto nunca parou para perguntar o porquê ela havia começado porque ele não precisava de um motivo, às vezes as garotas conseguiam ser apenas irritantes, segundo ele, que também nunca teve uma boa relação com Megan.
As pessoas já tinham voltado às conversas paralelas normalmente, algumas levantaram para dançar a música pop que tocava e outros permaneciam apenas sentados. balançava a perna impaciente, encarando todos os lados, já ansioso com o que estava para acontecer. depositava sua atenção na comida que o garçom havia levado até a mesa. Era como ele se distraía de toda aquela tensão que seu amigo fazia questão de criar.
— Quando que eles vão passar a droga desse vídeo? – Resmungou impaciente, mas antes que pudesse respondê-lo, mais uma vez as luzes foram apagadas e o grande telão que até agora estava desligado começou a passar um vídeo. sorriu orgulhoso se recostando na cadeira cruzando os braços. encarava tudo um pouco chateado, mas ele só estava sendo um bom amigo na sua visão. – Isso vai ser divertido. – Desviou seu olhar para que sorria animada de braços dados com seu par do outro lado do salão de frente para o Painel.
As primeiras imagens que passaram estavam apenas com textos que já eram programados por Sophie, que havia feito aquela surpresa, mas logo após o ultimo “Feliz Aniversário” previamente planejado pela sua irmã. Uma tela com interferência foi mostrada seguido de um pequeno vídeo caseiro. O sorriso de não podia mais caber no seu rosto.
— Eu daria de tudo para beijar os lábios do Logan. – Uma com o cabelo preso de forma desarrumada comentou no vídeo despreocupado. Ela estava deitada na cama com a cabeça suspensa. observava toda cena gesticulando a boca recitando cada palavra do vídeo que ele já havia visto tantas vezes. Foi um pouco difícil gravar, mas após dias pensando em algo para fazer na festa da garota, ele havia tido a oportunidade de ouro quando ouviu a conversa pela fresta da porta do quarto de sua irmã.
— Você daria muitas coisas para ele que eu sei, . – Sophie riu recebendo um aceno da amiga que gargalhou.
— Talvez... – Brincou. – Eu não me importaria, além do mais, ele será meu par na festa. – Levantou mais a cabeça para olhar a garota sentada na cama com as costas apoiada na parede. – A minha paixão desde os meus treze anos vai ser meu par na festa. Meu par. – Comemorou de forma escandalosa sendo acompanhada por Sophie. , pela primeira vez, desviou sua atenção para quem assistia ao vídeo. Todos soltavam pequenas risadas e alguns até apontavam para que encarava tudo aquilo atônita. Todos se lembrariam daquele dia.
— Desliguem a merda dessa televisão. – Sophie esbravejou já indo a passos largos de encontro com , que distraído não percebeu quando foi fortemente empurrado pela irmã. Ele era magro e sem muitos músculos então não foi difícil para a garota quase derruba-lo junto com a cadeira. – Qual é a porra do seu problema, ? Quando você gravou isso? – Gritava praticamente cuspindo as palavras. Todos os adolescentes já se aglomeravam em volta. Os adultos corriam para acabar com a discussão. – E você também, . Qual é o problema com vocês dois? – Apontava para os dois amigos, o de cabelo loiro escuro não pode negar o rosto um pouco envergonhado e apenas desviou o olhar dando de ombros, mas continuou com a mesma feição inatingível e levantou-se sem medo de peitar sua irmã.
— , me explique isso agora. – A voz nervosa da sua mãe já podia ser ouvida por todo o aglomerado de pessoas em volta a mesa.
— Mãe, como a senhora pode ter tanta certeza que foi eu? – Perguntou tentando parecer ofendido.
— Eu juro que vou acabar com você, garoto. – Sophie ameaçou partir para cima do irmão, mas sua mãe já estava entre os dois apartando a possível briga. – Mãe, ele destruiu o aniversário da . – Disse impaciente, tentando chegar perto do garoto que apenas permanecia de braços cruzados.
— Sophie está tudo bem. – A voz de soou entre os jovens, todos pararam para encará-la, até mesmo a mãe do garoto que já iniciava um severo sermão. a encarou buscando qualquer coisa em seu olhar, qualquer sinal de inicio de uma grande discussão, qualquer coisa, mas tudo que ele encontrou foi um puro e intenso desprezo.
— Gostou do meu presente, ? – Perguntou tentando soar o mais descontraído possível, mas logo recebeu um tapa de sua mãe o mandando ficar quieto. – Eu só estou sendo educado. – Resmungou levando a mão até o local do seu braço que havia sido atingido.
— Você é patético, . – A garota não perdeu muito tempo o encarando, pois ela sabe que se o fizesse as lagrimas apenas rolariam pelo seu rosto. Ela já havia passado por muitos estágios com o irmão da sua melhor amiga; a curiosidade, o ódio e agora estava na indiferença. Ela não sentia nada além de pena da necessidade de atenção que o garoto tinha. – Eu tenho pena da por ela ter que ser sua irmã mesmo que adotiva. – Comentou ao encarar ainda sentado um pouco avulso de todas aquelas pessoas. A garota se afastou de todas as pessoas, entrando no meio da multidão que encarava toda a cena esperando algum tipo de briga. Todos ali sabiam da pequena rixa entre aquela dupla, mas estava tão chateada que tudo havia dado errado que ela não tinha forças para nada. A garota foi seguida prontamente por Sophie e que estavam preocupadas com a falta de explosão da amiga. Aquilo significava que alguém realmente havia a machucado.
— Como foi com o aluno novo, ? – Sophie perguntou despreocupada para amiga que estava jogada no tapete da sala. A garota pensou rapidamente antes de responder, ela poderia dizer para sua amiga que o garoto era seu irmão à procura de algumas aulas seja lá por qual motivo, mas isso implicaria em uma intensa discussão e sabatina de perguntas do por que a garota havia aceitado aquilo tudo e essas eram questões que nem ela saberia responder.
— Normal. – Escolheu responder de forma simples, talvez ela contasse depois quando descobrisse o motivo por trás de tudo aquilo, mesmo que para a dançarina, provavelmente, era apenas mais um plano idiota por parte do garoto.
— Se não são as minhas duas garotas favoritas no mundo. – disse assim que fechou a porta da casa atrás de si com o pé, jogando a mochila no meio do caminho. As duas garotas bufaram juntas e de forma entediada.
— Sai daqui. – A irmã disse sem muita vontade de perder tempo com o garoto que a surpreendeu ao se jogar no sofá do seu lado. – Que merda você acha que está fazendo? – Esbravejou o empurrando com os pés, mas ele não se moveu. observava aquilo tudo de forma um pouco entediada. Ela percebeu que ele estava com a mesma roupa de mais cedo, mas o cabelo mais bagunçado. Alguma garota, ela tinha certeza.
— Sobre o que... Minhas garotas estão falando? – Perguntou com dificuldade, pois ele estava sendo continuamente empurrado pela sua irmã para fora do sofá. – ? – Chamou a garota que desviou o olhar do teto até ele rapidamente, mas não o encarando por mais de poucos segundos.
— Nem pense nisso, babaca. Eu não estou com mais saco pra você hoje. – Respondeu ganhando uma risada descontraída de , que cansou de lutar com a irmã e levantou-se do sofá. Na verdade, ele só queria saber se suas aulas de dança já haviam sido o assunto compartilhado pelas garotas, mas o fato da sua irmã não ter gritado com ele assim que entrou em casa foi o sinal verde significando que tudo continuava sobre sigilo.
— Bem, eu vou subir para tomar um banho. – Se espreguiçou já de pé. As amigas apenas se entreolharam antes de revirar os olhos. – Hoje foi um dia muito cansativo, muitas garotas bonitas me dando problema, mas é o que dizem: quem desdenha quer comprar, não é? – Piscou para que respirou fundo.
— Seu irmão é meu aluno novo. – Jogou a noticia no ar sem muito problema. Ela não iria comentar, mas conseguiu irritá-la o suficiente.
— . – Gritou a irmã do garoto que encarou de forma incrédula. A menina apenas deu de ombros.
— Você realmente não pode ficar com a sua boca fechada, garota? – Reclamou, pois agora ele teria que lidar com Sophie discutindo com ele durante toda a semana, além da possível chantagem que iria vir como brinde. Ele não achou que comentaria nada mesmo com a sutil irritação que ele havia causado naqueles poucos segundos.
— Strike Three, Jonhnson. – Comentou vendo sua amiga já se levantando do sofá, ela sabia que Sophie não deixaria mais o irmão em paz até que ele parasse com as aulas. não achava que aquilo seria uma má ideia até. Ela não aguentaria conviver com o ego inflado de Jonhson por muito tempo, um dia e ela quase teve uma crise de nervos. – Eu disse que se você me irritasse muito, eu contaria. – Sorriu divertida encarando o menino que já não tinha mais a feição leve e irônica de quando chegou.
— Você vai parar com essa palhaçada agora, . – Mandou Sophie com uma cara nada amigável. Seu irmão levou seu olhar até ela e soltou o ar cansado.
— Eu não posso, Sophie, eu já paguei por todas as aulas. – Disse sem animação, mesmo que no fundo ele soubesse que não iria desistir mesmo se tivesse apenas gasto o dinheiro por três horas. Ele gostou da coincidência que o destino arrumou para ele.
— Eu não perguntei se você pode. – O lembrou. – Eu disse que você vai. – Usou o pior tom ameaçador que conseguiu. já havia pegado seu celular para se livrar de toda aquela discussão. Ela havia tentado essa tática mais cedo e não havia dado em nada.
— Sophie... – ia começar a implorar quando foi rapidamente interrompido por sua irmã.
— Eu conto para a nossa mãe, . – Gritou e foi quando parou de prestar atenção no visor sem graça e sem aviso de mensagens do seu telefone. – Ela não quer você perto da desde o incidente do aniversário.
— Isso foi há três anos. – Respondeu, incrédulo que aquela regra que sua mãe havia criado ainda existia para Sophie. – Você precisa superar isso, até a já superou, não é? – Apontou para a menina como se pedisse que ela respondesse. E logo os irmãos a encaravam.
— Não ouse me perguntar isso. – Encarou o menino, mas logo se virou para sua amiga que já tinha seu olhar raivoso de volta no seu irmão. – Sophie, está tudo bem, de verdade, ele é inútil demais, em menos de uma semana ele vai desistir. – Agora foi a vez de a garota receber o olhar raivoso da amiga.
— Você está defendendo ele? – respirou fundo incontáveis vezes antes de se sentar completamente e olhar para Sophie, que aguardava impaciente uma resposta.
— Eu só estou dizendo que ele não vai sobreviver três dias na dança. – Disse. – É do que estamos falando. O garoto mais incompetente que nós conhecemos. Ele não sabe fazer nada que não seja agir de forma idiota com as pessoas. Eu vou até me divertir em vê-lo fracassar tão miseravelmente em seja lá o que ele estiver fazendo. Eu posso até gravar pra você. – Sorriu tentando desmanchar a cara fechada da amiga, que acabou concordando relutantemente com a cabeça. apenas encarava toda aquela conversa, confuso e profundamente ofendido, mesmo que ele nunca fosse admitir para alguém que a opinião de era importante na vida dele.
— Obrigado? – Fingiu confusão, fazendo encará-lo sem nenhum remorso por ter dito tudo aquilo, até porque ela realmente acreditava naquelas coisas, mas rapidamente voltou a atenção à sua amiga.
— Não fala comigo. – Ignorou completamente o jovem, que apenas assentiu e sem dizer mais nenhuma palavra se dirigiu até as escadas para tomar seu banho e poder dormir. Sophie desviou o olhar entre os dois e franziu o cenho confundindo . – O que foi?
— Você não ia contar para mim se ele não tivesse chego aqui e irritado você? – Disse um pouco ressentida. As duas amigas não tinham segredo uma com a outra e não tinha dito a verdade quando ela respondeu.
— Eu estou com a cabeça explodindo. – Começou a explicar de forma sincera. – Seu irmão acabou com qualquer paciência que eu tinha, obviamente eu iria contar, Soph, mas amanhã. Eu não queria enfrentar toda essa discussão que aconteceu agora. Eu realmente não to com saco pra isso.
— Beleza. – A amiga voltou a se jogar no sofá encarando o teto. Ela não estava muito feliz com aquela resposta, mas resolveu não continuar naquele desgastante assunto já que sim, estava certa, seu irmão conseguia ser uma pessoa bastante difícil de aguentar. Sophie não queria pensar que aquela era mais uma piada idiota do gêmeo, mas era difícil acreditar naquele grande ator que havia se tornado ao longo dos anos.
~*~
— O que houve com ela? – perguntou um pouco preocupada assim que chegou à mesa de sempre do refeitoro e encontrou Megan consolando . A de cabelos roxos levantou a cabeça sutilmente para apontar na direção da mesa de , e todas as garotas e garotos que sentavam lá apenas para aumentar o ego da dupla dinâmica.
— Eu não sei por que me odeia tanto, . – Murmurou a garota um pouco ressentida. Ela era a mais sensível das quatro. Sempre se importando com o que todos iriam pensar dela, sempre tentando agradar e com uma confiança bastante difícil, principalmente em relação a seu irmão adotivo com quem nunca teve uma boa relação. – Ele foi tão grosso comigo hoje, foi tão pior do que os outros dias, simplesmente porque mamãe havia se esquecido de avisar que Liam que iria me buscar então ele não ia ter que ficar esperando. – nem ao menos levantava a cabeça para contar. Ela já estava acostumada a ser ignorada por todo o caminho até o colégio, por isso não tentava mais ser simpática apesar de odiar ter que lidar com o tratamento de silencio, principalmente porque ela não fazia ideia do porquê de tudo aquilo. O irmão nunca pareceu gostar dela mesmo após inúmeras e cansativas tentativas de aproximação.
— Eu vou falar com esse idiota. – jogou a bandeja com a comida na mesa deixando as duas amigas preocupadas para trás, indo em direção ao aglomerado de alunos em volta dos garotos. – James. – Gritou assim que já estava perto. Todos pararam para encarar o olhar raivoso da morena com as mãos na cintura. já não sorria tão largo para a garota sentada no seu colo.
— , a que devo a honra de sua presença? – Disse o menino, empurrando a líder de torcida para que ela levantasse. revirou os olhos para aquela cena e depositou todo seu olhar enfurecido no garoto de cabelo castanho claro que sorria, mas com uma expressão confusa.
— Eu não estou aqui para perder meu tempo com você, . Meu problema é com seu cachorrinho de estimação. – Apontou para , que já tinha a expressão impaciente. Eram pouquíssimas as vezes que ele tinha alguma conversa com alguma das amigas de sua irmã. E sempre que tinha não durava mais do que cinco minutos até o assunto se transformar em algum tópico envolvendo e . Geralmente, eles eram a grande diversão.
— . – Exclamou com uma falsa simpatia. – Algo que eu possa fazer por você? – Perguntou cruzando os braços. O resto das pessoas na mesa apenas observava toda aquela tensão entre os três. Jogadores, líderes de torcida, músicos ou apenas adolescentes buscando bajular em troca de algo estavam presentes. Esse já tinha depositado sua atenção na postura agressiva da menina, mas também buscava com o olhar a presença do quarteto.
— Você vai pedir desculpas para agora. – Mandou ganhando uma leve risada como resposta, o que a irritou mais ainda. – Se você rir de novo eu juro que quebro seus dentes garoto.
