[Capítulo Único]
Ainda no meu quarto, me arrumando para a viagem com a família da , sinceramente, tinha vontade de desistir a cada segundo. E se não fosse por minha amiga, jamais teria encarado essa aventura novamente. Não queria ter que encontrar com novamente, só eu sei a dor que foi tentar superar mais esse relacionamento falido, que sempre termina comigo sendo ferida.
Gostaria apenas de ficar na minha cama e que mal há nisso?
Me joguei por cima das malas, desistindo de toda arrumação, quando ouvi um barulho na porta.
— Quem é? Perguntei bem baixinho. Até minha voz entregava a minha grande animação para tudo isso. Como ninguém respondeu, continuei onde estava, sentindo preguiça até movimentar meu corpo, mas me virei para ver o horário no celular; 1h até sairmos.
— Não acredito que você não queira ir nessa viagem.
A voz de ecoou no quarto, me fazendo saltar de susto. Acabei por cair da cama, bufando de raiva enquanto ele gargalhava alto. E se eu não estivesse com preguiça até de me levantar do chão, teria voado no pescoço dele.
— Vai ficar aí rindo de mim ou vai me ajudar a levantar? - indaguei espumando de raiva, principalmente por ele ainda estar rindo, enquanto vinha em minha direção para me levantar.
— Você fica ainda mais linda com raiva. - ele apertou minha bochecha e continuou rindo, o que fazia aumentar minha ira.
Assim que me levantei, respirei fundo, olhando a bagunça que ainda estava ao meu redor e, revirando os olhos, cocei a cabeça pensando em como daria um jeito de arrumar tudo, faltando apenas 1h para sairmos.
— Não acredito que deixou para fazer isso em cima da hora! - olhei para , irritada.
— E eu não acredito que você ainda está aqui. Aliás, está fazendo o que no meu quarto?
— Como assim? Eu vivo aqui.
— Porque é um enxerido! - ele enlargueceu o sorriso e eu cerrei os olhos — Quantas vezes já não disse para bater na porta?
— Mas eu bati, você que não atendeu.
— Será porque eu não queria atender?! - respondi como se fosse óbvio.
— Imaginei, por isso entrei logo. - ele passou por mim e pegou uma das malas. — Vou te ajudar com isso.
— , não precisa.
Peguei um maiô azul escuro na minha gaveta e o coloquei na frente do meu corpo, olhando no espelho. Estiquei-o para "ajustar" melhor na frente do corpo e fiquei fazendo poses, enquanto o admirava.
— Adoraria ficar aqui por horas vendo isso, mas a gente perderia a viagem.
— Eu não quero ir mesmo. - dei de ombros.
— Tudo isso por causa do ? - ele perguntou, cruzando os braços e eu o encarei.
— Não mencione o nome dele perto de mim, ok? - revirei os olhos e voltei minha atenção para o maiô.
— Não está mais aqui quem falou. - ele levantou os braços em rendição.
— E não deveria estar mesmo! - coloquei as mãos na cintura e ele deu um meio sorriso, coçando a cabeça — Cadê a sua irmã?
— Se arrumando, . Ou você acha que ela deixaria para arrumar, em cima da hora, as malas da viagem que ela vem comentando contigo desde o mês passado?
Engoli a seco aquelas palavras e me senti mal pela minha amiga. Super empolgada para visitar a casa da sua tia Dê, me convidando para ir com ela como se eu fosse da própria família, e eu fazendo essa desfeita depois de ter aceitado ir junto com ela, seu irmão e seus pais.
— Já que está aqui, me ajude! - me encarou, de braços cruzados. — Por favor.
— Pedindo assim, até um beijo eu…
— Se ficar falando muito te despacho lá pra sua casa. - fez o movimento de um zíper na boca e fingiu jogar fora. — Obrigada!
Depois de ter arrumado as malas na velocidade da luz, com a ajuda de , claro, já estava pronta. Dei mais uma olhada no quarto para verificar se não tinha esquecido nada e corri para me despedir dos meus pais, eles também viajariam mas para outro destino, para comemorar seus 25 anos de casados.
