Capítulo Único
- Não faz sentido essa gritaria, ! - David gritava e controlava as lágrimas, não aguentava mais manter um relacionamento que só ela insistia e fazia com que tudo desse certo com medo de que tudo acabasse só que esse dia tinha chegado e depois de mais uma traição que ela havia descoberto e diversos conselhos que fizeram com que ela tomasse vergonha na cara e finalmente colocasse um fim no relacionamento desgastante em que estava.
- O que não faz sentido são suas mentiras e os perdões que eu te dei quando me jurou mudar e não muda, David.
- Mas dessa vez é verdade.
- Não é verdade, tento fazer isso e te escutar há quase dois anos enquanto isso eu aturo um namoro de fachada, eu era tão dependente de você que nem percebia o quanto isso me mantinha enclausurada em uma história que nunca chegou a dar certo. Você foi uma droga, em todos os sentidos. Então por favor, sai da minha casa. - E dito isso viu o cara que ela gostava sair da porta de seu apartamento tendo total consciência de que ele devia sentir um alívio. Foram quase dois anos de tormento, quase dois anos aturando o machismo de David e a mania de brigar com ela e diversas vezes chegar a segurá-la um pouco forte demais por achar que ela o obedeceria. Ela não saia com as amigas e raramente via . Seu melhor amigo, mas era ele que sempre estava com ela quando brigava com David por alguma idiotice que ele havia feito.
se jogou pra trás no sofá de dois lugares de couro do apartamento que havia ganhado dos pais quando completou 18 anos e se lembrou das vezes em que chorou ali e chegou cercado de suas comidas favoritas mesmo depois de um dia desgastante na faculdade de Medicina e por alguma falta dela na faculdade de psicologia. Procurou o celular pelo sofá e o encontrou enviando uma mensagem pra .
"Onde você tá?"
Não precisou de mais de dois minutos para receber uma ligação do melhor amigo.
"Oi !" - O barulho de alguma música um pouco alta demais o fazia gritar no telefone
"Terminei com David." - Ela soltou com a voz triste e pode sentir um mero aperto no peito e o olho marejar ao tocar no assunto novamente.
" Estou indo pra aí' - Não teve tempo de discutir ou dizer que era pra ele se divertir, mas sorriu involuntariamente ao lembrar-se de tudo que já haviam passado.
Flashback - 19 de fevereiro
sentou- se no sofá depois de ficar mais de uma hora andando de um lado para o outro esperando que David aparecesse mesmo tendo certeza que ele havia esquecido dela ali mais uma vez.
Maravilha! Havia se matado pra concluir as atividades no período matinal da Universidade para conseguir ir ao salão e estar pronta exatamente as sete como haviam marcado, mas como o costume de todos em relação às burradas do namorado de era evidente, especialmente . Quando a mulher se sentou pra tirar o corpete que usava ouviu a porta abrir e um com Tulipas em mãos aparecer ali com um sorriso estridente e lindo.
- Feliz aniversário, morena!
Fim do Flashback
Era sempre ele que estava ali pronto pra fazê-la sorrir. Viu a fechadura se mexer e entrou com semblante preocupado sem saber se pisava em um campo minado, já que o semblante de oscilava entre um sorriso em vê-lo e os olhos lacrimejavam e ele sabia que mesmo que tivesse muito o que escutar e dizer ainda, tudo que precisava era de um abraço. O melhor pra ela era apenas ser acolhida e deixar que ela sentisse que podia falar e que ele estava ali e orar pra que finalmente ela notasse que o melhor pra ele não era David, nunca foi. O melhor pra ela sempre esteve perto demais.
Por isso sorriu de volta tirando os tênis e se jogou no sofá de couro com a amiga a abraçando e sentiu as lágrimas molharem a blusa preta que ele usava na festa da faculdade, mas não se importava de ter perdido a festa. O que importava agora era , ela sempre era prioridade.
Flashback
O cursinho preparatório para a UFMG tomava todo seu tempo, então quando aparecia alguma oportunidade de sair com alguma garota não dispensava. Dois meses sem nenhum ato sexual, soaria ridículo dizer, mas ele estava subindo pelas paredes. Abriu os botões iniciais da blusa de Mariana e distribuiu beijos pelo pescoço da garota, tomou um susto ao sentir o celular tocar "Legião urbana" e fechou os olhos praguejando. Quando desbloqueou o touch viu uma foto de abraçada com o menino na tela.
