04. Grade 08

Capítulo Único

Eu a via caminhando pela calçada com fones nos ouvidos e um bom casaco para se proteger do frio. Não conseguia me cansar da sua beleza. Ela era impecável. Qualquer um que a olhasse se apaixonaria e eu era só mais um cara impressionado. Mas como não se impressionar?

“My mind is a worrier
My heart is a foreigner
My eyes are the colour of red like a sunset”


Seus cabelos lhe cobriam os ombros e boa parte das costas, seus olhos e brilhantes. Tudo nela formava a figura de um anjo. Ela seria um, se não fosse uma pessoa tão… Diferente. Há quem diga que ela é até um pouco louca. Eu diria que ela é louca demais.
Moore. Essa menina é fogo.
Em seus 17 anos, ela era completamente manipuladora de homens desavisados como eu. Tinha o chamado “jogo de cintura”, levava mais caras pra cama do que eu levava mulheres. Eu nem conseguia entender como ela conseguia fazer uma coisa dessas. E apesar de não aprovar esse tipo de comportamento - prazer, certinho - eu me vi encantado com a garota e dormi com ela na primeira oportunidade.

“I’ll never keep it bottled up
And left to the hands of the coroner
Be a true heart not a follower
We're not done yet”


Então posso dizer, por experiência própria, que se ela não me contasse, eu nunca saberia que era tão nova. Pelas coisas que ela dizia, por seus trejeitos e por total - mesmo - liberdade na cama, nunca adivinharia. Fui pego de surpresa, ateei-me a ela e agora não consigo desfazer esse nó.
Ela provoca, também. Saiu comigo por noites seguidas e depois resolveu que não iria querer nada de mais. Com essas palavras: “Não quero nada de mais com você, .”
Mas que inferno. Antes não tivesse se envolvido.
Aposto que ela sabe que estou a seguindo nesse momento, andando lentamente com o carro, a acompanhando. Não vou desistir dela assim tão fácil. Tenho 23 anos de relacionamentos mal resolvidos. De jeito nenhum vou deixar uma garota dessas pra trás.

“And I see it in your movements tonight
If we should ever do this right
I'm never gonna let you down
I’ll never let you down”


Além de toda a beleza, ela era uma ótima companhia, também. Apesar do uso excessivo de palavrões e da chatice que a domina quando ela acorda, ela era divertida, com o seu jeito meio errado. Me levou cem pratas quando apostamos que ela não conseguiria tomar dez shot’s de tequila. Ganhou a aposta, mas ficou completamente bêbada, me forçando a levá-la para minha casa até que ela se recuperasse. Como eu já disse antes, louca.
Buzinei e ela olhou para trás, com um sorriso no rosto. Eu sabia que ela já havia me visto ali. Encostei o carro e colocou a cabeça para dentro da janela.
- Que foi, garanhão? - ela disse. Eu sorri.
- Tá indo pra onde?
- Pra casa.
- Entra aí, vai. - pedi. Ela sorriu, abrindo a porta e jogando a mochila no banco traseiro e sentando no carona.
- Você lembra o caminho?
- Lembro, mas não vou te levar pra casa ainda. Vamos dar uma volta. - eu sorri. Ela semicerrou os olhos.
Acelerei pelas ruas de Los Angeles, a fazendo colocar o cinto de segurança com pressa. Eu ri.
- Achei que você gostasse de aventuras.
- Gosto de aventuras, só não gosto de morrer, sabe? - disse, rolando os olhos.

“And I’m keeping on the down low
And I’ll keep you around so I’ll know
That I’ll never let you down
I’ll never let you down”


Estava a levando para o letreiro de Hollywood, o mais próximo que conseguisse. Lembrava muito bem de quando ela me disse que nunca foi até lá porque achava turístico demais.
Estava quase escurecendo quando nós chegamos. Ela colocou a cabeça para fora da janela eu comecei a diminuir a velocidade e parei o carro.
- E então? – eu perguntei quando ela saiu do veículo com a mochila nas mãos. – Ainda acha que é só pra turistas?
- Acho. – deu de ombros. – Mas eu posso considerar a sua intenção. É realmente bonito aqui.
Ela sentou no capô do carro, cruzando as pernas e colocando a mochila no colo. Puxou o celular e começou a fotografar tudo ao redor, inclusive eu.
- Para, eu não estou muito apresentável hoje. – coloquei a mão sobre meu rosto.
- Pelo amor de Deus. Você está sempre apresentável.
- Uh, um elogio. – eu ri, sentando-me ao lado dela. – Você está doente ou algo assim?
- Não, idiota. – ela tirou minha mão de sua testa, onde eu fingia verificar alguma febre. – Só estou sendo sincera.
- Você também não é de se jogar fora não. – eu disse, lhe roubando um selinho. riu.
- Por que me trouxe aqui?
- Digamos que eu estou te dando a chance que você nunca mais vai ter.
- Chance de quê?
- De ficar comigo.

