Capítulo Único
Confusa. Era assim que null se sentia enquanto olhava para todas aquelas construções gigantescas e iluminadas, capaz de cegar até mesmo os olhos de quem estava de longe, bem longe dali.
Passou a mão nos olhos por diversas vezes, borrando o pouco de maquiagem que usava. Havia perdido a manga de seu vestido azul turquesa, além de ter um enorme rasgo na parte central da saia, deixando o pano debaixo exposto, atraindo alguns olhares de homens extremamente atrevidos naquele lugar que, para ela, era desconhecido.
Do outro lado da rua, null conversava no telefone. Falava com um de seus clientes, enquanto se apressava para buscar a filha, null, no ballet, do outro lado de Manhattan, precisamente perto do Hard Rock. E, com o fim de sua conversa — que durou horas —, ele poderia ir para sua casa e curtir o fim da noite com sua filha, algo que ele estava desacostumado, mas precisava se acostumar –– depois que a mãe dela assinou o divórcio e foi morar em outra cidade, visitando a garotinha apenas em fins de semana, feriados e datas comemorativas, como Natal, Ano Novo, Aniversário e festa de dia das mães.
Estava atravessando na faixa de pedestres, quando sentiu alguém esbarrar em si, jogando seu celular para longe. Ele cogitou pegá-lo, se um carro um tanto desgovernado não passasse por cima dele, acabando totalmente com a conversa que ele tinha e com todo o seu meio de contato.
— Você está bem? — ele indaga, procurando por sua pasta e pelas chaves de sua casa. Não olhou no rosto da pessoa, e nem sabia de quem se tratava.
— Eu preciso de ajuda. — null diz; um tom de voz baixo e contido, que quase não pode ser ouvido pela multidão que caminha ao redor, além dos barulhos das buzinas de carros e motos. — Eu não sei aonde eu estou.
— Você está na quinta avenida, senhorita. — null fala, levantando-se e estendendo a mão para ela, que prontamente aceita, levantando-se. — Quer ir para algum lugar?
— Eu não sei ao certo. — ela diz e null jura que conhece aqueles olhos brilhantes de algum lugar. — Você sabe se tem algum reino aqui por perto?
— Do que você está falando? — ele indaga, segurando a vontade de rir e sair dali. — O reino mais perto fica muito, muito distante.
— Você tem certeza? — ela indaga e sua feição vai de séria para confusa num piscar de olhos. — Eu não tenho para onde ir.
— Eu posso ajudá-la. — ele diz, segurando na mão da garota. Ele não sabia ao certo, mas aquele toque fez com que seu corpo sentisse algo diferente do que ele estava acostumado.
Desde o divórcio, há alguns meses, ele havia saído com algumas mulheres, e todas terminavam da mesma maneira: cada um em seu apartamento, e ele jurando que não iria sentir algo por alguém até que morresse.
Bom, null estava ali. E ele sentiu a mesma coisa que sentiu ao conhecer a mãe de null, há quase dez anos.
Eles caminhavam e null olhava atenta para tudo, encantada com a movimentação ao seu redor, além das luzes e cores que estavam em telões bem localizados. Propagandas de músicas, musicais de Broadway, filmes e até mesmo aplicativos. Aquilo iluminava toda a Times Square.
null parou assim que viu o prédio onde null fazia ballet. Era um prédio antigo, construído por volta de 1940, mas que ainda tinha sua beleza, mesmo que rústica. Quase todos os dias ele a buscava ali, quando não era Eugene, sua secretária, e a levava para o escritório. null estava tão acostumada, que tinha um computador próprio com internet e jogos de meninas, mesmo que, por agora, eles a entediassem.
Eles subiram as escadas, que eram muitas. null abriu a porta do estúdio, encontrando null sentada com um brinquedo no colo. Quando o sino tocou e ela olhou em direção à saída, deu um sorriso largo, pegando sua mochila e correndo em direção ao seu progenitor, abraçando-o com força.
— Você veio! — ela exclama quando solta-se dele, olhando para a mulher ao lado dele, que olhava para as fotos penduradas nas paredes e para alguns troféus espalhados. — Quem é ela?
— Longa história. Te conto quando chegarmos em casa. — ele diz, pegando a mochila da garota.
— Podemos pedir pizza hoje? — null indaga enquanto abre a porta, esperando que null passe por ela.
