FFOBS - 04. Lights Up, por Raiane Quirino

Finalizada em: 03/06/2020

Capítulo Único

Sentada na cadeira da ponta da mesa, ela escutava suas palavras direcionadas aos demais, observava seus gestos exagerados e espontâneos.
No meio da mesa, ele contava mais uma de suas histórias. Cada vez mais nervoso e ansioso por estar ali: sentado na mesa de jantar dos pais da pessoa que ele dizia apenas para si mesmo ser tudo que ele queria. Ele sentia toda a observação nesses momentos. Ela sempre estava atenta para ter certeza que nada passaria, na cabeça dela, seria errado que qualquer outra pessoa ali presente soubesse do que acontecia por trás dos bastidores. Ali, naqueles momentos de descontração, null era só mais um amigo do irmão, querido por todos, tratado como se fosse da família, e não passaria disso. Eram perspectivas diferentes.

– Como foi a viagem null? - null desviou os olhos para o irmão ao escutar a pergunta do pai.
– Ótima! É sempre bom conhecer novos lugares, e null nos levou a lugares bem interessantes.
– E quando volta ao trabalho null? – Robert era sempre quem perguntava sobre tudo, e null não podia negar que adorava isso. Assim ela tinha as respostas sem precisar mostrar interesse.
– Na quarta. Voltamos com uma reunião marcada com o novo engenheiro. null deve estar mais animado que eu.
– Estou. Mas cortando nosso assunto, como vão os preparativos para o noivado, null?
Ela desviou os olhos da taça de vinho e sorriu para o irmão. Era óbvio que null perguntaria algo do tipo. Ainda mais se o noivo não estivesse presente.
– Tudo sob controle.
null checou o celular algumas vezes em poucos instantes, e como se um compromisso importante o chamasse, ele se levantou para se despedir.
– Está tarde, e eu preciso ir. Obrigado pelo jantar, Robert, Delilah.
– Não, não. Fique mais. - Delilah pediu.
– Nem adianta se apressar. Parece que vai cair meio mundo, e você está de moto. Você dorme no quarto de hóspede, que já é seu mesmo.
– Eu vou rápido. Se...
– Já está arrumado. E sua chave está comigo.

Depois de ser vencido pelo amigo, null costumava fazer cappuccino para tomarem enquanto jogavam conversa fora, e depois que os pais foram dormir, restaram apenas os três na cozinha.
– Era sua namorada, não era? – null derramou um tanto do líquido quente em si. Se null soubesse da verdade, ele teria deixado que ele fosse embora na chuva.
null.
null não vai contar seu segredo.
– Não era namorada nenhuma.
– Eu sei guardar segredos null. – com um olhar encorajador, ela esperava a reação dele.
– Tenho certeza que sim, null.
null acreditava nela, tinha completa noção de que ela saberia guardar um segredo, principalmente se o segredo precisasse ser escondido do seu irmão, e noivo.
– Eu vou dormir. – null anunciou se levantando e deixando sua xícara na pia. – Se quando eu acordar não estiver chovendo, vou pra casa. Boa noite queridos irmãos Davis.
null continuou sentada na sala com null, terminaram o filme e lavaram a xícaras.
– O que você quer null? Está me olhando muito. Pode pedir.
null suspirou e depois de guardar as xícaras, se apoiou na bancada e tornou a olhar para a irmã.
– Você sabe o que eu quero. Que você me conte a verdade.
null olhou algumas vezes para o irmão sem dizer nada. O que ele queria saber ela não contaria. Esperaria tudo desabar.
– Pretende me contar o que está escondendo em algum momento?
– Eu quero te contar tudo o tempo todo, null. Mas agora... Eu não tenho certeza se você vai entender a minha escolha. Porque nem eu sei explicar como tudo aconteceu.
– Então dessa vez é sério. Nunca consegue guardar a língua dentro da boca por muito tempo. – Todas às vezes null corria para contar o mínimo que fosse para o irmão, e se nessa única vez ela não conseguia contar, null acreditava que talvez fosse um problema muito maior do que ele pudesse imaginar e que tão pouco pudesse ajustar o erro.
– Eu vou dormir. Boa noite.
– Boa noite, null.
Ao fechar a porta do quarto, null pegou o celular checando a última vez que null tinha visualizado o Whatsapp. Duas horas atrás. E mesmo que ele não estivesse online, ela enviou uma mensagem.

