04. I Don't Understand But I Luv U

Finalizada.

Capítulo 1

— Vamo vê, ! — gritei da sala da casa dele. — Uma demora do caralho pra vestir uma bermuda. Porra.
— Eu tava procurando uma blusa. — ele saiu do quarto com uma bermuda escura e uma camiseta preta.
— Pode ir tirando. — levantei do sofá, levando a sacola comigo. — Vai vestir essa aqui. — tirei a blusa do Flamengo da sacola e a estendi a ele.
— Eu sou tricolor. — ele delicadamente afastou a blusa com a mão.
— Mas hoje é jogo do Mengão e homem meu não vai ao estádio sem o manto. — insisti em oferecer a blusa.
— Quanto de dinheiro você gastou nisso, ? — com um suspiro de quem admitia a derrota, ele pegou a blusa da minha mão.
— Vinte. Lá na esquina do Zezé. Mas fica sussa, eu lavei e usei Downy, tá cheirosinha. — sorri enquanto ele tirava a camiseta preta e vestia a do Flamengo. Assim que passou a cabeça pelo lugar certo da camisa, ele me olhou e piscou devagar. — Que foi? Achou o que, que era oficial? Se nem a minha é. — cruzei os braços sobre o peito.
— Se eu vou ter que usar essa blusa, você vai ter que usar um short maior. — ele me olhou de cima a baixo.
— Perdoe. Só tem esse. E vamos logo que eu quero entrar com calma. — peguei minha bolsa no sofá e comecei a andar para a saída.
— Não tem negociação, . — ele resmungou parado no meio da sala.
— Não tem outro short, . Então você tem duas opções: ou vai comigo e o short ou eu e ele vamos sozinhos. E aí, o que vai ser?
respirou fundo. Passou as mãos no rosto, levando o cabelo liso para trás, e voltou a passar as mãos no rosto.
— Eu vou pegar a água e já vamos. — ele se deu por vencido. Sorri vitoriosa, aquele homem estava muito na minha. Ele me entregou a garrafa de rico dele, vermelha por sinal, pegou a chave da moto, que não era a da Harley, e saímos para o estacionamento. Assim que coloquei o capacete e me sentei atrás dele na traseira daquela moto alta demais, levou as mãos às minhas coxas, deslizando até a linha onde o short acabava.
— Perdeu alguma coisa aqui, meu amor?
— Você que perdeu o resto do short. — ele resmungou.
— Você sabia como eu era e mesmo assim insistiu nesse namoro. Agora aguenta. — dei dois tapinhas em seu ombro e me agarrei à sua cintura. — Vamos.
Ele ligou a moto totalmente desgostoso e o ronco do motor arrepiou minha pele. Me agarrei mais à cintura de e quase me fundi a ele no caminho para o Maraca.
— Eu ainda prefiro a Harley. — resmunguei quando paramos.
— A ocasião pedia. Chegar no Maraca com uma moto potente e a morena mais gata de Realengo não tem preço. — ele sorriu para mim e me roubou um beijo.
— Você nem queria vir.
— Mas vim e tô de olho em você. — ele me puxou pela mão e colocou a mão livre na minha bunda, olhando alguma coisa por cima do meu ombro. Olhei para trás e preferia não ter olhado. , meu ex, estava caminhando na nossa direção.
, oi. Que prazer te ver. — ele sorriu.
— Pena que eu não posso dizer o mesmo.
, o ex. — ele estendeu a mão para , que o olhou de cima a baixo antes de apertar a mão estendida. tinha os olhos puxados como os do pai e uma pele bronzeada que nos dizia que corria sangue brasileiro em suas veias (que estavam bem destacadas nos braços apertados pela blusa do Flamengo).
, o namorado. — respondeu e me apertou mais contra ele.
— Você sentiu tanto a minha falta que arrumou outro coreano, ? — perguntou e enrolou a ponta do meu cabelo entre os dedos. Balancei a cabeça para tirar sua mão dali.
— Eu conseguia tanto ficar sem você que fui eu que terminei. — livrei os braços de da minha cintura e me preparei para sair. — Agora se nos der licença... Vamos, .
Tomei meu namorado pela mão e comecei a arrastá-lo para o estádio. Eu tinha me esquecido totalmente do fato de que tinha uma moto e sempre estacionava ali.
— Um coreano, ? É sério? Achei que eu fosse o primeiro. — resmungou enquanto era arrastado até o estádio.
— Só pra te informar, o editor-chefe do jornal é Matheus KIM. — avisei.
— É o quê? E quanto ele tem de altura? — ele ignorou minha fala.
Alves. Nos conhecemos na faculdade. Eu revisei um trabalho dele. Ele administra o restaurante dos pais em algum lugar do Rio. — expliquei sem parar de andar.
Alves o quê? — insistiu. Respirei fundo, sabendo que ele ficaria bicudo o jogo inteiro. Já tinha sido demais para ele saber que eu tive namorado um coreano. Pelo menos meio coreano.
Alves... Choi.
— Não, aí já é demais. — ele parou de andar e eu me obriguei a parar também. — Tava tentando esquecer ele comigo?
— Te conhecer nem tava nos meus planos, . — resmunguei. — E quando a gente se conheceu, eu já tinha terminado com o há um ano. Fala sério.
— Vocês ficaram muito tempo juntos? — ele perguntou com um beicinho. Sabia fazer o drama dele. E eu sempre cedia ao beicinho.
— Seis meses. O pai dele me detestava. Não entendia como o filho, tão favorecido socialmente, tinha escolhido namorar uma estudante, filha de nordestinos, que está fadada à baixa renda a vida toda. — expliquei e ri.
— Ainda bem que você se livrou dele. — me puxou pela mão e me abraçou pela cintura.
? — uma voz feminina me chamou. Olhei ao redor e vi Clara, uma amiga de faculdade que eu encontrava sempre que ia ao Maraca.
— Cla! — me soltei de e a abracei.
— Eu pensei que você nunca mais viria a um jogo. — ela reclamou.
— Tá difícil, amiga. Sério. Só tô aqui porque é domingo e não tem extra no jornal. — expliquei. pigarreou atrás de mim para chamar minha atenção. — Ah, Clara, esse é o , meu namorado.
Clara o olhou por inteiro e piscou devagar.
— Prazer. — ela estendeu a mão e a apertou. Então ela parou bem na minha frente. — Ele é um gato.
— Meu professor de Hapkido. Lembra que eu te falei que ia fazer uma luta? Então.
— Bom que agora você pode dar um soco no . — ela riu.
— Eu quase fiz isso. — se meteu na conversa.
— Acabamos de encontrar com ele. — suspirei e rolei os olhos.
— Só não incentivo a fazer isso agora porque vamos perder o jogo. — Cla suspirou. — Vem, as meninas da torcida já estão lá.
Ela me puxou pela mão e eu consequentemente arrastei . Passamos entre as cadeiras das arquibancadas até achar as “Realengirls”, a torcida feminina organizada de Realengo. Nós tínhamos um lenço personalizado e eu tratei de tirar o meu da bolsa para amarrar no short.
— Com licença, esse lugar é meu. — ouvi a voz educada de Clara.