— Olha, eu não vou pedir desculpas pra ninguém. – Cuspiu as palavras a imitando e não se intimidando com ela. Ele já sabia que era aquele o problema. As poucas vezes que eles se falaram foram por causa do seu temperamento com sua irmã. Era obvio que aquilo aconteceria depois da manhã conturbada dos dois, mas não se sentia errado. Ele sempre a levou para o colégio, todas as manhãs durante dois anos e hoje, simplesmente, Liam iria começar a fazer isso? James achou ridículo, no mínimo, ter ficado lá esperando a garota enquanto ela já tinha planos com a nova carona. – O bebê já foi chorar para as amigas, não é? – Sorriu com ironia. – Nada novo. – desviou seu olhar para , que levantou as mãos tentando se esquivar daquilo, mas com o mesmo sorriso irônico do melhor amigo.
— Ótimo. – Imitou a feição sarcástica dos meninos e desviou seu olhar para . – Nós podemos conversar em particular? – Perguntou fingindo um grande sorriso. ficou um pouco confuso, mas rapidamente levantou-se e rapidamente se afastou da mesa indo para um local mais afastado perto da entrada, sendo seguida por ele.
— Já sentiu minha falta, ? – Enfatizou o apelido ganhando apenas um revirar de olhos entediados da garota. – Olha, eu não tenho nada contra a , eu realmente acho ela uma menina até que simpática. Na verdade, às vezes, simpática demais para andar com alguém como minha irmã. – Fingiu estar pensativo, mas logo voltou a atenção para . – E com você também, é claro.
— Ok, eu vou ser direta porque não quero ter que gastar toda minha paciência sabendo que eu ainda tenho mais três horas de convivência com você hoje. – A mera menção das aulas de dança causou reações distintas nos dois jovens. sorriu mais largamente de forma convencido por ela ter comentando sobre, pois isso significava que o acordo ainda estava de pé. , por outro lado, bufou desanimada com o fato de ter que conviver em mais um ambiente com uma das pessoas que ela mais desprezava no mundo. – Você vai fazer com que seu brinquedinho James peça desculpa para e comece a tratá-la melhor.
— Eu não acho que eu deva interferir em questões de irmãos, você entende né? – Tentou brincar.
— Ok, eu vou reformular, ... – Cruzou os braços de forma imponente. – Ou você faz com que ele peça desculpas e a trate melhor, ou nosso acordo está desfeito, eu subo naquela mesa... – Apontou para o centro do refeitoro lotado fazendo com que o garoto rapidamente desviasse o olhar de . – E jogo seu segredinho idiota na roda. –Voltou a ter os braços cruzados. – Então o que vai ser?
— Eu criei um monstro. – Comentou um pouco incrédulo, mas não surpreso que ela iria pedir alguma coisa em algum momento. – Eu não posso fazer com que ele faça algo, . – respondeu apenas com uma risada descrente. – O quê?
— Se você mandar aquele garoto pular de uma ponte, ele pula, . – Falou já sem paciência com aquela conversa. – Eu realmente não quero ter que fazer o que você está me obrigando. – Mentiu, na verdade ela não se importava com toda aquela história. só queria que fosse respeitada pelo seu irmão adotivo.
— Tá. – Aceitou contrariado. – Ele vai pedir desculpas pra sua amiga hippie.
— Agora. – O interrompeu apenas para completar.
— Você é muito irritante. – virou-se para ir em direção à sua mesa e pensar em algum plano para que fizesse com que seu amigo engolisse o orgulho e pedisse desculpas para a irmã. Ele nunca perguntou o porquê de toda aquela implicância com , mas tendo seu próprio caso como exemplo, ele poderia ter uma noção.
— O que aquela garota queria conversando com você? – perguntou assim que seu amigo se jogou na cadeira ao seu lado com uma feição irritada.
— Meninas, vocês podem dar licença para uma conversa com o meu irmãozinho aqui. – Pediu tentando soar o mais galanteador possível com toda irritação que havia causado nele. As meninas deram sutis risadinhas e saíram sem discutir. O garoto achava até um pouco irritante o fato de nenhuma garota levantar a voz para ele ali, era tedioso, o garoto achava. Por isso, era mais divertido para ele perturbar a melhor amiga de sua irmã. – Você precisa me fazer um favorzinho.
— Eu tenho escolha? – Tinha sido uma pergunta retórica, os dois amigos sabiam disso. Todos que conviviam com eles sabiam, na verdade. era muito menos irônico, esnobe ou difícil de lidar que seu amigo, o que não era muito complicado. E era por isso que eles funcionavam. entendia a necessidade de atenção e a dificuldade de rejeição que tinha e ele não se importava em parecer um “cachorrinho” na visão maldosa das pessoas se isso significasse que ele seria um bom amigo. Por outro lado, nunca o abandonou, nem uma vez em todos os anos de amizade e isso era o que bastava um para o outro. Era uma daquelas amizades que seguiriam por toda a vida.
— está ameaçando subir na mesa e contar sobre a dança se você não pedir desculpas para sua irmã. – Contou rapidamente tentando não se embolar nas palavras para não precisar repetir aquilo em voz alta. Ele achava um pouco humilhante estar perdendo aquela pequena batalha.
— Você está me devendo uma grande por essa, . – Aceitou sem brigar muito e viu quando o amigo soltou o ar um pouco mais calmo e abriu um verdadeiro sorriso. – É pra ser agora? – Perguntou um pouco contrariado ganhando um aceno como resposta. – Eu estou começando a entender seu problema com a agora. – Bufou ao se levantar para ir em direção à mesa na qual sua irmã estava já sozinha, como havia pedido para Megan que aceitou e foi buscar Sophie na sala.
A garota tentava se distrair com um pequeno livro de bolso que havia ganhado recentemente. Ele era recheado de frases do filosofo Nietzche que apesar ter sido lido completamente no mesmo dia que ela o achou misteriosamente na porta de seu quarto, provavelmente deixado lá pelos seus pais. havia percebido o quanto lê-lo ajudava nas suas crises de ansiedade. Pensar em algo que não fosse o que aconteceria e em todas as possibilidades ruins que seu cérebro criava para a situação futura, ou a dor no peito que a fazia ter vontade de respirar fundo mais vezes que o normal, ou o fato de toda a sua mente trabalhar tão rápido que ela não conseguia formular frases para responder todos que a viam daquele jeito e perguntavam o que estava acontecendo. Era terrível quando ela se sentia daquela forma, mas infelizmente ninguém sabia disso, para todos ela era apenas uma pessoa ansiosa e pessimista.
— Ei, hippie. – Disse assustando sua irmã que instintivamente fechou o livro, o escondendo em baixo de seus braços e encarou o garoto se jogar na cadeira vazia à sua frente. Ela nunca entendeu por que ele achava que aquele apelido seria algo ofensivo então ela apenas fingia que não gostava, para que ele continuasse a chamando daquele jeito.
— Ah, ei, . – O respondeu um pouco confusa e não evitando procurar algum dos amigos do seu irmão em volta. Ela já estava esperando algum tipo de piada de mau gosto, apesar de que ela sabia que ele não era tão idiota quando não estava com os garotos da banda ou do futebol.
— Olha, eu quero que grave o que vai acontecer aqui porque isso não vai rolar de novo, hippie. – Disse tentando soar o menos irritado possível, não que ele não estivesse porque ele ainda estava. Não podia acreditar que havia sido tão idiota por ter tentando ser legal com ela e ter sido totalmente ignorado e trocado. era a ultima James que não havia o trocado ainda, mas agora ela preferia que Liam a levasse para o colégio. E ele mais uma vez havia sido deixado de lado. – Eu sinto muito pelo jeito que eu te tratei hoje. Eu ainda acho Liam um pé no saco e você mais ainda por estar namorando aquele idiota.
— Eu não... – Tentou se explicar, mas foi rapidamente interrompida.
— Eu não perguntei e eu não ligo, . – A garota fechou a boca que ainda estava aberta para continuar falando e concordou sem muita animação. Eles sequer olhavam um para o rosto do outro. porque não conseguia ser um idiota quando encarava o os olhos da irmã e porque ela simplesmente evitava isso com ele. A garota nunca soube realmente explicar o porquê já que interação social nunca foi um problema para ela. – Só estou, sei lá, garantindo meu lugar no céu e sendo educado com você. Não espere isso de novo. – Não esperou a irmã responder e levantou-se rapidamente para voltar a sua mesa. No caminho, recebendo um polegar levantado de aprovação de . E sem perceber, sendo observado a distancia por que havia decidido não contar para a amiga que aquilo tinha alguma coisa a ver com chantagem, talvez ela devesse só pensar que o garoto foi tremendamente intimidado e percebeu que havia sido um babaca por si só.
~*~
— Ei, Tommy. – Cumprimentou assim que viu o colega de trabalho perto das traves. O homem sorriu ao encontrar a menina já chutando a mochila para um canto afastado e começando a se preparar para alongar. – Eu nem vi você sair daqui ontem.
— A tensão que ficou aqui quase me deixou sem ar. – Disse ganhando uma revirada de olhos da garota. – Quem é ele? – Perguntou curioso depois de ter visto toda a cena de ontem. O dançarino esperava algo como um relacionamento frustrado ou que terminou de uma maneira bem problemática.
— Ele é o irmão gêmeo da minha melhor amiga. – Deu de ombros sem animação. – Eu meio que tenho que o aturar desde os meus cinco anos de idade.
— Achei que vocês fossem ex-namorados. – Respondeu de forma sincera recebendo um rápido e surpreso olhar de . Ninguém nunca havia encarado os dois como algo diferente de pessoas que não se suportam. A garota não pôde evitar o olhar de desgosto em imaginar ser namorada de alguém como . – Sei lá, parecia que ele gostava de você.
— Ah, a clichê romantização do “garotos gostam de você quando te tratam mal”. – Fez aspas de forma exagerada com a mão e riu de forma irônica. – Não sou muito fã dessa tese, Tommy, além do mais, faz mais o tipo que só gosta dele mesmo. Não acho que ele consiga desenvolver algum tipo de empatia por alguém.
— Ouch. – Os dois encararam o menino encostado na porta da entrada. Ele estava com um sorriso divertido mesmo que, no fundo, não havia sido nem um pouco divertido escutar aquilo da boca da garota. Não que ele não soubesse que aquela era a opinião dela, mas não era tão legal ouvir tão claramente. Por isso, ele resolveu parar para ouvir o que ela falaria dele e após ela começar, ele preferiria ter chego mais tarde. – E eu, definitivamente não gosto dela, cara. – Completou indo até a garota que já tinha tirado a atenção dele há muito tempo. – Você gosta de mim? – Brincou e , por pouco, não mandou ele ir tomar em vários lugares ao virar e vê-lo tão próximo e tão brincalhão com ela. Seu chefe já tinha saído do salão, ele ainda continuava com a mesma opinião do dia anterior sobre os dois. – Então, como nós começamos? – Disse assim que percebeu se afastando dele e o ignorando completamente enquanto olhava uma pasta que havia acabado de pegar dentro da bolsa.
— É sério que você gastou aquele dinheiro todo para aprender a dançar a valsa de Bela e a Fera? – Riu levemente enquanto lia a ficha de , geralmente ela fazia isso em casa ou durante as aulas chatas de geografia, mas não tinha cabeça para ficar prestando atenção nas recomendações do garoto. Ela ainda estava se acostumando com a ideia daquelas classes. – Por que você quer isso? – O encarou pensativa, ganhando apenas um dar de ombros como resposta. Pela primeira vez, estava começando a dar razão a Sophie quando ela passou a noite dizendo sobre como aquilo deveria ser alguma pegadinha idiota do irmão. – Qual é o joguinho dessa vez, ? – Jogou a pasta em cima da mochila já avançando até o garoto, que levantou as mãos em sinal de paz e se afastou do olhar enfurecido da menina.
— Não tem jogo nenhum, . – Gritou na defensiva. – Eu juro, tá legal? Eu só preciso aprender a fazer isso sem pisar no pé de alguém ou quebrar o meu, sei lá. – Tentou se explicar inutilmente já que continuava o encarando da mesma maneira que antes. – Eu não ia gastar tanta grana só pra implicar com você, garota, eu posso fazer isso de graça, lembra? Nós dormimos na mesma casa.
— Eu juro, , se você atrapalhar a única coisa intacta que eu tenho longe de você, eu nem sei o que eu faço com a sua raça. – A menina tentou ficar calma e respirou fundo algumas vezes levantando o olhar para cima apenas para não ter que lidar com o menino à frente dela, mas assim que abaixou sua cabeça deu de cara com e seu sorriso. E fez a única coisa que ela conseguiu pensar no momento, ela gritou, apenas com um método diferente de tentar se manter relaxada. As suas aulas nunca haviam sido tão desgastantes e ela, ao menos, tinha começado.
— Eu prometo que não é nada, ok? – Disse sincero, ele não estava planejando qualquer tipo de coisa e ao ver a garota tão estressada, ele quase se sentiu mal por estar fazendo aquilo, mas ele precisava.
— Só vamos acabar com isso logo. – Ignorou a boa ação do menino que assentiu. – Você precisa se alongar primeiro para não quebrar nada. – Avisou começando a fazer os movimentos mais simples, como levar o braço por trás da cabeça, e rapidamente foi seguida por que estava à sua frente.
— Eu achei que você iria querer que eu quebrasse alguma coisa. – Brincou tentando amenizar a tensão entre eles dois.
— Não vou mentir que é tentador te ver agonizando no chão gritando pela minha ajuda. – Riu levemente, mas logo fechou a feição de novo quando percebeu que estava agindo de maneira civilizada com ele. nunca havia agido de forma civilizada com em todos os anos. O menino também percebeu a situação e não conseguiu evitar o sorriso.
— É claro. – Concordou ainda sorrindo.
— Pare de sorrir, você está me irritando. – Mandou séria parando de se alongar e virando-se para ir até o rádio e colocar alguma melodia de valsa. – Por que você quer aprender isso? – Ela ainda estava confusa com toda aquela historia de dança que o garoto havia arrumado, principalmente porque ele não era do tipo que dançava e ela sabia disso, já que morava com ele. era músico e dos bons, não podia negar. Mesmo que o som da guitarra dele sempre fosse motivo de brigas.
— É um rolo que eu estou. – Até o menino havia demonstrado confusão ao tentar explicar, mas a dançarina não respondeu e logo o rádio estava ligado e ela estava parada à sua frente.
— Ok, vamos lá. – Disse séria, encarando o garoto que assentiu. – Primeiramente, endireita sua postura, , não fique como se tivesse carregando uma mochila pesada. – estufou o peito seguindo as ordens da garota. – Coloque sua mão direita no meio das minhas costas e segure a minha mão direita. – O músico hesitou um pouco já que eles nunca haviam ficado próximos, , na verdade, não se lembrava nem de ter tocado a garota alguma vez que não tenha sido para irritá-la. – Só faz isso logo. – Falou impaciente quando percebeu que ele apenas a encarava, puxou seu braço e fez com que a mão dele ficasse no lugar correto e depois colocou a sua mão esquerda no ombro dele. – Pronto, basicamente, é essa a posição que devemos ficar. E nunca perca a postura, mas também não fique duro como um poste. Separe seus pés em alguns centímetros. – não conseguia tirar os olhos do olhar concentrado da garota à sua frente, mas sempre seguindo as suas instruções. percebia, mas ela evitava ao máximo encará-lo nos olhos, sempre prestando atenção nas mãos e nos pés do garoto. Ela não estava tão confortável com a proximidade. – Nós vamos contar os nossos passos no inicio, quando eu pisar para trás, você pisa para frente.
— Se eu pisar no seu pé não será de propósito. – Avisou já sabendo que as probabilidades de aquilo acontecer serem altas e ele não queria que pensasse que ele estava levando aquilo na brincadeira.
