Capítulo Único
Diamantes são maravilhosamente belos e toda mulher merece ganhar de presente. Não me cansava de admirá-lo ou exibi-lo para quem aparecesse em meu caminho. Várias vezes ao dia, observava os reflexos causados pelas luzes que o atingia. Foram anos de muita dedicação para manter a perfeição e conseguir ganhar um desses.
E na época, foi algo maravilhoso e muito esperado, mesmo que o meu coração não estivesse seguindo por esse caminho. Até aquele momento, eu não sabia onde estava me metendo e infelizmente, descobri muito tarde, mas não o suficiente para evitar que as coisas pudessem ser consertadas.
Antes de nascer, meus pais já desejavam a perfeição. E quando nasci, decidiram que eu seria criada para alcançá-la. E esse patamar não é algo fácil, afinal, não existe. Até mesmo o diamante que descansava em meu dedo, não era perfeito. Todos possuem defeitos, alguns mais aparentes e outros, não. Entretanto, se você parar e olhá-los com atenção, vai ser capaz de enxergar.
As pessoas só veem aquilo que realmente querem e a infância difícil, a pressão que sempre sofri, me ensinou a permitir que os meus pais e os outros, vissem apenas o que eu queria mostrar.
E isso, foi tudo que eu precisava para sobreviver.
Ay yo, trophy wife? Aww, you won me Ay yo, esposa-troféu, você me ganhou Until you had to find out it's on me
Até você ter que descobrir, é comigo Now you benched, aww, your bum knee
Agora você está fora, agora você está de joelhos
-
Essa é a minha esposa, . - abriu um sorriso orgulhoso enquanto sua mão descansava tranquilamente em minha cintura.
Assumi a minha postura perfeita e me esforcei para manter o meu sorriso encantador no rosto. Quando me escolheu, acreditava que estava apaixonado por mim, mas descobri que era apenas pelo o meu exterior. Isso ficou claro, logo depois de nossas núpcias. Ou seja, ele me “adquiriu”, como deixou bem claro em uma de nossas discussões, com o intuito de ocupar o cargo de esposa-troféu. Maravilhoso, não é mesmo? Viver sendo escolhida apenas por sua aparência e modos impecáveis. Poderia ser pior, mas uma pessoa me mostrou que eu poderia sim me livrar dessas amarras e ser feliz. Conheci uma pessoa, inesperadamente, que sabe que prefiro milkshake de morango ao invés de chá gelado, choro quando assisto filmes que tenham cachorros e muitas outras coisas, que nem meus pais sabiam. -
Estou encantada em conhecê-lo, sr. Pynder. - Disse num tom educado.
O homem abaixou levemente a cabeça em cumprimento e voltou sua atenção para o meu marido. E isso era um sinal de que deveria me afastar e seguir para o meu quarto. Além de não gostar das pessoas que costumavam frequentar a nossa casa, eu só precisava cumprimentá-los e estava livre para seguir o meu dia.
Eu ainda não sabia o que fazer, mas uma coisa tinha certeza: deveria escapar dessa prisão. A verdade é que semanas atrás, tarde da noite, eu acordei sentindo muita sede e decidi descer para buscar um copo d'água. Já estava acostumada a dormir sozinha e acordar ao lado do meu marido. E aquela madrugada, a cama ainda estava vazia. Várias vezes pensei sobre o que faria para partir daquele casamento e ser mais de mim mesma. Antes do casamento, eu achava que seria sempre a filhinha da mamãe e que deveria arranjar um bom casamento, mas aí aprendi que eu poderia ser mais. Há toda uma vida pela frente e ela clamava por mim, mesmo eu não tendo qualquer noção sobre o que fazer.
E como um milagre, a solução matou a minha sede com mais eficiência do que um copo d'água.
Estava sonolenta e por isso, desci os degraus da longa escada com os pés descalços e o que fez com que ninguém notasse minha presença. Cocei os olhos no trajeto iluminado e parei, repentinamente, próxima a porta entre aberta do escritório, quando ouvi vozes masculinas.
Franzi a testa em confusão e me aproximei da parede. A curiosidade era tão grande que até despertei. -
O Eric Gonzalez ameaçou revelar o que estamos colocando na fórmula dos remédios. - Alguém falou e repentinamente, me assustei com o som do impacto na madeira. -
Senhor, se esse escândalo cair na mídia, iremos à falência e ainda seremos presos. - A voz trêmula concluiu.
era o dono de uma indústria farmacêutica e fabricava vários tipos de medicamentos. Tudo que era produzido por eles, dominavam as farmácias e hospitais. As pessoas dependiam dos remédios. E saber que estavam fazendo alguma coisa errada com esses produtos me assustava. -
O que precisa que eu faça, chefe? - Reconheci a voz grossa de John, o segurança do meu marido. -
Terá que apagá-lo.
