Finalizada em: 19/06/2021

#1 — ARE WE AWAKE?

Se null parasse para fazer uma lista contando suas noites favoritas, com certeza a primeira noite que passou com null ao chegar a Inglaterra entraria no topo da lista sem exceções.
Desembarcou em Londres, sendo recebida não somente pelo cantor, mas também pelos fãs que tinham o perseguido pelo aeroporto até o portão de desembarque e gritaram ao ver a americana chegar. Como ele veio sozinho, acabou precisando da ajuda da segurança do aeroporto para sair graças aos fotógrafos que insistiam em tumultuar.
A americana se surpreendeu ao descobrir que o britânico, além de dirigir, conhecia todos os cantos da cidade, que ele prometera que voltaria com mais calma para conhecer cada ponto turístico e visitar os museus de artes.
null concordou, entrelaçando seus dedos aos do cantor, que dirigia apenas com uma mão no volante, ouvindo um bom e velho Nirvana que tocava no aleatório do Spotify.
Chegando ao apartamento de null no último andar do prédio, null ficou encantada pela vista, mas também pela arquitetura de todo o lugar.
Ele explicava que derrubou as paredes para ter mais espaço ao lado da janela que tomava conta de toda a extensão de uma parede. Havia um piano elétrico, violão e uma guitarra com amplificador e a americana entendeu que era o lugar que ele passava compondo suas canções. Ao lado era a cozinha, null não deixou de reparar nos desenhos colados na porta da geladeira, eram bem coloridos e estampavam o rosto do cantor. O corredor ao lado levava à porta da dispensa e a lavanderia ao fundo.
Logo à frente da cozinha, um sofá de oito lugares cheio de almofadas com diversas estampas, o tapete preto e a mesa de centro de vidro toda organizada com notebook, fones de ouvido, carregador e, é claro, mais desenhos e vários lápis de cores. A televisão, presa por uma suspensão que vinha do teto para poder virá-la para o quarto, tinha a estante preta com o vídeo game e retratos de sua família e até mesmo fotos com jovens que provavelmente deveriam ser seus fãs. Atrás da televisão já era possível avistar sua cama toda arrumada com uma colcha branca. As roupas que mais usava ficavam em uma arara toda organizada.
Ele pediu para que ela não abrisse o closet, pois acabariam soterrados com as roupas que ele não dobrou. null riu, explorando uma porta que a levava ao banheiro com uma enorme banheira, era realmente diferente, mas aconchegante ao mesmo tempo.
Ao voltar para o quarto, null a surpreendeu lhe dando uma rosa antes de beijar seus lábios, a segurando pela mão. O cantor anunciou que tinha uma surpresa no andar de cima e abriu uma pequena porta ao lado da janela.
Ela estranhou não ter notado aquela porta, mas o seguiu, subindo a escada sem se aguentar de curiosidade.
Chegando ao terraço do prédio, o chão estava todo decorado com velas, fazendo um caminho até uma mesa posta com um jantar. Alguns balões pratas e pretos em formatos de coração decoravam ainda mais o ambiente.
— Isso é um plano para eu me apaixonar pela Inglaterra? — null perguntou, seguindo o cantor de mãos dadas até a mesa.
Ele puxou a cadeira para que ela se acomodasse, sentando em sua frente.
— Talvez. Por um acaso estaria dando certo? — devolveu a pergunta, passando a mão entre os cabelos, olhando Adam, o guitarrista de sua banda, se aproximar vestido todo de preto e com os cabelos para trás, segurando uma garrafa de vinho.
— Por favor, diga que está dando certo... — Adam pediu, abaixando em frente à americana para lhe servir o vinho e ela acabou caindo na gargalhada ao vê-lo todo arrumado.
— Oh, meu Deus, eu não posso acreditar nisso. — Escondeu a boca entre as mãos, rindo. — Quem é o chef na cozinha, o baterista?
— Não — null negou de imediato. — Foi eu que preparei a comida!
null, antes do guitarrista se afastar, o puxou pela camisa social, cochichando algo em seu ouvido.
— Aqui o número da emergência é 999 — Adam respondeu, rindo e olhando para o cantor.
— Não posso acreditar que está duvidando dos meus dotes culinários, null Blevins — null disse indignado, levando as mãos à cintura. — Eu gosto de cozinhar, sabia? Já cozinhei para banda toda.
— Eles não podem reclamar da sua comida e correr o risco de perder o emprego — null o provocou, levantando a taça para poderem brindar.
— Você é má, null. Mas proponho um brinde à nossa primeira noite juntos em Londres — null disse animado, brindando sua taça com a de null.
Eles brindaram e logo em seguida ele pediu ajuda ao guitarrista para servir a comida, o liberando para ir embora, pois conseguiria dar conta sozinho da sobremesa.
A americana perguntava sobre a história da Inglaterra e ele animadamente lhe explicava tudo o que era preciso saber, enquanto acabavam com toda a garrafa de vinho.
null pediu licença para buscar a sobremesa e voltou com um prato, o colocando ao centro da mesa e entregando a colher para null.
— Eu não posso acreditar. — null riu ao ver o prato. — Como você conseguiu fazer isso? — questionou o britânico.
— Hum... Pedi ajuda aos meus fãs no Twitter. — Ele apontou para o celular com a timeline aberta. — Posso tirar uma foto para mostrar que deu certo? — null apenas concordou e o cantor tirou uma foto, onde só apareciam suas mãos segurando as colheres e postou no seu Twitter. — Espero que o gosto esteja bom.
— Eu amo brigadeiro, null. Quando minha irmã brasileira fez isso para mim no primeiro final de semana que ficamos em casa maratonando séries, eu fiquei doida por isso — null contou, pegando um pouco do brigadeiro na colher e experimentando, constatando que estava bom e pegando mais, sendo muito bem observada por null, que sorria satisfeito com a reação da americana.
— Você me chamou como? — Ele arqueou a sobrancelha ao perguntar, deixando null um pouco sem graça e de bochechas vermelhas. — Repete, por favor.
— Eu te chamei de null — disse de maneira rápida novamente, enchendo a boca de brigadeiro e o cantor riu. — Por que está rindo? Não posso te chamar assim?
— Não... Quer dizer, sim. É claro que você pode me chamar assim... E que você é muito fofa. — null pegou em sua mão, a beijando com a boca suja de brigadeiro. — Você não imagina o quanto estou feliz de você estar aqui.
Ele se levantou, indo em sua direção. null levantou sua cabeça e ele segurou seu rosto apenas com uma mão, beijando seus lábios em um selinho demorado e a abraçou por trás enquanto ela o servia do doce, levando à sua boca e o sujando de propósito.
Ele não deixou por menos, pegando o doce com o dedo e passando em seu nariz antes de se afastar.
null lhe lançou um olhar desafiador, pegando mais do brigadeiro com o dedo, levantando-se rapidamente para lhe atacar quando o cantor se afastava rindo, mas não conseguiu ao sentir sua visão escurecer e seu corpo cair para trás, sentando-se novamente na cadeira.
null se aproximou, assustado, ajoelhando-se em frente à americana, a vendo piscar diversas vezes até sua visão voltar ao normal.
— O que aconteceu? — ele perguntou assustado, colocando a mão em seu rosto.
— Acho que a minha pressão caiu lá embaixo na rua. — Apontou para baixo, forçando um sorriso.
— Que susto, null. Primeiro você passa mal por ligação, no aeroporto antes de vir e agora sua pressão cai. Quer me matar do coração? — null pegou o indicador de null, lambendo o doce antes de se levantar, mas a americana ficou parada, olhando para frente ao refletir sobre o que ele havia lhe dito. — Você está bem mesmo, null? — perguntou novamente. — Não quer que eu te leve a algum médico? Sei lá....
— E-eu estou. — Forçou um sorriso, levantando-se com calma desta vez para a pressão não despencar novamente. — Mas todas as vezes que passei mal teve uma justificativa. O creme de amendoim realmente estava ruim, meu irmão passou mal também. E no aeroporto eu estava muito nervosa pra vir te ver — confessou, respirando fundo. — Agora foi só porque eu me levantei rápido. Nunca aconteceu isso com você? — O cantor concordou com a cabeça que já havia acontecido com ele. — Eu estou bem, null, não precisa se preocupar.
O cantor a observou por alguns segundos e sorriu, aproximando-se de seus lábios para um beijo que foi muito bem correspondido com a americana passando seus braços por cima de seus ombros. Ele a pegou em seu colo, encaixando as pernas em volta da sua cintura, a levando de volta para dentro.
A madrugada, quando chegaram ao quarto, fora bem agitada. Além do sexo, a conversa rendeu até o amanhecer. Eles não pareciam se cansar um do outro nunca, mas o fuso horário acabou deixando a americana sonolenta demais, deitando-se sobre o peito do cantor e adormecendo ao receber carinho em seus cabelos. null percebeu que a americana dormiu e sorriu satisfeito, aconchegando sua cabeça no travesseiro para dormir também.
O britânico foi o primeiro a acordar, olhou o relógio ao lado da cama, vendo que já passava da hora do almoço e espreguiçou-se, procurando null pela cama. Como de costume, ela estava agarrada de bruços a um travesseiro.
Ela usava apenas uma calcinha branca e seus cabelos jogados para o lado deixavam as costas livres. Ele se aproximou e delicadamente começou a beijar a extensão até chegar ao ombro da americana, que sorria com todo aquele carinho.
— Por quantos dias a gente dormiu? — null murmurou ao passar a mão pelos cabelos do britânico.
— Somente algumas horas — respondeu, mordendo o lóbulo da orelha da mulher, que resmungou em resposta. — O que acha de irmos almoçar?
— Temos que nos levantar e nos vestir para isso? — Virou-se, ficando de barriga para cima, olhando para null, que olhava para os seios da americana e levou um tapa. — Você ouviu o que eu disse?
— É claro que eu prestei atenção. — Revirou os olhos, voltando a deitar-se ao lado dela. — Temos que aproveitar o dia, você tem muito para conhecer.
— A gente pode fazer isso depois de um banho de banheira? — null sugeriu, mordendo os lábios.


