Finalizada em: 16/06/2018

Capítulo Único

- 911, qual é a sua emergência? - null atendeu o telefone como se fosse da polícia e começou a rir em seguida.
- Você é muito idiota, null. - null rolou os olhos e acendeu as luzes do apartamento.
- Três ligações perdidas, quatro com essa, pensei que fosse uma emergência. - null adorava pregar peças com o irmão mais velho desde que eram crianças e embora null ocupasse o lugar de irmão sensato, quase sempre acabava rindo das besteiras do mais novo.
- Só estava extremamente entediado e pensei que você poderia me ajudar com uma coisa. - colocou a carteira sobre o criado mudo ao lado da cama e tirou os tênis, se jogando na cama em seguida.
- Não sendo problema com mulher ou com dinheiro, pode falar. - null entrou no carro e após conectar o celular com o carro, deu partida e saiu em direção a sua casa.
- Não. Quer dizer, não exatamente. - null coçou a testa se sentindo meio idiota por ligar por aquele motivo.
- Fala logo, null. - ele reclamou. - Você sabe que odeio ficar curioso. Quem é a garota?
- A ex-noiva do null. - null estava prestes a explicar a história, mas foi interrompido pelo grito do outro lado da linha.
- Você é louco? - null berrou. - Como você pega a ex-noiva do seu amigo e sócio e não espera ter problemas com isso?
- Cala a boca! - falou alto chamando a atenção. - Você entendeu tudo errado.
- Então explica. - null falou em tom de obviedade e null rolou os olhos novamente.
- null estava noivo, lembra? - null começou a contar. - Você a conheceu quando veio para Los Angeles à última vez. - null murmurou uma concordância e ele continuou. - Há dois meses ela terminou com ele, dizendo que estava apaixonada em outro cara.
- Puta que pariu! - null riu com a intensidade do xingamento. - Aposto que ela não é da Califórnia.
- Não é mesmo, ela é de Nova Iorque, como o null. Mas como sabia disso? - null sentiu o estômago roncar e foi para a cozinha procurar algo para comer.
- Não aprendeu até hoje, null? As garotas da Califórnia são inesquecíveis. Você pode viajar o mundo todo, nenhuma delas se compara às daqui. - null riu lembrando da teoria do irmão.
- A teoria de que tem alguma coisa na água daqui? Você ainda acredita nisso? - abriu a geladeira e tirou o resto de uma pizza, colocou no micro-ondas e se sentou na bancada enquanto esperava.
- Não é questão de acreditar, é um fato! - null tinha uma confiança na voz que faria qualquer um acreditar. - E você sabe melhor do que eu, as garotas da Califórnia são espetaculares. E as de Long Beach então… - instantaneamente null se lembrou do tempo em que morou em Long Beach com a família e de algumas garotas. - E é por isso que é óbvio que essa ex-noiva não era daqui. Com tanta mulher aqui ele foi arrumar um nova-iorquina? - null soltou um riso incrédulo, claramente julgando null.
- Sou obrigado a discordar, null. As californianas não são santas. - null seria capaz de listar algumas baseado em suas próprias experiências, mas não seria o momento.
- Eu disse inesquecíveis, null. Não confunda as coisas. - null gargalhou. - Tudo depende do que você procura. - Mas fora isso, como estão as coisas na gravadora? - null estacionou o carro na garagem e deu a volta por fora da casa, se sentando em uma espreguiçadeira com a visão da praia.
- Tudo tranquilo, null tem um poder de atrair clientes que é fora do comum, mas null com o mau humor está espantando alguns e é por isso que eu preciso fazer alguma coisa. É isso! - null teve uma ideia e o micro-ondas apitou ao mesmo tempo.
- Seu insight tem até trilha sonora… Impressionante! - null o zoou. - No que pensou?
- Vou levar o null para Long Beach. Se sua teoria estiver certa, quem sabe assim ele supera isso de vez.
- Já disse que não é uma teoria, é um fato. - null repetiu convencido. - As praias de Santa Bárbara não se comparam com Long Beach. Se brincar apareço por lá quando estiver lá. Confessa que você morre de saudade.
- Eu não sou mais esse cara, null. - os dois sabiam muito bem do passado de null. - Como estão as coisas aí em Santa Bárbara?
- Tranquilas como sempre. Apresentar o programa de esportes não é um trabalho exaustivo. - a campainha da casa de null tocou. - Sinto muito em interromper nossa conversa, mas tenho assuntos a tratar. - null riu com a cara de pau do irmão, com certeza era uma garota e a última coisa que tratariam era de negócios.
null pegou o celular e digitou uma mensagem para o null. Encaminhou para null em seguida, eles teriam uma reunião no primeiro horário na manhã seguinte. Deixou o telefone na bancada e depois de abrir uma garrafa de cerveja, pegou a pizza no micro-ondas. Longe de ser o jantar ideal, mas seus pensamentos estavam em Long Beach.

null chegou mais cedo na gravadora no dia seguinte, estava animado com o seu plano e esperava que desse certo. Tinha até mesmo levado o café preferido de cada um deles e depois de colocar de frente da cadeira de cada um, se sentou e começou a jogar Candy Crush, o vício que ele nunca deixava de lado.
Pouco tempo depois null apareceu na sala de reuniões, com a mesma feição emburrada dos último dias. Era como se mais nada valesse a pena desde o pé na bunda e honestamente, toda a equipe do estúdio já estava até receosa em tentar falar com ele, pois era sempre mau humor ou má vontade em resolver as coisas. Sendo donos da gravadora e músicos de sessão, eles precisavam ser simpáticos e abertos a opiniões, mas isso não vinha acontecendo com null e era o motivo de terem perdido alguns clientes ultimamente.
- Bom dia. - null o cumprimentou com um sorriso de onde estava.
- Bom dia. - null respondeu, mas pela entonação era mais provável estar desejando uma catástrofe mundial. null não se deixou afetar pelo tom do amigo e voltou a se concentrar na fase do jogo em que estava.
- Qual o motivo dessa reunião relâmpago, null? - null perguntou apenas para quebrar o silêncio da sala enquanto null não chegava. A verdade era que null costumava se sentir um pouco culpado depois das patadas gratuitas que ele vinha distribuindo, mas era muito mais fácil culpar a situação do que assumir que ele estava sendo um pé no saco.
- Desculpa, o que eu perdi? - null entrou com a respiração ofegante na sala. Ele havia acordado atrasado, para variar, e um sorriso brotou nos lábios dele ao ver o café em frente à sua cadeira, ele estava faminto. - Oh, café! Muito obrigado, null! - ele deu um grande gole no mesmo, sentindo seu corpo se aquecer.
- Nada ainda, null está fazendo suspense. - null continuava mal humorado e essa era a última tentativa de null de melhorar a situação.
- Como sabe que fui eu que trouxe o café? - null perguntou, tirando os pés de cima da mesa e guardando o celular no bolso da calça. null fez uma cara bem óbvia, null não mal andava fazendo as coisas para ele mesmo, não estaria fazendo gentilezas assim para os outros.- Enfim, essa reunião é para comunicar que nós vamos tirar férias. - ele anunciou e null e null o olharam como se ele fosse de outro planeta e então null começou a rir.
- Fala sério! - null negava com a cabeça.
- Estou falando. - null repetiu. - Nós três vamos tirar férias juntos. Vamos ficar duas semanas em Long Beach, vocês precisam conhecer mais a Califórnia.
- Nós nunca tiramos férias ao mesmo tempo. - null continuou com o tom monótono.
- Eu já tirei férias esse ano, inclusive. - null lembrou tomando mais um pouco de seu café, mas diferente de null ele estava gostando daquela ideia. Uma viagem sempre caia bem.
- Não interessa, nós vamos fazer essa viagem. Eu tenho 40% da empresa, eu decidi. Fim. - anunciou deixando claro que não estava em pauta de discussão.
- Deixa eu ver se eu entendi. - null começou com um tom zombeteiro e um sorriso. - Vou ser obrigado a tirar férias, indo pra onde você quer e com você?
- Exatamente. - null ia contestar, porém null foi mais rápido. - Todos nós estamos precisando de férias, esse ano foi bem estressante. Vocês não sabem como a Califórnia é maravilhosa, eu cresci em Long Beach.
- Claro que sabemos, Los Angeles fica na Califórnia. - null usou um tom como se questionasse a inteligência de null.
- Vocês não são daqui e conhecem Los Angeles e mais o quê? - null preferiu não se meter na discussão deles. Alguns dias na praia seriam muito bem-vindos. - Olha, essa é minha última tentativa de tentar ajudar você a superar e a voltar ao normal. - null falou encarando null, dessa vez seu tom era sério. - Todos estão aguentando seu mau humor e sua má vontade, todos nós pisando em ovos e tentando sermos o mais compreensivo possível com você, mas você não parece estar querendo mudar a sua situação.
- null… - null o chamou sabendo que null poderia explodir a qualquer momento se ele continuasse jogando os fatos para cima dele. null o ignorou.
- Eu olhei nossas contas, apesar de ter sido um mês produtivo, nós perdemos muitos clientes, a maior parte deles por não se sentirem bem na sua presença. Isso não pode continuar acontecendo. - null abriu a boca e fechou duas vezes, mas nada disse, pois sabia que não era mentira. - Se não quiserem ir, não vão, não posso obrigá-los, obviamente. Minha tentativa era resolver isso de uma forma legal e descontraída, mas façam o que quiserem, essa situação só não pode estar assim quando eu voltar. - null pegou o copo de café e se levantou indo em direção à saída da sala de reuniões.
- Espera aí! - null o chamou, fazendo com que ele virasse seu corpo e ficasse de frente para ele. - Quando partimos? - perguntou com um sorriso. null sabia que null tinha a melhor das intenções e sabia também que a imagem da gravadora não podia ser negativa.
- Pretendo sair amanhã cedo, são só trinta minutos de carro e eu quero aproveitar a praia.
E dizendo isso null deixou a sala e seguiu para o seu primeiro compromisso do dia, ele tocaria guitarra para uma banda em duas faixas.
- Você sabe que ele tem razão, não sabe? - null ficou de frente a cadeira de null, atraindo a atenção para si. null não respondeu. - Vai viajar conosco ou vai inventar outra desculpa e ficar sofrendo por ela que está com outro?
- Não acho que uma viagem vai resolver meu problema. - ele disse se levantando.
- Tenho medo de não ter uma gravadora quando voltarmos se você ficar… Vai que espanta todos os clientes. - null fez uma careta e riu da própria piada.
- Estou atrapalhando tanto assim? - null perguntou sem estar na defensiva pela primeira vez em muito tempo.
- Está e acho que o null chegou no limite. - nenhum dos dois falou nada por um tempo e então null se pronunciou.
- Vou me decidir e aviso a vocês. - ele caminhou para fora da sala e null fez o mesmo, já com a cabeça nas coisas que levaria para uma semana em Long Beach.