“You’re strumming on my heart strings
Like you were a grade 8
But I’ve never felt this way
I’ll pick your feet up off of the ground
And never ever let you down, now”


levantou uma sobrancelha e sorriu, a maior cara de sacana que eu já vi. Apoiou o queixo na mão, me encarando.
- Tudo bem. Então me diga por quais motivos eu ficaria com você.
- Primeiro porque, com suas palavras, eu estou sempre apresentável. – comecei. Ela riu. – Porque eu acho você maravilhosa e porque estou disposto a descobrir e guardar todos os seus segredos.
- Só isso? Ih, não sei se você vale a pena... – desviou os olhos dos meus, dando uma risada leve. – Que segredos você acha que eu tenho? Eu sou um livro aberto.
- Todo mundo tem segredos. Você é um livro aberto em duas páginas específicas. O resto é um mistério.

Ela murmurou qualquer coisa, virando-se para a frente. O céu já estava escuro e estrelado. Ela estirou-se no carro, deitando no pára-brisa.
- Você sabe que possivelmente está deitada numa camada de poeira, não é? – perguntei. Ela deu de ombros.
- Vamos voltar pra aquela história de segredo. – disse, puxando-me pelo braço para que eu deitasse ao lado dela. – Qual o seu?
- Meu segredo? – questionei. Ela confirmou, virando-se pra mim. – Ah, meu segredo é que eu estou apaixonado.

“My eyes are a river filler
This drink is a liver killer
My chest is a pillow for your weary head to lay to rest again”


Virei o rosto para conseguir olhá-la. fechou os olhos por alguns segundos, os abrindo e encontrando os meus. Ela sorriu. Parecia ainda mais bonita do que todas as vezes, com reflexos da Lua e das estrelas sobre ela.
- Ah é? – disse. Eu assenti. – Por quem?
- Por uma garota que conheci um dia desses.
- Como ela é? – perguntou. Eu sorri.
- Incrível. Ela é ótima. Deve ser a mais bonita que já vi na vida. E olha que eu já vi muita coisa, ein?
- Bom, ela deve ser bem sortuda por ter um cara como você nas mãos.
- É, ela me tem nas mãos, sim. Mas parece que não quer, sabe? Vive fugindo de mim.
- Vai ver ela só está confusa.
- Confusa? – eu perguntei, franzindo a testa. concordou. – Por que ela estaria confusa?
- Porque ela pode ter achado meio estranho ter gostado tanto de você. Ela pode ser do tipo que não sai com o mesmo cara, mas gosto de sair com você por noites seguidas.
- Então você acha que ela gosta de mim? – sugeri. balançou a cabeça positivamente, desviando os olhos dos meus. – Por qual motivo ela não me disse isso logo?
- Talvez ela tenha medo de dizer isso, também. Talvez ela não queira ir muito rápido, não queira perder o controle.

“Your body is my ballpoint pen
And your mind is my new best friend
Your eyes are the mirror to take me to the edge again, now”