— É eu sei que você é só péssimo nisso de andar, você já caiu da escada umas dez vezes sozinho. – Riu ao se lembrar de todas as vezes que ela só ouvia o barulho do garoto rolando escada abaixo, logo gritando um “estou bem”. riu também e ela o encarou pela primeira vez desde que eles haviam ficado tão próximos, parando de rir gradativamente. Nenhum dos dois acostumados com aquele tipo de situação. – Então vamos logo. – Balançou a cabeça para ajuda-la a pensar mais claramente. – Você só vai me seguir, tudo bem? – Assentiu. – Esquerda, direita e esquerda e depois direita, esquerda e direita.
— Eu já me perdi. – Disse sincero deslocando seu olhar para os seus pés.
— Só conta em voz alta e segue o ritmo. – começou com o pé direito dando um passo para trás, estava confuso e de forma descoordenada tentou seguir a garota dando um passo para frente com o pé esquerdo. A dançarina soltou uma leve risada pela forma dura do menino de dançar e ele só bufou, mas logo sorriu. – Você é terrível. – Comentou, mas não de forma ruim como ela geralmente fazia, tinha sido apenas um comentário sincero que fez com que assentisse também rindo. Eles seguiram ensaiando pelo resto da tarde, algumas vezes o músico pisava no pé da dançarina, que bufava e brigava com ele, mas logo reiniciava a dança. Eles se encararam algumas vezes, o garoto principalmente, ele não conseguia tirar seus olhos de . Para ela era mais difícil. Ela nunca gostou de admitir isso em voz alta, mas ela, assim como todas as garotas da sua escola, não era imune aos olhos de , e ela não estava acostumada a ter que lidar com sorriso sincero que ele dava todas as vezes que seus olhos se encontravam. Aquele não era o tipo de sorriso trocado por eles, era sempre algo cínico ou irônico, nunca sincero. não podia negar que havia achado bonito, infelizmente ele nunca saberia disso.
~*~
— Eu não acredito que já está de noite. – comentou olhando para a janela. Ele e passaram o dia pisando um no pé do outro, discutindo para saber quem tinha feito de propósito mesmo que todos soubessem que a garota fez de propósito, mas o músico não. Ele era apenas péssimo naquilo.
— E você não aprendeu nem a dar dois passos sem destruir meu pé. – Respondeu divertida pegando sua mochila do chão e jogando por cima do ombro. virou-se para encara-la, fingindo uma feição indignada, mas logo sorriu.
— Eu? – Começou a segui-la para fora do salão. – Você pisou no meu dez vezes, , e eu contei. – A menina olhou rapidamente por cima dos ombros e assentiu confirmando que sim, ela havia feito aquilo e de propósito, provavelmente, já que ela era a dançarina profissional entre eles dois.
— Foi totalmente sem querer. – Mentiu de forma obvia, não escondendo o sorriso. – Não podia perder a oportunidade, . – Explicou. Os dois já estavam na rua um ao lado do outro. Tempo recorde de interação entre os jovens.
— É claro que não. – Disse de forma irônica. – Nunca ficamos tanto tempo juntos sem querer matar um ao outro, eu acho...
— Eu ainda quero matar você. – Desviou o olhar do chão para o garoto ao seu lado que riu sarcasticamente. – Força do habito, eu acho. – Deu de ombros voltando a olhar pra frente. – Por que seu amigo odeia tanto a irmã? – Perguntou após um tempo em silencio entre os dois. Ela sempre quis entender o real problema da família James, principalmente o problema de com .
— Eu não sei. – Chutou uma pedrinha no chão e colocou as mãos no bolso da calça. – Nós nunca conversamos sobre isso, mas eu acho que é ciúmes, não sei. tem problemas na família e com seus pais, que são pais horríveis se você quer saber, ele nunca pareceu lidar bem com a ideia de ser substituído pela sua amiga. – Tentou explicar, mas até ele estava confuso sobre toda aquela historia. No fundo, sempre achou que o melhor amigo gostasse da irmã adotiva, mesmo que ele nunca soube qual tipo de gostar estava implícito na relação.
— não tem culpa dos pais que ele tem, eles a escolheram, ela não tem culpa nenhuma nisso, seu amigo é um idiota. – A paciência da garota tinha se esgotado rapidamente, ela amava a amiga e sempre a defenderia, o que a fez perceber que provavelmente amava o amigo tão quanto. – Foi mal, eu só queria entender. – Murmurou um pouco relutante.
— Uau. – Exclamou surpreso e ela o encarou impaciente. – É só que você nunca, nem em um milhão de anos, pediu desculpas para mim. Nós temos um avanço aqui na nossa relação. – Comentou tentando não demonstrar a rápida felicidade que sentiu, desviou o olhar para ele rapidamente, e gargalhou sem medo do que as pessoas iriam pensar ao passar por eles na calçada. – O que foi? – A felicidade já tinha ido embora levando o sorriso junto.
— Nós nunca vamos ter uma relação, . Nunca. Nenhuma. Nem em um milhão de anos. – Disse pausadamente, ganhando uma risada sarcástica como resposta. Eles estavam em silencio de novo. Ninguém se atrevia a voltar com qualquer assunto. Uma guerra silenciosa entre os dois, cada um não queria dar o braço a torcer.
***
— Animada pra hoje? – perguntou assim que se sentou a mesa com , que estava entretida passando as páginas do livro sem muita atenção. - Pelo visto, não está nada animada. - Murmurou ganhando uma bufada de ar desanimada da amiga.
— Eu não aguento mais aquele garoto. – Fechou o livro abruptamente. – Ele não deveria estar estragando meu único momento de paz.
— Vai durar só uma semana – Tentou soar confiante, mas ela sabia o quanto estava prestes a explodir.
— Eu vou passar praticamente o dia todo com ele hoje, eu já estou querendo me matar. – Afirmou. – Eu nem sei por que temos que ficar aqui de noite, nem todo mundo vai participar desse sarau, logo, nem todo mundo deveria montar o circo. - tentou soar estupidamente óbvia para amiga concordar com ela, mas, no fundo, todos sabiam que era apenas implicância.
- Você deveria conversar com ele e vocês ensaiavam aqui mesmo. - Tentou ajudar, ganhando apenas um aceno negativo como resposta.
— Ele, provavelmente, só quer fazer da minha vida um inferno e nunca aceitaria tornar tudo mais fácil pra mim, além do mais ele tem essa coisa de segredo. – Não foi difícil notar a entrada do garoto, que estava sendo assunto daquela pequena conversa. Sempre junto do amigo que sorria para todas as garotas que passavam por eles. Patético para . Encantador para . – Ele podia tropeçar e torcer o pé, não é? – Pensou alto enquanto encarava atentamente o movimento dos garotos enquanto internamente torcia para isso acontecer.
— Isso é algo muito ruim de desejar – respondeu voltando o olhar para amiga.
— Eu não disse nem quebrar, eu só queria que ele machucasse um pouquinho. – Juntou os dedos fazendo o gesto com a mão, ganhando uma risada da amiga.
***
— Quer uma carona? – não conseguiu evitar todo o receio naquela pergunta, até porque eles tinham terminado apenas a sua segunda aula. Ele sabia que ainda o odiava.
— Eu posso ir andando – Respondeu sem tirar a atenção da sua mochila. Ela jogava todas as coisas dentro, sem nenhuma vontade de manter organizado. A dançarina só queria terminar aquele dia o mais rápido possível.
— Mas está chovendo. – Tentou, ganhando um sonoro não e sendo deixado sozinho na recepção do prédio onde tinha o salão de dança. entendia o porquê de ela ser tão distante, entendia o ódio, mas o desprezo era o pior. Ele gostava de atenção, principalmente a dela. Ele não podia mentir, ele ainda se sentia da mesma forma depois de todos os anos.
A menina tentou evitar ao máximo a chuva que caia de forma severa naquele fim de tarde. O colégio não ficava tão longe do estúdio, ainda assim ela poderia pegar um ônibus, mas é claro que apenas pelo fato dela dizer que iria andando então ela iria andando por todo o caminho. Sem reclamar. Talvez até sorrindo, pelo menos, até sentir todo seu corpo se molhando com um forte banho d'água que um carro acabara de proporcionar.
- Eu juro que foi sem querer. - fechou os olhos, contou até um número muito alto, mas não conseguiu evitar o grito seguido de vários xingamentos em direção ao jovem no volante que observava tudo da janela do carro preocupado. - Não me odeie. - Pediu inutilmente, enquanto abria a porta e saia do carro para ajudar a menina, que ainda incrédula que aquilo estava acontecendo permanecia parada no mesmo lugar. - Pode usar minha jaqueta pra disfarçar e passar a noite hoje.
- Eu nunca odiei tanto você. - Puxou a jaqueta da mão do garoto e rapidamente deu a volta no carro para entrar e se esquentar. tremia de frio e de raiva.
- Realmente, não foi por querer. - Tentou explicar enquanto fechava a porta e girava a chave, mas fechou a boca assim que levantou a mão, como se o pedisse para ficar quieto.
- Eu não entendo por que você se esforça tanto pra transformar minha vida num inferno...
- Eu não... - Interrompeu rapidamente, mas logo foi também interrompido.
- Desde que nos éramos crianças você faz isso. O que eu fiz pra você? - Virou-se, ficando de frente para que apertou as mãos no volante e evitou ao máximo o contato.
— Não foi por querer, eu não vi você. - Começou a se explicar.
— Não apenas isso, mas tudo, . Minha festa, as mentiras, as zoações no colégio. Passaram-se anos e você continua enchendo a minha vida. Daqui a pouco estaremos na faculdade e você ainda vai fazer questão de me infernizar. - A jovem não obteve nenhuma resposta, mas também não é como se ela esperasse um pedido de desculpas depois de tantos anos. Após mais poucos minutos no carro em completo silencio, não esperou nem um segundo para sair do carro assim que ele havia sido estacionado na frente do colégio.
— Essa é a jaqueta do meu irmão? - Sophie perguntou assim que viu a amiga entrar impaciente pela porta do ginásio. Vários alunos se aglomeravam em pequenos grupos e arrumavam as ultimas decorações para sexta.
— Por favor, apenas não agora. - Pediu sem parar para prestar atenção na amiga e foi direto para o local menos movimentado. Ela precisava de um tempo, talvez até chorar de raiva. Qualquer coisa que a evitasse voltar até aquele estacionamento e matar o irmão da sua melhor amiga.
— Ei. – ouviu a amiga chamar, mas não se virou para encará-la. – Eu descobri algo hoje sobre o inútil do . De algum jeito, ele parece que está em uma peça de teatro na escola do meu primo mais novo.
— Me deixa adivinhar: a bela e a fera? – interrompeu ainda encarando o chão.
— Ele não está tentando estragar nada, eu não estou aqui defendendo aquele moleque, mas é só porque eu percebi que você está nervosa e bem, dessa vez, parece que está tudo normal, é claro, se não estiver eu acabo com ele.
— Ele me molhou com o carro. – explicou, pela primeira vez encarando a menina que apenas revirou os olhos e murmurou um “idiota”, ganhando um aceno como resposta. – Preciso ficar sozinha para não matar ninguém.
— Se precisar de ajuda me chama, eu mato sem nenhum problema, sempre quis ser filha única mesmo. – as amigas riram e logo restou apenas uma naquele local.
***
— Tem certeza de que você quer fazer isso? – perguntou incerto. Ele estava se sentindo um adolescente de novo enquanto terminava de arrumar todos os fios do palco. Eles estavam se preparando para tocar como a ultima atração do sarau. tinha escrito aquela musica nos últimos três dias que ele foi obrigado a ensaiar sua dança com uma substituta. – Da ultima vez que você quis chamar a atenção da , você quase foi mandado para um colégio fora do país, de castigo.
— Eu sei o que estou fazendo. – tentou soar o mais confiante possível, já prestes a subir no palco.
— , você nunca sabe o que está fazendo de verdade. – comentou ironicamente, ganhando apenas uma piscada de olho como resposta. Era agora ou nunca. Para , era o nunca, mas eles eram melhores amigos e é isso que amigos como eles faziam. Sempre juntos.
Os dois ficaram bem no feixe de luz no centro do palco. conseguiu ver , sua irmã e as amigas bem no fundo distantes de todos. As garotas nem prestavam mais atenção no que estava acontecendo. O jovem já estava acostumado a não ter a atenção da menina desde a infância, não era nada novo para ele. Já para ela, não era nada novo ignorá-lo tão fortemente como fez por todo final da semana. Ela não conseguiu continuar com as aulas como achou que conseguiria e ela só estava ali por , assim como todas as outras.
— Essa é uma musica que eu escrevi nessa semana e, bem, a pessoa para quem eu escrevi isso geralmente odeia todas as surpresas graças a mim, mas considere isso um presente de quinze anos. – rapidamente levou seus olhos para o palco assim como todas as amigas ao redor.
Maybe I don't act the way I used to
Because I don't feel the same about you
In fact, that's a lie, I want you
Talvez eu não aja da maneira que eu costumava
Porque eu não sinto o mesmo sobre você
Na verdade, isso é uma mentira, eu quero você
I raced through soundcheck
Just to meet you on your fag break
And you convinced me
To put life aside and want you
Corri através da checagem de som
Apenas para encontrá-la em seu intervalo de cigarros
E você me convenceu
A colocar a vida de lado e querer você
If only for the sake of it I could chill you out
And drive us through the night to your sister's
You can fall asleep with my jacket as a cover
And wake up just to join me to smoke
Se só pela curtição eu pudesse te acalmar
E dirigir pela noite até a casa de sua irmã
Você pode dormir com minha jaqueta de cobertor
E acordar só para fumar comigo
I wanted everything at once
Until you blew me out my mind
Now I don't need nothing
Eu queria tudo de uma vez só
Até que você estourou a minha mente
Agora eu não preciso de nada
Maybe I don't act the way I used to
Because I don't feel the same that I did
The fact that I lie because I want you
Talvez eu não aja da maneira como costumava
Pois eu não me sinto da mesma maneira sobre você
O fato de eu mentir
É porque eu te quero
And if only for the sake of it I could chill you out
And drive us through the night to your sister's
You can fall asleep with my jacket as a cover
And wake up just to join me to smoke
Se só pela curtição eu pudesse te acalmar
E dirigir pela noite até a casa de sua irmã
Você pode dormir com minha jaqueta de cobertor
E acordar só para fumar comigo
I wanted everything at once
Until you blew me out my mind
And now I don't need nothing
Eu queria tudo de uma vez só
Até que você estourou a minha mente
Agora eu não preciso de nada
We'll be talking about your background
And how it never left you much
Because you grew up in a small town
You'll appreciate it more
When you're done figuring your life out
And everything's fine
Nós falamos do seu passado
Como nunca te deu muita coisa
Pois você cresceu numa cidade pequena
Você apreciará isso muito mais
Quando terminar de desvendar a sua vida
E tudo estará bem
I raced through soundcheck
Just to meet you on your fag break
And you convinced me
To put life aside and want you
E eu corri para passar o som
Só para te encontrar no seu intervalo
E você me convenceu
A colocar minha vida de lado, e querer você
I wanted everything at once
Until you blew me out my mind
And now I don't need nothing
Eu queria tudo de uma vez só
Até que você estourou a minha mente
Agora eu não preciso de nada
Assim que o ultimo som do acorde soou, todos no ginásio bateram palmas e ovacionaram os garotos que não perderam a oportunidade de aproveitar a atenção que eles tanto gostavam, mas assim que percebeu que tinha sumido, nem toda aquela atenção fez com que ele se sentisse bem.