Cobri a boca com as minhas mãos tentando abafar o ofegar de horror que escapou. Me afastei a passos atordoados enquanto era dominada pelo medo. Me casei com um monstro. Alguém capaz de matar para se manter no topo. E por isso, precisava escapar dele.
'Cause you was slippin', yep, you clumsy Porque você deu bobeira, é, seu desastrado And everything I peep, can't just unsee
E tudo que eu vejo, não posso apenas desver Sips tea, and it's unsweet
Beba chá, e é amargo
A paranóia começou a me dominar e não me sentia segura o suficiente para pregar os olhos a noite inteira. Quando sentia ocupar a cama ao meu lado e me abraçar, tinha que lutar com os meus sentimentos de medo e repulsa para que não se tornasse claro o que eu havia descoberto. Além do medo, a culpa também me dominava. Eu poderia
denunciá-lo ou avisar ao tal Eric Gonzalez que sua vida estava em risco, mas será que não tinha noção alguma, do que poderia acontecer a si mesmo? Eu queria ter vivido sem essa informação. Por que o meu marido tinha que ter sido tão descuidado? Queria não ter ouvido nada. Não queria ter esquecido de pôr um copo d'água no quarto. Mas será que teria sido bom viver na ignorância? Sem conhecer a verdadeira personalidade do meu marido? É, não teria sido bom.
xXx
Estávamos tomando o café da manhã, dois dias depois do acontecido. O chá que estava tomando descia amargo, tamanho era o meu nervosismo. Estava tão perturbada que mantinha-me em silêncio e foi algo que meu marido pontuou, o que fez com que usasse os ensinamentos da minha mãe e abrisse o sorriso mais bonito. -
O que houve, querido? - Perguntei forçando o tom de preocupação enquanto colocava a xícara no pires e secava a boca com o guardanapo. Encarei-o do outro lado da enorme mesa.
O jornal estava a sua frente e a expressão era irada. -
Assassinaram o nosso químico.
Arfei de fingida surpresa, mas sentindo a bigorna da culpa caindo na minha consciência. Posso não ter sido a assassina, mas o sangue estava em minhas mãos. Eu poderia ter avisado, mas a minha vida também estaria em risco. -
Quem cometeria uma atrocidade dessa? - Perguntei forçando a expressão triste, mas os olhos atentos a cada movimento do meu marido.
Pensei que mentiria sem me olhar nos olhos, mas encarou-me diretamente. A expressão dissimulada. -
Não faço ideia. Estava prestes a demiti-lo. Descobrimos que estava vendendo fórmulas para a concorrência. - Deu de ombros e voltou a dar uma golada em seu café.
Mentiroso. O meu marido era perigoso e o fato de mentir tão bem só confirmava tudo. Poderia ter confrontado-o naquele momento, dito que sabia de tudo, mas e eu? Ele teria misericórdia da minha vida? Ou me mataria?
xXx
Um mês tinha se passado desde a minha descoberta e a morte do químico. Os noticiários não paravam de acompanhar o caso e as investigações estavam a todo vapor. A polícia encontrou um caderno com fórmulas de medicamentos e mensagens trocadas com um possível comprador. Provas que foram plantadas pelo meu marido ou não se manteria tão tranquilo. Passava as noites em claro, vigiando cada passo dele e tentando pensar em um plano para fugir. E a única alternativa que não permitiria que fosse atrás de mim, era testemunhar contra ele. Começaram a surgir casos de pessoas morrendo misteriosamente e a polícia não sabia informar o motivo. Questionava-me se poderia ser culpa dos medicamentos adulterados.
iria pagar por tudo.
xXx
-
Querido! - Chamei-o num tom alto para evidenciar o meu falso desespero. Em uma mão segurava uma carta e com a outra, cobria a boca. Os meus olhos arregalados para tornar tudo mais real.
Ouvi passos rápidos vindo de trás. Avistei-o se aproximar e entreguei a carta. Ele leu rapidamente e não conseguiu disfarçar a expressão preocupada, mas quando me encarou disfarçou as reais emoções. -
De onde veio isso? - Perguntou indicando o papel. Mantive a expressão preocupada. -
Junto com a correspondência. - Apontei para a pilha de envelopes na mesinha de centro a minha frente.
Ele soltou o ar dos pulmões e pegou o envelope que ficou nas minhas mãos. -
Saiba que isso é uma mentira. - Gesticulou com a carta. - Estão tentando inventar um culpado para a morte daquele químico.