" Cadê você, hein?" - A voz arrastada de mostrava que estava bêbada
" Estou na casa de uma amiga, onde está, ?"
" Na sua casa, idiota"
" Você bebeu?"
" Várias bebida" - E ela gargalhou sem motivo ou graça aparente, mas o garoto desligou o telefone, se despediu da menina dizendo que ligava e acelerou pra casa. Sabia que sua menina louca precisava dele.
Fim do Flashback
35 minutos é o tempo que o silêncio pairou sobre a sala do apartamento. Pelo fato de ser sexta feira a noite os barzinhos da Alberto Cintra ecoava o barulho pelas paredes do apartamento que só se ouvia os soluços de .
- Shh, .
- Eu nem sei o porquê eu estou chorando. - Ela soluçou.
- Cá entre nós, nem eu sei. Terminar com David é algo maravilhoso.
- !! - Ela repreendeu.
- Não gosto dele.
- Você não gosta de nenhum outro homem na minha vida além do meu pai e do seu melhor amigo.
- Isso é porque eu sou o único homem que você precisa ter.
- Eu preciso de homem pra beijar, transar, amar... Alguém que aparentemente não seja o meu pai, o Lucas que é namorado de minha melhor amiga.
- Eu continuo sendo suficiente.
- Já pensou em como seria me beijar ou qualquer outra coisa?
- Todos os dias. - ele respondeu naturalmente e viu os olhos de se arregalarem.
- Sério isso?
- Sério...
- Hum...
- Você não, Ray?
- Na verdade não, mas pensando agora eu aparentemente preciso de uma bebida.
- Vamos beber fora, tem uma festa hoje a Carol ia pra lá.
- Não sei se estou preparada.
- Você está arrumada, só terminou um namoro abusivo com um cara idiota e agora vai pegar sua chave e ir comigo beber.
...
As luzes da casa de festa piscavam fortemente e se encolheu tentando ter certeza de que devia mesmo ter ido até lá. encostou-se na parede a analisando e ela por puro impulso encostou se na frente dele fazendo assim com que a abraçasse por trás. Alguma música internacional tocava ali e o ritmo era bastante contagiante, ela remexeu- se dançando levemente e viu suspirar atrás de si.
- Olá, meus bebês! - Ouviu a voz de Carol e a amiga apareceu na frente de si e algum garoto passava perto da mesma, ela lançou um sorriso e voltou atenção para enquanto ainda se sentia meio aéreo em relação a dança de
- Você quer beber algo? - ouviu perguntar.
- Pode trazer uma vodka. - E ele andou dali, ele precisava de Whisky.
Carol encostou-se à parede ao lado de e encarou o semblante estranho de Ray olhando para .
- Ele gosta de você. - Carol disse dando ombros.
- Terminei com David
- Ja tinha passado da hora, mas o gosta de você.
- Isso é bobeira, de onde você tira essas loucuras, hein?
- Não é loucura, desde o ensino médio é assim e você só quer fingir que não nota. Já pensou em como seria beijá-lo?
- Se eu tentasse beijá-lo provavelmente sairia correndo.
- Aposto que não.
- Aposta o maior pacote de Doritos da lojas americanas?
- Porra, , nem com 24 anos nas costas você para de gostar disso?
- Aposta ou não?
- Aposta o quê? - disse entregando a a vodka.
- Nada não, neném. - Carol disse e gargalhou com que já pensava em correndo e dizendo que aquilo foi um erro. Parou pra analisá-lo enquanto os amigos engatavam uma conversa sobre o que estavam fazendo da vida atualmente. era bonito, os traços do rosto davam ele a uma cara perfeita de badboy que ele não havia perdido desde a época da escola. Os jeans escuros davam contraste com o tênis da pollo vermelho e a blusa polo preta. A barba mal feita e o olhar dele no dela... Espera.