— Não tô vendo seu nome, princesinha. — uma voz masculina respondeu. Levantei o olhar e vi um cara alto e forte sorrindo para a minha amiga.
— Somos torcida organizada, moço. Sempre sentamos juntas. — Clara argumentou. discretamente me puxou pelo braço. O encarei e me soltei, indo para perto de Clara.
— Com licença, você tem problema de audição? — perguntei, encarando o homem de cima a baixo. — Qual o sentido de você ficar entre as garotas de repente?
... — chamou em tom de alerta.
— Eu resolvo com seu namorado, gatinha. — o homem sorriu para mim.
— Ah, não. Eu sou perfeitamente capaz de bater na sua cara sozinha. — cruzei os braços sobre o peito.
— Tá bom. A gente fica desse lado. — me puxou pela cintura. Clara estava do outro lado, apenas observando.
— Qual é? Vai arregar? Defende tua namoradinha. — o cara debochou.
— Já chega, né? A gente fica aqui. — perguntou de frente para mim. — Cala a boca, cara. — ele disse ao homem sem ao menos olhar para trás. O cara ainda bodejou um monte, coisas que a gente mal conseguia entender. — Caralho, eu já falei pra ficar quieto, cara. — reclamou ainda de costas para o homem. Eu estava vendo as orelhas dele vermelhas, ele estava ficando irritado.
— O que foi que você disse, seu franguinho? — o cara perguntou, dessa vez, mais perto. Com um suspiro e em um movimento que eu mal consegui entender, acertou o rosto do homem com um chute alto que eu já tinha implorado para ele me ensinar. O cara caiu em cima de mais umas quatro pessoas que estavam atrás dele e não reagiu por longos segundos.
— Eu falei pra você ficar quieto. — meu namorado murmurou entredentes. — Vem.
Ele me tomou pela mão e começou a me arrastar de volta para a saída do estádio sem que eu sequer conseguisse olhar para Clara. tirou a camisa, pegou o celular e ligou para alguém. O nome na tela estava em coreano e ele falava na mesma língua, logo, eu não entendi nada, apenas o segui, mesmo desgostosa de provavelmente perder o jogo. De repente, ele parou na bilheteria.
— Camarote Platinum. — ele disse à moça.
— Boa tarde, senhor Choi. — a moça sorriu para ele. — Seu pai acabou de ligar. Vou precisar dos documentos.
— Amor, a identidade. — ele me pediu. Sem entender absolutamente nada, entreguei a carteira de motorista a ele.
— O senhor vai precisar vestir a camisa. — ela sorriu de novo enquanto pegava as identificações que entregava a ela. — Deixo aberto?
— Não. Quero um pouco de paz. — ele respondeu sorrindo. Eu estava vendo sorrisos demais e ninguém me explicava o que estava acontecendo. E eu definitivamente não estava gostando.
— E o pagamento? — ela quis saber.
— Débito. — ele prontamente tirou o cartão dourado da carteira.
— Bom jogo. — ela desejou depois de passar o cartão. então se virou para mim e vestiu a blusa.
— Vamos. — ele pegou minha mão e me arrastou para o outro lado.
— Que horas você vai me explicar o que tá acontecendo? — perguntei.
— Eu peguei o camarote pra gente. — ele parou na frente da porta e sorriu.
— Não tem que ser sócio do clube pra ter acesso ao camarote? — perguntei mais confusa ainda.
— Papai é sócio do estádio, . — ele riu. — Vem, entra.
Entrei no camarote sem conseguir processar a informação. Mesmo sócio do clube, cada ingresso ali devia custar uns 2k.
, você ficou doido? — perguntei.
— Você não queria ver o jogo? Vamos ver daqui. — ele se sentou como se fosse acostumado àquilo. E devia ser mesmo. Eu que estava completamente abobalhada, matuta, como diria minha mãe, olhando o gramado pelo vidro.
— O senhor vai querer alguma coisa? — um garçom, um fucking garçom, perguntou.
— Eu quero uma coca zero bem gelada. Quer alguma coisa, ? — me perguntou. Deixei de encarar o vidro para encará-lo. Ah, eu queria sim. Estava me sentindo extasiada. Aquele foi o maior ato de amor que eu recebi na vida. Eu queria uma coisa sim, mas como não podia verbalizar, respirei fundo para limpar os pensamentos.
— Fritas. E uma cerveja, qualquer uma menos Stella. Pode ser a mais barata.
— Uma Eisenbahn. Long neck mesmo. — disse ao garçom. Esse me conhecia bem. Assim que o garçom saiu, andei até ele e sentei em seu colo, de frente para o rosto sorridente dele. Segurei suas bochechas entre as mãos e o beijei demorado. — Tá feliz? — ele perguntou quando partiu o beijo.
— Eu faria amor com você aqui e agora se não tivesse gente demais olhando. — respondi baixinho e ele riu.
— Pode guardar pra quando chegarmos em casa. — ele apertou minhas coxas.
— Não posso dormir lá. Não trouxe roupa pra ir trabalhar amanhã. — suspirei.
— Então eu durmo na sua casa. — ele beijou meu ombro, o que me fez levantar. Os movimentos estavam ficando perigosos.
— A gente pode sempre deixar pra amanhã. Aí eu vou da redação pra lá. — dei as costas pra ele e voltei a encarar o estádio lotado pelo vidro. — Lá eu posso fazer o barulho que eu quiser. — sussurrei.
— O quê? — perguntou. Felizmente não tinha escutado.
— Nada não. — me virei e sorri para ele. Então notei uma movimentação do lado de fora do camarote e de repente vi Gabriel, o Gabi Gol, passando bem ao lado do camarote onde estávamos. — Puta merda.
— Eu não te falei que eles passavam aqui? — perguntou risonho.
... — respirei fundo. As promessas estavam todas na minha cabeça. — Será que eu consigo tirar uma foto com o Gerson?
— É só você pedir. Vem cá. — ele me arrastou para fora e parou perto dos jogadores que passavam. — Quem é o Gerson?
— Aquele. — apontei para o camisa 20 que vinha mais atrás. o parou e com um sorriso enorme, ele aceitou a foto. Foi meu namorado que tirou, eu certamente não conseguiria segurar o celular, estava tremendo. Desejei um bom jogo e ele se foi junto com os outros.
— Ele é alto, né? — comentou enquanto voltávamos para o camarote. Nossas bebidas e a batata já estavam nos esperando.
— Eu te amo. — me pendurei no pescoço dele. — Eu faria qualquer coisa que você me pedisse agora.
— Dorme lá em casa. — ele me abraçou pela cintura, sentou e me puxou para o seu colo.
— Menos isso. Não dá, . Eu não posso ir trabalhar com essa roupa amanhã. — eu ri.
— Então casa comigo. — ele beijou meu rosto.
— Depois do jogo, quem sabe. — lhe beijei de novo antes de começar a comer. O jogo começou e seguiu como deveria: com o Flamengo me fazendo passar raiva pra ganhar com apenas um mísero gol.
— Vamos, ou daqui a pouco a gente não consegue mais sair. — descolei do vidro.
— Mas o jogo nem acabou. — me olhou confuso.
