- Sério, , acho que você precisa ir pra casa. – falou, depois que eu cambaleei e quase cai da cadeira do bar.
- Eu não preciso ir pra casa. Eu preciso dela. E também preciso de outra cerveja. – respondi, levantando a mão para chamar o garçom.
- Você precisa dormir, tirar essa mulher da cabeça. Tanto amor assim também é ruim.
- E quem disse que eu amo essa mulher? – perguntei, recebendo uma bela rolada de olhos em resposta.
- Se isso não é amor, o que é? – olhei fixamente para ele, pensando numa resposta que pudesse realmente traduzir tudo o que eu sentia.
- Isso é loucura, meu amigo. Eu sou nela, louco por ela.
- Mas não era coisa de uma noite só? O que aconteceu de te deixou assim? – perguntou, achando graça no que eu estava falando.
- Aconteceu ela. É tudo culpa dela! O jeito que ela me beija e como olha nos meus olhos, porra, parece que eu sou o melhor homem do mundo. E eu sou um merda. Preciso dela pra me sentir alguém.
- Então por que você não larga essa bebida e vai falar isso pra ela? – ele indagou, como se fosse a coisa mais simples no mundo.
- E você acha que ela quer me ouvir? Aquela mulher é doida, . Completamente doida.
- O que foi que você fez? – perguntou, aceitando o fato de que eu estava errado, mesmo sem saber o que tinha acontecido de verdade.
- A gente estava lá em casa, era, sei lá, nosso quinto encontro. Não que a gente ainda não tivesse transado, porque a ideia era não passar do primeiro encontro. Mas tudo foi acontecendo de uma forma tão estranha, que quando eu percebi, estávamos os dois juntos de novo, depois mais uma vez e outra. Até que eu resolvi tomar coragem e a chamei pra sair de novo. Fomos jantar e depois perguntei se ela queria ir lá pra casa. Ela sabia muito bem para o que era e não negou, ótimo. Só que, depois de tudo, ela queria ficar lá, dormir juntinho, agarradinho... E, cara, isso não dá certo.
- O que você fez, ? – perguntou novamente, já sentindo a merda que eu tinha feito.
passou a mão pelos cabelos, tentando deixá-los arrumados. O que parecia bem desnecessário, já que ela estava se preparando para dormir. Ela deitou de lado na cama, com o rosto virado em minha direção. Mantinha um sorriso fraco nos lábios, os olhos brilhavam e as bochechas ainda estavam rosadas. Aquela era a coisa mais linda que eu já tinha visto na vida. E estava lá comigo, na minha cama. Sorrindo para mim e convidando para que eu me deitasse ali, junto dela. Eu quase conseguia sentir o calor do seu corpo, mesmo estando distante dela.
Naquele momento eu soube que tinha duas escolhas e definiria todo um futuro:
Eu podia ir até lá, me deitar a seu lado e passar o restante da noite e todos os meus dias em seus braços, sentindo seu cheiro e o gosto dos seus lábios. Dividiríamos a cama algumas noites, em umas a minha, em outras a dela. Viveríamos aqueles dias maravilhosos, até que qualquer coisa boba aconteceria, ela focaria brava, eu tentaria me desculpar. E outra coisa aconteceria, ela ficaria furiosa e eu nem tentaria. Nós terminaríamos, cada um iria para a sua cama e teria mais motivos para sofrer.
Ou poderia continuar ali em pé, pensando numa forma de evitar esse futuro que parecia completamente inevitável. Evitar o inevitável era uma excelente forma de explicar o que eu estava tentando fazer naquele momento. Eu estava tentando me impedir de me apaixonar. E estava fazendo isso enquanto me apaixonava. Sim, parece confuso o bastante. Mais confuso ainda é me apaixonar não querendo me apaixonar. Será que há alguma fórmula “desapaixonante” no mundo? Porque eu precisava dela. Céus, como eu precisava. A cada sorriso que me lançava, eu precisava de mais uma dose. Como controlar isso?
- Você não vai vir pra cá? – sua voz soou como uma melodia e eu respirei fundo, pensando em fazer o impossível, evitar o inevitável e dizer o indizível.
- Eu... – comecei a falar, vendo que seus olhos foram de encontro aos meus – Eu vou chamar um táxi pra você. – disse rápido, na mesma velocidade que o sorriso dela murchou e se transformou numa expressão decepcionada. Ela não disse mais nada e eu nem esperava que dissesse. não era assim. Ela não ficaria aqui perguntando se era isso mesmo que eu queria, porque ela não é desse tipo de garota que lhe dá oportunidades. É apenas no singular. É uma oportunidade. E eu acabei de jogar a minha fora. E enquanto eu me mantinha estático, esperando pelo momento em que ela perguntaria se era isso mesmo que eu queria, ela já tinha se vestido e batido a porta. não tinha me esperado, nem mesmo o táxi que eu havia oferecido. Ela tinha ido, com o coração partido.