#2 — I NEVER FOUND LOVE IN THE CITY

Era quase impossível segurar a risada.
De mãos dadas com null, null escondia o rosto em seu braço, olhando para a obra de arte em sua frente e tentando agir normalmente com alguns fotógrafos que os perseguiam. Eles tentavam parecer “discretos”, mas era possível ouvir os cliques das câmeras do outro lado do museu. Os fãs conseguiam disfarçar melhor, tentando uma foto levando o celular à orelha, fingindo estar em uma ligação, mas esquecendo do flash ligado.
O cantor atendeu todos atentamente antes de partirem para uma Starbucks.
Aquilo era clichê demais para null.
— Do que está rindo? — null perguntou, ao pegar o seu café.
— Estou em Londres, pela primeira vez na vida, sendo uma turista de carteirinha, só faltou a câmera pendurada no pescoço, de mãos dadas com um cantor famoso que todos dizem ser o meu namorado. Isso parece uma fanfic tirada do Wattpad — null comentou, rindo e comendo o donuts que ele havia comprado.
— E eu não sou seu namorado? — Arqueou a sobrancelha, a olhando.
— Não foi você que me disse para eu não me apaixonar pelo momento em L.A? — null rebateu de boca cheia. Ela tinha entendido perfeitamente a indireta e sabia que o relacionamento dos dois poderia ser passageiro.
null então percebeu que null não tinha entendido a referência que ele havia feito naquela noite.
— Oh, não. Você não entendeu? — null riu ao bebericar o seu café e a expressão perdida da americana já tirava sua dúvida. — The 1975, null.
— O que aconteceu em 1975? — perguntou, jogando o papel do donuts no lixo mais próximo.
— Meu Deus. — O cantor negou com a cabeça, pegando a americana pela mão e indo em direção a uma loja de instrumentos musicais que era muito conhecida naquela avenida.
Ele entrou chamando a atenção dos funcionários e clientes da loja, pediu ajuda a uma funcionária de cabelos rosas por um violão e ela os conduziu a uma parte nos fundos da loja, levando consigo os curiosos de plantão.
— Obrigado, querida. Posso tocá-lo? — perguntou, ao sentar-se no tapete da loja.
— Só se nós pudermos gravar — disse o gerente da loja com seu celular em mãos, cumprimentando naquele momento null, que concordava gentilmente com o seu pedido.
null sentou-se de frente para o cantor, no tapete, com as pernas cruzadas. Ele bebericou o seu café antes de voltar a afinar o violão, olhando para a americana, que não entendia o que estava acontecendo naquele momento.
— Senhoras e Senhores. Essa aqui é uma pessoa muito especial para mim, chamada null Blevins — ele disse em alto e bom tom para todos à sua volta, fazendo null arregalar os olhos e pegar o próprio coração em mãos, que quase pulou do seu peito. — Mas ela é americana e não conhece absolutamente nada que venha da Inglaterra — ele explicou e automaticamente todos a olharam de maneira estranha. — Ela não sabia nem o meu nome.
— Acho que a única banda britânica que ela conhece deve ser o McFLY — o gerente disse, apontando para um poster da banda colado na estante.
— Não — ela negou, apontando para ele. — Eu fui ao show do One Direction duas vezes. — Apontou para o poster da outra estante.
— Isso não nos surpreende — um funcionário com os cabelos alinhados para o lado disse, rindo ao lado da funcionária de cabelos rosas, que se segurava para não rir, pedindo desculpas à americana. — Se não conhecesse o One Direction, iríamos perguntar de qual outro planeta você veio.
— Eu podia jurar que ela conhecia essa música que eu vou tocar agora. — Ele começou a dedilhar algumas notas. — null, eu te dedico essa música da banda chamada The 1975, que você não conhece, mas agora vai conhecer.
null concordou com a cabeça, sorrindo para o cantor e a pequena plateia em sua frente. Ela estava um pouco sem graça com a quantidade de celulares apontados em sua direção, mas não se deixava intimidar, afinal tudo que importava era null, ou naquele momento, null.
A big town — null começou a cantar, o seu tom mudava e ele prestava bastante atenção nas notas e também na letra. — Synthetic apparitions of not being lonely. Look! He’s having a breakdown oh what a let down, a shame, I think he might die! — A música era animada e rápida, isso fazia com que ele a interpretasse.
A pequena plateia entendeu perfeitamente por que null queria dedicar aquela música à sua amada.
— She’s dancing enthralling, I guess I gotta wait my turn.
Nesta parte, null conseguia ter um nítido flashback em sua mente da house party que foram em L.A, onde o cantor lhe encarava com os olhos brilhando do outro lado da sala, fazendo o seu coração bater mais rápido.
I said, don’t fall in love with the moment, she said I’ve a lot to learn.
A americana riu com as mãos sobre a boca, lembrando do exato momento em que null disse a ela que poderia fazer tudo o que quisesse, só não poderia se apaixonar pelo momento, ela não tinha medo do que poderia acontecer e disse a que ele que tinha muito a aprender.
You know I’m love with this city, but the green is turning brown and I just look pathetic now…
Quando saíram do local do show com toda a equipe do cantor dentro de uma van, a caminho do apartamento, null olhava para as luzes da cidade, que pareciam estar mais vibrantes junto a quantidade de álcool que ela tinha ingerido antes de deixar o camarim do cantor, na tentativa de conseguir vencer a timidez. Ele a observava e perguntou qual o motivo da empolgação.
E ela respondeu que era apaixonada por aquela cidade e eles acabaram dividindo um baseado pelo caminho.
If she likes it cause we just don’t eat and we’re so intelligent, she’s american, if she says I’ve got to fix my teeth. — Ele passou a língua pelos dentes, ficando vesgo e fazendo-a rir. — Then she’s so american.
A loja de instrumentos ao decorrer da música ia atraindo mais clientes entre os corredores que vinham em direção ao pessoal, sendo induzidos por aquela voz aguda que lhes chamava a atenção.
No andar de cima, onde ficavam os discos, todos estavam próximas às grades para olhar o cantor e algumas fãs surtadas pulavam animadas.
She’s inducing sleep to avoid pain. — Ele fez uma careta e null também. Ela tinha essa mania de se entupir de analgésicos para se livrar de uma leve dor de cabeça que seja e, em muitas vezes, não só em L.A, o cantor já ralhou para que ela parasse com essa mania. — She calls on the phone like the old days.
Era uma missão impossível fazer com que null respondesse alguém no WhatsApp, por viver tanto tempo longe dos amigos, ela preferia mil vezes falar por ligação e chamadas de vídeo do que gastar seu tempo respondendo mensagens que ela dizia serem superficiais e sem sentimentos.
Expecting the world. — Não era nem preciso dizer que aquela frase refletia sobre a conversa deles no parque em frente a NYU. — Don’t fall in love with the moment and think you’re in love with girl. — Nessa parte, todos em volta já cantavam com null entonando mais ainda o que ele queria dizer.
Ao terminar de cantar a música, null recebeu uma salva de palmas, mas a sua atenção foi toda voltada à americana, no quão permaneceu ajoelhado em sua frente, segurando seu rosto entre as mãos da forma como gostava de fazer, olhando fixamente em seus olhos.
Ele não queria que sua declaração tomasse aquelas proporções, mas não podia voltar mais atrás.
— Acho que estou apaixonado por uma americana — murmurou contra seus lábios, a fazendo sorrir mostrando os dentes. — E isso não é um problema para mim. É um problema para você? Se apaixonar por um britânico?
null, sou obrigada a te informar que infelizmente eu não me apaixonei pela Inglaterra — ela negava, segurando as mãos do rapaz que estavam em seu rosto, fazendo a expressão do cantor desmanchar-se sem ao menos ela conseguir concluir a sua frase. — Eu me apaixonei somente e exclusivamente por você.
null estava confuso, porém feliz, e a americana não perdeu tempo em o puxar pela gola da jaqueta para selar seus lábios contra os dele.