— Tu nem é flamenguista, . — eu ri enquanto pegava minha bolsa e a garrafa.
— Mas e se... — ele tentou protestar e eu lhe calei com um selinho.
— Eu vejo no SporTV na sua casa amanhã. A gente precisa sair ou daqui a pouco o estacionamento vai ficar um inferno. Confie em mim. — segurei seu rosto com as mãos. — Pague a conta e vamos.
— Já tá pago. Já podemos ir. — ele sorriu.
— Eu nunca vou me acostumar com essa coisa de rico de vocês. Sério. — neguei com a cabeça enquanto me arrastava para fora. Subimos na moto e ele nos tirou do entorno do estádio mais rápido do que eu pensei ser possível. começou a pilotar para um lugar que eu provavelmente conhecia, só não lembrava qual. — Pra onde você tá me levando? — gritei para ser ouvida.
— Pro cartório. Você disse que ia casar depois do jogo. — ele gritou de volta e riu.
— Não tem graça, . — bati em seu ombro.
— Vamos jantar no Barra Shopping. Depois eu te deixo em casa. — ele explicou.
Fiquei olhando as ruas passando por nós e só consegui respirar aliviada quando vi a entrada do shopping. Assim que ele parou, desci da moto e tirei o capacete.
— Você devia ter combinado antes. Eu não tô com roupa pra esse shopping. — resmunguei.
— Tá linda. — ele me abraçou e senti suas mãos puxando meu short pra baixo.
— E você segue implicando com o short. — eu ri e fomos para o elevador. Apertei o botão do andar da praça de alimentação e apertou o do primeiro andar. O encarei com as sobrancelhas franzidas.
— Precisamos pegar uma coisa antes. — ele respondeu com um sorriso. Assim que as portas se abriram, me arrastou entre os ricos que me olhavam torto. Ele entrou na loja oficial do Flamengo e me encarou. — Pode escolher.
— O quê? — perguntei sem entender.
— A blusa que você quiser, . — ele riu. — Pode escolher.
— Quer ajuda? — a vendedora me perguntou.
— Pode dar o que ela quiser. — avisou.
— Chega, vamos embora. — peguei sua mão e ameacei sair da loja.
— Você vai escolher sua blusa. Eu admiro que você apoie o comércio local de Realengo, mas uma torcedora fiel merecer um manto oficial. — ele discursou. — Agora você vai dizer à moça qual camisa você quer. — ele me virou de frente para a vendedora que sorria.
— Você tirou a sorte grande. As blusas femininas foram repostas hoje. — ela avisou. me empurrou na direção da moça e eu me aproximei ainda confusa. — Seu namorado é um fofo. — ela me segredou.
— Ele é doido. — eu ri.
— Doido ou não, você ganhou uma camisa. — ela bateu palmas. Parecia mais animada que eu. Pelos próximo minutos, escolhi minha camisa e provei os tamanhos sob os olhos atentos de , que reprovou uma porque, segundo ele, estava apertada demais. Assim que ele pagou, encarou a vendedora.
— Ela vai usar. Pode jogar a outra fora? — ele perguntou.
— Nem pensar! — protestei. — Obrigada pelo presente, mas eu só vou usar quando sair com você. Em Realengo, vou continuar usando a minha. Tu acha mesmo que eu vou sair na rua com uma camisa de 300 reais? — então me virei para a vendedora. — Pode embalar a nova, moça. Eu troco lá no banheiro.
— Vocês são o casal mais fofo que eu já atendi. — ela riu e embalou a camisa. — O senhor não vai levar nada?
— Eu sou tricolor. — riu. — Só tô com essa camisa feia por causa dela. — e beijou meu rosto.
— É, gata. Você tirou a sorte grande. — a vendedora repetiu. — Obrigada pela compra e voltem sempre.
Sorri para ela e saímos da loja. insistiu que eu trocasse a blusa e assim eu fiz.
— O tecido da camisa oficial é uma delícia. — comentei para e ele sorriu. Então aproximou a boca do meu ouvido e sussurrou:
— Quando eu chegar amanhã, quero você usando só ela e nada mais.
— Ah, . Amanhã... — deixei a promessa no ar.
— Estou contando as horas. — ele riu.
— Obrigada por hoje. Tudo isso é tão... — suspirei. — Sei lá. Chega a ser surreal.
— Eu te amo. — ele selou meus lábios.
— Eu nem sei porque você me ama. Sério. — brinquei.
— Eu te amo e é isso que importa. — ele me beijou de novo.
— Eu também te amo.
🎒

tinha me chamado para viajar. A família passaria o final de semana em Angra e ele insistiu que eu fosse. Insistiu muito mesmo. E fez o beicinho. E quase chorou. Então depois de muita insistência e de ouvir as meninas falando sem parar que eu deveria ir, eu aceitei. No sábado de manhã ele mandou um Uber me buscar em casa e lá estava eu na porta enorme dele. O porteiro do condomínio chique tinha liberado minha entrada e eu abri a porta da casa sem ao menos bater. Minha surpresa foi ver um rapaz asiático de camiseta no sofá da sala de . Ele tinha a pele clara demais e olhos castanhos quase dourados, que brilhavam com a luz do Sol que entrava pela janela tão grande quanto a porta. Os cabelos tinham um tom de loiro escuro que muito combinava com ele. Ele sorriu para mim e, assustada, eu saí da casa e fechei a porta. Chequei o número para ver se eu não estava abrindo a porta errada, e não, não estava. Aquela era a casa de . Então quem era aquele garoto?
Abri a porta de novo e ele continuava lá, com um sorriso divertido de garoto que aprontava. Com certeza tinha sido o terror das professoras na escola.
— Ah... Bom dia? — desejei incerta.
— E aí? — ele disse com uma voz grave.
— O ... ele está?
! — ele gritou para dentro da casa, me fazendo pular de susto e apertar a bolsa de treino no ombro.
— O que foi, porra? — meu namorado saiu do quarto gritando, mas parou quando me viu igual a uma estátua parada na sala. — Oi, cheirosa. Você chegou. — ele se aproximou de mim e me beijou rápido.
, desculpa, eu só entrei.
— Tá tudo bem, meu amor. O te assustou? — ele riu.
. — o rapaz corrigiu. — Quer que eu comece a te chamar de ?
— Ele é seu amigo? — eu quis saber.
— Então, amor. Ele é meu irmão. — ele confessou.
— Ele não falou de mim? — perguntou. Eu nem consegui responder, tão chocada estava. levantou, chegou perto de mim e me estendeu a mão. — Chwe.
— Calma. Vocês não têm o mesmo sobrenome? — a história tava ficando confusa demais.
— A mulher que me pariu é dos Estados Unidos, eu fui registrado lá e meu sobrenome sofreu uma alteraçãozinha. — riu. Eu não. Acho que dava para ver a fumaça saindo da minha cabeça.
— Eu vou te dar uma xícara de café e vou te explicar enquanto você bebe. Vem. — me puxou pela mão até a cozinha e praticamente me jogou sentada em uma das cadeiras da mesa enorme. Aceitei o café quente sem reclamar. — Então, vamos lá. Antes de eu completar dois anos, a mamãe resolveu pedir o divórcio. — ele coçou a cabeça, como se aquela informação o incomodasse um pouco, mas continuou. — E mesmo não querendo isso, e não concordando, o papai aceitou. Então ele resolveu se mudar para os Estados Unidos e ficou lá por uns dois anos, estudando, se especializando e tal.