Deixando minha casa, fui para a de , ao lado da minha. Todos pareciam devidamente prontos e as malas já estavam todas no carro.
Chegando a casa da tia Dê, ela veio apressadamente ao nosso encontro, esmagando cada um com seu abraço mais que apertado, nem mesmo nos esperando entrar na casa.
— Que bom tê-los aqui! - ela alargou o sorriso — Entrem!
— E como está , tia Dê? - perguntou a mãe da , caminhando até a casa.
— Ele foi até a casa da namorada, mas daqui a pouco está chegando.
Assim que ouvimos sua resposta, eu e paramos e olhamos uma para a outra. Ela segurou em minha mão e eu forcei um meio sorriso.
— Sei que não quer nem olhar pra cara do , mas lembre do que conversamos, viemos para nos divertir. - assenti, suspirando — E você precisa disso mais do que eu.
— O que quer dizer com isso? - eu franzi o cenho e ela começou a rir, me puxando pelo braço.
Depois de uma tarde de café quentinho, bolo caseiro e conversa pra mais de metro na varanda da casa, a noite nos abraçou com seu clima mais friozinho e depois de um banho quente, todos se agasalharam e formaram uma rodinha em frente à lareira da sala, continuando a ouvir as histórias de tia Dê.
Estava me levantando para ir ao quarto, quando me chamou:
— Para onde vai?
— Não encontrei as minhas meias quando fui pegar as roupas para o banho, mas agora estou sentindo mais frio. - ele fez a sua típica cara de tédio — Relaxa, eu só vou lá buscar.
— Seja rápida! Tia Dê está prestes a contar a história de quando ela caiu de cara no esterco da fazenda do pai dela.
— O quê? - nós prendemos a nossa risada, com a mão na boca e fez sinal para eu ir logo. — Já vou, apressada.
Saí do meio deles e fui correndo escada acima para o quarto onde eu, e ficamos e peguei uma das minhas malas para procurar o bendito par de meias. Abro todos os bolsos, quase tiro todas as roupas e lá estava eu, há aproximadamente 15 minutos procurando as meias sem sucesso.
Quase sem esperança, mas continuando a procurar dentro das minhas bolsas organizadoras, ouço um barulho de batida na porta. Imaginava ser , por isso logo respondi:
— Não venha brigar comigo por ainda não ter achado as meias. Aproveite que está aqui e me ajude.
— Claro que ajudo.
A voz grave ecoou pelo quarto e, pela segunda vez no dia, levei um susto e caí no chão. Se isso for teste cardíaco, certeza que do coração eu não morro.
— ? - o olhei assustada.
— Você está bem? - ele veio em minha direção, me ajudando a levantar. — Ainda usa a pulseira que te dei?
— Que pulseira? - apontou para o pulso esquerdo e nem eu mesma tive uma justificativa plausível para aquilo. — Gosto dessa cor, você sabe.
Ainda tentando entender o que eu estava fazendo com aquela pulseira no pulso, ainda mais sendo notada por ele, não tive reação depois disso.
— Não precisa ficar assim, foi um presente. E fica muito bem em você. - ele disse tranquilo e eu assenti, tentando disfarçar a minha eterna vergonha. — Desde a última vez que nos vimos, você está ainda mais linda.
— Obrigada. - respondi meio desconfortável e percebendo que seu braço ainda estava em volta de minha cintura. — Acho que já pode me soltar, .
— Eu também acho.
Ouvi uma voz feminina e olhei em sua direção. De braços cruzados, me olhando com mais raiva que minha mãe quando sem querer queimei seu vestido favorito, não percebendo que o ferro de passar caiu em cima dele, enquanto mandava mensagem para .
Quando a viu, rapidamente me soltou e se aproximou dela, a beijando na bochecha.
— , essa aqui é Carrie. - ela forçou um sorriso — Minha namorada.
— Eu já sei quem ela é, . - ele engoliu seco.
— Então, agora você também é da família? - franzi as sobrancelhas, sem entender. — O pai de e disse que você é a nora dele.
— Ah! - logo entendendo.
— Você e estão namorando? - indagou da forma mais surpresa, e ao mesmo tempo, indignada possível.