#3 — I JUST SAT IN SELF-PITY AND CRIED IN THE CAR

“O cantor null assumiu publicamente o seu relacionamento com a estudante null Blevins nesta terça feira, no fim da tarde, com direito a uma declaração com plateia.”

“Assumidos. null assume relacionamento com null Blevins, a americana que conheceu em seu primeiro show da turnê que passava pelo Estados Unidos.”

“Assista agora o vídeo em que null se declara à sua nova namorada.”


null escolhe música de The 1975 para se declarar à namorada nesta tarde. Veja o vídeo!”



Bex andava pelos corredores de NYU apertando o celular com força entre suas mãos e com os olhos ardendo pelas lágrimas que estavam prestes a cair. Ela não podia acreditar nas notícias que estavam diante de seus olhos.

null realmente a tinha deixado e ido embora para a Inglaterra atrás de null.

Sentiu-se tola ao pensar que null estaria no apartamento de seus pais, pensando melhor no que iria fazer da sua vida. Talvez sua mãe lhe ajudasse a escolher o curso que mais se encaixava, ou seu pai lhe daria um conselho que a faria voltar e conversar com a amiga e tudo entrar nos eixos novamente.
Mas, ao ver as matérias, Bex empurrou a porta principal da faculdade com tudo, que acabou batendo em um jovem do lado de fora, arremessando seus livros, que foram parar na calçada. Ela arregalou os olhos, esperando a pior reação possível do rapaz.
— Você está bem? — ele perguntou a ela, que estranhou a pergunta.
— O quê? Não, sou eu que tenho que perguntar se você está bem! — rebateu, guardando o celular no bolso da calça, descendo as escadas, começando a recolher os livros. — Eu te machuquei?
— Não precisa recolher, eu dou conta sozinho... — ele tentou argumentar, mas Bex se levantou com os quatro livros em mãos, lhe entregando. O rapaz sorriu sem graça. — Obrigado... E eu estou bem.
— Desculpe. Eu estava avoada mexendo no celular e acabei...
— Não precisa se justificar. Eu aceito suas desculpas. — Ele sorriu, a deixando sem graça. — A propósito, me chamo Dexter e você? — Ele estendeu a mão em sua direção.
— Não acredito. — Ela riu da coincidência ao aceitar o aperto de mão. — Eu me chamo Bexley.
— Quanta coincidência, não? — ele disse, concordando com ela. — Você estuda aqui?
— Bom, eu vou começar daqui há alguns dias, estou terminando de acertar alguns documentos — Bex contou.
— É bem desafiador começar com a matéria em andamento. Por que resolveu começar agora, estava fazendo outro curso e viu que não era aquilo que você queria? — Dexter perguntou de maneira curiosa, passando a mão entre os cabelos.
Dexter já era um veterano, então viu a oportunidade perfeita em Bexley para fazer ciúmes em sua ex-namorada. E pela forma que ela o tratou, ele tinha certeza de que era fácil.
— Eu estava fazendo intercâmbio na Inglaterra — Bex disse, fazendo uma careta. — Voltei há algumas semanas e fiz uma entrevista e passei. Não vejo problemas em pegar o bonde andando, eu me viro. — Deu de ombros.
Dexter odiava a turma dos intercambistas que só falavam sobre suas viagens e teve que se segurar para não revirar os olhos ou debochar.
— Isso é incrível — mentiu. — Eu nunca fiz intercâmbio, mas tenho muita vontade!
— É o que eu mais faço desde o colegial com uma... — Bex começou a dizer empolgada, mas logo parou de falar ao perceber que estava envolvendo null em sua conversa.
— Com quem? — Dexter a incentivou a dizer.
— Com ninguém — ela disse incomodada. — Olha, Dexter, foi um prazer te conhecer. Peço novamente desculpas pelo pequeno acidente, mas eu preciso ir. — Bex não esperou por uma resposta, apenas virou-se para trás, seguindo pela calçada e andando até a outra quadra onde seu carro estava estacionado.
Ao entrar no carro, deixando no banco do passageiro seus documentos e bolsa, tratou de pegar o celular e o conectar ao carro para conversar com seu irmão, Max, e perguntar se ele já tinha visto as matérias.
Ele atendeu no segundo toque, já falando sobre o assunto e seguiram o caminho todo até o apartamento. Bexley segurava as lágrimas, sentindo-se abandonada pela amiga por causa de um relacionamento.
Max ajudava como podia sua irmã a não ficar tão magoada. Ele não podia dar razão para a irmã, que ia contra os desejos e sonhos de null, pois ele a entendia perfeitamente.
Chegando ao apartamento, desligou a ligação com seu irmão e, antes de descer do carro, deixou que as lágrimas corressem livremente pelo seu rosto.


#4 — I’LL QUOTE “ON THE ROAD”