Ignorei a vontade insuportável de gritar na cara dele e dizer que sabia de tudo. Apenas me levantei com graciosidade e me esforcei para não demonstrar o nojo que sentia ao segurar o rosto dele entre minhas mãos. -
Eu acredito em você, meu amor. - Menti.
Dei um breve beijo em seus lábios e me afastei numa tentativa de fugir dali, afinal, precisava manter o controle dos meus próprios sentimentos.
Give you a box of chances, every time you blow it all (blow it all)
Te dou uma caixa de chances, e toda vez você estraga tudo (estraga tudo) As if it was shade, you would just throw it all (throw it all)
Como se fosse deboche, você apenas jogava tudo (jogava tudo)
O caso foi esquecido pela mídia, menos por mim e meu marido. Continuei enviando as cartas anônimas dando várias chances para que ele se entregasse ou eu acabaria o denunciando. A verdade era que a esperança dele tomar a iniciativa era maior, pois sendo covardia ou não, tinha medo de tomar a iniciativa. Temia ser descoberta por ele antes de entregá-lo ou até mesmo, quando recorresse a polícia. Mas a falta de paz de espírito, a culpa só me faziam pior. Esses sentimentos me lembravam diariamente que a justiça deveria ser feita e que eu tinha que me mover.
The light is coming to give back everything the darkness stole A luz está vindo para devolver tudo que a escuridão roubou The light is coming to give back everything the darkness stole A luz está vindo para devolver tudo que a escuridão roubou
Comecei a planejar o que faria e o momento perfeito surgiu: quando avisou que teria que viajar e ficaria dois dias fora. Na noite que ele partiu, chorei a noite inteira. Chorei pela vida que me aguardava. Teria a liberdade que sempre quis, mas viveria com uma espada apontada para minha cabeça. Vivi nas garras da criação dos meus pais, tive o casamento tão esperado, mas com um marido perigoso e cruel. Um homem capaz de tudo, até matar para manter-se no topo. Precisava ser corajosa para denunciá-lo e fazer justiça por todos que foram feridos pela ganância e crueldade dele. Éramos muito opostos como a luz e a escuridão. O fogo e a água.
Por mais que estivesse com medo, sabia que seria forte o suficiente para acabar com a sua era de escuridão.
xXx
-
Bom dia. Posso ajudar? - O policial perguntou com uma expressão atenta. Segurei com força a bolsa em minhas mãos e respirei fundo.
Gostaria de fazer uma denúncia. - Falei num tom firme.
E na época, foi algo maravilhoso e muito esperado, mesmo que o meu coração não estivesse seguindo por esse caminho. Até aquele momento, eu não sabia onde estava me metendo e infelizmente, descobri muito tarde, mas não o suficiente para evitar que as coisas pudessem ser consertadas.
Antes de nascer, meus pais já desejavam a perfeição. E quando nasci, decidiram que eu seria criada para alcançá-la. E esse patamar não é algo fácil, afinal, não existe. Até mesmo o diamante que descansava em meu dedo, não era perfeito. Todos possuem defeitos, alguns mais aparentes e outros, não. Entretanto, se você parar e olhá-los com atenção, vai ser capaz de enxergar.
As pessoas só veem aquilo que realmente querem e a infância difícil, a pressão que sempre sofri, me ensinou a permitir que os meus pais e os outros, vissem apenas o que eu queria mostrar.
E isso, foi tudo que eu precisava para sobreviver.
Ay yo, trophy wife? Aww, you won me Ay yo, esposa-troféu, você me ganhou Until you had to find out it's on me
Até você ter que descobrir, é comigo Now you benched, aww, your bum knee
Agora você está fora, agora você está de joelhos
-
Essa é a minha esposa, . - abriu um sorriso orgulhoso enquanto sua mão descansava tranquilamente em minha cintura.
Assumi a minha postura perfeita e me esforcei para manter o meu sorriso encantador no rosto. Quando me escolheu, acreditava que estava apaixonado por mim, mas descobri que era apenas pelo o meu exterior. Isso ficou claro, logo depois de nossas núpcias. Ou seja, ele me “adquiriu”, como deixou bem claro em uma de nossas discussões, com o intuito de ocupar o cargo de esposa-troféu. Maravilhoso, não é mesmo? Viver sendo escolhida apenas por sua aparência e modos impecáveis. Poderia ser pior, mas uma pessoa me mostrou que eu poderia sim me livrar dessas amarras e ser feliz. Conheci uma pessoa, inesperadamente, que sabe que prefiro milkshake de morango ao invés de chá gelado, choro quando assisto filmes que tenham cachorros e muitas outras coisas, que nem meus pais sabiam. -
Estou encantada em conhecê-lo, sr. Pynder. - Disse num tom educado.
