03. Killer Queen

Última atualização: 09/07/2018

Parte I

- Amber. Na minha sala. Agora. – Eu disse através do telefone que ligava minha sala a dela. Amber era minha secretária há muitos anos, não demorou muito para que virássemos melhores amigas, além de tudo ela era uma profissional muito competente.
- Estou aqui, . Precisando de algo? – Ela dizia calmamente e sorrindo.
- Férias. – Debochei com um sorriso de lado. – Na verdade, queria comunicar que durante algum tempo teremos um estagiário conosco.
- Estagiário? Homem? – Ela piscou incrédula. – Desde quando você contrata homens para trabalhar aqui em cima, Hill?
- Desde agora. Eu recebi um e-mail desse tal de Simpson. Ele é jovem. Daria um belo capacho.
- Você é louca? – Ela fez uma pausa e suspirou. – Posso agendar uma entrevista com ele?
- Por favor. – Respondi agradecida. – Vou sair pra fumar um cigarro. Quando eu voltar, iremos almoçar.
- Japonês?
- Por favor! – Completei puxando levemente a porta de vidro da minha sala.
***

Durante o almoço, Amber me comunicou que havia agendado um horário para hoje mesmo no período da tarde. O rapaz havia confirmado sua presença. Evitamos continuar falando de trabalho durante o almoço, porém, quando estávamos saindo do restaurante japonês que ficava a poucos metros do prédio onde trabalhávamos, eu acabei tropeçando um rapaz que estava jogado ao chão. Acabei caindo também e comecei a rir, nervosamente, da situação constrangedora em que havia me metido. Claro que era um homem. Inúteis.
- Mil perdões, senhorita Hill. Escorreguei e perdi meus papéis, estava apenas recolhendo e...
- Shhhh. Me poupe de explicações. – Disse enquanto me levantava e tentava me recompor. Amber prendia o riso enquanto via a minha aparência mudar de irritada para divertida, então não se conteve. Caiu na gargalhada ali mesmo e eu a puxei pelo braço para me livrar de toda aquela atenção das pessoas que passavam em volta.
Adentramos ao prédio e nossa entrada foi liberada através do reconhecimento de nossas digitais.
- Você reparou que você tropeçou em um cara extremamente gostoso, não é?
- Não. Olha pra mim Amber. Eu costumo reparar em homens gostosos?
- Não, mas deveria.
- Vou fumar um cigarro. Volto logo. – Antes mesmo de chegar à minha sala, desviei o caminho para o hall onde era permitido fumar.
Alguns minutos ali, depois de fumar dois cigarros e sinto meu celular vibrar levemente no bolso da minha saia.
chegou. Está esperando por você.”
“A caminho.”

Fui caminhando em direção a minha sala. O corredor estava vazio. Meus saltos finos vaziam um barulho alto quando entravam em contato com o chão. Gostava do barulhos dos meus saltos. Empurrei a porta respirando fundo e tentando controlar minha insatisfação por ver um homem na minha sala.
- Senhorita Hill, esse é o Simpson. – Amber o anunciou, deu uma piscadela para mim e se retirou rapidamente da sala.
- Olá . Eu sou...
- Hill. Todos sabem quem você é. É um prazer finalmente conhecê-la. Oficialmente, quero dizer. Eu derrubei você agora há pouco em frente ao prédio.
- Claro. Que ótimo jeito de começar. Seu currículo está em minha mesa, todavia lhe darei a oportunidade de falar sobre si mesmo sem que eu tire conclusões a respeito daquele pedaço de papel que está logo ali. – Eu disse enquanto caminhava por trás do rapaz, indo em direção a minha mesa e apoiando minhas mãos em cima da mesma.
- Tenho 23 anos. Formado em Administração. Pós-graduado em Gerenciamento de Crises e uma segunda graduação voltada para o Marketing. Eu te acompanho desde os meus 18 anos. Trabalhar para você seria uma grande honra. – era um homem apresentável. Bonito, eu diria. Sexy, com certeza. Ficava muito bem vestindo um terno em um tom prateado nada brilhante.
- Se eu quisesse saber esse tipo de informação, teria lido esse papel aqui. – Eu disse enquanto balançava o papel em frente aos seus olhos. – Me fale quem é você. Sua personalidade, seus valores, opiniões. Não vou contratar um robô programado.
- Quer saber meus hobbies e os filmes que têm na minha lista da Netflix? – Ele debochou descaradamente.
- Bem mais interessante que a bajulação que acabei de ver. – Concluí a frase e rasguei seu currículo ao meio.
Soltei os pedaços em cima da mesa e fui andando ferozmente em sua direção.
- Escute . Você é bem corajoso por debochar assim na minha cara. Coragem é uma característica que eu valorizo. Mas se você ousar fazer isso outra vez, está no olho da rua. Te vejo na segunda.
Ele se levantou na minha direção, deixou nossos corpos bem próximos, olhou nos meus olhos e disse:
- Até segunda, chefinha. – Afastou-se e sumiu do meu campo de visão.