UM MÊS DEPOIS


Após um mês viajando por todas as cidades do interior da Inglaterra e a Irlanda, a turnê de null chegou ao fim. E para a sorte de null, eles viajariam de volta aos Estados Unidos, já que o cantor entraria em estúdio para compor o novo álbum.
Ao desembarcarem, seguiram para o apartamento do cantor com todos da banda para uma pequena confraternização no terraço.
Todos estavam distraídos, comendo e bebendo champanhe. Foi a hora perfeita em que null fez um sinal para a baixista da banda, indicando que iria descer.
null seguiu até o banheiro do quarto do cantor em silêncio e deixou a porta entreaberta, enquanto batia seus dedos contra o mármore da pia, olhando o seu reflexo no banheiro. Seus peitos estavam inchados e algumas espinhas insistiam em sair pelo seu rosto, o que a deixava nervosa somente em ponderar...
— Aqui está! — null tomou um susto ao perceber a mão da baixista para dentro da porta do banheiro, lhe entregando um teste de gravidez. — Desculpe, não foi minha intenção.
— Só estou um pouco avoada... Você acha que pode ser somente uma paranoia da minha cabeça? — a questionou, engolindo a seco. Ela mordeu os lábios, sendo sincera ao negar com a cabeça.
— Pra isso que você vai fazer o teste — a incentivou. — Quer que eu te espere aqui?
— Não precisa. Muito obrigado — null agradeceu o teste, fechando a porta e se certificando de que estava trancada. — Vamos lá, null, você consegue fazer isso. — Respirou fundo. — Já fez isso uma vez no Brasil, lembra? — começou a conversar consigo mesmo enquanto abria a embalagem, a picando em diversos pedaços para jogar no lixo e ninguém descobrir sobre o teste. — Seja o que Deus quiser.
null fez o teste e esperou alguns minutos, andando de maneira nervosa pelo banheiro. A vontade de ligar para o seu pai era gigante. Era aquele era o novo sentido que ele estava lhe dizendo antes de ir embora? Acordou de seus desvaneios, pegando o teste em suas mãos e sentindo o seu coração gelar com o resultado.
Pegou o celular no bolso da calça, tirando uma foto do resultado antes de embrulhá-lo em um pedaço de papel. Voltaria ao terraço, entregando à sua nova amiga para que desse um fim no teste.
null, onde você estava? Te procurei em toda parte — null perguntou, ao pegar em sua mão, beijando a palma antes de colocar em seu próprio rosto. Seus olhos estavam avermelhados e tinha uma garrafa de cerveja na outra mão.
— Acabei descendo para descansar um pouco — null disse, acariciando o seu rosto. — Estou com um pouco de dor de cabeça e cansada. — Fez bico ao se aproximar e beijar os lábios do cantor com gosto de cerveja.
— Logo todos já estão indo embora. Amanhã viajamos cedo para L.A — ele comentou, terminando a sua cerveja e colocando-a sobre a mesa onde os companheiros jogavam cartas. — Você está bem?
— Estou bem, null — null o tranquilizou. — Apenas não estou muito acostumada com a sua rotina. Estávamos na Irlanda agora pouco e já vamos partir para os Estados Unidos.
— Pensei que gostasse de viajar. — null arqueou a sobrancelha. — Está rolando alguma coisa que queira me contar, null?
— Briguei com o meu pai — mentiu na tentativa de disfarçar. — Desculpe por isso. — Abaixou a cabeça, desviando o olhar, não conseguia mentir olhando em seus olhos. — Nós estávamos conversando e ele me disse essa merda e eu acabei jogando em cima de você, desculpa por isso.
— Oh, Deus. Ele ainda quer que você vá para a faculdade? — perguntou, puxando null para uma parte do terraço, se afastando dos demais. null apenas concordou com a cabeça, tentando não prolongar o assunto. — Ele ainda não entendeu que o seu lugar é comigo?
— Como assim? — null perguntou de maneira confusa, voltando a encará-lo.
— Blevins... Eu não sei como te dizer isso, talvez você não queira levar a sério porque estou levemente alterado. — Juntou os dedos para dizer que estava um “pouco” alterado, a fazendo rir. — Mas, mesmo assim, eu vou dizer, foda-se. — Tomou fôlego, segurando-a pelo rosto como costumava a fazer. — Eu quero que você viaje junto comigo para todos os lugares que eu for, quero explorar cada parte por onde eu passar levando a minha música junto a você.
null, é melhor a gente deixar essa conversa para outra hora...
— Eu quero que você seja livre, mas também a quero do meu lado, null.
— Não se preocupe — tentou acalmá-lo. — Eu me sinto livre mesmo estando você.
— Então você aceita? — ele perguntou com os olhos brilhando. — Aceita ficar comigo para sempre?
— Você me ama, null? — Foi a vez de null segurar o seu rosto entre as mãos igual ele estava fazendo, olhando no fundo dos seus olhos para aquela pergunta.
— Eu te amo, null, não tenha nunca dúvidas sobre isso, por favor.
— Você vai me amar amanhã? — null questionou novamente e ele concordou com a cabeça, selando seus lábios em um beijo calmo.
Já se passavam das três da manhã, quando todos foram embora, deixando o casal finalmente a sós.
null já tinha tomado um banho e colocado o seu pijama, que era um moletom bem quente de null e o esperava sair do banho, procurando algo para assistir de bom no Netflix.
O cantor não demorou para se juntar à americana, vestindo apenas cuecas e meias para se deitar embaixo das cobertas. Ela o questionou sobre o frio e ele disse que a temperatura estava levemente agradável, a fazendo revirar os olhos, pois estava se tremendo toda por conta da baixa temperatura.
null então a segurou pela cintura, aproximando seus corpos para dormir de conchinha, deixando sua mão quente em cima da barriga da americana, que desceu seus olhos, observando aquela cena e entrelaçou seus dedos, não demorando muito tempo para adormecer.
Pela manhã, tudo aconteceu tão rápido, pois estavam com o horário apertado por causa do voo. null só teve tempo de colocar uma calça e prender os cabelos em uma trança, fechando sua mala e partindo para o aeroporto, onde foram barrados na porta por conta de estarem sem máscaras.
Ficaram surpresos pela notícia e logo conseguiram máscaras descartáveis para poderem embarcar.
Dentro do avião, todos estavam acomodados na primeira classe e a viagem duraria um pouco mais de onze horas. null novamente aconchegou null sem seus braços, lembrando-se de uma conversa horas antes.
— Sabe o que eu acabei de lembrar? — ele perguntou, chamando sua atenção.
null levantou-se do peito do cantor, o olhando ao murmurar um “o quê?” bem baixo.
— Você me perguntou se eu te amaria hoje. E a resposta é “sim”, eu continuo apaixonado por você. — null sorriu ao perceber que ele se lembrava da conversa que tiveram ontem quando ele ainda estava bêbado e sorriu, selando seus lábios antes de voltar a se deitar sobre seu peito.
O casal conseguiu assistir algumas séries curtinhas e mais uns dois filmes antes de pegar no sono e só acordaram em L.A com Gavin, o agente do cantor, os chamando para desembarcarem. Ele avisou null sobre o grupo de fãs que o esperava e ele saiu todo empolgado, deixando null para trás, mas, antes mesmo de descer do avião, voltou, pegando em sua mão para que descessem juntos.
— Estou empolgado para vê-los — disse, ajeitando a máscara sobre o nariz.
— Tem que tomar cuidado — null o alertou. — Já teve alguns casos da doença por aqui.
— Essa doença é uma droga, me afasta das pessoas que mais amo — null reclamou, revirando os olhos, chateado com a situação.
Quando os portões do desembarque se abriram, os flashes foram constantes em sua direção. Os fotógrafos acompanhavam a chegada da banda no país e pediam para que null, que estava de cabeça baixa, olhasse para as câmeras, na intenção de uma foto boa.
O cantor soltou a mão da americana, indo em direção à grade de segurança, dando alguns autógrafos e tirando fotos. Gavin a guiou com a mão em seu ombro para que ela seguisse para o carro com os demais da equipe.
A equipe chegou à van, abrindo a porta para que null entrasse primeiro, enquanto guardavam malas e equipamentos no porta-malas. Ela aproveitou o momento sozinha para fazer uma ligação.
— Oi, querida, quanto tempo! — Seu pai atendeu depois de alguns toques. Ele estava com o celular por perto na cozinha, onde preparava um prato especial para sua mulher e via a receita na internet.
— Adivinha quem está de volta — ela anunciou, o vendo comemorar do outro lado da linha.
Chegou a NY? — ele perguntou, chamando sua esposa, sinalizando com a mão e mudando a ligação para uma vídeo chamada. null respirou fundo, tirando a máscara e levantando o celular para filmar o seu rosto.
— Não necessariamente. Pousamos em L.A. — null contou, sorrindo timidamente. — null vai entrar em estúdio para gravar o seu novo álbum, mas quando tiver uma folga, vamos para...
Você está livre, null — a mãe dela respondeu, pegando o celular da bancada e se filmando. — Você só não vem para casa porque não quer acordar desse conto de fadas que está tomando o seu tempo.
null engoliu a seco, sentindo uma sensação ruim tomar conta do seu peito ao ver a mulher que deveria amar, mas odiava por conta de nunca apoiar seus sonhos diante de seus olhos.
— Não sabia que estava ocupado, papai. Eu te ligo depois para conversarmos a sós.
Não adianta viver fugindo de mim, null. Queira ou não, eu sou sua mãe e me deve respeito. Afinal, o cartão de crédito com o qual você paga suas viagens não é do seu pai, é meu — a mulher a atacou e, mesmo com a pouca luz, conseguia olhar o rosto da filha. — O que está acontecendo com o seu rosto? Voltou à adolescência, está com espinhas. — Ela só servia para fazer críticas.
Neste mesmo momento, null entrou na van com a adrenalina nos ares por ter corrido dos fãs quando, mesmo depois de atendê-los, ainda não o deixaram ir embora. Ele saiu correndo pelo aeroporto, pulando para dentro da van, localizou null no penúltimo banco e a viu conversar com alguém por vídeo chamada. Só pela sua expressão, sabia de quem se tratava.
Devolva o meu celular. — Christian pegou o celular da mão da esposa. — null, é melhor conversamos com calma mais tarde, tudo bem, querida? Me desculpe por isso.
— Diga à sua mulher para bloquear o cartão de crédito. Eu não irei usar mais um centavo que venha dela — null disse entredentes e com os olhos cheios de lágrimas.
E vai se sustentar como? — Sua mãe avançou para tentar pegar o celular, rindo ironicamente. — Acha mesmo que consegue sobreviver sem a minha ajuda? Só se for muito esperta e dar o golpe da barriga e aproveitar a fama desse cantorzinho de merda que a Bex me contou que você está envolvida.
null, antes de se sentar, acendeu a luz da van, pegando o celular de null de suas mãos e apontando para o seu rosto, sorrindo ao mostrar todos os dentes para a câmera.
— Olá, Sr. e Sra. Blevins, tudo bem com vocês? — Ele não esperou resposta, atraindo a atenção dos mais velhos. — Eu vou bem também, muito obrigado por perguntar — respondeu a própria pergunta com um sorriso nos lábios, de maneira que fazia o sangue da mulher mais velha do outro lado da tela borbulhar. — Como vai o meu relacionamento com a null? Ele vai muito bem, ela é uma garota incrível e não precisa aguentar certos desaforos que a levam para baixo e tiram o sorriso lindo de seus lábios. Pode cancelar o seu cartão, Sra. Blevins, ela não precisa da sua grana. Posso dar a ela tudo que ela quiser agora mesmo. null não precisa estar grávida para isso e se, a propósito, ela estivesse, Sr. Blevins, eu seria o rockstar mais feliz desse mundo. — null olhou para a equipe que já estava toda na van o olhando falar no celular. — Bom, agora eu tenho que ir, o dever me chama. Amo vocês e mal posso esperar para um jantar em família. — Ele mandou um beijo para a câmera antes de desligar a ligação, sentando-se ao lado de null e devolvendo, o deixando sobre seu colo. — Não fique brava comigo.
— Não estou brava com você, null — null murmurou, encostando sua cabeça contra o vidro da van, odiava aquela sensação.
— Ei, vem aqui, Blevins — ele disse, a puxando pela mão, a trazendo para perto de seu corpo. — Não suporto ver você triste desse jeito. Perdão se acabei passando dos limites.
— Eu odeio minha mãe, odeio o que ela faz comigo e a maneira que eu me sinto em relação a ela — null confessou, dizendo no ouvido do britânico, que a abraçou, colocando a cabeça em seu peito.
null... — null não sabia o que responder, mas rapidamente pensou em uma solução para vê-la bem. — Pessoal, o que acham de irmos comer alguns hambúrgueres?
Só de ouvir a palavra “hambúrguer” o estômago de null deu um loop. Ela estava morta de fome e para sua sorte todos concordaram, indo rumo à lanchonete mais próxima.