O olhar dele no dela? Ele viu toda a análise que a garota tinha feito e olhou pro copo disfarçando, notou a vergonha da amiga e se aproximou.
- Você tá legal?
- Aham..
- Nada de tristeza ou arrependimento?
- Não, .
- Eu pensei que você fosse se sentir pior.
- Eu não preciso dele.
- Ele não é o melhor pra você, eu já disse.
- Sabe o que eu estava pensando?
- Diz ai, pequena.
- Em como seria beijar você. - Ela soltou e esperou sair correndo, esperou ele a olhar espantado, esperou que Carol parasse de rir, mas tudo que aconteceu foi um sorriso de canto vindo de e a mão dele em seu pescoço.
- Vou te mostrar como seria. - Puta que pariu! No minuto seguinte ela se jogou na explosão de sensações que foi sentir a mão de em sua cintura lhe trazendo pra perto, os lábios de desceram, beijando-a entre os olhos e os dois respiraram fundo. A vontade era forte demais, a necessidade que ambos sentiam um do outro, no momento, era muito grande para que pudesse ser ignorada. Os olhos de se abriram, encontrando os de , que brilhavam perto demais, o rapaz desceu os lábios pelo nariz da menina, depositando ali um pequeno beijo na ponta antes que seus lábios se encontrassem. deixou seus olhos pesarem e beijou de leve os lábios da menina em seus braços. Sua língua fez o contorno de seus lábios, pedindo passagem pelo mesmo, concedida imediatamente. Suas línguas se acariciavam com ternura, brincando uma com a outra. As mãos de desceram para o pescoço do menino, acariciando o local e indo em direção a sua nuca, mexendo em seus cabelos. As mãos de acariciavam sua bochecha e ele as levou à nuca de , puxando-a para mais perto e aprofundando o beijo. Ele não precisava de mais nada naquele momento, ele não queria mais nada. Os lábios da menina eram doces e macios, ele poderia ficar beijando-a o resto da vida. Suas mãos desceram por seu pescoço e ombro acariciando-os, fazendo o mesmo trajeto pelo braço, fazendo um carinho leve até a sua mão e voltou, chegando ao seu rosto novamente quando finalmente eles se soltaram. Ela não abriu os olhos e evitou olhar pra . Seja qual fosse a reação dele naquele momento ela não estava preparada...
perdido quanto ao que fariam aquela hora apenas virou o Whisky em um gole só na boca esperando que aquilo passasse ou que o momento se repetisse, viu que não mantinha nenhum semblante no rosto e então preferiu fingir que nada tinha acontecido e dizer que precisava ir embora, tendo como resposta um:
- Eu vou depois, prefiro beber um pouco mais.
- Tem certeza?
- Aham... - E ele deu um beijo na testa dela e caminhou para o carro. Aquilo não era real, mas poderia ser bom ou ruim para o relacionamento dos dois.
(...)
Uma semana depois as luzes de natal se destacavam cada vez mais pelas ruas de Belo horizonte e a chuva caia fortemente, era tradição que em dezembro a chuva entoasse em um aguaceiro e eram esses dias que deixavam sentimental pela falta do pai, quando ela havia completado 19 anos ele morreu, vítima de um assalto e como em todos os natais com ele, e nesse seria diferente mais uma vez. Era inevitável que ela não chorasse ou ficasse um pouco sentimental demais ao lembrar-se de todos os momentos que passaram juntos. Não falava com desde o dia do beijo e hoje no dia 23 sabia que ele deveria estar preocupado em o que fazer no natal já que não passava com os pais desde os 17. Normalmente ele já devia ter conseguido uma viagem pra qualquer lugar que fugisse do natal, ou bebido a ponto de esquecer tal data. Já olhava árvores natalinas pelo site em seu notebook pra comprar e mesmo que não fosse o natal mais empolgante da sua vida, ela iria deixar tudo o mais bonito possível.
O som da campainha ecoou pelo apartamento da garota e ela nem consultou o olho mágico antes de abrir, dando de cara com entrando com tudo em seu apartamento cheio de sacolas e uma caixa.
- O que é isso, ?
- Isso. - Ele apontou pra caixa. - É uma árvore de natal, o resto são enfeites, luzes e o outro é um peru congelado. - Ele sorriu de canto e ela não conseguiu deixar de correspondê-lo.