null?
03:17


No mesmo instante as setinhas ficaram azuis. E logo ela notou que ele já estava digitando uma mensagem.
Desde que null foi para a viagem com null, eles mal se falavam. null evitava conversar com ela, quase não respondia suas mensagens, e ela estava esperando que ele realmente anunciasse que tinha uma namorada oficial, e não uma amante, que estava prestes a se casar.
– Não dá mais pra continuar, seja com qualquer coisa que tenha sido. Isso vai explodir para todos os lados. Eu não posso continuar. E você também não deveria querer tanto. É melhor cada um seguir um caminho.
– É melhor acabar com tudo agora.
03:19
null esperava algumas palavras duras dele, null sempre era o mais sensato deles, e mesmo que ele tivesse toda razão, ela não queria parar de se encontrar com ele as escondidas. Sob os olhos protetores de null.

Deixe a porta aberta. Estou indo aí.
03:19


null, não!
03:19
Ela não visualizou a mensagem e null passou a mão na testa pensando que ela bateria na porta e acordaria null. Ele se levantou e esperou antes de abrir a porta e olhar para Elisa esperando.
– Qual o problema em entender que é errado, null? Já passou da hora disso acabar!
Sussurrando, null esperava que ela cedesse, e fosse de volta para o quarto.
– Tem que ter outro jeito, null! Eu não quero acabar com nada.
null, escuta. Eu tenho a sua família como se fosse minha, eu amo todos, colocaria minha mão no fogo por qualquer um aqui. Quando seus pais souberem disso, que eu estou tendo um caso com você, que, por um acaso está prestes a se casar, quando o null souber, ninguém vai me querer por perto. Porque eu traí a confiança de todos. Eu prefiro me afastar agora e talvez ainda puder ter um pouco de vocês, do que deixar tudo de uma só vez.
null, ninguém vai virar as costas pra você, nunca. Eu quis, eu traí meu noivo. Você não tem culpa. Com você eu tenho o que não tenho com ele, e...
- O que você tem comigo, null?
null fechou os olhos por mais tempo que o normal, e null ainda não tinha respondido. Cada segundo a mais, null se martirizava.
– É diferente. Não vou responder isso, null, vamos falar sério.
– Eu estou falando sério. É por que é errado? Você gosta de correr risco? O sexo é melhor? É conveniente? null, eu deixei que tudo acontecesse porque eu te amo. Te amava antes, e mesmo que te ame nesse exato momento, eu não quero mais, e tenho a consciência de que foi tudo um erro. Vocês foram escolher a casa de vocês na semana passada. Eu não tenho lugar nessa história. Você me mandou fotos do seu vestido de noiva. Me convidou para ser seu padrinho de casamento! E você acha que estou bem? Seja lá o que foi tudo isso, acabou.
null estava parada em frente a ele apenas escutando, parecia que não tinha sido afetada pela mesma tempestade que o atingiu. null limpava os olhos de segundo em segundo, passava a mão na testa, claramente nervoso e ansioso por qualquer palavra que ela dissesse, mas nada veio.
null olhou pela janela e observou que a chuva tinha acabado, e um céu estrelado tinha substituído os relâmpagos.
– Boa noite. Estou indo embora.
Pegou as chaves sob a cama, e saiu em silêncio do quarto, descendo as escadas, rápido, e dando de cara com null na sala assistindo algum filme.
– Aonde vai, dude?
– A chuva parou. Eu preciso ir. Prometi pra minha mãe que chegaria cedo pra tomar café com ela. – Com o melhor sorriso, a cara de choro passou despercebida por null.
– Com certeza ela ficou com saudades. Diga que mandei um beijo, e que passo pra ver ela pela tarde.
– Digo sim. Você pode levar minha mala? Não vou conseguir levar de moto.
– Sim, óbvio. Até, dude.