— E quando voltou, ele me trouxe pela mão. — riu com todos os dentes. — Papai sempre disse que foi um deslize, mas nunca que eu fui um erro. — e sorriu para ele. Eles eram fofos juntos.
— E quando papai voltou trazendo o ... — continuou.
— Porque a mulher que me pariu não me quis. — o interrompeu, mas não parecia irritado.
— Mamãe tava pronta pra cancelar o pedido de divórcio. Aí ela viu o . Mais um mês de surto. Só que ela acabou aceitando a coisinha loira que ele era. — ele riu.
— E foi o melhor que podia acontecer. — abraçou o irmão pelos ombros.
— Sim, porque o papai jamais ia conseguir te criar sozinho. — bagunçou os cabelos de .
— E você não sobreviveria sem mim. — acertou o irmão na costela. Então se virou para mim. — É um prazer te conhecer, apesar de o meu irmão inútil não ter falado de mim.
— E eu ainda não acredito que ele me escondeu uma informação dessa. — respirei fundo.
— Você me escondeu o . — largou o irmão e cruzou os braços sobre o peito.
— Ele é meu ex, ! — quase gritei. — O é seu irmão! É diferente.
— É, . — concordou comigo. — Fala sério, eu sou sua família. Já basta não ter uma foto nossa nessa casa.
Então reparei ao redor. Realmente não tinha uma foto de família em lugar nenhum.
— Você sabe que a mamãe gosta das paredes limpas. — contra-argumentou. — E vamos logo. Temos algumas horas de viagem pela frente.
Ele me beijou rápido e voltou ao quarto. Fiquei sentada, encarando , que parecia me analisar.
— Eu gostei de você. — ele me estendeu a mão. — É oficialmente um prazer te conhecer...
. — completei. — Seu irmão também não falou de mim?
— Não muito. E sempre se referia a você como “minha namorada”. — ele tentou imitar , o que me fez rir.
— Sua imitação é péssima. — voltou à cozinha carregando duas mochilas. — Peguem o que precisarem. Vou guardar as bolsas no carro. Espero vocês lá. — ele tomou minha bolsa de mim.
— Então vamos. — se adiantou para a geladeira e pegou de lá uma garrafa que muito se parecia com a de , o que me fez lembrar de pegar a garrafa vermelha que ia com ele para todo canto. Enchi com água e saí, assumindo meu lugar no banco da frente. me olhou assim que entrei.
— Quer que eu vá atrás? — perguntei desconfiada.
— Nem pensar. Eu vou dormir um pouco aqui. Ainda tô com jet leg. — me respondeu quando entrou no banco de trás.
— Todos de cinto, vamos lá. — sorriu. Tirou o carro do condomínio e nos botou na rua. Ele mal olhava o GPS, parecia conhecer o caminho (que eu nunca tinha feito).
— Por que você nunca falou do seu irmão, ? — perguntei e apertei a coxa dele, quebrando o silêncio que se instalou no carro. tirou os olhos da estrada por um segundo para olhar para a minha mão e então para o meu rosto.
— Porque eu sabia que isso ia acontecer. O te conquistou, . Assim como ele conquistou todas as minhas ex-namoradas. — ele suspirou.
— E foram muitas? — perguntei com uma pitada de ciúme na voz.
— Três. — ele respondeu rindo, mas parecia sincero.
— Tá, e dessas suas ex-namoradas, quantas ele te roubou? — perguntei baixinho para não acordar que dormia no banco de trás, a boca formando um biquinho adorável.
— O quê? — me olhou rapidamente, as sobrancelhas franzidas.
— Quantas terminaram com você pra ficar com ele?
— Nenhuma. — ele me olhou de novo.
— E você achou que isso ia acontecer agora? Não responde. — cortei sua possível resposta. — Seu irmão conquista suas namoradas porque ele é adorável. Como um filhotinho. Ele é bonito, eu não vou mentir, e ele carrega o título de cidadão americano, mas eu tenho você. — apertei sua coxa de novo.
— Você acha ele bonito? — me olhou e ostentava o maldito beicinho.
— Se eu tivesse solteira e encontrasse ele em qualquer lugar, eu com certeza investiria. — brinquei. O beicinho dele só aumentou. — Fala sério, . Não dá pra ignorar os olhos castanhos dourados.
Noona. — a voz de ecoou no carro. Olhei para e ele riu.
— É você. Depois eu te explico o que significa. — ele maneou a cabeça na direção de .
— Oi, . — me virei no banco para encontrá-lo ainda de olhos fechados.
— O tá muito na sua. Por isso que ele tá com medo. — murmurou.
! — gritou e eu tive que rir. — Cala a boca, porra. Dorme aí. Ainda tá longe.
— É mesmo, ? — insisti na conversa.
— É. — ele sorriu de olhos fechados. — Disse que ia...
E buzinou de forma constante, me assustando e assustando , que acordou de um pulo.
— Porra, . — ele reclamou.
— Tinha um bicho na pista. — ele se justificou.
— Aí tu freia, né? — protestei. — Puta merda.
— Vou falar pra mamãe assim que a gente chegar. — cruzou os braços sobre o peito.
— Ela me ama mais. — o olhou pelo retrovisor.
— Ela me ama mais. — o corrigi. — Então eu vou reforçar a reclamação do . Se fodeu, .
— Tá achando ruim, dirige, amor. — ele riu.
— Certeza que eu chegaria lá mais rápido que você. — alfinetei.
— De todas as suas namoradas, a é a melhor, . Sério. — comentou e estendi a mão para um high five.
— Eu devia ter ido com o papai ontem. — reclamou. E afundou o pé no acelerador, se mantendo calado, na medida do possível, até chegarmos ao que parecia ser um resort em Angra.
— Achei que não chegariam nunca. — a senhora Choi ignorou os filhos e me abraçou. Então abraçou .
fez o Barrichello hoje. — alfinetou. — E quase nos matou do coração, mamãe.
— Acordou o de um susto. — reforcei.
— O que aconteceu, ? — ela o encarou com os olhos estreitos.
— Tinha um bicho na pista. — ele repetiu a mentira. Porque era mentira. Tenho certeza de que ele só queria cortar a informação que me daria.
— Então você freia, filho. — a senhora Choi cruzou os braços.
— Foi o que eu disse. — sorri vitoriosa.
— Vamos falar depois. — ela apontou o dedo para . — Agora, vamos. Os quartos já estão divididos e nós temos um passeio e um jantar ainda hoje. — ela sorriu animada e começou a andar pelo local. , e eu a seguimos até nossos quartos. Eu mal tive tempo de soltar minhas coisas e ver a cor da parede antes de ser arrastada por minha sogra para a rua do comércio, no centro histórico. Dali em diante, ela me adotou como filha, usando o marido e os filhos como seguranças daqueles de filmes antigos, que carregavam as sacolas das madames por aí. Jantamos em um restaurante de bacana (apesar de achar que eu estava mal vestida para a ocasião) e voltamos para o hotel já à noite.