— Qual é o problema, ? não é da família mesmo. - Carrie disse, sorrindo falsamente, e ele percebeu o meu desconforto.
— Na verdade, é só uma brincadeira. - respondi. — Desde quando me mudei para a casa ao lado…
— Já entendi. - ela me interrompeu, grosseiramente. — Nós temos que ir, não é, ?!
— É… - ele me olhou, sem graça.
— ?! - ela, novamente, chamou sua atenção.
— Claro. Temos que ir. - sorriu sem graça — Só viemos mesmo para cumprimentar vocês.
— ? O que está acontecendo? - adentrou o quarto sem entender. — Você está demorando muito.
— Não estou achando as minhas meias.
— Estão no bolso da frente da mala cinza, eu mesmo coloquei lá. – respondeu, convicto.
— Aw, mas que lindo casal! - Carrie disse novamente de maneira falsa e , olhou fixamente para mim. — Vocês se combinam tanto!
— É sério? - me puxou para ele e beijou minha bochecha, se aproveitando do momento.
— Claro! Eu não minto. - Carrie sorriu para , que logo nos olhou, novamente. — Agora temos que ir, mas foi um prazer conhecê-los.
forçou um sorriso e saiu junto com Carrie, que nem mesmo olhou para trás, e logo se retiraram do quarto, fechando a porta com pura raiva.
— Gostei dela. - empurrei-o para longe de mim. — Está com ciúmes do ?
— O quê?
— Porque ela é bem bonita.
— Eu sei disso, . Pude ver agora, pessoalmente, e quando peguei as conversas dos dois no celular dele, enquanto ainda estava comigo.
— Desculpa. - ele diminuiu o tom de voz.
— Não peça, não foi você quem errou comigo. - peguei as meias da mão dele. — Obrigada.
— - me chamou e o olhei, enquanto calçava as meias — Você ainda tem sentimento pelo ?
— Você sabe que não. - respondi imediatamente.
— Não, eu não sei. — se sentou na cama. — Tudo o que sei é que mesmo declarando o que sinto por você, preferiu meu primo.
— , a gente não manda no nosso coração. - me sentei ao seu lado — Eu gosto muito de você, mas…
— Mas eu não sou o . - me interrompeu e eu o encarei. — O que foi? É verdade.
— Não é, não. Se você fosse o eu não queria tê-lo perto de mim nunca mais.
— Mesmo eu não sendo ele, é assim que você age comigo. - ele me encarou com lágrimas nos olhos. — Sério, sempre estive disponível para você.
— Talvez o grande problema tenha sido esse, . - me aproximei mais dele. — Nunca quis te magoar, por isso, nunca te dei esperanças. Você é um amigo maravilhoso, mas eu não quero te machucar.
— Você me machuca há tempos! Tudo o que faço parece não ser o suficiente. Sempre estou te agradando, mas sou apenas um amigo legal. - suas lágrimas lentamente começaram a rolar em seu rosto. — Quando você vai perceber que não sou igual ao ou a nenhum outro que já passou pela sua vida? Eu não sou igual a eles. - quando estiquei minha mão para secar seu rosto, ele o virou. — Sei que você não quer mais saber de um novo amor na sua vida, mas você me conhece tão bem, .
— Por isso não quero te ferir, . - virei seu rosto para mim. — Você é um cara maravilhoso, não merece ser usado como cura para um coração partido.
— Eu não sou um boneco de porcelana, . Posso me quebrar, posso me machucar, assim como você. - ele passou a mão pelo meu rosto. — Mas não preciso da sua superproteção, porque sei exatamente o que estou fazendo.
— Não é superproteção, só não quero te magoar.
me puxou contra seu corpo e beijou da forma mais intensa que já senti em um beijo. Sua mão que antes percorria minhas costas, agora passeia por minha nuca e cabelo. E o arrepio que há tempos eu não sentia, se alastrou sobre todo o meu corpo. E a chama que deveria estar mais que apagada, de repente, se acendeu e eu mal podia controlá-la.
— - eu disse enquanto ele acariciava e beijava meu pescoço. — ! - segurei seu rosto. — Alguém pode entrar e nos ver assim.
