Capítulo Único
“Completamente chapado no domingo, te esquecer na segunda-feira: alérgico, alérgico. Desisti da sexta-feira, me joguei de novo nas recaídas: alérgico, alérgico.”
Acordei com o sol adentrando pela janela que eu havia me esquecido de fechar. Tossi um pouco até conseguir me levantar e então finalmente fechar a janela e as cortinas. Peguei o cigarro e o isqueiro sobre a mesa e sai do quarto me jogando no sofá logo em seguida. Minha boca estava incrivelmente seca e minha cabeça doía terrivelmente.
Havia bons meses que eu não fumava, havia parado graças a null e o bebê! Drogas então havia anos que eu nem sabia o que elas eram. Mas desde que perdemos o bebê e eu perdi null tudo havia desmoronado na minha vida. Eu mal trabalhava, havia voltado a frequentar os bares e clubes ilegais de strip do Rio de Janeiro. Consequentemente havia voltado a usar algumas drogas, coisa que não fazia desde que havia saído da faculdade. Eu tive uma recaída das boas. Os novos amigos inclusive estavam preocupados com o meu atual estado. Haviam algumas ligações de null no meu celular. E eu retornei para ele, mesmo sabendo que era muito cedo.
- null? - ouvi a voz rouca dele ecoar do outro lado da linha -
- null! - eu respondi - Você, hum, me ligou?
- Algumas vezes! Você sumiu do nada ontem no rolê! Não deu notícias, não atendia!
Eu respirei fundo, com a boca ainda mais seca e com a cabeça latejando.
- Eu não queria ver a null com aquele cara!
- Imaginei mesmo que tinha sido por causa disso, mas você já tinha visto os dois juntos outra vez, o que aconteceu dessa?
- Já! Eu sei, mas eu nunca tinha visto os dois tão íntimos! E bom, rolou uma parada que ninguém soube! Depois que aconteceu, eu resolvi vazar null!
- O que você fez null? - ele perguntou preocupado -
Engoli seco.
“Sim, brigamos e transamos até jogar sal nas feridas. E agora estamos ficando sóbrios mas nunca sóbrios o suficiente: alérgico, alérgico. Ao invés de me apoiar você só tá me segurando, não deveria ser tão difícil. Isso é amor impossível: alérgico, alérgico.”
- Eu a segui até o banheiro e esperei que ela saísse de lá! Quando ela saiu eu a encurralei na parede! - voltei a engolir seco -
Flashback:
“O corpo de null bateu na parede e eu vi os olhos dela se arregalarem. Segurei a cintura dela com força, já visivelmente alterado.
- O que você pretende com esse cara?
- Do que você tá falando null? Pode por favor me soltar?
- To falando de você beijando ele bem na minha frente!
- Não beijei ele na sua frente de propósito! Não seja infantil!
- Infantil? null, por Deus! Você só está usando essa cara para me fazer ciúmes!
- Não seja ridículo null! Eu não preciso disso! Me solte!
- Não solto! Não solto, porque sei que você não quer que eu te solte, você não quer voltar para ele!
- Eu quero! E ele está me esperando, assim como os nossos amigos!
- Eu sinto sua falta todos os dias!
- Você sabe que não sente! Você só sabe mentir null! Você só se acostumou com a minha presença na casa e na sua vida porque nós íamos ter um bebê! Você se confundiu, lembra quantas vezes você deixou claro que só estava cumprindo com suas responsabilidades?
Eu bufei e colei meu corpo ao de null contra a parede, null fechou os olhos. Minhas mãos desceram pela lateral do corpo dela e então eu deixei que uma delas subisse de encontro a sua nuca. Colei os lábios aos dela.
- Não quero que sejamos estranhos outra vez! - sussurrei em seu ouvido e voltei a colar os lábios nos de null -
- null, por favor! - e eu a beijei -
A boca dela deu passagem para que minha língua entrasse e eu quase gemi, em êxtase por beijá-la novamente. Nossas línguas quentes se encontraram e null enlaçou os braços em volta de meu pescoço e eu embrenhei a mão em seus cabelos pretos puxando-os. A sensação de tê-la nos meus braços era a mais gostosa impossível. Assim que nossos lábios se desgrudaram, as mãos dela desceram para a minha cintura, tentando me afastar, mas em vão. Segurei o rosto de null entre as mãos.
- Não faça mais isso, nunca mais null!
- Você é minha null! - eu sorri sem mostrar os dentes -
- Para null! - ela mordeu o lábio inferior -
Quando eu a soltei e fiquei somente com a testa dela encostada a minha eu a vi desviar o olhar e arregalar os olhos outra vez. Olhei na mesma direção que ela, e encarei Jack. Ele nos encarava de volta, estático.
- Viu só o que você fez? - ela sussurrou para mim assim que o tal Jack voltou em direção aonde estávamos antes -
- Viu o que eu falei? Você minha null, minha! E sabe disso!