— Eu nunca mais saio com vocês duas. — reclamou quando se jogou de barriga na cama.
— Eu amo o fato de que sua mãe me adotou e ignora vocês. — eu ri. Sentei quase em sua bunda e apertei as costas largas. gemeu baixinho e sorriu com a bochecha apoiada no colchão. — Bom que a gente voltou cedo e pode descansar. Amanhã tem mais.
girou na cama embaixo de mim e eu sentei em suas coxas, apoiando as mãos em seu peito. Ele puxou meus pulsos e eu caí com o peito no dele.
— A gente chegou cedo, né? — ele sorriu de lado.
— Tu não tava cansado? — beijei seu queixo.
— Mas a gente pode tomar um banho... — ele me deu um selinho. — E aproveitar um pouquinho. — outro selinho. — Rapidinho. Eu tô com saudade.
— Descansar, Choi. Sua mãe tá no pique pra amanhã. Eu já tô morta. — deixei um beijo no bico que ele formou e tratei de levantar. Procurei o pijama na bolsa e corri para o banheiro. foi atrás de mim e vi quando ele começou a tirar a roupa no caminho. Fechei o vidro do box e, rindo, ele abriu e entrou no chuveiro junto comigo.
— Eu te amo. — ele confessou do nada. Eu sabia bem o que ele queria.
— Ainda é não, .
— Você não me ama, ? — ele me abraçou pela cintura e o nariz fez um carinho gostoso na minha bochecha.
— Amo, mas eu tô cansada. — sorri para ele.
— Tudo bem. Eu só quero um carinho. — ele ligou o chuveiro e eu senti a água quente me relaxar um pouco.
— Sim, no pau, né, ? Eu te conheço.
— Meu Deus, mulher. — ele riu e se afastou um passo. — Vamos tomar banho e dormir. Você tá cansada. — ele meteu a cabeça debaixo da água, se ensaboou, jogou espuma em mim e finalmente conseguimos terminar o banho. Vesti meu pijama e vestiu uma samba-canção e nada mais. Ele deitou e eu me agarrei a ele, sentindo o quente da pele e o cheiro do banho recém-tomado. — Eu te amo. — ele confessou de novo.
— Tá tudo bem, ? — estiquei o pescoço para lhe encarar.
— Tudo ótimo. — ele sorriu e os olhos apertados piscaram devagar.
— Você tá cheio de “eu te amo” hoje. — franzi as sobrancelhas.
— Mas é porque eu te amo. — ele riu.
— Tá esquisito, hein?
— Tá esquisito você não respondendo que me ama sempre que eu digo que te amo. — ele rebateu.
— Você já sabe que eu te amo, não sabe? — perguntei e ele confirmou com a cabeça. — Então pronto. — deitei em uma posição confortável e puxei o cobertor.
— Tão amável. — ele resmungou. — Boa noite.
— Eu te amo. — respondi antes de fechar os olhos.
💤

A cama do quarto do resort só não era melhor que a cama do quarto do (ou o próprio , porque vez ou outra eu me pegava dormindo quase em cima dele). Mesmo assim, eu demorei para dormir, preocupada com os pais dele no quarto de um lado e no quarto do outro lado. Quando dormi, tive um sono leve, e acordei com o barulho da dobradiça da porta rangendo baixinho enquanto a porta era aberta bem devagar. Antes de abrir os olhos para ver quem era nosso visitante de tão cedo, senti o corpo todo e me dei conta da mão quente e pesada de apertando meu seio por baixo do pijama enquanto ele dormia. Ele estava com o corpo encaixado atrás do meu, quente pela falta da blusa.
— Se a mamãe entra aqui, ... — a voz de disse em um tom divertido. Abri os olhos e o encontrei de braços cruzados no meio do quarto, negando com a cabeça enquanto ria.
— Eu sou maior de idade. O que você quer, ? — ele resmungou antes de esfregar o nariz na minha nuca e escorregar a mão do meu seio para a minha cintura, me puxando mais contra ele. Imediatamente cruzei os braços sobre o peito. O cobertor tinha ido parar em algum lugar e eu tinha certeza de estar vermelha de vergonha por estar tão exposta na frente do meu cunhado recém-descoberto.
— Mamãe quer sair daqui uma hora pra passear de lancha. Achei melhor eu vir te chamar. — ele explicou.
— Já vou. — resmungou de novo e os dedos dele na minha barriga me fizeram um carinho.
— Se vão transar, façam isso rápido e em silêncio. Vou garantir que ela não entre aqui pelos próximos 30 minutos. — ele avisou e saiu do quarto. Juro que se eu pudesse enfiar a cabeça em algum lugar, eu o faria. E nunca mais sairia.
— Temos meia-hora. — beijou meu pescoço e a mão que fazia um carinho na minha barriga achou lugar dentro do short do meu pijama. — Vamos fazer rapidinho, amor.
— E você sabe fazer alguma coisa rapidinha, ? — tentei lhe encarar por cima do ombro.
— Se você tiver prontinha pra mim, vai ser rapidinho. — ele riu.
— Sim, porque você eu sei que já tá prontinho. — eu podia sentir a ereção dele contra minha bunda. — Caralho, . Teu irmão te viu com a mão bem no meu peito.
— E ainda bem que você tá pijama. — ele beijou meu ombro. — Vamos, . — ele forçou o short para baixo e a mão deslizou até apertar minha coxa.
— Camisinha, . — o lembrei.
— Tá longe. Estamos sem tempo. Por favor, . — ele choramingou. Me separei dele e virei na cama para encarar seu rosto.
— Se eu engravidar, eu vou sair do emprego e você vai me bancar, tá entendendo? — ameacei. Era tudo falso. Eu me cuidava para não ser mãe antes do previsto.
— O que você quiser. — ele sorriu sem mostrar os dentes. — Agora tira o short, vai.
— Nessa posição não vai dar, . — o alertei. — Não vai caber.
mordeu o lábio inferior para conter um sorriso sacana. Ele se separou de mim e se arrastou na cama, sentando contra a cabeceira e levando o quadril para tirar a samba-canção. Ele passou as mãos sobre as coxas fartas e usou os dedos indicador e médio para me chamar em um gesto sutil. Negando com a cabeça, levantei da cama e me livrei do pijama, voltando a subir no colchão e me posicionando com uma perna de cada lado de suas coxas. apertou minhas coxas e subiu as mãos em um carinho quente pelo meu corpo até chegar ao meu rosto.
— Não deixa mais ninguém ver isso. — ele sussurrou.
— Isso o que, ?
— Você, assim nua. Só meus olhos podem ver. — ele me roubou um beijinho.
— Você tá com ciúme, ? — tentei não sorrir.
— Tô. — ele confessou e me roubou outro beijo.
, você não é meu primeiro. — arrumei o corpo em seu colo e apoiei as mãos em seus ombros.
— Mas vou ser seu último, o “pra sempre”. — ele voltou as mãos para a minha cintura e me fez erguer o quadril, posicionando o membro em minha entrada e me fazendo sentar devagar. Geralmente eu fazia aquilo sozinha, mas hoje ele queria participar.
, só temos meia hora. — o lembrei.