— Não mesmo, mocinha. Iremos fazer comida de verdade. Sua mãe irá me matar ao saber que te alimento com Fast Food. — null diz, fazendo a mais nova bufar.
— O que é Fast Food? — null indaga pela primeira vez, arrancando uma risada baixa da garotinha.
— É comida, só que você não prepara, você pede. — null diz, descendo um degrau da escada. — Hambúrguer, Cachorro Quente, essas coisas.
— Vocês comem cachorro quente? — ela indaga, parando no topo da escada, olhando incrédula para o homem, que concorda. — Vocês matam um cachorro? Como tem coragem?
E, antes que ele pudesse pensar em dizer algo, ela ameaçou começar a chorar. As mães de outras alunas passavam e olhavam com raiva para null, que sorria envergonhado, enquanto null gargalhava no último lance de escadas.
— Não, nós não matamos um cachorro. — ele diz, atraindo o olhar da moça. — É só um nome. É feito de salsicha ou linguiça.
— E como é feito a salsicha ou linguiça? — ela indaga, sorrindo de lado.
— Acho melhor nós irmos antes que você chore ainda mais. — ele diz, puxando-a pela mão, descendo as escadas apressadamente.
Quando chegaram ao lado de fora, null acenou para um táxi, que logo parou. Eles entraram e null foi na frente, dizendo o endereço do prédio onde morava.
— Quem é você? — null indaga.
— Eu? Sou null. Venho de um reino distante. — a mais velha diz, arrancando um sorriso de null.
— Sério? E lá tem príncipes? Princesas? — a garotinha indaga, animada para saber mais sobre aquilo.
— Ah, não que eu saiba. Eu só conheço um, o null. Ele é o amor da minha vida. — null diz, suspirando em seguida. — ele vai me buscar na minha cabana da floresta, iremos nos casar e teremos o beijo do amor verdadeiro.
— Amor verdadeiro? — null indaga, dando uma risada sem graça. — Não existe.
— É claro que existe. E é bem poderoso. Capaz de amolecer o mais duro dos corações. — ela diz e arqueia a sobrancelha. — Você não acredita?
— Claro que não. — ele diz e o motorista ao seu lado concorda. — E você tem certeza de que o null é o amor da sua vida?
— Claro que tenho! — ela fala e null bufa. — Você não tem um amor na sua vida?
— Eu prefiro não falar sobre isso. — ele diz, dando por encerrado o assunto, e deixando as duas atrás conversarem.
A cada coisa que null dizia sobre o reino onde vivia e sobre as coisas que fazia por lá, null sentia algo estranho dentro de si. Tinha quase certeza de que a conhecia de algum outro lugar, mas de onde?
O motorista estacionou, e todos desceram. null pagou ao taxista, caminhando com as duas para o lado de dentro do prédio.
— Boa noite, senhor Harris. Boa noite, null. — o porteiro diz, acenando para os dois. — E você, quem é?
— É uma amiga minha. — null diz, puxando null pelo braço antes que ela pudesse responder ao homem. — Irei pedir uma pizza, pode deixar o entregador subir, por favor?
O porteiro concorda e null comemora silenciosamente. Apertou o botão do décimo andar, e logo as portas do elevador se fecharam.
— Ela vai dormir no meu quarto? — null indaga enquanto ajeita sua roupa em frente ao espelho enorme na parede do elevador.
— Ah, sim. Nosso dever como cidadão é ajudar a ela. — ele fala, fitando null, que observava atentamente o espelho, tocando-o com cuidado. — Olá?
— Esse espelho é tão grande. — ela fala, fazendo null sorrir. — Você fica bonito nele. E, claro, você também, lindinha.
null corou com o comentário, mas preferiu deixar uma impressão mais séria pra moça ao seu lado, que conversava animada com a filha dele.
Ah, como estava difícil aquilo tudo.
— Não! Mentira! — null exclama, vidrada na televisão da sala de estar, enquanto null preparava uma pipoca para assistirem algum filme infantil que a criança tanto amava.
Do outro lado, null conversava no telefone com Eugene, sua assistente, dando detalhes da audiência que aconteceria no dia seguinte.