— Não estamos fazendo nada demais. - ele selou meus lábios com os seus. — Somos apenas dois adultos que se gostam e não querem mais esconder isso de ninguém.
— Dois adultos que se gostam?
— Você acha que eu não sei o porquê de sempre me afastar? Tenta esconder de você mesma o que sente por mim. - eu fiquei boquiaberta, sem dizer uma única palavra.
— Você é importante pra mim e eu não quero te magoar ou… - eu suspirei alto. — Não quero te ferir e, consequentemente, te perder.
— Por que você me magoaria?
— Porque eu ainda estou magoada. - meus olhos começaram a marejar sem o meu consentimento. — Eu não sinto mais nada pelo . Não me interessa o que ela faz ou deixa de fazer da vida. Mas, eu estou machucada. Meu coração ainda está ferido. Eu não sei se consigo amar de novo. Não sei se consigo me abrir pra alguém outra vez. Estou desacreditada…
— Eu sei de tudo isso, mas não será assim pra sempre. - o olhei, mordendo o lábio inferior. — E quando esse momento passar e você finalmente conseguir amar alguém novamente, adivinhe só… esse alguém será eu.
— E se não passar? - eu realmente perguntei, preocupada.
— Claro que vai.
— E como pode ter certeza?
— Porque eu vou estar aqui, todos os dias, te provando que mereço o seu amor assim como você também merece se dar a chance de ser feliz. - as minhas lágrimas passaram a ser mais fortes. — E por que não ao meu lado?
O beijei como se fosse a primeira vez que fizesse isso, apenas com mais habilidade. O beijo mais gostoso do mundo. O toque mais macio e delicado. E o sentimento de culpa que não mais existia. Ele sabia o que estava fazendo e o fazia com confiança. Do mesmo modo que eu, conscientemente, me permitia tentar novamente. A essa altura do campeonato, o calor do corpo subia na velocidade de um foguete e outra parte de seu corpo se estendia como uma pistola armada.
E quando menos percebemos, invadiram o quarto para saber o que estava acontecendo, pela demora. Gritei ao mesmo tempo que com o susto que levamos. Todos começaram a bater palmas por nós dois e eu só queria enfiar a cara naquele mesmo esterco que tia Dê se enfiou… pensando bem agora, prefiro permanecer aqui com .
A viagem terminou, voltamos para nossas casas e esperei meus pais voltarem de sua viagem para poder contar a novidade. Foram dias extremamente felizes e eu mal podia acreditar que, finalmente, poderia viver um novo amor. Um amor de verdade. Sem medos, sem mágoas, sem desconfianças. Apenas amar. Amadurecer esse amor e cultivá-lo.
Depois de 2 anos do melhor que estou vivendo na minha vida, casados e vivendo juntos, suportando um ao outro em amor, tolerando os defeitos e admirando as qualidades, posso dizer que foi uma das melhores coisas que já me aconteceu. E digo uma das melhores, porque a outra é o nosso bebê que está crescendo há 5 meses, saudavelmente, em meu ventre e, nos ensinando, antes mesmo de vir ao mundo, o que é o mais puro e mais genuíno amor que pode nascer de nós.
— Amor - , que estava regando uma das plantinhas do nosso apartamento, veio até mim, que estava estirada no sofá, vendo TV. — Ela está mexendo.
— Ela? Nós nem sabemos ainda se é ela ou ele - ele acariciou minha barriga e sorrimos um para o outro.
— Sinto que é ela... - a barriga mexia tanto que eu precisei acalmá-la: — Filha, mamãe e papai estão aqui, fique calminha. - me olhou, sorridente, e me beijou. — O que foi isso?
— A felicidade de estar vivendo a melhor fase da minha vida, com os meus dois amores. - o abracei até onde a barriga permitia e selamos nossos lábios um no outro. — Eu sempre soube...
— Soube o quê?
— Que quando tudo aquilo passasse e você finalmente conseguisse amar alguém novamente, esse alguém seria eu.
Gostaria apenas de ficar na minha cama e que mal há nisso?
Me joguei por cima das malas, desistindo de toda arrumação, quando ouvi um barulho na porta.