- Vem, vamos montar essa árvore. - Ela disse simplesmente e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e abriu a caixa. Ora ou outra a encarava como se esperasse uma reação, ou algo sobre a ultima semana, mas ela queria evitar ao máximo tal assunto, vinha sentindo algumas coisas que tinha medo de assumir, então evitava tal assunto pra não sentir tais sentimentos.
- Eu coloco a estrela. - Ele disse fazendo a pior cara de cachorro sem dono.
- Ah! Só dessa vez.
- No próximo natal é sua. - Ele riu e colocou a estrela no alto da árvore enquanto admirava, mas logo em seguida pegou a ultima sacola levando o peru para a cozinha e ele acompanhou a garota parando na batente da porta e a observando.
- Eu queria falar sobre isso que aconteceu - Ela começou e viu-o endireitar-se. - Eu não sei exatamente o motivo de ter te ignorado na última semana, então primeiramente eu peço perdão.
- Eu sei que errei em te beijar.
- Não, eu gostei. - Ela disse e arregalou os olhos. - Eu só te evitei porque eu gostei até mais do que devia ter gostado, eu comecei a sentir coisas estranhas e quis parar de te ver pra isso passar.
- Eu sinto isso todos os dias, .
- Esses sentimentos?
- Sim, eu sinto isso todos os dias desde o ensino médio, mas eu estive aqui vendo você chorar por babacas, dizer que o David era o melhor pra você, que você o amava, eu sabia que ele não era, eu posso ser melhor que ele.
- Mas e se não der certo?
- A gente tenta errado mesmo.
- Você é inacreditável.
- E você é impossível, docinho.
24 de dezembro - 23:59
Não era um dos natais mais cheios de , mas era o mais animado pra . Ali na sala estavam somente os dois, Caroline e Lucas.
havia acabado de cruzar a cozinha com o Peru e colocá-lo na mesa e vinha logo atrás com o champagne enquanto Carol discutia com Lucas pelo fato de ele querer assumir algum tipo de relacionamento e ela dizê-lo que não precisavam de rótulos. Carol bateu na mesa chamando atenção dos dois amigos.
- Eu tomei liberdade de fazer duas coisas e espero que não me odeiem. - Antes de Carol terminar a frase a campainha tocou.
- Por Deus, Meira, você não marcou uma festa, né? - perguntou arregalando os olhos, mas seguiu pra porta tendo a maior surpresa do mundo ao abri-la.
Sua mãe e os pais de estavam na porta com travessas de comidas e sorrisos no rosto. Ela encarou Carol com olhar mais feliz que ela poderia ter dado no último ano e a agradeceu mentalmente logo abraçando a mãe e vendo fazer o mesmo..
(...)
Ouviram o som baixinho de All I Want For Christmas Is You tocando na sala. A casa estava com cheiro de peru e também de algum doce com chocolate. As vozes daqueles que amavam ecoavam por toda parte, e as pequenas luzinhas na lareira e o fogo em si era a única coisa que os iluminava. Os dois sorriram. Ambos pensavam que aquele era, provavelmente, o melhor Natal de todos.
Ouviu o barulho de alguma taça sendo batida e a encarava sorrindo. Ele ia aprontar.
- Dizem que a magia de natal é capaz de fazer mil coisas, mostra o melhor de si nessa época do ano, eu não sabia o que era isso até conhecer a , mas em alguns desses anos eu percebi algumas outras coisas. E primeiramente, queria dizer que eu percebi que o melhor pra você pode estar bem debaixo do seu nariz e você não percebe, eu fiz de tudo em anos pra que você percebesse, , que o melhor pra você sou eu, seu sorriso precisa do meu. E se você disser que também quer e que aceita eu posso ser melhor que ele, posso ser o cavalheiro que você sempre procurou. Eu posso te amar, . - Os olhares apaixonados que lançaram pra declaração de não se comparava ao sorriso bobo que deu e correu pro abraço dele.
- Eu não sei se você sabe, mas eu sinto isso há tanto tempo, mas você sempre tinha alguém e então arrumei o David. Eu amava ficar todas as noites possíveis com você. Eu amava você.
