Fanfic Finalizada


Introdução



Meu pai nasceu em Nova Orleans (Estados Unidos). Durante um intercâmbio na Inglaterra, ele conheceu minha mãe. Eles se casaram, me tiveram e, há 3 anos atrás, se mudaram para os Estados Unidos para cuidar da minha avó, que morava sozinha. Eu não cheguei a conhecer meu avô, quando nasci ele já tinha partido, mas a lembrança mais próxima dele que tenho é de quando eu tinha 10 anos, e meus pais me levaram para visitar minha avó e ela me levou ao parque de diversões Wonderland. Aquele lugar era lindo, parecia ter magia no ar… e era o lugar favorito do vovô, então eu imaginava meu avô comigo em cada brinquedo que eu ia. Era divertido!
Pena que foi desativado...
Meus avós ficaram juntos desde que se conheceram. Namoraram, trabalharam, compraram uma casa, se casaram, e tiveram meu pai. Mas 4 anos depois, meu avô foi diagnosticado com uma doença em estágio terminal. Ele tinha 33 anos quando se foi… Já se passaram décadas e minha avó não se casou de novo. Ela realmente amava e continua a amar meu avô. Seus olhos ainda brilham ao falar dele.
Eu sei, uma trágica história de amor. Mas eu queria viver algo assim com alguém algum dia… tirando a parte trágica.


UM



Bom, me chamo , estou chegando na casa dos 30 e minha vida sempre foi tranquila na cidade de Bolton, Inglaterra, mas ultimamente não passa de uma correria sem fim.
Quando saí da escola, entrei na faculdade de Direito, com todo apoio de meus pais, João e Maria, que alguns meses depois se mudaram. Quando me formei, meus pais queriam que eu me juntasse a eles na João&Maria Advogados, mas eu teria que me mudar para outro país e eu não queria isso, então, meu pai conversou com um amigo e logo eu estava empregado. Minha família pensa que eu ainda trabalho em um escritório de Advocacia, mas depois de estudar, me formar e atuar na área, simplesmente, percebi que tudo era muito chato, como se não fizesse eu estar ali. Então, entreguei minha carta de demissão e estou vivendo de vários trabalhos de meio período, tentando me encontrar de verdade. O plano era que em 6 meses eu estaria estável com um emprego e uma vida tranquila, mas nada segue o plano, e aqui estou eu 3 anos depois ainda na correria.
E hoje um cliente olhou pra mim e disse:
"Por que um jovem como você, não vai fazer uma faculdade e viver de um trabalho digno?" "Olhe pra mim! Veja minha casa! Eu sou Juiz, mas comecei como advogado."
Quanta ironia do destino.
Eu sempre entrego as correspondências desse cara. Sem meus serviços ou de qualquer outro Postman ele teria que se deslocar do conforto de sua linda casa para pegar suas correspondências. E em vez de simplesmente me agradecer, ele me critica e me ofende.
Aquelas palavras me magoaram de verdade. Foi quando resolvi dar um basta em tudo, peguei o dinheiro que tinha economizado e me dei férias. Comprei a passagem pro primeiro voo para os Estados Unidos e tentei esquecer que estava, de certa forma, perdido na vida.
Passar algumas semanas com minha família me faria bem…


DOIS



O vôo chegou de madrugada, meu pai não atendia o telefone então resolvi pegar um táxi. Às 4 e pouco da madrugada. Ainda tinha alguém trabalhando naquela cidade. O motorista escutava uma música calma, mas com um ritmo legal, enquanto ele cantava animado. Não sei se por causa do sono e do fuso horário, mas me perdi no tempo e não reparei o caminho percorrido. Quando dei por mim o carro havia parado em frente a casa da vovó. Paguei o taxista e abri a porta para descer do carro, naquele mesmo momento, passava uma garota e eu quase bati a porta do carro nela.
- Me desculpe… - comecei a dizer.
- Relaxa! Eu que não vi. - Ela respondeu com uma rápida enquanto andava com as mãos dentro do bolso do casaco.
Era , a garota neta da vizinha da vovó, que conheci da última vez que vim aqui. Era por volta de 5 horas da madrugada e ela estava com um short e um casaco de capuz, e sorriu pra mim enquanto se afastava.