#5 — FINDING A GIRL WHO IS EQUALLY PRETTY WON’T BE HARD

NY


Dexter andava de mãos dadas pelo corredor, puxando Bexley para que andasse mais rápido, o acompanhando até a roda de seus amigos. Ela era um troféu que ele precisava exibir aos demais.
Estavam juntos desde o início das aulas da caloura e sua ex-namorada parecia não levar a sério o seu novo relacionamento, o achando falso e para chamar atenção.
Isso o deixava enfurecido e ele acabava descontando em quem? Isso mesmo.
Bexley, por outro lado, acreditava que o rapaz tinha acabado de sair de um conto de fadas. Era romântico e sensível por ter demonstrado todos os seus pontos fracos em uma segunda conversa na primeira festa da faculdade que foi acompanhada de Max.
Desde então, Dexter ocupava um espaço na cama de Bexley em quase todas as noites da semana, ele parecia estar confortável demais no apartamento da garota para quem vivia dividindo um quarto com um colega asqueroso como ele mesmo descrevia.
Carente e sozinha após a partida de null, alugar o quarto para uma estudante de sua sala totalmente politicamente correta foi sua única opção. A garota fechada e do interior odiava Dexter e evitava conversar com Bexley quando ele estava perto. Ela o julgava por suas atitudes um tanto quanto agressivas e assuntos machistas.
— Dexter, está me machucando — Bexley reclamou, soltando o pulso da mão do rapaz.
— Você reclama de tudo também, eu hein — Dex rebateu, revirando os olhos. — Vamos logo, estou com pressa.
— Não — Bexley negou, parando de andar. — Eu não vou com você, estou indo assistir minha aula.
Dexter sentiu o sangue ferver por estar sendo contrariado, ainda mais por uma caloura!
— Que seja, Bexley. Só não venha chorando para cima de mim quando eu te largar sozinha. — Deu de ombros, sabendo que aquilo faria com que a mulher mudasse de ideia.
— Você está sendo ridículo.
— Tem tantas no meu pé querendo uma chance.
Bexley sentiu a garganta fechar e a vontade de chorar logo a atingiu.
Não queria ser abandonada novamente, então abraçou o próprio corpo, engolindo o choro e andando em passos rápidos e de cabeça baixa atrás do rapaz, que sorriu sem mostrar os dentes ao perceber que ela o seguia.


#6 — YOU SMASHED A GLASS INTO PIECES

DUAS SEMANAS DEPOIS


Quando você pretende contar ao seu namorado? — o pai de null perguntou do outro lado da linha, após receber uma foto da filha por mensagem. — Eu estou um pouco em choque com a notícia, filha, mas fico feliz que venha me contar antes de sair em todo canto na internet.
— Eu ainda não sei — null disse, secando as lagrimas. — Ele está focado no novo álbum, faz semanas que dorme no estúdio... Se é que ele tem dormido — ponderou preocupada com o cantor.
Desde que null chegou a L.A, na primeira noite passaram juntos após a ida à lanchonete, andavam pelo píer de Santa Monica, conversando sobre suas composições e assistiram o Sol nascer sentados na areia da praia. Se acomodaram em uma casa do Airbnb algumas quadras perto da praia e dormiram agarrados antes de Adam o levar para o estúdio, onde ele estava desde então.
Fique tranquila, tudo vai acabar bem — Christian tranquilizou a filha.
— Eu tenho medo de acabar tirando o foco dele do trabalho, não sei... — null fez bico, incerta do que deveria fazer.
Você vai saber quando for a hora — Christian disse suas sábias palavras. — Lembra que antes de partir eu disse que tudo começaria a fazer sentido uma hora? Pois bem, você está no caminho certo.
— Obrigada pelo apoio, papai. — null sorriu, olhando para o homem do outro lado da tela, mas o barulho do portão chamou a sua atenção, pegando o celular, saindo da cozinha e andando até a sala para ver do que se tratava. null entrou, batendo a porta com os olhos cheios de lágrimas e seguiu correndo para o segundo andar em direção ao quarto. — Hãn... Eu vou precisar desligar, te ligo depois, está bem?
Está tudo bem por aí? — ele perguntou, arqueando a sobrancelha, após ouvir o estrondo da porta.
— É o que vou descobrir. Até mais. — Desligou o celular, o colocando no bolso da calça. Fechou a porta da sala, constatando que não tinha mais ninguém lá fora e subindo as escadas atrás do cantor. — null, cadê você? O que houve? — perguntou, ao entrar no quarto e ver um vidro vazio de perfume quebrado no chão. Ela desviou dos cacos de vidro, aproximando-se da porta do banheiro e constatando que estava fechada. — null, você está me assustando. O que está acontecendo?
— Eu quero ficar sozinho, Blevins, por favor — null gritou do lado de dentro do cômodo. Pelo tom da sua voz, null sabia que tinha algo de errado acontecendo com ele e forçou a maçaneta mais uma vez, na tentativa de entrar.
— Me deixa entrar, null. Seja lá o que for, eu não vou te deixar passar por isso sozinho — null disse assustada em não saber o que estava o deixando triste. — Deixa eu entrar, null. — Ela bateu na porta mais uma vez.
null olhava seu reflexo em frente ao espelho, descendo os olhos para o chão, constatando que null ainda estava do outro lado da porta. Respirou fundo, na tentativa de acalmar-se, se aproximou da porta, a abrindo e sendo agarrado por null, que o levou para o quarto, em direção à cama.
Ele deixou ser guiado pela americana, que segurou em seu rosto, fazendo com que ele olhasse no fundo de seus olhos.
— O que aconteceu? — ela perguntou aflita e ele se sentiu culpado por tê-la assustado e a feito chorar.
— O estado de saúde da minha vó piorou — ele comentou em baixo tom, sentindo as lágrimas voltarem a marejar seus olhos. — O câncer está tomando conta de todo o seu corpo e ela não vai resistir por muito tempo. — null o abraçou com toda a força, na intenção de confortá-lo. — Ela pode partir a qualquer momento.
— Eu sinto muito, null, muito mesmo — null disse em seu ouvido. null a puxou pela perna para que subisse em seu colo e foi o que ela fez.
— Não vou poder voltar a Inglaterra e estar junto com a minha família em um momento tão difícil como esse... Você viu as notícias?
— Eu vi...
— Estamos presos em Venice. Hoje foi o nosso último dia de estúdio, temos que ficar de quarentena pelas próximas semanas. — A abraçou novamente, tentando livrar-se daquela dor em seu peito. Era uma sensação horrível saber que estava prestes a perder uma pessoa tão importante em sua vida e não poder fazer nada. — Sem contar que o álbum vai atrasar se não podemos trabalhar nele.
— Por que não fala para eles passarem as próximas semanas aqui de quarentena com a gente? Tem dois quartos vazios neste Airbnb. — null passou a mão entre os cabelos do cantor, que agora tinham mechas de um lado só nas cores roxa, azul e rosa; ele estava lindo como sempre.
— Não vai te incomodar? — perguntou, passando a mão em seu rosto.
— Eu que deveria perguntar se vou estar incomodando vocês — rebateu, rindo para descontrair o clima.
— O álbum está quase pronto, as músicas estão prontas, só estávamos resolvendo mesmo um ponto ou outro — contou para a americana, que concordou com a cabeça. — Mas vou mandar uma mensagem para os rapazes daqui a pouco para ver se eles topam a ideia.
null selou seus lábios e null deitou o corpo para trás na cama com a americana por cima.
— Promete para mim que da próxima vez que algo te deixar triste você vai me contar? Eu quero poder te ajudar a se sentir bem da mesma forma que você faz quando é comigo — null disse, olhando em seus olhos, perdendo-se naquele brilho que os olhos do britânico exalavam. — Eu te amo, null. Ver você entrando por aquela porta sem saber o que estava acontecendo me assustou muito, parecia que tinha uma faca fincada no meu peito. — Ela se equilibrava, apoiando-se com uma mão no colchão.
— Me desculpa, não foi a intenção te assustar... É que é complicado. Minha vó está no hospital, minha irmã está prestes a fazer aniversario e eu estou do outro lado do oceano e não posso cumprir a promessa que fiz aos meus familiares “não importa onde eu esteja, quando alguém me ligar, eu volto para casa na mesma hora” eu não posso fazer isso. É difícil. Sinto saudades da minha família, null.
Naquele momento, null sentiu que fosse o certo para falar o que tinha em mente e tomou fôlego, sentindo o coração acelerar.
— É assustador. Minha mãe está em casa. Meu pai está em casa junto às minhas irmãs. Estão todos do outro lado do mundo. Se alguma coisa acontecer comigo ou com elas, ficaremos separados por muitos quilômetros de distância — null continuou desabafando e null achou melhor deixar para uma outra hora, apenas o abraçou, colocando a cabeça na curva de seu pescoço e ouviu tudo que ele estava colocando para fora. — Minha vó ela era bem irlandesa, sabe? Falava com um sotaque mais carregado que o meu. “Foi um menino levado? Causou problemas, foi?” — ele imitou a vó e seu sotaque, fazendo null rir. — Vou sentir muita falta dela, mas ela vai me olhar lá de cima, huh?
— Com certeza ela vai continuar cuidando do neto levado dela — null concordou, beijando o seu rosto. — O que acha de dormimos um pouco? Você está com umas olheiras terríveis. — Tocou levemente com o dedo indicador embaixo dos olhos do cantor. — Quanto tempo você está sem dormir?
— Estou sem dormir há 84 anos — fez uma referência a Titanic, rindo. — Muito tempo, Blevins. Estava tomando bastante café e energético para me manter acordado e cochilava pouco.
null levantou-se do colo de null, ficando sentada, puxando o moletom branco e preto que ele usava e ele a ajudou a se livrar da peça de roupa.
Ela beijou toda a extensão do seu corpo até a barra de sua calça, ficando em pé em sua frente e desabotoando o seu cinto enquanto o cantor tirava os sapatos. Quando estava apenas de cueca, ajeitou-se na cama com a cabeça no travesseiro e null jogava a calça que usava dentro da mala, indo para cama apenas de camiseta preta que usaria como pijama, aconchegando-se nos braços do cantor, que não demorou muito tempo para relaxar e pegar no sono.
Pela manhã, quando null acordou, o cantor já não estava mais ao seu lado e a americana podia ouvir a movimentação no andar de baixo. Espreguiçou-se ao constatar que os amigos de null tinham chegado.
Tomou um banho, prendendo os cabelos no alto da cabeça, escovou os dentes apenas de toalha, sem coragem de olhar seu reflexo no espelho. Saiu vestindo suas roupas íntimas e puxou um moletom da mala de null para usar junto a um shorts jeans. Percebeu que o cantor havia limpado os cacos de vidro do perfume que ele quebrou e deu um meio sorriso ao perceber que ele sinalizava o chão com um papel para que a americana não pisasse descalça podendo ter algum pedaço de vidro que passou despercebido. Ela andou pelo corredor, vendo as portas dos outros dois quartos abertas. Um tinha uma mala e instrumentos musicais, outro uma mochila e material fotográfico.
Desceu as escadas e percebeu a mudança do sofá para um outro lado da sala, aumentando o seu espaço do cômodo e notou a presença de um teclado e um violão sobre o tapete. A mesa, que antes era de jantar, havia se tornado o escritório de Gavin, o agente de null e o fotógrafo Tom, que provavelmente estava editando algumas fotos concentrado na tela do notebook. Sorriu aos cumprimentar com um aceno, passando para a cozinha, onde encontrou o britânico filmando Adam na cozinha temperando alguns bifes.
— E aqui está o motivo do meu coração bater mais rápido — null disse, ao virar a câmera em direção a null, estendendo a mão para que ela segurasse e assim ela fez, sendo puxada para mais perto, recebendo um carinhoso beijo na testa que foi filmado. — Dormiu bem? — ele perguntou, a olhando e null concordou com a cabeça, beijando seus lábios. — Ótimo. Deixa-me te contar. — A puxou, levando para a sala. — Estamos oficialmente de quarentena. Vamos passar quatro ou seis semanas juntos e decidimos gravar uma série para o meu canal no Youtube que se chama “Stay Home With Me”. — Apontou para ele mesmo, a fazendo rir. — Então tenho que te informar que você está presa comigo, com o Adam, Gavin e Tom pelas próximas semanas.
— Oh, meu Deus, eu vou enlouquecer — null brincou, olhando para os demais sentados na mesa.
— Se você mesmo assim me amar depois dessas semanas, vamos nos casar quando a capela de Las Vegas abrir — null brincou, gravando o rosto da americana, que sorriu, concordando com a cabeça que se casaria com ele.