- Então você aceita namorar comigo?
- Aceito, !
- E viveram felizes pra sempre - Carol disse e girou os olhos. - Posso voltar a comer?
- O que não faz sentido são suas mentiras e os perdões que eu te dei quando me jurou mudar e não muda, David.
- Mas dessa vez é verdade.
- Não é verdade, tento fazer isso e te escutar há quase dois anos enquanto isso eu aturo um namoro de fachada, eu era tão dependente de você que nem percebia o quanto isso me mantinha enclausurada em uma história que nunca chegou a dar certo. Você foi uma droga, em todos os sentidos. Então por favor, sai da minha casa. - E dito isso viu o cara que ela gostava sair da porta de seu apartamento tendo total consciência de que ele devia sentir um alívio. Foram quase dois anos de tormento, quase dois anos aturando o machismo de David e a mania de brigar com ela e diversas vezes chegar a segurá-la um pouco forte demais por achar que ela o obedeceria. Ela não saia com as amigas e raramente via . Seu melhor amigo, mas era ele que sempre estava com ela quando brigava com David por alguma idiotice que ele havia feito.
se jogou pra trás no sofá de dois lugares de couro do apartamento que havia ganhado dos pais quando completou 18 anos e se lembrou das vezes em que chorou ali e chegou cercado de suas comidas favoritas mesmo depois de um dia desgastante na faculdade de Medicina e por alguma falta dela na faculdade de psicologia. Procurou o celular pelo sofá e o encontrou enviando uma mensagem pra .
"Onde você tá?"
Não precisou de mais de dois minutos para receber uma ligação do melhor amigo.
"Oi !" - O barulho de alguma música um pouco alta demais o fazia gritar no telefone
"Terminei com David." - Ela soltou com a voz triste e pode sentir um mero aperto no peito e o olho marejar ao tocar no assunto novamente.
" Estou indo pra aí' - Não teve tempo de discutir ou dizer que era pra ele se divertir, mas sorriu involuntariamente ao lembrar-se de tudo que já haviam passado.
Flashback - 19 de fevereiro
sentou- se no sofá depois de ficar mais de uma hora andando de um lado para o outro esperando que David aparecesse mesmo tendo certeza que ele havia esquecido dela ali mais uma vez.
Maravilha! Havia se matado pra concluir as atividades no período matinal da Universidade para conseguir ir ao salão e estar pronta exatamente as sete como haviam marcado, mas como o costume de todos em relação às burradas do namorado de era evidente, especialmente . Quando a mulher se sentou pra tirar o corpete que usava ouviu a porta abrir e um com Tulipas em mãos aparecer ali com um sorriso estridente e lindo.
- Feliz aniversário, morena!
Fim do Flashback
Era sempre ele que estava ali pronto pra fazê-la sorrir. Viu a fechadura se mexer e entrou com semblante preocupado sem saber se pisava em um campo minado, já que o semblante de oscilava entre um sorriso em vê-lo e os olhos lacrimejavam e ele sabia que mesmo que tivesse muito o que escutar e dizer ainda, tudo que precisava era de um abraço. O melhor pra ela era apenas ser acolhida e deixar que ela sentisse que podia falar e que ele estava ali e orar pra que finalmente ela notasse que o melhor pra ele não era David, nunca foi. O melhor pra ela sempre esteve perto demais.
Por isso sorriu de volta tirando os tênis e se jogou no sofá de couro com a amiga a abraçando e sentiu as lágrimas molharem a blusa preta que ele usava na festa da faculdade, mas não se importava de ter perdido a festa. O que importava agora era , ela sempre era prioridade.
Flashback
O cursinho preparatório para a UFMG tomava todo seu tempo, então quando aparecia alguma oportunidade de sair com alguma garota não dispensava. Dois meses sem nenhum ato sexual, soaria ridículo dizer, mas ele estava subindo pelas paredes. Abriu os botões iniciais da blusa de Mariana e distribuiu beijos pelo pescoço da garota, tomou um susto ao sentir o celular tocar "Legião urbana" e fechou os olhos praguejando. Quando desbloqueou o touch viu uma foto de abraçada com o menino na tela.