- Não acredito que finalmente estamos passando as férias juntas novamente! - null comemorou, ajeitando-se em sua espreguiçadeira.
- Eu não acredito é que finalmente saí daquela universidade. - null respirou forçadamente, mostrando alívio e null concordou com ela.
- Se eu tivesse que ficar lá mais um semestre acho que morreria. - null fez drama. - Não quero pensar em nada do meu futuro nessas férias.
- null, suas amigas que vieram são legais? - null perguntou e olhou para a amiga por cima das lentes do óculos de sol.
- São sim, super divertidas e animadas. São melhores companhias do que eu. - null fez uma careta, mas era a verdade. No mesmo instante o celular dela vibrou. - Ah, elas chegaram no bar, vou encontrá-las e trago bebidas pra gente, o que vocês querem?
- Bebida uma hora dessas da manhã? Você está louca, null? - null tinha uma expressão de perplexidade no rosto e null gargalhou.
- Olha quem fala, né? - empurrou o ombro de null. - Não sei como você não está com um copo na mão ainda.
- Ei, a bêbada aqui não sou eu não. - null se defendeu e null apenas ria das duas. - Você só não bebe acetona porque não pode.
- Andem logo, elas estão esperando. - null reclamou e enviou uma mensagem para as duas dizendo que já estava indo encontrá-las.
- Eu quero um sex on the beach. - null pediu e null rolou os olhos.
- Vou querer uma margarita. - null sorriu e voltou a colocar os óculos de sol.
null fez o caminho pela areia até o bar que não ficava longe de onde as amigas estavam. Logo avistou null e sua irmã null ao lado do balcão.
- Vocês vieram mesmo! - null abraçou as duas em um abraço só.
- Nós falamos que viríamos, você precisa acreditar mais nas pessoas, null. - null disse séria.
- Mentira, ela queria deixar você curiosa mesmo. - null entregou a irmã e null a empurrou de leve.
- Tem alguma coisa mais estraga prazeres que irmã mais nova? - null mostrou língua para ela.
- Já estou vendo que vocês vão dar super bem com as meninas. Essas férias serão maravilhosas! - null disse de forma empolgada. - O que vão querer beber? - perguntou pegando um dos cardápios em cima do balcão.
- Alcoólico ou não alcoólico? - null perguntou olhando por cima do ombro de null.
- O que vocês quiserem, a null quer um sex on the beach e a null uma margarita. - null entregou o papel plastificado para as irmãs.
- Que chique! - null disse ao ouvir os pedidos das outras. - Sendo assim vou querer um cosmopolitan para acompanhar.
- null, você vai tomar o quê? - null perguntou ainda encarando as opções em suas mãos.
- Ainda não sei, estou considerando entre ser a amiga legal ou a tiazona sóbria. - null sorriu sem mostrar os dentes.
- Vou querer um mojito e você vai tomar uma caipirinha que eu sei que você gosta. - colocou o cardápio sobre o balcão e fez os cinco pedidos para o barman.
- Nós estamos sentadas ali na frente. - null apontou para as espreguiçadeiras e ele assentiu.
- null do céu! - null disse um pouco mais baixo e segurou o braço da amiga e da irmã ao mesmo tempo, fazendo as duas pararem de andar. - Se o barman já é gato assim, imagina os surfistas. - null estava empolgada.
- E desde quando você tem interesse por surfista? - null devolveu em tom de zoação.
- Desde que chegamos aqui. - null respondeu sem se abalar e voltou a andar.
- null, null, essas aqui são null e null. - apresentou as amigas umas as outras.
As duas haviam acabado de tirar as saídas de banho e se deitar na espreguiçadeira quando as bebidas chegaram.
- Bem-vindas à Long Beach. - null ergueu a taça e as outras a imitaram.
- Às melhores férias das nossas vidas! - null falou mais alto. - Por enquanto. - completou e novamente as taças se encontraram.
- Como essa paisagem é maravilhosa. - null comentou olhando o mar e as pessoas que passavam.
- Você ainda não viu nada. - null respondeu com um sorriso e null percebeu que estava certa, as amigas aproveitariam bastante as férias.
- null, aquele ali não é o null? - null soltou e null se sentou de uma vez na espreguiçadeira.
- Aonde? - perguntou num tom um pouco desesperado. Só então percebeu que null e null riam dela.
- Rá, rá, que engraçadas. - null fechou a cara.
- Falei que null ainda tinha uma queda por ele. - null deu de ombros. - Minha bebida está na sua conta. - sorriu satisfeita na direção de null.
- Vocês apostaram sobre a minha vida? - null perguntou incrédula.
- E mais importante, quem é null? - null soltou bastante curiosa.
- Exatamente! - null concordou com a irmã e tirou os olhos para encarar null.
- Ninguém! - null respondeu prontamente e fechou os olhos, mesmo com os óculos de sol, para não ter que encarar nenhuma delas.
- Como assim ninguém? - null soou ultrajada. - E como assim você nunca contou para elas do null?
- É o cara que a null mais teve interesse até hoje. - null entregou a amiga sem se importar.
- Não acredito! - null praticamente gritou e deu um tapa em null. - Como nunca me contou isso em cinco anos de faculdade? - null ria das duas, mas preferiu não entrar na roda já que ela mesma tinha seus segredos.
- Não contei porque não era importante. - null disse em tom de obviedade.
- Claramente uma mentira se ele foi o cara que você mais gostou até hoje. - null devolveu.
- Não venha me analisar não. - null sempre dizia isso para a amiga, desde que ainda cursava psicologia.
- Não estou analisando nada, para de ser paranoica. - null se divertia em ver o desespero de null, isso a entregava totalmente. - Se você não vai me contar, elas me contam. - indicou null e null com o indicador alternando entre elas.
- Com prazer. - null disse e se sentou na espreguiçadeira, virando para o lado de null.
- Fofoqueira. - null resmungou baixo, mas elas ouviram e riram ainda mais.
- null estudou com a gente até metade do ensino médio, então ele mudou com a família dele para Las Vegas e nenhuma de nós nunca mais viu ele. - null resumiu. - Até hoje, no caso.
- Espera aí, ele está aqui em Long Beach? - null ficou muito mais interessada na conversa.
- Achei que vocês estavam só zoando a null. - null tinha deixado o celular de lado e estava escutando a história.
- Eu também achei. - null até tirou os óculos, pois mesmo sem querer admitir aquela informação era muito bem-vinda.
- Agora a gente falou zoando. - null explicou. - Mas quando null foi encontrar vocês ele passou com dois caras.
- Dois caras maravilhosos, por sinal. - null achou digno incluir sua opinião.
- Não exagera, null. - null a cortou.
- Você que ficou cega depois que começou a namorar, não posso fazer nada. - deu de ombros. - Falando nisso, me explica de novo porque ele não veio passar as férias com você.
- Porque ele conseguiu um emprego de última hora, já disse. - null explicou pela quarta vez e null deixou claro que não engolia aquela história.
- Podemos voltar para o foco dessa conversa? - null sorriu sem mostrar os dentes. - null, você tem certeza que era o null? - ela perguntou sentindo o coração bater diferente.
- Ah, null, certeza absoluta não tenho né, até porque tem séculos que não vejo ele, mas parecia muito. - ela afirmou.
- Parecia mesmo. - null confirmou.
- Parece esse aqui? - null abriu uma foto no celular dela e mostrou para elas.
- Pra um ninguém você tem até ele no whatsapp? - null provocou.
- Deixa eu ver! - null puxou o celular da mão da amiga e mostrou para a irmã.
- Arrasou, null. - null sorriu e devolveu o celular para a dona. - Até entendo porque ninguém naquela faculdade nunca te interessou.
- Tenho o número dele sim, a gente se fala em datas comemorativas, tipo umas quatro vezes no ano. - null riu.
- Olha que safada, escondeu isso da gente todos esses anos. - null riu e null concordou com a cabeça.
- Parece ou não? - null repetiu a pergunta.
- null, ele passou lá. - ela apontou com o dedo. - Não dá pra eu ter certeza assim, mas esquece isso. Ele é um ninguém. - ela repetiu com um sorriso zombeteiro.
- Eu odeio vocês. - null disse, mas não conseguiu permanecer séria e acabou rindo com elas.
- Mentira, você ama a gente. - null falou convencida e voltou a se concentrar na bebida.
- Sem querer te ofender, null, mas você fez um resumo péssimo do passado da null. Eu ainda quero saber mais sobre isso. - null falou.
- Uma merda de resumo mesmo. - null gargalhou. - Vai contar ou eu conto? - ela encarou null com uma sobrancelha erguida.
- Ok, eu falo. - null suspirou vendo que não ia ser deixada em paz. - O que você quer saber?
- Tudo ué. - null respondeu o óbvio. - Claramente não sei da maior informação amorosa da sua vida.
- Se você fosse mais discreta… - null soltou e null a ignorou.
- Pode começar me contando quanto tempo durou seu rolo. - null bebeu mais um pouco e quase engasgou com a risada de null e null. - Qual é a graça? - ela perguntou depois de tossir algumas vezes.
- A gente nunca ficou. - null respondeu. - Por isso nunca contei, não é importante. Eu gostava dele, mas nós éramos só amigos.
- É uma pior que a outra pra contar, credo! - null reclamou. - Me deixa contar.
- Por favor. - null e null falaram juntas.
- O null morava perto da casa da null e eles sempre iam juntos para a escola. Como nós três sempre fomos amigas, null ficava com a gente às vezes, mas ele era amigo mesmo da null. - null foi interrompida.
- Até chegar à adolescência. - null disse como uma lembrança desagradável.
- Ele ficou feio e nojento com espinhas? - null perguntou com uma careta, provavelmente lembrando de algo relacionado à adolescência dela.
- Não, isso foi o que aconteceu com todos os outros meninos da sala. - null disse e null pigarreou chamando a atenção.
- Continuando, enquanto todo mundo virou patinho feio o null ficou mais e mais bonito, atraiu cada vez mais atenção…
- E passou a andar cada vez menos com a null. - null cortou. - Ah, não faz cara feia pra mim, null.
- Ele e null até tinham momentos juntos, mas fora da escola. - null continuou.
- Mas e por que nunca rolou nada? - null não tinha visto sentido ainda.
- Porque vocês conhecem a null. - null respondeu simplesmente.
- Ei, eu estou aqui ainda. - null balançou a mão.
- Não estou falando isso com sentido ruim. - ela se defendeu. - Mas você nunca foi de ficar com qualquer um e o null virou bem o oposto, né.
- Vocês se lembram do boato de que ele ficou com um cara da universidade? - null perguntou com os olhos arregalados e levou as mãos à boca.
- Estou impressionada. - null riu fraco.
- Isso foi boato, gente. - null rolou os olhos. - Vocês sabem que nós não tínhamos segredos. Se ele me contou até daquela vez que fez sexo com as duas melhores amigas lá… - ela sabia bem o nome, mas não faria questão nenhuma de citar.
- É threesome o nome, null. - null zoou a amiga. - E eu queria. - fez uma cara safada. - Não com o null! - se prontificou a dizer.
- Ou menage à trois, mais chique em francês. - null soltou. - Ou…
- A gente já entendeu. - null socorreu vendo a cara de sofrimento de null. - Mas como assim a null continuou gostando de um cara que fez isso? - foi a vez de ela se fingir de horrorizada.
- Vocês parem, eu não sou tão chata assim. - null disse e acabou rindo.
- Conta essa história aí, fiquei curiosa. - null pediu e null riu.
- Não sou só eu… - falou sem se importar.
- Ele aceitava sair com qualquer garota que quisesse, até porque elas estavam disputando, uma delas o chamou pra ir pra casa dela, e quando ele chegou lá a melhor amiga também estava. A dona da casa começou a beijar ele e depois beijou a amiga e enfim, não fiz questão dos detalhes. Final da história, null ficou com as duas. - null odiava lembrar daquela história, odiava mais ainda o fato de nem coisas assim terem feito ela gostar menos dele.
- null nunca falou a verdade pra ele e também não deixou a gente falar e no ano seguinte a família dele se mudou. - null terminou a história.
- Mas se ele estava aqui, por que vocês não o chamaram? - null questionou, adoraria conhecer o crush da amiga.
- Dois motivos: não queríamos perder esses lugares maravilhosos e não ia arriscar pagar mico. - null explicou. - Vai que meu médico não está certo e minha visão não é tão perfeita quanto ele diz.
- E eu sou míope mesmo. - null confirmou. - Agora mudando de assunto, vocês jogam algum esporte?
- Não exatamente, por quê? - null se animou com a ideia de talvez conhecer um surfista. - Se envolver caras bonitos eu estou dentro.
- Sempre organizam uns campeonatinhos aqui na praia e passaram mais cedo chamando pra jogar, mas essas duas sem graças aqui não querem jogar nada. - null e null fizeram um high-five.
- Férias, querida. Não quero fazer nadinha. - null bebeu o resto da caipirinha. - A não ser beber mais uma.
- O que você vai jogar? - null estava realmente interessada.
- Vôlei, é o que menos passo vergonha. - ela deixou o copo de lado.
- Passar vergonha é comigo mesma. - null falou guardando o celular. - O que eu perdi?
- O que você tanto faz nesse telefone? - null tentou pegar o aparelho das mãos dela.
- Não é da sua conta. - escondeu o celular.
- Estou tentando convencer alguém a se inscrever nos jogos comigo. - null repetiu.
- Ah, legal. Quero jogar futebol se tiver. - null se levantou.
- Também me animo para o futebol. - null levantou em seguida e depois de um gritinho animado de null elas foram para a banca de inscrições.