Depois de pegar minha mala, me aproximei da porta, a luz estava acesa. Olhei pela janela e minha mãe estava na cozinha preparando café. Bati na porta e ela espiou pela fresta da cortina na janela, antes de abrir a porta.
- Meu filho! Que saudade! Estava me preparando pra ir te buscar no aeroporto. - Ela disse enquanto me abraçava. - Você disse que chegaria às 6:30.
- O vôo chegou mais cedo. - Ahh! Que saudade de seu abraço.
- Venha, entre. - Ela disse dando passagem pra eu passar.
Nos sentamos na cozinha e ela preparou algumas panquecas. Conversamos e rimos baixinho até que meu pai apareceu arrumado para sair e mais tarde, minha avó. Ficamos todos reunidos na mesa da cozinha por algum tempo. Até meus pais irem para o escritório de advocacia e eu tirei uma soneca enquanto a vovó estava no mercado.
No meio da tarde, vovó e eu nos divertimos fazendo alguns biscoitos. Assim que os tiraram da forma, alguém bateu na porta e chamou pela minha avó.
- ...entre, querida. - Escutei da cozinha.
- Vovó , minha mãe fez essa torta de maçã para seu neto britânico. - A voz era familiar...
- Ah, obrigada, querida. Quando ficaram sabendo da chegada dele?
- Eu o vi chegar… - De repente, as duas surgiram na porta da cozinha me pegando desprevenido. Levantei as pressas da cadeira. - Oi . - disse.
Ela lembra meu apelido.
- O-oi. - Por que eu gaguejei? Que vergonha! - Tudo bem com você, ? - Lhe cumprimentei com um aperto de mão. - Quase não te reconheci antes… - Que papo furado! Como eu não reconheceria meu primeiro amor de verão?
- Passou bastante tempo, né querido?! Mas que bom que você está aqui agora. - Vovó disse e apertou minha bochecha. - , espere um pouco que vou separar alguns biscoitos para você.
não ficou muito tempo, mas parecia ser a mesma garota doce e divertida que conheci quando tinha 10 anos. E depois que ela foi pra casa, eu continuei relembrando de como eram minhas férias de verão…
… a gente se divertia bastante...


TRÊS



ALGUNS DIAS DEPOIS...

Era noite de Halloween e todas as crianças se fantasiaram e batiam nas portas das casas pedindo doces ou travessuras. Em uma dessas batidas, quando abri a porta, estava vestida de mulher gata, com a roupa preta de couro e maquiagem de felino.
Dude, ela tava linda demais! Literalmente uma gata!
- E aí, . Como vai? - Ela disse sorridente ao me impactar.
- To bem. O que faz aqui tão gata? - Disse com um sorriso torto antes de perceber o que tinha dito. - Digo, fantasiada de mulher gata. - Tentei corrigir, mas já era tarde demais. ria da minha cara enquanto me sentia envergonhado.
- Bom, hoje vai ter uma confraternização no bar do Jimmy, aquele bar que fica perto da praça. Vim perguntar se você quer ir. - Ela cruzou as mãos no colo e seus peitos saltaram, assim como meus olhos. - Vamos! Você vai gostar. - Ela se movia de um lado pro outro e eu tive que me esforçar para desviar o olhar.
- Tá… Ta Bom.
- Vista uma fantasia. - Ela passou a mão no meu rosto. - É noite de Halloween! - E se virou pra ir embora. - Te encontro lá! - Ela disse correndo desajeitada com o salto alto.
E eu fiquei confuso pelo o que estava acontecendo… Parece que aquela doce menina de 9 anos que conheci, tinha mudado. E pra melhor! Apesar de sua carinha de garota indefesa e inocente, era difícil ficar ao lado dela sem pensar em como seria beijar seus lábios e sentir o gosto de toda sua rebeldia.
Me fantasiei do clássico dos cinemas, Drácula, eu me sentia ridículo, mas estava participando da comemoração... Era a única fantasia que tínhamos em casa e que era de meu avô. Vovó me pediu pra usar antes que as traças começassem a comer o tecido.
- Ficou lindo, meu filho. - minha mãe disse quando apareci na sala.
- Vamos tirar uma foto? - Vovó perguntou.
- Sim. - Mamãe concordou. - Espera, temos que retocar a maquiagem. - E caminhando até sua bolsa.
- Gente! - Eu disse tomando a atenção de todos. - Eu tenho que ir ou vou me atrasar. - Corri até a porta. - Vejo vocês mais tarde!