" Cadê você, hein?" - A voz arrastada de mostrava que estava bêbada
" Estou na casa de uma amiga, onde está, ?"
" Na sua casa, idiota"
" Você bebeu?"
" Várias bebida" - E ela gargalhou sem motivo ou graça aparente, mas o garoto desligou o telefone, se despediu da menina dizendo que ligava e acelerou pra casa. Sabia que sua menina louca precisava dele.
Fim do Flashback
35 minutos é o tempo que o silêncio pairou sobre a sala do apartamento. Pelo fato de ser sexta feira a noite os barzinhos da Alberto Cintra ecoava o barulho pelas paredes do apartamento que só se ouvia os soluços de .
- Shh, .
- Eu nem sei o porquê eu estou chorando. - Ela soluçou.
- Cá entre nós, nem eu sei. Terminar com David é algo maravilhoso.
- !! - Ela repreendeu.
- Não gosto dele.
- Você não gosta de nenhum outro homem na minha vida além do meu pai e do seu melhor amigo.
- Isso é porque eu sou o único homem que você precisa ter.
- Eu preciso de homem pra beijar, transar, amar... Alguém que aparentemente não seja o meu pai, o Lucas que é namorado de minha melhor amiga.
- Eu continuo sendo suficiente.
- Já pensou em como seria me beijar ou qualquer outra coisa?
- Todos os dias. - ele respondeu naturalmente e viu os olhos de se arregalarem.
- Sério isso?
- Sério...
- Hum...
- Você não, Ray?
- Na verdade não, mas pensando agora eu aparentemente preciso de uma bebida.
- Vamos beber fora, tem uma festa hoje a Carol ia pra lá.
- Não sei se estou preparada.
- Você está arrumada, só terminou um namoro abusivo com um cara idiota e agora vai pegar sua chave e ir comigo beber.
As luzes da casa de festa piscavam fortemente e se encolheu tentando ter certeza de que devia mesmo ter ido até lá. encostou-se na parede a analisando e ela por puro impulso encostou se na frente dele fazendo assim com que a abraçasse por trás. Alguma música internacional tocava ali e o ritmo era bastante contagiante, ela remexeu- se dançando levemente e viu suspirar atrás de si.
- Olá, meus bebês! - Ouviu a voz de Carol e a amiga apareceu na frente de si e algum garoto passava perto da mesma, ela lançou um sorriso e voltou atenção para enquanto ainda se sentia meio aéreo em relação a dança de
- Você quer beber algo? - ouviu perguntar.
- Pode trazer uma vodka. - E ele andou dali, ele precisava de Whisky.
Carol encostou-se à parede ao lado de e encarou o semblante estranho de Ray olhando para .
- Ele gosta de você. - Carol disse dando ombros.
- Terminei com David
- Ja tinha passado da hora, mas o gosta de você.
- Isso é bobeira, de onde você tira essas loucuras, hein?
- Não é loucura, desde o ensino médio é assim e você só quer fingir que não nota. Já pensou em como seria beijá-lo?
- Se eu tentasse beijá-lo provavelmente sairia correndo.
- Aposto que não.
- Aposta o maior pacote de Doritos da lojas americanas?
- Porra, , nem com 24 anos nas costas você para de gostar disso?
- Aposta ou não?
- Aposta o quê? - disse entregando a a vodka.
- Nada não, neném. - Carol disse e gargalhou com que já pensava em correndo e dizendo que aquilo foi um erro. Parou pra analisá-lo enquanto os amigos engatavam uma conversa sobre o que estavam fazendo da vida atualmente. era bonito, os traços do rosto davam ele a uma cara perfeita de badboy que ele não havia perdido desde a época da escola. Os jeans escuros davam contraste com o tênis da pollo vermelho e a blusa polo preta. A barba mal feita e o olhar dele no dela... Espera.
O olhar dele no dela? Ele viu toda a análise que a garota tinha feito e olhou pro copo disfarçando, notou a vergonha da amiga e se aproximou.
- Você tá legal?
- Aham..
- Nada de tristeza ou arrependimento?
- Não, .
- Eu pensei que você fosse se sentir pior.