#7 — AND YOU WERE COMING ACROSS AS CLEVER

NY


A colega de faculdade à qual Bexley tinha alugado o antigo quarto de null passou pela sala, levando suas malas para a porta, o que fez a garota correr com a boca cheia para ver o que estava acontecendo ali.
— Aonde pensa que vai? — Bexley perguntou, após terminar de mastigar. — Estamos de quarentena, você não pode sair.
— Essa quarentena não vai acabar tão cedo, Bex, estou voltando para o interior — constatou a jovem, triste pela volta para casa. — Não posso ficar gastando uma grana aqui em New York, sendo que meus pais estão em casa sem previsão de quando voltam a trabalhar...
— Não pode me deixar sozinha. — Bexley não deixou que ela terminasse de falar. — Eu não ligo para grana, não precisa pagar o apartamento. Fique aqui, precisamos uma da outra para estudar a matéria.
A jovem do interior então puxou Bexley pelo braço, a levando até a área da lavanderia.
— Você não está querendo que eu fique para o meu bem, nem somos tão amigas assim — ela mandou na lata. — Você está com medo de ficar presa com ele durante todo esse tempo. Por que simplesmente não o manda embora? — Foi automático. Os olhos de Bexley encherem-se de lágrimas com as palavras da colega.
— Eu... Eu... — Bexley gaguejou, sentindo o ar faltar em seus pulmões, a típica sensação de quem não conseguia nem ao menos pensar em ficar sozinha durante todo esse tempo. — Eu não consigo, ele terminaria comigo.
— Ele terminaria o que exatamente? — rebateu, mantendo a postura e o pensamento sem se importar em abalá-la. — Ele mesmo diz que vocês não têm um relacionamento sério nem nada.
Dexter já tinha acordado e percebido a movimentação fora do quarto de Bexley. Ele viu a jovem caipira a levando para fora de sua visão quando ele se dirigiu ao banheiro do corredor e não se importou em deixar as duas conversando enquanto fazia suas necessidades, estava acostumado a ser mal interpretado pelas amigas de suas acompanhantes, elas sempre sacavam sua jogada primeiro, mas ele não parecia se importar com isso. Saiu do banheiro, ajeitando os cabelos no espelho e seguiu para a cozinha, onde pôde ver pela porta de vidro as amigas conversando na lavanderia. Bex estava vermelha e aquilo constatava que ela estava prestes a chorar. Ele revirou os olhos com tanto drama, servindo-se de café.
— Mas eu o considero como um namorado... — murmurou ainda insistente em sua posição.
— Então desculpe te informar, mas você tem um relacionamento e um namorado tóxico. — As duras palavras fizeram com que Bexley abraçasse o próprio corpo, encostando-se na máquina de lavar. — Você não precisa de um cara que não vale o chão que pisa e não tem dinheiro nem pra se manter na cidade, Bex. Tenha um pouco de amor-próprio e mande-o embora.
— Eu tenho medo, eu não consigo — confessou em baixo tom.
— Se não consegue fazer por você e nem por mim para que eu continue aqui com você, pense na sua amiga null e no que ela faria em seu lugar. Se em todos esses anos ela, como sua melhor amiga, lhe passou algum aprendizado, está na hora de colocá-lo em prática. — Bexley ficou em silêncio, concordando com a cabeça ao ver Dexter tomando café as observando conversar da cozinha. A garota do interior se virou, vendo para onde Bexley olhava e revirou os olhos, saindo da lavanderia. Não se importou em cumprimentar o veterano. — Eu vou deixar minhas coisas aqui, volto em algumas horas e quero a sua resposta.


#8 — “I’VE BEEN SO WORRIED ABOUT YOU LATELY”

Tom tinha acordado cedo para arrumar o equipamento no qual iriam gravar o clipe de “Wierd” e estava postando no seu próprio celular para deixar a gravação a mais caseira possível, no melhor estilo “quarentena”. Recebeu uma mensagem de texto da Amazon Prime que seu pacote estava prestes a ser entregue e quando ouviu o barulho da campainha, correu atender. O entregador disse que, por questões de segurança, deixaria o pacote no chão em frente ao portão e se afastaria, voltando para o furgão que dirigia, o fotógrafo acenou assim que abriu o portão, pegando o pacote, o sentindo mais leve que o normal. Abriu-o sem ao menos subir as escadas e se deparou com algo que o deixou surpreso.
Definitivamente, aquilo não era sua encomenda.
Olhou para o nome no pacote e viu escrito “null Blevins”.
Fechou o pacote, voltando para dentro da casa. Deparou-se com Gavin conversando com null enquanto tomavam café juntos na cozinha.
Subiu as escadas, passando despercebido, e seguiu para o último quarto do corredor, que estava com a porta entreaberta.
Tom deu duas batidas na porta, chamando a atenção de null, que penteava os cabelos molhados. Ele sorriu pedindo licença e ela concordou com a cabeça e ele mostrou o pacote em suas mãos.
— Eu estava lá embaixo esperando a Amazon entregar uma miniatura de Jesus na cruz que me custou dez dólares para gravarmos o clipe daqui a pouco, mas acho que acabei recebendo um “milagre” em vez da cruz — Tom disse ao entregar o pacote, deixando null sem entender do que se tratava. Ela parou de pentear os cabelos, pegando o pacote em suas mãos e sua pressão despencou ao ver sobre o que se tratava.
Na mesma hora, seu celular apitou uma nova mensagem. Ela pegou o aparelho, se deparando com uma mensagem de seu pai.