— É suficiente. — ele sorriu. — Agora rebola, por favor.
Comecei a mover o quadril para frente e para trás, vendo olhar concentrado para o lugar onde nossos sexos se encaixavam. Arrisquei uma quicada e o vi morder o lábio. Comecei a subir e descer devagar e o vi fechar os olhos.
— Fica assim, . Só sente. — sussurrei em seu ouvido e gemi baixinho.
— Eu não vou aguentar meia hora. — ele confidenciou com um tom divertido.
— Você gosta assim? — subi e desci em seu pau e gemi de novo.
... — ele gemeu em resposta. Uma de suas mãos inquietas me apertou o seio.
— Pode apertar o que quiser, só não abre os olhos. — pedi antes de intensificar o movimento do meu quadril. me obedeceu e começou a apertar meu corpo aqui e ali ainda de olhos fechados enquanto eu usava seus ombros como apoio e quicava em uma velocidade ritmada. Ele abriu a boca para o que parecia ser um gemido, mas nenhum som escapou. Então ele gozou, o corpo todo tremendo abaixo de mim. Eu fui logo depois, satisfeita com meu trabalho e com o quente do corpo dele no meu. Quando finalmente abriu os olhos, tinha um sorriso frouxo nos lábios e suspirava pesado.
— Eu te amo. — ele disse olhando em meus olhos.
— Eu também te amo. — selei seus lábios.
— Casa comigo. — ele sorriu.
— Você precisa estar segurando um anel na hora de pedir, . — eu sorri também. — E nós temos que tomar banho, sua mãe tá esperando a gente pro café.
— E agora eu tô faminto. — ele suspirou ainda sorrindo.
— Só vocês ricos pra falarem “faminto”. — eu ri. — E eu vou tomar banho primeiro porque se eu deixar você entrar, a gente vai se atrasar.
Corri para o banheiro e tomei um banho decente, tentando não demorar demais. Assim que abri a porta para sair, passou correndo por mim, deixando um tapa na minha bunda coberta pela toalha antes de fechar a porta. Tentei vestir um biquíni decente e percebi que não tinha nada assim. Precisava comprar roupas à altura dos Choi (e fazer mais horas extras para pagar tudo). Então vesti o melhor (e maior) biquíni que tinha, um short de tecido fino, coloquei os óculos e saímos do quarto. Tomamos café sob os olhos atentos da minha sogra e seguimos para a lancha. O pai de nos colocou na água e dali em diante eles seguiram pilotando, conversando, rindo e fazendo um churrasco. Eu mal comi, estava nervosa e envergonhada. Aquele lugar não era meu.
A lancha balançou e eu me vi cobrindo a boca. Eu mal conseguia olhar o celular, a vertigem estava forte, mas, pelo Sol, já era tarde. Só queria pisar em terra firme. me encarou e minha sogra fez o mesmo.
— Tá tudo bem, amor? — ele perguntou.
— Só tô um pouquinho enjoada. — respondi com uma careta.
, será que você... — e ele cobriu a boca, assustado. Controlei a vontade de soltar um palavrão.
— Até parece que não estudou biologia. — resmunguei. Ele sentou ao meu lado.
— A gente fez sem depois do jogo. — murmurou. apenas observava, rindo. Minha sogra estava sem expressão, apenas nos observando.
— Eu tomo anticoncepcional todo dia. — o lembrei. — , sai daqui. — o empurrei pelo ombro. — Eu só tô enjoada porque definitivamente não gosto de andar de barco e tenho pavor de mar, ainda mais a essa distância da praia.
, você devia ter me dito. Teríamos feito outra coisa. — a senhora Choi empurrou e sentou ao meu lado, segurando minhas mãos.
— Tá tudo bem. Eu vou ficar bem. — tentei sorrir para ela.
— Omma, pode nos deixar ali, naquela ilha. — apontou para uma faixa de terra. — De lá conseguimos ir andando.
— Querido. — a senhora Choi chamou o marido e não precisou dizer mais nada. Senti a lancha dobrar e acelerar. Ele foi o mais perto que conseguiu e vi quando tirou a camisa e pulou na água, estendendo os braços para mim.
— Vem, amor. — ele sorriu. Passei os pés para fora da lancha e pulei. até tentou me segurar, mas falhou.
— Porra, o short. — reclamei. Tinha esquecido de tirar. Agora ia molhada e com a bunda de fora até o resort.
— Eu coloco os celulares no quarto de vocês. — gritou da lancha. — Bom passeio. — ele acenou com um sorriso cínico.
e eu andamos até a areia e ele me fez tirar o short assim que viu que o tecido molhado não cobria mais nada. Então me fez vestir a camisa que ele segurava e me estendeu a mão.
Caminhamos na areia Deus sabe por quanto tempo, eu estava olhando para baixo, confortável com o silêncio ao nosso redor. A camisa que insistiu que eu vestisse não cobria nada da minha bunda como ele queria. O vento balançava o tecido e os cabelos escuros dele. O Sol estava se pondo na linha do horizonte e lançava uma luz laranja nas ondas e na areia. Parecia uma cena de filme. então soltou minha mão e se adiantou dois passos, parando bem na minha frente. Ele passou o polegar no meu rosto e sorriu pequeno. Daquela vez, eu não sorri com ele. Pelo contrário, entrei em leve desespero quando o vi sumir do meu campo de visão, se ajoelhando aos poucos.
— Não, você não vai fazer isso. — o segurei pelos ombros.
— Eu já tô fazendo. — ele riu quando notou que eu não consegui levantá-lo. Meteu a mão no bolso da bermuda e tirou de lá um saquinho de cetim azul molhado. Eu só tinha visto aquele tom de azul na aba de joias da Shopee (e obviamente o de lá não era original). Ele me estendeu um anel prateado igualmente molhado e inspirou.
Soares, você...
— Não! — me ajoelhei na frente dele.
— Amor, levanta, vai. Eu tô segurando um anel. — ele riu e passou o polegar na minha bochecha de novo. E eu só podia estar na TPM, porque senti uma lágrima quente escorrer por onde tinha acabado de passar o dedo. — Me deixa fazer isso, por favor. Vai ser rapidinho, eu prometo. — ele sorriu e colheu a lágrima com um beijinho. Fungando, levantei da areia. segurou minha mão direita com a mão livre e começou a recitar as palavras que estavam me assustando. — Soares, você aceita se casar comigo?
... — me ajoelhei na frente dele de novo.
— Quando eu te vi pela primeira vez na academia e você me fez perder os sentidos e tropeçar em um chão que eu conhecia bem, eu já sabia que era você. — ele sorriu. — Quando você me fez vestir uma camisa do Flamengo e a gente arrumou confusão no meio do Maracanã lotado, eu sabia que era você. — ele riu e eu ri junto. — Eu sei que você me xinga com palavras que eu não conheço...
— E você também fala de mim em coreano. — o interrompi.
— Mas nada disso importa.
— Não diga que nós falamos a linguagem do amor. — o interrompi de novo.
— Porque nós falamos a linguagem do amor. — ele sorriu largo. — E eu sei que você tem medo por causa da nossa diferença de classe, mas tudo que é meu é seu, meu amor. — ele colou a testa na minha. — Então, por favor, me responde.