Quando entrei no bar, tinham várias pessoas dançando no salão. Naquela noite tocava um jazz agitado, ao vivo. Procurei por no meio da multidão e nada. Fui em direção ao bartender no balcão e pedi uma cerveja, logo apareceu uma líder de torcida com dois rabos de cavalo um de cada lado da cabeça, segurando dois pompons.
- DANNY!!! Finalmente, você chegou. - Ela me deu um beijo no canto da boca. Poderia ter sido um pouco mais pro lado… Não que eu estivesse apaixonado, ou algo assim, mas uma garota linda como ela, dando mole pra mim desse jeito… você sabe! Eu não sou de ferro! - Gostou da minha fantasia? - Ela deu uma volta fazendo a saia curta levantar um pouco, e com um sorriso largo se sentou no banco do meu lado. Meu Deus! Essa mulher vai me deixar louco! Percebi que alguns caras no bar olhavam pra ela e me senti incomodado. Eles precisam mesmo a consumirem com os olhos? Não perceberam que ela está acompanhada?
- Gostei, sim. - Disse desviando o olhar para . - Onde você estava? Eu não te vi quando cheguei.
- Eu estava jogando alguns dardos ali no canto. - E apontou pra parede atrás de mim, onde tinham algumas pessoas, também, olhando para nossa direção. só pode estar muito gata, pra todos nos olharem.
- Por que mudou de fantasia? - Tentei ignorar os olhares.
- Ah, é uma tradição que eu tenho. No dia do Halloween eu uso o máximo de fantasias que consigo, sendo assustadora ou não. - Ela se aproximou um pouco e colocou a mão do lado da boca como se fosse contar um segredo só pra mim. - Eu particularmente prefiro as não assustadoras.
Eu com certeza, também prefiro. Ela está tão sexy assim que me deix… acho que já bebi demais. Já estou pensando besteira.
- Vamos dançar? Eu adoro essa música. - Ela disse segurando minha mão já de pé novamente.
Dançamos. Conversamos. Rimos.
Voltamos a pegar algumas cervejas no balcão.
- Espera aqui. Já volto! - Ela disse um pouco animada demais.
Se passaram 25 minutos e eu ainda a esperava quando, de repente, apareceu uma fada ao meu lado. estava agora vestida de Sininho, a fada do Peter Pan. Seu vestido verde brilhava tanto quanto seu rosto cheio de glitter, seus cabelos caídos por seus ombros a deixava mais charmosa e as asinhas nas suas costas a deixavam fofa. Se eu pensei que ela estava sexy de líder de torcida, com certeza é porque não a tinha visto vestida assim. Ela parecia um ser mágico. E estava ali sorrindo e balançando de um lado para o outro, tentando esconder a timidez.
- Uau! Você está linda. - Eu disse e ela ficou tímida, mas uma vez balançando de um lado pro outro. Ela estava ali toda charmosa só pra mim e tinha um cara que não parava de olhá-la, então, em um momento de Impulsividade a puxei pra perto e ela parou de falar para olhou fixo em meu olhos. Ela realmente não esperava por essa! Coloquei uma mexa de seu cabelo atrás da orelha e ali no pescoço deixei minha mão, depois me aproximei para beija-la. Fui me aproximando, fechei meus olhos e quando senti sua respiração quente em mim, percebi que ali não devia ser nosso primeiro beijo. Desviei de sua boca e beijei sua bochecha.
Depois de algum tempo, saímos do bar. As pessoas já estavam indo embora e , de repente, quis me mostrar algo.
- Posso te levar a um lugar? - As duas horas da madrugada? - É um lugar que eu ia com minha mãe quando era criança. - Ela completou pensativa.
- Imagino que seja um lugar bonito. Eu gostaria de conhecer.
- Sim. É sim! E tenho certeza que você vai gostar também. - Ela segurou minha mão e me puxou pela rua.
Subimos uma colina, onde tinha um playground abandonado, e ficamos observando as estrelas sumirem enquanto o sol nascia. Aquele ar da manhã e algumas doses de bebida, me fizeram abrir o coração para . Lhe contei tudo que tinha me acontecido nos últimos anos.
- E você não tem algo que goste de fazer no tempo livre? Algum hobby?
- Eu gosto de tirar fotos. Mas, nunca investi nessa área. É algo totalmente diferente do que vivi minha vida toda.