null abriu a porta de casa com cuidado, ainda com o capacete, alheio em tudo que tinha dito para null, minutos atrás.
– Achei que fosse voltar no fim da noite, filho.
– Mãe! – ele tirou o capacete, colocando sob a mesa de centro, e abraçando a mãe, que continuava deitada no sofá. – Os pais do null tinham feito um jantar para nós, e depois começou a chuva, e não me deixaram vir. Como a senhora está?
– Eu estou bem.
– Me esperando acordada até essa hora?
– Me preocupa o fato de você ficar andando de moto tarde da noite, ainda mais quando chega com essa cara de choro. – null esperava que um sorriso no rosto fosse passar despercebido, mas ela nunca deixava passar.
– Eu estou bem. Eu acabei com tudo. – null se sentou ao lado da mãe no sofá e logo foi abraçado. Ele era quem sempre contava tudo, das coisas mais bobas até segredos que não deveriam ser ditos em voz alta.
Ele contava porque não era julgado. Mas naquele caso, ele esperava que a mãe o dissesse o quão errado era aquela relação, mas ela não o julgou por isso. Disse sim que, era errado, que ninguém gostaria de ser traído em algum momento da vida, mas que naquele caso, fazia mal para ele já muito mais tempo. Era melhor se afastar e tentar algo que pudesse ter por completo, do que sempre ter metades e se der por satisfeito com pouco.
null aproveitou a viagem com null, e cada dia tinha mais certeza de que não queria ter apenas a metade de alguém. Que se fosse para ter alguém, que fosse por completo, que não se precisasse esconder de todos ao seu redor. Que não precisasse se esconder do melhor amigo.