A garota que estava na organização tinha um bronzeado de dar inveja, ela entregou os papéis de inscrição e assim que as três devolveram ela avisou que elas receberiam os horários dos jogos por whatsapp. null saiu do rumo da barraca e viu que o cara que ela tinha achado bonito estava logo atrás dela, se lembrou então que ele estava andando com o suposto null. Se eles estavam juntos antes, ele deveria estar por perto agora e então ela o avistou preenchendo uma das inscrições ao lado de null. Era realmente ele, null deu alguns passos para o lado dela e forçadamente esbarrou nele.
- null? - null tinha uma expressão extremamente surpresa e forçada no rosto. - Não acredito! Quanto tempo!
- null?! - ele sim estava surpreso e a puxou para um abraço.
- É esse? - null sussurrou para a irmã e indicou ele com a cabeça.
- Acho que sim. - levantou os ombros.
- null, essas aqui são null e null, amigas da null. - null apresentou e ele as cumprimentou.
- Não brinca, a null está aqui também? - um sorriso verdadeiro ocupou o rosto dele e null e null se entreolharam tendo a certeza que ele era o null do assunto.
- Está sim, ela e a null. Você lembra dela, né? - null teve a ideia de levá-lo até elas vendo que ele passou os olhos pelo local, provavelmente procurando as duas.
- Claro que lembro, vocês viviam juntas. - o cara que null havia achado bonito se aproximou. - Meninas, esse é o null, um dos meus sócios. - null apresentou e as meninas se apresentaram uma a uma ao se cumprimentarem.
- Sócio? - o interesse de null aumentou naquele momento. null era muito gente boa e ela deduzia que null também seria.
- Sim, quando mudei para Los Angeles eu conheci o null e o null e abrimos uma gravadora. - null contou orgulhoso. - Acho que já tem quase quatro anos.
- Por aí mesmo. - null concordou e quando ele sorriu null praticamente ficou hipnotizada.
- E quem é o null? - null perguntou só para evitar o momento constrangedor com null, mas assim que null apontou para o cara mais atrás com os braços cruzados foi ela quem quase babou.
- É aquele ali. - null apontou. - Mas ele anda num péssimo humor, eu evitaria contato se fosse vocês. - null riu do comentário.
- Triste verdade. - concordou com null. - O que vocês vão jogar? - null puxou assunto.
- Futebol. - null e null responderam ao mesmo tempo.
- E eu fiquei no vôlei. - null contou torcendo internamente para que ele estivesse jogando o mesmo. - E vocês?
- Nos inscrevemos no handebol, os outros já estavam cheios, ficamos como reservas. - ele explicou.
- null, nós vamos voltar, ok? - null falou e recebeu olhar de reprovação das duas, pois null queria continuar conversando com null e null estava satisfeita em apreciar a beleza do tal null.
- Espera aí, quero ver as meninas. - null se intrometeu e nenhuma delas achou ruim. - Vou só chamar o null. - null sorriu e null pode ver as segundas intenções naquele sorriso.

- null. - null chamou a amiga que murmurou um “hum”, mas nem mesmo abriu os olhos. - Você ainda gosta do null?
- Pra que essa pergunta agora? - a garota devolveu com outra pergunta. - Não faz diferença, nós nem temos contato mais.
- Porque ele e os dois gatos da null estão vindo pra cá com as meninas. - null tirou os óculos e encarou a amiga descrente.
- Duas vezes no mesmo dia não tem graça, null. - ela reclamou.
- Eu estou falando sério. - null não se moveu. - Olha para trás então. - e quando ela o fez não acreditou no que seus olhos viram.
- Puta que pariu, null! É o null! - null tinha uma cara de desespero e null riu.
- Acho que isso responde a pergunta, você gosta dele. - ela confirmou.
- Eu vou matar a null. - null sentia o coração batendo mais rápido que o normal. - Anos sem nos ver e ele vai me ver assim, descabelada e de biquíni.
- null, relaxa. Respira. - dessa vez ela ouviu o conselho e respirou fundo.
- Olha só quem nós encontramos fazendo as inscrições. - null disse animada em alto e bom tom. E em falsa surpresa também.
- null! - null foi a primeira a reagir e tentou ganhar um tempo para que null mudasse a cara de desespero dela.
- null! - ele a abraçou com o mesmo entusiasmo que tinha na voz. - Não acredito que passei por aqui e não reconheci vocês.
- Não nos vemos há muito tempo e também não é como se você tivesse procurando a gente… - ela disse e viu que null havia finalmente levantado.
- null! - pela voz dele não havia dúvida no quanto ele havia gostado de reencontrar as colegas de escola.
- Que saudade, null! - para a surpresa das amigas ela não hesitou em se jogar nos braços dele, e era um abraço diferente dos outros, principalmente porque puderam ver os dois cochichando coisas um para o outro.
- Você faz tanta falta! - null cochichou no ouvido de null enquanto se abraçavam.
- Senti falta de você também, e do seu abraço. - ela disse tão baixo quanto ele e depois de beijá-lo na bochecha eles se soltaram.
- Por que não me contou que vinha pra cá? - ele perguntou diretamente para a melhor amiga e as outras quatro garotas se entreolharam.
- Impressão minha ou isso não está com cara de quem só conversa quatro vezes no ano? - null perguntou para null que estava ao seu lado.
- Também estou achando isso suspeito. - null concordou e null escutou e concordou com a cabeça.
- Não sei o que me intrigou mais, esse abraço dos dois ou a relação da sua irmã com o celular. - null comentou vendo que null estava de novo com o aparelho nas mãos, digitando rapidamente.
- Também estou estranhando isso. - null ia encher o saco da irmã quando a voz de null soou mais alta.
- null, null, esses aqui são null e null, meus sócios na gravadora. - ele os apresentou e todos se cumprimentaram.
- Será que agora podemos ir para algum restaurante? - null questionou deixando transparecer todo o tédio dele e as meninas se entreolharam tentando entender o que estava acontecendo. - Eu estou com fome e esse sol está forte. - reclamou e saiu andando. null e null rolaram os olhos.
- Por favor, o ignorem. - null sorriu e internamente ele agradecia a null por aquela viagem. Que teria mulher bonita ele já sabia, mas serem amigas do null era ainda melhor. - Está em crise desde que a noiva deu um pé na bunda dele. - resumiu.
- Poxa, que barra. - null se solidarizou.
- O problema é que já tem uns três meses e ele continua sendo um babaca com todo mundo. - null indicou a atitude do amigo, exemplificando o problema.
Enquanto a história era contada, as meninas vestiram as roupas para poderem entrar no restaurante e não ter que carregar muita coisa. Se certificaram que não estavam deixando nada para trás e então acompanhadas de null e null seguiram o caminho que null havia acabado de fazer.