Não sei o porquê, mas confiei nela e depois ela em mim.
- Durante as minhas férias da escola, minha mãe me trazia aqui todos os dias. A gente fazia piquenique e via o sol se pôr, até que um dia ela não pôde mais. - fez uma pausa. - Todo nosso dinheiro ia para seus medicamentos e as idas ao hospital. Ela sentiu muita dor enquanto esperava pelo coração que nunca chegou, mas ela se esforçava para me trazer aqui todos os dias. Ela sabia que eu adorava esse lugar. - Seus olhos brilhavam enquanto observava o nada. - Eu amo ver o sol nascer. Os primeiros raios de sol me tranquilizam, como se minha mãe estivesse acariciando meus cabelos enquanto canta.
Um pequeno silêncio se instalou, mas cuidei para que ele não ficasse constrangedor.
- Eu sempre achei que o nascer do sol traz esperança e melhora nosso dia. E é o melhor período pra tirar foto. - Eu disse sem saber o que exatamente podia dizer naquele momento. me olhou admirada e eu quis guardar aquele momento pra sempre. Peguei meu celular e apontei a câmera pra ela, agora olhando pro céu, sentada no balanço. A luz do sol começava a brilhar, mas seu corpo ainda era uma silhueta escura. Quando a câmera fez tic e capturou a imagem, me olhou surpresa e o sol iluminou seu rosto. Eu tirei mais uma foto.
- Não acredito que você está tirando foto de mim. - Ela tentou pegar meu celular, mas desviei, e depois, de novo, até que ela acabou me fazendo desequilibrar e cair trazendo ela junto comigo ao chão em meio a gargalhadas. O balanço não era tão alto, não nos machucamos. Mas, ver ela em cima de mim fez meu coração doer de uma forma estranha. Seu sorriso se desfez aos poucos e ela me olhava. Eu não sabia se olhava para sua boca tão próxima da minha ou seus olhos tão penetrantes. Meu coração batia tão forte que parecia que meu peito ia explodir. Eu me sentia à beira de um precipício com as emoções que me atingiam naquele momento. Eu precisava pular...
Por fim, soltei meu celular e coloquei a mão, um pouco suja de terra, em seu pescoço e tomei seus lábios com um beijo calmo. Depois olhei em seus olhos mais uma vez, e foi a vez de me beijar. Passamos algum tempo assim e quando fomos embora, ela se agarrou ao meu braço, e entrelaçou nossos dedos, com um sorriso de bobo no olhar.
Pela primeira vez, eu fiz algo sem planejar muito.
Só fiz o que queria fazer.
E me sinto muito bem.


QUATRO



No dia seguinte, quando acordei já passava das 2 horas da tarde. Minha avó me olhou estranho e meu pai não tinha ido trabalhar.
- Boa tarde! - Eu disse recebendo a resposta desajeitada deles, como se tivessem sido pegos no flagra. Vovó foi para a cozinha e meu pai que estava sentado no sofá lendo, deixou alguns papéis de lado.
- Filho, como vão as coisas em Bolton? - Ele começou. - Você veio de repente pra cá, no meio do ano. E não disse nada sobre seu trabalho. Só temos a certeza de que você vai voltar.
Me admira que ele ainda não tenha entrado em contato com meu ex chefe… Ou isso tudo é por uma confissão minha?
- Eu vim pra cá com a passagem de volta já comprada. Eu só estou me dando alguns dias de férias.
- Tem certeza que nada aconteceu? - Ele perguntou olhando por cima dos óculos.
- Fica tranquilo pai. Seu filho é um homem agora. Em alguns dias eu irei voltar para minha vida rotineira.
Vovó apareceu e me abraçou.
- Logo você já vai embora, meu neto? - E segurou meu braço me levando para a cozinha. - Vem! Vou preparar algo pra você comer.

Você deve estar se perguntando por que eu não contei a verdade. Por que eu não disse que estava gostando de estar ali? Mas, eu não podia. A expressão do meu pai não era nada boa. Ele me apoiou durante a faculdade e me ajudou com o meu primeiro trabalho, mas duvido que consiga me apoiar agora sem se sentir decepcionado.