- Eu não preciso dele.
- Ele não é o melhor pra você, eu já disse.
- Sabe o que eu estava pensando?
- Diz ai, pequena.
- Em como seria beijar você. - Ela soltou e esperou sair correndo, esperou ele a olhar espantado, esperou que Carol parasse de rir, mas tudo que aconteceu foi um sorriso de canto vindo de e a mão dele em seu pescoço.
- Vou te mostrar como seria. - Puta que pariu! No minuto seguinte ela se jogou na explosão de sensações que foi sentir a mão de em sua cintura lhe trazendo pra perto, os lábios de desceram, beijando-a entre os olhos e os dois respiraram fundo. A vontade era forte demais, a necessidade que ambos sentiam um do outro, no momento, era muito grande para que pudesse ser ignorada. Os olhos de se abriram, encontrando os de , que brilhavam perto demais, o rapaz desceu os lábios pelo nariz da menina, depositando ali um pequeno beijo na ponta antes que seus lábios se encontrassem. deixou seus olhos pesarem e beijou de leve os lábios da menina em seus braços. Sua língua fez o contorno de seus lábios, pedindo passagem pelo mesmo, concedida imediatamente. Suas línguas se acariciavam com ternura, brincando uma com a outra. As mãos de desceram para o pescoço do menino, acariciando o local e indo em direção a sua nuca, mexendo em seus cabelos. As mãos de acariciavam sua bochecha e ele as levou à nuca de , puxando-a para mais perto e aprofundando o beijo. Ele não precisava de mais nada naquele momento, ele não queria mais nada. Os lábios da menina eram doces e macios, ele poderia ficar beijando-a o resto da vida. Suas mãos desceram por seu pescoço e ombro acariciando-os, fazendo o mesmo trajeto pelo braço, fazendo um carinho leve até a sua mão e voltou, chegando ao seu rosto novamente quando finalmente eles se soltaram. Ela não abriu os olhos e evitou olhar pra . Seja qual fosse a reação dele naquele momento ela não estava preparada...
perdido quanto ao que fariam aquela hora apenas virou o Whisky em um gole só na boca esperando que aquilo passasse ou que o momento se repetisse, viu que não mantinha nenhum semblante no rosto e então preferiu fingir que nada tinha acontecido e dizer que precisava ir embora, tendo como resposta um:
- Eu vou depois, prefiro beber um pouco mais.
- Tem certeza?
- Aham... - E ele deu um beijo na testa dela e caminhou para o carro. Aquilo não era real, mas poderia ser bom ou ruim para o relacionamento dos dois.
Uma semana depois as luzes de natal se destacavam cada vez mais pelas ruas de Belo horizonte e a chuva caia fortemente, era tradição que em dezembro a chuva entoasse em um aguaceiro e eram esses dias que deixavam sentimental pela falta do pai, quando ela havia completado 19 anos ele morreu, vítima de um assalto e como em todos os natais com ele, e nesse seria diferente mais uma vez. Era inevitável que ela não chorasse ou ficasse um pouco sentimental demais ao lembrar-se de todos os momentos que passaram juntos. Não falava com desde o dia do beijo e hoje no dia 23 sabia que ele deveria estar preocupado em o que fazer no natal já que não passava com os pais desde os 17. Normalmente ele já devia ter conseguido uma viagem pra qualquer lugar que fugisse do natal, ou bebido a ponto de esquecer tal data. Já olhava árvores natalinas pelo site em seu notebook pra comprar e mesmo que não fosse o natal mais empolgante da sua vida, ela iria deixar tudo o mais bonito possível.
O som da campainha ecoou pelo apartamento da garota e ela nem consultou o olho mágico antes de abrir, dando de cara com entrando com tudo em seu apartamento cheio de sacolas e uma caixa.
- O que é isso, ?
- Isso. - Ele apontou pra caixa. - É uma árvore de natal, o resto são enfeites, luzes e o outro é um peru congelado. - Ele sorriu de canto e ela não conseguiu deixar de correspondê-lo.