- null, me empresta a chave do carro? Quero pegar uma coisa que deixei lá. - null pediu assim que chegaram à entrada do restaurante. null entregou e null nem chegou a entrar no local. - Já volto. - saiu em direção ao carro e os demais entraram.
- Claro que ele estaria na mesa mais escondida. - null identificou o amigo sentado.
- Pelo menos ele escolheu uma mesa que cabe todos nós. - null ponderou e eles riram.
- Talvez a null pudesse falar com ele. - null sugeriu e todos os olhares se voltaram para ela.
- Eu? Eu nada, null. - null riu, mas a amiga sabia que era de nervoso. Ela não era fã de ser o centro das atenções.
- Ah, você tem o dom de falar com as pessoas. - null puxou saco dela. - Foi você mesma que disse que às vezes é mais fácil falar com um desconhecido. - ela deu de ombros como se não fosse uma tarefa tão difícil.
- Ok. - suspirou e lançou um olhar não muito amigável a null. - Eu posso tentar.
- Já gostei de você! - null abraçou null, ele realmente não aguentava mais o comportamento de null.
Sendo assim, null sentou ao lado de null, tentaria uma conversa mais leve primeiro. O lugar ao lado dela ficou vago para que null o ocupasse. null se sentou do outro lado de null, pois tinha um pouco mais de paciência com ele do que null. null tratou logo de sentar na cadeira ao lado do seu mais novo crush. null se sentou entre null e null e null ficou entre ele e a cadeira vazia.
- Enquanto vocês escolhem o almoço, eu vou ao banheiro. Com licença. - null avisou e se levantou.
- Espera aí, eu vou com você. - null também se levantou. Passaram por trás de null e de null, que estava com o celular na mão.
- Ei! - null gritou. – Por que você tem uma foto do meu namorado? - puxou o telefone da mão de null, que estava perdido assim como o restante da mesa. - Mais importante, quem é essa aqui com ele? - null puxou o telefone de volta.
- Eu não tenho uma foto do seu namorado, minha ex-noiva acabou de postar essa foto. Esse cara é o novo namorado dela. - ele disse com visível nojo.
- Como é que é? - a voz de null subiu algumas oitavas e atraiu atenção das outras mesas.
- null, para de gritar! - null chamou a atenção.
- Como assim, namorado dela? - ela ignorou completamente o pedido de null. - Esse aqui é o meu namorado. - null afirmou.
- Me deixa adivinhar, ele te disse que não podia viajar com você porque tinha conseguido um emprego. - null tinha um sorriso amargo no rosto.
- O quê? Como você pode saber disso? - null estava indignada.
- Sinto dizer, mas você caiu exatamente na mesma mentira que eu. Tecnicamente fomos cornos pelas mesmas pessoas. - pela primeira vez em semanas o tom de null não era acusador e isso não passou despercebido pelos dois amigos.
- Sente uma ova! Vai à merda! Filho de uma puta! - null continuou gritando e tentou acertar um tapa em null, mas null a segurou.
- null… - null tentou chamar, mas foi em vão. null levantou e ajudou a segurar null e foram as três para o banheiro.
- Que merda foi essa? - null riu descrente e encarou os outros três ali.
- Uma bem grande. - null disse e colocou a mão na cabeça. - Não era isso que esperava quando a null me convidou para as férias.
- Por que raios você fica vendo fotos da sua ex-noiva até hoje? - null tinha uma expressão que claramente mostrava sua opinião sobre os problemas mentais do amigo. - Se não fosse isso nós estaríamos almoçando agora tranquilamente.
- Então a culpa é minha? - null voltou ao tom defensivo e saiu rapidamente dali.
- É sério, null? - null riu, totalmente descrente.
- Não briguem, ok? - null pediu com as palmas das mãos viradas para eles. - Eu vou lá tentar falar com ele.
null saiu do restaurante e logo avistou null sentado no meio fio, avistou também o carro, estacionado no mesmo lugar, mas null não estava ali. Deu de ombros, afinal, ela adorava um problema e null era um daqueles.
- Ei. - null chamou sua atenção ao sentar ao seu lado. - Não foi culpa sua. - ela disse a primeira coisa que veio em sua mente.
- Tanto faz. - ele continuava com a cabeça virada para o lado oposto a null.
- Sabe… - pensou nas palavras certas, mas não as encontrou. - Algo me diz que você tem muita coisa guardada, coisas que seria bom se você colocasse pra fora. - foi cautelosa. O silêncio permaneceu e ela continuou. - Essas merdas acontecem na vida de todo mundo, o que a gente tem que fazer é decidir se vai deixar isso definir o resto da nossa vida ou não. - mais silêncio da parte dele. - Se quiser conversar com alguém que não vai julgar e nem contar pra ninguém, pode me procurar. - null se levantou e bateu no short para tirar a areia.
- Espera. - pediu quando ela começou a voltar para o restaurante. - Eu vou voltar com você. - ela sorriu e esperou por ele. - Obrigado.

- Filho da puta! Argh! Que ódio! - null deu um murro na bancada da pia do banheiro. - Me dá meu celular, vou achar essa foto e mandar agora para aquele desgraçado!
- Não vai fazer merda nenhuma! - null pegou o celular da mão dela e entregou para null.
- Vou sim! - null rebateu tentando se soltar do aperto de null. - Me devolve, null. - pediu e seus olhos começaram a encher de água.
- null, você está com raiva, vai acabar fazendo alguma coisa e se arrependendo. - null tentou acalmá-la.
- Mas é claro que eu estou com raiva! - tentou se soltar mais uma vez. - Como você se sentiria descobrindo que é corna há sei lá quanto tempo? - ninguém falou mais nada e à medida que ela foi se acalmando o choro veio.
- Chora, deixa sair. - null a abraçou e null continuou parada, ela nunca sabia como agir em situações assim. - Pelo menos vocês namoraram só por dois meses.
- Eu quero ir pra casa. - null falou limpando o rosto quando se acalmou.
- Nós vamos com você. - null se prontificou.
- Não, null, eu vou com ela, você fica. - null a cortou. - Suas amigas vieram pra cá por sua causa.
- Você está louca se acha que vou deixar você ir embora sem almoçar com o null! - null tentou descontrair e riu fraco.
- Besta. - null rolou os olhos. - Eu posso encontrar ele depois.
- Eu só quero ficar sozinha. É sério. - null respirou fundo. - Fiquem as duas aí, só porque minha vida está uma merda não preciso fazer isso com a de vocês.
- null, para com isso. - null pediu.
- Eu percebi que você gostou do bonitinho, vai lá conhecer ele. - null novamente forçou um sorriso.
- Mais tarde passamos na sua casa então. - null a abraçou e null confirmou com a cabeça.
- Inclusive, vou sair direto. Peçam desculpas para o mal humorado ou não. - ela deu de ombros e elas deixaram o banheiro.

- null, você viu a null no banheiro? - null perguntou ao voltar com null e ver que a irmã ainda não havia aparecido.
- Não, só tinha a gente lá. Ela não voltou até agora? - null estranhou e no mesmo momento ela apareceu no restaurante com o rosto vermelho e ofegante.
- Onde você estava? O que aconteceu? - null questionou com uma careta.
- Ah, um pessoal pediu para eu tirar algumas fotos deles e acabamos indo longe. - ela respirou fundo recuperando o fôlego. - Quando me toquei voltei correndo. - terminou de explicar e se sentou.
- Bom, como ficamos só nós dois aqui a gente pediu dois pratos. - null avisou.
- Ainda bem, estou faminta. - null sorriu e o estômago de null roncou ao mesmo tempo.
- Acho que meu estômago concorda com você, null.

- Oba, a sessão beleza já começou. - null disse assim que entrou no quarto de null, seguida pelas outras três.
- Que sessão de beleza? - ela questionou. - E como vocês entraram aqui?
- Sua mãe deixou a gente subir. - null explicou já se jogando em um dos puffs.
- Nossa sessão de beleza para arrasarmos hoje à noite. - null esclareceu. - Que bom que já está fazendo as unhas. - foi até ela e devolveu o celular. - Eu não pretendia ficar com isso.
- Obrigada. - ela pegou o celular. - Mas o que vamos fazer hoje à noite?
- Vamos para a inauguração da Teenage Dream! - null mostrou as entradas.
- Não acredito! - null pulou da cama e pegou um dos ingressos da mão dela. - Estavam esgotados, como você conseguiu?
- Eu dei meus jeitos. - se fez de misteriosa.
- Sem querer apressar ninguém, mas não temos tanto tempo assim para nos arrumar não… - null disse ao checar as horas e guardar o celular. - Temos no máximo quatro horas.
- Só isso? - null e null pularam de uma vez e começaram a disputar o banheiro.
- Que exagero, posso dormir por duas horas e vocês aí sofrendo. - null zoou as duas.
- Mentira que você gasta só duas horas para se arrumar! - null estava incrédula.
- Às vezes menos. - null disse deitando na cama de null.
Penteados, maquiagem e quatro horas depois as cinco estavam prontas para curtirem a noite no melhor estilo. null tinha escolhido um vestido com uma manga só, de paetês dourados, até o meio da coxa. Saltos bem altos, também dourados e uma maquiagem mais trabalhada, pois a intenção dela era aproveitar a noite como se não houvesse amanhã e ficar com todos os caras que ela conseguisse, isso tudo ainda era raiva do que havia acontecido mais cedo.
null optou por um cropped de renda preto e um short da mesma cor, sandália também preta e de salto tão alto quanto o de null. A maquiagem foi feita por null, com o destaque maior para os lábios com batom vermelho. null escolheu um vestido preto curto e justo, de mangas ¾ e com um decote generoso. Depois de finalizar a maquiagem calçou sapatos pretos de salto alto e pegou uma bolsa também preta.
null, depois de trocar de roupa três vezes, decidiu por uma saia preta de cintura alta e uma blusa vermelha. O salto era mais alto do que o das outras e a maquiagem era básica já que ela não tinha muita habilidade.
- Odeio vocês. - null reclamou vendo as amigas praticamente prontas. - Por que vocês tem que sair sempre tão bonitas assim?
- null, é inauguração da boate, vão ter fotógrafos e um monte de gente importante. - null apontou o óbvio.
- Odeio ir com roupa que me deixa desconfortável. - null continuou reclamando. - E ainda vou ter que usar salto ou vou parecer uma anã.
- Ai, que drama! - null rolou os olhos. - Não sair de calça uma vez na vida não vai te matar.
- E de salto muito menos. - null completou.
A contra gosto null acabou deixando as amigas escolherem o que ia vestir e no final estava usando um short preto de paetês e uma blusa de ombro caído nude. Nos pés um salto da mesma cor e a maquiagem era comum, assim como null ela não tinha muito talento naquilo.
Com a intenção de não voltarem sóbrias para casa, se dividiram em dois táxis e pouco tempo depois estavam na entrada da Teenage Dream. A fila não estava muito longa, mas mesmo com convites elas tiveram que esperar um pouco para entrar. Passaram o tempo analisando as outras pessoas que estavam ali, como null havia dito realmente tinha algumas pessoas mais famosas e alguns fotógrafos. Assim que passaram pela entrada, um dos seguranças colocou as pulseiras de camarote em cada uma e indicou as escadas que levavam para a área dos mesmos.
- Você conseguiu o camarote? - null gritou empolgada.
- Mas é claro! - null respondeu em tom superior. - E eu por acaso faço as coisas pela metade? - elas riram e subiram as escadas, pegando uma das mesinhas com sofá que ainda não tinha sido ocupada.
- Algo me diz que essa noite vai ser bem interessante. - null comentou olhando o pavimento inferior, encostada no parapeito.
- Já achou alguém? Que rápida! - null se encostou ao lado dela e olhou para o mesmo lugar. - Entendi o que quis dizer. - sorriu para null ao ver vários caras que pareciam bem interessantes.
- Mas antes… - null virou as duas para a mesa onde já havia vários shots de tequila.
- Meu Deus, vocês já querem ficar bêbadas? - null riu ao notar que tinha pelo menos três tequilas para cada uma delas.
- Claro que não, quem fica bêbada com três tequilas? - null disse já puxando um para o lado dela.
- Vamos beber juntas! - null gritou se sentando no sofá. - Um, dois, três. - e então as cinco viraram as três doses de tequila, uma atrás da outra.
- Argh! - null reclamou sentindo a bebida arder em sua garganta, seguida de um calor. - Acho que já estou tonta.
- Repete isso que vou aí balançar a sua cabeça. - null desafiou.
- Vai lá embaixo achar um boy, vai. - null fez sinal com as mãos indicando para ela ir.
- Não sei se ela vai, mas eu estou indo. - null anunciou e se levantou. - Muitas bocas me esperam. Me achem na hora de ir embora, só me deixem se eu tiver muito ocupada. - deu um tchauzinho.
- Espera aí, eu também vou descer. - null levantou. - Preciso ir ao banheiro. - e juntas desceram as escadas.
- Quero beber mais, alguém me acompanha? - null alternou o olhar entre as duas.
- Eu! - null respondeu imediatamente. - Acompanho no que você quiser beber.
- Gostei dela, null. - null sorriu e foi pedir as bebidas.
- Aproveitando que estamos a sós… - null trocou de lugar e sentou ao lado de null. - Você não me engana e eu não acreditei que você e o null não tem contato.
- Mas eu nunca disse isso. - null riu e tentou desconversar. - Eu falei que a gente se fala em datas comemorativas.
- Aquele abraço de vocês quando se viram não foi um abraço de quem não se vê desde o ensino médio, null. - o olhar de desconfiança não era algo que null conseguia suportar.
- Mas eu não disse que não tinha visto ele, a gente se encontrou por acaso num festival de música há um ano e meio mais ou menos. - ela contou esperando que fosse o suficiente.
- Eu sabia! - null comemorou. - E por que você não disse?
- Vocês preferiram ouvir a versão da null, eu só deixei. - ela deu de ombros e agradeceu mentalmente pela volta de null.
- Aqui está. - null entregou um mojito para null e ficou com outro na mão. - Ah, eu amo essa música. Vamos dançar. - puxou primeiro null e depois null para dançarem com ela.
A quarta música já estava terminando quando null voltou, com as bochechas rosadas e ofegante.
- O que você foi fazer no banheiro? - null riu maliciosamente.
- Nada do que você está pensando. - sorriu para ela. - Um carinha me chamou pra dançar e me pagou uma bebida, dançamos umas duas músicas e nossa, lá embaixo está muito quente. - se abanou e passou a dançar com a irmã e as amigas no camarote.
- Nossa! Acho que esqueci meu batom na bancada do banheiro. - null constatou ao mexer na bolsa. - Vou lá procurar. - e em menos de duas músicas null já tinha desaparecido novamente.
- Só não esquece a cabeça porque está grudada no pescoço. - null comentou e deu mais um gole na bebida.
Outra música começou e um grupo de garotos que estava na mesa do lado se aproximou das três e começaram a dançar. Eles tinham coreografias e isso fazia as meninas rirem e também constatarem que eram gays, mas quando se está numa boate e sua única meta é dançar eles eram a melhor companhia. Eles as aplaudiram quando a terceira música acabou e voltaram para a mesa deles.
- Achei que ia ficar de vela aqui. - null falou e só assim as três a notaram perto da grade.
- Você e todas nós, com certeza são gays. - null afirmou.
- Eu não vou ficar de vela coisa nenhuma. - null se pronunciou. - Daqui a pouco acho alguém interessante. - passou os olhos pelo camarote.
- Achou o seu batom? - null perguntou ao notar que não tinha batom nenhum na boca de null e que o cabelo dela não estava tão arrumado quanto antes.
- Achei sim. - ela apontou para a bolsa, indicando que tinha guardado e tirou de lá o celular.
- Não acredito que você vai mexer no celular agora. - null fez menção de tomar o celular da mão dela e percebeu que já não estava com os melhores reflexos.
- É só a minha amiga. - null explicou bloqueando a tela do aparelho e voltando a colocá-lo na bolsa. - Ela conseguiu vir e está lá embaixo. Vou encontrar com ela. - anunciou e desceu as escadas mais uma vez.
- Impressão minha ou a null está dando um perdido atrás do outro? - null perguntou para null e null.
- Eu não acreditei em nenhuma das histórias que ela contou. - null falou como boa entendida de dar perdidos.
- Será? - null soou surpresa. - Não prestei muita atenção para falar a verdade. - deu de ombros.
- Ela está de rolo e eu quero saber com quem. - null disse e puxou null pela mão.
- Vão vocês que eu acabei de achar alguém interessante. - null indicou um rapaz com a cabeça e saiu na direção dele.
- Não acredito que a null está pegando alguém escondido. - null riu, a irmã era pior do que ela própria.
- Nem eu, mas faz sentido. - null continuou puxando null pelo meio das pessoas. - Por isso ela não larga o celular.
- Olha, a null não perdeu tempo mesmo. - null apontou para a garota com o vestido brilhante.
- Aquela ali nunca perde. Mas nosso foco é a sua irmã. - e então null parou de uma vez e as duas viram null aos beijos com um rapaz loiro bem no canto da boate.
- Espera aí, é o null? - null falou se aproximando e null a segurou, a intenção não era passar vergonha na mais nova.
- null? O ex-namorado dela? - null estava confusa.
- Vai saber, null é louca. - null deu de ombros e deu meia volta. - Prefiro continuar bebendo com a null do que ficar assistindo isso. - as duas começaram a rir e fizeram o caminho inverso, mas foram pegas de surpresa ao ver quem estava na mesa que elas ocupavam antes.
- null, você convidou eles? - null perguntou para a amiga antes de chegarem lá.
- Claro que não, nem convites eu tinha. - null respondeu com sinceridade, já que null tinha duvidado dela antes. - Mas te agradeço por ter me feito vir assim. - sorriu para a amiga e foi cumprimentar null, null e, por último, null.
- Isso é que é coincidência. - null sorriu. - O cara bonito era o null. - ela cochichou no ouvido de null e ela entendeu tudo.