— Quem é? Perguntei bem baixinho. Até minha voz entregava a minha grande animação para tudo isso. Como ninguém respondeu, continuei onde estava, sentindo preguiça até movimentar meu corpo, mas me virei para ver o horário no celular; 1h até sairmos.
— Não acredito que você não queira ir nessa viagem.
A voz de ecoou no quarto, me fazendo saltar de susto. Acabei por cair da cama, bufando de raiva enquanto ele gargalhava alto. E se eu não estivesse com preguiça até de me levantar do chão, teria voado no pescoço dele.
— Vai ficar aí rindo de mim ou vai me ajudar a levantar? - indaguei espumando de raiva, principalmente por ele ainda estar rindo, enquanto vinha em minha direção para me levantar.
— Você fica ainda mais linda com raiva. - ele apertou minha bochecha e continuou rindo, o que fazia aumentar minha ira.
Assim que me levantei, respirei fundo, olhando a bagunça que ainda estava ao meu redor e, revirando os olhos, cocei a cabeça pensando em como daria um jeito de arrumar tudo, faltando apenas 1h para sairmos.
— Não acredito que deixou para fazer isso em cima da hora! - olhei para , irritada.
— E eu não acredito que você ainda está aqui. Aliás, está fazendo o que no meu quarto?
— Como assim? Eu vivo aqui.
— Porque é um enxerido! - ele enlargueceu o sorriso e eu cerrei os olhos — Quantas vezes já não disse para bater na porta?
— Mas eu bati, você que não atendeu.
— Será porque eu não queria atender?! - respondi como se fosse óbvio.
— Imaginei, por isso entrei logo. - ele passou por mim e pegou uma das malas. — Vou te ajudar com isso.
— , não precisa.
Peguei um maiô azul escuro na minha gaveta e o coloquei na frente do meu corpo, olhando no espelho. Estiquei-o para "ajustar" melhor na frente do corpo e fiquei fazendo poses, enquanto o admirava.
— Adoraria ficar aqui por horas vendo isso, mas a gente perderia a viagem.
— Eu não quero ir mesmo. - dei de ombros.
— Tudo isso por causa do ? - ele perguntou, cruzando os braços e eu o encarei.
— Não mencione o nome dele perto de mim, ok? - revirei os olhos e voltei minha atenção para o maiô.
— Não está mais aqui quem falou. - ele levantou os braços em rendição.
— E não deveria estar mesmo! - coloquei as mãos na cintura e ele deu um meio sorriso, coçando a cabeça — Cadê a sua irmã?
— Se arrumando, . Ou você acha que ela deixaria para arrumar, em cima da hora, as malas da viagem que ela vem comentando contigo desde o mês passado?
Engoli a seco aquelas palavras e me senti mal pela minha amiga. Super empolgada para visitar a casa da sua tia Dê, me convidando para ir com ela como se eu fosse da própria família, e eu fazendo essa desfeita depois de ter aceitado ir junto com ela, seu irmão e seus pais.
— Já que está aqui, me ajude! - me encarou, de braços cruzados. — Por favor.
— Pedindo assim, até um beijo eu…
— Se ficar falando muito te despacho lá pra sua casa. - fez o movimento de um zíper na boca e fingiu jogar fora. — Obrigada!
Depois de ter arrumado as malas na velocidade da luz, com a ajuda de , claro, já estava pronta. Dei mais uma olhada no quarto para verificar se não tinha esquecido nada e corri para me despedir dos meus pais, eles também viajariam mas para outro destino, para comemorar seus 25 anos de casados.
Deixando minha casa, fui para a de , ao lado da minha. Todos pareciam devidamente prontos e as malas já estavam todas no carro.
Chegando a casa da tia Dê, ela veio apressadamente ao nosso encontro, esmagando cada um com seu abraço mais que apertado, nem mesmo nos esperando entrar na casa.
— Que bom tê-los aqui! - ela alargou o sorriso — Entrem!
— E como está , tia Dê? - perguntou a mãe da , caminhando até a casa.
— Ele foi até a casa da namorada, mas daqui a pouco está chegando.
Assim que ouvimos sua resposta, eu e paramos e olhamos uma para a outra. Ela segurou em minha mão e eu forcei um meio sorriso.