Mais tarde disse que ia ao mercado, mas acabei sentado no banco da praça pedindo alguma luz a Deus. Depois de algum tempo apareceu e se sentou ao meu lado. Lhe contei o que havia acontecido. Ela estava mais quieta hoje, conseguiu ficar algum tempo em silêncio. Eu também, não estava querendo muita conversa.
Ficamos olhando para o céu e não demorou muito para que eu estivesse perdido em pensamentos sobre o que a vida me reservava? Eu sabia que tinha que contar para meus pais, mas como eu faria isso? E qual será a reação deles?? Ahh, o que devo faz...
De repente fui surpreendido por um beijo. Um beijo luxuoso que por um instante me fez esquecer até meu nome. Quando se afastou, a olhei com um sorriso bobo enquanto sentia o gosto de seus lábios.
- Você parecia merecer um beijo. - Ela disse com as mãos ainda em meu pescoço. - Foi só isso. - Então, ela levantou e saiu andando pelas ruas mal iluminadas do bairro. E eu corri atrás dela.
- Como assim eu parecia merecer um beijo?
- , a vida é curta. Temos que aproveitar sempre que podemos, então, só aceite o beijo. - Ela soou liberal demais, como se não se importasse com o beijo. - E você logo vai voltar pro seu país. - O que é isso? Ela está triste porque vou embora? - Temos que aproveitar o máximo de tempo juntos. - sorriu como se não tivesse sentimentos.
O que é isso? Eu estou triste por ir embora?


CINCO



não parecia nada com aquela garota boba que eu conheci quando ainda era criança. agora era cheia de atitudes e decidida sobre o que queria.
E naquela noite, fomos ao bar de jazz e bebemos um pouco. Quando fomos embora o sol estava começando a nascer e e eu subimos aquela colina novamente. Nos sentamos no balanço e assistimos ao sol nascer.
Seu espírito aventureira era calmo e caprichoso. Meu coração batia fora do comum. Eu sentia que ali era meu lugar. Eu sempre ficava bem quando estava ao lado dela. Eu queria todo dia ir dormir depois de ver o sol nascer ao seu lado. Como pude me apaixonar tão rápido assim? E ainda por uma garota que só quer viver o momento comigo, como se eu fosse um brinquedo novo.

No dia seguinte, não apareceu. No outro dia, fui a sua casa e ela não estava. No terceiro dia, eu estava impaciente com seu sumiço sem porque. Meus pais tinham ido trabalhar e a vovó estava no curso de tricô. Eu estava em casa com tédio e solitário, quando tocaram a campainha. Saí correndo mas quando abri não tinha ninguém, só um envelope de cartinha amarela com meu nome no chão.
"Me encontre na praça às 21 horas.
"

O que será que ela está aprontando agora?

Cheguei na praça antes do horário e lá estava ela sentada no banco, parecendo estar tensa enquanto lia uma revista.
- O que você está aprontando? - Comecei dizer enquanto me aproximava. - Você sumiu por dias e agora me chama aqui a essa hora? O que aconteceu, ? - Por que eu estava tão bravo e ansioso ao mesmo tempo?
- . Tenho uma coisa pra você. Senta aqui. - Ela bateu a mão suavemente no banco pra que me sentasse ao seu lado. - Antes de mais nada, eu sei que fiz sem sua permissão, mas deu certo. E quero que saiba que é só uma alternativa para você. Nada mais que isso. - Ela disse com a voz séria e controlada.
- O que foi? - Perguntei assustado.
- Olha, eu fiz com a melhor das intenções, mas não quero que pense demais, tipo, que eu quero que você fique aqui. Não me entenda mal, se você ficasse seria ótimo, mas tem que ser uma decisão sua. - Ela disse um pouco rápido demais e me entregou a revista. - Há alguns dias teve uma seleção de fotógrafos para participar de um desfile. Eu enviei sua fotografia e te inscrevi com a ajuda da Vovó . Fotógrafos do País inteiro se inscreveram, mas você é um dos 20 selecionados. Eu sei que você prefere tirar fotos da natureza, mas essa é uma ótima oportunidade para você se destacar.
Eu não conseguia acreditar no que ouvia e nem no que via.
Na revista estava a fotografia do dia do Halloween, quando o sol estava nascendo e estava vestida de fada.
Se eu estava entre os 20 selecionados de um país tão grande, talvez eu tenha talento.
Lhe olhei sem saber o que estava sentindo.
- Com uma modelo dessas, não tinha como ficar de fora. - Ela se exibiu, sorridente.
Tudo que eu tinha vivido, estudado e acreditado pareciam sem sentido naquele instante. Mas eu gostava daquela sensação de estar finalmente no caminho certo. Eu tinha a oportunidade de fazer o que gosto e isso podia ser o que eu estava procurando.
De alguma forma eu estava tão agradecido que acredito que meus olhos diziam "obrigado, obrigado, obrigado" de forma frenética.
Mas, por outro lado, eu estava com medo de seguir um caminho novo. Eu ainda tinha algumas semanas para pensar sobre isso e resolver minha vida, contar a verdade para minha família. Mas agora, só quero beijar essa linda garota ao meu lado.
- Você parecia merecer um beijo. - Eu disse e gargalhamos.