Dois dias se passaram desde que null apareceu e, bom, ela mudou tudo naquela casa. null contava para as amiguinhas da escola e do ballet sobre a moça que a buscava dia sim, dia não, sempre acompanhada de um vestido de princesa, seja longo ou curto.
null não sabia, mas via em null algo diferente. Não saberia explicar, mas parecia o mesmo rapaz de 26 anos que se apaixonou pela mãe de null. Não que ele cogitava estar apaixonado, já que isso era algo que ele realmente não estava, mas tinha algo nela que intrigava a ele, e, bom, ele gostava disso, mesmo que minimamente.
— Você já assistiu Cinderela? — null indaga enquanto senta com o balde de pipoca no sofá de frente pra TV.
— Ah, não. Como é? — null indaga, olhando nos olhos de null pela primeira vez naquela noite.
— Ah, ela é uma princesa, só que ela precisa se casar com o príncipe, mas ela tem uma madrasta terrível e duas irmãs que são horrendas. Mas a Cinderela é bem legal. — null diz, sorrindo amigável para a mulher ao seu lado. — Ela parece com você.
— Ah, e isso é legal? — null indaga, ajeitando seus longos cabelos. — Eu sou legal?
— Sim, você é legal, null! — null diz, gargalhando em seguida.
As duas ficaram sentadas assistindo o filme, enquanto null, no outro cômodo, conversava sobre a audiência de amanhã, pensando em como ela seria importante para sua carreira.
— Ah, a null dormiu. — null diz da porta do escritório, olhando para o homem sentado em frente a uma mesa. — Você não está cansado?
— Estou, mas eu tenho que trabalhar e...
— Você só trabalha desde que eu cheguei aqui. Não quer ficar um tempo com a sua filha? — a ruiva indaga, sorrindo de lado. — Ela é uma garota adorável.
— É, eu sei disso. — null fala, levantando da mesa e indo para a sala de estar.
— Você já descobriu o amor? — null indaga enquanto null arruma as coisas. — Já se apaixonou? De verdade?
— Isso não interessa, null. — ele fala, pegando null no colo. — Eu tenho uma filha pra cuidar.
— E a sua felicidade não é tão importante assim? — ela indaga, caminhando junto dele até o quarto da garota. — Você já se deu um tempo?
— Eu não tenho tempo para “dar um tempo”, null. Eu trabalho, e muito. — ele fala e a mulher para na sua frente. — O que foi?
— Você ama o seu trabalho. Você pode parar de ficar um pouquinho focado naquelas coisas e prestar atenção nas pessoas. Prometo que não irá se decepcionar. — ela fala, atraindo o olhar dele para o seu.
Ele estava perto. Perto até demais para alguém com tamanha sanidade mental. Ele precisava fazer algo, ou iria fazer alguma besteira.
— Eu já me decepcionei com alguém. E não quero novamente. — ele sussurra, evitando o contato visual.
— Você se priva de um sentimento tão bonito. Vai ver você não conhece o amor verdadeiro. — ela sussurra. — O amor nunca decepciona.
— Eu preciso ir. — ele resmunga, afastando-se de null, mas não querendo fazer isso.
Enquanto caminhava para o escritório e pensava em como aquilo era louco, null pensava em como aquilo chegou naquele ponto, e porque não sentia a mesma falta de null que sentiu no dia em que chegou.
— Ah, você vai gostar! — null exclama, rindo em seguida.
Quatro dias desde que null apareceu naquela família. Quatro dias que tentava se acostumar com a rotina agitada se uma família nova-iorquina.
E dois dias desde que ela e null estão, a cada dia, se aproximando ainda mais.
— Isso não é um cachorro, certo? — null indaga assim que null aparece.
— Não, pode comer! — ele exclama, entregando a ela um guardanapo para que pudesse limpar o molho que estava em seu rosto.
Eles caminharam para se sentar na grama, enquanto null iria andar com sua bicicleta por ali. A pequena ainda não sabia, mas tinha algo ali entre os dois que estava além de ser uma futura amizade.
— O aniversário de null está chegando. — null diz, colocando sua mão por cima da mão de null, que sorriu de lado com aquilo.
E null? Bom, esse não tem mais tanta importância.
— Você vai ficar? Para o aniversário de null? — ele indaga, olhando nos olhos da moça sentada ao seu lado.
— Talvez. — ela fala, sorrindo de lado.
— Ela está animada. A mãe dela vai vir de onde mora para passar um fim de semana. — null fala, olhando para o lago que ficava poucos metros dali. — Ela está contando com isso. E eu também.