— É sim, . — sorri, apesar das lágrimas que eu sentia escorrendo no rosto. Me afastei minimamente e o empurrei pelos ombros, o fazendo cair na areia. me puxou e eu caí junto, em cima dele. — Mas saiba que eu não gostei disso aqui.
— Você amou. — ele me jogou na areia e o corpo pairou em cima do meu.
— Eu te amo. — olhei em seus olhos e sorri para ele.
— Eu também te amo. — ele me beijou com a luz morna do Sol abençoando nosso noivado.
💍

— Cadê, ? — gritei da sala do sobrado que um dia tinha sido nosso. Aline já tinha mudado sozinha (e Gabriel tinha ido atrás dela), Maria tinha ido com João Vitor e apenas eu tinha sobrado ali. tentou morar comigo durante um mês depois que casamos no civil, mas era um suplício sempre que ele chegava tarde na Ninja e tentava guardar na garagem, atrás do Celta. Ele tinha uns roxos espalhados pelo corpo de tanto bater nos batentes e nas soleiras das portas.
— Pronto. — ele apareceu na sala com uma mala média e uma pequena. Olhei dele para as minhas duas malas pequenas e o saco com o resto das coisas.
— Isso não vai caber no Celta, . O que tanto você trouxe pra cá? — suspirei.
— A gente precisa de um carro maior, amor. — ele sorriu quadrado.
— A gente precisa de um carro de frete. — rebati.
— Você deixa a cafeteira e depois eu venho buscar. — ele sugeriu.
— Eu não vou sem a cafeteira, . — insisti. Era meu esforço de vários meses ali. Eu não ia simplesmente largar ela. — É mais fácil eu ir sem você.
— Eu vou na moto. Vai dar certo. — ele me abraçou pela cintura. — Vamos?
— Vamos. — roubei um beijinho dele e arrastamos as malas escada abaixo. Sebastian estava nos esperando. — Obrigada, Sebastian. — sorri sincera quando entreguei as chaves. tinha me convencido a mudar para um lugar menor, com dois quartos, e que ficava a 20 minutos de carro da redação e da academia. E tinha espaço para os carros e as motos dele.
Usted casou e não me chamou, ? — ele reparou na minha aliança.
— Meu pai insistiu que a família da noiva que paga a festa, e como ele não tem um puto no bolso, a gente casou só no civil. — expliquei.
— Eu vou sentir falta de vocês. — ele sorriu acolhedor. Então se virou para . — E usted, cabrón, cuide da minha hija.
— Sim, senhor. — me abraçou pela cintura.
— Você não vai se livrar de mim tão fácil, Sebastian. Tal hora a gente brota aqui pra um churras. — sorri. — Obrigada por tudo. Eu espero que esse sobrado faça outras meninas felizes e que elas encontrem o amor como a gente encontrou. — sorri para abraçado a mim.
— Agora vá. Sua nova vida te espera. — ele se adiantou para me abraçar e se afastou, mas não foi longe. Sebastian o puxou e o abraçou também, os dois me apertando em um abraço.
— Eu vou voltar. — prometi com os olhos cheios de lágrimas. me puxou levemente pela mão e me guiou para o Celta. Colocamos as malas dentro e eu acenei um último tchau para Sebastian, indo para a nova vida que me esperava.

Epílogo

O relógio estava marcando duas da tarde quando meu celular tocou. Era Gabriel na linha.
? — ele perguntou. Parecia incerto de alguma coisa.
— Oi, Gabriel. Fala rapidinho que eu tô ocupada. — segurei o celular com o ombro para continuar digitando.
Então, a gente tá aqui no São Lucas. — ele começou e foi baixando a voz. Assim que ouvi “a gente”, parei o que fazia e prestei atenção. Isso significava que Aline, Maria ou estavam com ele. João Vitor estava sempre por lá.
— A gente quem, Gabriel? — levantei da cadeira e comecei a arrumar minha bolsa, já estava nervosa.
A gente eu e o . — ele soltou um risinho nervoso e eu quase desmaiei. — Ele meio que machucou o joelho jogando futebol.
— Chego já aí. — desliguei. Não queria mais ouvir. Andei até a sala do meu chefe e bati.
— Entra. — ele respondeu de dentro.
— Senhor Kim, eu preciso sair agora. — anunciei já com a bolsa no ombro.
, eu já disse que pode me chamar de Matheus. — ele riu.
— Senhor Matheus... Não, senhor Kim é melhor. Ainda é difícil. — eu ri, mas estava nervosa.
— Por que você precisa sair agora? — ele cruzou os braços sobre o peito.
— Meu noivo... — respirei fundo e me corrigi. — Meu marido. O amigo dele ligou. Disse que eles estão no hospital porque meu marido machucou o joelho jogando. Eu não sei o quão sério é.
— Você casou e não me convidou, ? — ele perguntou incrédulo.
— Só casei no civil. Não teve festa nem nada. — expliquei.
— Vá antes de você dê à luz a essa criança que você está carregando. — ele riu.
— Mas eu não tô grávida. — coloquei as mãos sobre a barriga.
— Talvez você só não saiba. Esse nervosismo aí... Eu já vi isso. Duas vezes. — ele arqueou uma sobrancelha para mim e apontou para a foto dos filhos no porta-retrato.
— Eu prometo compensar depois. — garanti.
— É bom. Assim você ganha mais pontos para a promoção. — ele piscou. — Agora vá logo. Não quero que o bebê da revisão nasça antes do tempo.
— Não tem bebê, senhor Kim. — sorri. — Até amanhã.
E dei as costas sem esperar resposta. Pedi um Uber até o hospital e entrei correndo até a recepção.
Choi. — disse à recepcionista.
— Que bom que você chegou. — a voz de João Vitor comentou atrás de mim. — não quer ir pra cirurgia se te ver.
— Cirurgia? — por um momento, vi tudo preto e rodando. Ameacei cair e João Vitor me segurou.
— Vai ser rápido, . Foi só uma lesão pequena no menisco. — ele tentou me tranquilizar.
— Cadê o ? — perguntei tentando recuperar os sentidos.
— Você tá gelada. Precisa se acalmar. Vem, vamos aferir a pressão. — ele me carregou pelos corredores e entrou na sua sala com decoração infantil. — Vamos fazer um exame de sangue também.
— Mas eu nem tô doente. — afirmei com certeza.
— Eu já vi esse filme. — ele riu.
— João Vitor, eu preciso ver o . — reafirmei.
— E você vai. Assim que o aparelho me disser sua pressão. — ele colocou o aparelho no meu braço e eu esperei que ele fizesse o trabalho dele. — Tá baixa. Eu vou te levar pra ver o e depois nós vamos pro sangue, mocinha.
— João Vitor... — tentei protestar, mas ganhei uma cara feia de repreensão. — Tá, droga. Só vamos logo.
Ele caminhou pelos corredores e eu fui atrás, rezando para não cair. Assim que ele abriu a porta do quarto de , meu marido me olhou com os olhos tristes.
. — e esticou os braços para mim.
— Como foi que você conseguiu fazer isso, ? — perguntei me aproximando e lhe dando um beijo rápido.