estava olhando para o céu, agora. Não queria mais olhar pra mim. E eu não reclamei, porque pelo menos ela estava dizendo tudo que eu queria escutar.
- Estar apaixonado significa perder o controle. – eu disse. – Você não precisa ter medo disso ou de mim, .
- Quem disse que eu estava falando de mim? – ela levantou as sobrancelhas e eu revirei os olhos.
- Vamos parar de joguinhos, tá? – ri. – Vamos ser claros.
- Tudo bem, . – ela se rendeu, voltando a olhar para mim. – E não quero perder você, mas não quero me perder também.
- Então você está admitindo? Você, , está dizendo que gosta de mim?
- Francamente, homem. – ela riu. – Você ainda diz que é esperto?
- Nossa. Espera, eu ainda estou processando essa informação.
- Ai, meu Deus. Você é muito babaca. – ela rolou os olhos e eu ri, passando meu braço pelos ombros dela, virando-a para mim. escondeu o rosto no meu pescoço.
- Tenho receio do que pode acontecer. – ela sussurrou. – Você está com a vida ganha. Eu não faço ideia do que fazer com a minha.
- Quando você fizer dezoito anos, eu vou sequestrar você. Nós vamos viajar pelo mundo, começando e terminando em Vegas. Resolvido.
- Me parece um ótimo plano. – ela riu próximo ao meu ouvido. – , eu não sei se eu estou pronta pra isso.
- Pra isso o quê? – eu perguntei. estava deitada sobre o meu braço, me causando um pouco de dor, mas nada que eu não pudesse aguentar. Seus olhos estavam um tanto perdidos. Ela que sempre pareceu tão certa de tudo.
- Para um relacionamento. – disse e soltou um suspiro. – Digo, seria o me primeiro. Acho que se isso acontecer, vai ser a primeira coisa real que acontece na minha vida. – fez uma careta.

“Hold my heart to stop me bleeding now, now, now
And I’ll never let you down”


E por um momento eu tentei imaginar como era a vida dela. Me perguntei o que a fez ser desse jeito, se ela tinha irmãos, pais. Eu não sabia sobre nada.
- Você não precisa se preocupar, bonitinha. – eu sorri. – I’ll never let you down. – citei Ed Sheeran, a fazendo sorrir. – Eu sou real, . E eu quero ficar com você, do seu lado. Eu estou disposto a esperar até que você esteja pronta pra assumir um compromisso, porque eu estou apaixonado por você. E eu não sei como nem quando isso aconteceu, mas é a única coisa que eu consigo sentir. Também não sei direito como lidar com isso, só sei que ficar com você é o que eu mais preciso agora, e-
- Tudo bem, , respira. – ela riu. – Você já me conquistou, não precisa fazer um discurso.
- Desculpe, força do hábito. – eu fiz uma careta. sorriu, colando seus lábios nos meus de surpresa. Seus dedos estavam no emaranhado de meus cabelos e eu me limitei a fazer carinhos em sua cintura. Puxei seu lábio inferior e abri os olhos a tempo de a ver sorrir.
- Quer saber? – ela disse e eu a deixei continuar. – Vai ser uma boa namorar um advogado. Vou ter alguém pra me defender quando eu for pra cadeia.
- Eu não duvido nada que isso aconteça algum dia. – eu semicerrei os olhos. – Tenho a leve impressão de que você vai manchar a minha imagem, mas eu supero. Vai valer a pena.

Ela mordeu o lábio inferior, sorrindo. Eu quase não conseguia ver suas bochechas coradas. Sorri de volta.
Achava incrível o fato de em uma hora com ela, eu sorrio mais do que um dia inteiro sem. Ela conseguiu fazer com que eu me apaixonasse num estalar de dedos, tomando conta do meu coração como se tivesse o adotado. E pode parecer clichê ou romântico demais, mas estar ali com ela, com as estrelas sobre o enorme letreiro e ao nosso redor, sorrindo por qualquer besteira que um de nós dois dizemos, era como estar à beira do paraíso.

“You’re strumming on my heart strings
Like you were a grade 8
But I’ve never felt this way
I’ll pick your feet up off of the ground
And never ever let you down

You’re strumming on my heart strings
Like you were a grade 8
But I never felt this way
I’ll pick your feet up off of the ground
And never ever let you down”




FIM.



Nota da autora: Oi! Obrigada por ler, fofura! Minha primeira shortfic postada aqui no ffobs, num ficstape desse cara que eu amo DEMAIS. E não, “grade 8” não tem nada a ver com oitava série (também fiquei chocada)! A ideia de "grade 8" do Ed vem da escala musical, onde grade 8 é um nível elevado para quem toca instrumentos de corda. Curti muito participar desse ficstape. E à essa equipe maravilhosa, muito obrigada por tudo. Sempre amei muito o ffobs e ver coisas escritas por mim postadas aqui é muito gratificante, chega choro. Deixa um comentário com a tua opinião aí embaixo. Mil beijos no coração, em especial pra Effe, minha fofura linda, e pra Lis, que me ajuda em tudo e em mais um pouco!






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