Quando cheguei em casa de manhã, meus pais estavam acordados. E tinham descoberto que eu não trabalhava mais no escritório de advocacia.
- ... Quando ia nos contar sobre isso? - Disse o senhor João.
- Bem… - Cocei a cabeça. - Eu não queria decepcionar vocês. Vocês tinham dado duro para que eu fizesse a faculdade e depois me ajudaram a conseguir o trabalho, mas eu não me sentia feliz no escritório.
- Tá bom. Tá bom. - Meu pai me interrompeu. - Olha, se você não gostava daquele escritório era só me dizer! Eu já liguei pra outro amigo do tempo da faculdade e ele tem uma vaga esperando por você. Como você está voltando para Inglaterra depois de amanhã, basta aparecer no escritório e já pode começar no novo emprego. O salário de lá é muito bom, também.
- Eles ficaram felizes em te receber. - Mamãe disse.
- Acho que vocês não entendera...
- Espero que não nos decepcione de novo. - Meu pai me interrompeu.
- Tá bom. - Disse de cabeça baixa.
Meu pai era muito bravo e se algo não saísse como ele queria, ele persistia até que acontecesse. Só me restava aceita…
Naquele dia eu não saí de casa. Arrumei minhas malas para a viagem.

Um dia antes de eu ir embora, resolvemos fazer um piquenique a meia noite, no Playground. Dessa vez, levou seu telescópio e me mostrou alguns planetas. O céu estava especialmente estrelado para nós.
era a garota mais simples e bonita que eu já tinha visto. Com certeza ela tinha que morar a um oceano de distância de mim… Ela me beijou, mais uma vez calando meus pensamentos.
- Você parecia merecer um beijo. - Ela sussurrou próximo aos meus lábios.
Por que não podíamos ficar juntos?
A beijei de volta.
Eu queria eternizar aquele momento na memória. Se eu pudesse tiraria uma foto. Tudo naquela noite estava mais intenso, por causa do clima de despedida, então aproveitei pra deixar claro o quanto eu gostava de estar com ela.
- Eu poderia viver assim pra sempre. - Disse sentado na grama ao seu lado. Olhava pra mim e eu olhava pro horizonte à nossa frente. - Eu adoro vir aqui todo dia com você e ver o sol nascer. E quando vou na padaria e você vem correndo me atender. - Minha voz estava mais rouca que o comum. - E adoro o fato de me sentir bem quando estou ao seu lado. Mas amanhã tenho que viajar e voltar a minha vida de advogado. - Diz que quer que eu fique. Diz! Diz!
- Eu sei que onde você estiver vai dar seu melhor. - Ela abraçou os joelhos e olhou para a mesma direção que eu olhava antes. E dessa vez, eu que olhava pra ela.
Como se eu não estivesse triste o suficiente, dormiu sobre meu peito, com o braço a minha volta. O cheiro de camomila que vinha de seus cabelos, eu guardei na memória, antes de cair no sono.