— Posso preparar um bolo de aniversário. E um vestido. Eu fazia isso com os bichinhos da floresta. — null fala, fazendo null gargalhar. — O que foi?
— Como você consegue ser assim? Você só reclamou uma vez desde que chegou. — ele diz, fazendo null balançar os ombros.
— Não tenho do que reclamar. E acredito que você também. — ela fala, segurando a mão dele.
Eles permaneceram o resto do dia ali. Os dois explicavam para null coisas do cotidiano deles.
Uma parte de null, mesmo que ele não queira admitir, sabe que sentirá falta desses dias, e deseja com toda força que ela permaneça ali. Era esquisito, mas pensava que era para null. Bom, ele queria que fosse para sua filha, e não para ele.
— null está realmente cansada. — null diz ao entrar na cozinha. — Ela me agradeceu pela história, e disse que vai sentir minha falta quando eu for embora.
— Você tem mesmo que ir? — ele indaga, pegando o controle da TV.
— Eu tenho que me casar com o null. — ela fala, sentando no sofá ao lado do homem. — Ele é o meu amor verdadeiro.
— Ele não é seu amor verdadeiro. Você ao menos sabe algo sobre ele. — null diz, fazendo null bufar. — Você nem mesmo saiu com ele para se divertirem.
— Eu me divirto com ele. — null fala.
— Ah, claro. Vocês se divertem. Muito divertido conhecer o cara em um dia e, no outro, estarem se casando. A diversão é mesmo ótima. — null fala.
— Isso importa para você? — ela indaga, cruzando os braços.
— Eu só não quero que a minha filha tenha essa influência. Ela vai se casar com o primeiro homem que disser “eu te amo”, às vezes sem ao menos amar. — null fala, ficando de pé, perto o suficiente de null.
— Você é tão... chato! — null exclama, batendo no peito do homem. — Sim, você é chato. Você é extremamente chato.
— Eu não sou chato. — ele fala, fazendo careta.
— Ah, você é chato sim, senhor null! Você é um chato mais chato do que o rei da terra dos chatos! — null diz, fazendo o homem rir.
— E você é... Você é...
— Eu sou...? — ela indaga, olhando nos olhos dele.
— Bonita... — ele resmunga, mas null ouve, corando com o elogio. — Eu não disse isso.
— Boa noite, Pat. — ela diz, acenando e indo para o quarto de hóspedes.
Como ele era idiota! “Bonita”, null? Francamente!
Ela é muito mais do que isso, e ele sabe.
Ah, como detestava isso.
— Parabéns pra você, nessa data querida... — null canta, junto de null, carregando um bolo e entrando no quarto de null. — Assopra as velinhas e faz um pedido.
— Eu quero que a null fique aqui para sempre. — null diz, fazendo a mulher sorrir, acariciando os cabelos da pequena.
— Bom, eu te fiz um presente. — null diz, caminhando para fora do quarto, pegando uma caixa que estava separada. — Espero que você goste.
A pequena abriu a caixa, tirando dali o vestido de princesa que ela sempre sonhou.
— Não foi feito com uma cortina, se você quer saber. — null diz, gargalhando em seguida. — O seu dia será: escola, ballet e, depois disso, iremos para um restaurante que você queira.
— Podemos ficar sem a parte de ir pra escola? — null indaga, se levantando da cama com preguiça, arrastando seus pés pelo quarto onde dormia.
null saiu para trabalhar, null foi pra escola e null permaneceu no apartamento, preparando o almoço delicioso de aniversário.
— Quem é você? — null, mãe de null, indaga, retirando os óculos de sol para olhar melhor null. — Uma criada?
— Não! Eu sou amiga de null, e acredito que você seja null. — null fala, apertando a mão da mulher à sua frente, que sorriu de lado. — null, muito prazer. null me falou muito de você.
— Ela não me falou de você... — null diz, colocando a bolsa no sofá maior.
— Ah, eu cheguei tem alguns dias, menos de sete, segundo null. — null diz, sorrindo amigável. — Aceita algo?
— Não, obrigada! — a mulher responde, pegando o celular no bolso e indo para a varanda que tinha ali, discando o número de seu ex marido.
Logo a porta se abre e null aparece no campo de visão de null, que indicou a varanda.
— Mamãe! — null exclama, correndo em direção à mais velha, que a abraça com toda vontade. — Eu senti sua falta!