As mãos dela me espalmaram no peito, me empurrando finalmente para longe.
- Me deixa em paz null!”
Fim do flashback.
- Você é maluco null! Precisa encontrar uma maneira de fazer ela acreditar em você amigo, mas será que é assim?
Fechei os olhos com as palavras de null.
- E para onde você foi depois?
- Ah null! - eu ri sem graça - É uma coisa minha! Não se sinta ofendido amigo!
- Não me sinto! Só pega leve amigo! E se precisar, só me ligar!
Eu agradeci e desligamos. Sim, eu precisava pegar leve, mas como?
“Tomei suas pílulas e drogas, apenas para sentir alguma coisa porque eu não posso mais sentir você! Tão triste, mas é verdade. Você é amiga de todos os meus demônios, a única que os vê! Problema seu! Tão triste, mas é verdade! Te dei cem milhões de razões, mas por que você não pode acreditar nelas? Problema seu!”
- Hoje eu senti teu cheiro no caminho para cá, e nunca tinha imaginado que um cheiro machucasse desse jeito! - foi a primeira coisa que eu disse quando ela abriu a porta -
- Primeiro, onde você se meteu ontem?
- Eu fui para casa! - menti enquanto descansava a língua em meu próprio lábio -
- Para casa null? - null ergueu uma sobrancelha - Mentiroso!
null balançou a cabeça em negativa.
- Eu posso entrar? Seus pais estão?
- Não estão! Entra! - deu passagem para que eu entrasse -
Joguei o casaco preto sobre o sofá da sala assim que nós dois adentramos a casa.
- Podemos por favor parar com isso?
- Com o que null? - ela cruzou os braços -
- Com esse orgulho bobo!
Minha pupila estava dilatada e vermelha e eu tremia, devido a todas as pílulas e drogas ingeridas antes de eu chegar lá.
- Você usou de novo null? - ela pareceu decepcionada -
- Usei null! Eu como meu jantar na minha banheira e então vou para os bordéis e fico vendo pessoas loucas mandando ver! Isso não me incomoda, não importa o quê, eu não paro! Sim, eu estive por aí e já vi de tudo, daí chego em casa e estou morto de fome, eu como e depois vomito tudo na banheira e vou dormir! Eu estou gastando todo meu dinheiro bebendo, confusa e meio solitária!
- Então procure ajuda null! Eu não quero ver você se afundar desse jeito!
- A minha ajuda é você acreditar em mim e voltar null! Que droga! - eu me sentei -
Todos os meus músculos tremiam. Comecei então a sussurrar coisas sem nexo.
- Vai para casa null!
- Não posso voltar para casa sozinha de novo, preciso de alguém para aliviar a dor! - eu tapei meus olhos com as mãos -
Eu balançava meu corpo sobre o sofá, para frente e para trás.
- null! - ela se ajoelhou em minha frente -
- Você foi embora e eu preciso ficar chapado o tempo todo, para parar de pensar em você! Passo meus dias preso numa neblina, tentando te esquecer, null! De repente eu caio de novo, preciso ficar chapado a vida toda para esquecer que estou sentindo sua falta!
Foi quando null se sentou ao meu lado, me puxando para perto dela. Deitei minha cabeça em seu peito, enquanto mexia nas cordas do jeans rasgado da minha calça.
- Calma! Eu to aqui do seu lado! Mesmo que eu não acredite que você me ama, eu sou sua amiga! Quando o silêncio incomodar, me toca.
Eu me aninhei em seu corpo. Tocando-a.
- Porque você não consegue acreditar?
- Quer que eu enumere?
- Não! Quero que você acredite em mim, porra! - fechei os olhos com força -
A soltei, peguei o casaco que havia jogado mais cedo e me levantei, saindo pela porta que dava para a garagem.
- null! Aonde você pensa que vai?
- Embora! Não tenho mais como te provar o meu amor, então foda-se! Me deixa ir embora.
- Não nesse estado!
- Abre essa porra desse portão null! Me deixe em paz! Abre logo ou eu vou abrir por conta própria e me machucar!
- Você é maluco mesmo! Não faz assim! Eu sou sua amiga e tô do seu lado! - ela tocou meu rosto -
- Não quero sua amizade! Abre o portão e me esquece!
null balançou a cabeça em negativa, com os olhos marejados. Assim que ela abriu o portão eu entrei no carro, ligando o mesmo.
- null, você precisa de ajuda.
- Me deixa null! Eu preciso de você, mas sei que não vou ter, então me esqueça! Problema seu agora se você não acredita em mim!
Dei partida no carro enquanto sentia as lágrimas quentes descerem por meu rosto. Nem eu sabia para onde iria.
Fim!
Nota da autora: Oi amores! Tudo bem? E aí? Não me matem por esse final, se quiserem os detalhes leiam Inevitável haha! Beijos :*
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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