— Você precisa parar de fazer surpresas. – o garoto se virou rapidamente para a porta da pequena sala da checagem de som. Ele já estava sozinho lá há alguns minutos desde o final da apresentação. já tinha o deixado como ele havia pedido para o amigo fazer. – É sério, o que foi aquilo?
— Um pedido de desculpas por tudo, eu acho. – respondeu incerto. – Eu não sabia lidar com o fato de estar apaixonado por alguém que nunca nem olhou para mim...
— Você dizia que eu tinha piolho. – interrompeu o menino.
— Eu só queria que você prestasse atenção em mim. – disse como se fosse obvio, mesmo que após tanto tempo talvez até pra ele soasse patético. – Eu só cansei de ver você me ignorando, era mais fácil quando você me odiava, mas na ultima semana nem me olhar você fez.
— Você é muito mimado. – murmurou sem muita paciência. – Nada mudou entre a gente, , você ainda é o irmão irritante da minha melhor amiga. Não espere que você me convença de tudo no mundo e queira você. – antes que o garoto pudesse questionar, tirou a jaqueta da bolsa ficando com ela na mão. – Apesar de tudo, eu gostei da musica, mas vai precisar pelo menos de um álbum inteiro para eu gostar de você. – sorriu jogando a jaqueta para , que pegou sem muito problema.
— Isso é uma luz no fim do túnel? – perguntou brincando, pois já havia considerado um sorriso de em sua direção o maior feito daquele mês.
— Talvez na faculdade. – parou fingindo estar pensativa. – Quando eu estiver bêbada e você for a única pessoa no mundo.
— Válido. – acenou. – A gente se vê em casa? – brincou ganhando uma revirada de olhos.
— Se você conseguir chegar com o pneu furado, talvez. – piscou, logo deixando mais uma vez sozinho. não tinha realmente feito aquilo, por mais que Sophie tivesse tentando muito convencê-la a fazer, mas a garota não poderia negar que a musica era melhor do que muita coisa no rádio. E que tinha uma voz bonita no palco. Faculdade soava um bom plano para ela.
não podia imaginar que estava de volta depois de tantos anos, depois de longos dez anos longe da rua com casas brancas e grandes jardins, longe de sua melhor amiga e, principalmente, longe do tão amado sol que agora parecia abraçar sua pele morena como se fosse uma avó preocupada com a falta de cor causada pelo ar londrino. estava de volta e aqueles seriam três encantadores anos que ela viveria na casa de Sophie. A garota respirou fundo, soltando as malas ao seu lado e sorriu ao encarar a jovem com incríveis cabelos escuros, dentro de uma touca cinza, abrir a porta. O som da buzina havia avisado para a dona da casa que, finalmente, sua melhor amiga estava de volta e ela não esperou muito em sair do sofá para abraçá-la como não fazia há muitos anos.
— Oh, garota, você está um arraso. – Sophie comentou animada segurando a amiga pelos ombros para poder observá-la melhor. Ela estava bem mais alta do que quando saiu, seus cabelos agora tinham ondas azuladas nas pontas e a pele morena ainda estava mais bonita do que anos atrás. – Meg irá amar seu cabelo, ela gosta de cores diferentes. – Comentou lembrando-se com carinho da sua mais nova namorada.
— E eu não posso esperar parar conhecer a pessoa que te aguenta por livre espontânea vontade. – sorriu largamente, logo pegando suas malas para que sua amiga percebesse o quanto ela queria entrar na sua nova casa. Ela já conhecia a sua nova moradia, afinal perdia a maior parte da sua infância usando o grande armário no final do corredor como um ótimo esconderijo no pique esconde.
— Será incrível viver com você, minha mãe está animada com a ideia de ter mais um integrante que vale a pena na família . – Riu divertida, abrindo a porta para passar com as malas. A amiga só sorriu em concordância, ela ainda se lembrava das incríveis guerras entre as duas meninas e o seu irmão gêmeo. – Seu quarto será o antigo quarto da bagunça do . – Comentou se pondo a frente da menina, começando a subir as escadas, virando sempre a cabeça por cima dos ombros quando explicasse algo. – Mas mamãe o fez limpar tudo, não se preocupe. – Parou de dizer assim que chegou ao extenso corredor que abrigava os quartos da casa. – Eu não acho que tenha que apresentar algo para você, nada mudou desde que você foi embora. – Sorriu indo em direção à penúltima porta da esquerda que, pelo o que a menina se lembrava, seria seu novo quarto.
— Ele está dormindo? – Perguntou apontando para a porta, decorada com avisos clichês de perigo, que estava exatamente no lado oposto da sua.
— Ele deve estar assistindo algum vídeo pornô. – Respondeu sem prestar muita atenção na pergunta, ela não fazia ideia se o irmão ainda estava dormindo ou se masturbando. Sophie abriu a porta após retirar as chaves do bolso e entrou no pequeno cômodo de paredes azuis recheadas de pedaços de posters que não saíram completamente. – Você pode pintar depois, ou fazer com que minha mãe faça de empregado e pinte para você.
— Eu gostei. – Deu de ombros ainda levando seu olhar à sua volta. Ela se lembrava daquele quarto cheio de partituras jogadas pelo chão e instrumentos musicais devidamente arrumados, mas agora era apenas uma cama de solteiro, uma cabeceira e um pequeno guarda-roupa que ficava do lado oposto à cama. – Eu acho que vou dormir um pouco antes de resolver arrumar qualquer coisa. – Foi até a cama sentando nela e quicando um pouco para sentir o colchão.
— Eu vou te deixar dormir então. – Sophie sorriu virando-se para ir até a porta, mas logo parando e correndo para dar um abraço desajeitado em sua melhor amiga, que retribuiu com o mesmo apego. – Eu senti sua falta. – Disse ao se afastar e deixando sozinha com todo o ar nostálgico que aquele lugar trazia. Olhou para o teto, se jogando na cama assim que ficou sozinha, e não impediu o sorriso divertido ao ver que a marca redonda ainda estava ali para lembrar-se do dia que ela e sua amiga quase destruíram o violão de após ele ter contado para todos que ela tinha piolho.
Atualmente
— Ele é tão estúpido para ser o meu irmão. – Sophie comentou ao observar de longe os dois garotos entrarem no refeitório com toda a pose e cena clichê de entradas possíveis, faltava apenas as explosões atrás deles, já que a jaqueta de couro e os óculos escuros já estavam sendo devidamente usados.
— Você não deveria ser tão dura com seu irmão, amor. – A menina, com incríveis olhos azuis e cabelo num tom diferente de roxo, disse para a namorada sentada ao seu lado ao segurar sua mão por cima da mesa.
— Meg, você já viu o jeito que ele anda como se fosse o rei desse lugar? – A encarou, incrédula. – Eu deveria ter batido mais nele quando era menor. – Disse como se aquela fosse a maior verdade que já havia dito sobre seu irmão. Não que eles não fossem inimigos, ou qualquer coisa, na verdade, eles sequer rotulavam sua relação, o destino tinha decidido fazer isso por eles ao deixarem eles dois como irmãos, então não havia nada para fazer sobre isso. E que esse mesmo destino lidasse com as consequências das suas escolhas.
— Ele é tipo o pior estereótipo de garoto popular – A morena sentada de costas para toda aquela cena na entrada comentou, mexendo na comida no seu prato. – Ele não seguiu a regra de evolução. É patético. – Jogou seu corpo nas costas da sua cadeira, se reconstando enquanto cruzava os braços.
— Vocês já decidiram se vão participar do Sarau? – A última menina que ainda permanecia calada na mesa redonda perguntou com a voz lenta e baixa, mudando completamente o assunto. Ela e Megan eram as únicas da mesa que não destilavam seu descontentamento com a dupla de garotos. – , você precisa me ensinar a fazer aquilo com os pés. – Pediu jogando mais batatas que ela poderia mastigar na sua boca ao mesmo tempo.
— Dançar? – Respondeu sarcasticamente ganhando uma risada alta de Sophie que levantou a mão para ganhar um hi-5 em apoio.
— Eu estou ansiosa para o Sarau. – Megan comentou animada, ganhando respostas das mais distintas na mesa. Enquanto sua namorada ao seu lado a puxou para um abraço de lado, só continuou enfiando mais batata que conseguia na boca por segundo e deu de ombros sem animação. Elas eram um quarteto e tanto, todos sabiam disso. e Sophie se conheciam desde crianças por serem vizinhas, e sempre tiveram o mesmo gênio forte, uma briga das duas nunca era algo divertido de se presenciar, menos para , é claro, ela amava observar qualquer discussão enquanto comia biscoitos calóricos e tomava sua inseparável coca-cola, mas ainda assim ela era preguiçosa demais para participar de suas próprias brigas. Ela conheceu as garotas já na adolescência graças ao seu irmão adotivo que virou melhor amigo do irmão de Sophie. As garotas logo viraram um trio inseparável que quando chegou ao Ensino Médio foi completo pela quarta garota; Megan, a qual já namorava Sophie há um ano.
— Eu não vou participar disso. – diz após um silencio se instalar no grupo, ganhando toda a atenção para si. – Não gosto de plateia. – Completou como se apenas tivesse que se explicar.
— Eles vão estar chapados demais para prestar atenção em você. – acenou em concordância apenas ouvindo a conversa, prestando atenção apenas no rotulo das suas batatinhas. – Menos eu, é claro. Eu vou fazer questão de filmar tudo e usar contra você quando quiser algum favor. – Piscou Sophie, ganhando uma revirada de olhos de . – Quantas batatas vêm nisso, ? – Sua atenção foi rapidamente deslocada para a garota.
— É outro pacote. – Respondeu dando de ombros. Suas amigas só assentiram sem resolver começar uma discussão sobre o quanto aquilo poderia ser prejudicial para qualquer pessoa que quisesse chegar aos quarenta anos sem um problema no coração.
— Ei, Tommy. – jogou sua mochila no chão assim que adentrou o espaço cercados por espelhos, levando seu olhar até o homem parado do lado do pequeno bebedouro. Aquela seria a primeira aula do aluno novo e ela não estava com um bom pressentimento sobre aquele homem, mas sinceramente era bom saber que se tudo desse errado ela poderia extravasar sua raiva em alguém. – O senhor misterioso apareceu? – Perguntou se reencostando nas barras que ficavam do lado oposto que ele estava na sala.
— Você nem o conhece, . – Revirou os olhos ao observar a garota bufando. Eles não eram amigos há muito tempo, mas ainda assim ele a entendia como poucas pessoas. Principalmente, porque ele entendia o quanto ela era talentosa quando a viu dançando pela primeira vez para conseguir aquele emprego. – E ele é quase da sua idade, vocês podem funcionar. – riu sem humor, tirando o casaco e o jogando para longe. Não era como se aquilo fosse ser melhor, claro que não ser um homem de cinquenta anos ajudaria, principalmente porque eles eram os que causavam mais problemas, mas ela sabia bem o quanto os seus colegas de classe podiam ser estúpidos e logo estava mais impaciente que antes.
— Ele poderia ser pontual pelo menos. – Ela não esperava uma resposta, não de alguém como Tommy que tinha a personalidade muito parecida com a da Megan, ela só esperava um silencio que iria se perdurar até que alguém resolvesse se pronunciar, e , por muito pouco, não amassou a barra em sua mão quando ouviu uma tosse e levantou seu olhar, avistando um sorriso conhecido pelo reflexo do espelho na sua frente.
— . – O garoto ajeitou a mochila nos seus ombros e não deixou o sorriso morrer nem por um segundo. Na verdade, não tinha o porquê dele estar fazendo algo diferente de sorrir largo e divertido para toda aquela cena, a melhor amiga da sua irmã e moradora de sua casa estava praticamente bufando de ódio pelo destino ter a capacidade de brincar com ela daquela maneira. Não era nada divertido. Era mortífero e se aquele fosse um filme, ela o mataria com seu olhar fulminante naquele momento. E, bem, não era um filme, então teria que usar suas próprias mãos com muito prazer. E ela faria.
— . – Virou-se para encará-lo diretamente. Ele era bem parecido com sua melhor amiga fisicamente. Seus cabelos negros desgrenhados – que jurava nunca terem sido penteados – o davam um ar de rockeiro de alguma banda indie e seus olhos castanhos formavam, definitivamente, uma beleza estonteante e digna de todos os suspiros causados no colégio. E isso só aumentava a raiva que sentia pelo garoto, até porque nem mesmo ela era imune a sua beleza. – Imagino que esteja perdido. – Comentou do jeito mais irônico que ela poderia conseguir.
— Não, na verdade, não. – Riu e jogou a mochila de forma desleixada no chão e se aproximando da garota que já havia se virado de costas para ele, mantendo o olhar apenas pelo reflexo. – Você consegue andar nisso? – Perguntou curioso, tocando nas barras que segurava fortemente. Ela o encarou de rabo de olho e bateu nas mãos do garoto, que a encarou em espanto.
— Não toca em nada. – Disse voltando a encarar o espelho e endireitando sua postura para começar a se alongar. havia decidido ignorar o garoto parado ao seu lado até que ele cansasse e fosse embora. Mesmo que no fundo ela soubesse que não era do tipo de desistia fácil, principalmente quando isso incluía perturbá-la. – O que você quer? – Perguntou impaciente.
— Achei que não fosse perguntar. – Respondeu ironicamente e se virou para encará-la, se escorando nas barras. – Eu preciso que você me ajude...
— Não. – O interrompeu rapidamente, continuando a se alongar como se estivesse sozinha.
— Você nem sabe o que eu iria pedir, . – Bufou e cruzou os braços. – Olha, eu sei que você me odeia... – Viu a garota assentir com a cabeça e revirou os olhos. – Eu também não gosto de você, , é recíproco, acredite. Mas eu preciso que você me ajude a dançar.
— Não. – Ela o encarou, pela primeira vez, desviando sua atenção do reflexo e virando-se para o garoto, ficando os dois de braços cruzados. – Era só isso? – Perguntou o encarando de forma cansativa.
— Eu estou pagando, ... – A lembrou.
— Se você está pagando então por que está me pedindo como favor? E por que você está pedindo pra mim? – Tentou não soar tão ríspida, mas logo se lembrou de que ela não precisava ser simpática com aquele cliente em especifico. Ele era só o irmão idiota da sua melhor amiga a perturbando fora da escola.
— Eu não sabia que era você, tá legal? – Respondeu levantando as mãos em sinal de rendição. – Eu não sabia nem que você tinha talento para fazer algo além de ser uma metidinha irritante com notas boas. – franziu o cenho em indignação e revirou os olhos. – Mas agora que eu sei que é você, já paguei por todas as aulas e não tenho mais dinheiro para gastar no mês sem que minha mãe me encha o saco. – Enumerou todos os pontos com seus dedos. – Eu preciso que você me faça um favor. – Pediu e a garota apenas fez um sinal com a cabeça para que ele continuasse. – Preciso que você mantenha em segredo que eu estou fazendo aulas de dança. – Murmurou desviando o olhar para um ponto distante de , que apenas riu. – O que foi? – Voltou a encará-la de forma impaciente.
— Como eu vou colocar meu plano em prática de destruir sua imagem agora? – Perguntou tentando soar séria, mas com o deboche na voz bastante perceptível para qualquer um que a conhecesse.
— Você é muito irritante. – Os dois passaram a se encarar por alguns segundos, no inicio nada muito intenso. apenas pensava em como ela teria que lidar com o garoto mais insuportável por duas horas a cada dois dias na semana. já tentava entender como ele havia sido enganado por aquela menina na sua infância e seus laços rosa brilhantes. Meninos de sete anos são idiotas.