— Eu também, meu amor. Trouxe um presente pra você, na verdade, dois. — a mais velha diz, pegando o embrulho dentro de sua bolsa. — Feliz aniversário!
null abria o presente com tamanha felicidade e cuidado. null, no canto da sala, observava aquilo com um sorriso no rosto, feliz pela felicidade da pequena amiga.
Iria sentir falta de null quando tivesse que voltar para sua casa.
A porta abriu e null apareceu. A surpresa do homem foi enorme ao ver ali sua ex mulher, que brincava com as bonecas de null.
— Oi, null. — ele fala, colocando sua pasta no sofá. — Não sabia que viria para cá.
— Fiz mal? — ela indaga, arqueando uma das sobrancelhas. null nega, olhando para null, que observava a cidade pela janela.
— Não sabia que fazia caridade aceitando pessoas desconhecidas no seu apartamento.
— null... — ele começa, mas logo é interrompido por null, que mostrava seu novo presente.
As horas se passaram mais devagar do que uma tartaruga. null não demonstrava o mínimo de simpatia por null que, por sua vez, não compreendia o porquê da mulher agir de tal forma.
— Mamãe, qual o outro presente? — null indaga enquanto todos se serviam de sorvete naquela manhã.
— Eu resolvi algumas pendências e vou morar por aqui, pertinho de você e do seu pai. — null fala, fazendo a pequena comemorar, saltitando pela casa.
Aquilo, dentro de null, não era um bom sinal, e ele sentia isso.
— Não está feliz, papai? — null indaga, parando ao lado do seu progenitor.
— Claro que estou, querida. — ele fala, sorrindo de lado.
— Agora seremos uma família de verdade. — null fala novamente, sorrindo e abraçando os dois mais velhos.
Por que aquilo não agradava null e tampouco null?
Era loucura achar que ela realmente gostava daquele homem, de uma maneira que ela achava que só null iria fazer.
— Você está bem? — null indaga enquanto lavam a louça do almoço. null estava na sala com a filha, longe o suficiente para que os dois conversassem. — Você não falou nada. Eu achei estranho.
— Estou. Fico feliz que a mãe de null tenha voltado. — null diz, secando um dos pratos. — Eu só preciso arrumar uma maneira de ir embora.
— Você já vai embora? — ele indaga. — Você tem certeza?
— Eu acho que é melhor. — ela fala, sorrindo em seguida. — Você pode viver com a sua família e eu vou ficar com a minha.
— null, não faz isso. — ele fala, segurando os braços da mulher ao seu lado. — Eu quero você aqui. A null também, só que eu quero muito mais.
— null... — ela fala, aproximando-se do homem, que sentia o coração saltitar dentro do próprio corpo.
— Eu gosto de você. Você acha que eu só gosto do meu trabalho e que não tenho dedicação o suficiente com tudo ao redor, mas tudo mudou quando você chegou. — ele fala, sorrindo. — Eu tenho mais tempo com null, ela te admira, eu te admiro, e qualquer pessoa que tem o prazer de te conhecer te admira. Você é sensacional, e não foi difícil me fazer gostar de estar com você.
null ficou encabulada. Não sabia reagir a uma declaração daquelas, e, mesmo que soubesse, era difícil demais saber reagir quando o homem que ela estava gostando estava ali, na sua frente, dizendo aquelas palavras.
null era passado. Esperava que ele não a procurasse e, se tentasse, iria recusar qualquer pedido. Não era ele o seu amor verdadeiro.
Era null, um divorciado com a filha mais adorável do mundo e o humor mais fechado do universo.
— Fica comigo? — null indaga, puxando a cintura de null.
— Por quanto tempo? — ela indaga, acariciando os ombros do homem.
— Que tal para sempre? — ele indaga, sorrindo e fazendo null sorrir.
— Então agora você acredita em amor verdadeiro? — ela indaga antes que ele pudesse finalmente acabar com a distância que existia entre eles dois.
— Sim, só por sua causa. — ele resmunga, beijando-a em seguida.
E tudo que era narrado em livros de romance que null evitava ler, ele sentiu. Sentiu como se seu corpo festejasse cada segundo ali, beijando null, rezando para que todo o sentimento fosse recíproco.
— Esse é o nosso “Felizes para sempre”? — null indaga.
— Não me importo o que seja, desde que eu esteja com você. — null diz, beijando sua amada mais uma vez.