null levou a mão ao pescoço de null, impedindo que a mesma interrompesse o beijo deles e funcionou por um tempo. A verdade é que todo o clima de estar fazendo algo escondido deixava null com mais vontade de aproveitar o momento com ele.
- Eu… Preciso subir. - ela disse com a respiração descompassada enquanto passava a mão pelo cabelo.
- Você vai ficar nessa de subir e descer a noite toda? - null perguntou levemente frustrado.
- Você tem uma ideia melhor? - ela devolveu a pergunta.
- Você pode simplesmente me levar com você e aí nem precisamos ficar escondido. - ele sorriu achando sua ideia maravilhosa.
- E ouvir a null falando no meu ouvido o resto da noite? Não, obrigada. - sorriu sem mostrar os dentes.
- Então fala que está com um cara, sei lá. - ele deu de ombros, achava aquilo besteira. - Sua irmã não tem que se meter na sua vida.
- Se eu falar isso ela e as meninas vão falar para eu levá-lo lá para cima e vou ter que inventar mais uma desculpa. - ela fechou os olhos e null a puxou novamente para perto e voltou a beijá-la.
- null, eu estou falando sério. - null disse quando conseguiu romper o beijo.
- E eu também. - roubou um beijo e ela acabou rindo.
- Nem sei o que eu vou falar quando perguntarem da tal amiga que eu falei que estava aqui. - ela riu fraco, percebendo que não tinha sido uma mentira muito boa.
- Fala que ela começou a pegar um cara e você ficou de vela. - não era a melhor escapatória, mas a essa altura ela só esperava que null estivesse mais bêbada do que sóbria ao ponto de não se importar.
- Daqui a pouco eu volto. - deram um rápido selinho e ela o deixou ali, no canto.

- Eu já disse que não sou sua namorada! Me solta! - null puxou o braço com força para que o desconhecido a soltasse.
- Para de mentir, Carly. - o cara colocou a mão no ombro dela e num único movimento jogou o resto da bebida em sua mão no rosto dele. Saiu com raiva e esbarrou num rapaz que acabara de entrar ali.
- Ei, você está bem? - ele perguntou quando ela ficou estática o encarando.
- Não, mas você pode resolver isso. - respondeu sem um pingo de constrangimento e ele lhe lançou o melhor sorriso.
- Com prazer. - passou a língua no lábio inferior. Já estavam bem próximos quando null afastou a cabeça.
- Você não está acompanhado, está? - pior do que ser confundida com namorada de alguém seria ser a outra depois de ser a corna no mesmo dia.
- Não até agora. - e dizendo isso o recém chegado a puxou pela cintura e null ficou surpresa com a intensidade do beijo dele. Com certeza era o dono do melhor beijo da noite, por enquanto.

null já tinha perdido a conta de quantas bebidas null e null já tinham tomado, só sabia que os copos delas esvaziavam numa velocidade muito maior do que o dela. Estava sendo muito divertido ali com os três, principalmente porque null sob efeito de álcool não tinha um pingo de mau humor.
- Ué, cadê a sua amiga? - null soltou no maior estilo egípcia assim que null chegou na mesa.
- Ah… - null ganhou tempo na resposta cumprimentando os meninos. - Começou a ficar com um cara e eu fiquei de vela.
- Você está feliz demais pra alguém que estava de vela. - null também fez a sonsa, mas null começou a rir alto.
- Elas estão te zoando. - null contou sem nem se tocar que estava se intrometendo.
- Como assim? - null disse fingindo não entender.
- Fazer a sonsa é de família mesmo. - null não se aguentou e riu também.
- Vocês duas são péssimas. - null falou para null e null. - Nós vimos você com o null, não precisa ficar de desculpinha mais não. - virou-se para null. - Vamos dançar? - o puxou pela mão antes mesmo que ele respondesse.
- Bem sutil. - null foi irônica, mas no fundo ela estava surpresa pelo comportamento da irmã sobre ela estar com null de novo. Sabia que sua irmã era totalmente contra voltar com ex. - Aproveitem a noite. - ela disse animada e fez o mesmo caminho que null havia feito com null.
- Eu quero dançar no meio das pessoas, vamos descer? - null sugeriu e null, null e null concordaram, pois estava começando a ficar estranho.