“Desculpe pela intromissão. Mas eu queria ser o primeiro a presentear, espero que goste!”

null sentou-se na cama, sem saber o que dizer, olhando para o fotógrafo.
— Você não precisa me explicar nada — Tom constatou. — Eu já estava preocupado com você há um tempo. Isso só dá um sentido a tudo que está acontecendo no momento, eu fico feliz.
— Acha que ele vai ficar feliz com a notícia? — null perguntou ainda incerta se deveria contar ou não, gostaria de não estar sozinha em um momento como aquele.
Tom apenas olhou para fora do quarto, concordando com a cabeça ao gesticular para que ela guardasse o pacote com as mãos.
null entendeu perfeitamente o recado, escondendo o pacote embaixo da cama, voltando a pentear seus cabelos.
null passou por Tom e pulou na cama com o celular em mãos.
— Desculpe, eu atrapalhei a conversa de vocês dois? — ele perguntou, desviando sua atenção do Twitter para a americana e o amigo, que discordaram com a cabeça.
— Só estava dizendo a null para não arrumar o quarto, pois é aqui que vamos gravar o clipe com tudo caótico do jeito que está — Tom mentiu, olhando para null, que concordou com a cabeça.
— E nosso Jesus da Amazon Prime já chegou? — null perguntou, olhando para Tom.
— Não — ele negou de imediato. — Foi apenas um cartão de memória que eu comprei que chegou. Ainda estou esperando o Jesus da Amazon, deve demorar a chegar por causa do corona. — Fez uma careta ao dizer. — Bom, eu vou deixar vocês. Tenho que arrumar o resto da casa para o clipe — o fotografo disse, antes de sair, sem esperar respostas de ambos.
— Posso ajudar vocês a gravarem o clipe? — null perguntou, subindo na cama e se sentando ao lado de null.
— Você pode gravar por trás do Tom para o vídeo do nosso canal no Youtube — null disse, tocando o nariz da americana.
O britânico desceu a mão para a nuca de null, a beijando calmamente e sentindo suas mãos percorrerem o seu corpo na intenção de uma melhor proximidade. Ele então a pegou no colo pela cintura, a fazendo sentar-se estrategicamente em cima do seu membro. Ela riu entre o beijo, descendo sua mão e a enfiando dentro de sua calça, apertando levemente o seu membro que começava a endurecer. Afastou-se para desabotoar o cinto e descer o zíper, vendo a cueca preta do cantor...
No mesmo momento, puderam ouvir a campainha tocar e Tom gritar do andar de baixo que Jesus tinha chegado. Foi inevitável os dois acabarem rindo e null selou os lábios de null antes de voltar a se deitar ao seu lado na cama, o deixando arrumar a calça.
— Preciso me arrumar para começar a gravação — ele comentou, ao levantar-se.
— Posso escolher o que vai usar? — null perguntou ao vê-lo se aproximar de sua mala, tirando o moletom rosa que usava, ficando com uma camiseta preta sem nenhuma estampa. Ela se aproximou da beirada da cama e com uma cara pensativa apontou para um moletom tie-dye branco e marrom na parte de cima e azul claro que combinava com suas mechas no cabelo.
— Perfeito, null — null constatou ao vesti-lo e novamente beijar seus lábios. — Te amo.
Tom pediu licença para entrar no quarto, aproximando-se da parede tirando o quadro estranho que tinha pendurado ali e colocando a tão famosa miniatura de Jesus que custou dez dólares.
Adam veio logo atrás, trazendo consigo uma escada montável de alumínio, explicando que começariam a gravar o clipe dentro da casa antes de irem para as cenas lá fora.
null saiu do quarto, sentando-se na cadeira que tinha na varanda, mexendo no celular.
Aproveitou para responder à mensagem de seu pai, que lhe respondeu com um simples emoji de coração e antes de colocar o celular sobre a mesa e prestar atenção no que Tom dizia, seu coração quase saiu pela boca ao ver quem a ligava via FaceTime.

Best Bex”.

Ela jogou o celular sobre a mesa, afastando-se do aparelho.
null olhou para null na mesma hora, se aproximando para ver quem ligava para a americana.
— Por que não vai atender? — questionou aliviado por não ser a mãe dela.
— Por que não. Eu não tenho nada para falar com ela — null rebateu como se fosse óbvio e viu a ligação dar-se como perdida e respirou aliviada. — Não quero falar com ela, null.
— Ela não é sua melhor amiga? — Tom perguntou, já em cima da escada, e null concordou com a cabeça. — Acho que seria bom uma conversa.
— Eu e Adam brigamos por coisa besta o tempo todo e não deixamos de amar um ao outro por isso — null explicou, apontando para o guitarrista que estava sentado e encostado na parede com a câmera em mãos de outro ângulo.
— Pense nisso — Tom disse, olhando para null, que sentiu a indireta do que ele queria dizer. — E agora, null, já para cama.
— Ei! Essa é a minha fala — null descontraiu o clima, os fazendo rir.
A gravação do clipe aconteceu durante todo o dia.
null cozinhou para os rapazes, que pararam para comer por alguns minutos antes de seguirem para o telhado onde gravariam mais um pouco, aproveitando bem toda a luz do dia.
Quando se sentiu cansada de ficar no Sol acompanhando o cantor, null desceu, deitando-se no sofá da sala, assistindo um pouco de televisão na companhia de Gavin, que não saía da frente do notebook. Ela deixou seu celular sobre a barriga e observou por algum tempo.
O aparelho começou a vibrar sobre sua barriga.
Era Bexley novamente.
null suspirou fundo ao se levantar do sofá, seguindo para o quarto, onde encostou a porta e sentou-se na beirada da cama.
Atendeu a ligação.
Oi, null, tudo bem? — Bexley estava se sentando no sofá com um sorriso de orelha a orelha. null arqueou a sobrancelha com toda aquela empolgação, duvidando se a amiga não estava levemente alterada. — Como está a vida na Inglaterra? — ela perguntava, olhando agora para o lado, desmanchando o seu sorriso assim que alguém se aproximou. — Veja, null, esse é Dexter. Dexter é um veterano idiota da NYU no qual eu estou dando uns pega... — Ela apontou a câmera para o homem sem camisa, forte e musculoso à sua frente, que perguntava com uma voz grossa com quem ela estava conversando. Ele tampou a câmera do celular com a mão, brigando com Bexley, que após gritar com o rapaz, derrubou seu celular no chão.
null estava visivelmente surpresa, segurando o celular na frente do seu rosto, vendo tudo que acontecia com a amiga.
Mas no instante seguinte, a vendo rir de toda a situação, revirou os olhos ao imaginar que o motivo da insistência na ligação deveria ser para mostrar que estava namorando e que estava morando com outra pessoa no apartamento que também era seu.
null não esperou que ela voltasse a lhe dizer alguma coisa, apenas desligou a ligação, jogando o celular pelo edredom na cama e seguiu até a varanda para tomar um ar fresco.


