Fanfic Finalizada: 01/03/2021

Capítulo Único

O dia estava amanhecendo de forma lenta. Sentindo os raios solares começarem a invadir o quarto, Yeonjun despertou de seu sono. Fazia muito tempo que o rapaz não se sentia revigorado ao acordar assim. Ao colocar os pés para fora da cama, pronto para se levantar para ir realizar suas higienes matinais, ele não sentia como se estivesse realmente ali, porém como havia acabado de abrir os olhos, o sono deveria estar falando mais alto que seus sentidos de toque.
Ele não sabia explicar mas um calor e sentimento de aconchego aquecia seu coração. Após realizar suas ações matinais, o rapaz seguiu para a cozinha, fazendo algo para comer; não queria ficar de estômago vazio hoje e pelo visto tinha tempo, já que o tempo lá fora, não condizia com o ponteiro do relógio em seu pulso.
Yeonjun não tinha explicações mas em segundos, seu corpo havia trocado de ambiente. Se antes ele estava na cozinha de sua casa, agora o mesmo se encontrava chegando no hall da empresa onde trabalha. Aquele sentimento de estranheza começou a invadir seu peito, entretanto em segundos, a simpatia de uma jovem recepcionista chamou sua atenção.
- Bom dia, senhor. - A moça falou rapidamente, lhe dando um grande sorriso. - Posso lhe ajudar em algo?
O mesmo estava prestes a responder, tendo aquela rápida sensação de um déjà vu diferenciado, porém o toque de um “tic tic tic tic” bem longe ecoando em sua mente roubou a atenção do rapaz novamente. Ao mirar a moça da recepção novamente, a mesma agora o guiava até os elevadores, ainda sim sorrindo, mostrando toda sua gentileza. Dentro do pequeno cubículo de metal que fazia um sobe e desce constante, pessoas que Yeonjun não lembrava nomes mas que eram um tanto quanto conhecidas, lhe sorriam e cumprimentavam o mesmo, como se fossem amigos há tantos anos.
Não deu nem tempo de ficar totalmente atordoado com a situação, pois novamente, em segundos, seu ambiente já estava totalmente diferente e o mesmo se encontrava dentro de seu quase quadrado fechado, onde estavam seus pertences de trabalho. Uma sensação de tontura se fez presente no corpo dele e um outro rapaz, talvez seu colega de trabalho, veio lhe trazer água e perguntar sobre as novidades.
Yeonjun não entendia o porquê, porém ele não conseguia ver o rosto da pessoa nitidamente. Ele tinha a noção de que conhecia o ser humano que estava ali ao seu redor, mas ao tentar observar os traços das pessoas, era impossível, como se houvesse algum borrão mental que não permitisse isso. O “tic tic tic tic” constante voltou a perturbar seus pensamentos. O som também era conhecido, porém parecia que vinha somente da sua cabeça. Olhando para as pessoas simpáticas e com borrões nos rostos, nenhuma parecia estar ouvindo ou estar incomodada com esse barulhinho.
Tirando os rostos borrados, seu ambiente de trabalho parecia normal. Apesar de que tudo estava mais colorido e mais feliz. Havia menos papelada em cima das mesas e sim flores, cafés, alguns presentes. Não parecia aquele mar branco de papéis e pastas cheias de problemas para resolver, o que ele tanto estava acostumado. Como não era um local muito grande, a maioria das pessoas tinham contato uma com a outra, sendo praticamente impossível você conseguir ignorar alguém. Uma pessoa, também com um grande borrão no rosto, atrás da mesa de Yeonjun o chamou, puxando assunto sobre N coisas. O sentimento de estranheza se fez presente dentro do rapaz novamente.
Por mais que tentasse, o mesmo não conseguia dizer sobre qual assunto ele e a pessoa que havia lhe chamado estavam conversando, mas parecia ser algo incomum, não alguma coisa rotineira. A mudança de cenário aconteceu novamente quando Yeonjun se levantou para ir ao banheiro. De repente, o mesmo se encontrava em um auditório e todas as pessoas da empresa estavam lá, sorridentes, prestando atenção em alguma coisa muito colorida em um telão e comendo, segurando suas canecas e bolinhos. Mais uma vez aquilo parecia muito irreal para o rapaz.
O som do “tic tic tic tic tic” estava cada vez mais alto e Yeonjun estava começando a se irritar com isso, mesmo que o recinto em que se encontrava não colaborasse com sua irritação, já que todos pareciam muito felizes, muito gentis e qualquer sinal de raiva ali talvez fosse proibido. O rapaz olhou para todos os lados e ninguém mais parecia se sentir incomodado com o barulho, que estava cada vez mais nítido e perto de si.


Yeonjun despertou com o barulho infernal de seu despertador. Ao abrir os olhos e praticamente dar um soco no aparelho que tocava sem parar ao seu lado da cama, ele se deu conta de que os momentos que estava passando a dez segundos atrás, não passavam de um simples sonho. A vida, infelizmente, não era colorida daquela forma e fazia dias, talvez até meses, ou anos quem sabe, que o rapaz não acordava e se sentia bem, se sentia leve, descansado e revigorado.
Ultimamente, seus sonhos se resumiam a isso. Algumas pessoas “revivem” o que passam nos seus dias ou dias anteriores em seus sonhos, mas Yeonjun sempre sonhava com essa vida feliz, a vida que ele não tinha. O universo colorido em que todos estavam felizes era somente em sua mente e praticamente quase todas as noites, o rapaz sonhava com essa outra vida. Era quase como se fosse aquele filme infantil, meio de terror, da menina de cabelo azul que vai para outro mundo através de uma portinha.
Sua vida real não passava de mero estresse, grosseria, um amargor extremo e uma solidão profunda. Nos seus sonhos, era tudo um fingimento e ele só não entendia o porquê sua mente gostava tanto de refletir isso; talvez fosse para que o rapaz sentisse um pingo de felicidade, mesmo que de forma praticamente “inconsciente”.
Deitado em sua cama, o rapaz conseguiu encontrar uma forma bem simples e de fácil entendimento para essa sua ilusão ao dormir. Seus sonhos se remetiam a um sorvete. Um sorvete bem doce, colorido e que remetia à felicidade, que ele tanto procura em seu dia a dia. Porém, o sorvete derrete com o passar do tempo e o seu despertar do sonho é isso; aquela massa açucarada antes congelada derrete e vai desaparecendo, exatamente como as coisas boas que seu subconsciente o faz sonhar. Essa é a forma mais clara que Yeonjun conseguiu explicar para si mesmo o que acontecia e ao ter que levantar para seguir com seus afazeres, revirando os olhos, já irritadiço, seu único desejo era que a noite chegasse logo, para que isso pudesse de repetir e o seu dia se tornasse mais doce. Que todos os dias se tornassem mais doces.



Fim



Nota da autora: Sem nota.



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