— Você é patético. – Disse séria, ainda sustentando seu olhar nos olhos castanhos do garoto. Quem entrasse na sala naquele exato momento notaria toda a tensão em volta dos dois jovens, mas para eles dois não era nada além de um incrível desconforto unindo-se a uma incrível vontade de disputa. Após alguns segundos intensos de encarada entre os dois, sorriu. Um leve, irônico e torto sorriso sem o mostrar dos dentes seguido de uma simples piscada que fez com que fechasse mais sua feição. – Sai. – Apontou para a porta.
— Você trabalha para mim agora, , deveria ser mais amável ou eu posso contar para o seu chefe e ele pode acabar com sua marra e o seu emprego. – Disse sem deixar o sorriso morrer. No fundo, não teria coragem de fazer isso, mas tinha a pior imagem do jovem, algo que ele gostava de sustentar perto dela, então ele gostava de manter os personagens que foram criados.
— Jura? – Perguntou com o alto grau de sarcasmo na voz. – Eu posso contar para sua mãe sobre sua maconha escondida. – Franziu o rosto fingindo confusão. – Ou eu posso contar para os seus amigos idiotas das suas aulas de dança. Olha, , eu acho idiota você basear sua frágil heterossexualidade em uma inocente aula de dança, mas seus amigos são idiotas, sabe? Eles vão pensar que você está usando roupa de balé e etc, e vamos ser sinceros... – Aproximou-se dele e cochichou. – Eu não iria me sentir uma pessoa ruim se mentisse sobre isso para todo mundo.
— Você é a pior pessoa que eu conheço. – Afirmou e a garota deu de ombros com um pequeno sorriso orgulhoso. – Preciso que me prometa que não vai contar pra ninguém. – A garota o encarou por alguns minutos como se pensasse naquela proposta.
— Tudo bem. – Disse simplesmente virando-se para ficar de frente para a barra e começar a fazer suaves movimentos com os braços. Ela estava sendo observada por um boquiaberto que já tinha preparado até mesmo as ofensas caso ela negasse, mas tudo o que ele conseguiu foi abrir a boca e não proferir nenhuma palavra sequer.
— Tudo bem? – Perguntou receoso após um tempo, vendo a garota se afastar dele indo para o outro lado sala, o ignorando completamente.
— Eu tenho coisas mais importantes para fazer do que me preocupar sobre sua fama de macho alfa, . – Respondeu ainda de costas para ele. – Mas claro, minha indiferença termina se você encher muito minha paciência nas aulas. – Virou para o garoto que a encarava um pouco desconfiado. – Vamos fazer isso rápido, ok? Eu não quero ter que olhar para o seu rosto mal diagramado de cantor de banda de festival hipster por muito tempo.
— As garotas não costumam reclamar. – Disse com o característico sorriso pretensioso que ele dava ao se gabar de sua grande lista de admiradoras.
— Strike one. – Enumerou com o dedo. – Não se vanglorie por nada aqui dentro. Não seja machista aqui dentro. Se você for pensar em dizer algo aqui dentro que não tenha a ver com passos de dança, apenas pense e não ouse abrir a boca. – Falou encarando o garoto, que fez o gesto de zíper na boca e assentiu. apenas bufou e ficou de costas para ele de novo. – Volta amanhã e, pelo amor de qualquer Deus que exista, chegue na hora.
— A garota demorou mais do que eu pretendia para colocar a roupa... – Comentou despreocupado, mas logo foi interrompido por .
— Strike two, . – Falou impaciente. – Mais um e você está fora do jogo e minha indiferença acaba com você levando junto seu segredo estúpido.
— Não vai pedir nada em troca desse favor? – Perguntou enquanto endireitava sua mochila nas costas, pronto para ir embora. Ele sabia que ela não iria mudar de ideia sobre começar as aulas hoje. O que era um grande problema, precisava aprender a dançar o mais rápido possível para o bem do seu futuro e de todas as coisas que ele queria. E eram muitas.
— Como se você pudesse me dar algo que eu queira. – Disse com um tom esnobe. – Nem se atreva a fazer alguma piada sexual envolvendo eu e você na mesma frase, . Não se atreva. – Disse rápido, pois ela percebeu a brecha que tinha dado e mesmo estando de costas para o garoto, ela o conhecia tempo suficiente para saber que ele já estava com seu típico sorriso no rosto e a resposta na ponta da língua. E, bem, ela estava certa.
— Eu sou realmente tão obvio para você, ? – Perguntou conseguindo apenas uma bufada impaciente da garota. – Às vezes, eu me esqueço de que eu te conheço desde que você tinha piolho. – Parou um pouco antes de continuar com a brincadeira. – Ou foi antes do fiasco da sua festa de quinze anos? Eu não consigo me lembrar. – A garota rapidamente se virou para ele com a pior expressão que ela conseguia. praticamente bufava de ódio para o garoto, que levantou as mãos em sinal de rendição enquanto andava de costas até a porta. – Brincadeirinha, relaxa. – Riu divertido. – Eu amei sua festa de quinze anos, foi a melhor festa que eu já fui até hoje. E você sabe que eu vou para muitas...
— Se você não quer morrer, eu aconselho a sair daqui antes que eu comece a andar. – O ameaçou de forma tão convincente que qualquer pessoa realmente acreditaria que ela o mataria se tivesse o instrumento para isso no momento, mas deu uma leve piscada antes de virar seu corpo e sair pela porta.
Três anos atrás.
— Você vai realmente fazer isso? – perguntou enquanto olhava atento para todos os lados, esperando qualquer sinal de aproximação para avisar . O garoto, de cabelos loiros amadeirados e boné com a aba para trás, estava um pouco mais receoso com a brincadeira daquela vez. Ele sabia o quanto festas de quinze anos eram importantes para garotas, já que ele tinha uma irmã adotiva que fez com que eles dançassem uma valsa estúpida juntos, o que ele só fez pois seus pais haviam prometido jogos novos para seu vídeo game. No final, havia valido a pena.
— Está defendendo a sabe-tudo? – Ao menos encarou o amigo, ele mexia no computador atentamente para mudar os arquivos do vídeo que passaria na hora da valsa da aniversariante, ou mais precisamente, melhor amiga de sua irmã.
— Claro que não, . – Respondeu incrédulo, ele sabia o quanto negar algo ao melhor amigo não era uma boa ideia. – Só não quero ter problemas com meus pais.
— Eu sei o que estou fazendo. – Disse um pouco impaciente com o tempo de demora que o arquivo estava levando para ser copiado. – Consegui. – Comemorou baixinho retirando o pen drive do computador e guardando no bolso da calça. – Isso vai ser divertido. – Levantou-se e sorriu orgulhoso para o amigo que assentiu. Os dois garotos saíram da sala de vídeos de forma tão sorrateira como haviam conseguido entrar. Eles precisavam se encaminhar até a festa para gravar e ver todo o mirabolante plano deles entrarem em ação.
— Tire esse boné, – A mãe de rapidamente tirou o boné da cabeça do adolescente, que apenas fez uma careta e tentou concertar o cabelo de alguma forma. – Arrume essa gravata, , pelo amor de Deus, é a festa de aniversário da melhor amiga da sua irmã. – A mulher reclamou tentando concertar a roupa de seu filho que apenas revirou os olhos impaciente. – Vocês dois chegaram atrasados, onde estavam? – Os meninos se entreolharam antes de darem de ombros juntos e voltarem a encarar a mulher na frente deles. – Ok, não importa, apenas vão se sentar no lugar de vocês que a já vai fazer a entrada dela. – A senhorita virou-se para a porta para resolver os últimos problemas, ignorando completamente os garotos. levou a mão nas costas e deu leve tapa mostrando o quanto os dois melhores amigos estavam em sintonia.
O salão recheado de adolescentes conversando. já havia perdido a conta de quantas vezes ele havia revirado os olhos para toda aquela cerimônia. Seu melhor amigo, , não estava muito diferente, mas sua indiferença estava com outro foco. Sua irmã adotiva, , conversava animadamente com um garoto na mesa do outro lado do salão.
— Por que a tem que ser tão escandalosa? – O garoto perguntou sem tirar os olhos de sua irmã que ria. – Ela sempre está querendo chamar atenção, é ridículo. – Comentava até um pouco ressentido sobre como ela sempre conseguia ganhar a simpatia de qualquer pessoa, desde pequena, quando era apenas um bebê e não parava de sorrir para ninguém da família até que todos se esqueceram do outro membro da família James. – E aquele garoto não é o Liam? Ele não é tipo mais velho que nós dois? Por que ele está conversando com aquela pirralha? – Perguntou descrente sem nem perceber que seu amigo não estava prestando atenção nas reclamações dele. estava apenas focado em não perder nenhum momento da entrada de que iria acontecer a qualquer momento. Mas naquele instante apenas o par da garota estava entrando no salão com o sorriso mais galanteador de toda sua classe e foi a vez de começar a resmungar.
— Eu realmente não entendo o que todas as garotas veem nesse cara. – Comentou encarando o menino num terno impecável sorrir da forma mais falsa que era possível, pelo menos era o que pensava de toda aquela cena, parecia que ele balançava a cabeça em câmera lenta como um ator de musical adolescente. Patético, na visão do menino sentado a mesa. – E aquele gel no cabelo? Ele acha que é o James Dean por acaso? – Assim como seu amigo fez enquanto reclama de sua irmã, o garoto não estava obtendo a atenção que ele queria, mas diferente de , ele havia percebido, pois, ele sempre percebia quando não estava conseguindo o que queria. – Tem como você prestar atenção em mim? – Reclamou dando um tapa na nuca do outro garoto que pego de surpresa o encarou bravo. – Para de sentir ciúmes da sua irmã. – Disse voltando a encarar a entrada.
— Eca, eu não estou sentindo ciúmes daquela garota. – Respondeu fazendo uma careta de desgosto, mas rapidamente olhando para ela do outro lado antes de bufar quando, mais uma vez, Liam parecia ter dito algo que a fez rir escandalosamente. – Então pare de sentir ciúmes da . – Disse ao perceber onde estava encarando há tanto tempo. Seu amigo rapidamente o fulminou com o olhar.
— Eu não... – Respondeu surpreso e com os nervos já começando a sair do controle. – Retire o que disse. – Mandou, mas apenas deu de ombros negando. – Retire o que disse, James. – Mais uma vez com o pedido negado pelo amigo, tentou dar um soco no braço do outro adolescente, mas foi rapidamente interceptado. Não demorou muito para que os dois jovens estivessem entrando numa briguinha de socos e resmungões tentando fazer o outro retirar o que havia dito sobre sentir ciúmes.
— Vocês podem agir como pessoas civilizadas por, pelo menos, hoje? – A irmã de disse assim que chegou à mesa dos garotos depois de ver o que estava acontecendo ali. Ela não tinha a maior paciência que alguém poderia ter, e quando se tratava de seu irmão e seu melhor amigo, a paciência diminuía e chegava a quase nula. – , eu juro que se você não parar de agir que nem um animal, eu raspo sua cabeça enquanto você estiver dormindo. – Bateu com as mãos na mesa fazendo com que eles parassem de brigar e prestassem atenção na garota e seu vestido vermelho sem nenhum detalhe, mas muito bonito.
— Ei, maninha. – A olhou com o maior e melhor sorriso irônico que ele conseguia dar. tentava inutilmente concertar mais uma vez seu cabelo, mas ele apenas sentia falta de seu boné.
— Não testa minha paciência hoje, . – Respondeu da maneira mais séria que ela conseguiu. Eles nem pareciam gêmeos, apesar da mesma idade e de todas as características físicas que eram iguais; cor de cabelo, nariz fino e os olhos escuros. Os irmãos nunca conseguiram ficar mais de cinco minutos no mesmo espaço sem entrar numa intensa briga, talvez por terem dividido o mesmo espaço por nove meses quando eram apenas fetos, os irmãos não conseguiam mais fazer nada juntos. – Não paga pra ver, , se algo sair errado nessa festa, eu acabo com você. – Avisou para o irmão que só encenou a maior feição de insultado que conseguiu colocando a mão no peito. deu uma leve risada e Sophie bufou descrente, deixando os dois amigos sozinhos.
As luzes se apagaram, deixando apenas a entrada com um foco de luz. As conversas diminuíram gradativamente e todos encaravam o lugar esperando a aniversariante entrar com seu vestido que seria comentado pelos próximos meses. Os celulares estavam na prontidão para as melhores fotos e a música já havia começado a tocar. não podia negar para si mesmo que estava um pouco estressado com tudo aquilo. Desde que o ano começou, a garota vivia na sua casa para a preparação da festa e era estressante ter que conviver com as risadinhas das garotas pelo corredor, além das ideias de pegadinhas terem ficado escassas após algumas semanas.
— Ela está bonita. – Comentou observando a garota com cabelos cacheados fazendo sua entrada.
— Cala a boca. – Disse sério para o amigo, mas continuou observando a cena da menina caminhando lentamente pelo meio do salão com um simpático sorriso no rosto. Ele se irritava mais ainda quando ela era simplesmente simpática com todos, pois ele sabia que essa não era a que quebrou seu violão e o ignorou por toda a infância. Ela era apenas irritante para . Ela, seu vestido azul piscina que ia até os joelhos, seu cabelo preso como o de princesas da Disney e, principalmente, o pseudo James Dean que já segurava a mão da menina para puxa-la para sua primeira dança. Tudo o irritava. Tudo. – Eu mal vejo a hora desse teatro acabar. – Tirou sua intenção para o casal que ria no meio da pista e apenas assentiu. Eles se conheciam há alguns anos, e desde o inicio essa birra com existia, o garoto nunca parou para perguntar o porquê ela havia começado porque ele não precisava de um motivo, às vezes as garotas conseguiam ser apenas irritantes, segundo ele, que também nunca teve uma boa relação com Megan.
As pessoas já tinham voltado às conversas paralelas normalmente, algumas levantaram para dançar a música pop que tocava e outros permaneciam apenas sentados. balançava a perna impaciente, encarando todos os lados, já ansioso com o que estava para acontecer. depositava sua atenção na comida que o garçom havia levado até a mesa. Era como ele se distraía de toda aquela tensão que seu amigo fazia questão de criar.
— Quando que eles vão passar a droga desse vídeo? – Resmungou impaciente, mas antes que pudesse respondê-lo, mais uma vez as luzes foram apagadas e o grande telão que até agora estava desligado começou a passar um vídeo. sorriu orgulhoso se recostando na cadeira cruzando os braços. encarava tudo um pouco chateado, mas ele só estava sendo um bom amigo na sua visão. – Isso vai ser divertido. – Desviou seu olhar para que sorria animada de braços dados com seu par do outro lado do salão de frente para o Painel.
As primeiras imagens que passaram estavam apenas com textos que já eram programados por Sophie, que havia feito aquela surpresa, mas logo após o ultimo “Feliz Aniversário” previamente planejado pela sua irmã. Uma tela com interferência foi mostrada seguido de um pequeno vídeo caseiro. O sorriso de não podia mais caber no seu rosto.
— Eu daria de tudo para beijar os lábios do Logan. – Uma com o cabelo preso de forma desarrumada comentou no vídeo despreocupado. Ela estava deitada na cama com a cabeça suspensa. observava toda cena gesticulando a boca recitando cada palavra do vídeo que ele já havia visto tantas vezes. Foi um pouco difícil gravar, mas após dias pensando em algo para fazer na festa da garota, ele havia tido a oportunidade de ouro quando ouviu a conversa pela fresta da porta do quarto de sua irmã.