#9 — I JUST HAD A CHANGE OF HEART

O clipe já estava gravado, editado e pronto para o lançamento.
Tudo isso em apenas uma semana, graças ao belo trabalho de Tom.
Gavin tinha enchido null de entrevistas online para fazer pela parte da manhã para diversos canais de comunicações para promover o novo álbum e também o novo single.
Adam, nas horas vagas, o ajudava a compor melodias para certas poesias que o britânico havia escrito.
E null?
Ela estava apenas dormindo, comendo e dormindo mais um pouco.
Seus dias estavam tediosos, não havia nada de novo para se fazer naquela casa.
Estavam a poucas quadras da praia e não podiam ao menos sentar-se com os pés na areia sem correr o risco de serem infectados por um vírus que acabaria com suas vidas.
A americana não tinha mais paciência para séries e muito menos para filmes. Acabou comprando alguns livros pela Amazon, mas a entrega demoraria devido à pandemia.
Ao sair do banheiro, onde secou seus cabelos, null abaixou-se em frente à sua mala, pegando o pacote que tinha ganhado de seu pai dias atrás, o abrindo ao certificar-se de que null não apareceria tão cedo ao ouvi-lo gargalhar no andar de baixo com seus amigos.
Pegou em suas mãos, desdobrando uma pequena roupa branca com um coração vermelho estampado, era perfeito e seus olhos encheram-se de lágrimas ao abraçar aquele pedaço de pano, encostando entre o ombro e o rosto.
— Está acordada, Blevins? — null gritou, a fazendo arregalar os olhos ao ouvir seus passos subindo as escadas. null guardou a roupa no final da sua mala e permaneceu sentada no chão, fingindo dobrar outras roupas. — null, tenho uma surpresa para você — o cantor constatou, a chamando com a mão.
null estranhou ao levantar-se do chão, abraçando o britânico.
— O que você está aprontando? — perguntou curiosa.
— Não estou aprontando nada... Na verdade, eu já aprontei — ele confessou, colocando a mão sobre a boca. — Bom, agora eu preciso que você veja.
null... — null disse desconfiada. — O que é?
— Você já vai saber. — null sorriu ao roubar-lhe um beijo antes de soltá-la. — Fique parada aqui e quando o Tom bater na porta, você segue até o quarto de Adam e sobe a escada que leva ao telhado, ok?
— Ok, null — null o chamou pelo sobrenome, parada em frente à porta, enquanto o via fechar aos poucos.
— Até mais, Blevins — ele disse, antes de sair correndo e gritando pelo corredor.
null ficou parada por alguns segundos atrás da porta. Mas ao olhar para sua mala, algo em seu peito disse que talvez aquela poderia ser a perfeita hora para contar a null e sua confirmação se constatou ao receber uma mensagem de seu pai perguntando a reação do cantor.
Ela então abaixou-se, dobrando a roupa e colocando no bolso da sua calça jeans que estava sendo coberto pelo longo moletom azul com mangas brancas que a americana usava naquela noite.
Ao ouvir duas batidas na porta, constatou que era o fotógrafo Tom. Ela correu abrir a porta e ele a olhou, segurando a risada.
— O que está acontecendo, Tom? — Ele balançou a câmera, negando que não poderia falar. — Ok, para onde eu tenho que ir? — Ele apontou para a câmera que para cima e null concordou, andando pelo corredor, entrando no quarto de Adam e saindo pela varanda, onde tinha a escada que levava ao telhado.
Subiu as escadas sendo filmada e ao chegar ao telhado, Adam filmava de frente a sua reação ao ver o telhado todo enfeitado com luzes e null sentado atrás do piano, que antes estava na sala.
Ele tinha trocado de roupa e usava o moletom preto com apenas um detalhe ao lado do peito, seus cabelos estavam alinhados para o lado. null tomou um gole de uma cerveja e sorriu de maneira nervosa ao colocar a garrafa no chão, limpando a garganta para começar a tocar.
— All I learned growing up was that love chewed me up. Spit me out on the pavement next to the cuts and the blood that my mum and dad would always take out on each other.
Já na primeira parte da música, os olhos de null encheram-se de lágrimas e ela levou as duas mãos à boca, aproximando-se mais um pouco do cantor.
Only thing that I knew that a love could lead me to. Was protecting my sisters from all the cuts and the blood that my mum and dad would always take on each other.
null não podia acreditar que null havia escrito uma música para ela.
— Sweetheart, you are changing my mind. Sweetheart, you are changing my mind.
Adam se afastou de null, deixando a câmera a qual a filmava em cima do parapeito do telhado e sentou-se, pegando o seu violão para acompanhar null no refrão, fazendo também a segunda voz.
Nobody taught me how to love myself. So how can I love somebody else? There ain’t no excuses. I swear that I’m doing my best. Nobody taught me how to love myself. So how can I love somebody else I’m so new to this.
null olhava com os olhos brilhando para null, que chorava em sua frente. O coração do cantor estava prestes a sair pela boca a qualquer momento e seus dedos suavam frio.
I won’t let you down. — Jogou os cabelos para o lado, que começavam a cair em seu rosto. — I won’t let you down... Standing there, you look at me understanding everything. Yeah, it’s so fascinating you patch up the blood and the cuts but or blood got mixed up.
Ao ouvir aquela parte, null arrepiou-se, olhando de maneira discreta em direção à câmera, onde o fotógrafo Tom balançava o seu rosto no ritmo da música. Desviou para a outra câmera em direção a Adam, que fazia a segunda voz de olhos fechados.
Era como se null já soubesse o que ela estava escondendo dele.
So I guess we belong to each other… Sweetheart, you are changing my mind. Sweetheart you are changing my mind.
Antes que pudesse levantar do lugar, assim que terminou a música, e ter null em seus braços, ela surpreendeu o cantor ao colocar a pequena roupa de bebê sobre o teclado. Ele ficou boquiaberto, a olhando antes de desviar seu olhar para Tom e Adam, que pareciam mais surpresos do que ele mesmo.
Tom tomou a liberdade para se aproximar e Adam largou o violão, pegando a câmera do parapeito para gravar detrás de null.
— Por favor, diga alguma coisa antes que eu desmaie, null — null disse, secando suas próprias lágrimas.
— Eu não sei o que dizer, Blevins — null confessou, jogando os cabelos para o lado, que insistiam em cair sobre seus olhos. — E-eu estou em choque. Quando escrevi essa música, e-eu... — Ele respirou fundo, mas tampou os olhos com as mãos, abaixando a cabeça, ainda sentado.
null se aproximou, ajoelhando ao seu lado e pegando o seu rosto entre as mãos, null fez o mesmo com o rosto da americana.
— Quando escrevi essa música no primeiro dia que entrei no estúdio, eu só conseguia imaginar como seria a nossa vida daqui há alguns anos juntos e todas as vezes que cochilava no estúdio só conseguia nos ver com uma pequena criatura correndo atrás de nós e agarrando nossas pernas, subindo na nossa cama bem cedo e bagunçando toda a nossa rotina... Era como se algo me dissesse que isso estava tão próximo de acontecer... Pode parecer bobagem, mas eu estava sentindo, null. — null chorava sem parar.
— Oh, null, eu deveria ter contado quando eu descobri. Mas eu fiquei com tanto medo. Eu não sabia o que fazer e tinha tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. A Bexley, a turnê, os meus pais, o seu novo álbum....
— Não se culpe. Esse foi o momento perfeito, null — null a interrompeu, dizendo enquanto ela secava as lágrimas do rosto do cantor. — Você não faz ideia do quão feliz eu estou. Eu escrevi essa música para você para que entendesse um pouco que seja dos meus sentimentos. Estava com medo de você querer me deixar por conta da pressão dos seus pais.
— Eu sempre entendi seus sentimentos. Sinto que é verdadeiro desde a primeira troca de olhares. — null puxou a americana para se sentar em seu colo, ela passou o braço por cima de seus ombros. — Se eu sentisse que você não valia a pena, eu teria ido embora do camarim antes mesmo que o show terminasse.
— Tudo o que eu mais queria era descer daquele palco e procurar você — confessou. — Eu cantei todas as músicas rezando para poder te encontrar.
— Parece que o cara que está pendurado na parede do quarto de vocês deve gostar de vê-los juntos. — Adam não aguentou ficar quieto, recebendo um tapa na cabeça de Tom.
O casal riu em meio às lágrimas.
— Oh, Deus, eu só consigo pensar que agora mesmo tem um bebê crescendo na sua barriga. Isso é incrível, mas também é assustador porque ele é meu, ou melhor, ele é nosso. — null colocou a mão na barriga por cima do moletom de null. — Eu amo vocês dois.
Quando null e null se beijaram, Adam olhou para Tom, entendendo que aquele era o perfeito momento para que ambos saíssem de cena, deixando o casal a sós para curtir o momento. Desceram as escadas, entrando pelo quarto e Adam seguiu para o andar de baixo, indo comer alguma coisa.
Tom estava concentrado na câmera e parou no meio do corredor para ver se estava tudo ok com a gravação. Foi quando ouviu um celular vibrar e olhou para o quarto do casal, pensou que poderia ser o celular de null, então entrou à procura do aparelho, o achando perto da mala no chão. Era de null e tinha quatro chamadas perdidas de Bexley.
Ao passar os olhos pela última mensagem enviada, pôde ler.

“Por favor, me ajuda. Ele vai acabar me matando!”


Tom não pensou duas vezes antes de atender a próxima ligação de vídeo da garota, arregalando os olhos ao ver o seu estado.
— Jesus Cristo...


Continua...



Nota da autora: CONTINUA? SIMMMMMMMMMMMMMM! Se você chegou até aqui, tenho boas notícias! Assim que esse ficstape for ao ar, eu irei postar a PARTE 3 da nossa história. Vai ser uma short? Uma long? Ainda não sei, mas a continuação vem. Afinal, precisamos saber o que está acontecendo com Bexley. Será que elas vão voltar a ser amigas? A mãe da americana vai amolecer aquele coração cruel? E qual será a reação da família do nosso cantor?

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