Na manhã seguinte, me despedi da mamãe e da vovó, e meu pai me levou para o aeroporto, depois do check-in ele foi embora.
Eu me via como um adolescente apaixonado, quando estava ao lado de . Se ela ao menos dissesse que sentia algo a mais por mim, talvez, eu ficasse. A quem eu quero enganar? É claro que eu largaria fácil, fácil toda essa m€rd@ que eu sempre acreditei que era minha vida pra ficar ao lado dela pra sempre e, então abriríamos a floricultura que ela tanto quer...
Mas, ali estava eu sozinho esperando que anunciassem meu voo.
- DANNY!!! - Ouvi uma voz, mas pensei não ser comigo. - DANNY JONES!!! - Opa! Esse é meu nome! Me virei pra trás e estava correndo entre as pessoas enquanto gritava meu nome me procurando. Corri em sua direção e ela pulou no meu colo e me abraçou com o rosto molhado de lágrimas. - Não vai. - Ela sussurrou entre soluções, no meu pescoço. - Eu também quero subir na colina com você todos os dias. - Ela olhou nos meus olhos e continuou a disparar em falar. - Quero ir no bar de Jazz, te dar um donut a mais na padaria, ou sentar no banco da praça enquanto anoitece… Tudo, tudo com você. - Ela passou a mão secando o rosto. - Desculpa ter sido intrometida e enviado sua foto, mas foi por que eu quero que você fique. - Lhe olhei por um segundo e então a beijei.
- Você parecia merecer um beijo.


SEIS




Uma semana depois…

Nesse verão eu tive muitas emoções e entre elas a mais especial foi o amor. Mas, eu tive que tomar uma decisão muito séria e colocar um basta para minhas dúvidas. Eu sei que decepcionei algumas pessoas, mas tomei a decisão certa.
Meus pais não gostaram de me ver voltar pra casa da minha avó e perder a oportunidade de ser um advogado, como eles, mas depois aceitaram que não podiam me fazer mudar de idéia.
Com o dinheiro que eu tinha guardado fiz um curso intensivo de fotografia, antes de fotografar no desfile. Depois do desfile recebi várias propostas como fotógrafo, inclusive da revista que trabalho atualmente.

Hoje era meu dia de folga, havia alguns dias que não encontrava , então logo cedo ela veio me visitar. Ela não usava nenhuma maquiagem, sua calça larga verde estava amarrada na cintura com um cadarço e sua regata rosa creme que deixava seu umbigo à mostra. Ela falava serena e com sono, o que era novidade.
- Você está bem? - Perguntei depois de um tempo a observando.
- Estou sim. Só tô com sono e meio desacelerada.
-desacelerada? - Repeti rindo.
- É. Eu não gosto de dizer lenta, então, uso, desacelerada. - Dei risadas do jeito dela dizer. - Vamos jogar videogame? - Ela levantou mais devagar que seu normal.
- Vamos! - Levantei animado. - Mas aonde?
- Ouvi dizer que na sua garagem tem um PlayStation 1. Será que ainda funciona?
- Na minha garagem? - Como…? Será que a vovó guardou meu vídeogame de quando eu era criança?
- Sim. A vovó que disse. - Isso explicaria o porquê de ter uma TV na garagem.
- Vamos lá ver. - Lhe chamei ansioso pra ver.

Nunca imaginei que isso pudesse acontecer um dia. Nenhuma namorada minha jogou videogame comigo. Namorada... E ali estava , minha namorada, tão meiga e animada jogando Tartarugas ninjas comigo. Ela não parecia aquela garota que me levava a loucura quando queria, mas mesmo assim era um ser mais precioso pra mim.
tinha um brilho especial, o qual intoxicava minha mente, e também, me aquecia como a radiação do raio ultravioleta.
Eu sei, o amor é cego, mas ela estava linda demais naquele dia.

QUATRO ANOS DEPOIS...

Lá estávamos nós subindo a colina.
Aquilo continuava a ser parte de nossa rotina.
- Joanna, corre. - disse segurando a mão de nossa filha, que corria animada. Eu as olhava a alguns passos atrás segurando minha câmera.
- Hoje o pôr do sol está lindo. As fotos vão ficar ótimas!

Bom, e é por isso que eu digo...
"Essas garotas do verão são incríveis." Eu só queria passar algumas semanas de férias com meus pais, mas acabei ficando e construindo minha vida aqui.


Fim



Nota da autora: Sem nota.

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