- É bem legal te ver de bom humor. - null comentou enquanto ela e null dançavam.
- Eu andei pensando sobre o que você disse mais cedo… A oferta para ser minha ouvinte ainda está valendo? - null perguntou com uma expressão tão fofa que ela não conseguiria dizer não nem se quisesse, por isso ela apenas assentiu. - Acho que quando uma desconhecida fala o que seus amigos estão falando há semanas você é obrigado a encarar a verdade.
- Eu te disse, às vezes um desconhecido pode te ajudar melhor que os amigos, porque ele não te conhece e não vai te julgar. - era uma das coisas que null mais gostava na psicologia, ajudar sendo imparcial.
- Você já deve saber a história, depois daquele lance lá no restaurante. - null disse numa tentativa de não precisar repetir detalhes do passado.
- Na verdade, não. - ela sorriu e foi uma forma de ganhar a confiança dele, pois se soubesse que falavam dele pelas costas o rumo da conversa poderia ser outro. - Eu entendi só o que aconteceu com a null. No caso que o namorado dela estava com outra, que no caso é a sua ex. - ele assentiu.
- Realmente, faltam algumas informações. - ele pegou null pela mão e a guiou até o balcão e pediu duas bebidas com gin e suco para eles. - Nós namorávamos há três anos quando a pedi em casamento. - ele começou a contar e ela olhava nos olhos dele, se mostrando interessada. - Duas semanas depois do pedido ela me devolveu o anel. - null arregalou os olhos, talvez já fosse culpa do álcool. Mesmo assim deu um gole generoso da nova bebida que estava em sua frente. - Disse que percebeu que estava apaixonada por outra pessoa e que não seria justo comigo.
- Que merda. - null expressou e voltou a beber e escutar.
- Põe merda nisso. - ele também bebeu um pouco antes de continuar. - Já era ruim o bastante eu ter que assumir para minha família e meus amigos que não ia ter mais casamento, assumir para mim mesmo que eu tinha ganhado um pé na bunda. Mas é aquele ditado, nada está tão ruim que não possa piorar. - ele respirou fundo e manteve em mente que seria a última vez que aquela história seria contada, ele tinha que deixar aquilo para trás.
- Infelizmente sempre pode ficar pior. - a expressão de null era solidária, mas ela não sentia tanta pena dele assim, afinal essas coisas aconteciam.
- Não consegui excluí-la da minha vida instantaneamente. Aliás, até hoje, mas enfim… Quando entrei no facebook alguns dias depois vi que ela estava num relacionamento sério com outro.
- Que rápida. - null não conseguiu segurar o comentário. - Tudo bem que ela estava apaixonada por outro, mas podia ter esperado um tempo.
- Concordo, mas além disso o relacionamento sério já tinha oito meses. Oito meses! - ele elevou o tom de voz. - Nunca imaginei na minha vida que seria traído e fui traído por oito meses! - null não soube o que dizer e ambos ficaram em silêncio, apenas bebendo. - Nunca quis que as pessoas sentissem pena de mim, mas percebi que era mais fácil ser um coitado do que admitir o fracasso do relacionamento. Ninguém se aproxima e você não sofre. - ele concluiu. - Nossa, isso soa bem patético em voz alta. - admitiu e riu fraco. Por pior que fosse, de certa forma ele se sentia menos rancoroso.
- Não é patético. - ela se aproximou um pouco. - Cada pessoa reage de uma forma, mas isso não faz de alguém melhor ou pior. Olha a null, por exemplo, ficou sabendo hoje que estava sendo traída e já deve ter beijado pelo menos uns cinco aqui. - deu de ombros. - É a forma como ela lida, se sente superior.
- É, eu só queria que tudo desaparecesse, mas é como se eu revivesse isso dia após dia. - desviou o olhar, se sentia fraco por admitir isso.
- Me responde uma coisa. - null falou e ele voltou a olhá-la. - Se ela aparecesse aqui nesse minuto e quisesse voltar com você, você voltaria com ela?
- Claro que não! - null respondeu sem um pingo de dúvida.
- Então. - ela disse como se a conclusão fosse óbvia. - Tira isso da sua vida, você não precisa disso. Aposto que você é uma pessoa ótima, mas está afastando pessoas que realmente gostam de você, por alguém que claramente não vale uma pipoca molhada. - ele riu da expressão que ela usou e foi uma risada tão sincera que ela acabou acompanhando.
- Que o null não me ouça dizendo isso, mas realmente, a Califórnia é incomparável. - null jogou o cabelo para trás.
- Mas é claro que é. - indicou a si mesma e terminou a bebida.
- Eu já estive em vários lugares, mas nada chega perto disso aqui. - ele também finalizou a bebida dele e praticamente colou o corpo dele no dela. A vozinha no fundo da mente de null dizia que aquilo ali não deveria acontecer, ele ainda estava frustrado com a ex, porém quem dá ouvidos a essa voz?
No instante seguinte eram os rostos que estavam praticamente colados, null segurou a respiração enquanto os olhos de null alternavam entre os olhos da garota e os lábios. Ela fechou os olhos e ele entendeu como um sinal positivo para continuar, como era bom voltar a beijar alguém depois de tanto tempo. null nem mesmo tinha percebido como aquilo fazia falta. Para a felicidade dele, a ex não ocupou seus pensamentos nem mesmo uma vez e para a felicidade dela, ela poderia colocar a culpa nas bebidas.

null tinha percebido um interesse por parte de null, mas ao mesmo tempo quando ele tentava se aproximar ela se esquivava e isso o fez questionar até que ponto era verdade e até que ponto era coisa da sua cabeça. Quando chegaram à pista de dança, a sua intenção era dançar com ela, mas quando se aproximou viu que ela já estava dançando com outro rapaz. Entre ficar sobrando com null e null ele preferiu dançar com outra garota, que passava por ali. Ela sorriu extremamente satisfeita pela atitude de null, mas ele nem mesmo prestou atenção, pois null mesmo dançando com outro encarava null constantemente.
null adorava joguinhos, não quebrou o contato visual com null nem por um momento, principalmente quando passava suas mãos em seu próprio corpo ou nas costas e ombro do desconhecido. Pelo sorriso no rosto de null ela pode perceber que ele tinha entendido o que estava acontecendo ali e quando uma nova música se iniciou ele dispensou a garota e se livrou também do cara, dando de cara com um sorriso provocante por parte de null.
Nenhuma palavra era dita, e também não precisava ser, os olhares e sorrisos diziam tudo. null virou de costas para ele e continuou dançando do jeito sexy que ela amava, null mordeu o lábio inferior e negou com a cabeça, ela era boa naquilo, mas ele não cederia, ela teria que beijá-lo primeiro ou pedir por isso. No entanto seu autocontrole parou de funcionar quando ela passou as mãos dele pelo corpo dela, ele a virou de uma só vez e quando estava prestes a beijá-la ela virou o rosto e se afastou, sorrindo satisfeita.
- Aposto que não aguentam mais meia hora sem se beijarem. - null indicou null e null com a cabeça e null riu.
- Só se o null for muito bom nisso, porque quando a null coloca uma coisa na cabeça… - null nunca via a graça nisso, mas sabia que a amiga adorava um doce. - Mas não vou apostar em alguém, apostaram em mim hoje e não foi legal.
- Apostaram em você, hum? - ele sorriu de canto e só então ela lembrou que a aposta tinha a ver com ele. - Sobre o que era a aposta?
- Besteira. - ela tentou desconversar e sorriu aliviada quando null apareceu do lado deles.
- Licença, null. Preciso do null emprestado por alguns minutinhos. - e com um sorriso empurrou null para longe. null rolou os olhos e continuou dançando em meio as pessoas.
- Eu preciso de um favorzinho. - null tinha uma expressão super meiga.
- Diga. - null segurou um riso, ela já estava alterada.
- Me passa o número do null. - ela desbloqueou o celular e esperou, mas ele não fez nada.
- Por que não pede a ele? Vocês estão tão íntimos. - null adorava zoar as pessoas e não ia perder a oportunidade.
- Não é da sua conta. Me passa logo o número e eu te dou uma informação valiosa. - como curioso que era, bastaram aquelas duas palavras para ele passar o contato de null a ela. - Você devia ficar com a null, ele é apaixonada por você desde sempre. - null arregalou os olhos um tanto surpreso em ouvir aquilo, ele reconhecia que o tipo de relacionamento que eles tinham não se comparava a nenhum outro que ele tinha, mas nunca tinha imaginado isso. - De nada. - ela sorriu e saiu dali, dançando com o primeiro cara sozinho que encontrou.
- Você voltou. - null disse assim que null apareceu a puxando pela cintura de forma que eles dançassem mais perto um do outro. Aquela proximidade não facilitava as coisas para ela, mas uma das condições de quando eles ficaram da última vez era que ninguém soubesse e não seria ela quem quebraria isso.
- Voltei. - ele a girou e voltou a segurá-la pela cintura. - Quer dizer que você é apaixonada por mim desde sempre? - a pergunta a pegou totalmente desprevenida e ela quase desequilibrou.
- Eu? - soltou um riso nervoso. - De onde tirou isso, null? - balançou a cabeça em negação, como se fosse alto absurdo.
- Um passarinho me contou. - ele sorriu de lado, adorando vê-la desconcertada.
- Um passarinho que merece uma pedrada. - null olhou feio na direção de null, mas essa estava mais concentrada em provocar null a distância.
- Se é verdade, por que não aceitou meu pedido de namoro quando estávamos ficando? - ele ainda tinha um sorriso no rosto, mas o tom mostrava que ele falava sério.
- Ai, null… - null colocou uma mão em cada lado do rosto dele e o beijou. null retribuiu, fazia seis meses que eles não ficavam mais e ele não podia negar que sentia falta daquilo.
- Uou. - null soltou e null desviou o olhar, um pouco sem graça. - Preferiu me beijar na frente das suas amigas ao invés de me responder, quer dizer que a resposta é séria. - ela não soube o que dizer naquele momento. - Você sabe que não vou desistir até saber, não é? - ela suspirou.
- Eu sei, só não hoje, não aqui. Tudo bem? - pelo menos assim ela ganhava um tempo para organizar melhor os pensamentos.
- Desde que você continue me beijando, está tudo ótimo. - ela sorriu verdadeiramente.
- Espertinho. - ela passou as unhas na nuca dele para provocá-lo e com isso fazê-lo esquecer do assunto.
- Essa é só uma das minhas qualidades. - se gabou e ela rolou os olhos.
- Cala a boca e me beija logo. - ela sabia bem de todas as qualidades e dos defeitos, e o fato de nenhum deles a abalar ou fazê-la se afastar era o que ela considerava um tipo de amor. E bem, beijar com certeza era uma qualidade dele, e naquela altura da noite ela já não estava se importando com o fato de as amigas verem ou não.

A boate estava consideravelmente mais vazia e os pés de null imploravam por chinelos, porém ela parecia ser a única naquele estado. Ela havia ido ao banheiro e avistou null perto do balcão, com a feição séria olhando a tela do celular.
- Aconteceu alguma coisa? - a expressão dele se suavizou e ele guardou o celular.
- Meu irmão veio pra cá e me mandou mensagem quando estava entrando, já tem mais de uma hora e eu não o vi, ele também não ficou online mais. - contou a ela, mas conhecendo null ele sabia que não precisava se preocupar.
- Vamos dar uma volta, a gente o procura e descobre se as meninas já querem ir embora. Meus pés estão me matando. - imediatamente ele olhou para os pés dela.
- Imagino. Quase nunca te vi de salto. - essa era mais uma vantagem em sair com ele, a diferença de altura dos dois não era grande. - Achei. - ele apontou para um casal perto da escada. - Está com a garota de vestido brilhante.
- Não acredito que a null está pegando seu irmão! - null levou a mão à boca em sinal de surpresa.
- null não mudou nadinha e todo mundo achava que eu era o errado da família. - null riu alto e null a encarou tentando entender o que era engraçado.
- O certo é que não era, né? - ele fez questão de mostrar que não tinha achado graça, mas ela continuou rindo.
- Como é a gente faz quando quer calar a boca de alguém mesmo? - foi a vez de ela ficar séria, mas não durou muito, pois segundos depois os lábios dele estavam nos dela.