— Você daria muitas coisas para ele que eu sei, . – Sophie riu recebendo um aceno da amiga que gargalhou.
— Talvez... – Brincou. – Eu não me importaria, além do mais, ele será meu par na festa. – Levantou mais a cabeça para olhar a garota sentada na cama com as costas apoiada na parede. – A minha paixão desde os meus treze anos vai ser meu par na festa. Meu par. – Comemorou de forma escandalosa sendo acompanhada por Sophie. , pela primeira vez, desviou sua atenção para quem assistia ao vídeo. Todos soltavam pequenas risadas e alguns até apontavam para que encarava tudo aquilo atônita. Todos se lembrariam daquele dia.
— Desliguem a merda dessa televisão. – Sophie esbravejou já indo a passos largos de encontro com , que distraído não percebeu quando foi fortemente empurrado pela irmã. Ele era magro e sem muitos músculos então não foi difícil para a garota quase derruba-lo junto com a cadeira. – Qual é a porra do seu problema, ? Quando você gravou isso? – Gritava praticamente cuspindo as palavras. Todos os adolescentes já se aglomeravam em volta. Os adultos corriam para acabar com a discussão. – E você também, . Qual é o problema com vocês dois? – Apontava para os dois amigos, o de cabelo loiro escuro não pode negar o rosto um pouco envergonhado e apenas desviou o olhar dando de ombros, mas continuou com a mesma feição inatingível e levantou-se sem medo de peitar sua irmã.
— , me explique isso agora. – A voz nervosa da sua mãe já podia ser ouvida por todo o aglomerado de pessoas em volta a mesa.
— Mãe, como a senhora pode ter tanta certeza que foi eu? – Perguntou tentando parecer ofendido.
— Eu juro que vou acabar com você, garoto. – Sophie ameaçou partir para cima do irmão, mas sua mãe já estava entre os dois apartando a possível briga. – Mãe, ele destruiu o aniversário da . – Disse impaciente, tentando chegar perto do garoto que apenas permanecia de braços cruzados.
— Sophie está tudo bem. – A voz de soou entre os jovens, todos pararam para encará-la, até mesmo a mãe do garoto que já iniciava um severo sermão. a encarou buscando qualquer coisa em seu olhar, qualquer sinal de inicio de uma grande discussão, qualquer coisa, mas tudo que ele encontrou foi um puro e intenso desprezo.
— Gostou do meu presente, ? – Perguntou tentando soar o mais descontraído possível, mas logo recebeu um tapa de sua mãe o mandando ficar quieto. – Eu só estou sendo educado. – Resmungou levando a mão até o local do seu braço que havia sido atingido.
— Você é patético, . – A garota não perdeu muito tempo o encarando, pois ela sabe que se o fizesse as lagrimas apenas rolariam pelo seu rosto. Ela já havia passado por muitos estágios com o irmão da sua melhor amiga; a curiosidade, o ódio e agora estava na indiferença. Ela não sentia nada além de pena da necessidade de atenção que o garoto tinha. – Eu tenho pena da por ela ter que ser sua irmã mesmo que adotiva. – Comentou ao encarar ainda sentado um pouco avulso de todas aquelas pessoas. A garota se afastou de todas as pessoas, entrando no meio da multidão que encarava toda a cena esperando algum tipo de briga. Todos ali sabiam da pequena rixa entre aquela dupla, mas estava tão chateada que tudo havia dado errado que ela não tinha forças para nada. A garota foi seguida prontamente por Sophie e que estavam preocupadas com a falta de explosão da amiga. Aquilo significava que alguém realmente havia a machucado.
Atualmente
— Como foi com o aluno novo, ? – Sophie perguntou despreocupada para amiga que estava jogada no tapete da sala. A garota pensou rapidamente antes de responder, ela poderia dizer para sua amiga que o garoto era seu irmão à procura de algumas aulas seja lá por qual motivo, mas isso implicaria em uma intensa discussão e sabatina de perguntas do por que a garota havia aceitado aquilo tudo e essas eram questões que nem ela saberia responder.
— Normal. – Escolheu responder de forma simples, talvez ela contasse depois quando descobrisse o motivo por trás de tudo aquilo, mesmo que para a dançarina, provavelmente, era apenas mais um plano idiota por parte do garoto.
— Se não são as minhas duas garotas favoritas no mundo. – disse assim que fechou a porta da casa atrás de si com o pé, jogando a mochila no meio do caminho. As duas garotas bufaram juntas e de forma entediada.
— Sai daqui. – A irmã disse sem muita vontade de perder tempo com o garoto que a surpreendeu ao se jogar no sofá do seu lado. – Que merda você acha que está fazendo? – Esbravejou o empurrando com os pés, mas ele não se moveu. observava aquilo tudo de forma um pouco entediada. Ela percebeu que ele estava com a mesma roupa de mais cedo, mas o cabelo mais bagunçado. Alguma garota, ela tinha certeza.
— Sobre o que... Minhas garotas estão falando? – Perguntou com dificuldade, pois ele estava sendo continuamente empurrado pela sua irmã para fora do sofá. – ? – Chamou a garota que desviou o olhar do teto até ele rapidamente, mas não o encarando por mais de poucos segundos.
— Nem pense nisso, babaca. Eu não estou com mais saco pra você hoje. – Respondeu ganhando uma risada descontraída de , que cansou de lutar com a irmã e levantou-se do sofá. Na verdade, ele só queria saber se suas aulas de dança já haviam sido o assunto compartilhado pelas garotas, mas o fato da sua irmã não ter gritado com ele assim que entrou em casa foi o sinal verde significando que tudo continuava sobre sigilo.
— Bem, eu vou subir para tomar um banho. – Se espreguiçou já de pé. As amigas apenas se entreolharam antes de revirar os olhos. – Hoje foi um dia muito cansativo, muitas garotas bonitas me dando problema, mas é o que dizem: quem desdenha quer comprar, não é? – Piscou para que respirou fundo.
— Seu irmão é meu aluno novo. – Jogou a noticia no ar sem muito problema. Ela não iria comentar, mas conseguiu irritá-la o suficiente.
— . – Gritou a irmã do garoto que encarou de forma incrédula. A menina apenas deu de ombros.
— Você realmente não pode ficar com a sua boca fechada, garota? – Reclamou, pois agora ele teria que lidar com Sophie discutindo com ele durante toda a semana, além da possível chantagem que iria vir como brinde. Ele não achou que comentaria nada mesmo com a sutil irritação que ele havia causado naqueles poucos segundos.
— Strike Three, Jonhnson. – Comentou vendo sua amiga já se levantando do sofá, ela sabia que Sophie não deixaria mais o irmão em paz até que ele parasse com as aulas. não achava que aquilo seria uma má ideia até. Ela não aguentaria conviver com o ego inflado de Jonhson por muito tempo, um dia e ela quase teve uma crise de nervos. – Eu disse que se você me irritasse muito, eu contaria. – Sorriu divertida encarando o menino que já não tinha mais a feição leve e irônica de quando chegou.
— Você vai parar com essa palhaçada agora, . – Mandou Sophie com uma cara nada amigável. Seu irmão levou seu olhar até ela e soltou o ar cansado.
— Eu não posso, Sophie, eu já paguei por todas as aulas. – Disse sem animação, mesmo que no fundo ele soubesse que não iria desistir mesmo se tivesse apenas gasto o dinheiro por três horas. Ele gostou da coincidência que o destino arrumou para ele.
— Eu não perguntei se você pode. – O lembrou. – Eu disse que você vai. – Usou o pior tom ameaçador que conseguiu. já havia pegado seu celular para se livrar de toda aquela discussão. Ela havia tentado essa tática mais cedo e não havia dado em nada.
— Sophie... – ia começar a implorar quando foi rapidamente interrompido por sua irmã.
— Eu conto para a nossa mãe, . – Gritou e foi quando parou de prestar atenção no visor sem graça e sem aviso de mensagens do seu telefone. – Ela não quer você perto da desde o incidente do aniversário.
— Isso foi há três anos. – Respondeu, incrédulo que aquela regra que sua mãe havia criado ainda existia para Sophie. – Você precisa superar isso, até a já superou, não é? – Apontou para a menina como se pedisse que ela respondesse. E logo os irmãos a encaravam.
— Não ouse me perguntar isso. – Encarou o menino, mas logo se virou para sua amiga que já tinha seu olhar raivoso de volta no seu irmão. – Sophie, está tudo bem, de verdade, ele é inútil demais, em menos de uma semana ele vai desistir. – Agora foi a vez de a garota receber o olhar raivoso da amiga.
— Você está defendendo ele? – respirou fundo incontáveis vezes antes de se sentar completamente e olhar para Sophie, que aguardava impaciente uma resposta.
— Eu só estou dizendo que ele não vai sobreviver três dias na dança. – Disse. – É do que estamos falando. O garoto mais incompetente que nós conhecemos. Ele não sabe fazer nada que não seja agir de forma idiota com as pessoas. Eu vou até me divertir em vê-lo fracassar tão miseravelmente em seja lá o que ele estiver fazendo. Eu posso até gravar pra você. – Sorriu tentando desmanchar a cara fechada da amiga, que acabou concordando relutantemente com a cabeça. apenas encarava toda aquela conversa, confuso e profundamente ofendido, mesmo que ele nunca fosse admitir para alguém que a opinião de era importante na vida dele.
— Obrigado? – Fingiu confusão, fazendo encará-lo sem nenhum remorso por ter dito tudo aquilo, até porque ela realmente acreditava naquelas coisas, mas rapidamente voltou a atenção à sua amiga.
— Não fala comigo. – Ignorou completamente o jovem, que apenas assentiu e sem dizer mais nenhuma palavra se dirigiu até as escadas para tomar seu banho e poder dormir. Sophie desviou o olhar entre os dois e franziu o cenho confundindo . – O que foi?
— Você não ia contar para mim se ele não tivesse chego aqui e irritado você? – Disse um pouco ressentida. As duas amigas não tinham segredo uma com a outra e não tinha dito a verdade quando ela respondeu.
— Eu estou com a cabeça explodindo. – Começou a explicar de forma sincera. – Seu irmão acabou com qualquer paciência que eu tinha, obviamente eu iria contar, Soph, mas amanhã. Eu não queria enfrentar toda essa discussão que aconteceu agora. Eu realmente não to com saco pra isso.
— Beleza. – A amiga voltou a se jogar no sofá encarando o teto. Ela não estava muito feliz com aquela resposta, mas resolveu não continuar naquele desgastante assunto já que sim, estava certa, seu irmão conseguia ser uma pessoa bastante difícil de aguentar. Sophie não queria pensar que aquela era mais uma piada idiota do gêmeo, mas era difícil acreditar naquele grande ator que havia se tornado ao longo dos anos.
— O que houve com ela? – perguntou um pouco preocupada assim que chegou à mesa de sempre do refeitoro e encontrou Megan consolando . A de cabelos roxos levantou a cabeça sutilmente para apontar na direção da mesa de , e todas as garotas e garotos que sentavam lá apenas para aumentar o ego da dupla dinâmica.
— Eu não sei por que me odeia tanto, . – Murmurou a garota um pouco ressentida. Ela era a mais sensível das quatro. Sempre se importando com o que todos iriam pensar dela, sempre tentando agradar e com uma confiança bastante difícil, principalmente em relação a seu irmão adotivo com quem nunca teve uma boa relação. – Ele foi tão grosso comigo hoje, foi tão pior do que os outros dias, simplesmente porque mamãe havia se esquecido de avisar que Liam que iria me buscar então ele não ia ter que ficar esperando. – nem ao menos levantava a cabeça para contar. Ela já estava acostumada a ser ignorada por todo o caminho até o colégio, por isso não tentava mais ser simpática apesar de odiar ter que lidar com o tratamento de silencio, principalmente porque ela não fazia ideia do porquê de tudo aquilo. O irmão nunca pareceu gostar dela mesmo após inúmeras e cansativas tentativas de aproximação.
— Eu vou falar com esse idiota. – jogou a bandeja com a comida na mesa deixando as duas amigas preocupadas para trás, indo em direção ao aglomerado de alunos em volta dos garotos. – James. – Gritou assim que já estava perto. Todos pararam para encarar o olhar raivoso da morena com as mãos na cintura. já não sorria tão largo para a garota sentada no seu colo.
— , a que devo a honra de sua presença? – Disse o menino, empurrando a líder de torcida para que ela levantasse. revirou os olhos para aquela cena e depositou todo seu olhar enfurecido no garoto de cabelo castanho claro que sorria, mas com uma expressão confusa.
— Eu não estou aqui para perder meu tempo com você, . Meu problema é com seu cachorrinho de estimação. – Apontou para , que já tinha a expressão impaciente. Eram pouquíssimas as vezes que ele tinha alguma conversa com alguma das amigas de sua irmã. E sempre que tinha não durava mais do que cinco minutos até o assunto se transformar em algum tópico envolvendo e . Geralmente, eles eram a grande diversão.
— . – Exclamou com uma falsa simpatia. – Algo que eu possa fazer por você? – Perguntou cruzando os braços. O resto das pessoas na mesa apenas observava toda aquela tensão entre os três. Jogadores, líderes de torcida, músicos ou apenas adolescentes buscando bajular em troca de algo estavam presentes. Esse já tinha depositado sua atenção na postura agressiva da menina, mas também buscava com o olhar a presença do quarteto.
— Você vai pedir desculpas para agora. – Mandou ganhando uma leve risada como resposta, o que a irritou mais ainda. – Se você rir de novo eu juro que quebro seus dentes garoto.
— Olha, eu não vou pedir desculpas pra ninguém. – Cuspiu as palavras a imitando e não se intimidando com ela. Ele já sabia que era aquele o problema. As poucas vezes que eles se falaram foram por causa do seu temperamento com sua irmã. Era obvio que aquilo aconteceria depois da manhã conturbada dos dois, mas não se sentia errado. Ele sempre a levou para o colégio, todas as manhãs durante dois anos e hoje, simplesmente, Liam iria começar a fazer isso? James achou ridículo, no mínimo, ter ficado lá esperando a garota enquanto ela já tinha planos com a nova carona. – O bebê já foi chorar para as amigas, não é? – Sorriu com ironia. – Nada novo. – desviou seu olhar para , que levantou as mãos tentando se esquivar daquilo, mas com o mesmo sorriso irônico do melhor amigo.
— Ótimo. – Imitou a feição sarcástica dos meninos e desviou seu olhar para . – Nós podemos conversar em particular? – Perguntou fingindo um grande sorriso. ficou um pouco confuso, mas rapidamente levantou-se e rapidamente se afastou da mesa indo para um local mais afastado perto da entrada, sendo seguida por ele.
— Já sentiu minha falta, ? – Enfatizou o apelido ganhando apenas um revirar de olhos entediados da garota. – Olha, eu não tenho nada contra a , eu realmente acho ela uma menina até que simpática. Na verdade, às vezes, simpática demais para andar com alguém como minha irmã. – Fingiu estar pensativo, mas logo voltou a atenção para . – E com você também, é claro.
— Ok, eu vou ser direta porque não quero ter que gastar toda minha paciência sabendo que eu ainda tenho mais três horas de convivência com você hoje. – A mera menção das aulas de dança causou reações distintas nos dois jovens. sorriu mais largamente de forma convencido por ela ter comentando sobre, pois isso significava que o acordo ainda estava de pé. , por outro lado, bufou desanimada com o fato de ter que conviver em mais um ambiente com uma das pessoas que ela mais desprezava no mundo. – Você vai fazer com que seu brinquedinho James peça desculpa para e comece a tratá-la melhor.
— Eu não acho que eu deva interferir em questões de irmãos, você entende né? – Tentou brincar.