O homem abaixou levemente a cabeça em cumprimento e voltou sua atenção para o meu marido. E isso era um sinal de que deveria me afastar e seguir para o meu quarto. Além de não gostar das pessoas que costumavam frequentar a nossa casa, eu só precisava cumprimentá-los e estava livre para seguir o meu dia.
Eu ainda não sabia o que fazer, mas uma coisa tinha certeza: deveria escapar dessa prisão. A verdade é que semanas atrás, tarde da noite, eu acordei sentindo muita sede e decidi descer para buscar um copo d'água. Já estava acostumada a dormir sozinha e acordar ao lado do meu marido. E aquela madrugada, a cama ainda estava vazia. Várias vezes pensei sobre o que faria para partir daquele casamento e ser mais de mim mesma. Antes do casamento, eu achava que seria sempre a filhinha da mamãe e que deveria arranjar um bom casamento, mas aí aprendi que eu poderia ser mais. Há toda uma vida pela frente e ela clamava por mim, mesmo eu não tendo qualquer noção sobre o que fazer.
E como um milagre, a solução matou a minha sede com mais eficiência do que um copo d'água.
Estava sonolenta e por isso, desci os degraus da longa escada com os pés descalços e o que fez com que ninguém notasse minha presença. Cocei os olhos no trajeto iluminado e parei, repentinamente, próxima a porta entre aberta do escritório, quando ouvi vozes masculinas.
Franzi a testa em confusão e me aproximei da parede. A curiosidade era tão grande que até despertei. -
O Eric Gonzalez ameaçou revelar o que estamos colocando na fórmula dos remédios. - Alguém falou e repentinamente, me assustei com o som do impacto na madeira. -
Senhor, se esse escândalo cair na mídia, iremos à falência e ainda seremos presos. - A voz trêmula concluiu.
era o dono de uma indústria farmacêutica e fabricava vários tipos de medicamentos. Tudo que era produzido por eles, dominavam as farmácias e hospitais. As pessoas dependiam dos remédios. E saber que estavam fazendo alguma coisa errada com esses produtos me assustava. -
O que precisa que eu faça, chefe? - Reconheci a voz grossa de John, o segurança do meu marido. -
Terá que apagá-lo.
Cobri a boca com as minhas mãos tentando abafar o ofegar de horror que escapou. Me afastei a passos atordoados enquanto era dominada pelo medo. Me casei com um monstro. Alguém capaz de matar para se manter no topo. E por isso, precisava escapar dele.
'Cause you was slippin', yep, you clumsy Porque você deu bobeira, é, seu desastrado And everything I peep, can't just unsee
E tudo que eu vejo, não posso apenas desver Sips tea, and it's unsweet
Beba chá, e é amargo
A paranóia começou a me dominar e não me sentia segura o suficiente para pregar os olhos a noite inteira. Quando sentia ocupar a cama ao meu lado e me abraçar, tinha que lutar com os meus sentimentos de medo e repulsa para que não se tornasse claro o que eu havia descoberto. Além do medo, a culpa também me dominava. Eu poderia
denunciá-lo ou avisar ao tal Eric Gonzalez que sua vida estava em risco, mas será que não tinha noção alguma, do que poderia acontecer a si mesmo? Eu queria ter vivido sem essa informação. Por que o meu marido tinha que ter sido tão descuidado? Queria não ter ouvido nada. Não queria ter esquecido de pôr um copo d'água no quarto. Mas será que teria sido bom viver na ignorância? Sem conhecer a verdadeira personalidade do meu marido? É, não teria sido bom.
Estávamos tomando o café da manhã, dois dias depois do acontecido. O chá que estava tomando descia amargo, tamanho era o meu nervosismo. Estava tão perturbada que mantinha-me em silêncio e foi algo que meu marido pontuou, o que fez com que usasse os ensinamentos da minha mãe e abrisse o sorriso mais bonito. -
O que houve, querido? - Perguntei forçando o tom de preocupação enquanto colocava a xícara no pires e secava a boca com o guardanapo. Encarei-o do outro lado da enorme mesa.
O jornal estava a sua frente e a expressão era irada. -
Assassinaram o nosso químico.
Arfei de fingida surpresa, mas sentindo a bigorna da culpa caindo na minha consciência. Posso não ter sido a assassina, mas o sangue estava em minhas mãos. Eu poderia ter avisado, mas a minha vida também estaria em risco. -
Quem cometeria uma atrocidade dessa? - Perguntei forçando a expressão triste, mas os olhos atentos a cada movimento do meu marido.