Parte II

A segunda feira não demorou a chegar e assim que a porta do elevador se abriu eu me deparei com Amber e sua nova sombra, , ao seu lado aguardando por mim.
- Bom dia. – Eu disse.
- Bom dia . – Amber disse.
- Bom dia, senhorita Hill. – foi um pouco formal.
- A única liberdade que você terá aqui é poder me chamar de . – Retruquei. – Amber, prepare a sala de reuniões para o encontro dos acionistas hoje à tarde. – Amber se afastou e começou a segui-la. – Onde você pensa que vai ?
- Acompanhar a Amber, é minha função.
- Não lembro de mandar você acompanha-la, muito menos de dizer que sua função era ser a sombra da minha secretária. Agora me traga um café. Sem açúcar.
Ele começou a andar em direção a cafeteria e eu fui caminhando, vitoriosa, até minha sala. Fiquei de pé virada para a janela quando o ouvi pedir licença para entrar.
- Seu café, como pediu. – Ele tentou não parecer grosso, mas estava irritado por ser rebaixado ao rapaz do café. – Deseja mais alguma coisa?
Virei-me de costas para observá-lo. Ele era realmente bonito. Parecia competente.
- Sim. Você vai para o encontro dos acionistas comigo.
- Tem certeza? Eu sou apenas um estagiário.
- Não vou lhe oferecer essa oportunidade outra vez. Se você não se sente preparado para tal, o RH fica no quarto andar.
- Onde será a reunião?
***
Fomos caminhando em silêncio até a sala já preparada por Amber. Os acionistas já estavam ali e eu não estava nem um pouco com paciência para um surto de machismo.
- Olá senhores. Hill, como já sabem. Esse é o Simpson, meu secretário. – Todos assentiram friamente. – está distribuindo uma pasta que contém toda a pauta da reunião. A ordem dos tópicos é proposital, então não queriam apressar ou atrasar qualquer conteúdo. Alguma objeção? – Todos negaram.
A reunião começou e enquanto eu ia falando, olhava atentamente as reações dos homens ali presentes. Trocamos alguns olhares durante os intervalos da minha fala e pude observar o quão atento ele estava a tudo o que eu dizia.
Chegamos ao último tópico e, o mais difícil de explorar.
- Nem precisamos discutir a respeito desse. A resposta é não. – Todos concordavam tranquilamente.
- Se me permitem senhores. – se manifestou e eu o olhei assustada. Seus olhos clamaram por autorização para prosseguir e eu assenti. – Gostaria de apresentar uma forma diferente de analisar este tópico. A Hill GC é uma empresa que possui um nome de peso no mercado. Qualquer posicionamento tomado pela empresa influencia no crescimento ou decrescimento. Investir em causas sociais pode melhorar ainda mais a imagem da empresa, além de espantar diferentes boatos relacionados a lavagem de dinheiro.
- Iremos pensar sobre. – O homem se manifestou novamente. – Voltaremos com uma resposta.
- Então, encerramos por aqui. – Eu completei.
Fui caminhando em direção a minha sala novamente e me acompanha. Mais uma vez em silêncio.
- Você me surpreendeu. Diminuiu um problema que poderia me causar uma dor de cabeça. Meus parabéns, .
- Obrigado.
- Me traga outro café. Por favor. – Abri a bolsa, peguei um cigarro e um isqueiro e fui para o hall. Me contive em fumar um único cigarro e retornar ao trabalho.
Fechei a porta da sala e virei-me para a janela, precisava preparar a próxima reunião. Não escutei se aproximando, sequer ouvir batidas na porta. Quando virei de costas tomei um susto, acabei assustando e ele derramou café na minha blusa azul turquesa.
- Droga.
- Me desculpe, . Não foi proposital.
- Saia da minha frente. Apenas saia, .
Ele começou a se afastar enquanto eu comecei a desabotoar os botões da blusa para retirá-la e colocar uma blusa extra que sempre tinha na minha sala. Percebi que observava admirado o movimento de abertura dos botões que fazia repetidamente.
- . – Eu o chamei. – Leve essa blusa para Amber e peça para que levem a lavanderia.
Ele pegou a blusa e a soltou no chão como se a mesma fosse um trapo velho. Deu dois passos à frente e ficou mais próximo que deveria de mim. Ele colocou uma de suas mãos na minha cintura descoberta.
- . Não ouse...
- Shhhh...
Ele se aproximou mais e com um reflexo posicionou suas mãos em minhas pernas e me puxou para cima, me fazendo o envolver com as pernas. Não disse uma palavra. Sequer havia me beijado. Apenas olhava-me nos olhos. Me colocou sentada na minha mesa e, finalmente, colou nossos lábios. Era um beijo feroz, quente e apressado. Não sei o motivo, mas estava retribuindo prontamente. Suas mãos começaram a tatear meu corpo com certa ousadia e eu apenas o empurrei para longe.
- Você não achou que eu seria fácil assim, achou?
- Não quero sua permissão.
Dito isso, se aproximou novamente e retribuiu o beijo. Em uma vontade que desconhecia comecei a desabotoar lentamente os botões de sua camisa. Me afastei do beijo para admirar o paraíso que via ali. Passei as mãos em seu peitoral, já estava envolvida demais para recusar qualquer coisa. Sua camisa já estava no chão e quando suas mãos acharam o caminho do meu sutiã, o telefone tocou em cima da mesa. Amber estava na linha.
- ? Chegaram algumas coisas aqui na recepção que precisam de sua assinatura.
Empurrei com certa força, não queria ter parado ali, porém não iria transar com meu estagiário na mesa da minha sala. Peguei a blusa limpa, vesti e fui andando em direção a porta. Vi pelo reflexo do vidro que ele ainda não havia abotoado a camisa.
- Não esqueça de levar minha blusa até a lavanderia. – Dei uma piscada leve que veio acompanhada de um sorriso sedutor e misterioso.
- Você ainda vai explodir minha mente a qualquer momento. – Ele disse mais pra ele do que para mim.


Fim!



Nota da autora: Alô gente bonita e cheirosa <3
Aqui estou eu again com ficstape. Queen é um hino e eu amo as músicas. Espero que gostem da história.
XOXO, Iana.





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