- Vem, vamos montar essa árvore. - Ela disse simplesmente e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e abriu a caixa. Ora ou outra a encarava como se esperasse uma reação, ou algo sobre a ultima semana, mas ela queria evitar ao máximo tal assunto, vinha sentindo algumas coisas que tinha medo de assumir, então evitava tal assunto pra não sentir tais sentimentos.
- Eu coloco a estrela. - Ele disse fazendo a pior cara de cachorro sem dono.
- Ah! Só dessa vez.
- No próximo natal é sua. - Ele riu e colocou a estrela no alto da árvore enquanto admirava, mas logo em seguida pegou a ultima sacola levando o peru para a cozinha e ele acompanhou a garota parando na batente da porta e a observando.
- Eu queria falar sobre isso que aconteceu - Ela começou e viu-o endireitar-se. - Eu não sei exatamente o motivo de ter te ignorado na última semana, então primeiramente eu peço perdão.
- Eu sei que errei em te beijar.
- Não, eu gostei. - Ela disse e arregalou os olhos. - Eu só te evitei porque eu gostei até mais do que devia ter gostado, eu comecei a sentir coisas estranhas e quis parar de te ver pra isso passar.
- Eu sinto isso todos os dias, .
- Esses sentimentos?
- Sim, eu sinto isso todos os dias desde o ensino médio, mas eu estive aqui vendo você chorar por babacas, dizer que o David era o melhor pra você, que você o amava, eu sabia que ele não era, eu posso ser melhor que ele.
- Mas e se não der certo?
- A gente tenta errado mesmo.
- Você é inacreditável.
- E você é impossível, docinho.
24 de dezembro - 23:59
Não era um dos natais mais cheios de , mas era o mais animado pra . Ali na sala estavam somente os dois, Caroline e Lucas.
havia acabado de cruzar a cozinha com o Peru e colocá-lo na mesa e vinha logo atrás com o champagne enquanto Carol discutia com Lucas pelo fato de ele querer assumir algum tipo de relacionamento e ela dizê-lo que não precisavam de rótulos. Carol bateu na mesa chamando atenção dos dois amigos.
- Eu tomei liberdade de fazer duas coisas e espero que não me odeiem. - Antes de Carol terminar a frase a campainha tocou.
- Por Deus, Meira, você não marcou uma festa, né? - perguntou arregalando os olhos, mas seguiu pra porta tendo a maior surpresa do mundo ao abri-la.
Sua mãe e os pais de estavam na porta com travessas de comidas e sorrisos no rosto. Ela encarou Carol com olhar mais feliz que ela poderia ter dado no último ano e a agradeceu mentalmente logo abraçando a mãe e vendo fazer o mesmo..
Ouviram o som baixinho de All I Want For Christmas Is You tocando na sala. A casa estava com cheiro de peru e também de algum doce com chocolate. As vozes daqueles que amavam ecoavam por toda parte, e as pequenas luzinhas na lareira e o fogo em si era a única coisa que os iluminava. Os dois sorriram. Ambos pensavam que aquele era, provavelmente, o melhor Natal de todos.
Ouviu o barulho de alguma taça sendo batida e a encarava sorrindo. Ele ia aprontar.
- Dizem que a magia de natal é capaz de fazer mil coisas, mostra o melhor de si nessa época do ano, eu não sabia o que era isso até conhecer a , mas em alguns desses anos eu percebi algumas outras coisas. E primeiramente, queria dizer que eu percebi que o melhor pra você pode estar bem debaixo do seu nariz e você não percebe, eu fiz de tudo em anos pra que você percebesse, , que o melhor pra você sou eu, seu sorriso precisa do meu. E se você disser que também quer e que aceita eu posso ser melhor que ele, posso ser o cavalheiro que você sempre procurou. Eu posso te amar, . - Os olhares apaixonados que lançaram pra declaração de não se comparava ao sorriso bobo que deu e correu pro abraço dele.
- Eu não sei se você sabe, mas eu sinto isso há tanto tempo, mas você sempre tinha alguém e então arrumei o David. Eu amava ficar todas as noites possíveis com você. Eu amava você.
- Então você aceita namorar comigo?
- Aceito, !
- E viveram felizes pra sempre - Carol disse e girou os olhos. - Posso voltar a comer?
Fim.
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