— Ele caiu de mal jeito. — foi Gabriel quem respondeu.
— Eu vou chamar a enfermeira pra colher seu sangue, . Não saia daqui. — João Vitor ordenou.
— Você tá doente, amor? — perguntou.
— Foi só minha pressão que baixou. O João Vitor que é nervoso. — expliquei. — Que horas você vai pra cirurgia?
— Em uma hora. — ele respondeu. — Eu não quero.
— Tivesse pensado nisso antes de jogar bola. Você sabe que seu lance são lutas, né? Não devia jogar. — briguei. Estava aliviada, mas ainda estava me sentindo gelada.
— Você vai me esperar aqui, né? — ele me segurou para me dar um beijinho rápido.
— Que outra opção eu tenho? — suspirei.
— Senhora Choi? — uma enfermeira entrou no quarto e eu a encarei. Ainda estava me acostumando com isso. — O doutor Kim me mandou aqui. Vai ser rapidinho, eu prometo. — ela sorriu doce.
— Eu acho que o doutor Kim tá exagerando. — sentei na cadeira ao lado de e estiquei o braço. Ela tirou dois tubinhos de sangue e se foi.
— A Aline também achava, e tá aí o Gael. — Gabriel riu do outro lado.
— Eu ia adorar receber essa notícia quando voltasse da cirurgia. — colocou a mão sobre meu ombro.
— Você nem vai poder correr atrás do seu filho. Fica quieto. — brinquei.
— É a senhora Choi? — um médico que eu não conhecia me perguntou quando entrou no quarto.
— Bom, parece que sim. — respondi.
— Já que a senhora chegou, não tem motivo para adiar. A sala está pronta. Podemos subir para a cirurgia. Vai ser rápida. — ele sorriu.
— Se acontecer qualquer coisa com meu marido... — suspirei, deixando a ameaça no ar.
— Vai ficar tudo bem, não é, doutor? — perguntou. — Eu vou ser pai. Não posso ficar com sequelas.
— Você não vai ser pai agora, . — lhe olhei com olhos estreitos. — Pode levar, doutor.
— Eu te amo. — sorriu para mim.
— Eu também te amo. Agora tchau. — deixei um beijo rápido nele e o médico puxou a maca. Gabriel me olhou de onde estava, um sorriso grande no rosto.
— Você vai ficar aqui, então eu vou embora. Vou dizer ao Gael que ele vai ter um amiguinho. — ele levantou.
— Tchau, Gabriel. Obrigada por avisar. — sorri amarelo. Nem adiantava insistir que não tinha um bebê. Ele se aproximou e, seguindo a mania de Aline, deixou um beijo na minha testa. Nem protestei, também não adiantava mais. Assim que me vi sozinha no quarto, tentei relaxar um pouco e fechei os olhos por um tempo, mas alguém abriu a porta de repente e eu me assustei na cadeira.
— Quer ouvir só ou vai esperar o voltar? — João Vitor entrou no quarto com papéis na mão.
— Você não tem nenhuma criança pra atender, não? — me ajeitei na cadeira confortável.
— Meu próximo paciente só chega às 16h. — ele riu. — Quer ouvir?
— Que eu não tô grávida? Sim, por favor.
— Você tá grávida, . Seu BHCG tá 30. Não é mais suspeita. É confirmado. Parabéns. — ele riu. Pela segunda vez no dia, eu vi tudo preto e rodando. Felizmente eu estava sentada.
— Eu vou ser promovida, João Vitor. Eu não posso estar grávida. — sussurrei.
— Mas tá e vai ficar calma. E com certeza vai ganhar a promoção. Você é competente. Já tem uma criança, o , e sempre deu conta do seu trabalho. Não é o bebê que vai atrapalhar. — ele segurou minha mão. — Maria vai adorar saber que vai ter outro sobrinho.
— Não vou contar ao agora. — decidi. — Ele precisa estar fora de perigo.
— Ele vai ficar bem. Agora descansa, essa agitação toda não é boa pro bebê. — ele aconselhou.
— Eu espero que fique tudo bem mesmo.
👶🏻

gritou, quis levantar, quase teve que voltar para a cirurgia, mas no final ficou tudo bem.
Sebastian (o nome foi ideia de ) tinha nascido saudável, apesar de todo o meu estresse durante a gestação. A minha promoção tinha vindo, e o senhor Kim repetiu um milhão de vezes que acreditava no meu potencial.
Hoje nosso bebê completava um ano e meio e meus sogros e estavam na nossa casa para um churrasco em família, ideia de . Minhas amigas e seus maridos, e Gael, estavam chegando. Eu estava decidindo o que faria para acompanhar o churrasco e Sebastian estava no cadeirão, perto do balcão da cozinha.
, você está sentindo? — minha sogra perguntou, inspirando ao redor. A imitei e senti o cheiro do que parecia ser acetona. Segui o cheiro e percebi que vinha de Sebastian.
— Filho, deixa eu ver suas mãos. — parei ao lado dele. Sebastian me olhou desconfiado, como às vezes fazia, os olhos puxados como os do pai e os cabelos escuros como os meus. — As mãos, Sebastian. — insisti. Então meu filho virou as palmas das mãos para cima e eu quase tive um treco: as duas estavam pintadas de esmalte. Era o último esmalte que eu tinha comprado, um lilás clarinho. Passei a mão no rosto e minha sogra riu. — Quem te deu esse esmalte, Sebastian?
— Titio. — ele apontou para fora, os olhos inocentes, como se jogasse toda a culpa no tio.
! — gritei. Ele entrou correndo, os olhos claros arregalados. — Você que vai limpar. — apontei para o meu filho.
— Como você conseguiu abrir o esmalte, cara? — perguntou quando viu o estrago.
— O Sebastian tem um milhão de brinquedos e você deu um esmalte, . Sério. — suspirei cansada.
— Eu achei que ele ia ficar ocupado tentando abrir. — se justificou.
— Bom, ele abriu e ficou entretido pintando as mãos. — respirei fundo. — Vai chamar seu irmão. Eu vou buscar o removedor. — fui até meu quarto e busquei o algodão e o vidrinho de removedor. Quando voltei, estava com o esmalte nas mãos.
— Passa aqui, filho. Nas unhas. Igual à mamãe. — ele explicava enquanto desastrosamente pintava uma unha.
, não dá ideia. — tomei o esmalte dele e o entreguei o algodão e o vidrinho. — Limpa teu sonho.
— Omma. — Sebastian me estendeu os braços.
— Appa. — apontei para . Eles tinham ensinado palavras em coreano para Sebastian e eu me obriguei a aprender. começou a cantar uma musiquinha infantil e Sebastian o imitou, enquanto se balançava no ritmo e, juntos, eles tentavam limpar a bagunça.
— Eles são lindos juntos. — minha sogra comentou e eu tive que sorrir.
— São, o meu mundinho.



FIM.



Nota da autora:Ai, olha. Que loucura foi isso aqui. Eu espero que vocês tenham gostado.
Eu ia dizer até a próxima, mas não tem próxima.
Então, obrigada a quem leu.
Vejo vocês por aí. Beijinhos!


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