— Ok, eu vou reformular, ... – Cruzou os braços de forma imponente. – Ou você faz com que ele peça desculpas e a trate melhor, ou nosso acordo está desfeito, eu subo naquela mesa... – Apontou para o centro do refeitoro lotado fazendo com que o garoto rapidamente desviasse o olhar de . – E jogo seu segredinho idiota na roda. –Voltou a ter os braços cruzados. – Então o que vai ser?
— Eu criei um monstro. – Comentou um pouco incrédulo, mas não surpreso que ela iria pedir alguma coisa em algum momento. – Eu não posso fazer com que ele faça algo, . – respondeu apenas com uma risada descrente. – O quê?
— Se você mandar aquele garoto pular de uma ponte, ele pula, . – Falou já sem paciência com aquela conversa. – Eu realmente não quero ter que fazer o que você está me obrigando. – Mentiu, na verdade ela não se importava com toda aquela história. só queria que fosse respeitada pelo seu irmão adotivo.
— Tá. – Aceitou contrariado. – Ele vai pedir desculpas pra sua amiga hippie.
— Agora. – O interrompeu apenas para completar.
— Você é muito irritante. – virou-se para ir em direção à sua mesa e pensar em algum plano para que fizesse com que seu amigo engolisse o orgulho e pedisse desculpas para a irmã. Ele nunca perguntou o porquê de toda aquela implicância com , mas tendo seu próprio caso como exemplo, ele poderia ter uma noção.
— O que aquela garota queria conversando com você? – perguntou assim que seu amigo se jogou na cadeira ao seu lado com uma feição irritada.
— Meninas, vocês podem dar licença para uma conversa com o meu irmãozinho aqui. – Pediu tentando soar o mais galanteador possível com toda irritação que havia causado nele. As meninas deram sutis risadinhas e saíram sem discutir. O garoto achava até um pouco irritante o fato de nenhuma garota levantar a voz para ele ali, era tedioso, o garoto achava. Por isso, era mais divertido para ele perturbar a melhor amiga de sua irmã. – Você precisa me fazer um favorzinho.
— Eu tenho escolha? – Tinha sido uma pergunta retórica, os dois amigos sabiam disso. Todos que conviviam com eles sabiam, na verdade. era muito menos irônico, esnobe ou difícil de lidar que seu amigo, o que não era muito complicado. E era por isso que eles funcionavam. entendia a necessidade de atenção e a dificuldade de rejeição que tinha e ele não se importava em parecer um “cachorrinho” na visão maldosa das pessoas se isso significasse que ele seria um bom amigo. Por outro lado, nunca o abandonou, nem uma vez em todos os anos de amizade e isso era o que bastava um para o outro. Era uma daquelas amizades que seguiriam por toda a vida.
— está ameaçando subir na mesa e contar sobre a dança se você não pedir desculpas para sua irmã. – Contou rapidamente tentando não se embolar nas palavras para não precisar repetir aquilo em voz alta. Ele achava um pouco humilhante estar perdendo aquela pequena batalha.
— Você está me devendo uma grande por essa, . – Aceitou sem brigar muito e viu quando o amigo soltou o ar um pouco mais calmo e abriu um verdadeiro sorriso. – É pra ser agora? – Perguntou um pouco contrariado ganhando um aceno como resposta. – Eu estou começando a entender seu problema com a agora. – Bufou ao se levantar para ir em direção à mesa na qual sua irmã estava já sozinha, como havia pedido para Megan que aceitou e foi buscar Sophie na sala.
A garota tentava se distrair com um pequeno livro de bolso que havia ganhado recentemente. Ele era recheado de frases do filosofo Nietzche que apesar ter sido lido completamente no mesmo dia que ela o achou misteriosamente na porta de seu quarto, provavelmente deixado lá pelos seus pais. havia percebido o quanto lê-lo ajudava nas suas crises de ansiedade. Pensar em algo que não fosse o que aconteceria e em todas as possibilidades ruins que seu cérebro criava para a situação futura, ou a dor no peito que a fazia ter vontade de respirar fundo mais vezes que o normal, ou o fato de toda a sua mente trabalhar tão rápido que ela não conseguia formular frases para responder todos que a viam daquele jeito e perguntavam o que estava acontecendo. Era terrível quando ela se sentia daquela forma, mas infelizmente ninguém sabia disso, para todos ela era apenas uma pessoa ansiosa e pessimista.
— Ei, hippie. – Disse assustando sua irmã que instintivamente fechou o livro, o escondendo em baixo de seus braços e encarou o garoto se jogar na cadeira vazia à sua frente. Ela nunca entendeu por que ele achava que aquele apelido seria algo ofensivo então ela apenas fingia que não gostava, para que ele continuasse a chamando daquele jeito.
— Ah, ei, . – O respondeu um pouco confusa e não evitando procurar algum dos amigos do seu irmão em volta. Ela já estava esperando algum tipo de piada de mau gosto, apesar de que ela sabia que ele não era tão idiota quando não estava com os garotos da banda ou do futebol.
— Olha, eu quero que grave o que vai acontecer aqui porque isso não vai rolar de novo, hippie. – Disse tentando soar o menos irritado possível, não que ele não estivesse porque ele ainda estava. Não podia acreditar que havia sido tão idiota por ter tentando ser legal com ela e ter sido totalmente ignorado e trocado. era a ultima James que não havia o trocado ainda, mas agora ela preferia que Liam a levasse para o colégio. E ele mais uma vez havia sido deixado de lado. – Eu sinto muito pelo jeito que eu te tratei hoje. Eu ainda acho Liam um pé no saco e você mais ainda por estar namorando aquele idiota.
— Eu não... – Tentou se explicar, mas foi rapidamente interrompida.
— Eu não perguntei e eu não ligo, . – A garota fechou a boca que ainda estava aberta para continuar falando e concordou sem muita animação. Eles sequer olhavam um para o rosto do outro. porque não conseguia ser um idiota quando encarava o os olhos da irmã e porque ela simplesmente evitava isso com ele. A garota nunca soube realmente explicar o porquê já que interação social nunca foi um problema para ela. – Só estou, sei lá, garantindo meu lugar no céu e sendo educado com você. Não espere isso de novo. – Não esperou a irmã responder e levantou-se rapidamente para voltar a sua mesa. No caminho, recebendo um polegar levantado de aprovação de . E sem perceber, sendo observado a distancia por que havia decidido não contar para a amiga que aquilo tinha alguma coisa a ver com chantagem, talvez ela devesse só pensar que o garoto foi tremendamente intimidado e percebeu que havia sido um babaca por si só.
~*~
— Ei, Tommy. – Cumprimentou assim que viu o colega de trabalho perto das traves. O homem sorriu ao encontrar a menina já chutando a mochila para um canto afastado e começando a se preparar para alongar. – Eu nem vi você sair daqui ontem.
— A tensão que ficou aqui quase me deixou sem ar. – Disse ganhando uma revirada de olhos da garota. – Quem é ele? – Perguntou curioso depois de ter visto toda a cena de ontem. O dançarino esperava algo como um relacionamento frustrado ou que terminou de uma maneira bem problemática.
— Ele é o irmão gêmeo da minha melhor amiga. – Deu de ombros sem animação. – Eu meio que tenho que o aturar desde os meus cinco anos de idade.
— Achei que vocês fossem ex-namorados. – Respondeu de forma sincera recebendo um rápido e surpreso olhar de . Ninguém nunca havia encarado os dois como algo diferente de pessoas que não se suportam. A garota não pôde evitar o olhar de desgosto em imaginar ser namorada de alguém como . – Sei lá, parecia que ele gostava de você.
— Ah, a clichê romantização do “garotos gostam de você quando te tratam mal”. – Fez aspas de forma exagerada com a mão e riu de forma irônica. – Não sou muito fã dessa tese, Tommy, além do mais, faz mais o tipo que só gosta dele mesmo. Não acho que ele consiga desenvolver algum tipo de empatia por alguém.
— Ouch. – Os dois encararam o menino encostado na porta da entrada. Ele estava com um sorriso divertido mesmo que, no fundo, não havia sido nem um pouco divertido escutar aquilo da boca da garota. Não que ele não soubesse que aquela era a opinião dela, mas não era tão legal ouvir tão claramente. Por isso, ele resolveu parar para ouvir o que ela falaria dele e após ela começar, ele preferiria ter chego mais tarde. – E eu, definitivamente não gosto dela, cara. – Completou indo até a garota que já tinha tirado a atenção dele há muito tempo. – Você gosta de mim? – Brincou e , por pouco, não mandou ele ir tomar em vários lugares ao virar e vê-lo tão próximo e tão brincalhão com ela. Seu chefe já tinha saído do salão, ele ainda continuava com a mesma opinião do dia anterior sobre os dois. – Então, como nós começamos? – Disse assim que percebeu se afastando dele e o ignorando completamente enquanto olhava uma pasta que havia acabado de pegar dentro da bolsa.
— É sério que você gastou aquele dinheiro todo para aprender a dançar a valsa de Bela e a Fera? – Riu levemente enquanto lia a ficha de , geralmente ela fazia isso em casa ou durante as aulas chatas de geografia, mas não tinha cabeça para ficar prestando atenção nas recomendações do garoto. Ela ainda estava se acostumando com a ideia daquelas classes. – Por que você quer isso? – O encarou pensativa, ganhando apenas um dar de ombros como resposta. Pela primeira vez, estava começando a dar razão a Sophie quando ela passou a noite dizendo sobre como aquilo deveria ser alguma pegadinha idiota do irmão. – Qual é o joguinho dessa vez, ? – Jogou a pasta em cima da mochila já avançando até o garoto, que levantou as mãos em sinal de paz e se afastou do olhar enfurecido da menina.
— Não tem jogo nenhum, . – Gritou na defensiva. – Eu juro, tá legal? Eu só preciso aprender a fazer isso sem pisar no pé de alguém ou quebrar o meu, sei lá. – Tentou se explicar inutilmente já que continuava o encarando da mesma maneira que antes. – Eu não ia gastar tanta grana só pra implicar com você, garota, eu posso fazer isso de graça, lembra? Nós dormimos na mesma casa.
— Eu juro, , se você atrapalhar a única coisa intacta que eu tenho longe de você, eu nem sei o que eu faço com a sua raça. – A menina tentou ficar calma e respirou fundo algumas vezes levantando o olhar para cima apenas para não ter que lidar com o menino à frente dela, mas assim que abaixou sua cabeça deu de cara com e seu sorriso. E fez a única coisa que ela conseguiu pensar no momento, ela gritou, apenas com um método diferente de tentar se manter relaxada. As suas aulas nunca haviam sido tão desgastantes e ela, ao menos, tinha começado.
— Eu prometo que não é nada, ok? – Disse sincero, ele não estava planejando qualquer tipo de coisa e ao ver a garota tão estressada, ele quase se sentiu mal por estar fazendo aquilo, mas ele precisava.
— Só vamos acabar com isso logo. – Ignorou a boa ação do menino que assentiu. – Você precisa se alongar primeiro para não quebrar nada. – Avisou começando a fazer os movimentos mais simples, como levar o braço por trás da cabeça, e rapidamente foi seguida por que estava à sua frente.
— Eu achei que você iria querer que eu quebrasse alguma coisa. – Brincou tentando amenizar a tensão entre eles dois.
— Não vou mentir que é tentador te ver agonizando no chão gritando pela minha ajuda. – Riu levemente, mas logo fechou a feição de novo quando percebeu que estava agindo de maneira civilizada com ele. nunca havia agido de forma civilizada com em todos os anos. O menino também percebeu a situação e não conseguiu evitar o sorriso.
— É claro. – Concordou ainda sorrindo.
— Pare de sorrir, você está me irritando. – Mandou séria parando de se alongar e virando-se para ir até o rádio e colocar alguma melodia de valsa. – Por que você quer aprender isso? – Ela ainda estava confusa com toda aquela historia de dança que o garoto havia arrumado, principalmente porque ele não era do tipo que dançava e ela sabia disso, já que morava com ele. era músico e dos bons, não podia negar. Mesmo que o som da guitarra dele sempre fosse motivo de brigas.
— É um rolo que eu estou. – Até o menino havia demonstrado confusão ao tentar explicar, mas a dançarina não respondeu e logo o rádio estava ligado e ela estava parada à sua frente.
— Ok, vamos lá. – Disse séria, encarando o garoto que assentiu. – Primeiramente, endireita sua postura, , não fique como se tivesse carregando uma mochila pesada. – estufou o peito seguindo as ordens da garota. – Coloque sua mão direita no meio das minhas costas e segure a minha mão direita. – O músico hesitou um pouco já que eles nunca haviam ficado próximos, , na verdade, não se lembrava nem de ter tocado a garota alguma vez que não tenha sido para irritá-la. – Só faz isso logo. – Falou impaciente quando percebeu que ele apenas a encarava, puxou seu braço e fez com que a mão dele ficasse no lugar correto e depois colocou a sua mão esquerda no ombro dele. – Pronto, basicamente, é essa a posição que devemos ficar. E nunca perca a postura, mas também não fique duro como um poste. Separe seus pés em alguns centímetros. – não conseguia tirar os olhos do olhar concentrado da garota à sua frente, mas sempre seguindo as suas instruções. percebia, mas ela evitava ao máximo encará-lo nos olhos, sempre prestando atenção nas mãos e nos pés do garoto. Ela não estava tão confortável com a proximidade. – Nós vamos contar os nossos passos no inicio, quando eu pisar para trás, você pisa para frente.
— Se eu pisar no seu pé não será de propósito. – Avisou já sabendo que as probabilidades de aquilo acontecer serem altas e ele não queria que pensasse que ele estava levando aquilo na brincadeira.
— É eu sei que você é só péssimo nisso de andar, você já caiu da escada umas dez vezes sozinho. – Riu ao se lembrar de todas as vezes que ela só ouvia o barulho do garoto rolando escada abaixo, logo gritando um “estou bem”. riu também e ela o encarou pela primeira vez desde que eles haviam ficado tão próximos, parando de rir gradativamente. Nenhum dos dois acostumados com aquele tipo de situação. – Então vamos logo. – Balançou a cabeça para ajuda-la a pensar mais claramente. – Você só vai me seguir, tudo bem? – Assentiu. – Esquerda, direita e esquerda e depois direita, esquerda e direita.
— Eu já me perdi. – Disse sincero deslocando seu olhar para os seus pés.
— Só conta em voz alta e segue o ritmo. – começou com o pé direito dando um passo para trás, estava confuso e de forma descoordenada tentou seguir a garota dando um passo para frente com o pé esquerdo. A dançarina soltou uma leve risada pela forma dura do menino de dançar e ele só bufou, mas logo sorriu. – Você é terrível. – Comentou, mas não de forma ruim como ela geralmente fazia, tinha sido apenas um comentário sincero que fez com que assentisse também rindo. Eles seguiram ensaiando pelo resto da tarde, algumas vezes o músico pisava no pé da dançarina, que bufava e brigava com ele, mas logo reiniciava a dança. Eles se encararam algumas vezes, o garoto principalmente, ele não conseguia tirar seus olhos de . Para ela era mais difícil. Ela nunca gostou de admitir isso em voz alta, mas ela, assim como todas as garotas da sua escola, não era imune aos olhos de , e ela não estava acostumada a ter que lidar com sorriso sincero que ele dava todas as vezes que seus olhos se encontravam. Aquele não era o tipo de sorriso trocado por eles, era sempre algo cínico ou irônico, nunca sincero. não podia negar que havia achado bonito, infelizmente ele nunca saberia disso.