- Que ressaca dos infernos! - null reclamou quando null abriu a cortina do quarto.
- Sua boca ficou desocupada em algum momento para você beber? - null a provocou e ela mostrou o dedo do meio.
- Só com o irmão do null você ficou mais de uma hora. - null colocou pilha.
- Você não pode falar muito não, null. - null falou abaixando a bola dela. - Eu vi muito bem você beijando o null.
- O quê? - null se sentou de uma vez no colchão.
- Não acredito que você não me contou. - null jogou o travesseiro na direção de null, mas não a acertou.
- Não acho que você queria que eu atrapalhasse a sua pegação para isso. - null desconversou. - E não teria acontecido se alguém aqui não falasse mais do que deveria. - lançou um olhar fulminante na direção de null.
- Você deveria me agradecer, mas não ligo. Eu precisava do telefone do null, eu… - de repente ela pareceu desesperada e revirou os lençóis até encontrar o celular. - Merda! Merda! Merda!
- O que você fez dessa vez? - null perguntou sentando ao lado dela para ver o aparelho.
- Não sei o que é, mas é bem feito. - null deu de ombros.
- Mandei mensagem para o null falando que quero beijar ele. - null deixou o corpo cair no colchão.
- Ué, vocês não se beijaram ontem? - null tinha certeza de que eles tinham ficado e null negou com a cabeça.
- Com aquela tensão sexual toda? Duvido! - null, que até então tinha decidido ficar de fora da conversa, acabou se metendo.
- E você viu alguma coisa que não fosse o null ontem, null? - a irmã aproveitou a deixa.
- Claro que sim, vi até você e o null se pegando. - null fechou os olhos e fez uma careta.
- Não acredito que você ficou com o emburradinho. - null realmente parecia surpresa.
- Nem eu. - null confessou, mas explicou em seguida o que realmente queria dizer. - A gente conversou, ele estava super de boa, mas eu não deveria ter ficado, não ficaria se estivesse sóbria. Tenho certeza que ele só quis me beijar por raiva da ex.
- Mas foi bom? - null perguntou o que para ela era o que importava naquele momento.
- Foi. Nem sabia que ele tinha um tanquinho daqueles… - null tinha um sorriso não muito puro no rosto.
- Então dane-se os motivos. - null deu de ombros e se levantou.
- Está quase na hora dos jogos, nós temos que ir. - null pegou sua bolsa de praia e passou a mão nos cabelos mais uma vez.
- Vamos sim. - null se levantou na mesma empolgação.
- Ainda bem que não vou jogar nada. - null respirou aliviada e null concordou com a cabeça, mesmo que não estivesse com ressaca.
- Só queria saber uma coisa antes. - null falou e todas olharam para ela. - null, porque estava pegando seu ex em segredo?
- Eita, essa história eu perdi. - null olhou de uma para a outra.
- Ah, você e a null vivem falando que voltar com ex é burrice, não queria ficar ouvindo sermão nas férias. - ela deu de ombros.
- Até hoje eu nem entendi porque vocês terminaram. - null confessou.
- Ele deu ataque de ciúmes por causa daquele trabalho que eu fiz na casa do Derek, não quis ouvir o que eu tinha a dizer e aí nós terminamos. Depois ele viu que o nome da Alissah também estava no trabalho e conversou com ela e resolveu acreditar em mim. - rolou os olhos. - Totalmente desnecessário.
- Homens sendo homens. - null constatou o óbvio.
- Mas e você, null? - null chamou a atenção da amiga. - Teve algum motivo para não ficar com o null ou foi só doce mesmo?
- Não resisto a uma provocação, você sabe. - null assentiu. - E ele é muito bom nisso. - ela suspirou. - Pena que hoje vou ter que fugir dele.
- Mas por quê? - null questionou não vendo a lógica da situação.
- Porque mandei a mensagem e agora estou sóbria. - null respondeu e a outra continuou sem ver sentido naquilo. Mas não queria perder o jogo, então tratou de tirar todas de casa de uma vez.

- Ah, a Califórnia é mesmo maravilhosa! - null sorriu satisfeito e null riu, aquela teoria era idiota, mas até que fazia sentido.
- É, mas por que está falando isso? - null não conhecia null ainda.
- Shorts curtos, biquínis, peles bronzeadas… - a expressão de null era de alguém realmente maravilhado.
- Ele tem essa teoria louca que a água daqui tem alguma coisa de diferente. - null dividiu a história que era o real motivo de estarem ali.
- Olhem aquelas garotas ali. - null indicou três mulheres que estavam tomando sol. - Agora reparem nos caras que passam por elas.
- O que têm eles? - null perguntou achando chato olhar para caras.
- Não tem um que não vira a cabeça e quase quebram o pescoço para olhá-las por mais tempo. - depois da explicação os três perceberam que ele tinha razão.
- Do que falam? - null perguntou apenas para que as notassem atrás deles.
- De como os caras quase quebram os pescoços para encarar vocês. - null disse na maior naturalidade.
- Claro, somos lindas, novas, corajosas… Nós dominamos. - null deu uma piscadela para ele.
- Viu. - null a indicou com as duas mãos. - É tipicamente alguém daqui.
- Muito interessante essa conversa de vocês, mas temos que ir para o jogo. - null passou no meio de todos e foi andando na frente.
- Acho que alguém não gosta de perder. - null comentou e null confirmou com a cabeça.
- Ué, cadê a null? - null perguntou notando que era ela a garota faltante.
- Provavelmente se escondendo de você por causa de alguma mensagem... - null respondeu, devolvendo o que ela havia feito na noite anterior. null riu e não disse mais nada.

O primeiro jogo seria o de futebol que null e null iam jogar, depois na mesma arena improvisada seria o jogo de vôlei que null jogaria e então o jogo de futebol dos meninos que aconteceria em outra arena. O jogo começou e as duas estavam no mesmo time, o restante estava na arquibancada e até null tinha aparecido para torcer por null.
- Como vocês são melhores amigas desde o colégio e eu não lembro de ter te visto antes? - null perguntou a null.
- Porque eu ia para a sua casa e ela não. - null respondeu.
- Mas a gente estudava no mesmo lugar, não faz sentido. - null ainda estava inconformado. - E vocês as conhecem como?
- Elas fazem faculdade com a null. - null respondeu e logo em seguida levantou para comemorar um gol do time das meninas.
- Não fizemos o mesmo curso, mas conheci null em uma matéria em comum e a antiga colega de apartamento tinha se mudado, então ela e a irmã dela se mudaram para o meu apartamento, já que ela e a null não quiseram ir para Los Angeles comigo. - null sempre fazia questão de deixar claro como se sentiu traída quando as amigas preferiram ir para São Francisco.
- Mas estamos todas aqui agora, inclusive… - null cutucou null que estava do outro lado de null. - A null está bem ali e acho que seria um ótimo momento para vocês se beijarem. - null e null fizeram um hi-five.
- Também acho. - null disse decidido e desceu as arquibancadas.
- Gostei desse garoto. - null apontou para null. - Tem atitude.
- Não por isso. - null gargalhou e puxou null para um beijo totalmente inesperado.
- Só podia ser irmão do null mesmo. - ela disse como se fosse algo ruim, mas pelo sorriso ela havia adorado.
- Ei, eu não tenho nada a ver com isso não. - ele se defendeu. - Mas em caso de estarem se perguntando, os dois estão se beijando. - todos os olhares se voltaram a null e null.
- Esse povo de Los Angeles é rápido mesmo. - null zoou sendo a única ali que não morava lá.
O time de null e null ganhou por cinco a três e null quase perdeu o jogo, pois não parava de beijar null, pareciam querer tirar todo o atraso da noite anterior e só se separaram quando as meninas passaram uma a uma dizendo para eles arrumarem um quarto.
null até jogou bem, mas a dupla dela não era muito boa e elas acabaram perdendo o jogo por dois sets a um. Com a recuperação no segundo set até tiveram esperança, porém a outra dupla era realmente muito boa. Todos se encontraram na descida da arquibancada para ir até a outra arena onde os jogos masculinos estavam acontecendo. null e null pararam para comprar picolés e o restante continuou andando. Um a um desejou boa sorte a null, null e null.
- O que foi? - null perguntou a null quando ele segurou o braço dela.
- Eu ainda quero a resposta da pergunta de ontem, null. - ele desceu a mão pelo braço dela e segurou a sua mão.
null reconheceu a voz de null e, ao ver que ele conversava com null, puxou null para se esconder atrás da arquibancada e fez sinal de silêncio. Quando null olhou pelos espaços da arquibancada ela entendeu o que era e tentou escutar.
- Se você realmente gosta de mim, por que não aceitou namorar comigo? - o tom dele era calmo, completamente diferente da reação das duas quando ouviram aquilo. null e null se olharam, ambas com os olhos arregalados e as bocas abertas em sinal de surpresa ao constatarem que a amiga tinha escondido isso de todo mundo.
- null, depois do jogo a gente conversa. - null se esquivou novamente e as amigas ficaram ainda mais surpresas.
- Você está me enrolando, já disse isso ontem. - ele a acusou.
- Não estou, eu juro! Depois do jogo a gente conversa. - ele, por fim, assentiu. - Faz um gol pra mim! - ela pediu e o beijou rapidamente.
- Vou fazer. - ele saiu sorrindo pelo mesmo caminho que os amigos tinham feito.
- Qual é o seu problema? - null perguntou fazendo o sorriso no rosto de null ser substituído por uma mão no coração.
- Que susto, infeliz! - null deu um tapa no braço de null. - O que vocês estão fazendo aqui?
- Surpresa, ué. - null tentou escapar, não esperava que null fizesse aquilo.
- Não acredito que vocês estavam me espionando. - null estava séria e brava, mas no fundo era nervosismo por não saber o que exatamente elas haviam escutado.
- Estávamos sim, e não aconteceria se você não escondesse as coisas das suas amigas. - null a conhecia bem demais para cair na chantagem emocional.
- Já pensou que talvez seja justamente esse o motivo pelo qual eu escondo? - null novamente tirou a culpa dela.
- Parem com isso! - null reclamou e ganhou atenção das duas. - Ficar jogando a culpa de um lado para o outro não resolve nada. Nós erramos em espionar a null, isso não era da nossa conta. - null assumiu a culpa delas. - Mas você tem que concordar que nós temos motivos para ficar chateadas com você também, null.
- Não era para ter sido nada assim. - null se sentou na arquibancada. - Não era para ele estar aqui, não era para nós nos vermos de novo.
- Que tal começar do começo? - null sugeriu ao se lembrar do que ela havia lhe contado na boate. - Vocês se encontraram num festival de música. - ela começou e impediu null de reclamar sobre não saber nem disso.
- Exatamente, nós conversamos pouco nesse dia, mas o suficiente para eu saber que ele também estava morando em L.A. Nós combinamos de nos encontrar um dia e depois outro, e então nós ficamos. - null fez menção de reclamar novamente, mas foi ignorada. - Não contei para ninguém porque eu não achava que ia passar disso. Você conhece a reputação dele tão bem quanto eu, null.
- Tá, você conseguiu escapar dessa. - ela entendeu que era uma forma de null evitar de se apegar.
- Só que nisso passou um mês, depois outro e sempre que nos encontrávamos a gente ficava. Imaginei que vocês já achariam ruim por eu ter escondido por esse tempo e achei que logo acabaria e ninguém precisaria ficar sabendo. - ouviram o apito do árbitro e subiram rápido para o local em que os outros estavam.
- Mas e o pedido de namoro? - null sussurrou, não queria chamar a atenção de ninguém para aquela conversa. - Por que raios você recusou isso quando obviamente você ama o cara? - null respirou fundo antes de responder, sabia que null não concordaria com ela.
- Ser amigo colorido te permite manter uma amizade, se eu aceitasse e não desse certo eu perderia meu amigo e não queria correr esse risco. - null foi direta e voltou a prestar atenção no jogo.
- Eu não acredito! - null estava realmente indignada. - Você bem que podia confiar em mim e na null quando a gente diz que ficar com amigo só melhora a amizade.
- Eu confio, tanto que ficamos por quase um ano.
- O quê? - null gritou e a interrompeu.
- Cala essa boca! - null sussurrou.
- Ficar não é namorar, null. E eu surtei, ok? Não estava esperando nada disso e não sabia como ia ser depois que me formasse. - null estava prestando atenção na conversa, mas não tinha muito como opinar já que não conhecia null. Não julgava a amiga porque ao se colocar no lugar dela conseguiu visualizar a si mesma fazendo exatamente aquilo.
- E você vai falar a verdade pra ele? Vai contar por que não quis? - null subiu e desceu os ombros em sinal de que não tinha escolha.
- Ele não vai me deixar em paz agora que, graças a null, ele sabe que eu sempre gostei dele. - ela rolou os olhos. - E sim, ela fez isso na boate ontem. - null respondeu a pergunta muda de null.
- Eu amei vocês juntos. - null se intrometeu. - Tomara que vocês conversem e se resolvam, porque visivelmente tem algo rolando ainda.
- null, olha seu gol! - null gritou, assustando as outras duas. null seguiu null com os olhos pela areia e ele realmente fez o gol e mandou uma piscadela para a dona do gol.
- Meu otp está vivíssimo! - null comemorou.
O jogo terminou nove a sete para os meninos, com direito a dois gols de null, dois gols de null e um de null.
Embora os dez tivessem saído juntos ao final do jogo, aos poucos os casais foram se dispersando. Ao passarem pelo aluguel de pranchas de surfe, null e null engataram uma conversa sobre o esporte e tanto null quanto null ficaram empolgadas para tentar aprender a surfar. Os quatro então alugaram pranchas e foram para a água.
Os seis estavam sentados na areia, curtindo o movimento da praia e as ondas nos pés, quando por algum motivo a conversa terminou em uma competição de castelos de areia de homens contra mulheres. null aproveitou a brecha para sair e conversar com null, não sem antes respirar profundamente várias vezes e afirmar para si mesma que ficaria tudo bem.
- Ei, aonde você vai? - null gritou quando notou null e null se afastando. - Nós temos um castelo para fazer!
- Eu confio em vocês! - null gritou de volta.
- Droga! - null reclamou, ela sabia que a amiga tinha talento para castelos de areia.
- Relaxa, null. Eles precisam conversar. - null falou baixo. - Nós ainda vamos ter o melhor castelo. - olhou com superioridade para null e null.
- Rolou alguma coisa que eu não sei? - null tentou puxar alguma lembrança na memória.
- Só um mal entendido, coisa deles. Agora vamos logo com isso porque eu não aceito perder. - null começou a fazer um morro de areia.
- Não se preocupa, null. Se você perder eu te dou um beijinho de recompensa. - null disse do outro lado. Na noite anterior ela não tinha feito questão de esconder o quanto tinha gostado do beijo dele.
- Vai se ferrar. - ela xingou, mas ria.