Por alguns dias null continuou a enviar mensagens, e null nunca respondeu, visualizava, mas não respondia. Tinha pensado em bloquear o número dela, mas parecia algo tão infantil, e se ela precisasse dele de verdade em algum momento? Com isso, ele se contentou em apenas não responder as mensagens onde ela pedia para que eles pudessem conversar.
- Um café pelos seus pensamentos. - null disse colocando uma xícara de café sob a mesa de null, que mal ergueu os olhos para o amigo.
- Eu te odeio por ter me colocado nisso, null. - Mais cedo, null tinha enviado algumas mensagens ao amigo dizendo que tinha arrumado uma diversão perfeita para o final de semana. Um encontro de futuros casais. null tinha convidado a mulher que ele vinha saindo há um tempo, e que ela tinha dito que tinha uma amiga, e null como um ótimo amigo, disse que tinha um amigo.
- É um encontro null. O casamento de null está chegando, você vai poder levar sua donzela. - null disse esperançoso de que seu plano fosse dar certo, mas tocar no assunto do casamento parecia péssimo sob qualquer ponto de vista para null.
- Talvez eu não vá ao casamento.
- O quê? Você é padrinho! null vai te matar. - null jurava não ter dito em voz alta, mas deveria ter escapado sem que ele percebesse.
- Eu já avisei ela. Está tudo certo. - Não estava nada certo, ele nem tinha dito que não iria, mas esperava que null soubesse interpretar, e já tivesse se tocado de que ele não iria.
- Por quê? - null perguntou se sentando na cadeira em frente a mesa do amigo. - Eu não quero ter que aguentar esse casamento sem você. Minha mãe já disse que se for pra regularem a bebida dela, ela prefere não ir. O que está acontecendo? Agora que estamos próximos ao casamento parece que ninguém quer que ela se case. Pelo menos não com ele. - null suspirou e apenas olhou para o amigo. - Por que eu tenho a impressão de que você quer me contar algo, mas não contou ainda?
null passou as mãos no rosto por alguns instantes, e antes que pensasse em alguma desculpa fácil para deixar aquele assunto de lado, ele pensou em si, pensou no cansaço que o consumia, na culpa de não ter contado tudo ao amigo meses atrás.
- Porque eu não contei. - Era vergonhoso contar aquilo para null, mas ele preferia contar agora do que o assunto viesse à tona num futuro e ele perdesse mais. - Eu me envolvi com null, e eu gostaria de dizer que sinto muito, mas eu não sei se eu sinto muito. - null esperava que null jogasse o café nele, talvez um soco, um grito, qualquer reação negativa, mas nada disso veio.
- Eu esperava que você me contasse algo que eu não sei. Que vocês dois estavam se pegando escondido eu sei. Minha mãe sabe, se meu pai soubesse teria dado um jeito de acabar com o casamento, porque ele sempre te quis na família, não como nosso amigo. - null disse calmo, e null sentia como se estivesse num sonho, onde o chão desaparece e você singelamente está caindo num buraco infinito. - null não me contou, null. Eu percebi. Qualquer um que esteja perto perceberia.
- Desde quando você sabe e não me disse?
- Provavelmente desde o começo.
- Eu estava de sentindo um péssimo amigo, e você já sabia? Que merda null. - null bateu com a mão aberta na mesa e null riu do desespero do amigo.
- null, por favor, você achou que eu fosse fazer o quê? Te bater? Dizer pra ficar longe da null? Você não é santo, muito menos ela. Vocês dois estão velhos o bastante pra saberem onde estão enfiando a língua.
- Eu estava esperando qualquer coisa, menos isso.
- Vai, levanta que já passou do nosso horário, e esse café está horrível. - null se levantou primeiro, arrumando a cadeira próxima a mesa, e logo estavam os dois no elevador.
- Vocês dois não estão conversando mais? É isso?
- Naquele jantar eu disse que era melhor que nos afastássemos. Ela vai se casar em dois meses! Essa foi a coisa mais errada que eu fiz na minha vida. - null disse saindo do elevador e caminhando ao lado de null para o carro.
- Eu posso perguntar uma coisa? Mas eu preciso de uma resposta sincera.
- Pergunte.
- Você ainda gosta dela? Eu sei que já passou muito tempo desde que você me contou isso, mas...
- Gosto. E foi por isso que eu acabei com tudo. Antes que tudo só piorasse, e eu ficasse sem nada de una vez. - null disse erguendo os ombros, enquanto null o olhava pensativo, beirando a tristeza. - Eu nem sei como isso começou, nós estávamos na festa na casa de Carl, e começamos a conversar, ela disse que tinha discutido com Thomas, e só... aconteceu. Nós conversamos no outro dia sobre, e aconteceu de novo, e depois estávamos juntos sempre que sobrava algum tempo, o mínimo que fosse. - null disse calmo, enquanto null dirigia até o pub para o encontro de casais. - Quando não tínhamos tempo a noite, nós almoçamos juntos. Foi um ano difícil. Está sendo difícil pra falar a verdade, mas acabou.
- Você não acha que ela gosta de você?
- Eu acho que é melhor nós trocarmos de assunto.
- Não. Não. Eu preciso entender. null nunca traiu, null. Ela alguns relacionamentos, e todos foram duradouros, e sem traição. Tem que existir um motivo pra ela ter traído Thomas com você.
- null, eu não estou julgando, até porque eu sou tão errado quanto para isso, mas carência de uma das partes pode ser um motivo. Não era só pegação, nós conversávamos muito. Eu costumava confiar nela antes disso. - null desviava os olhos para a estrada enquanto buscava as palavras certas para contar tudo ao amigo. - Você sabe que eu gostava dela antes, eu só não consegui deixar o sentimento para trás, e não soube ver o quão errado era a situação. Talvez eu tenha sido egoísta.
- Você egoísta? Desde quando? Escuta, null. Você sempre se colocou em último lugar quando o assunto era null. Você não fez nada sozinho, ela não traiu sozinha. Eu só quero que você entenda que, se ela traiu Thomas com você, não foi só fogo do momento. A faísca já existia, vocês só alimentaram a fogueira.
O restante do percurso foi silencioso, null dirigia calmo, atento à estrada, e null olhava pela janela absorvendo as palavras do amigo.
- Eu realmente preciso participar disso? - null disse ao pisar no pub e ver null acenar para as duas mulheres numa mesa ao canto. - Eu posso pegar um taxi.
- Não. Eu sei que você não vai sair daqui com ela, e agora eu realmente queria que esse casamento acabasse antes de começar.
null bufou algumas vezes antes de chegar até a mesa, null ia atrás já contando os minutos para sair dali.