- Eu disse que ia chamar um táxi pra ela. – ele abaixou o rosto, cobrindo o mesmo com a mão.
- Não acredito nisso, cara. – ele balançou a cabeça, rindo alto. – Por que você fez isso?
- Porque se ela ficasse lá, se eu dormisse sentindo o cheiro dela, se ela fosse a primeira coisa que eu visse quando acordasse, eu estaria ferrado. Completamente ferrado, . – deixei a cabeça cair nas mãos, me sentindo louco.
- Ferrado como você está agora?
- Você pode me ajudar, por favor? Que merda de amigo é você. – reclamei, querendo um pouco de compaixão num momento difícil.
- Você quer que eu te ajude dizendo que vai ficar tudo bem? Mas não vai ficar tudo bem! Você expulsou a mulher da tua cama e agora tá aí chorando pelos cantos por ela. Estou aqui tentando encontrar lógica nisso tudo pra poder te ajudar, mas, me desculpa, não estou encontrando nenhuma.
- Eu não quero me apaixonar. – falei tão alto, que todo mundo no bar virou em minha direção – Que merda.
- Acho que é tarde demais, meu amigo. – disse, fazendo com que eu virasse em sua direção – Você já está apaixonado. Tentou evitar isso de todas as formas, mas claramente não conseguiu.
- Eu não quero estar apaixonado. Isso tudo é muito difícil. Não é amor, é só uma necessidade de ficar perto dela. – riu, bebendo um gole da cerveja depois.
- Se você achar outro nome para isso que tá sentindo, você me avisa, ok? Mas eu só conheço como amor mesmo.
- Que droga, , você não me ajuda! Só fica aí falando de amor, amor, amor. Que merda.
- Tá bom, do que você quer falar, então? – ele perguntou e eu tentei pensar em alguma coisa, qualquer coisa que não fosse ela. Deus, era mais difícil do que eu imaginava. Eu fechava os olhos e a imagem dela surgia, se respirasse mais fundo, era capaz de sentir seu perfume. Eu estava louco, completamente louco.
- Ok, tudo bem, eu aceito. – falei, bebendo o que restava na minha garrafa – Eu estou apaixonado por ela.
Guess it's true Acho que é verdade I'm not good at a one night stand Eu não sou bom em ficar só por uma noite But I still need love Mas eu ainda preciso de amor 'Cause I'm just a man Porque sou apenas um homem
me colocou num táxi e disse meu endereço, mas assim que nos afastamos um pouco, pedi para que o motorista me levasse para outro lugar. Eu não aguentaria passar mais uma noite assim, mais uma noite longe dela. Sem saber se poderia ser perdoado, se poderia beijar seus lábios mais uma vez. Eu estava louco e precisava dela de qualquer forma.
Eram quase duas da manhã quando o carro parou na frente do prédio dela. Eu sai e observei o táxi se afastar, enquanto pensava bem no que ia fazer, não tinha muitas opções. Era bem capaz que ela passasse a me odiar mais ainda depois de hoje, mas eu não conseguiria viver se não fizesse nada a respeito disso.
Apertei o botão do interfone, segurando o mesmo até que ela atendesse. Ouvi um palavrão bem pesado antes do sua voz sonolenta soar do aparelho. - Quem é?
Eu podia até imaginar a expressão de raiva em seu rosto apenas pelo tom de sua voz. Sorri de lado, sem saber muito bem o que fazer. - Quem tá aí? Eu tô te ouvindo, pra que me acordou essa hora? Que palhaçada, eu vou...
- ... – a interrompi e recebi apenas silêncio em resposta – Sou eu, . - Eu sei que é você. – ela disse, segundos depois – O que quer?
- Quero você. – disse, sem cerimônias mesmo.
These nights never seem to go to plan Essas noites nunca parecem seguir o plano I don't want you to leave Eu não quero que você vá Will you hold my hand? Você vai segurar a minha mão?
- , vai dormir. Dá quase pra sentir daqui o cheiro de bebida.
- Eu não vou sem você. – reforcei minha necessidade, recebendo mais silêncio como resposta – Sei que fui idiota com você no outro dia, não deveria ter feito aquilo. Não deveria ter deixado você sair da minha casa e da minha vida daquele jeito. Eu deveria... - Você deveria ir pra casa e me deixar dormir, . – ela pediu, com a voz baixa, como se estivesse querendo chorar.