— Sei que não quer nem olhar pra cara do , mas lembre do que conversamos, viemos para nos divertir. - assenti, suspirando — E você precisa disso mais do que eu.
— O que quer dizer com isso? - eu franzi o cenho e ela começou a rir, me puxando pelo braço.
Depois de uma tarde de café quentinho, bolo caseiro e conversa pra mais de metro na varanda da casa, a noite nos abraçou com seu clima mais friozinho e depois de um banho quente, todos se agasalharam e formaram uma rodinha em frente à lareira da sala, continuando a ouvir as histórias de tia Dê.
Estava me levantando para ir ao quarto, quando me chamou:
— Para onde vai?
— Não encontrei as minhas meias quando fui pegar as roupas para o banho, mas agora estou sentindo mais frio. - ele fez a sua típica cara de tédio — Relaxa, eu só vou lá buscar.
— Seja rápida! Tia Dê está prestes a contar a história de quando ela caiu de cara no esterco da fazenda do pai dela.
— O quê? - nós prendemos a nossa risada, com a mão na boca e fez sinal para eu ir logo. — Já vou, apressada.
Saí do meio deles e fui correndo escada acima para o quarto onde eu, e ficamos e peguei uma das minhas malas para procurar o bendito par de meias. Abro todos os bolsos, quase tiro todas as roupas e lá estava eu, há aproximadamente 15 minutos procurando as meias sem sucesso.
Quase sem esperança, mas continuando a procurar dentro das minhas bolsas organizadoras, ouço um barulho de batida na porta. Imaginava ser , por isso logo respondi:
— Não venha brigar comigo por ainda não ter achado as meias. Aproveite que está aqui e me ajude.
— Claro que ajudo.
A voz grave ecoou pelo quarto e, pela segunda vez no dia, levei um susto e caí no chão. Se isso for teste cardíaco, certeza que do coração eu não morro.
— ? - o olhei assustada.
— Você está bem? - ele veio em minha direção, me ajudando a levantar. — Ainda usa a pulseira que te dei?
— Que pulseira? - apontou para o pulso esquerdo e nem eu mesma tive uma justificativa plausível para aquilo. — Gosto dessa cor, você sabe.
Ainda tentando entender o que eu estava fazendo com aquela pulseira no pulso, ainda mais sendo notada por ele, não tive reação depois disso.
— Não precisa ficar assim, foi um presente. E fica muito bem em você. - ele disse tranquilo e eu assenti, tentando disfarçar a minha eterna vergonha. — Desde a última vez que nos vimos, você está ainda mais linda.
— Obrigada. - respondi meio desconfortável e percebendo que seu braço ainda estava em volta de minha cintura. — Acho que já pode me soltar, .
— Eu também acho.
Ouvi uma voz feminina e olhei em sua direção. De braços cruzados, me olhando com mais raiva que minha mãe quando sem querer queimei seu vestido favorito, não percebendo que o ferro de passar caiu em cima dele, enquanto mandava mensagem para .
Quando a viu, rapidamente me soltou e se aproximou dela, a beijando na bochecha.
— , essa aqui é Carrie. - ela forçou um sorriso — Minha namorada.
— Eu já sei quem ela é, . - ele engoliu seco.
— Então, agora você também é da família? - franzi as sobrancelhas, sem entender. — O pai de e disse que você é a nora dele.
— Ah! - logo entendendo.
— Você e estão namorando? - indagou da forma mais surpresa, e ao mesmo tempo, indignada possível.
— Qual é o problema, ? não é da família mesmo. - Carrie disse, sorrindo falsamente, e ele percebeu o meu desconforto.
— Na verdade, é só uma brincadeira. - respondi. — Desde quando me mudei para a casa ao lado…
— Já entendi. - ela me interrompeu, grosseiramente. — Nós temos que ir, não é, ?!
— É… - ele me olhou, sem graça.
— ?! - ela, novamente, chamou sua atenção.
— Claro. Temos que ir. - sorriu sem graça — Só viemos mesmo para cumprimentar vocês.
— ? O que está acontecendo? - adentrou o quarto sem entender. — Você está demorando muito.