— Eu não acredito que já está de noite. – comentou olhando para a janela. Ele e passaram o dia pisando um no pé do outro, discutindo para saber quem tinha feito de propósito mesmo que todos soubessem que a garota fez de propósito, mas o músico não. Ele era apenas péssimo naquilo.
— E você não aprendeu nem a dar dois passos sem destruir meu pé. – Respondeu divertida pegando sua mochila do chão e jogando por cima do ombro. virou-se para encara-la, fingindo uma feição indignada, mas logo sorriu.
— Eu? – Começou a segui-la para fora do salão. – Você pisou no meu dez vezes, , e eu contei. – A menina olhou rapidamente por cima dos ombros e assentiu confirmando que sim, ela havia feito aquilo e de propósito, provavelmente, já que ela era a dançarina profissional entre eles dois.
— Foi totalmente sem querer. – Mentiu de forma obvia, não escondendo o sorriso. – Não podia perder a oportunidade, . – Explicou. Os dois já estavam na rua um ao lado do outro. Tempo recorde de interação entre os jovens.
— É claro que não. – Disse de forma irônica. – Nunca ficamos tanto tempo juntos sem querer matar um ao outro, eu acho...
— Eu ainda quero matar você. – Desviou o olhar do chão para o garoto ao seu lado que riu sarcasticamente. – Força do habito, eu acho. – Deu de ombros voltando a olhar pra frente. – Por que seu amigo odeia tanto a irmã? – Perguntou após um tempo em silencio entre os dois. Ela sempre quis entender o real problema da família James, principalmente o problema de com .
— Eu não sei. – Chutou uma pedrinha no chão e colocou as mãos no bolso da calça. – Nós nunca conversamos sobre isso, mas eu acho que é ciúmes, não sei. tem problemas na família e com seus pais, que são pais horríveis se você quer saber, ele nunca pareceu lidar bem com a ideia de ser substituído pela sua amiga. – Tentou explicar, mas até ele estava confuso sobre toda aquela historia. No fundo, sempre achou que o melhor amigo gostasse da irmã adotiva, mesmo que ele nunca soube qual tipo de gostar estava implícito na relação.
— não tem culpa dos pais que ele tem, eles a escolheram, ela não tem culpa nenhuma nisso, seu amigo é um idiota. – A paciência da garota tinha se esgotado rapidamente, ela amava a amiga e sempre a defenderia, o que a fez perceber que provavelmente amava o amigo tão quanto. – Foi mal, eu só queria entender. – Murmurou um pouco relutante.
— Uau. – Exclamou surpreso e ela o encarou impaciente. – É só que você nunca, nem em um milhão de anos, pediu desculpas para mim. Nós temos um avanço aqui na nossa relação. – Comentou tentando não demonstrar a rápida felicidade que sentiu, desviou o olhar para ele rapidamente, e gargalhou sem medo do que as pessoas iriam pensar ao passar por eles na calçada. – O que foi? – A felicidade já tinha ido embora levando o sorriso junto.
— Nós nunca vamos ter uma relação, . Nunca. Nenhuma. Nem em um milhão de anos. – Disse pausadamente, ganhando uma risada sarcástica como resposta. Eles estavam em silencio de novo. Ninguém se atrevia a voltar com qualquer assunto. Uma guerra silenciosa entre os dois, cada um não queria dar o braço a torcer.
— Eu não aguento mais aquele garoto. – Fechou o livro abruptamente. – Ele não deveria estar estragando meu único momento de paz.
— Vai durar só uma semana – Tentou soar confiante, mas ela sabia o quanto estava prestes a explodir.
— Eu vou passar praticamente o dia todo com ele hoje, eu já estou querendo me matar. – Afirmou. – Eu nem sei por que temos que ficar aqui de noite, nem todo mundo vai participar desse sarau, logo, nem todo mundo deveria montar o circo. - tentou soar estupidamente óbvia para amiga concordar com ela, mas, no fundo, todos sabiam que era apenas implicância.
- Você deveria conversar com ele e vocês ensaiavam aqui mesmo. - Tentou ajudar, ganhando apenas um aceno negativo como resposta.
— Ele, provavelmente, só quer fazer da minha vida um inferno e nunca aceitaria tornar tudo mais fácil pra mim, além do mais ele tem essa coisa de segredo. – Não foi difícil notar a entrada do garoto, que estava sendo assunto daquela pequena conversa. Sempre junto do amigo que sorria para todas as garotas que passavam por eles. Patético para . Encantador para . – Ele podia tropeçar e torcer o pé, não é? – Pensou alto enquanto encarava atentamente o movimento dos garotos enquanto internamente torcia para isso acontecer.
— Isso é algo muito ruim de desejar – respondeu voltando o olhar para amiga.
— Eu não disse nem quebrar, eu só queria que ele machucasse um pouquinho. – Juntou os dedos fazendo o gesto com a mão, ganhando uma risada da amiga.
— Eu posso ir andando – Respondeu sem tirar a atenção da sua mochila. Ela jogava todas as coisas dentro, sem nenhuma vontade de manter organizado. A dançarina só queria terminar aquele dia o mais rápido possível.
— Mas está chovendo. – Tentou, ganhando um sonoro não e sendo deixado sozinho na recepção do prédio onde tinha o salão de dança. entendia o porquê de ela ser tão distante, entendia o ódio, mas o desprezo era o pior. Ele gostava de atenção, principalmente a dela. Ele não podia mentir, ele ainda se sentia da mesma forma depois de todos os anos.
A menina tentou evitar ao máximo a chuva que caia de forma severa naquele fim de tarde. O colégio não ficava tão longe do estúdio, ainda assim ela poderia pegar um ônibus, mas é claro que apenas pelo fato dela dizer que iria andando então ela iria andando por todo o caminho. Sem reclamar. Talvez até sorrindo, pelo menos, até sentir todo seu corpo se molhando com um forte banho d'água que um carro acabara de proporcionar.
- Eu juro que foi sem querer. - fechou os olhos, contou até um número muito alto, mas não conseguiu evitar o grito seguido de vários xingamentos em direção ao jovem no volante que observava tudo da janela do carro preocupado. - Não me odeie. - Pediu inutilmente, enquanto abria a porta e saia do carro para ajudar a menina, que ainda incrédula que aquilo estava acontecendo permanecia parada no mesmo lugar. - Pode usar minha jaqueta pra disfarçar e passar a noite hoje.
- Eu nunca odiei tanto você. - Puxou a jaqueta da mão do garoto e rapidamente deu a volta no carro para entrar e se esquentar. tremia de frio e de raiva.
- Realmente, não foi por querer. - Tentou explicar enquanto fechava a porta e girava a chave, mas fechou a boca assim que levantou a mão, como se o pedisse para ficar quieto.
- Eu não entendo por que você se esforça tanto pra transformar minha vida num inferno...
- Eu não... - Interrompeu rapidamente, mas logo foi também interrompido.
- Desde que nos éramos crianças você faz isso. O que eu fiz pra você? - Virou-se, ficando de frente para que apertou as mãos no volante e evitou ao máximo o contato.
— Não foi por querer, eu não vi você. - Começou a se explicar.
— Não apenas isso, mas tudo, . Minha festa, as mentiras, as zoações no colégio. Passaram-se anos e você continua enchendo a minha vida. Daqui a pouco estaremos na faculdade e você ainda vai fazer questão de me infernizar. - A jovem não obteve nenhuma resposta, mas também não é como se ela esperasse um pedido de desculpas depois de tantos anos. Após mais poucos minutos no carro em completo silencio, não esperou nem um segundo para sair do carro assim que ele havia sido estacionado na frente do colégio.
— Essa é a jaqueta do meu irmão? - Sophie perguntou assim que viu a amiga entrar impaciente pela porta do ginásio. Vários alunos se aglomeravam em pequenos grupos e arrumavam as ultimas decorações para sexta.
— Por favor, apenas não agora. - Pediu sem parar para prestar atenção na amiga e foi direto para o local menos movimentado. Ela precisava de um tempo, talvez até chorar de raiva. Qualquer coisa que a evitasse voltar até aquele estacionamento e matar o irmão da sua melhor amiga.
— Ei. – ouviu a amiga chamar, mas não se virou para encará-la. – Eu descobri algo hoje sobre o inútil do . De algum jeito, ele parece que está em uma peça de teatro na escola do meu primo mais novo.
— Me deixa adivinhar: a bela e a fera? – interrompeu ainda encarando o chão.
— Ele não está tentando estragar nada, eu não estou aqui defendendo aquele moleque, mas é só porque eu percebi que você está nervosa e bem, dessa vez, parece que está tudo normal, é claro, se não estiver eu acabo com ele.
— Ele me molhou com o carro. – explicou, pela primeira vez encarando a menina que apenas revirou os olhos e murmurou um “idiota”, ganhando um aceno como resposta. – Preciso ficar sozinha para não matar ninguém.
— Se precisar de ajuda me chama, eu mato sem nenhum problema, sempre quis ser filha única mesmo. – as amigas riram e logo restou apenas uma naquele local.
— Tem certeza de que você quer fazer isso? – perguntou incerto. Ele estava se sentindo um adolescente de novo enquanto terminava de arrumar todos os fios do palco. Eles estavam se preparando para tocar como a ultima atração do sarau. tinha escrito aquela musica nos últimos três dias que ele foi obrigado a ensaiar sua dança com uma substituta. – Da ultima vez que você quis chamar a atenção da , você quase foi mandado para um colégio fora do país, de castigo.
— Eu sei o que estou fazendo. – tentou soar o mais confiante possível, já prestes a subir no palco.
— , você nunca sabe o que está fazendo de verdade. – comentou ironicamente, ganhando apenas uma piscada de olho como resposta. Era agora ou nunca. Para , era o nunca, mas eles eram melhores amigos e é isso que amigos como eles faziam. Sempre juntos.
Os dois ficaram bem no feixe de luz no centro do palco. conseguiu ver , sua irmã e as amigas bem no fundo distantes de todos. As garotas nem prestavam mais atenção no que estava acontecendo. O jovem já estava acostumado a não ter a atenção da menina desde a infância, não era nada novo para ele. Já para ela, não era nada novo ignorá-lo tão fortemente como fez por todo final da semana. Ela não conseguiu continuar com as aulas como achou que conseguiria e ela só estava ali por , assim como todas as outras.
— Essa é uma musica que eu escrevi nessa semana e, bem, a pessoa para quem eu escrevi isso geralmente odeia todas as surpresas graças a mim, mas considere isso um presente de quinze anos. – rapidamente levou seus olhos para o palco assim como todas as amigas ao redor.
Maybe I don't act the way I used to
Because I don't feel the same about you
In fact, that's a lie, I want you
Talvez eu não aja da maneira que eu costumava
Porque eu não sinto o mesmo sobre você
Na verdade, isso é uma mentira, eu quero você
I raced through soundcheck
Just to meet you on your fag break
And you convinced me
To put life aside and want you
Corri através da checagem de som
Apenas para encontrá-la em seu intervalo de cigarros
E você me convenceu
A colocar a vida de lado e querer você
If only for the sake of it I could chill you out
And drive us through the night to your sister's
You can fall asleep with my jacket as a cover
And wake up just to join me to smoke
Se só pela curtição eu pudesse te acalmar
E dirigir pela noite até a casa de sua irmã
Você pode dormir com minha jaqueta de cobertor
E acordar só para fumar comigo
I wanted everything at once
Until you blew me out my mind
Now I don't need nothing
Eu queria tudo de uma vez só
Até que você estourou a minha mente
Agora eu não preciso de nada
Maybe I don't act the way I used to
Because I don't feel the same that I did
The fact that I lie because I want you
Talvez eu não aja da maneira como costumava
Pois eu não me sinto da mesma maneira sobre você
O fato de eu mentir
É porque eu te quero
And if only for the sake of it I could chill you out
And drive us through the night to your sister's
You can fall asleep with my jacket as a cover
And wake up just to join me to smoke
Se só pela curtição eu pudesse te acalmar
E dirigir pela noite até a casa de sua irmã
Você pode dormir com minha jaqueta de cobertor
E acordar só para fumar comigo
I wanted everything at once
Until you blew me out my mind
And now I don't need nothing
Eu queria tudo de uma vez só
Até que você estourou a minha mente
Agora eu não preciso de nada
We'll be talking about your background
And how it never left you much
Because you grew up in a small town
You'll appreciate it more
When you're done figuring your life out
And everything's fine
Nós falamos do seu passado
Como nunca te deu muita coisa
Pois você cresceu numa cidade pequena
Você apreciará isso muito mais
Quando terminar de desvendar a sua vida
E tudo estará bem
I raced through soundcheck
Just to meet you on your fag break
And you convinced me
To put life aside and want you
E eu corri para passar o som
Só para te encontrar no seu intervalo
E você me convenceu
A colocar minha vida de lado, e querer você
I wanted everything at once
Until you blew me out my mind
And now I don't need nothing
Eu queria tudo de uma vez só
Até que você estourou a minha mente
Agora eu não preciso de nada
Assim que o ultimo som do acorde soou, todos no ginásio bateram palmas e ovacionaram os garotos que não perderam a oportunidade de aproveitar a atenção que eles tanto gostavam, mas assim que percebeu que tinha sumido, nem toda aquela atenção fez com que ele se sentisse bem.
— Você precisa parar de fazer surpresas. – o garoto se virou rapidamente para a porta da pequena sala da checagem de som. Ele já estava sozinho lá há alguns minutos desde o final da apresentação. já tinha o deixado como ele havia pedido para o amigo fazer. – É sério, o que foi aquilo?
— Um pedido de desculpas por tudo, eu acho. – respondeu incerto. – Eu não sabia lidar com o fato de estar apaixonado por alguém que nunca nem olhou para mim...
— Você dizia que eu tinha piolho. – interrompeu o menino.
— Eu só queria que você prestasse atenção em mim. – disse como se fosse obvio, mesmo que após tanto tempo talvez até pra ele soasse patético. – Eu só cansei de ver você me ignorando, era mais fácil quando você me odiava, mas na ultima semana nem me olhar você fez.
— Você é muito mimado. – murmurou sem muita paciência. – Nada mudou entre a gente, , você ainda é o irmão irritante da minha melhor amiga. Não espere que você me convença de tudo no mundo e queira você. – antes que o garoto pudesse questionar, tirou a jaqueta da bolsa ficando com ela na mão. – Apesar de tudo, eu gostei da musica, mas vai precisar pelo menos de um álbum inteiro para eu gostar de você. – sorriu jogando a jaqueta para , que pegou sem muito problema.
— Isso é uma luz no fim do túnel? – perguntou brincando, pois já havia considerado um sorriso de em sua direção o maior feito daquele mês.
— Talvez na faculdade. – parou fingindo estar pensativa. – Quando eu estiver bêbada e você for a única pessoa no mundo.
— Válido. – acenou. – A gente se vê em casa? – brincou ganhando uma revirada de olhos.
— Se você conseguir chegar com o pneu furado, talvez. – piscou, logo deixando mais uma vez sozinho. não tinha realmente feito aquilo, por mais que Sophie tivesse tentando muito convencê-la a fazer, mas a garota não poderia negar que a musica era melhor do que muita coisa no rádio. E que tinha uma voz bonita no palco. Faculdade soava um bom plano para ela.
Fim
Nota da autora: Espero que gostem, eu estava com a ideia dessa história mesmo antes do ficstape então eu tive que adaptar algumas coisas para combinar com a musica e para que fosse uma shortfic, ou seja, tem grandes possibilidades de eu retomar essa história ainda esse ano, quem sabe, não é mesmo? Mas espero que vocês gostem de verdade.
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