- Nós podemos ir ao cinema na quinta. - Johanna sugeriu e null estremeceu ao imaginar ter que aguentar um filme com null e Claire se pegando e Johanna querendo pegar ele.
- Na verdade, na quinta eu tenho um compromisso. Infelizmente não poderei. - null olhou sorrindo esperto pro amigo, era óbvio que ele não tinha nada pra fazer, mas naquele momento ele só queria um jeito pra acabar com o casamento da irmã. null sabia que null gostava de null desde a adolescência, e que a irmã nunca o olhava.
- Podemos ir nós e convidamos outras pessoas. Tudo bem null? - null sugeriu.
- Sim, claro! Seria péssimo que vocês deixassem o cinema por minha causa.
null agradeceu mentalmente o amigo enquanto eles entravam no carro de null e Johanna e Claire entravam no táxi.
- Nunca mais me coloque nisso. - Ethab disse assim que os dois fecharam a porta do carro.
- Se nós tivessemos tido aquela conversa antes, eu não teria de colocado nessa.
- Se nós tivéssemos tido aquela conversa antes, eu estaria aliviado há tempos e. - Antes que null terminasse a frase, seu celular tocou duas vezes antes que ele pudesse pegar, e quando o fez, parou de tocar, logo duas mensagens apareceram na barra de notificações. A primeira era de null.

- Se eu acabar com o casamento, nós podemos conversar? Eu sinto sua falta.
16:13


A segunda era da cerimonialista.