— Não estou achando as minhas meias.
— Estão no bolso da frente da mala cinza, eu mesmo coloquei lá. – respondeu, convicto.
— Aw, mas que lindo casal! - Carrie disse novamente de maneira falsa e , olhou fixamente para mim. — Vocês se combinam tanto!
— É sério? - me puxou para ele e beijou minha bochecha, se aproveitando do momento.
— Claro! Eu não minto. - Carrie sorriu para , que logo nos olhou, novamente. — Agora temos que ir, mas foi um prazer conhecê-los.
forçou um sorriso e saiu junto com Carrie, que nem mesmo olhou para trás, e logo se retiraram do quarto, fechando a porta com pura raiva.
— Gostei dela. - empurrei-o para longe de mim. — Está com ciúmes do ?
— O quê?
— Porque ela é bem bonita.
— Eu sei disso, . Pude ver agora, pessoalmente, e quando peguei as conversas dos dois no celular dele, enquanto ainda estava comigo.
— Desculpa. - ele diminuiu o tom de voz.
— Não peça, não foi você quem errou comigo. - peguei as meias da mão dele. — Obrigada.
— - me chamou e o olhei, enquanto calçava as meias — Você ainda tem sentimento pelo ?
— Você sabe que não. - respondi imediatamente.
— Não, eu não sei. — se sentou na cama. — Tudo o que sei é que mesmo declarando o que sinto por você, preferiu meu primo.
— , a gente não manda no nosso coração. - me sentei ao seu lado — Eu gosto muito de você, mas…
— Mas eu não sou o . - me interrompeu e eu o encarei. — O que foi? É verdade.
— Não é, não. Se você fosse o eu não queria tê-lo perto de mim nunca mais.
— Mesmo eu não sendo ele, é assim que você age comigo. - ele me encarou com lágrimas nos olhos. — Sério, sempre estive disponível para você.
— Talvez o grande problema tenha sido esse, . - me aproximei mais dele. — Nunca quis te magoar, por isso, nunca te dei esperanças. Você é um amigo maravilhoso, mas eu não quero te machucar.
— Você me machuca há tempos! Tudo o que faço parece não ser o suficiente. Sempre estou te agradando, mas sou apenas um amigo legal. - suas lágrimas lentamente começaram a rolar em seu rosto. — Quando você vai perceber que não sou igual ao ou a nenhum outro que já passou pela sua vida? Eu não sou igual a eles. - quando estiquei minha mão para secar seu rosto, ele o virou. — Sei que você não quer mais saber de um novo amor na sua vida, mas você me conhece tão bem, .
— Por isso não quero te ferir, . - virei seu rosto para mim. — Você é um cara maravilhoso, não merece ser usado como cura para um coração partido.
— Eu não sou um boneco de porcelana, . Posso me quebrar, posso me machucar, assim como você. - ele passou a mão pelo meu rosto. — Mas não preciso da sua superproteção, porque sei exatamente o que estou fazendo.
— Não é superproteção, só não quero te magoar.
me puxou contra seu corpo e beijou da forma mais intensa que já senti em um beijo. Sua mão que antes percorria minhas costas, agora passeia por minha nuca e cabelo. E o arrepio que há tempos eu não sentia, se alastrou sobre todo o meu corpo. E a chama que deveria estar mais que apagada, de repente, se acendeu e eu mal podia controlá-la.
— - eu disse enquanto ele acariciava e beijava meu pescoço. — ! - segurei seu rosto. — Alguém pode entrar e nos ver assim.
— Não estamos fazendo nada demais. - ele selou meus lábios com os seus. — Somos apenas dois adultos que se gostam e não querem mais esconder isso de ninguém.
— Dois adultos que se gostam?
— Você acha que eu não sei o porquê de sempre me afastar? Tenta esconder de você mesma o que sente por mim. - eu fiquei boquiaberta, sem dizer uma única palavra.
— Você é importante pra mim e eu não quero te magoar ou… - eu suspirei alto. — Não quero te ferir e, consequentemente, te perder.
— Por que você me magoaria?