- Eu não vou pra casa, eu vou ficar aqui fora. Até amanhã, até mês ou ano que vem. Eu quero e preciso ficar com você. - Pra que? Pra me expulsar de novo num primeiro sinal de sentimento? Não, muito obrigada.
- Eu fui um idiota, eu sei. Mas sempre que eu fecho os olhos, eu vejo o seu rosto, vejo aquela expressão triste e quero morrer, . - Você tá pedindo permissão ou ajuda? - havia um toque de humor em sua voz. Ouvi ela respirando fundo do outro lado, o que me deu certo otimismo – Eu estou bem, . Não precisa ficar com a consciência pesada. Eu já sou grandinha, eu vou sobreviver.
- É aí que está o problema, . Eu que não estou bem. Tô sofrendo como um louco desde aquele dia. O que é bem irônico, porque eu fiz aquilo tudo por medo de sofrer no futuro. E cá estou eu, sofrendo no presente e sem grandes perspectivas de melhora. Eu preciso de você, de verdade. Fica comigo, por favor, por favor, por favor. – eu conseguia quase pegar o desespero presente em minha voz, de tão palpável que ele era.
Why am I so emotional? Por que eu sou tão emotivo? No, it's not a good look, need some self control Não, isso não é bontio, preciso ter autocontrole And deep down, I know this never works E bem no fundo, eu sei que isso nunca funciona But you can lay with me so it doesn't hurt Mas você pode deitar comigo, então isso não vai machucar
- E por que eu deveria ficar com você? – ela perguntou, aparecendo repentinamente na janela do terceiro andar. Sua expressão era impassível, o que impossibilitava qualquer tentativa de descobrir o que se passava em sua cabeça.
- Porque eu estou apaixonado por você. – falei de uma vez, deixando que aquele sentimento que parecia me sufocar mais a cada dia saísse. Me senti até mesmo mais leve, como se pudesse até mesmo voar. Vi que ela mordeu o lábio inferior e respirou um pouco mais fundo quando me ouvi e tomei isso como uma resposta positiva – O que é engraçado, porque eu tentei não me apaixonar por você. Tentei e rezei para que eu não me deixasse levar por causa coisinha simples que você faz, porque é tudo absurdamente apaixonante. Desde a forma que coça atrás da orelha quando está incomodada com alguma coisa, ou quando respirava bem fundo quando eu te tocava, ou até mesmo como se sentia frustrada quando eu não correspondia da forma que esperava. Lá no fundo, eu sei que eu não te mereço, que eu não podia te amar, porque deve ter alguém mais merecedor do seu amor por aí, só esperando você surgir na vida dele. Aposto que ele não faria nada para te perder, que agiria sempre as forma correta e que nunca te machucaria. O problema é que eu não sei amar ninguém, por isso preciso da sua ajuda. Preciso muito que você deixe eu te amar, pra que eu aprenda e não erre de novo. Pra eu ter você em meus braços e aprender que não devo te deixar ir de novo. Pra eu te ter na minha cama todas as noites e me deitar com você, sem medo de nada, e sim ansioso por tudo. – parei por um momento, encarando seus olhos marejados – Você precisa ficar comigo porque eu te amo e agora eu não tenho mais medo de amar. – esperei algo em resposta, mas sumiu da janela. Fiquei alguns segundos encarando aquele espaço vazio, esperando que ela voltasse, mas só me senti mais frustrado. Eu tinha aberto meu coração, tinha sido corajoso pela primeira vez na vida e tinha recebido nada em troca. Encarei os pés e tentei imaginar como iria para casa, como deitaria naquela cama grande e fria, como dormiria essa e todas as outras noites.
- Então... – a voz dela soou bem perto de mim. Virei o corpo e a vi parada perto da calçada – Tudo isso que você me disse agora significa que você não vai mais me expulsar da sua cama? – perguntou, estreitando os olhos e mordendo o lábio inferior.
- Bem... – sorri de lado, andando em sua direção – Tudo isso significa que te quero, não só na minha cama, mas na minha vida. Hoje, amanhã, depois de amanhã, depois de depois de amanhã. – passei meu braço pela sua cintura, trazendo-a para mais perto – Para sempre.
Oh, won't you stay with me? Oh, você vai ficar comigo? 'Cause you're all I need Porque você é tudo o que eu preciso This ain't love, it's clear to see Isso não é amor, é fácil de ver But, darling, stay with me Mas, querido, fique comigo
Fim
Nota da autora: (12/06/2015)
Aff, só tô aqui por causa da Gi, ela me paga!
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