null e null caminhavam lado a lado sentindo as ondas molharem os pés em silêncio. Não era desagradável, mas ela sabia que precisavam conversar, só não sabia como começar.
- null...
- null… - os dois disseram ao mesmo tempo.
- Pode falar. - ela sorriu e sem perceberem eles não estavam mais andando.
- Eu… - null também parecia não encontrar as palavras certas para o que ele queria dizer. - Eu percebi que insisti numa coisa que é pessoal e você não precisa falar nada só porque eu meio que te pressionei. - ele sorriu aliviado ao ver o mesmo sorriso no rosto dela. No fundo ele queria saber, no entanto era mais importante aproveitar o momento do que a afastar em nome da curiosidade dele.
- Eu sei que não preciso, mas eu quero. - ela se sentou na areia e ele sentou ao lado dela. - Só não sei bem como começar. - null confessou e riu fraco. - O que é bem estranho, quando foi que começamos a medir palavras um com o outro?
- Boa pergunta. Nós já fomos melhores nisso. - ela concordou com a cabeça. - Que tal começar me contando se é verdade o que a null me falou ontem a noite?
- Sobre eu ser apaixonada por você? - foi a vez de ele assentir. - Não sei se eu usaria essa palavra. Paixão é algo que dura pouco e tem muito a ver com o físico, o que claramente não foi o que me fez gostar de você. - null a empurrou com o ombro fazendo com que o corpo dela fosse de encontro com a areia.
- Vai falar que meu corpo não te atrai? - ele perguntou com a sobrancelha arqueada.
- Está carente de elogio, null? - null riu e deu um beijo na bochecha dele quando ele fechou a cara. - Hoje seu físico é bem atraente sim, mas o que eu quis dizer é que eu sempre gostei de você por quem você é e sempre foi comigo. E não é como e você não soubesse disso. - ela podia esconder dos outros, porém nunca escondia dele.
- Eu sei, só que eu achava que era como amigo. Sempre foi mais que isso? - de repente ele se sentiu burro por nunca ter percebido.
- Não, quase sempre era como amigo, mas nossa amizade sempre foi diferente. - ele balançou a cabeça em concordância. - E um dia eu percebi que talvez existisse um outro sentimento e então você se mudou e era mais fácil manter uma amizade a distância entre dois adolescentes.
- Por que você nunca disse nada? - null não se lembrava de ter percebido qualquer sinal da parte dela.
- Ah, null. - ela rolou os olhos achando totalmente desnecessário ter que falar aquilo. - Você era a sensação do colégio, cada dia estava com uma… - ele poderia concluir o restante.
- E então nós continuamos amigos por cinco ou seis anos como se você nunca tivesse gostado de mim. - foi a constatação dele.
- E eu achei que só tinha estado confusa sobre meus sentimentos e que na realidade eu sempre gostei de você como amigo… Até te reencontrar no festival. - null abraçou os joelhos na tentativa de se sentir protegida. Mesmo sendo o melhor amigo dela ali, era difícil se abrir. - Naquele dia foi como se nunca tivéssemos nos afastado e depois quando saímos percebi que eu ainda tinha um sentimento por você.
- Uau. - ele tinha um sorriso no rosto e mesmo um pouco envergonhada ela estava feliz por estarem conversando como adultos. - Desculpa, mas eu vou ter que repetir a pergunta. Nós ficamos por praticamente um ano, se você gostava de mim por que me deu um pé na bunda quando te pedi em namoro? - null sorriu ao ver que ele ainda levava tudo de bom humor.
- Eu fiquei assustada, null, e fiz o que faço melhor, me afastar. - confessar aquilo envolvia uma série de outros sentimentos dentro dela.
- Mas você namorou antes. - eles tinham conversado sobre os outros relacionamentos, por que um com ele seria o problema?
- Não pelo namoro em si, você me pediu para mudar para o seu apartamento e isso levou tudo para um outro nível, que eu não estava nem um pouco preparada. - null estranhou a facilidade com que tinha conseguido falar sobre aquilo e então foi pega de surpresa pela risada dele.
- Não acredito que foi por causa disso, null. - ela desviou o olhar ao sentir as bochechas mais quentes e ele passou um braço pelo ombro dela, puxando-a para mais perto. - Eram pedidos independentes, você podia ter aceitado um e recusado o outro.
- É, só que não enxerguei isso na hora. - ela se defendeu. - Você é o cara que tem uma namorada por semana e a imagem de ser trocada duas semanas depois não me agradou.
- Quanta merda você tem nessa cabecinha, hein? - ela sabia que ele não estava errado. - Você sabe que isso foi uma fase há muito tempo. Caramba, null. A gente ficou por um ano! Não é possível que você ainda ache que eu sou aquele cara. - null não saberia definir o que sentia naquele momento.
- Eu não acho. - null voltou a olhá-lo. - Acho que sou errada da cabeça mesmo. - riu fraco.
- Quer dizer que nós podíamos estar namorando há seis meses? - null a achava a pessoa mais absurda naquele momento.
- Sim. - null riu de nervoso, mas por dentro estava verdadeiramente feliz, assim como ele, pois ambos sentiam que compartilhavam o mesmo sentimento.
- Então, dessa vez, aceita namorar comigo? - null mal havia terminado a pergunta quando null se jogou em cima dele, o derrubando na areia e então se beijaram incontáveis vezes.

Conseguir cortesias para as dez pessoas para aquela festa na praia tinha caído como uma luva e embora ninguém soubesse como null tinha tantos contatos, todos estavam extremamente gratos.
A iluminação da praia estava diferenciada, com lanternas suspensas, típicas de festas ao ar livre. Tinha uma tenda só para o DJ que estava fazendo um ótimo trabalho e uma tenda que era o bar da festa. As meninas dançavam numa rodinha quando os meninos chegaram com copos para eles e elas de alguma coisa colorida.
- Antes que todos fiquem alterados demais para se lembrar, eu quero dizer algumas coisas. - null falou e as meninas logo olharam para null, que rolou os olhos. - Primeiro quero agradecer a null pelos ingressos da festa.
- Por nada. - ela sorriu e ele continuou.
- Preciso agradecer ao null, por ter dado essa ideia maravilhosa de vir para Long Beach.
- Quando você vai aprender que todas as minhas ideias são maravilhosas? - null disse em tom de obviedade e null deu um tapa no braço dele.
- Se ache menos, garoto. - null o provocou.
- Como eu estava dizendo… - null voltou a atrair os olhares. - Essa viagem, ideia do null, era para tentar ajudar o null. E parece que está funcionando! - todos gritaram para implicar com ele. - Isso em dois dias aqui, então acho que até o final da semana nossas férias serão maravilhosas. Às nossas férias! - e então todos levantaram os copos e beberam em seguida.
- Era só isso? - null perguntou com um tom de frustração na voz. - Não que eu não esteja feliz por você! - esclareceu logo para null, o que fez os outros rirem. - Achei que vocês iam nos contar que estão namorando. - ela apontou de null para null.
- Ah, isso também. - null disse como se não fosse importante, mas o sorriso no rosto dele deixava claro que era.
- O quê? - null e null gritaram juntas.
- Sua vaca! - null pulou em cima da amiga, quase jogando as duas no chão. - Nem pra me contar!
- A história é longa, depois conto pra vocês. - ela falou para as amigas. - Agora nós temos uma festa pra curtir! - e foi isso que fizeram, não só na festa, mas em todos os outros dias daquelas férias.





Fim!



Nota da autora: Primeira short de 2018 concluída com sucesso! Hahaha
Espero que tenham gostado! Eu me diverti muito escrevendo, mesmo ficando insegura em alguns momentos por lidar com tantos personagens ao mesmo tempo posso dizer que estou satisfeita!
Obrigada a todas as minhas amigas lindas que foram inspirações para as personagens e que me deram opiniões e me incentivaram durante a escrita! <3
Para quem ainda não faz parte e quiser conhecer outras fics minhas, é só fazer parte do grupo (cliquem no ícone):
Beijos e até a próxima!




Nota da beta: Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.


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