— Porque eu ainda estou magoada. - meus olhos começaram a marejar sem o meu consentimento. — Eu não sinto mais nada pelo . Não me interessa o que ela faz ou deixa de fazer da vida. Mas, eu estou machucada. Meu coração ainda está ferido. Eu não sei se consigo amar de novo. Não sei se consigo me abrir pra alguém outra vez. Estou desacreditada…
— Eu sei de tudo isso, mas não será assim pra sempre. - o olhei, mordendo o lábio inferior. — E quando esse momento passar e você finalmente conseguir amar alguém novamente, adivinhe só… esse alguém será eu.
— E se não passar? - eu realmente perguntei, preocupada.
— Claro que vai.
— E como pode ter certeza?
— Porque eu vou estar aqui, todos os dias, te provando que mereço o seu amor assim como você também merece se dar a chance de ser feliz. - as minhas lágrimas passaram a ser mais fortes. — E por que não ao meu lado?
O beijei como se fosse a primeira vez que fizesse isso, apenas com mais habilidade. O beijo mais gostoso do mundo. O toque mais macio e delicado. E o sentimento de culpa que não mais existia. Ele sabia o que estava fazendo e o fazia com confiança. Do mesmo modo que eu, conscientemente, me permitia tentar novamente. A essa altura do campeonato, o calor do corpo subia na velocidade de um foguete e outra parte de seu corpo se estendia como uma pistola armada.
E quando menos percebemos, invadiram o quarto para saber o que estava acontecendo, pela demora. Gritei ao mesmo tempo que com o susto que levamos. Todos começaram a bater palmas por nós dois e eu só queria enfiar a cara naquele mesmo esterco que tia Dê se enfiou… pensando bem agora, prefiro permanecer aqui com .
A viagem terminou, voltamos para nossas casas e esperei meus pais voltarem de sua viagem para poder contar a novidade. Foram dias extremamente felizes e eu mal podia acreditar que, finalmente, poderia viver um novo amor. Um amor de verdade. Sem medos, sem mágoas, sem desconfianças. Apenas amar. Amadurecer esse amor e cultivá-lo.
Depois de 2 anos do melhor que estou vivendo na minha vida, casados e vivendo juntos, suportando um ao outro em amor, tolerando os defeitos e admirando as qualidades, posso dizer que foi uma das melhores coisas que já me aconteceu. E digo uma das melhores, porque a outra é o nosso bebê que está crescendo há 5 meses, saudavelmente, em meu ventre e, nos ensinando, antes mesmo de vir ao mundo, o que é o mais puro e mais genuíno amor que pode nascer de nós.
— Amor - , que estava regando uma das plantinhas do nosso apartamento, veio até mim, que estava estirada no sofá, vendo TV. — Ela está mexendo.
— Ela? Nós nem sabemos ainda se é ela ou ele - ele acariciou minha barriga e sorrimos um para o outro.
— Sinto que é ela... - a barriga mexia tanto que eu precisei acalmá-la: — Filha, mamãe e papai estão aqui, fique calminha. - me olhou, sorridente, e me beijou. — O que foi isso?
— A felicidade de estar vivendo a melhor fase da minha vida, com os meus dois amores. - o abracei até onde a barriga permitia e selamos nossos lábios um no outro. — Eu sempre soube...
— Soube o quê?
— Que quando tudo aquilo passasse e você finalmente conseguisse amar alguém novamente, esse alguém seria eu.
[FIM]
Nota da autora: Essa aqui quase não saiu... mas, não consegui sossegar enquanto ela não foi finalizada. Depois de longos 5 anos sem escrever, qualquer nova história e finalização dela me deixa muito feliz! Ainda mais sendo inspirada por uma das músicas do NSYNC, um dos meus grupos favoritos desde a infância.
Desde já peço mil perdões por qualquer erro e agradeço por terem chegado até aqui.
Beijos! ❤
Outras Fanfics:
| 02. Because I'm Stupid | 02. Show Me | 03. Do You Know | 08. Gone | It's The Things You Do | Learning Together | Numa Noite de Natal | One Month In Egypt |
Desde já peço mil perdões por qualquer erro e agradeço por terem chegado até aqui.
Beijos! ❤
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