Pensei que mentiria sem me olhar nos olhos, mas encarou-me diretamente. A expressão dissimulada. -
Não faço ideia. Estava prestes a demiti-lo. Descobrimos que estava vendendo fórmulas para a concorrência. - Deu de ombros e voltou a dar uma golada em seu café.
Mentiroso. O meu marido era perigoso e o fato de mentir tão bem só confirmava tudo. Poderia ter confrontado-o naquele momento, dito que sabia de tudo, mas e eu? Ele teria misericórdia da minha vida? Ou me mataria?
Um mês tinha se passado desde a minha descoberta e a morte do químico. Os noticiários não paravam de acompanhar o caso e as investigações estavam a todo vapor. A polícia encontrou um caderno com fórmulas de medicamentos e mensagens trocadas com um possível comprador. Provas que foram plantadas pelo meu marido ou não se manteria tão tranquilo. Passava as noites em claro, vigiando cada passo dele e tentando pensar em um plano para fugir. E a única alternativa que não permitiria que fosse atrás de mim, era testemunhar contra ele. Começaram a surgir casos de pessoas morrendo misteriosamente e a polícia não sabia informar o motivo. Questionava-me se poderia ser culpa dos medicamentos adulterados.
iria pagar por tudo.
-
Querido! - Chamei-o num tom alto para evidenciar o meu falso desespero. Em uma mão segurava uma carta e com a outra, cobria a boca. Os meus olhos arregalados para tornar tudo mais real.
Ouvi passos rápidos vindo de trás. Avistei-o se aproximar e entreguei a carta. Ele leu rapidamente e não conseguiu disfarçar a expressão preocupada, mas quando me encarou disfarçou as reais emoções. -
De onde veio isso? - Perguntou indicando o papel. Mantive a expressão preocupada. -
Junto com a correspondência. - Apontei para a pilha de envelopes na mesinha de centro a minha frente.
Ele soltou o ar dos pulmões e pegou o envelope que ficou nas minhas mãos. -
Saiba que isso é uma mentira. - Gesticulou com a carta. - Estão tentando inventar um culpado para a morte daquele químico.
Ignorei a vontade insuportável de gritar na cara dele e dizer que sabia de tudo. Apenas me levantei com graciosidade e me esforcei para não demonstrar o nojo que sentia ao segurar o rosto dele entre minhas mãos. -
Eu acredito em você, meu amor. - Menti.
Dei um breve beijo em seus lábios e me afastei numa tentativa de fugir dali, afinal, precisava manter o controle dos meus próprios sentimentos.
Give you a box of chances, every time you blow it all (blow it all)
Te dou uma caixa de chances, e toda vez você estraga tudo (estraga tudo) As if it was shade, you would just throw it all (throw it all)
Como se fosse deboche, você apenas jogava tudo (jogava tudo)
O caso foi esquecido pela mídia, menos por mim e meu marido. Continuei enviando as cartas anônimas dando várias chances para que ele se entregasse ou eu acabaria o denunciando. A verdade era que a esperança dele tomar a iniciativa era maior, pois sendo covardia ou não, tinha medo de tomar a iniciativa. Temia ser descoberta por ele antes de entregá-lo ou até mesmo, quando recorresse a polícia. Mas a falta de paz de espírito, a culpa só me faziam pior. Esses sentimentos me lembravam diariamente que a justiça deveria ser feita e que eu tinha que me mover.
The light is coming to give back everything the darkness stole A luz está vindo para devolver tudo que a escuridão roubou The light is coming to give back everything the darkness stole A luz está vindo para devolver tudo que a escuridão roubou
Comecei a planejar o que faria e o momento perfeito surgiu: quando avisou que teria que viajar e ficaria dois dias fora. Na noite que ele partiu, chorei a noite inteira. Chorei pela vida que me aguardava. Teria a liberdade que sempre quis, mas viveria com uma espada apontada para minha cabeça. Vivi nas garras da criação dos meus pais, tive o casamento tão esperado, mas com um marido perigoso e cruel. Um homem capaz de tudo, até matar para manter-se no topo. Precisava ser corajosa para denunciá-lo e fazer justiça por todos que foram feridos pela ganância e crueldade dele. Éramos muito opostos como a luz e a escuridão. O fogo e a água.
Por mais que estivesse com medo, sabia que seria forte o suficiente para acabar com a sua era de escuridão.
-
Bom dia. Posso ajudar? - O policial perguntou com uma expressão atenta. Segurei com força a bolsa em minhas mãos e respirei fundo.
Gostaria de fazer uma denúncia. - Falei num tom firme.