- Você está sendo desconvidado para o casamento de null e Thomas.
20:26


Abaixo da mensagem tinha uma imagem com uma declaração de null e Thomas sobre o casamento ter sido cancelado, onde dizia que aquela mensagem tinha sido enviada para todos os convidados, e que por motivos que não eram explícitos ali, eles apenas diziam que viram que o casamento era algo que deveria acontecer quando as duas partes pensam tão diferente sobre tantos assuntos.
null olhou para null, enquanto o amigo o encarava esperando que ele continuasse a falar.
- Olhe o seu celular, null.
- Ele pegou o celular no bolso, e logo viu a mesma mensagem de null. Lendo e relendo a mensagem sem piscar ele não conseguia pensar em muita coisa.
- Quando isso aconteceu?
null passava as mãos no rosto e null, com o carro estacionado em frente a casa de null, sentia um alívio.
- Quão ruim isso é?
- Nenhum pouco. Vocês vão poder ficar juntos, isso é bom.
- Qual seu problema? Eu não estou preocupado com isso.
- Está preocupado com o quê então? Se Thomas está se sentindo bem? Pense em você, caralho! Num relacionamento, onde o amor é recíproco, não acaba assim. Já estava desgastado, muita coisa se mantém por conveniência. Não se martirize por isso.
- Por que agora? Estava perto, e, eu não consigo não me culpar por isso.
- null Marcus null, escuta. - null disse se virando para o amigo levemente consumido pela culpa, suspirou e segurou as mãos dele. - Se ela amasse ele, se ao menos tivesse algum sentimento grande, afeto, carinho, qualquer um, não teria acabado, com ou sem tudo isso que vem acontecendo entre vocês. Quando eles marcaram o casamento isso não tinha acontecido, tinha? - null negou. - Tudo muda, as pessoas, os sentimentos, se só agora você disse que ama minha irmã, e ela percebeu que estava prestes a fazer uma grande burrada, agora é o momento de vocês conversarem e colocarem os pontos no final de cada frase que ficou aberta.
- Se eu não amasse a sua irmã eu te beijava agora, null.
- Eu vou levar isso como um elogio.
Depois de um longo suspiro, null saiu do carro, logo entrando no apartamento, com o celular na mão pensando em uma possível resposta boa. Em passos largos, ele passou pela sala, indo em direção ao quarto, e segundos depois, ele voltou para a sala, observando null encolhida no sofá dormindo. Com o celular na mão e algumas almofadas cobrindo as pernas. Ele suspirou aliviado, e não sabia se pegava una coberta ou se a colocava na cama. Na dúvida, ele pegou uma coberta no quarto e colocou sobre ela, e indo logo tomar banho. Com o pijama no corpo, null secava os cabelos com a toalha enquanto voltava para a sala para ver como null estava.
Se não fosse por null ter esbarrado em um dos objetos sob a mesa ao lado do sofá, null continuaria dormindo.
- Desculpe. - null disse ao olhar para ela, se abaixando para pegar o objeto.
Era uma situação estranha. null queria falar tantas coisas, null queria dizer tantas outras, mas continuaram no silêncio instaurado ali. null se sentou no mesmo sofá que ela, e logo ela estava mais próxima, no instante seguinte, estavam abraçados, sem dizerem nada, um sabia o que se passava com o outro. A culpa que perturbava null mais cedo tinha ido embora, mas a ansiedade permanecia. A ânsia de não saber como agir, o que falar, como falar. Eram tantas coisas e ele não conseguia começar por nenhuma delas.
- O que acontece agora? - null perguntou quando null se desfez do abraço e sentou de frente para ele, olhando nos olhos dela, ele respondeu a mensagem dela. - Eu senti sua falta. Eu não quero que você tenha terminado tudo por influência de qualquer coisa que eu tenha dito.
- Não foi por nada do que disse, null. Eu precisava ter te falado muitas coisas naquele dia, mas eu não consegui. Foi o melhor ano da minha vida. Eu acabei com tudo por tudo que eu sinto, e conveniência nenhuma me faria mudar de ideia.
Aquele era o passo que ela precisava dar, sozinha, sem que ninguém interferisse.
- Acabou porque já estava acabado há tempos. Nós marcamos o casamento porque ele achava que se nos casássemos, o amor apareceria em algum momento, mas tudo era estressante. Eu te contava tudo porque eu esperava que você me desse una luz e dissesse que era um erro. E eu demorei à entender que você não iria dizer nada que pudesse me fazer te escolher. Porque isso eu tinha que fazer sozinha. - null concordou, e continuou olhando nos olhos dela, tão intenso como sempre. - Eu amo você null. E tudo bem se agora for tarde demais, mas eu não podia te deixar no escuro.
- Eu não tinha o direito de te dizer o que fazer, mesmo que fosse dolorido estar longe. - Segurando as mãos de null, null a trouxe mãos perto, deixando o rosto dela tão próximo que só podiam ver os olhos um do outro. - Esse foi o ano mais intenso da minha vida. E agora, eu não faria nada diferente.
Antes que null começasse outra frase, null o beijou, no instante seguinte, as mãos dele estavam ocupadas no emaranhado de cabelos.




Fim



Nota da autora: Sem nota.



Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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